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Introdução

Nesta obra que ora se inicia mostrarei como fazer a leitura e interpretação de esquemas
elétricos dos amplificadores de áudio sejam valvulados, transistorizados, com CI, classes A,
A, AB, C, D, G e H. A noção de interpretação dos circuitos é muito importante para agilizar a
manutenção estes equipamentos. Portanto prestem bastante atenção nos circuitos abordados
neste trabalho.
Anotações
Índice

Capítulo 1 – Classes dos Amplificadores..........................................................................................1

Capítulo 2 – Circuitos estabilizadores de corrente...........................................................................2

Capítulo 3 – Localizando os circuitos estabilizadores de corrente.................................................7

Capítulo 4 – Amplificadores valvulados – Polarização.....................................................................9

Capítulo 5 – Válvulas “Olho Mágico” (“Magic Eye”)........................................................................11

Capítulo 6 – Estrutura do classe AB transistorizado.......................................................................14

Capítulo 7 – Circuitos “Darlington” e “Sziklai”................................................................................15

Capítulo 8 – Polarização dos transistores de saída e correção “crossover” ...............................16

Capítulo 9 – Amplificadores classe AB com CI................................................................................19

Capítulo 10 – Amplificadores classe G..............................................................................................20

Capítulo 11 – Amplificadores classe H..............................................................................................21

Capítulo 12 – Amplificadores de áudio transistorizados antigos...................................................23

Capítulo 13 – Amplificadores classe D..............................................................................................26

Capítulo 14 – Topologias dos amplificadores classe D...................................................................29

Capítulo 15 – Alimentações, sinais e detalhes dos amplificadores classe D................................32


Capítulo 1 – Classes dos Amplificadores

Os amplificadores analógicos sejam de áudio ou de outros tipos de sinais são divididos


basicamente em três grupos: classe A, B ou C como mostramos na fig. 1:

Classe A – Amplifica o sinal inteiro. Os pré-amplificadores funcionam em classe A;


Classe B – Amplifica apenas um semiciclo do sinal. Alguns amplificadores de potência usam;
Classe C – Amplifica menos de um semiciclo do sinal. Usado quando precisamos retirar
alguma informação que está contida no pico de um dos semiciclos do sinal.
Um mesmo transistor pode funcionar em qualquer uma destas classes dependendo de sua
polarização no circuito. Existem outras classes de amplificação como visto na fig. 2:

Classe AB – É uma mistura entre as classes A e B pois tem as características de ambas.


Amplifica mais da metade do sinal e é usado na maioria dos amplificadores de áudio com dois
ou mais transistores de saída. Assim os transistores ficam polarizados levemente e impedem
o aparecimento da distorção “crossover” que ocorre quando os dois transistores de saída
ficam um pequeno período sem amplificar ao mesmo tempo.
Classe D – Este é diferente dos demais e usado nos aparelhos de som mais modernos com
a vantagem de economia de energia, porém a qualidade sonora é inferior aos demais. Estes
amplificadores transformam o sinal de áudio em sinal PWM (onda quadrada de largura
variável) de algumas centenas de KHz (384 KHz é um valor bastante utilizado). A conversão
de áudio em PWM é feita por amostragem comparando com uma onda triangular gerada por
um oscilador. Na conversão há um pouco de perda da qualidade do sinal. O sinal PWM
chaveia dois mosfets de potência e é novamente convertido em sinal analógico a ser aplicado
no alto falante do equipamento. Assim minimiza-se o aquecimento dos transistores de saída.
Os demais tipos de amplificadores são variantes dos vistos neste capítulo.

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Capítulo 2 – Circuitos estabilizadores de corrente

São circuitos formados basicamente por transistores usados para estabilizar a corrente em
vários circuitos dos amplificadores transistorizados especialmente nos de potência mais alta
(acima de 10 W). Assim o amplificador tem uma boa estabilidade de funcionamento.

Fonte de corrente (“current source”) – Transistores normalmente PNP ligados na linha de


+B por onde circula a corrente estável para a carga (no caso o circuito alimentado). Fig. 3

Observe os diodos na base do transistor funcionando como diodo zener de 1,4 V. Assim a
base fica 1,4 V menor que a tensão da linha de +B (22,6 V). No emissor do transistor temos
23,3 V e uma diferença de 0,7 V entre base e emissor. Assim a corrente de polarização da
base via R 2 permanece constante. O resultado é uma corrente entre coletor e emissor sempre
no mesmo valor independente da variação da carga. As variações de carga se traduzem em
variações de tensão pois a corrente não varia.

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Fonte de corrente com dois transistores – Possui outro transistor no lugar dos dois diodos
conforme observado na Fig. 4:

O transistor ligado entre o +B e a base do transistor fonte de corrente terá 1,4 V entre emissor
e coletor. O transistor fonte terá 0,7 V de diferença de tensão entre emissor e base, corrente
estável na base via R2 (R4) e observe como a corrente se mantém igual mesmo com cargas
diferentes entre emissor do transistor fonte e o terra.

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Escoador de corrente (“current sink”) – Este funciona ao contrário da fonte de corrente.
Um transistor NPN onde a corrente passa pela carga, por ele e vai ao terra ou negativo da
fonte. Também mantém a corrente constante independente da carga. Veja na Fig. 5:

Dois diodos em série funcionando como um zener de 1,4 V polarizando a base de Q1 (Q2)
via resistor de 10 K. Temos uma tensão de 1,4 V na base do transistor e 0,7 V no emissor.
Entre base e emissor uma corrente e tensão estável de 0,7 V mantendo a corrente entre
coletor e emissor estável mesmo com as variações da carga que neste caso se traduzem em
variações de tensão.

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Escoador de corrente com diodo zener – Este modelo usa um diodo zener de baixa tensão
ao invés de dois diodos como visto na Fig. 6:

Neste circuito a base dos transistores é polarizada com 3,3 V e no emissor temos 2,6 V. A
diferença de potencial entre base e emissor fica estável em 0,7 V, a corrente entre estes dois
terminais fica estável e por consequência a corrente pela carga. Não importa a resistência da
carga que vai influenciar apenas a tensão.

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Espelho de corrente (“current mirror”) – É formado por dois transistores do mesmo tipo
(NPN ou PNP) interligados pela base antes ou depois da carga. Um dos transistores tem uma
ligação direta entre coletor e base como vemos na Fig. 7:

No circuito da esquerda R1 é o resistor de calibração e o da direita é a carga. Observe como


R1 é atravessado pelas correntes entre emissor e base de Q1 e Q3 além da corrente entre
emissor e coletor de Q1. Assim estas três correntes ficam estáveis assim como a de carga,
bem próxima àquela que passa pelo resistor de calibração. Quanto mais próxima a carga
estiver do resistor de calibração, mais próxima estarão as correntes pelos dois transistores.
Mas mesmo com valores de resistores muito diferentes notamos como as correntes ficam
relativamente próximas. Observe como cargas bem diferentes nos dois circuitos as correntes
ficam muito próximas. Se alterarmos o resistor de calibração (R1 ou R3) a corrente sobre ele
varia e desta forma também varia a corrente pela carga, mas sempre ficam próximas daí o
nome “espelho de corrente”.

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Capítulo 3 – Localizando os circuitos estabilizadores de corrente

Na Fig. 8 mostramos um exemplo usando duas fontes de corrente:

Na Fig. 9 temos um amplificador com escoador de corrente:

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Na Fig. 10 aparece outro amplificador com um espelho e uma fonte de corrente:

Na Fig. 11 a seguir temos um amplificador de alta potência com vários circuitos


estabilizadores de corrente:

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Capítulo 4 – Amplificadores valvulados – Polarização

A seguir na Fig. 12 temos um amplificador à válvula classe A e suas tensões de polarização:

U1 é a válvula pré amplificadora e U2 a amplificadora de potência. Estes circuitos servem para


amplificadores de áudio abaixo de 10 W. A linha de 250 V alimenta as placas e a grade de
blindagem (G2) da válvula de saída. A polarização das grades de controle (G1) das válvulas
é do tipo automática. A corrente passa pela válvula gerando uma tensão acima de 0 V no
resistor de catodo. Como a G1 fica ligada ao terra via resistor de descarga (100 K a 1 M), a
tensão neste ponto fica menor que a do catodo e a válvula funciona normalmente. Os
eletrolíticos ligados nos catodos aumentam o ganho das válvulas. Veja na Fig. 13 um
amplificador classe B tipo “push-pull”. V1 é pré-amplificador e inversor de fase. V2 e V3 as
saídas. A polarização é semelhante ao tipo classe A marcada em vermelho. Estes
amplificadores são usados em potências acima de 10 W.

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Polarização das grades de controle das válvulas de saída de áudio

Polarização automática – A corrente circulante pela válvula produz uma queda de tensão no
resistor de catodo tornando-o mais positivo que a grade. Assim basta aterrar a grade (0 V)
através de um resistor de alto valor. Veja na Fig. 14:

Polarização por fonte – Uma fonte negativa alimenta a grade e neste caso o catodo pode
ser aterrado diretamente como visto na Fig. 15:

Polarização automática Polarização por BIAS


Vantagem Não necessita de outra fonte Potências mais altas
Desvantagem Potências mais baixas Necessita de outra fonte

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Capítulo 5 – Válvulas “Olho Mágico” (“Magic Eye”)

Este tipo de válvula foi utilizada no passado em alguns rádios como indicadora de sintonia. É
uma válvula duplo triodo com uma das placa recoberta de fósforo. Assim quando a corrente
passa por ela a placa emite uma luz azulada ou esverdeada. Controlando a corrente pela
válvula controlamos a área fluorescente que emite luz. Quanto maior a corrente maior a área
iluminada e vice-versa. As primeiras válvulas destas possuíam a placa fluorescente
arredondada na parte superior e daí veio o nome olho mágico dela. Veja na Fig. 16:

Atualmente existem outros tipos destas válvulas com vários formatos para as placas
fluorescentes e, além de indicadoras de sintonia, também são utilizadas como indicadoras de
nível de áudio em vários modelos de amplificadores valvulados. Elas também podem ser
usadas em amplificadores transistorizados. Veja outros tipos destas válvulas na Fig. 17:

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Funcionamento da válvula “olho mágico” – Como observamos na Fig. 18, o sinal de áudio
de entrada é transformado numa tensão contínua negativa. Se o sinal for fraco, a tensão
gerada será menos negativa para a grade de controle. A corrente aumenta no primeiro triodo
e diminui a tensão na placa dele assim como a tensão na placa do segundo triodo. No segundo
tríodo teremos uma diminuição de corrente e por consequência uma menor área iluminada na
placa fluorescente. Se o sinal for forte, a tensão na grade do primeiro triodo será mais
negativa, diminui a corrente através dele e a tensão nas placas aumenta. Isto provocará uma
maior corrente pelo segundo tríodo e uma maior área iluminada na placa fluorescente. Como
o sinal de áudio varia o tempo todo a tensão negativa na grade varia e por consequência a
área iluminada seguirá o ritmo do som.

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Na Fig. 19 temos um projeto de um pequeno amplificador de microfone usando uma válvula
“olho mágico”. O circuito é alimentado com uma tensão de 12 V. Usa um CI LM358 contendo
dois operacionais internos. Os pinos 1, 2 e 3 formam o amplificador de áudio para o microfone.
Quando o áudio de saída do pino 1 está positivo, D2 conduz e carrega C5. D1 fica desligado.
Quando o áudio do pino 1 está negativo, D2 desliga, D1 conduz e carrega C6 com uma tensão
negativa (áudio + carga de C5). Esta tensão negativa de C6 polariza a grade da válvula,
controla as correntes internas e a área iluminada da placa fluorescente. Os pinos 5, 6 e 7
formam um oscilador de PWM. O pino 5 é polarizado por uma tensão de 6 V. Ao ligar o circuito,
o pino de saída 7 estará em nível alto (12 V) e iniciará a carga de C7 no pino 6. Quando este
pino chegar em 6 V, o pino 7 vai a nível baixo e começará a descarga de C7 via R8. Quando
a tensão dele ficar menor que 6 v, a saída vai a nível alto novamente e o ciclo recomeça. Na
saída do pino 7 teremos uma onda quadrada (PWM) que chaveia o transistor Q1. Quando
este conduz, liga o Q2 e circula corrente pela bobina L1 Armazenando energia em forma de
campo magnético. Quando Q1 e Q2 cortam, a energia da bobina soma-se com a fonte de 12
V e carrega o capacitor C8 via D4 e D5 com 200 V. Esta tensão alta alimenta as placas da
válvula. Portanto temos um conversor DC-DC step up (booster) na alimentação da válvula.
Quando a tensão chegar a 200 V, no meio dos resistores R14 e R15 (circuito de feedback)
teremos 6,18 V que carregará o capacitor C7 via D3 e quando este chegar em 6 V de carga
o CI leva o pino 7 a nível baixo desligando os transistores. Assim evitamos que a tensão de
saída do conversor fique acima dos 200 V necessários ao funcionamento da válvula.

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Capítulo 6 – Estrutura do classe AB transistorizado

Os amplificadores de áudio com transistores classe AB possuem uma estrutura básica como
mostrada na Fig. 20 a seguir:

Os circuitos de vários amplificadores diferem entre si pelas melhorias que eles têm seja pela
potência de saída mais alta, seja pela qualidade sonora e baixa distorção ou pelas duas
qualidades. Porém os circuitos básicos são estes e vamos explicar as funções a seguir:

Controles – Os controles de volume e tonalidade estão ligados antes do amplificador. Nos


amplificadores mais antigos são potenciômetros e nos modernos são eletrônicos controlados
por um CI microprocessador.

Pré-amplificador – Um transistor na entrada do amplificador de potência para amplificar os


sinais fracos em tensão. Não confundir com o circuito pré-amplificador que em muitos
equipamentos vem antes do amplificador de potência.

Driver – Amplifica mais uma vez o sinal em tensão após o pré ao nível de excitar os
transistores de saída. Portanto ele é um excitador e dá ganho de tensão.

Saída de áudio – Dois transistores, um NPN e um PNP ou dois do mesmo tipo funcionando
como amplificador de corrente. O sinal entra nas bases e saem nos emissores. Os transistores
conduzem um por vez, um deles no semiciclo positivo do áudio e o outro no semiciclo
negativo. Como o driver proporciona ganho de tensão e os de saída ganho de corrente,
teremos um ganho de potência para o sinal chegar ao nível de acionar o alto falante. O
capacitor eletrolítico ligado em série com o falante (acoplamento) será usado se a saída for
assimétrica (alimentada por uma fonte só). Se a saída for simétrica (duas fontes, positiva e
negativa) não teremos este componente.

Circuito de BIAS – Polariza as bases dos transistores de saída para eles conduzirem um
pouco mesmo sem sinal de áudio na entrada do amplificador. Desta forma evita-se o efeito
“cross-over” que é quando um transistor termina de amplificar um dos semiciclos e o outro
demora um pouco para começar a amplificar o seu. Esta polarização também evita o
superaquecimento dos transistores de saída.

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Capítulo 7 – Circuitos “Darlington” e “Sziklai”

Dois transistores interligados usados para aumentar bastante o ganho de corrente em


comparação a um único transistor. Podemos ter dois de mesma polaridade ou invertidos.

Darlington – Dois transistores de mesma polaridade (NPN ou PNP) onde o emissor do


primeiro está ligado na base do segundo. Veja na Fig. 21 a seguir:

A desvantagem dele está na necessidade de polarizar VBE dos dois transistores (entre 1,2 e
1,4 V) para o segundo conseguir uma boa corrente ICE.

Sziklai – Dois transistores de polaridades opostas como vemos na Fig. 22:

A vantagem deste está em polarizar apenas VBE do primeiro transistor para este polarizar o
segundo e assim termos através dele uma corrente ICE bem maior que no Darlington. Apesar
desta vantagem, o circuito Szikai normalmente vem acompanhado de um Darlington nos
amplificadores.

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Capítulo 8 – Polarização dos transistores de saída e correção “crossover”

Os amplificadores classe AB possuem dois transistores de saída podendo ser um NPN e um


PNP ou dois do mesmo tipo. Eles são amplificadores de corrente e se a polarização das bases
for menor que 1,2 V (soma dos VBE dos dois transistores), quando o sinal estiver no semiciclo
positivo o transistor ligado na linha de +B conduz e o outro fica desligado. Quando o áudio vai
para o semiciclo negativo o transistor ligado ao terra conduz. Assim os transistores conduzem
alternadamente e na transição, por um pequeno período, nenhum dos dois transistores
conduz gerando uma distorção no sinal como mostrado na Fig. 23:

Se as bases forem polarizadas por tensão acima de 1,2 V os transistores conduzem


levemente mesmo sem sinal e quando o sinal é aplicado a distorção “crossover” está corrigida.
Esta correção pode usar resistores, diodos ou um amplificador de VBE. Veja na Fig. 24:

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Amplificador VBE ou polarização com outro transistor – Como o nome sugere há um outro
transistor conectado entre as bases dos transistores de saída. Tal transistor recebe o nome
de amplificador VBE. Ele possui um trimpot ligado na base para ajustar sua corrente ICE e
assim manter as bases dos transistores de saída acima de 1,2 V de polarização. Ao girar o
trimpot e aumentar a corrente ICE do transistor, a corrente ICE dos transistores de saída
diminui. Se girarmos o trimpot na outra direção, a corrente ICE do transistor diminui e aumenta
a dos transistores de saída. Veja o transistor e a atuação do trimpot nas Figs. 25 e 26:

O amplificador VBE é o Q3 e em geral ele fica próximo e/ou no mesmo dissipador dos
transistores de saída assim quando ele aquece, a corrente nele aumenta diminuído a dos
transistores de saída. O trimpot no caso R4 deve ser ajustado para um equilíbrio de corrente
nos transistores de saída. Muito alta = aquecimento; muito baixa = distorção no sinal de áudio.

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Circuito “bootstrap” – É um circuito de reforço da tensão na base do transistor de saída
ligado na linha de +B. Quando o sinal aplicado na base dos transistores de saída é grande
(volume alto ou maior potência) um dos transistores distorce como visto na Fig. 27:

Sem áudio teremos 6 VDC entre Q1 e Q2, 6,7 V na base de Q1 e 5,3 V na base de Q2. O
transistor Q2 pode variar a tensão de emissor de 0 a 6 V, o que significa que o semiciclo
negativo do áudio pode chegar até cerca de – 5 V (0,3 V na base e 1 V no emissor). Porém
Q1 só pode chegar até 8 V no emissor com a polarização deste circuito. Então o semiciclo
positivo só poderá ir até 2 V (8,7 V na base e 8 V no emissor). Acima deste valor, Q1 pára de
conduzir e corta o sinal como no desenho acima. O limite entre coletor e base é 12 V – 8,7 V
= 3,3 V. Diferença menor (sinal maior) produz uma corrente insuficiente para Q1 continuar
conduzindo. Para contornar isso temos o capacitor “bootstrap” como mostrado na Fig. 28:

Quando Q2 está conduzindo, C2 carrega-se com cerca de 3,5 V. Quando Q1 está conduzindo
a tensão entre os transistores soma-se à do capacitor resultando numa tensão maior na base
de Q1 permitindo-o amplificar o semiciclo positivo acima de 2 V e corrigir o sinal.

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Capítulo 9 – Amplificadores classe AB com CI

CIs estéreos – Possuem dois amplificadores internos um para cada canal de áudio, ligados
em dois alto falantes. Observe a Fig. 29 um CI TDA2005 com esta finalidade:

C1, C2, C10 e C11 são os capacitores de acoplamento, C3 é o filtro de baixa frequência e
C12 de alta frequência, C4 e C6 são “bootstrap”, C8, C9, R6 e R7 os filtros “Zobel” que
eliminam a oscilação de alta frequência da bobina dos alto falantes. R2, R3, R4, R5, C5 e C7
determinam o ganho do amplificador e no caso 1200/3,3 = 363. R1 polariza o pino 3 para ligar
o amplificador. Este mesmo amplificador pode funcionar em ponte somando as potências em
cada saída num único alto falante como na Fig. 30:

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Capítulo 10 – Amplificadores classe G

São amplificadores classe AB com melhorias para trabalharem com sinais maiores sem
superaquecerem. Nas Figs. 31 e 32 temos um classe G com sinal de entrada fraco e forte:

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Por que usar classe G – Q1 e Q2 dos circuitos mostrados são os transistores de saída. No
primeiro desenho eles recebem 2 Vp de sinal nas bases. Com alimentação de +10 e -10 V
(simétrico) a tensão na saída dos transistores oscilará entre +2 e -2 V (lembre-se que eles são
amplificadores de corrente e não de tensão). Assim cada transistor terá uma queda de tensão
variando de 8 a 10 V. Se a corrente for por exemplo 1 A quando a queda de tensão for 8 V,
só em cada transistor teremos uma dissipação de calor de 8 W. Isto com alimentação de +10
e -10 V. Se a alimentação for de +20 e -20 V teremos uma dissipação de 16 W nos transistores.
Então a ideia é aumentar a tensão de alimentação à medida que o sinal na base dos
transistores aumenta. Assim evita-se o aumento de temperatura com sinais fracos pois
sobraria maiores tensões de queda nos transistores de saída.

Como funciona – Q3, Q4, Q9 e Q10 funcionam como chaveadores e resistores variáveis.
Assim dependendo do tamanho do sinal de entrada eles conduzem mais ou menos variando
a tensão de alimentação entre 10 e 20 V, -10 e -20 V para os coletores dos transistores de
saída. Q5, Q6, Q7 e Q8 são espelhos de corrente. Assim a corrente circulante por eles e pelos
diodos zeners fica muito próxima a 1,9 mA. No resistor R7 sempre teremos 1,9 mA x 1.5 K
cerca de 3 V. No desenho de cima com sinal de 2 Vp na base dos transistores de saída, no
pico máximo positivo teremos 2 + 3 + 3,9 = 8,9 V na base de Q4. Como esta tensão é menor
que os 9,3 V do emissor de Q3, estes Darlington (Q3 e Q4) não condizem e o coletor de Q1
será alimentado com 9,3 V (10 menos queda em D1). Por analogia o pico máximo negativo
do sinal será -2 V e o transistor Q2 será alimentado por -9,3 V. No desenho de baixo, o pico
do sinal será 10 V. Teremos 10 + 3 + 3,9 = 16,9 V na base de Q4. Ele conduz, polariza Q3 e
no emissor dele (alimentação do Q1) teremos 15,5 V. Por analogia teremos -15,5 V no coletor
de Q2. Podemos observar este efeito pelos osciloscópios desenhados. No superior temos um
sinal fraco com as alimentações de 9 V e -9 V. E no inferior com sinal mais forte quando
ultrapassam determinados valores as alimentações sobem e descem proporcionalmente.

Capítulo 11 – Amplificadores classe H

Este difere da classe G no fato dos transistores que alimentam as saídas não funcionarem
como resistores variáveis e sim apenas como chave liga/desliga. Com sinais fracos os
transistores ficam desligados e a saída funciona com a fonte baixa. Com sinais fortes os
transistores ligam e alimentam a saída com a tensão alta. Nas Figs. 33 e 34 temos o exemplo
destes circuitos:

Como funciona – Q1 e Q2 são os transistores de saída. Os transistores Q3 ao Q10 funcionam


como interruptores. Com um sinal fraco de por exemplo 2 Vp os diodos zeners D3 e D4 de
5,6 V não conduzem. Desta forma todos os transistores chaveadores Q3 ao Q10 ficam
desligados e a saída é alimentada com 9 V e -9 V. Quando sinal fica mais forte, por exemplo
10 Vp, os zeners conduzem e acionam todos os transistores chaveadores. Assim Q3 e Q9
levam a alimentação de 20 e – 20 V para os transistores de saída. Podemos ver o
funcionamento através dos desenhos de osciloscópio conectados em vários pontos destes
circuitos separados por cores diferentes correspondentes às que a aparecem na tela deles.

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Capítulo 12 – Amplificadores de áudio transistorizados antigos

Os amplificadores antigos usavam transformadores de saída e/ou transformador inter


estágios. Os primeiros eram classe A e depois os classe B foram seus substitutos por questão
de eficiência (relação potência de áudio / aquecimento de componentes).

Classe A – São semelhantes aos pré-amplificadores com um transistor ligado na configuração


emissor comum. O amplificador de potência classe A tem dois problemas: O primeiro é o
aquecimento excessivo do transistor de saída por ele ser único e o segundo a polarização do
coletor. Se ligarmos a carga (no caso alto falante direto no coletor) direto no coletor acontece
o indicado na Fig.35:

O R4 faz o papel da carga (alto falante) ligado diretamente no coletor do transistor. Há dois
problemas com esta ligação: Primeiro circula corrente contínua pelo falante e assim ele seria
queimado, segundo a resistência ou impedância de coletor sendo muito pequena o transistor
reduz bastante o tamanho do sinal que chega em sua base ao invés de amplificar. Basta
observar o tamanho reduzido do sinal indicado no osciloscópio.
Para contornar estes problemas, as saídas classe A usam um transformador casador de
impedâncias chamado transformador de saída de áudio. Veja na Fig. 36:

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Observe o circuito classe A na Fig. 37:

O transformador de saída é diferente do transformador de força, pois este último trabalha com
frequência fixa de 60 Hz da rede e o primeiro tem construção diferente para trabalhar com
uma faixa de frequências entre 20 Hz e 20 KHz. O primário tem uma impedância mais alta
(até alguns K) e o secundário de baixa impedância entre 4 e 32 ohms. Assim o sinal é
transferido do coletor ao falante sem perdas e sem circulação de CC por ele. Veja um exemplo
deste circuito na Fig. 38:

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Classe B – Possui dois transistores de saída ligados ao falante através de um transformador
de saída. Neste circuito há um transistor driver conectado às bases dos transistores de saída
através de um transformador inter estágios. O circuito pode ser formado por transistores PNP
como ocorria nos antigos rádios com transistores de germânio ou com transistores de silício
NPN. A vantagem deste circuito está em cada transistor amplificar um semiciclo do sinal de
áudio e aquecer bem menos que no caso do classe A visto antes. Observe nas Fig. 39 e 40:

Como visto a necessidade do transformador de saída é devido à alta impedância do coletor


dos transistores de saída e o transformador inter estágios ou driver ligado à base dos
transistores de saída inverte a fase dos sinais de áudio. Assim os transistores amplificam
alternadamente o áudio para o alto falante.

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Capítulo 13 – Amplificadores classe D

Estes funcionam de forma diferente dos convencionais classe A, B, AB ou C pois o sinal de


áudio é convertido em sinal PWM (onda quadrada) de ciclo ativo dependente da amplitude do
áudio. O PWM chaveia MOSFETs de potência para ganho de corrente e depois passa por um
filtro passa baixa formado por bobina e capacitor onde é convertido novamente em sinal
analógico com potência suficiente para excitar o alto falante. Os amplificadores classe D tem
qualidade sonora um pouco abaixo dos outros modelos, porém com maior eficiência pois
consome muito menos energia em forma de calor. Os MOSFETs de saída funcionam como
interruptores e aquecem muito menos que os transistores convencionais nos outros
amplificadores no qual eles funcionam como resistores variáveis para os sinais analógicos.

Conversão do áudio em PWM – O sinal é misturado com uma onda em forma de triângulo
produzida por um oscilador baseado na carga e descarga de um capacitor. Tal sinal triangular
fica numa faixa acima de 300 KHz (o valor mais usado é 384 KHz). Veja na Fig. 41 o princípio
da conversão do áudio em PWM:

Na Fig. 42 temos uma ideia básica do circuito amplificador classe D:

O áudio entra num operacional junto com o sinal triangular e da comparação entre eles sai
uma onda quadrada com ciclo ativo variável chamada PWM (modulação por largura de
pulso). O sinal triangular nos amplificadores modernos é gerado dentro do mesmo CI por
onde passa o áudio analógico. Pode ser no CI de saída ou num processador de áudio antes.
O PWM vai ao driver para o MOSFET Q2 e para um trocador de nível a fim de acionar o
MOSFET Q1. Q1 e Q2 formam um par ligados em meia ponte “single ended” (SE) ou saída
simples. Os transistores dão ganho de corrente e tensão ao PWM o qual será convertido
novamente em áudio através do filtro passa baixa L e Co. Cb e Db formam o circuito

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“bootstrap” com a função de aumentar a tensão do gate de Q1 quando este estiver
conduzindo. Falamos sobre este circuito mais adiante.

Modulação do sinal PWM – Quando não há sinal de áudio na entrada do amplificador, o sinal
PWM terá o ciclo ativo um pouco menor de 50% (há o “dead time”, pequeno período na qual
os dois transistores estão desligados para não correr o risco de conduzirem ao mesmo tempo).
Na saída teremos zero volt e não haverá som no falante como na Fig. 43:

Quando há sinal de áudio fraco na entrada, haverá pequenos desvios no ciclo ativo do PWM,
gerando uma tensão baixa na saída e um som fraco no falante. Veja na Fig. 44:

Quando há sinal de áudio forte na entrada, teremos grandes desvios no ciclo ativo do PWM,
gerando assim uma tensão maior na saída e um grande volume sonoro no falante como
mostrado na Fig. 45:

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Geração do sinal triangular – O sinal é gerado por amplificadores operacionais conectados
a alguns resistores e capacitores como visto na Fig. 46 abaixo:

O sinal deve possuir uma boa linearidade, portanto o operacional deve ser de boa qualidade
e com uma boa taxa de inclinação também chamada de “slew rate”. Não é o caso deste
LM324 que foi usado apenas como exemplo. A frequência do circuito proposto e usando a
fórmula é F = 1 / 4x0,1x0,1 X (0,1/0,047) = 1/0,04 X 2,13 = 25 X 2,13 = 53,2 Hz. Para uma
boa conversão do áudio em PWM o sinal triangular deve estar entre 5 e 50 vezes a maior
frequência do espectro de áudio 20 KHz. Logo o sinal triângulo deve estar entre 100 KHz e 1
MHz. Este intervalo é onde estará o sinal PWM produzido obrigando os componentes do
amplificador a usar componentes de boa qualidade para trabalhar bem com chaveamento de
alta frequência. Um valor bastante usado nos amplificadores é 384 KHz. Observe na Fig. 47
uma simulação de dois sinais de áudio com amplitudes diferente modulando um sinal
triangular de alta frequência para a obtenção de dois PWM com ciclos diferentes:

Conforme explicado quanto maior a intensidade do sinal de áudio, maior o ciclo ativo do sinal
PWM resultante após a modulação. A maioria dos amplificadores classe D usa um oscilador
triangular interno, porém há outros osciladores menos usados para esta finalidade.

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Capítulo 14 – Topologias dos amplificadores classe D

Os amplificadores classe D podem ser montados de diversas formas de acordo com a


eficiência e potência sonora que se quer obter. Vamos mostrar os tipos de circuito encontrados
no mercado, porém em muitos casos os transistores MOSFETs estão dentro do mesmo CI do
restante do amplificador. A vantagem está no fato destes transistores funcionarem como
chaves. Assim eles aquecem bem menos que nos outros tipos de amplificadores e o
dissipador de calor não precisa ser muito grande mesmo com potencias de áudio de saída
passando da casa dos 100 W.

“Single Ended” (SE) – Ou saída simples, os MOSFETS são ligados num dos terminais do
alto falante. O outro terminal vai conectado ao terra do aparelho. Existem dois tipos de “single
ended”: simétrico ou assimétrico como vemos a seguir:

SE assimétrico – É alimentado por uma única fonte e os MOSFETS estão conectados ao


falante através de um capacitor eletrolítico de 1000 µF ou mais. Veja a Fig. 48 a seguir:

Com uma alimentação e 36 V, há uma tensão contínua média de 18 V entre os MOSFETs na


ausência de áudio, sendo então necessário o capacitor de acoplamento Ca.

SE simétrico – É alimentado por duas fontes e não há necessidade do capacitor em série


com o falante como podemos ver na Fig. 49:

Como há duas alimentações simétricas +B e -B, no meio dos MOSFETs termos 0 V e não há
a necessidade do capacitor em série. Os amplificadores SE ou meia ponte como estes

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apresentados são úteis para aparelhos de potência sonora relativamente baixa, porém mesmo
assim não são muito usados na prática.

“Bridge Tied Load” (BTL) – Carga ligada em ponte ou ponte completa é o tipo mais utilizado
nos equipamentos de som da atualidade. Observe um exemplo deste tipo na Fig. 50:

Temos dois pares de MOSFETs: Q1-Q2 e Q3-Q4. Cada terminal do alto falante está ligado
no meio de um dos pares. Como a tensão contínua em cada par é a mesma não haverá
corrente contínua circulando pelo alto falante. A grande vantagem deste circuito está em
somar as potências dos pares individualmente para o falante. Por exemplo: Se cada par pode
entregar 50 W de potência para o falante, os dois podem entregar 100 W com a mesma tensão
de alimentação. Normalmente estes pares de MOSFETs estão dentro do mesmo CI junto com
mais 4 pares para o outro canal de áudio. Portanto um CI com 8 MOSFFETS de potência
internos junto com os demais circuitos do amplificador. Temos alguns detalhes relacionados
e este circuito como os componentes externos marcados. L1/Co1 formam o filtro passa baixa
do primeiro par de MOSFETS. L2/Co2 é o filtro do segundo par. Quando não há áudio, o PWM
terá ciclo ativo de quase 50% nos dois pares e a tensão em L1 e L2 será a mesma. Sem
diferença de potencial entre L1 e L2 não haverá som no falante. Quando houver áudio e o
ciclo ativo em L1 for maior que 50%, em L2 será menor que 50 %. Assim a tensão em L1 será
maior que 18 V e em L2 menor que 18 V, fazendo circular corrente elétrica variável no falante
e reproduzir o som. Quando L1 tiver ciclo ativo menor que o L2, a corrente vai fluir pelo alto
falante no sentido inverso reproduzindo desta forma o semiciclo negativo do áudio. O
capacitor Cz é o filtro “Zobel” que elimina a oscilação parasita de alta frequência da bobina do
alto-falante. As saídas Rg alimentam os gates dos MOSFETS com tensão do PWM e corrente
relativamente alta para carregar e descarregar as capacitâncias dos gates fazendo desta
forma os transistores funcionarem. Cb e Db formam os circuitos “bootstrap” como veremos
adiante neste livro.

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“Parallel Bridge Tied Load” (PBTL) – Também chamada de ponte completa em paralelo e
como o próprio nome sugere as saídas de dois pares são ligadas em paralelo com a saída
dos outros dois pares num único alto falante. Assim teremos 8 transistores MOSFETS
compondo este circuito como mostramos na Fig. 51:

Este tipo de circuito é bem útil quando necessitamos de alta potência de saída para os falantes
como por exemplo 200 W ou mais. Os pares Q1-Q2 são sincronizados com Q5-Q6 e estão
ligados num dos terminais do falante. Os outros dois pares estão no outro terminal. Alguns
minisystens de alta qualidade usam a saída PBTL para alimentar os falantes de maior potência
como os woofers e sub-woofers e a saída BTL para alimentar os falantes de menor potência,
mid range e tweeters.

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Capítulo 15 – Alimentações, sinais e detalhes dos amplificadores classe D

Como explicado os amplificadores classe D atuais estão dentro de um único CI (MOSFETs,


drivers, circuitos de controle e proteção). Veja um exemplo na Fig. 52:

O CI de saída possui três alimentações: VPWR ou PVCC (30 V ou mais) que alimenta os
MOSFETs de saída, GVDD (12 a 15 V) que alimenta os drivers dos gates e o VDC, VCC ou
VDD (5 a 15 V) que alimenta os circuitos de controle, proteção, entradas e saídas para os
drivers. Este CI representa um dos canais de áudio (tem dois iguais). As saídas dos MOSFETs
estão ligadas em BTL (ponte) nos terminais dos falantes com o filtro passa baixa L1/L2 em
série e Co1/Co2 em paralelo. O CI recebe o sinal PWM modulado pelo áudio e em fases
opostas em cada entrada. Os sinais PWM menores controlam os MOSFETS inferiores e os
maiores, após passar pelo “level shift”, controlam os MOSFETs superiores. Há também dois
pinos de falhas ligados internamente em coletor aberto, ou seja, com tensão de 3,3 a 5 V em
condições normais. O pino OTW (“Over Temperature Warning”) detecta excesso de calor
produzido pelo CI para ativar o transistor interno e zerar este pino, assim o microprocessador
geral desliga a fonte. O pino “CLIP” detecta falha em algum circuito, daí este pino vai a nível
baixco para o microprocessador principal desligar a fonte.

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Ativação dos MOSFETs de saída – Na Fig. 53 temos as amplitudes dos sinais de PWM nos
gates dos MOSFETs:

Para o MOSFET ligar é necessário que a tensão em seu gate esteja 12 V acima do source.
Logo, Q2 tem o source ligado no terra e o PWM no gate vai de 0 a 12 V. No Q1 a coisa é uma
pouco mais complicada. Quando ele conduz, em seu source aparece 30 V. Logo em seu gate
são necessários 12 V a mais portanto 42 V. Por isso que o sinal no gate de Q1 é bem maior
que o do gate de Q2. Como vimos estes sinais de gate são opostos para quando um transistor
conduzir o outro fica desligado. Há um pequeno tempo morto (“dead time”) entre 5 e 100 ns
de transição entre os transistores (quando nenhum está conduzindo). Nestes exemplos
mostramos o PWM como uma onda retangular certinha mas ela tem uma pequena rampa de
subida e descida entre cerca de 20 a 50 ns.

Circuito “Bootstrap” – Veja como ele funciona na Fig. 54 a seguir:

Quando o MOSFET inferior conduz o diodo interno conduz e carrega Cb1 com 12 V. Quando
o MOSFET superior conduz, a tensão de saída 30 V soma-se à armazenada no capacitor e
alimenta o driver e o gate com 42 V. É o melhor método de se obter a tensão necessária à
alimentação do MOSFET superior nos amplificadores classe D. O diodo rápido fica dentro do
CI e o capacitor de poliéster ligado entre a saída e o pino de alimentação do driver.

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Tipos de CI de saída de áudio – Existem dois tipos de CI de saída classe D: digital que
recebe os sinais digitalizados de outras etapas, transforma em PWM e amplifica e o PWM que
recebe este sinal já pronto de um CI pré ou processador de sinais antes.

CI de saída digital – Veja um exemplo na Fig. 55:

Este tipo é mais comum em televisores LCD/LED. Ele usa o protocolo I2S ou IIS (Integrated
IC Sound), trilhas seriais para conectar periféricos de som. Nos pinos de entrada temos:
SD – Áudio digital;
BCLK – Bit clock ou serial clock para sincronismo do áudio digital. Vai de 1,4 a 3 MHz;
LRCLK – Word clock ou word selector para separar os canais L e R. 44,1 a 48 KHz;
MCLK – Master clock para converter o áudio digital em analógico. 11,28 a 12,28 MHz.

CI de saída PWM – Veja um exemplo na Fig. 56:

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EXERCÍCIOS

1) Qual dos amplificadores é mais eficiente? E o menos eficiente?


( a ) Classe D e Classe B
( b ) Classe A e Classe D
( c ) Classe D e Classe A

2) Qual o propósito da fonte, escoador e espelho de corrente:


( a ) Aumentar a corrente nos circuitos do amplificador
( b ) Diminuir a corrente nos circuitos do amplificador
( c ) Estabilizar a corrente nos circuitos do amplificador

3) A polarização automática das válvulas de saída de áudio:


( a ) É um resistor ligado no catodo da válvula
( b ) É um resistor ligado na grade da válvula
( c ) É uma tensão extra aplicada na grade da válvula

4) A distorção “crossover” é mais comum em qual tipo de amplificador:


( a ) Classe A
( b ) Classe B
( c ) Classe AB

5) Aumentando a tensão na base do amplificador de VBE:


( a ) Os transistores de saída aquecem menos;
( b ) Os transistores de saída aquecem mais;
( c ) Os transistores de saída permanecem com a mesma temperatura;

6) O circuito Bootstrap funciona baseado em qual componente passivo?


( a ) Resistor
( b ) Capacitor
( c ) Indutor

7) Em que os amplificadores classe G e H diferem um do outro?


( a ) Modo de alimentação das saídas em altas potências
( b ) Quantidade de fontes de alimentação
( c ) Um é classe AB modificado e outro é classe D modificado

8) Quantos MOSFETs de saída possui um amplificador BTL?


( a )2
( b )4
( c )8

9) Se um amplificador classe D é alimentado com 30 V:


( a ) No meio dos MOSFETS teremos uma tensão DC de 15 V
( b ) No gate do MOSFET superior teremos um sinal que vai de 0 a 30 V
( c ) No meio dos MOSFETS teremos um sinal que vai de 0 a 15 V

10) Qual tipo de amplificador classe D mais indicado para potências muito altas:
( a ) SE ou meia ponte
( b ) BTL ou ponte completa
( c ) PBTL ou ponte completa em paralelo

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