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O jogo de sinais

na lógica silogística
Piligra

O jogo de sinais
na lógica Silogística

Ilhéus/2023
Edição
3,14
Copyright © 2023, Piligra
Todos os direitos desta edição reservados à Lourival Pereira
Júnior Piligra
Av. Getúlio Vargas 1972, 101. Pontal – Ilhéus – Bahia, Brasil
– 45.654-495
Capa e Revisão – Rebeca Lopes Bastos
Diagramação: Piligra

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Índices para catálogo sistemático:

Piligra

O jogo de sinais na lógica silogística / Piligra. -- 1. ed. -


- Ilhéus, BA : Ed. do Autor, 2023.

Bibliografia.

ISBN 978-65-00-70985-8

1. Aritmética 2. Filosofia 3. Lógica I. Título

23-158709 CDD-160

1. Lógica : Filosofia 160


Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada


desta publicação, por qualquer meio, total ou parcial,
constitui violação da lei n. 9.610/98.
Agradecimento

Gratidão às turmas de Lógica I – vespertino e


Lógica II – noturno – do Curso de Filosofia
(2023.1) pela acolhida a este velho professor à
porta da aposentadoria.
Dedicatória

Este livro foi escrito durante os cursos de Lógica I


– vespertino – e II – noturno – da Uesc e dedicado aos
seguintes alunos e alunas, sem os (as) quais este livrinho
jamais teria nascido: gratidão
Ana Paula Serra Lopes
Ana Paula Silva de Araújo
Andreia Karla S. S. M. Cardoso
Bruna Silva dos Santos
Breno Pinto do Nascimento
Cristiano Jesus da Silva
Daniel Tudes dos Santos
José Alberto Ramos
José Lucas F. Araújo
Larissa Alexia Guimarães Brasil
Maria Aparecida A. dos Santos
Milena Farias Tenório
Milena Silva de Jesus
Renata Oliveira de Castro
Renata Maria Santos Ribeiro
Rosa Cristina Soares Silva
Roselene de Araújo Xavier
Sabrina Ribeiro de Oliveira
Thales Bispo da Silva
Tawan Serra da Conceição
Epígrafes

“Nesse caso, se julgar é discursar para si


mesmo, não há quem, ao falar a respeito de
dois objetos e ao imaginá-los, e apreendendo
ambos pelo pensamento, seja capaz de dizer
ou de imaginar que um é o outro. O que me
importa significar é que ninguém imagina que
o feio é belo, ou qualquer outra coisa do
mesmo gênero.”
Teeteto 190d

“No que se refere ao ser no sentido de


verdadeiro e ao não-ser no sentido de falso é
preciso dizer que, num caso, tem-se o
verdadeiro quando realmente existe união e
tem-se o falso quando não existe.”
Metafísica 1052ª 35
0. Introdução

“Diz-se que uma coisa se opõe a outra de


quatro modos: ou como os relativos, ou como
os contrários, ou como a privação e a posse,
ou como a afirmação e negação”.
Categorias 11b 17

Este pequeno livro nasceu dentro das disciplinas


Lógica I e II (vespertino e noturno) do curso de Filosofia.
Durante nosso trabalho com a classificação dos juízos e o
quadrado de oposição da lógica formal – pré-requisitos
necessários à introdução da teoria do silogismo –
detectamos uma dificuldade das turmas no domínio das
leis formais da classificação, das regras elementares das
oposições e total desconhecimento das conversões,
fundamentos de sustentação da teoria da redução do
silogismo, conforme o entendimento de Aristóteles.
Diante do impasse, que limitava o aprofundamento da
relação de ensino-aprendizagem, decidimos apostar numa
analogia entre o uso dos sinais – (+) mais e (- ) menos - da
matemática (visando facilitar a apropriação e
exemplificação das regras do Quadrado Lógico de
Oposição) e os valores ou qualidades das proposições:
universais afirmativas (+), universais negativas (-),
particulares afirmativas (+) e particulares negativas (-).
Portanto, partindo da certeza de que a famosa
tabela do jogo de sinais da matemática oferece as
condições necessárias de explicação do jogo que compõe
o Quadrado de Oposição, procuramos mostrar de que
modo a combinação entre os sinais possui uma
fundamentação lógica numa implicação direta com as
regras que garantem a validade de um silogismo.
A ideia não é reduzir o Quadrado e os silogismos
à teoremas ou demonstrações matemáticas e sim
demonstrar como o domínio da tabela do jogo de sinais
pode auxiliar (tornando mais claras) a definição e a
compreensão das oposições do Quadrado Lógico,
auxiliando sobremaneira na adequada assimilação do jogo
entre as proposições universais e particulares e
proposições afirmativas e negativas.
Nesse caso, a função precípua deste libreto é
puramente didática e não teórica. Isso significa que nossa
intenção é lançar luz sobre alguns pontos obscuros da
teoria do silogismo que tantas vezes causa embaraço aos
neófitos em busca da transposição do umbral da lógica
aristotélica. A implicação entre o jogo de sinais e o modo
como as deduções silogísticas são realizadas ganham
destaque nos exemplos dos exercícios elaborados por nós
em algumas partes deste libreto.
Assim, se nosso objetivo é puramente didático,
então evitamos, sem qualquer prejuízo formal ou material,
adentrar nos meandros críticos que a teoria do silogismo
(proposta por Aristóteles) suscita.
Em razão desse compromisso didático, não
saturamos o “corpo geral” deste libreto com
fundamentações ou citações de obras e autores, dando ao
texto um caráter mais leve e contínuo num tom puramente
professoral seguindo a exposição próxima às nossas aulas.
Isso não significa que negligenciamos ou
ignoramos autores, obras e problemas, tocantes à Lógica
Silogística, ao contrário, estrategicamente apenas optamos
por indicá-los na bibliografia ao final de nossa exposição.
Dito isso, podemos, a partir deste período, ou deste
ponto de nossa Introdução, delimitar de que modo
procedemos na divisão deste libreto.
Dividimos a pequena obra em cinco momentos,
partindo das questões (problemas) mais simples – a
construção de tabelas-de-verdade numa implicação direta
com o jogo de sinais - até as mais complexas – a redução
dos modos imperfeitos dos silogismos (segunda, terceira e
quarta figuras) aos modos perfeitos de primeira figura
fazendo uso do jogo de sinais na ilustração dos exemplos
apresentados.
Nesse sentido, este libreto tem cinco momentos
indissociáveis: como afirmamos acima, iniciamos com a
elucidação da implicação entre o jogo de sinais e a
estrutura básica das tabelas-de-verdade dos conectivos
lógicos, termos sincategoremáticos que diferenciam as
proposições (ou sentenças) hipotéticas – pano de fundo da
Lógica Proposicional – das proposições (sentenças)
categóricas, base de sustentação de toda teoria do
silogismo. Essa parte inicial do livro tem a precípua função
de preparar (ou sedimentar) o caminho seguro na direção
da aplicação das regras do jogo de sinais às tabelas de
verdade, operando como uma espécie de propedêutica à
teoria geral do silogismo. A compreensão exata e segura
dos corolários e das relações entre as regras do jogo de
sinais a sua direta implicação com as leis dos conectivos
lógicos, deve servir de base para a segunda parte deste
libreto: o estudo em torno do Quadrado Lógico de
Oposição. Nesse segundo momento exploramos
exaustivamente as relações conflitantes e complementares
do Quadrado Lógico de Oposição, numa vinculação direta
com o quadro estrutural do jogo de sinais1.

1
Lembramos que não há compatibilidade entre a última linha
do quadro do jogo de sinais e sua aplicação no silogismo, pois
de premissas negativas nada se conclui.
Acreditamos que aqui os interessados nas teorias
da contrariedade e da contraditoriedade irão poder notar
que o Quadrado Lógico de Oposição foi triplamente
simbolizado – fato importante na visualização das relações
de oposição – entre A e E, A e O, I e O, e, E e I – e das
relações de complementação – entre A e I (afirmativa) e E
e O (negativa). Essas possibilidades são sempre ilustradas
via sinalização (+ e - ou - e +) tornando mais assimiláveis
as relações do Quadrado Lógico de Oposição, fundamento
inconteste de toda teoria do silogismo conforme a
compreende Aristóteles. Daqui por diante já nos lançamos
na terceira senda aberta neste libreto.
O terceiro momento é dedicado a um estudo
cuidadoso e completo da teoria do silogismo, suas regras,
figuras, modos válidos e leis de constituição e
diferenciação. Neste ponto específico de nossa análise,
dissecamos, passo a passo, com diversos exemplos, as oito
regras que garantem a validade formal de um silogismo.
Além disso, elucidamos também (com exemplos
claros) a diferença entre as quatro figuras, suas regras
específicas das quais se seguem os seus modos válidos.
Nesse ponto, desmistificamos a ideia de que um modo
válido não contém uma justificativa formal que determina
o seu lugar dentro de determinada figura.
Nesse sentido, demonstramos que cada conjunto
de modo válido referente a cada figura nasce justamente
das regras gerais – aplicadas à todas as figuras – e das
específicas – que regem cada figura em particular. Afinal,
estruturalmente, cada uma das figuras possui uma
particularidade cuja finalidade é garantir um tipo de
conclusão ou argumentação, seja ela com as quatro
possibilidades do Quadrado Lógico (A, E, I ou O) –
primeira figura – seja com a negação (E ou O) – segunda
figura – seja com a particularidade (I ou O) – terceira
figura. A quarta figura terá um tratamento especial
justificado por nós em função do seu caráter especular ou
mimético com a primeira figura. A partir disso adentramos
no quarto momento de nossas análises.
Nesse penúltimo estágio, por assim dizer,
ocupamo-nos com a descrição minuciosa dos modos
válidos, preparando os materiais que irão ser usados no
momento final do livro, a saber: a redução dos silogismos
imperfeitos ao silogismo perfeito2 de primeira figura.
Sugerimos que o(a) estudante fique atento(a) neste ponto
crucial do libreto, pois depende dele a apreensão do
sentido geral das reduções.

2
Esse tema não chegou a ser totalmente explorado no curso.
Nesse quarto momento, seguimos articulando o
jogo das proposições dos silogismos acompanhados
sempre dos sinais (+ ou -), esclarecendo a implicação
entre a qualidade ou quantidade das premissas e seu
resultado (+ ou -) nas conclusões. Quiçá neste ponto é onde
a implicação entre a lógica e o jogo de sinais ganhe mais
relevância e iluminação. A correta compreensão desse
penúltimo momento é deveras fundamental para o
coroamento das nossas investidas, a saber: o trabalho com
as reduções dos silogismos.
Adentramos aqui na última etapa (ou, no último
momento) de nossa senda, na tentativa de mostrar as
implicações, relações e conjunções, entre o jogo dos sinais
da matemática e a lógica silogística. Não obstante,
chamamos atenção sobre um dado importante: o tema da
redução de silogismos imperfeitos a silogismos perfeitos
costuma ser considerado árido ou complexo para a maioria
dos estudantes de Lógica. No entanto, acreditamos que o
percurso natural da ordem de desenvolvimento dos temas
e problemas tratados neste libreto levam a uma conclusão
em contrário, ou seja, a redução mostra-se menos
complexa à medida em que temos em mente o papel
fundamental de duas conversões, ou, inferências
imediatas: a conversão simples e a conversão por acidente.
A primeira – só ocorre entre proposições do tipo E
ou I – e a segunda – só ocorre da proposição do tipo A ao
tipo I. Assim, com vias a testar ou exercitar a assimilação
do conteúdo disposto nesses cinco momentos, elaboramos
e colocamos à disposição, ao final deste libreto, 100
questões com vários níveis de dificuldade dos mais
diversos conteúdos, onde o interessado (ou interessada)
poderá praticar (ao seu tempo) verificando (assim) o
quanto avançou nos seus estudos.
Temos certeza de que o percurso atento, do início
ao fim, deste libreto, proporcionará ao estudante
interessado nos assuntos da lógica dedutiva uma visão
menos perturbadora das dificuldades estruturais que, em
geral, muitos jovens e adultos demonstram no
enfrentamento deste instrumento fundamental do pensar –
que sedimenta, desde a estrutura formal básica de uma
redação até o modelo exemplar de uma petição inicial do
direito – a lógica silogística.
Sumário

O jogo dos sinais e sua aplicação na lógica..........21


Exercício...............................................................32
O Quadrado de Oposição e o jogo de sinais.........33
O Silogismo e o jogo de sinais..............................47
As quatro figuras do silogismo, suas leis
e modos válidos.....................................................61
Primeira figura – perfeita......................................61
Segunda figura – a conclusão é sempre negativa
(E – ou O -) ..........................................................67
Terceira figura – a conclusão é sempre particular
(I + ou O -)............................................................73
Quarta figura – conclusão em I + (duas vezes),
em O – (duas vezes) e em E – (uma vez)..............81
Reduções do silogismo e o jogo de sinais.............87
Reflexões finais.....................................................101
Exercícios de fixação.............................................105
Respostas dos exercícios .......................................135
Referência bibliográfica para aprofundamento...139

19
20
1. O jogo de sinais e sua aplicação na Lógica

Uma das mais antigas invenções humanas é, sem


sombra de dúvidas, o famoso jogo dos sinais utilizado na
aritmética com vias a fundamentar a relação entre as
operações básicas da soma, da subtração, multiplicação e
divisão de números inteiros. Segundo Hillesheim e Moretti
(2016:234) atribui-se a Diofanto de Alexandria – de quem
pouco se sabe, embora encontre-se evidências de que
viveu no século III da nossa era – a criação da regra do
jogo dos sinais.
A regra criada por Diofanto de Alexandria teria
sido formulada, numa obra intitulada de Aritmética, do
seguinte modo: "menos multiplicado por menos é mais e
menos por mais é menos". Não há justificativa do Diofanto
para o uso de tais regras, não obstante, o fato é que a partir
disso passamos a conhecer e fazer uso dessas regras no
formato de uma pequena tabela com a seguinte
combinação:

++=+
+–=–
–+=–
––=+

21
De forma simples temos a seguinte explicação:
mais com mais, tem por consequência o mais, ou seja,
positivo com positivo tende ao positivo; o mais seguido
pelo menos, sempre tende ao menos, ou seja, o positivo em
combinação com o negativo conclui-se sempre negativo; o
mesmo se aplica à combinação do menos com o mais,
seguindo-se sempre o menos ou o negativo; por fim, na
combinação do menos com o menos, o resultado é sempre
o mais, ou seja, negativo com negativo gera sempre um
positivo. Além do mais, esse conjunto de sinais já recebeu
muitas interpretações ao longo da história e quando
aplicado à retórica temos uma combinação cuja validade
não pode ser levada com o mesmo rigor, assim, podemos
dizer que

O amigo (+) do meu amigo (+) tende a (ou pode)


ser meu amigo (+).
O amigo (+) do meu inimigo (-) tende a (ou pode)
ser meu inimigo (-)
O inimigo (-) do meu amigo (+) tende a (ou pode)
ser meu inimigo (-)
O inimigo (-) do meu inimigo (-) tende a (ou pode)
ser meu amigo (+)

22
Devemos notar que essa tendência (ou
possibilidade) apresenta-se e ganha relevância no jogo
retórico à medida em que interpretamos os termos amigo
ou inimigo como aliados nossos ou dos nossos inimigos.
O interessante é perceber que esse jogo dos sinais aplica-
se ou pode servir de fundamento para o uso retórico dos
elementos que compõem os quatro pares de combinações.
Nesse aspecto, agora de um ponto de vista estritamente
lógico, o jogo dos sinais representa de algum modo, sem
levar em conta os resultados das combinações
++
+–
–+
––
a estrutura inicial de toda tabela de verdade formada a
partir de dois elementos quaisquer (a) e (b). Assim
aplicando a fórmula 2n, em que 2 representa os valores de
verdade V e F e (n) o número de proposições, nesse caso
(a e b). Em lógica simbólica3 (e em matemática) podemos
substituir os valores V e F por 1 e 0, ou seja, 1 indica o
valor de verdade, verdadeiro; e 0 indica o valor de verdade,
falso.

3
Lógica Proposicional moderna criada por Boole e Frege.

23
Disso decorrem as seguintes tabelas comparativas:
a| b| a| b| a| b|
V V + + 1 1
V F + - 1 0
F V - + 0 1
F F - - 0 0

Essas aparentes identidades, ou felizes


coincidências, servem de base para se estabelecer as leis
de uso das funções de verdade – formadas por termos
sincategoremáticos4 – conhecidas por
Conjunção – e – simbolizada pelo (˄)
Disjunção inclusiva – ou – simbolizada pelo
(˅)
Disjunção exclusiva – ou/ou – simbolizada
pelo (w)
Bicondicional – se somente se – simbolizada
pelo (↔)
Condicional – se, então – simbolizada pelo
(→)
Negação – não - ~
Dupla negação – não, não – ~~

4
O mesmo que conectivos ou operadores lógicos.

24
Isso significa que essas tabelas anteriores servem
de base para a demonstração das leis desses respectivos
conectivos, fundamentais tanto na Lógica Simbólica
quanto na Matemática. Vejamos abaixo cada uma dessas
tabelas-de-verdade, iniciando da função de verdade mais
fraca à mais forte.
A conjunção – e – (˄) possui por lei a seguinte
regra: uma conjunção só pode ser verdadeira quando seus
componentes forem ambos (ou sempre) verdadeiros.
Traduzindo isso, usando agora a tabela do jogo de sinais,
a regra significa que: uma conjunção só admite a verdade
quando seus elementos forem ambos + e +. Vejamos as
três tabelas abaixo:

Tabela (1) Tabela (2) Tabela (3)5

a| b| a ˄ b a| b| a ˄ b a| b| a ˄ b
VV V + + + 1 1 1
VF F + - - 1 0 0
FV F - + - 0 1 0
FF F (............) 0 0 0

5
Iremos sempre apresentar as três tabelas em conjunto. A
visualização das três tabelas ajuda na compreensão da lei que
rege cada conectivo e sua relação entre a verdade e o falso.

25
Notem que optamos por não combinar (menos) -
com (menos) – que se conclui com + (mais), na tabela(2),
para evitar confusões no entendimento da regra e na
analogia feita por nós entre a tabela de verdade e o
quadrado do jogo de sinais.
As outras duas tabelas (1 e 3) as notações seguem
de forma completa, afinal, os valores de verdade são
devidamente representados; o V = 1 e o F = 0. Todavia,
veremos que, em apenas um conectivo, o jogo dos sinais
espelha de forma fidedigna a tabela-de-verdade. Passemos
ao segundo conectivo, o de bicondicional6 – se somente se
– (↔):

Tabela (1) Tabela (2) Tabela (3)

a| b| a ↔ b a| b| a ↔b a| b| a ↔ b
VV V + + + 1 1 1
VF F + - - 1 0 0
FV F - + - 0 1 0
FF V - - + 0 0 1

6
Em Lógica Proposicional trabalhamos essa tabela do
bicondicional em paralelo a da disjunção exclusiva, visando,
com isso, mostrar que o resultado da tabela de uma é a negação
da tabela da outra.

26
Com o bicondicional notamos que o jogo de sinais
atende à sua regra de uso, bem simbolizada pela verdade
na primeira e quarta linhas da tabela, daí decorre a seguinte
lei: um bicondicional só pode ser verdadeiro quando seus
componentes tiverem valores lógicos idênticos, ou seja, V
e V gera um resultado V, da mesma forma F e F gera um
resultado V. No caso do jogo de sinais, o negativo, (-)
menos, seguido de outro negativo, (-) menos, gera uma
conclusão sempre afirmativa e, portanto, verdadeira.
Sinais ou valores lógicos idênticos implicam em verdade,
sinais ou valores lógicos diferentes implicam em falsidade.
Em outras palavras: o bicondicional admite a verdade
tanto as duas coisas se dando, ocorrendo ou não. Em nossa
interpretação essa tabela-de-verdade do bicondicional é a
única que melhor espelha o quadrado de possibilidades do
jogo dos sinais.
O próximo conectivo, ou melhor, o resultado da
tabela-de-verdade da disjunção exclusiva (aut) é a
negação7 do resultado da tabela-de-verdade do
bicondicional, assim, vejamos o esquema das três tabelas
e de que modo elas indicam a lei da disjunção exclusiva
(ou/ou) simbolizada pelo w:

7
Vide nota anterior.

27
Tabela (1) Tabela (2)* Tabela (3)

a| b| a ↔ b a| b| a w b a| b| a w b
VV V + + - 1 1 0
VF F + - + 1 0 1
FV F - + + 0 1 1
FF V - - - 0 0 0
A partir daqui começamos a perceber uma
modificação necessária feita por nós no jogo dos sinais.
Notem que todos os valores da Tabela (2)* foram
invertidos, ou seja, negados. Esse procedimento mostra
que, se o resultado da tabela (1) do bicondicional é o
espelho perfeito do quadrado do jogo de sinais. mas o
resultado da tabela-de-verdade da disjunção exclusiva é a
negação completa da anterior, por isso que decidimos pela
inversão dos resultados do jogo de sinais. Obviamente essa
negação tem um valor puramente didático e não se pode
querer expandir isso dentro do esquema de uso,
especialmente na aritmética, desse tipo de recurso
utilizado por nós, nesse caso a negação. O que interessa
aqui é compreender que a disjunção exclusiva tem por
fundamento o princípio do terceiro excluído, que
estabelece – a partir dos valores de verdade V e F ou F e
V –, um resultado sempre verdadeiro.

28
Ao comparar as duas tabelas-de-verdade da
bicondicional e da disjunção exclusiva notamos que uma é
a negação da outra. Veremos que essa disjunção exclusiva
demarca os limites de uso e de identificação do jogo de
sinais das regras – totalmente diverso – de ordenamento
dos conectivos da disjunção inclusiva e do condicional.
A disjunção inclusiva (vel) tem por fundamento a
seguinte tabela-de-verdade:
Tabela (1) Tabela (2)* Tabela (3)

a| b| a v b a| b| a v b a| b| a v b
VV V + + + 1 1 1
VF V (...........) 1 0 1
FV V (...........) 0 1 1
FF F (...........) 0 0 0
Aqui nesse segundo tipo de disjunção já
percebemos o quanto o jogo dos sinais (2) se distancia do
resultado da tabela-de-verdade (1), mantendo um
espelhamento apenas na primeira linha. Isso ocorre porque
a lei da disjunção admite que uma disjunção inclusiva só é
falsa se somente se seus componentes são ambos falsos,
ou seja, a presença de um elemento verdadeiro ou
afirmativo na tabela-de-verdade já faz com que a disjunção
seja verdadeira.

29
Isso ocorre porque essa disjunção inclusiva admite
a disjunção de ambos (V e V) ou a primeira (V) e a
segunda (F) ou a primeira (F) e a segunda (V). Nesse caso,
percebemos que não há compatibilidade, a partir da
segunda linha, entre o resultado da tabela-de-verdade (1) e
o jogo de sinais (2). Daqui para frente veremos o
condicional.
Tabela (1) Tabela (2) Tabela (3)

a| b| a → b a| b| a → b a| b| a → b
VV V + + + 1 1 1
VF F + - - 1 0 0
FV V (............) 0 1 1
FF V - - + 0 0 1
Ao fazer a comparação entre as três tabelas notamos
que na (2) somente na linha 3 não há espelhamento entre
as tabelas-de-verdade (1) e a tabela (2), já que na linha 3 F
e V = V, mas no jogo de sinais - + = -. Fora isso, nas linhas
1, 2 e 4, o espelhamento é perfeito. Desse modo,
apreendemos a regra de uso do condicional indicada na
linha 2, ou seja, um condicional só pode ser falso quando
o antecedente é verdadeiro e o consequente falso.
Qualquer outra possibilidade o condicional é sempre
verdadeiro.

30
Como o condicional opera com causa e
consequência é possível a verdade quando as duas coisas
são conhecidas V e V, ou mesmo desconhecendo a causa
a consequência pode ocorrer F e V, ou pode haver
desconhecimento da causa e do efeito, F e F. O domínio
completo das tabelas anteriores deve fazer parte da meta
de estudo de qualquer pessoa que deseja explicar de modo
consistente as regras de uso dos conectivos lógicos.
Seguem-se a partir daqui uma série de exercícios
planejados exclusivamente para a memorização das regras
de uso desses conectivos. Os exercícios partem dos mais
simples aos mais complexos. Inicialmente praticamos o
uso de cada conectivo em separado para depois combiná-
los em problemas com exigência maior de abstração.

31
Exercício

01- Leia o argumento abaixo e em seguida responda ao solicitado:

(A célula não é a unidade básica de um organismo vivo ou o


vírus da AIDS não pode ser adquirido através de um abraço) e
(o vírus da AIDS pode ser adquirido com um aperto de mão ou
Negar não é mudar o valor lógico de um enunciado).

O Raciocínio acima pode ser representado simbolicamente da


seguinte forma:

01 – (~P ~Q)  (R  ~S)


02 – (~P~Q)  (~R  S)
03 – (~P~Q)  (R~S)
04 – (P ~Q)  (R  S)
05 – (~P~Q)  (R ~S)

02 – Ainda conforme o Raciocínio acima, é verdade que:

01 – As duas Disjunções são falsas.


02 – As duas Disjunções são Verdadeiras e a Conjunção é
Falsa.
03 – A Conjunção é Verdadeira e uma Disjunção é Falsa.
04 – A Conjunção é Falsa e uma Disjunção é Verdadeira.
05 – Todas as questões acima são Falsas.

03 – Leia com bastante atenção os Raciocínios abaixo, e em


seguida responda ao solicitado:
I – (A lógica não é a ciência das leis do pensamento e a França
não é um país da Europa) ou 4+2+3  5+3+1.
II – (Se negar é trocar o valor lógico dos enunciados, então, a
Bahia não é o maior estado do nordeste) e a lei da Conjunção
afirma que: uma Conjunção só será verdadeira quando o
antecedente for verdadeiro e o consequente falso.
01 – em (I) a Disjunção é verdadeira.
02 – em (II) apenas a Condicional é falsa.
03 – em (I) e em (II) o resultado é o mesmo: Falso.
04 – em (II) a Conjunção é Verdadeira.
05 – em (I) a Conjunção é Verdadeira.

Atenção: as questões 04, 05, 06 e 07, devem ser respondidas


levando em consideração o seguinte: para todo P=V, para todo
Q=F, para todo R=V, para todo S=F; e para todo T = F.

04 – Observe com atenção o enunciado abaixo, e em seguida


responda ao solicitado:
~~[~(~S  R) (~P → Q)] é verdade que:

01 – V e V = V
02 – V e F = F
03 – F e V = V
04 – F e V = F
05 – F e F = F

05 – Se ~(P → Q)  (~S → R), então, é verdade que:

01 – As Condicionais são ambas Falsas.


02 – A Disjunção é Verdadeira.
03 – A Primeira Condicional é Falsa e a Segunda verdadeira.
04 – A Disjunção é Falsa.
05 – A resposta simbólica é: F ou V = V

06 – Se ~~~~[~(~P  Q) → ~(R ~S)], então, é verdade que:

01 – Se V então V, logo, V
02 – Se F então F, logo, V
03 – Se V então F, logo, F
04 – Se F então V, logo, V
05 – Se F então F, logo, F

07 - Observe com atenção o enunciado abaixo, e em seguida


responda ao solicitado:
~~[~(~P  S)  (~T → Q)] é verdade que:
01 – V ou V, logo, V
02 – V ou F, logo, V
03 – V ou F, logo, F
04 – F ou V, logo, V
05 – F ou F, logo, F

08 – Leia o Raciocínio abaixo e em seguida responda ao


solicitado:
Se não é verdade que a “Lógica não é a ciência das leis
do pensamento e a arte de aplicá-las à pesquisa e à
demonstração da verdade”, então, (não, não é verdade que
Traga-me uma xícara de chá! não é um enunciado lógico e não,
a Lógica não é bivalente). É verdade que:

01 – O antecedente do Condicional é Falso.


02 – O consequente do Condicional é Falso.
03 – Ambos, o antecedente e o consequente são Falsos.
04 – Simbolicamente o resultado do Condicional é: FV = V.
05 – Ambos, o antecedente e o consequente são Verdadeiros.

09 – Leia o raciocínio abaixo e em seguida responda ao


solicitado:
Se a regra da Disjunção afirma que uma Disjunção só
será falsa quando os dois enunciados que compõem a disjunção
forem ambos falsos, então O princípio de Identidade não pode
ser simbolizado assim: AA e O princípio de Contradição pode
ser simbolizado assim: A~A.

01 – A Conjunção que compõe o Condicional é verdadeira.


02 – O antecedente do Condicional é Falso.
03 – Ambos, o antecedente e o consequente, são verdadeiros.
04 – O antecedente é Verdadeiro e o consequente é Falso.
05 – O antecedente é Falso e o consequente é Verdadeiro.

10 – Se (34 + 53  42+62), então, (a Lei da Conjunção não pode


ser simbolizada da seguinte forma: V V = F e Traga-me um
copo de leite! é um enunciado lógico).
01 – A Conjunção é Verdadeira ou o Condicional é Falso.
02 – O Condicional é Verdadeiro e a Conjunção é Verdadeira.
03 – O Condicional é Falso e a Conjunção é Verdadeira.
04 – O antecedente do Condicional é Falso e o consequente do
Condicional é Falso.
05 – Todas as questões acima são Falsas.

11 – Leia com atenção o Raciocínio abaixo e em seguida


responda ao solicitado:

Se(a regra da Conjunção afirma que uma Conjunção


só é verdadeira quando seus conectivos forem ambos
verdadeiros e 42+62  33 + 52), então, não é verdade que(não,
não é verdade a Lógica não é a ciência das leis do pensamento
ou não, não é verdade que negar não é trocar o valor lógico dos
enunciados).

01 – O antecedente é Verdadeiro ou o consequente é Falso.


02 – A Conjunção é Verdadeira e a Disjunção é Falsa.
03 – A Conjunção é Falsa e o Condicional é Verdadeiro.
04 – A Conjunção é Verdadeira ou o Condicional é Falso.
05 – A Disjunção é Verdadeira e o Condicional é Falso.

12 – No que diz respeito às proposições condicionais é


verdade que:

01 – (5x3)+3  5x(3+3) é uma proposição condicional.


02 – João ama Maria é uma proposição condicional.
03 – As proposições condicionais são sempre verdadeiras
04 – As proposições condicionais podem ser V ou F
05 – 2+2 = 4 é uma proposição condicional.

Atenção: as questões 13, 14, 15 e 16, devem ser respondidas


levando em consideração o seguinte: para todo P = F, para todo
Q = V, para todo R = F, para todo S = V; e para todo T = V.

13 - Se ~~[~(~P → (Q~T)  ~(R ~S)], então, é verdade


que:
01 – Se V então V, logo, V
02 – Se V então F, logo, V
03 – Se V então F, logo, F
04 – Se F então V, logo, V
05 – Se F então F, logo, F

14 – Se ~~~~~{~~~~[~~~(~~P ~S) → ~(Q~T)] → ~~~S},


então, é verdade que:

01 – Se V então V, (~)logo, V
02 – Se V então F, (~)logo, V
03 – Se F então F, (~)logo, F
04 – Se F então V, (~)logo, V
05 – Se F então F, (~)logo, V

15 - Se [~(P→R)  ~(Q  (T → S)], então, é verdade que:


01 – V e V, logo, V
02 – V e F, logo, F
03 – F e V, logo, V
04 – F e F, logo, F
05 – V e F, logo, V

16 - Se ~[~(~P→~S) → ~(~T → ~R)], então, é verdade que:

01 – Se V então V, (~)logo, V
02 – Se V então F, (~)logo, F
03 – Se V então F, (~)logo, V
04 – Se F então V, (~)logo, V
05 – Se F então F, (~)logo, F
2. O Quadrado de Oposição e o jogo de sinais

O Quadrado Lógico de Oposição, embora não seja


atribuído à Aristóteles, nasce da distinção feita pelo
pensador de quatro tipos de proposições, tanto no Tópicos,
Livro II, passo 109a, ao tratar dos problemas, quanto, do
mesmo modo, no Peri hermeneias, passo 17b 10-30. As
quatro proposições - duas afirmativas e duas negativas –
são concebidas em conformidade com a relação entre a
quantidade e a qualidade, assim, a quantidade (extensão) é
aplicada aos sujeitos – universais ou particulares – e a
qualidade (compreensão) é aplicada aos predicados –
afirmativos ou negativos. Justamente por essas
características iremos explorar a relação entre as
proposições a partir daquilo que o jogo dos sinais nos
orienta. Desse modo, temos as seguintes proposições:

Todo homem é mortal = A = Sp = (+)


Nenhum homem é mortal = E = SP = (-)
Algum homem é mortal = I = sp = (+)
Algum homem não é mortal = O = sP = (-)

Essas quatro proposições formam o Quadrado


Lógico de Oposição com a seguinte estrutura:

37
A...........................E

I............................O

em seguida um outro:

Sp..........................SP

sp............................sP
e por fim:
+...........................-

+............................-

A partir desses três quadros iremos explicar de


forma simples as relações entre as proposições, assim entre
A e E (ou E e A) há uma relação de contrariedade, e entre
I e O (ou O e I) há uma relação de subcontrariedade, e entre
I e A ou O e E há uma relação de subalternidade de I em
relação à A e de O em relação à E, entre A e O (ou O e A)
ou E e I (ou I e E), há relações de contraditoriedade.

38
Vamos a partir daqui explicar cada uma dessas
relações estabelecendo suas leis a partir de exemplos.
A (+) – Sp – é contrária de E (-) – SP, assim,
notamos que elas são iguais na extensão do sujeito (S) –
pois ambas são universais – mas diferem no predicado (p
e P), enquanto A(p) é afirmativa, E(P) é negativa. Nesse
caso temos a seguinte lei: ambas podem ser falsas ao
mesmo tempo, mas se A é verdadeira E deve ser falsa, ou
se E é verdadeira A deve ser falsa; se A é falsa E pode ser
verdadeira ou falsa e se E é falsa A pode ser verdadeira ou
falsa.
Numa analogia com o jogo de sinais, notamos aqui
algo fundamental: se A é +, então E é -, logo significa que
qualquer combinação feita entre A (+) e E (-) ou E (-) e A
(+), gera sempre resultado (-) negativo. Isso significa que
a parte mais fraca sempre tem prioridade sobre a mais
forte, ou melhor, no jogo entre o + e o - o resultado tende
sempre para o menos. Não iremos abordar a relação de
subcontrariedade em razão da regra8 do silogismo que não
admite conclusão possível de premissas particulares do
tipo I e O.

8
Chamamos atenção aqui da importância das regras gerais que
garantem a validade de um silogismo, afinal, tais regras formais
anulam algumas das relações do quadrado lógico.

39
Iremos nos deter nessas proposições quando
estivermos explicando a relação de contraditoriedade.
Assim, na relação de subalternidade entre A (+) – Sp – e
I (+) – sp – notamos que elas são diferentes na extensão
(quantidade), A (S) é universal e I (s) é particular, no
entanto, ambas são iguais em compreensão (qualidade),
pois as duas são afirmativas (p). Nesse caso, da relação
entre elas só pode resultar em afirmação, i.é., resultado
positivo, com prioridade de I sobre A. Veremos daqui a
pouco que essa relação de subalternidade fundamenta duas
regras de validade do silogismo cujas formulações são: de
premissas afirmativas não pode haver conclusão negativa
e a conclusão segue sempre a parte mais fraca, considera-
se a parte mais fraca a particular e/ou negativa. Nesse caso,
sempre que houver no silogismo uma combinação entre A
e I ou entre I e A, a conclusão sempre deverá ser I.
Tudo o que dissemos se aplica às proposições
subalternas negativas, no entanto, conforme uma regra do
silogismo, de premissas negativas nada se conclui, em
razão disso evitamos de estabelecer relação entre E e O.
Nesse caso, a última linha do quadro do jogo dos
sinais menos com menos é igual a mais, não pode ser
aplicada aqui nesse caso, muito embora na Lógica
Proposicional tenha sentido.

40
Chegamos, por fim, a relação que nos interessa
explorar (para demonstrar) de maneira clara a aplicação de
uma das regras fundamentais do jogo dos sinais, a saber:
menos multiplicado com mais é menos e mais
multiplicado com menos é menos. Dito de outro modo: da
relação entre a proposição Afirmativa com uma
proposição Negativa, segue-se sempre uma proposição
negativa; ou da relação de uma proposição Negativa com
uma Afirmativa, segue-se sempre uma proposição
negativa. Então vejamos alguns casos:
Caso 1 - contrárias

A (+)........E (-) = E (-)..........+ - = -


E (-)........A (+) = E (-)......... - + = -

Caso 2 - contraditórias

A (+)........O (-) = O (-)......... + - = -


O (-)........A (+) = O (-)......... - + = -

Caso 3 - contraditórias

I (+)........E (-) = O (-).......... + - = -


E (-)........I (+) = O (-).......... - + = -

41
Até aqui vimos as relações entre proposições
afirmativas (positivas) e negativas de duas ordens: (a)
proposições contrárias (A e E) diferentes apenas em
qualidade (a primeira afirmativa e a segunda negativa) e
idênticas em quantidade (ambas universais); (b)
proposições contraditórias (A e O ou E e I) diferentes em
quantidade (uma universal e a outra particular) e diferentes
em qualidade (uma afirmativa e a outra negativa). Dessa
combinação + com - ou - com + o resultado é sempre
negativo.
Agora veremos de que modo podemos aplicar o
jogo de sinais + com + gerando por resultado sempre um
+. Ora, a única proposição, dentre as quatro proposições
do Quadrado Lógico de Oposição, que pode ser combinada
consigo mesma é a do tipo A, ou seja, a proposição
Universal Afirmativa. Pelos exemplos acima percebemos
que ela faz par contrário com E, e contraditório com O,
ambas negativas. Vejamos de que modo ela se relaciona
com ela mesma e com a sua subalterna, a proposição do
tipo I.
Assim,
A ( +)......A (+) = A (+).......+ + = +
A (+).......I (+) = I (+).........+ + = +
I (+)........A (+) = I (+)........+ + = +

42
Pelos exemplos notamos duas coisas importantes:
(a) a proposição do tipo A é a única que se desdobra sobre
si mesma; (b) da combinação entre A e I ou I e A, o
resultado embora sempre afirmativo, a particular como a
mais fraca, sempre ganha lugar frente a Universal na
conclusão. Dessa forma, iremos resumir o Quadrado
Lógico de Oposição com suas relações do seguinte modo:
A+A sempre conclui em A ou em I = (++ = +)
A+ E sempre tende para E ou para O = (+ - = -)
E + A sempre tende para E ou para O = (- + = -)
A + O sempre tende para O = (+ - = -)
O + A sempre tende para O = (- + = -)
E + I sempre tende para O = (- + = -)
I + E sempre tende para O = (+ - = -)
A + I sempre tende para I = (++ = +)
I + A sempre tende para I = (++ = +)
Deixamos claro que não fizemos uso (e nem
faremos) da combinação - com - = +, afinal, as relações
entre E e O, da mesma forma que I e O, I e I, O e O, não
são utilizadas na elaboração do silogismo.
Com isso, fica estabelecido o modo como faremos
uso dos sinais (+ + = +), (+ - = -) e (- + = -) na elucidação
dos modos válidos dos silogismos de primeira, segunda,
terceira e quarta figuras.

43
Antes de nos lançarmos no silogismo precisamos
compreender as tabelas abaixo com as atribuições de
verdade e falsidade às proposições, assim, se

A=V
E=F
I=V
O=F
e se
A=F
O=V
E = indeterminado, logo pode ser V ou F
I = indeterminado, logo pode ser V ou F
Agora se
E=V
A=F
O=V
I=F
e se
E=F
I=V
A = indeterminado, logo pode ser V ou F
O = indeterminado, logo pode ser V ou F
Agora se

44
I=V
E=F
A = indeterminado, logo pode ser V ou F
O = indeterminado, logo pode ser V ou F
e se
I=F
E=V
A=F
O=V
Por fim, se
O=V
A=F
E = indeterminado, logo pode ser V ou F
I = indeterminado, logo pode ser V ou F
Eis abaixo a tabela completa do jogo de verdade e
falsidade9:
(1) (2)
A = V ....................A = F
E = F......................E = V ou F
I = V.......................I = V ou F
O = F......................O = V

9
Se A = +, então E = -, I = + e O = -, mas se A = -, então E pode
ser + ou -, I pode ser + ou – e O é sempre +. Essa notação pode
ser aplicada às próximas tabelas.

45
Nessa primeira tabela (1) verificamos que quando
A é verdadeiro I também é verdadeiro e E e O são ambos
falsos; no entanto, quando em (2) A é falso a única certeza
que temos é a verdade de O, contraditória de A, daí tanto
E quanto I ficam ambas indeterminadas, podendo ser
verdadeiras ou falsas.
(3) (4)
E = V ....................E = F
I = F........................I = V
A = F.......................A = V ou F
O = V......................O = V ou F

Nessa segunda tabela em (3) quando E é


verdadeiro tanto A quanto I são ambas falsa e O
(subalterna de E) é também verdadeira, mas na tabela (4)
se E é falso a única coisa segura que podemos inferir é a
verdade de I (contraditória de E), nesse caso tanto A
quanto O são ambas indeterminadas – podendo ser
verdadeiras ou falsas.
(5) (6)
I = V .....................I = F
E = F.....................E = V
A = V ou F............A = F
O = V ou F............O = V

46
Aqui no terceiro par de tabelas notamos um
movimento oposto às duas anteriores, afinal, notem que
em (5) se I é Verdadeira só podemos deduzir com certeza
que E é Falsa (contraditória de I), daí tanto A quanto O
ficam indeterminadas, ou seja, podem ser verdadeiras ou
falsas, no entanto, se em (6) I é falsa, então E é verdadeira,
A é falsa e O é verdadeira.

(7) (8)
O = V ....................O = F
A = F......................A = V
I = V ou F...............I = V
E = V ou F..............E = F

Por fim, nesse último par de tabelas em (7), se O é


verdadeira a única certeza que temos é a falsidade de A
(contraditória de O), assim I e E ficam ambas
indeterminadas, ou seja, podem ser verdadeiras ou falsas;
e se em (8) O é falsa, então A e I são verdadeiras e E deve
ser falsa10.

10
Na nota anterior exemplificamos com o jogo de sinais as
relações de verdade e falsidade partindo de A, assim, podemos
aplicar a mesma regra aqui, ou seja, se O = V então A = F e I
podem ser V ou F, logo, ficam indeterminadas.

47
O domínio dessas tabelas serve de base para a
correta introdução à teoria do silogismo. Os exercícios que
se seguem ajudam na fixação das regras e das leis
existentes entre as quatro proposições do Quadrado Lógico
de Oposição. Não esqueçam que A (Sp) é a única
proposição que estabelece uma relação consigo própria e
com as demais: E (por contrariedade), I (por
subalternidade) e com O (por contradição). Por outro lado,
a proposição E (SP) estabelece apenas duas relações: com
A (por contrariedade) e com I (por contradição).
Já a proposição I (sp) estabelece duas relações: a
primeira com A (por subalternidade) e com E (por
contradição). O mesmo ocorre com O (sP).11

11
A adequada assimilação ou compreensão dessas relações é de
fundamental importância para o próximo tópico de nosso estudo,
a saber – o silogismo, suas figuras, modos, regras e leis
específicas. Assim, caso paire alguma dúvida sobre o ponto
anterior sugerimos que o(a) estudante retorne ao início da seção
procedendo uma revisão geral das leis e das regras postas aqui
em destaque, afinal, seguir com dúvidas um estudo de lógica é o
mesmo que viajar sem o cinto de segurança, pode ocorrer de
nada acontecer, mas se acontecer, o prejuízo pode ser muito
grande, assim, revisar cada seção antes de seguir para a próxima
é sempre indicado. Ademais, sabemos que o avanço técnico e
teórico no âmbito da Lógica, seja ela de qualquer ordem,
costuma ser sempre lento, gradativo, acumulativo e consistente,
à medida em que a estudante não queima as etapas ou
negligencia as placas indicativas do caminho.

48
Chamamos aqui atenção para algo fundamental: o
silogismo não leva em conta nem a relação de
subcontrariedade, entre I e O, nem a de subalternidade
entre O e E, afinal, duas regras proíbem isso: a primeira
afirma que de proposições particulares (I e O) nada se
conclui, do mesmo modo, de proposições negativas (E e
O) nada se conclui. Dito isso, estamos prontos para
adentrar no campo da silogística12.

12
A cada seção deste libreto temos enfatizado e repetido, até de
uma forma exaustiva, o modo como a relação entre o jogo de
sinais pode ser utilizado visando uma melhor compreensão das
relações entre as proposições do Quadrado Lógico, em razão
disso, insistimos que o(a) estudante deve retomar as seções
anteriores antes de adentrar na seara do Silogismo. Sem o
domínio dessas relações e do que entre elas se pode concluir não
ser deve seguir adiante.

49
“(...) O pensamento que é pensamento por si,
tem por objeto o que por si é mais excelente e
o pensamento que é assim maximamente tem
como objeto o que é excelente em máximo
grau. A inteligência pensa a si mesma,
captando-se como inteligível: de fato, ela é
inteligível ao intuir e ao pensar a si mesma, de
modo a coincidirem inteligência e inteligível”.
Metafísica 1072b 20
3. O silogismo e o jogo de sinais

O silogismo é um tipo de raciocínio dedutivo do


qual de duas premissas conclui-se uma terceira na forma
de conclusão. Não obstante, Aristóteles, no seu Tópicos,
Livro I, passo 100a, define o raciocínio dedutivo enquanto
um "discurso no qual, dadas certas premissas, alguma
conclusão decorre delas necessariamente, diferente dessas
premissas, mas nelas fundamentada". Nesse sentido, uma
demonstração científica, na compreensão do filósofo, deve
estar fundada em um raciocínio decorrente de proposições
fundamentais e verdadeiras ou de princípios cognitivos
decorrentes de proposições verdadeiras e primordiais. Nos
seus Primeiros e Segundos Analíticos, Aristóteles discute
sobre o silogismo e sobre a demonstração, iremos focar
daqui para frente apenas no silogismo, suas regras de
validade, as leis de cada figura e os modos válidos dessas
figuras.
Iniciaremos com a estrutura básica do Silogismo.
Todo silogismo é formado por três termos com os
quais formam-se três proposições: um termo maior,
representado por um (T), um termo menor, representado
por um (t) e um termo médio (M), responsável por ligar o
termo menor (t) ao maior (T) na conclusão.

51
O esquema abaixo ajuda a visualizar melhor:
(T) - termo Maior
(t) - termo menor
(M) - termo médio

A partir da combinação desses três termos nascem


as quatro figuras do Silogismo. Chamamos atenção para o
fato de que Aristóteles concebeu apenas as três primeiras,
a quarta – uma mera inversão da primeira – é atribuída a
Galeno que no período medieval a incluiu no conjunto das
três primeiras. Independente disso, a partir da localização
do termo médio temos cada uma das figuras, assim, na
primeira o termo médio (M) é sujeito na premissa Maior e
predicado na premissa menor, com a seguinte
configuração simbólica:

M–T
t – M
........
t – T

Na segunda figura, por sua vez, o termo médio (M)


é predicado nas duas premissas, ganhando a seguinte
formatação:

52
T–M
t–M
........
t–T

Já a terceira figura, o inverso da segunda, o termo


médio (M) é sujeito nas duas premissas, ficando
simbolicamente representada assim:

M–T
M–t
.......
t–T

E, por fim, a quarta figura, onde o termo médio


aparece em posição oposta à primeira figura, ou seja, o
termo médio (M) é predicado na premissa maior e sujeito
na premissa menor, ganhando a seguinte configuração:

T–M
M–t
.......
t–T

53
Dica importante: notem que o termo menor (t) é
sempre sujeito na conclusão, primeira posição, e o termo
maior (T) é sempre predicado. Isso significa que
concluímos, em geral, sempre do menor para o maior, ou
de baixo para cima. Em outros termos: do termo com
menor extensão ao de maior. Esse detalhe é fundamental
no estudo inicial do silogismo. Além disso, essas quatro
figuras são regidas por regras que estabelecem a validade
ou não-validade dos silogismos.
Quatro dessas regras dizem respeito ao uso dos
termos – aplicando-as tanto ao menor (t), ao maior (T)
quanto ao termo médio (M) – e quatro delas dizem respeito
ao uso das proposições, ou premissas - PM, maior, Pm,
menor e Conclusão. Quanto às regras concernentes aos
termos temos as seguintes:

Regra 1. Todo silogismo deve ter apenas três


13
termos .
Sobre essa regra é preciso ficar atento ou atenta
para o uso equívoco ou metafórico dos termos que termina
por confundir e escamotear essa regra.
Vejamos alguns exemplos:

13
Essa é uma característica fundamental do silogismo.

54
1.1.
Toda manga é uma fruta
Alguma camisa tem manga
Logo...(?)
1.2.
Nenhum cão é invertebrado
Alguma constelação é chamada de cão
Logo...(?)
1.3.
Toda fera é um animal selvagem
Pedro é uma fera
Logo...
1.4.
Nem todo sinal é uma palavra
Todo semáforo é um sinal
Logo...(?)

Notem que os termos em itálico, manga, cão, fera


sinal, são usados em dois sentidos e isso duplica o termo
fazendo com que o silogismo seja composto com mais de
três termos. Agora vejamos a segunda regra.

Regra 2. O termo médio (M) nunca deve aparecer


na conclusão.

55
2.1.
Todo A é B
Nenhum B é C
Logo, nenhum B é A (?)

O exemplo acima mostra de que modo a conclusão


do exemplo (2.1) é composta pelo termo médio
identificado pela letra (B) nas duas premissas do
silogismo. Agora passaremos à terceira regra.

Regra 3. O termo médio (M) deve ser tomado ao


menos uma vez em toda extensão.

Essa regra indica o seguinte: para o termo médio ser


tomado ao menos uma vez em toda extensão ele deve ser
ou sujeito de Universal (A ou E) ou predicado de Negativa
(E ou O), pois, tanto o sujeito de particular (I ou O) quanto
predicado de afirmativa (A ou I) são tomados em extensão
restrita. Vejamos alguns exemplos:

3.1.
Todo homem é mortal
Algum baiano é homem
Logo, algum baiano é mortal

56
3.2.
Todo peixe é venenoso
Algum peixe é um ser de água salgada
Logo, algum ser de água salgada é venenoso
3.3.
Nenhum mamífero é invertebrado
Toda ameba é invertebrada
Logo, nenhuma ameba é mamífera
3.4.
Algum carro é um objeto móvel
Todo objeto móvel é bem de consumo
Logo, algum bem de consumo é um carro

No exemplo (3.1.) o termo médio é “homem” e


nesse caso, ao menos no sujeito da premissa maior o termo
é tomado em toda extensão: A = Sp.
No exemplo (3.2.) temos um silogismo de terceira
figura e o termo médio “peixe” também é sujeito na
premissa maior, proposição do tipo A = Sp, daí ele é
tomado também em toda extensão.
Já no exemplo (3.3.) o silogismo é de segunda figura
e o termo “invertebrado” faz o papel do termo médio sendo
tomado em toda extensão ao ocupar o lugar de predicado
na premissa maior, proposição do tipo E = SP.

57
E, por fim, o exemplo (3.4.) o termo “objeto móvel”
ocupa o lugar do termo médio e é tomado em toda extensão
na premissa menor em que aparece como sujeito da
proposição do tipo A = Sp.
Temos aí a demonstração de validade dessa terceira
regra, veremos daqui para frente a quarta e última regra
referente ao uso dos termos no silogismo.

Regra 4. Nenhum termo deve ter mais extensão na


conclusão do que tem nas premissas.

Essa regra chama atenção para algo fundamental:


em geral isso só ocorre quando não se respeita uma das
quatro regras referentes às proposições (premissas) ou a lei
de uso de cada figura, assim, em todos os exemplos abaixo
temos algum desrespeito a alguma regra ou lei.
4.1.
Todo anjo é um ser espiritual
Todo anjo é um ser divino
Logo, todo ser divino é um ser espiritual
4.2.
Todo macaco é um primata
Nenhum homem é um macaco
Logo, nenhum homem é um primata

58
4.3.
Nenhum juiz é empresário
Todo empresário é rico
Logo, nenhum rico é um juiz
4.4.
Todo círculo é um triângulo
Alguma figura geométrica não é um círculo
Logo, alguma figura geométrica não é um triângulo

No exemplo (4.1.) o problema se apresenta na


segunda premissa, na menor, que segundo a lei da terceira
figura a conclusão deve ser particular, e a conclusão é do
tipo A. Assim, o termo “divino” que aparece na premissa
menor como predicado (extensão restrita) na conclusão
ocupa o lugar de sujeito (toda extensão) de A, ferindo a
regra 4.
Por outro lado, no exemplo (4.2.) o problema agora
é que o silogismo de primeira figura não admite que a
premissa menor seja negativa (E ou O), mas apenas
afirmativa (A ou I). Em razão da premissa menor ser uma
proposição do tipo E (SP), o termo “primata” que na
premissa maior (A=Sp) predicado de afirmativa, se
transforma em predicado de negativa, com mais extensão
na conclusão do que na premissa.

59
O exemplo (4.3.) é de um silogismo de quarta figura
e o problema recai sobre o predicado da premissa menor,
proposição do tipo A = Sp, o termo “rico”, que se
transforma em sujeito da proposição do tipo E = SP,
ganhando mais extensão na conclusão do que na premissa.
Enfim, no exemplo (4.4.), um silogismo de primeira
figura o problema está uso do termo “círculo”, predicado
na premissa menor (proposição do tipo O = sP) e em
seguida, na conclusão, predicado de proposição do tipo O
= sP. Agora vejamos as regras que dizem respeito às
proposições ou premissas:

Regra 1. De premissas negativas nada se conclui.

Essa regra exclui as seguintes possibilidades: a


combinação entre E e E, a combinação entre E e O ou O e
E e a combinação entre O e O. No que diz respeito ao jogo
de sinais, notamos que - com - dá sempre +, no entanto,
como o silogismo não opera nem com proposições
negativas nem com particulares, não faremos qualquer uso
da última linha da tabela do jogo de sinais, ou seja, iremos
nos deter nas três primeiras combinações possíveis para
demonstrar o uso desses sinais dentro das figuras, na
ocasião de extração dos seus modos válidos.

60
1.1.
Nenhum A é B
Algum A não é C
Logo...nada se conclui
1.2.
Algum homem não é baiano
Algum africano não é homem
Logo... nada se conclui
1.3.
Nenhum anjo é animal
Ninguém homem é um anjo
Logo... nada se conclui
1.4.
Algum inseto não é carnívoro
Nenhum carnívoro é uma planta
Logo... nada se conclui

Regra 2. De premissas particulares nada se pode


concluir.

Se o silogismo é uma forma de argumento dedutivo,


parece óbvio o fato dessa regra impedir a combinação de
argumentos com as proposições do tipo I ou O – ambas
particulares: a primeira afirmativa e a segunda negativa.

61
Fica impedida, inclusive, qualquer combinação de I
consigo mesmo e pela mesma razão de O consigo próprio.
2.1.
Algum homem é baiano
Algum pernambucano é homem
Logo... nada se conclui
2.2.
Algum poeta é brasileiro
Algum médico não é brasileiro
Logo... nada se conclui
2.3.
Alguma mulher não é enfermeira
Alguma enfermeira é baiana
Logo... nada se conclui
2.4.
Algum A não é B
Algum A não é C
Logo... nada se conclui

Regra 3. De premissas afirmativas (A e I) não pode


haver conclusão negativa.

Temos aqui a primeira aplicação do jogo dos sinais


de uma maneira evidente, afinal, podemos combinar A
com ele mesmo e A com I ou I com A.

62
Assim, veremos que + com + sempre terá como
resultado uma conclusão positiva +, independente de uma
conclusão em A ou em I.
Vejamos os exemplos:
3.1.
Todo mamífero é animal de sangue quente
Todo humano é mamífero
Logo, todo humano é um animal de sangue quente
3.2.
Algum médico é cirurgião
Todo médico é conhecedor de anatomia
Logo, algum conhecedor de anatomia é cirurgião
3.3.
Toda mulher é inteligente
Algum ser inteligente é divino
Logo, algum ser divino é uma mulher
3.4.
Toda raiva é desumana
Alguma vingança é fruto da raiva
Alguma vingança é desumana

Regra 4. A conclusão segue sempre a parte mais


fraca, considera-se a parte mais fraca a particular (I ou
O) ou negativa (E ou O).

63
Temos aqui o complemento do jogo de sinais na sua
combinação da primeira linha + + = + e nas duas negativas
(+ - = -), (- + = -). Afinal, essa última regra deixa claro que
sempre que entre as premissas uma delas for particular, a
conclusão deve ser particular e sempre que entre as duas
premissas uma é negativa a conclusão, então, deve ser
negativa.
Do mesmo modo sempre que uma premissa for
Universal Negativa (E) seguida de uma (I) Particular
Afirmativa (ou vice e versa), o resultado é sempre uma
Particular Negativa, afinal, a proposição do tipo (O)
carrega a negatividade de E e a particularidade de I14.

4.1.
Todo mamífero é vertebrado (+ - UA)
Algum macaco é mamífero (+ - PA)
Logo, algum macaco é vertebrado (+ - PA)

14
O nosso trabalho, durante esses mais de vinte anos de
experiência, tem revelado que aqui neste ponto muita gente sente
dificuldade de entender a razão da combinação de uma
proposição do tipo E com uma do tipo I gerar sempre uma
conclusão do tipo O. Mesmo aparentando redundância é preciso
destacar que O, simbolizada por sP, carrega a particularidade no
sujeito – igual a I – e a negatividade no predicado – igual a E,
em razão disso, se a conclusão segue a parte mais fraca, a
proposição do tipo O é a única que atende a regra da
particularidade e negatividade ao mesmo tempo.

64
4.2.
Nenhum baiano é pernambucano (- /UN)
Todo recifense é pernambucano (+ - UA)
Logo, nenhum recifense é baiano (- /UN)
4.3.
Algum médico é ortopedista (+ - PA)
Nenhum ortopedista é analfabeto (- /UN)
Logo, algum analfabeto não é médico (- /PN)
4.4
Nenhuma mulher é tola (- /UN)
Toda mulher é forte (+ - UA)
Logo, nenhuma forte é tola (- /UN)

O trabalho introdutório a essas oito regras nos


aponta na direção dos resultados positivos e negativos que
podemos extrair das relações entre as premissas e as
conclusões. Precisamos retomar a seguinte dica: no
trabalho com os modos válidos de cada figura do silogismo
não iremos nunca operar com a última linha do jogo dos
sinais, i.é., - menos com - menos dá sempre + mais. Assim,
iremos nos deter apenas nas combinações abaixo:
++=+
+/ - = -
- /+ = -

65
“Isso é evidente pela própria definição de
verdadeiro e do falso: falso é dizer que o ser
não é ou que o não ser é; verdadeiro é dizer
que o ser é e que o não-ser não é.
Consequentemente, quem diz de uma coisa
que é ou que não é, ou dirá o verdadeiro ou
dirá o falso.”
Metafísica 1011b 25
4. As quatro figuras do silogismo, suas leis e
modos válidos

A primeira figura – perfeita

Já vimos anteriormente que a primeira figura tem


o termo médio (M) na posição de sujeito na premissa
maior (PM) e na posição de predicado na premissa menor
(Pm), conforme o esquema que se segue:

(PM)....M - T
(Pm).... t - M
.....................
(Con) ... t - T

A regra que rege esta primeira figura é a seguinte:


a premissa maior (PM) deve ser Universal, afirmativa ou
negativa (A + ou E -) e a premissa menor (Pm) deve ser
sempre Afirmativa, universal ou particular, ou seja, (A +
ou I +).
A partir dessa regra podemos listar os seguintes
pares, assim, há possibilidade de combinar A consigo
mesmo A, A pode ser combinado com I, E pode ser
combinado com A e E pode ser combinado com I.

67
Abaixo assinalamos o Sujeito com um (S)* e o
predicado com um (P)#. Vejamos os exemplos dos modos
válidos.
(S)* (P)#
(PM)....M - T ......... A : Todo A é B (+)
(Pm).... t - M ......... A : Todo C é A (+)
..................... .........
(Con) ... t - T A : Todo C é B (+)

(S) (P)
M T
(+) Todo humano é vertebrado (A) Sp
t M
(+) Todo brasileiro é humano (A) Sp
t T
(+) Logo, todo brasileiro é vertebrado (A) Sp

Esse esquema inicial atende a primeira linha do


jogo de sinais, ou seja, a combinação de + com + é sempre
+ (+ + = +). Esse modo AA=A tem a denominação
mnemônica de bArbArA15.
Vejamos a segunda combinação possível.

15
Único modo próprio da primeira figura.

68
(S)* (P)#
(PM)....M - T ......... E : Nenhum A é B ( - )
(Pm).... t - M ......... A : Todo C é A ( + )
..................... .........
(Con) ... t - T E : Nenhum C é B ( - )

(S) (P)
M T
( - ) Nenhum humano é um anjo (E) SP
t M
( + ) Todo baiano é humano (A) Sp
t T
( - ) Logo, nenhum baiano é um anjo (E) SP

Essa segunda combinação possível parte da


premissa maior (PM) negativa, proposição do tipo E = SP
( - ), a premissa menor (Pm) afirmativa, uma proposição
do tipo A = Sp ( + ) daí a conclusão negativa ( - ),
proposição do tipo E = SP - conforme a terceira linha do
jogo de sinais (- + = -).
Esse modo válido fora batizado pelos medievais
de cAmEstrEs.
Vejamos o próximo modo válido.

69
(S)* (P)#16
(PM)....M - T ......... A : Todo A é B (+)
(Pm).... t - M ......... I : Algum C é A (+)
..................... .........
(Con) ... t - T I : Algum C é B (+)

(S) (P)
M T
( + ) Todo mamífero é vertebrado (A) Sp
t M
( + ) Algum animal é mamífero (I) sp
t T
( + ) Logo, algum animal é vertebrado (I) sp

Acima temos o modo dArII, ou seja, uma


combinação feita apenas com premissas afirmativas, a
maior universal (A = Sp), a menor particular (I = sp),
gerando uma conclusão particular afirmativa (I = sp), cuja
simbologia do jogo de sinais fica assim (+ + = +). Vejamos
o último modo, ou seja, a última combinação possível.

16
Lembramos que essas duas indicações do * para o S e do #
para o P, estabelecem as relações entre o que ocupa o lugar de
sujeito e o que ocupa o lugar de predicado dentro da estrutura
geral do Silogismo. Não se deve perder isso de vista.

70
(S)* (P)#
(PM)....M - T ......... E : Nenhum A é B ( - )
(Pm).... t - M ......... I : Algum C é A ( + )
..................... .........
(Con) ... t - T O : Algum C não é B ( - )

(S) (P)
M T
( - ) Nenhum humano é um anjo (E) SP
t M
( + ) Algum baiano é humano (I) sp
t T
( - ) Logo, algum baiano não é um anjo (P) sP

Nesse último modo, denominado de fErIO, temos


a segunda combinação com conclusão negativa, ou seja,
como a premissa maior (PM) é Universal Negativa (E =
SP) e a premissa menor (Pm) Particular Afirmativa (I =
sp), uma contraditória da outra, a conclusão é sempre uma
Particular Negativa (O = sP), que carrega o predicado
negativo de E e o sujeito particular de I. Simbolizando no
quadro do jogo dos sinais o esquema da terceira linha (- +
= -). Dito isso, iremos listar a frente os quatro modos
válidos e suas respectivas representações no jogo de sinais:

71
A A = A : bArbArA .....Sp Sp = Sp
(+ + = +)
E A = E : cElArEnt.......SP Sp = SP
(- + = -)
A I = I : dArII...............Sp sp = sp
(+ + = +)
E I = O : fErIO..............SP sp = sP
(- + = -)

Observação: essa primeira figura é considerada


perfeita por ser a única a permitir conclusões idênticas ao
Quadrado Lógico de Oposição, ou seja, conclusões em A,
em E, em I e em O – ao contrário da segunda figura que só
pode concluir negativamente (em E e O) e a terceira que
só pode concluir em particular (em I e O). Na quarta figura,
temos duas conclusões em I, duas em O e uma em E. Um
dado interessante que chama atenção é o fato da conclusão
do primeiro modo válido AA, ou seja, A (Sp) é a
contraditória da conclusão do quarto modo EI, ou seja O
(sP), da mesma forma que a conclusão do segundo modo
EA, ou seja E (SP) é a contraditória da conclusão do
terceiro modo AI, ou seja, I (sp). Esse equilíbrio só pode
ser detectado na primeira figura. Vejamos, portanto, daqui
para frente, os quatro modos válidos de segunda figura.

72
A segunda figura – a conclusão é sempre
negativa (E - ou O -)

Na segunda figura o termo médio ocupa sempre a


mesma posição, ou seja, é tanto predicado na premissa
maior (PM) quanto predicado na premissa menor (Pm).
Devemos notar que a posição dos termos na
conclusão não sofre qualquer variação, assim, o termo
menor ocupa o lugar de sujeito e o termo maior o lugar de
predicado, em razão disso a conclusão ocorre sempre de
baixo para cima, do menor para o maior.

(PM)....T - M
(Pm).... t - M
.....................
(Con) ... t - T

Nesse sentido, percebemos que a premissa menor


permanece inalterada, em razão disso a regra de uso da
segunda figura estabelece o seguinte: a premissa maior
continua sendo Universal, afirmativa A, ou negativa E, a
conclusão deve ser sempre negativa. Disso decorre que
uma das premissas, a maior ou a menor deve ser ao menos
uma vez negativa.

73
Em outras palavras, se a premissa maior PM deve
ser universal (afirmativa ou negativa) e uma das premissas
deve ser negativa, então a premissa menor Pm pode ser A,
ou E, ou I, ou O.
A partir dessa regra podemos listar os quatro
pares, ou seja, é possível combinar A com E; podemos
combinar A com O; E pode ser combinado com A; e E
pode ser combinado com I. Abaixo assinalamos o Sujeito
com um (S)* e o predicado com um (P)#. Daí seguem os
exemplos dos modos válidos.

(S)* (P)#
(PM)....T - M......... A : Todo A é B ( + )
(Pm).... t - M ......... A : Nenhum C é B ( - )
..................... .........
(Con) ... t - T A : Nenhum C é A ( - )

(S) (P)
T M
( + ) Toda planta é um ser vivo (A) Sp
t M
( - ) Nenhuma pedra é um ser vivo (E) SP
t T
( - ) Logo, nenhuma pedra é planta (A) SP

74
Veremos que nessa segunda figura faremos uso de
duas linhas (a segunda e a terceira) do jogo de sinais, ou
seja, a combinação (+ - = -) e (- + = -). Assim, esse
primeiro modo tem a seguinte estrutura AE = E,
denominado pelos medievais de cAmEnEs.
Vejamos agora a segunda combinação possível.

(S)* (P)#
(PM)....T - M ......... E : Nenhum A é B ( - )
(Pm).... t - M ......... A : Todo C é B ( + )
..................... .........
(Con) ... t - T E : Nenhum C é A ( - )

(S) (P)
T M
( - ) Nenhum gato é peixe (E) SP
t M
( + ) Todo baiacu é um peixe (A) Sp
t T
( - ) Logo, nenhum baiacu é um gato (E) SP

Essa segunda combinação possível é formada pela


premissa maior (PM) negativa ( - ), premissa menor (Pm)
afirmativa ( + ), daí a conclusão negativa ( - ) - conforme
a terceira linha do jogo de sinais (- + = -).

75
Esse modo válido fora batizado pelos medievais
de cEsArE.
Chegamos ao próximo modo válido17.

(S)* (P)#
(PM)....T - M ......... A : Todo A é B (+)
(Pm).... t - M ......... O : Algum C não é B (-)
..................... .........
(Con) ... t - T O : Algum C não é A (-)
(S) (P)
T M
( + ) Todo cachorro é domesticável (A) Sp
t M
( - ) Algum animal não é domesticável (O) sP
t T
( - ) Logo, algum animal não é cachorro (O) sP

Anteriormente vimos o modo bArOcO, ou seja,


uma combinação feita apenas com a premissa maior
universal afirmativa A, a menor particular negativa,
gerando uma conclusão particular negativa, cuja
simbologia do jogo de sinais fica assim (+ - = -).

17
Esse modo de segunda figura não será reduzido por nós na
última seção deste nosso libreto, à frente explicamos os motivos.

76
Apresentamos na sequência o último modo, ou
seja, a última combinação possível dessa segunda figura
do silogismo.

(S)* (P)#
(PM)....T - M ......... E : Nenhum A é B ( - )
(Pm).... t - M ......... I : Algum C é B ( + )
..................... .........
(Con) ... t - T O : Algum C não é A ( - )
(S) (P)
T M
( - ) Nenhum gato é uma planta (E) SP
t M
( + ) Alguma samambaia é planta (I) sp
t T
( - ) Logo, alguma samambaia não é gato (O) sP

Neste último modo denominado de fErIsOn temos


a segunda combinação em conclusão negativa, ou seja,
como a premissa maior (PM) é Universal Negativa (E =
SP) e a premissa menor (Pm) Particular Afirmativa (I =
sp), uma contraditória da outra, a conclusão é sempre uma
Particular Negativa (O = sP), que carrega o predicado
negativo de E e o sujeito particular de I.

77
Simbolizando no quadro do jogo dos sinais o
esquema da terceira linha (- + = -).
Dito isso iremos listar abaixo todos os quatro
modos válidos e suas respectivas representações no jogo
de sinais:

A E = E : cAmEnEs.......Sp SP = SP
(+ - = - )
E A = E : cEsArE............SP Sp = SP
(- + = - )
A O = O : bArOcO.........Sp sP = sP
(+ - = - )
E I = O : fErIsOn............SP sp = sP
(- + = - )

Notamos, pelas conclusões da segunda figura, que


todas as conclusões são ou E ou O, nesse caso, no campo
da subalternidade negativa. Esse aspecto irá facilitar
deveras o trabalho de redução desses modos de segunda
figura aos de primeira fazendo uso apenas das conversões
simples aplicadas às proposições do tipo E e I. Com
exceção do modo bArOcO que precisa de uma conversão
por redução ao absurdo. Vejamos agora, daqui por diante,
a regra e os modos válidos da terceira figura.

78
A terceira figura – a conclusão é sempre
particular (I + ou O -)

Nesta terceira figura o termo médio ocupa agora


posição de sujeito (M) tanto na premissa maior (PM)
quanto na premissa menor (Pm).
Devemos notar que a posição dos termos na
conclusão não sofre qualquer variação, assim, o termo
menor ocupa o lugar de sujeito e o termo maior o lugar de
predicado, em razão disso a conclusão ocorre sempre de
baixo para cima, do menor para o maior.

(PM).....M - T
(Pm).... M - t
.....................
(Con) ... t – T

Nesse sentido, percebemos que a premissa maior


permanece inalterada, em razão disso a regra de uso da
terceira figura estabelece o seguinte: a premissa menor
continua sendo Afirmativa, Universal A = Sp, ou
Particular I = sp, a conclusão deve ser sempre particular, I
= sp ou O = sP; disso decorre que a premissa maior pode
ser A = Sp, ou E = SP, ou I = sp, ou O = sP.

79
Em outras palavras, se a premissa menor Pm deve
ser afirmativa (Universal ou Particular)18 mesmo quando
as duas premissas são universais, a conclusão deve ser
sempre particular.
A partir dessas regras podemos listar os seis pares;
ou seja, é possível combinar A com A; podemos combinar
A com I; I pode ser combinado com A; E pode ser
combinado com A, E pode ser combinado com I, e, O pode
ser combinado com A. Abaixo assinalamos o Sujeito com
um (S)* e o predicado com um (P)#.
Daí seguem os exemplos dos modos válidos.

(S)* (P)#
(PM)....M - T......... A : Todo A é B ( + )
(Pm).... M - t ......... A : Todo A é C ( + )
..................... .........
(Con) ... t - T I : Algum C é B ( + )

(S) (P)
M T

18
Devemos ficar atentos para o seguinte esquema geral das leis
que regem os modos válidos dos silogismos. A regra da premissa
maior (A ou E) da primeira figura se repente na segunda e a regra
da premissa menor (A ou I) se repete na terceira.

80
( + ) Toda planta é importante (A) Sp
M t
( + ) Toda planta é um ser vivo (A) Sp
t T
( + ) Logo, algum ser vivo é importante (I) sp

Veremos que nessa terceira figura faremos uso das


linhas do jogo de sinais positivas e negativas, ou seja, a
combinação de + com + é sempre + (+ + = +) e - com +
sempre - (- + = -).
Assim, esse primeiro modo tem a seguinte
estrutura AA=I, denominado pelos medievais19 de
bAmAlIpt. Vejamos agora a segunda combinação
possível.

(S)* (P)#
(PM)....M - T ......... I : Algum A é B ( + )
(Pm)....M - t ......... A : Todo A é C ( + )
..................... .........
(Con) ... t - T I : Algum C é B ( + )
(S) (P)
M T

19
Esses nomes eram usados para ajudar na memorização.

81
( + ) Algum baiacu é venenoso (I) sp
M t
( + ) Todo baiacu é peixe (A) Sp
t T
( + ) Logo, algum peixe é venenoso (I) sp

Essa segunda combinação possível parte da


premissa maior (PM) afirmativa ( + ), a premissa menor
(Pm) afirmativa ( + ) daí a conclusão igualmente
afirmativa ( + ) - conforme a primeira linha do jogo de
sinais (+ + = +). Como a premissa maior (PM) é uma
proposição do tipo I, então a conclusão segue a parte mais
fraca, uma proposição do tipo I.
Esse modo válido fora batizado pelos medievais
de dInAmIs20.
Sigamos ao próximo modo válido.

(S)* (P)#
(PM)....M - T ......... E : Nenhum A é B (-)
(Pm)....M - t. ......... A : Todo A é C (+)
..................... .........
(Con) ... t - T O : Algum C não é B (-)

20
Modo também perfeitamente conversível à primeira figura.

82
(S) (P)
M T
( - ) Nenhum gato é lento (E) SP
M t
( + ) Todo gato é bicho esperto (A) Sp
t T
( - ) Logo, algum bicho esperto não é lento (O) sP

Acima temos o modo fElAptOn21, ou seja, uma


combinação feita apenas com a premissa maior universal
negativa E, a menor universal afirmativa A, gerando uma
conclusão particular negativa O, cuja simbologia do jogo
de sinais fica assim (- + = -).
Vejamos mais um modo, ou seja, outra
combinação possível.

(S)* (P)#
(PM)....M - T ......... E : Nenhum A é B ( - )
(Pm)....M - t ......... I : Algum A é C ( + )
..................... .........
(Con) ... t - T O : Algum C não é B ( - )

21
Temos aqui um modo em que a premissa menor deverá ser
convertida por acidente, transformando A em I.

83
(S) (P)
M T
( - ) Nenhum rato é de pedra (E) SP
M t
( + ) Algum rato é roedor (I) sp
t T
( - ) Logo, algum roedor não é de pedra (O) sP

Nesse modo denominado de fEnIsOn temos a


segunda combinação em conclusão negativa, ou seja,
como a premissa maior (PM) é Universal Negativa (SP) e
a premissa menor (Pm) Particular Afirmativa (sp), uma
contraditória da outra, a conclusão é sempre uma
Particular Negativa (O), que carrega o predicado negativo
de E e o sujeito particular de I.
Simbolizando no quadro do jogo dos sinais o
esquema da terceira linha (- + = -).
Vejamos o penúltimo modo válido.

(S)* (P)#
(PM)....M - T......... A : Todo A é B ( + )
(Pm).... M - t ......... I : Algum A é C ( + )
..................... .........
(Con) ... t - T I : Algum C é B ( + )

84
(S) (P)
M T
( + ) Toda cobra é um ser vivo (A) Sp
M t
( + ) Alguma cobra é perigosa (I) sp
t T
( + ) Logo, algo perigoso é um ser vivo (I) sp

Esse modo chama-se dAtIsI e segue o esquema


básico do jogo dos sinais da primeira linha, ou seja, + + =
+. Chegamos ao último modo válido da terceira figura.

(S)* (P)#
(PM)....M - T ......... O : Algum A não é B (-)
(Pm).... M - t ......... A : Todo A é C (+)
..................... .........
(Con) ... t - T O : Algum C não é B (-)

(S) (P)
M T
( - ) Algum brinco não é de ouro (O) sP
M t
( + ) Todo brinco é bonito (A) Sp
t T
( - ) Logo, algo bonito não é de ouro (O) sP

85
Temos aí o modo bOcArdO, em que a premissa
maior (PM) é Particular Negativa (O = sP), a premissa
menor (Pm) uma Universal Afirmativa (A = Sp),
concluindo com uma Particular Negativa (O = sP), cuja
estrutura do jogo de sinais segue a terceira linha, - + = -.
Dito isso iremos listar abaixo os seis modos
válidos e suas respectivas representações no jogo de sinais:

A A = I : bAmAlIpt.......Sp Sp = sp
(+ + = + )
I A = I : dInAmIs............sp Sp = sp
(+ + = + )
E A = O : fElAptOn.........SP Sp = sP
(-+=-)
E I = O : fErIsOn............SP sp = sP
(-+=-)
A I = I : dAtIsI...............Sp sp = sp
(+ + = +)
O A = O : bOcArdO.....sP Sp = sP
(-+=-)

Notamos, pelas conclusões da terceira figura, que


todas as conclusões são ou I ou O, nesse caso, no campo
das subcontrariedade.

86
Esse aspecto também deverá facilitar o trabalho de
redução desses modos de terceira figura aos de primeira,
fazendo uso apenas das conversões simples aplicadas às
proposições do tipo E e I. Com exceção aos modos
bArOcO e bOcArdO que precisam ser convertidos por
redução ao absurdo.
Vejamos agora, daqui por diante, os modos
válidos da quarta figura.

A quarta figura - conclusão em I + (duas vezes),


em O - (duas vezes) e em E - (uma vez)

Em geral, nos nossos cursos de Lógica Silogística,


evitamos 3trabalhar com essa figura, no entanto, neste
libreto iremos apresentar a sua composição e seus modos
válidos. Nesse ínterim, essa quarta figura costuma ser vista
como uma simples inversão da primeira, criação atribuída
ao filósofo medieval Galeno22.

22
Alguns filósofos, a exemplo de Hegel e Schopenhauer,
admitem que o caráter mimético dessa figura com a primeira foi
obra do estudioso medieval Galeno que apenas inverteu a ordem
do termo médio, daí sua falta de legitimidade, afinal, Aristóteles
concebeu apenas as três primeiras na sua célebre obra Primeiros
Analíticos. Schopenhauer defende essa posição na sua
Vorlesung über Die gesamte Philosophie e Hegel na sua
Wissenchaft de Logik.

87
Se na primeira figura o termo médio (M) é sujeito
na premissa maior (PM) e predicado na premissa menor
(Pm), nesta quarta figura o termo médio (M) é predicado
na premissa maior (PM) e sujeito na premissa menor (Pm),
daí a configuração do seu primeiro modo válido:
(S)* (P)#
(PM)....T - M ......... A : Todo A é B (+)
(Pm)....M - t ........... A : Todo B é C (+)
..................... .........
(Con) ... t - T I : Algum C é A (+)

(S) (P)
M T
(+) Todo vertebrado é inteligente (A) Sp
t M
(+) Todo inteligente é mamífero (A) Sp
t T
(+) Logo, algum mamífero é vertebrado (I) sp

Temos aí algo parecido com o que ocorre na


terceira figura, ou seja, de duas premissas Universais
Afirmativas se conclui com uma Participar Afirmativa. O
nome mnemônico deste modo é brAmAlIp.
Vejamos o segundo modo válido:

88
(S)* (P)#
(PM)....T - M ......... I : Algum A é B (+)
(Pm)....M - t ........... A : Todo B é C (+)
..................... .........
(Con) ... t - T I : Algum C é A (+)
(S) (P)
M T
(+) Algum animal é ser vivo (I) sp
t M
(+) Todo ser vivo é inteligente (A) Sp
t T
(+) Logo, algo inteligente é um animal (I) sp

Esse segundo modo lembra, de alguma forma, um


modo da terceira figura, i.é., a premissa maior (PM) é
Particular Afirmativa (I = sp), a premissa menor (Pm) é
Universal Afirmativa (A = Sp) e a conclusão segue a parte
mais fraca, Particular Afirmativa (I = sp). A identificação
mnemônica desse modo é a palavra dImAtIs.
(S)* (P)#
(PM)....T - M ......... A : Todo A é B (+)
(Pm)....M - t ........... E: Nenhum B é C (-)
..................... .........
(Con) ... t - T E : Nenhum C é A (-)

89
(S) (P)
M T
(+) Todo carro é objeto móvel (A) Sp
t M
(-) Nenhum objeto móvel é terreno (E) SP
t T
(-) Logo, nenhum terreno é um carro (E) SP

Essa formulação está próxima da segunda figura,


onde a premissa maior (PM) é (A = Sp), a premissa menor
(Pm) é (E = SP) e a conclusão segue a parte mais fraca,
Negativa Universal (E = SP). Denominada de cAlEmEs.
Chegamos ao penúltimo modo da quarta figura.
(S)* (P)#
(PM)....T - M ......... E : Nenhum A é B (-)
(Pm)....M - t ........... A: Todo B é C (+)
(Con) ... t - T O : Algum C não é A (-)
(S) (P)
M T
(-) Nenhum corvo é um pato (E) SP
t M
(+) Todo pato é branco (A) Sp
t T
(-) Logo, algo branco não é corvo (O) sP

90
Da mesma forma que a anterior, esse modo
também lembra um modo da segunda figura, aqui temos
uma premissa maior (PM) Universal Negativa (E = SP), a
premissa menor Universal Afirmativa (A = Sp), gerando
uma conclusão Particular Negativa (O = sP). Sua
designação mnemônica é fEsApO.
Agora sim, chegamos ao último modo válido desta
quarta (e controversa) figura.
(S)* (P)#
(PM)....T - M ......... E: Nenhum A é B (+)
(Pm)....M - t ........... I : Algum B é C (-)
..................... .........
(Con) ... t - T O : Algum C não é A (-)

(S) (P)
M T
(-) Nenhum gato é um urso (E) SP
t M
(+) Algum urso é lento (I) sp
t T
(-) Logo, algo lento não é um gato (O) sP

Esse é o único modo que se aproxima de um modo


válido de primeira figura, a saber, o modo fErIO.

91
Notem que a premissa maior (PM) é Universal
Negativa (E = SP), a premissa menor (Pm) é Particular
Afirmativa (I = sp) e a conclusão é uma Particular
Negativa (O = sP), que contém a negatividade da premissa
maior e a particularidade da premissa menor. Seu nome
mnemônico é frEsIsOn. Abaixo o resumo das reduções
feitas por nós.
A A = I : brAmAlIp.......Sp Sp = sp
(+ + = + )
I A = I : dImAtIs............sp Sp = sp
(+ + = + )
A E = E cAlEmEs...........Sp SP = SP
(+ - = - )
E A = O : fEsApO.........SP Sp = sP
(-+=-)
E I = O : fErIsOn............SP sp = sP
(-+=-)
Daqui para frente iremos trabalhar com a redução
dos modos das quatro figuras aos da primeira figura
considerada por Aristóteles como a perfeita23.

23
Quem se interessar pela discussão acerca da peculiaridade
dessa figura do silogismo sugerimos o artigo de Thiago Silva
Freitas Oliveira, intitulado O silogismo perfeito em Aristóteles,
publicado na Revista de Filosofia Argumentos, ano 2016,
,número 16, da página 50 até 60.

92
5. Reduções do silogismo e o jogo dos sinais

A redução dos modos válidos de segunda, terceira


e quarta figuras, aos da figura perfeita, demanda
aparentemente, uma certa dose de complicação. No
entanto, veremos abaixo que a coisa não é tão complicada
quanto se espera quando dominamos (ao menos) duas
inferências imediatas: a conversão simples, que ocorre
entre as proposições do tipo E e I, bem como a conversão
por acidente que ocorre sempre com as proposições do tipo
A para I ou esporadicamente do tipo I para A. Além disso,
um outro recurso que iremos utilizar é a inversão de
premissas, a maior na menor, ou a menor na maior – esse
procedimento nos ajuda a transformar, sobretudo, um
arranjo de quarta figura num arranjo perfeito de primeira
figura. Em vista disso, vamos apresentar abaixo as regras
das conversões simples e por acidente.
Na conversão simples nós invertemos a ordem do
sujeito e do predicado mantendo o valor de verdade da
proposição – seja ela Universal Negativa do tipo E (SP) ou
Particular Afirmativa do tipo I (sP). Exemplos:

Nenhum homem é um anjo, logo, posso dizer


Nenhum anjo é um homem

93
Do mesmo modo

Alguma mulher é médica, logo, posso dizer


Alguma médica é mulher

A conversão por acidente ocorre sobretudo com as


proposições do tipo A para a proposição do tipo I e só
ocasionalmente de I para A.
Nesse caso invertemos as posições do sujeito e do
predicado e transformamos a proposição do tipo A em I,
ou o inverso, de I para A. Exemplos:

Todo pedagogo é professor (A = Sp), logo posso


dizer que: Algum professor é pedagogo (I + sp)

Ou o contrário

Algum médico é cirurgião (I = sp), logo posso


dizer que: Todo cirurgião é médico (A = Sp)

Apenas dominando essas duas inferências básicas


já conseguimos fazer a redução de diversos modos válidos
da segunda, da terceira e da quarta figuras aos da primeira
figura.

94
Assim, vamos proceder por parte, aplicando aos
modos apenas aqueles que podem ser convertidos de
forma simples. Uma dica: em geral são modos formados
com premissas ou proposições do tipo E ou do tipo I. Da
segunda figura podemos listar os seguintes modos:
cEsArE e cAmEstrEs que são reduzidos ao modo
cElArEnt; o modo fEsTInO é reduzido ao modo fErIO, e
o modo cEsArE (2a Figura) ao modo cElArEnt de (1a
Figura):
(E - ) Nenhum animal é uma planta
(A + ) Toda samambaia é uma planta
(E - ) Logo, nenhuma samambaia é um animal

Nesse caso faremos a conversão simples da


premissa maior (E - ) do modo cEsArE

(E - ) Nenhuma planta é um animal

Em seguida, reorganizamos o silogismo agora na


primeira figura, no modo cElarEnt

(E - ) Nenhuma planta é um animal


(A + ) Toda samambaia é uma planta
(E - ) Logo, nenhuma samambaia é um animal

95
Agora veremos a redução do modo cAmEstrEs ao
cElArEnt:

(A + ) Todo mamífero é vertebrado


(E - ) Nenhum molusco é vertebrado
(E - ) Logo, nenhum molusco é mamífero

Aqui o que precisamos fazer em (primeiro lugar)


é a transposição das premissas, invertendo a posição delas

(E - ) Nenhum molusco é vertebrado


(A + ) Todo mamífero é vertebrado

Em seguida, faremos a conversão simples da


premissa maior (E -) e, por fim, tiramos uma nova
conclusão notando que agora houve automaticamente a
conversão simples da proposição do tipo E (SP) que
conclui o silogismo.
Assim, reduzimos o modo cAmEstrEs de segunda
figura ao cElArEnt de primeira figura.

(E - ) Nenhum vertebrado é molusco


(A + ) Todo mamífero é vertebrado
(E - ) Logo, nenhum mamífero é molusco

96
Resta ainda reduzir o modo fEsTInO, de segunda
figura, ao fErIO, de primeira. Notem que as letras E, I e O
já estão organizadas numa identidade entre elas, isso
indica que nesse caso só vamos precisar fazer uma
conversão simples da premissa maior.
Vejamos o exemplo:

(E - ) Nenhum peixe é anfíbio


(I + ) Algum sapo é anfíbio
(O - ) Logo, algum sapo não é um peixe

Assim, procedendo a conversão simples da


proposição (E -) temos

Nenhum anfíbio é um peixe

Feito isso, podemos montar novamente o


argumento – agora com a proposição já convertida – e a
partir daí temos a redução feita perfeitamente ao modo
fErIO

(E - ) Nenhum anfíbio é um peixe


(I + ) Algum sapo é anfíbio
(O - ) Logo, algum sapo não é um peixe

97
Daqui por diante iremos fazer as reduções de
alguns modos de terceira figura aos de primeira.
Da terceira figura podemos elencar os seguintes
modos: dArAptI, dIsAmIs e dAtIsI podem ser reduzidas a
dArII; fElAptOn e fErIsOn podem ser reduzidos ao modo
fErIO.
O modo dArAptI oferece apenas a possibilidade
de conversão ao modo de primeira figura, dArII,
procedendo com a conversão por acidente da premissa
menor, assim, a partir do exemplo abaixo

(A + ) Todo animal é vertebrado


(A + ) Todo animal é dependente de oxigênio
(I + ) Logo, algo dependente de oxigênio é
vertebrado

Convertemos a premissa menor por acidente


transformando a proposição do tipo A em proposição do
tipo I invertendo as posições dos termos do sujeito e do
predicado

(I + ) Algum dependente de oxigênio é animal

Em seguida reorganizamos o argumento

98
(A + ) Todo animal é vertebrado
(I + ) Algum dependente de oxigênio é animal
(I + ) Logo, algo dependente de oxigênio é
vertebrado

Temos aí a redução do modo dArAptI de terceira


figura ao de dArII de primeira figura. Vejamos agora de
que forma reduzimos o modo dIsAmIs em dArII.

(I + ) Algum médico é cirurgião


(A + ) Todo médico é conhecedor de anatomia
(I + ) Logo, algum conhecedor de anatomia é
cirurgião

Nesse caso teremos de proceder em duas etapas:


primeiro iremos inverter as premissas, a maior vai para o
lugar da menor e a menor para o lugar da maior:

(A + ) Todo médico é conhecedor de anatomia


(I + ) Algum médico é cirurgião
(I + ) Logo, algum cirurgião é conhecedor de
anatomia

A partir disso, faremos a conversão simples da


nova premissa menor

99
(I + ) Algum cirurgião é médico

Por fim reorganizamos o argumento:

(A + ) Todo médico é conhecedor de anatomia


(I + ) Algum cirurgião é médico
(I + ) Logo, algum cirurgião é conhecedor de
anatomia

Temos aí a redução feita com sucesso. Resta


agora, realizar as reduções dos modos fElAptOn e
fErIsOn, desta terceira figura ao modo fErIO de primeira.
Iniciemos com o fElAptOn:

(E - ) Nenhuma baleia é um peixe


(A + ) Toda baleia é mamífera
(O - ) Logo, algum mamífero não é peixe

Nesse caso, precisamos apenas operar a conversão


por acidente da premissa menor

(I +) Algum mamífero é baleia

Em seguida reorganizamos o argumento:

100
(E - ) Nenhuma baleia é um peixe
(I + ) Algum mamífero é baleia
(O - ) Logo, algum mamífero não é peixe

Temos aí a redução do modo fElAptOn ao modo


fErIO efetuada com sucesso. Chegamos, por fim, à última
redução:

(E - ) Nenhum judeu é cristão


(I + ) Algum judeu é ortodoxo
(O - ) Logo, algum ortodoxo não é cristão

Nesse último caso precisamos apenas efetuar a


conversão de forma simples da premissa menor:

(I + ) Algum ortodoxo é judeu

Em seguida reorganizamos o argumento, daí


temos a redução do modo fErIsOn de terceira figura, ao
modo fErIO de primeira figura:

(E - ) Nenhum judeu é cristão


(I + ) Algum ortodoxo é judeu
(O - ) Logo, algum ortodoxo não é cristão

101
Daqui para frente realizaremos as reduções dos
modos de quarta figura (AAI – brAmAlIp, AEE –
cAlEmEs, IAI – dImAtIs, EAO - fEsaApO, EIO –
frEsIsOn) aos seguintes modos de primeira figura
bArbArA, cElArEnt, dArII e fErIO. Iniciamos com o
modo brAmAlIp:

(A +) Toda árvore é vegetal


(A +) Todo vegetal é um ser vivo
(I +) Logo, algum ser vivo é árvore

Nesse caso, teremos de proceder em duas etapas:


a primeira consiste em inverter a ordem das premissas, a
maior se transforma na menor e a menor se transforma na
maior; em seguida realizamos a conversão por acidente da
conclusão:

(A +) Todo vegetal é um ser vivo


(A +) Toda árvore é vegetal
(A +) Logo, toda árvore é um ser vivo

Temos acima a redução do modo brAmAlIpt ao


modo bArbArA.
Veremos daqui para frente a redução do modo
cAlEmEs ao modo cElArEnt:

102
(A + ) Toda cabra é herbívora
(E - ) Nenhum herbívoro é invertebrado
(E - ) Logo, nenhum invertebrado é cabra

Aqui nesse caso invertemos a ordem das


premissas, a maior torna-se menor e a menor transforma-
se em maior; em seguida realizamos a conversão simples
da conclusão, assim, temos a redução realizada:

(E - ) Nenhum herbívoro é invertebrado


(A + ) Toda cabra é herbívora
(E - ) Logo, nenhuma cabra é invertebrado

Veremos agora a redução do modo dImAtIs ao


modo dArII.

(I + ) Alguma mulher é engenheira


(A +) Toda engenheira é alguém que sabe cálculo
(I +) Logo, alguém que sabe cálculo é mulher

Nesse caso, precisamos inverter a ordem das


premissas, ou seja, a menor ocupa o lugar da maior e a
maior o lugar da menor, e, por fim, realizamos a conversão
simples da conclusão:

103
(A + ) Toda engenheira é alguém que sabe cálculo
(I + ) Alguma mulher é engenheira
(I + ) Logo, alguma mulher é alguém que sabe
cálculo

Iremos reduzir agora o modo fEsApO em fErIO24.


Vejamos o exemplo:

(E - ) Nenhuma mulher é tola


(A + ) Todo tolo é desatento
(O - ) Logo, alguém desatento não é uma mulher

Para que possamos efetuar corretamente a


conversão precisamos fazer três coisas: primeiro a
conversão simples da premissa maior

(E - ) Nenhum tolo é uma mulher

Em seguida a conversão por acidente da premissa


menor

24
Faremos questão de recordar que uma conversão por acidente
ocorre sempre da proposição do tipo A – universal afirmativa
(Sp) para uma proposição particular afirmativa do tipo I, sp.

104
(I + ) Alguém desatento é tolo

Por fim, reorganizamos o argumento e tiramos


uma nova conclusão de acordo com as novas premissas:

(E - ) Nenhum tolo é uma mulher


(I + ) Alguém desatento é tolo
(O - ) Logo, alguém desatento não é uma mulher

Só nos resta realizar a redução do modo frEsIsOn


ao modo fErIO. Vejamos o exemplo:

(E - ) Nenhuma baiana é africana


(I + ) Alguma africana é angolana
(O - ) Logo, alguma angolana não é baiana

Nesse caso vamos realizar duas conversões


simples com as duas premissas, a maior e a menor, em
seguida tiramos a conclusão da nova organização do
argumento

(E - ) Nenhuma africana é baiana


(I + ) Alguma angolana é africana
(O - ) Logo, alguma angolana não é baiana

105
Chegamos ao final das reduções possíveis
utilizando de três estratégias: a inversão de premissas, a
conversão simples e a conversão por acidente. Deixamos
alguns modos sem redução já que essas reduções precisam
ser feitas via redução do absurdo ou contrapositiva. Além
disso, dividimos com Schopenhauer o mesmo
entendimento de que essas reduções não são naturais, ou
seja, não são realizadas em conformidade com o modo de
proceder imediato da razão.
Nesse caso deixamos de reduzir os seguintes
modos: bArOcO da segunda figura e bOcArdO da terceira.
Ambas podem ser reduzidas via demonstração por
absurdo. Em vista disso, consideramos o trabalho
praticamente completo e didático. Portanto, este breve
estudo pode desmistificar a dificuldade em torno desse
tema amplamente discutido e explorado pelos pensadores
medievais e, por vezes, atualmente, explorado em diversos
concursos públicos.

106
Reflexões finais

“Raciocínio dedutivo é um discurso no qual,


dadas certas premissas, alguma conclusão
decorre delas necessariamente, diferente
dessas premissas, mas nelas fundamentada.”
Tópicos 100a

Permita-me paciente estudante, leitor ou leitora,


após todo esse percurso detalhado, ainda algumas poucas
palavras à guisa de reflexões finais, afinal, tudo aquilo que
tem um começo deve configurar-se como a oportunidade
de gestar em si o próprio fim. Já adiantei na introdução que
este libreto nasceu durante o acontecer regular da
disciplina Lógica II - 2023.1 noturno, do Curso de
Filosofia -, em razão disso ele foi dedicado por mérito,
justiça e carinho, às pessoas (iluminadas) que compõem
essa distinta e inesquecível turma com uma sede
incansável de saber, entendimento e compreensão.
Talvez o libreto não tenha cumprido o seu objetivo
inicial, a saber - servir de instrumento de incentivo e
esclarecimento dos conteúdos (ausentes na Lógica I de um
semestre enfrentado pela turma com resignação e
esperança); talvez este libreto seja apenas mais um a cair
– no futuro – no limbo de um esquecimento injusto dentro
de um curso que respira por aparelhos; talvez o libreto que

107
aqui se encerra finde mesmo somente nas mãos daqueles a
quem ele está homenageando e reconhecendo de um modo
oportuno e único; talvez este libreto seja, quem sabe, a luz
a iluminar as sendas obscuras da nossa Filosofia
mergulhada na inércia e imobilidade das gestões sem
compromisso com a relação de ensino-aprendizagem.
Longe dessas previsões – ou constatações – para
muitos apocalípticas ou trágicas, o certo é que este libreto
é o resultado concreto de um trabalho metodológico
crivado no amor e na dedicação, um trabalho que ganha
destaque onde a relação de ensino-aprendizagem ocupa
lugar num curso de formação de professores voltados à
especulação séria, que só a Filosofia e a Lógica são
capazes de propiciar.
Nesse sentido serei sempre grato a essas pessoas
que depositaram completa confiança em nossa
metodologia, à princípio, assustadora, mas
instrumentalizada para gerar os frutos que foram gerados
ao final do nosso curso. Hoje sabemos o quanto não
sabíamos e o quanto precisávamos saber; hoje sabemos
que o que nos faltava foi acrescentado, não como esmola
ou resto de um manjar oferecido somente aos doutos do
saber falho e incompleto, não como uma obrigação a ser
cumprida ao final do semestre, não como um pouco doado

108
a quem não sabe o que fazer com o que ganha – o que nos
foi acrescentado foi o saber legítimo e leve da própria
lógica.
Em razão disso, e por isso, é que hoje sabemos e
conseguimos justificar, explicar e, até mesmo ensinar o
pouco que apreendemos, aprendemos e assimilamos.
E ninguém neste mundo poderá dizer que essa
turma não aprendeu o que deveria, poderia e gostaria de
aprender, daí minha profunda admiração por cada pessoa
que compôs esse grupo citado por mim ao início deste
libreto.
Gratidão turma de Lógica II do Curso de Filosofia
do ano de 2023.125.

25
Não tenho nenhuma dúvida de que o modo como fui
recepcionado pela turma e o respeito a minha proposta inicial de
trabalho foram decisivos para que pudéssemos fazer da relação
de ensino-aprendizagem aquilo que em um curso de Filosofia é
o essencial: o amor pelo saber faz a diferença onde o ódio à
verdade parece ter se enraizado na forma de desprezo ao próprio
saber. Em razão disso quero agradecer até mesmo às pessoas que
durante o curso se mostraram impedidas de seguir na trilha da
lógica com regularidade, empenho e envolvimento, na certeza
de que a vida é sempre acolhedora quando o vivente faz do gesto
da humildade o sintoma da alegria da comunhão e do afeto.
Sentirei falta das noites de quarta e toda vez que tiver este libreto
nas mãos haverei de trazer à memória nossos melhores
momentos. O tempo será sempre nosso melhor companheiro no
jardim das nossas melhores lembranças.

109
Como diria Nietzsche, "paga-se muito mal a um
mestre quando se permanece sendo apenas um aluno ou
aluna". E, nesse aspecto, no que diz respeito a relação de
ensino-aprendizagem com o conteúdo da Lógica, a turma
já superou em muito este velho e quase aposentado mestre.
Em razão de tudo isso só posso desejar que Deus
nos proteja com sua divina misericórdia e que este libreto
possa ajudar aos futuros alunos de Lógica o caminho das
pedras no rio do saber por onde flui a teoria do Silogismo
de Aristóteles.

110
Exercícios de fixação

1. Considere que A = V, B = F, C = V e D = F, assim


marque qual das opções abaixo é verdadeira:

(A) A ^ C ^ D
(B) Se C então F
(C) B se somente se D
(D) Se D então A
(E) B v D

2. Se a proposição alguma médica é pediatra é verdadeira,


então é correto afirmar que:

(A) Toda médica é pediatra é verdadeira


(B) A contraditória dela pode ser V ou F
(C) A subcontrária dela pode ser V ou F
(D) É uma proposição do tipo O
(E) Possui predicado em toda extensão

3. Se E = F, então podemos concluir que:

(A) Sua contrária é verdadeira


(B) Sua subalterna pode ser V ou F
(C) Sua contraditória pode ser V ou F
(D) Sua contrária só pode ser falsa
(E) NDA

4. Se Todo mamífero é vertebrado (A') e todo vertebrado


é um ser vivo (A"), então:

(A) As subalternas de A' e de A" são verdadeiras


(B) Somente A" é falsa
(C) As contrárias das duas podem ser verdadeiras ou
falsas
(D) As contraditórias das duas podem ser verdadeiras ou
falsas
(E) Ambas podem ser verdadeiras ou falsas

111
5. Sobre as leis do Quadrado Lógico de Oposição:

(A) Se A = F, então só podemos concluir a verdade da


sua contrária
(B) Se I = V, então E = F e A e O são indeterminadas
(C) Se O = V, então E deve ser igual a V
(D) Se I é V, então A não pode ser V ou F
(E) NDA

6. Considerando apenas o quadrado do jogo de sinais é


correto dizer que:

(A) - - simboliza as contraditórias


(B) + - simboliza E e I
(C) + + simboliza A e O
(D) - + simboliza O e A
(E) NDA

7. Sobre os conectivos lógicos é correto afirmar que:

(A) a conjunção é o conectivo mais forte


(B) se a conjunção é o conectivo mais forte então a
condicional é o mais fraco
(C) o condicional é o mais forte se somente se a disjunção
for o mais fraco
(D) o resultado da tabela-de-verdade da disjunção
inclusiva é igual à da bicondicional
(E) a conjunção é o conectivo mais forte ou todas as
opções acima são falsas

8. Se E = F, então só podemos concluir que:

(A) A deve ser V


(B) O deve ser F
(C) I deve ser V
(D) A deve ser F
(E) O deve ser V

112
9. Se SP é contraditória de sp, então

(A) sP é contraditória de Sp
(B) Sp é subalterna de SP
(C) sp é subalterna de SP
(D) sP é contrária de sp
(E) NDA

10. Se A = F, B = F, C = V, ~D = F, E = V, então

(A) A ˄ ~~D = V
(B) B ↔ ~~E = V
(C) C → ~B = F
(D) E → ~~A = V
(E) (~ A ˄ D) → C = V

11. Sobre a extensão e compreensão no Quadrado Lógico


de Oposição é possível afirmar com certeza que:

(A) sp e SP são contrárias


(B) sP e Sp são contraditórias
(C) Sp e SP são subalternas
(D) sp e Sp são subcontrárias
(E) NDA

12. Se Nenhum peixe é mamífero, então

12.1( ) a sua contrária deve ser falsa


12.2( ) possui predicado em extensão restrita
12.3( ) o sujeito é sempre particular
12.4( ) sua contraditória é sempre verdadeira
12.5( ) tanto o sujeito quanto o predicado são tomados
em extensão restrita

13. Considerando que A = V e ~ B = F, então

(A) a conjunção de ~ A e B é sempre V


(B) a condicional se ~ B então A é sempre F

113
(C) a disjunção de ~ B ou ~~ A é sempre F
(D) a bicondicional A se somente se B é F
(E) NDA

14. Se a proposição do tipo O for F, então

(A) A pode ser V ou F


(B) E é sempre V
(C) I pode ser V ou F
(D) E deve ser F e I deve ser V
(E) A deve ser V e I deve ser F

15. Sobre o Quadrado Lógico de Oposição é possível


afirmar que:

(A) A e I são contrárias e E e O subalternas


(B) se A e O são contraditórias, então sp e sP são
contrárias
(C) A e E e sp e sP são iguais em extensão e em
compreensão
(D) I e E são contraditórias se somente se A e E não forem
contrárias
(E) A e E e sp e sP não são iguais em extensão e em
compreensão

16. Da proposição do tipo (I) Alguma mulher é poliglota


é possível dizer que:

(A) a proposição A também é verdadeira


(B) a sua subcontrária não pode ser
verdadeira
(C) a proposição do tipo E não deve ser falsa
(D) possui predicado em toda extensão
(E) tanto o sujeito quanto o predicado possuem extensão
restrita

17. Se a proposição do tipo E é verdadeira, então

114
(A) A deve ser F e O deve ser V
(B) I deve ser F e A deve ser V
(C) O deve ser F e I deve ser V
(D) A deve ser F ou V e I deve ser F
(E) A deve ser F, I deve ser V e O deve ser F

18. Sobre a relação entre compreensão e extensão


podemos dizer que:

(A) extensão = a qualidade


(B) compreensão = a quantidade
(C) extensão está para os predicados
(D) compreensão não está para os sujeitos
(E) compreensão está para os sujeitos

19. Das combinações E + A (e) I + E é possível dizer que:

(A) de E + A podemos concluí I


(B) de I + E podemos concluí O
(C) de E + A não se pode concluí O
(D) de I + E podemos concluir I
(E) NDA

20. Indique abaixo a contradição

(A) Sp e sp
(B) sp e sP
(C)SP e sp
(D) Sp e SP
(E) NDA

21. Se a proposição do tipo I é V, então

(A) A deve ser V


(B) O deve ser F
(C) E deve ser F
(D) A pode ser F
(E) E deve ser V

115
22. Se levarmos em conta o jogo de sinais do mais + com
o menos - podemos deduzir que:

(A) de A e E o resultado pode ser + ou -


(B) de I e I o resultado pode ser + ou -
(C) de A e I o resultado pode ser - ou +
(D) de A e O o resultado deve ser -
(E) de I e O o resultado pode ser +

23. Sobre as contraditórias é possível dizer que:

(A) ocorre entre A e E


(B) ocorre entre I e O
(C) ocorre entre A e I
(D) ocorre entre E e O
(E) ocorre entre A e O

24. São subalternas as seguintes combinações:

(A) sp e SP
(B) SP e sP
(C) sp e sP
(D ) Sp e sP
(E) Sp e SP

25. Quanto ao sujeito e predicado das proposições é


correto afirmar que:

(A) Sp = A e SP = E
(B) se sp = I, então SP = O
(C) sP = a O se somente se sp = A
(D) Sp = E ou sp = O
(E) NDA

26. Acerca dos conectivos lógicos é correto afirmar que:

(A) V ˄ F = V
(B) V → F = V

116
(C) V ↔ F = V
(D) V ˅ F = F
(E) F → V = V

27. Se Toda mulher é inteligente = F, então

(A) sua contrária deve ser também F


(B) sua subalterna deve ser F
(C) sua contraditória deve ser V
(D) sua contraditória deve ser F
(E) sua contrária deve ser V

28. Se sP é a contraditória de Sp, então

(A) a contrária de SP é Sp
(B) a contrária de sp é SP
(C) a subalterna de SP e Sp
(D) a contraditória de sp é SP
(E) NDA

29. Se A = F, B = F, ~C = F e ~D = V...então é verdade


que

(A) se ~A então D é sempre verdadeiro


(B) C ˄ B = V
(C) A se somente se ~D é sempre verdadeiro
(D) a conjunção de ~B e ~D é sempre verdadeira
(E) A v D é sempre verdadeiro

30. A lei das contrárias admite que

(A) A e I podem ser verdadeiras


(B) A e E podem ser falsas
(C) A e O podem ser V ou F
(D) A e E podem ser sempre verdadeiras
(E) NDA

117
31. Se A estabelece relações com E, I e O, então O
estabelece relação

(A) com E, A e I
(B) apenas com I
(C) apenas com E
(D) apenas com A
(E) apenas com ele mesmo

32. Se + mais com + é = + mais, então + mais com -


menos é igual a - menos, assim:

(A) + - = A e I
(B) + + = A e I
(C) - + = E e O
(D) + - = I e O
(E) NDA

33. Se uma proposição do tipo I é Falsa, então podemos


concluir que:

(A) E = V; A = F e O = V
(B) E = F; O = F e A = V
(C) A = V; O = V e E = F
(D) E = V; A = F e O = F
(E) NDA

34. Sobre a bicondicional e a disjunção exclusiva


podemos dizer que:

(A) o resultado das tabelas de verdade é sempre igual


(B) ambas admitem a verdade quando seus componentes
têm valores lógicos diferentes
(C) ambas admitem a falsidade quando seus
componentes têm valores lógicos iguais
(D) ambas não negam uma à outra
(E) NDA

118
35. Se O = F e A = V, então

(A) E e I são ambos verdadeiros


(B) E e I são ambos falsos
(C) se E é falso, então I deve ser V
(D) E deve ser F e I pode ser V ou F
(E) se E é falso, então I também deve ser F

36. Se SP está para E, então sp e sP estão para

(A) A e I
(B) I e A
(C) I e O
(D) O e A
(E) O e I

37. A e O são contraditórias do mesmo modo que E e O


são

(A) ambas sempre verdadeiras


(B) subcontrárias
(C) contrárias
(D) contraditórias
(E) NDA

38. Se dá contraditória de E, se chega à subalterna de A,


então

(A) O é contraditória de E e I subalterna de A


(B) I é a subalterna de A
(C) A é a contraditória de E
(D) O é a subalterna de I
(E) I e a contraditória de E e O a subalterna de A

39. Se ~A = V e ~B = F, então

(A) qualquer condicional de A com B = F


(B) qualquer disjunção inclusiva de ~A ou B = Falsa

119
(C) qualquer conjunção de ~A e ~B = V
(D) qualquer bicondicional de A se somente se ~~B é
sempre verdadeira
(E) NDA

40. Considerando apenas a extensão e a compreensão das


proposições é possível dizer que:

(A) A e O são diferentes em ambos: extensão e


compreensão
(B) E e A são iguais em ambos: extensão e compreensão
(C) A e I são iguais em extensão e diferentes na
compreensão
(D) E e O só diferem na compreensão
(E) NDA

41. Se (A') Todo juiz é honesto, então (A") Todo


cirurgião é médico...logo...

(A) A' é sempre falsa e A" pode ser verdadeira


ou falsa
(B) se A" é sempre verdadeira, então A' deve ser sempre
falsa
(C) A contrária de A' é Algum juiz é honesto
(D) A contraditória de A" é Nenhum cirurgião é médico
(E) NDA

42. Sobre o Quadrado Lógico de Oposição é possível


afirmar que:

(A) SP é contrária a sp
(B) sP é subalterna de Sp
(C) SP é subalterna de sp
(D) sP é subcontrária de SP
(E) NDA

43. Se - (menos) com - (menos) é sempre = + (mais),


então da combinação entre A e E ou I e E, temos sempre

120
(A) menos e mais
(B) mais e menos
(C) nem mais nem menos
(D) menos e menos
(E) mais e mais

44. Das leis dos conectivos F + F = V apenas em;

(A) conjunção e bicondicional


(B) disjunção e condicional
(C) condicional e bicondicional
(D) disjunção e conjunção
(E) NDA

45. No que diz respeito ao Quadrado Lógico, se possuir


a mesma extensão é possuir universalidade e
particularidade, então possuir compreensão é o mesmo
que

(A) ser A ou E
(B) ser I ou E
(C) ser A e I
(D) ser A e O
(E) NDA

46. Da proposição - Nenhuma mulher é enfermeira - é


possível inferir que

(A) sua contrária é igualmente falsa


(B) sua contraditória pode ser verdadeira ou falsa
(C) sua subalterna só pode ser falsa
(D) tanto S quanto P são ambos tomados em extensão
restrita
(E) NDA

47. Se X = F, Y = V, Z = F e W = V, então

121
(A) X e W = Verdadeiro
(B) se (X e W = V) então a negação de Y = F
(C) Y ou X = Verdadeiro
(D) W se somente (~Y v X = V)
(E) NDA

48. Se A = F e I = V, então:

(A) E = F e O = F
(B) O deve ser, com certeza, F
(C) E pode ser V ou F e O deve ser F
(D) E deve ser F e O deve ser V
(E) Apenas E deve ser V

49. O resultado da tabela da disjunção exclusiva é


negação de

(A) condicional
(B) conjunção
(C) disjunção inclusiva
(D) negação
(E) bicondicional

50. Sobre o jogo de sinais e o Quadrado Lógico de


Oposição todo menos - com + mais, implica em outro
menos -, do mesmo modo que se (+) A = V

(A) - E pode ser Falso ou Verdadeiro


(B) + I pode ser Falso ou Verdadeiro
(C) - O e - E devem ser Falsos
(D) - O e + I devem ser Falsos
(E) NDA

51. Sobre o silogismo abaixo

Todo cirurgião é médico


Nenhum enfermeiro é médico
Logo, nenhum enfermeiro é cirurgião

122
é possível dizer que:

(A) se não é de primeira figura, então deve ser de


terceira
(B) se não é de terceira figura, então não deve ser de
segunda
(C) se é de segunda figura, então a conclusão deveria
ser particular negativa
(D) se é de segunda figura, então a conclusão deveria
ser afirmativa
(E) se é de segunda figura, então não fere nenhuma
regra ou lei do silogismo

52.Sobre o quadrado lógico de oposição é possível


afirmar que:

(A) se as contrárias podem ser ambas falsas, então se A


= V só podemos concluir que sua contraditória é F
(B) se I = V, então podemos dizer que E = F e A = F e
O=F
(C) se O = V, então só podemos concluir que a
contraditória é F
(D) se E = V, então A pode ser V ou F
(E) se as subcontrárias podem ser verdadeiras ao mesmo
tempo, então há meio termo entre as contraditórias

53.Considere as seguintes proposições, em seguida


identifique a resposta correta:

I - Nenhum anjo é um homem


II - Todo juiz é honesto
III - Se A então ~B
IV - Algum professor é mestre

(A) se I é um juízo analítico, então III é sempre falso


(B) se II é um juízo sintético, então III é sempre
verdadeiro
(C) se III pode ser verdadeiro ou falso, então IV é um
juízo analítico

123
(D) se IV é um juízo sintético, então I deve ser um juízo
analítico
(E) se I é um juízo analítico, então IV é sempre
verdadeiro

54. Sobre o ato de julgar é possível dizer que:

(A) Julgar é o mesmo que apreender uma ideia


(B) verdade e falsidade não se confundem com
afirmação e negação
(C) verdade é sinônimo de afirmação e negação é
sinônimo de falsidade
(D) Traga-me uma xícara de chá é um juízo categórico
(E) se julgar é uma operação mental, então todas as
opções acima são falsas

55.Do silogismo abaixo

Todo A é B Nenhum C é A Logo, nenhum C é B

Podemos afirmar que

(A) se é um silogismo não-válido de primeira figura,


então fere alguma regra da figura ou do silogismo em
geral
(B) é um silogismo válido de primeira figura
(C) é um silogismo válido de segunda figura
(D) se não é um silogismo válido de primeira, então é
um silogismo válido de segunda figura
(E) se é um silogismo não-válido de primeira figura,
então não fere qualquer regra da figura ou do silogismo
em geral

56.Sobre a compreensão e extensão podemos dizer que:

(A) a compreensão se aplica aos sujeitos e a extensão


aos predicados
(B) a extensão se aplica aos sujeitos se somente se SP
simbolizar uma proposição do tipo A

124
(C) a extensão é sinônimo de qualidade
(D) se a extensão se aplica aos sujeitos, então os sujeitos
de proposições particulares são sempre em extensão
restrita
(E) a compreensão se aplica aos predicados e os
predicados de E e I são sempre negativos

57.Quando nos referimos aos silogismos é correto dizer


que:

(A) são verdadeiros ou falsos


(B) diferem entre si pela localização do termo médio
(C) são sempre válidos
(D) não diferem entre si pela posição do termo médio
(E) se diferem entre si pela localização do termo médio,
então são sempre verdadeiros ou falsos
58. Sobre a forma dos juízos é possível dizer que:

(A) quanto à extensão, são afirmativos ou negativos


(B) quanto a matéria, são categóricos ou hipotéticos
(C) qualquer juízo pode ser ao mesmo tempo universal,
analítico, afirmativo e hipotético
(D) qualquer juízo pode ser ao mesmo tempo particular,
sintético, categórico e singular
(E) quanto à compreensão podem ser universais,
particulares e singulares

59. Quanto aos princípios lógicos podemos dizer que:

(A) ~[A ^~ A] simboliza a não-contradição


(B) A v ~A simboliza a identidade
(C) A = A simboliza a razão suficiente
(D) A -> B simboliza o terceiro excluído
(E) E < C simboliza todos os princípios

60. Um silogismo de terceira figura tem as seguintes


características:

(A) conclui sempre em A e I

125
(B) conclui sempre em E e O
(C) a premissa maior deve ser A ou E
(D) a premissa menor deve ser I ou I
(E) conclui sempre em I e O

61.Quando nos detemos nos objetos da Lógica


silogística podemos inferir que:

(A) são operações mentais e são os princípios


(B) são operações puramente verbais
(C) a ideia é mental e sua expressão verbal é a palavra
(D) os princípios fundamentam os objetos
(E) os princípios não fundamentam os objetos

62. O silogismo de segunda figura possui as seguintes


características:
(A) o termo médio é sujeito nas duas premissas
(B) o termo médio é predicado em uma das duas
premissas
(C) o termo médio é predicado nas duas premissas e a
premissa menor pode ser negativa
(D) o termo médio é predicado nas duas premissas e a
premissa maior deve ser I ou O
(E) o termo médio não é predicado nas duas premissas e
a premissa maior é A ou E

63. A principal diferença entre a forma e a matéria diz


respeito a:

(A) ao conteúdo das proposições (analítico ou sintético)


e a forma, categórica ou hipotética
(B) a forma, analítica ou sintética e ao conteúdo
categórico ou hipotético
(C) não há diferença entre forma e matéria
(D) aos princípios que as regem
(E) ao conteúdo das proposições (universais ou
particulares) e a forma (afirmativos ou negativos)

64.A redução do silogismo consiste em:

126
(A) mudar a ordem das premissas
(B) transformar silogismos válidos em não- válidos
(C) mudar apenas a ordem do termo médio
(D) transformar silogismo perfeito em imperfeito
(E) transformar silogismos de outras figuras na de
primeira

65. Sobre as oposições lógicas podemos dizer que:

(A) A e E são contraditórias


(B) E e A são contrárias
(C) A e I são subcontrárias
(D) A e O não são contraditórias
(E) todas as opções acima são falsas

66. Levando em consideração as leis da conversão


podemos dizer que:
(A) E pode ser convertida por acidente
(B) A pode ser convertida de forma simples
(C) I não pode ser convertida de forma simples
(D) O pode ser convertida por acidente
(E) A pode ser convertida em I

67. Sobre as regras do silogismo podemos dizer que:

(A) não admite conclusão negativa de premissas


afirmativas
(B) permite conclusão afirmativa de premissas negativas
(C) não admite conclusão negativa de combinação entre
AeO
(D) admite conclusão afirmativa da combinação entre E
eI
(E) todas as opções acima são falsas

68. Um silogismo se diferencia do outro pelas seguintes


características:

(A) apenas pelas regras dos termos

127
(B) pela posição do termo médio nas premissas
(C) apenas pelas regras de cada figura
(D) pela conclusão
(E) pelos termos menor e maior

69. Do enunciado - Se A, então ~B, se somente se Todo


silogismo deve ter três termos - podemos dizer que:

(A) o bicondicional é necessariamente verdadeiro


(B) a primeira parte do bicondicional é sempre
verdadeira
(C) a segunda parte do bicondicional pode ser V ou F
(D) o bicondicional é com certeza falso
(E) todas as opções acima são falsas

70.Leia os silogismos abaixo e em seguida responda ao


solicitado:

(A) Todo X é Y A
Algum X é Z
Logo, algum Z não é Y

(B) Nenhum humano é um anjo


Algum humano é espiritual
Logo, algum espiritual é um anjo

(C) Algum A não é B


Todo A é C
Logo, algum C não é B

(A) se (A) e (B) ferem alguma regra do silogismo, então


(C) é de segunda figura
(B) se (C) é de terceira figura, então (A) e (B) são
modos válidos
(C) se (C) é de terceira figura, então é um modo válido
(D) se (A) não é válido, então (C) é de segunda figura
(E) se (B) não é válido, então (C) também não é.

128
71.Sobre os modos válidos do silogismo podemos dizer
que:

(A) AA=A é um modo válido de segunda figura


(B) EA=O é um modo válido de terceira figura
(C) AE=E é um modo válido de primeira figura
(D) EI=I é um modo válido de segunda figura
(E) AO=O é um modo válido de terceira figura

72.Duas das regras referentes aos termos do silogismo


estabelecem que:

(A) o termo médio precisa ser tomado ao menos uma


vez em toda extensão e nunca deve aparecer na
conclusão
(B) o termo médio deve ser tomado sempre duas vezes
em toda extensão e nunca deve aparecer na conclusão
(C) o termo médio pode aparecer na conclusão e pode
ter mais extensão na conclusão do que nas premissas
(D) nenhum termo pode ter mais extensão na conclusão
do que nas premissas e um silogismo pode ter mais de
três termos
(E) o silogismo deve ter apenas três termos e o termo
médio deve ser tomado sempre duas vezes em toda
extensão

73. Sobre os juízos quanto à matéria podemos dizer que:


(A) se A, então B é um juízo analítico
(B) O homem é capaz de dançar é um juízo analítico
(C) se A, então B, é hipotético, então é sempre
verdadeiro
(D) os analíticos podem ser verdadeiros ou falsos
(E) os sintéticos se opõem aos analíticos

74.A conversão por acidente ocorre entre as proposições


do tipo:

(A) E e A
(B) A e O

129
(C) E e I
(D) A e I
(E) O e A

75.Leia o silogismo abaixo e em seguida responda:

Nenhum A é B, Algum C é A
Logo, algum C é B

(A) é um silogismo válido de primeira figura


(B) se não é um silogismo válido de primeira figura,
então deve ser um silogismo válido de segunda figura
(C) se não é um silogismo válido de primeira figura,
então fere alguma regra
(D) é um silogismo válido de primeira figura e a
conclusão deve negativa
(E) se não é um silogismo válido de primeira figura,
então todas as opções acima são falsas

76. Na obra Teeteto, no passo 189e, Platão afirma o


seguinte:

"um discurso que a alma mantém consigo


mesma, acerca do que ela quer examinar.
Como ignorante é que te dou essa explicação;
mas é assim que imagino a alma no ato de
pensar: formula uma espécie de diálogo para
si mesma com perguntas e respostas, ora para
afirmar ora para negar".

Considerando essa afirmação, do ponto de vista lógico é


possível afirmar com certeza que:

(A) o fragmento define o ato de pensar e ao final trata da


ideia
(B) afirmar e negar são propriedades da ideia e o
fragmento não trata do ato de pensar
(C) se o fragmento trata do ato de pensar, então afirmar e
negar dizem respeito ao juízo

130
(D) se afirmar e negar dizem respeito ao juízo, então este
condicional é necessariamente verdadeiro
(E) se o condicional anterior não é necessariamente
verdadeiro, então afirmar e negar são propriedades da
apreensão

77. Na obra Metafísica (I), especialmente no passo


1005b, Aristóteles afirma que

"(...) é impossível que a mesma coisa, ao


mesmo tempo, pertença e não pertença a uma
mesma coisa, segundo o mesmo aspecto". Em
(II) na mesma obra, passo 1008a 30 o filósofo
afirma que: "(...) se quando a afirmação é
verdadeira, a negação é falsa, e se quando a
negação é verdadeira, a afirmação é falsa, não
se poderá com verdade afirmar e negar a
mesma coisa".

A partir dos fragmentos acima podemos afirmar, com


certeza, que:

(A) em I temos a definição do princípio de identidade e


em II do princípio do terceiro excluído
(B) se em (II) temos as definições dos princípios do
terceiro excluído e de não-contradição, então em (I)
temos a definição do princípio de razão suficiente
(C) em (II) temos a descrição do princípio de identidade
(D) se em (II) temos as definições dos princípios do
terceiro excluído e de não-contradição, então este
condicional é necessariamente verdadeiro
(E) se o condicional acima não é necessariamente
verdadeiro, então tanto em (I) quanto em (II) temos as
definições de princípios lógicos

78. Na obra Crátilo, no passo 385b, Platão afirma o


seguinte:

131
Sócrates - "Sendo assim, a proposição que se
refere às coisas como elas são, é verdadeira,
vindo a ser falsa quando indica o que elas não
são". Hermógenes - "É isso mesmo". Sócrates
- "Logo, é possível dizer por meio da palavra
o que é e o que não é".

A partir da citação podemos afirmar que:

(A) se o fragmento inicia tratando da expressão verbal do


juízo, então finaliza abordando o raciocínio
(B) se o fragmento não termina tratando do raciocínio,
então inicia tratando do termo
(C) os dois fragmentos tratam de uma mesma coisa - a
expressão verbal do raciocínio
(D) se a primeira parte trata da expressão verbal do juízo,
então o termo "palavra" pode ser interpretado como
linguagem
(E) se a primeira parte trata da expressão verbal do juízo,
então este condicional é necessariamente verdadeiro

79. Na obra Tópicos, passo 100a, Aristóteles afirma o


seguinte:

"Raciocínio dedutivo é um discurso no qual,


dadas certas premissas, alguma conclusão
decorre delas necessariamente, diferente das
premissas, mas nelas fundamentada".

Esse fragmento trata principalmente...

(A) do argumento silogístico


(B) do silogismo indutivo
(C) das proposições do silogismo
(D) se trata do argumento silogístico, então este
condicional é necessariamente verdadeiro
(E) se o condicional acima não é necessariamente
verdadeiro, então o fragmento trata do silogismo indutivo

132
80. Leia com atenção as proposições abaixo, em seguida
responda ao solicitado:

(I) A pedra é quente - (II) Toda árvore é um ser vivo


(III) Todo professor é inteligente - (IV) Nenhum anjo é
um ser material

(A) se (I) e (III) são proposições sintéticas, então (II) e


(IV) possuem a mesma qualidade
(B) se (I) é sintético e singular, então (IV) é analítico,
universal, negativo e categórico
(C) se (II) é analítico, categórico, afirmativo e universal,
então (III) é sintético, universal, categórico e sempre
verdadeiro
(D) se IV é categórico e analítico, então (I) é analítico e
singular
(E) se (II) é analítico e categórico, então este condicional
é necessariamente verdadeiro

81. Kant (2003:29), na sua Lógica de Jäsche, logo no


início afirma o seguinte:

"Tudo na natureza, tanto no mundo animado


quanto no mundo inanimado, acontece
segundo regras, muito embora nem sempre
conheçamos essas regras...pois não há dúvida:
não podemos pensar, ou usar nosso
entendimento, a não ser segundo certas
regras".

A leitura atenta da citação de Kant nos leva a seguinte


certeza:

(A) se o fragmento acima trata da lógica, então todos nós


conhecemos as regras do pensar
(B) se nem todos conhecem as regras do pensar, então os
princípios não contêm regras
(C) se os princípios contêm regras, então o fragmento
acima não trata da lógica

133
(D) se o fragmento acima trata das regras da lógica, então
este condicional é necessariamente verdadeiro
(E) se o fragmento acima trata da lógica, então tais regras
dizem respeito aos princípios ou aos objetos da lógica

82. Na sua famosa obra Sein und Zeit (2012:437)


Heidegger afirma o seguinte: "Enunciação significa o
mesmo que predicação. De um "sujeito" se enuncia um
"predicado" , aquele é determinado por este".

Com base nas informações acima podemos deduzir que:

(A) se o texto trata da forma categórica do enunciado,


então enunciação é o mesmo que proposição e Heidegger
aponta para a forma S é P de enunciar
(B) se o texto trata da forma categórica do enunciado,
então ele dialoga com a classificação quanto à matéria
(C) o texto não tem qualquer ligação com os conteúdos
da Lógica Silogística
(D) se o texto trata da forma categórica do enunciado,
então este condicional é necessariamente verdadeiro
(E) se o enunciado acima não é necessariamente
verdadeiro, então todas as opções acima são falsas

83. Segundo Aristóteles na obra Tópicos, passo 109a,

"pelo que toca aos problemas, uns são


universais, outros, particulares. São
universais, por exemplo, as afirmações: todo
prazer é um bem e nenhum prazer é um bem;
são particulares, por exemplo, algum prazer é
um bem e algum prazer não é um bem".

Pela citação podemos deduzir que o termo "problemas"


pode ser interpretado como:

(A) juízos e ideias


(B) raciocínios e ideias
(C) juízos e proposições

134
(D) proposições e raciocínios
(E) nenhuma das opções acima

84. Sobre os juízos analíticos e sintéticos podemos dizer


que:

(A) os analíticos são sinônimos dos sintéticos


(B) os sintéticos são juízos de experiência
(C) os analíticos podem ser verdadeiros ou falsos
(D) os sintéticos são sempre a priori
(E) se os sintéticos são juízos de experiência, então este
condicional é necessariamente verdadeiro

85. Sobre a extensão e a compreensão podemos dizer


que:

(A) se aplica exclusivamente a matéria dos juízos


(B) se aplica exclusivamente à forma dos juízos
(C) se aplica apenas à qualidade dos juízos
(D) se se aplica à quantidade e qualidade dos juízos, então
todas as opções acima devem ser falsas
(E) se nem todas as proposições acima são falsas, então a
opção anterior deve ser falsa

86. Sobre os objetos da lógica e suas respectivas


expressões verbais, podemos dizer que:

(A) o raciocínio é expresso pelo juízo


(B) o juízo é expresso pela ideia
(C) a ideia é expressa pelo termo
(D) o termo é sinônimo de palavra
(E) todas as opções acima são falsas

87. A segunda e terceira figuras tem uma coisa em


comum, tal aspecto diz respeito a:

(A) ambas podem concluir em negativo


(B) ambas podem concluir apenas em particular
(C) ambas podem concluir em negativo e afirmativo

135
(D) ambas podem concluir em universal negativa
(E) ambas podem concluir em participar afirmativo

88. Se afirmo que Todo mamífero é vertebrado, então


conforme a lei da conversão a proposição equivalente a
anterior é

(A) Todo vertebrado é mamífero


(B) Algum vertebrado é mamífero
(C) Algum mamífero é vertebrado
(D) Nenhum vertebrado é mamífero
(E) Algum vertebrado não é mamífero

89. Da proposição - se algum médico é cirurgião, então


algum engenheiro é professor - podemos dizer

(A) é hipotética e analítica


(B) é categórica e sintética
(C) é sintética e sempre verdadeira
(D) é analítica e pode ser verdadeira ou falsa
(E) é hipotética e sintética

90. Quando nos reportamos ao Quadrado Lógico de


Oposição, sempre que a proposição do tipo I é falsa,
podemos concluir (com certeza) que:

(A) a proposição do tipo A é verdadeira


(B) a proposição do tipo O é falsa
(C) a proposição do tipo E é verdadeira e O deve ser
igualmente verdadeira
(D) a proposição do tipo E pode ser verdadeira ou falsa
e O deve ser verdadeira
(E) se a proposição do tipo E é verdadeira, então A pode
ser verdadeira ou falsa

91.Quanto a compreensão e extensão é correto dizer


que:

136
(A) a compreensão está para a quantidade e a extensão
para a qualidade
(B) a compreensão está para o analítico e a extensão
para o sintético
(C) a compreensão se aplica apenas ao sujeito à medida
em que a extensão se aplica apenas ao predicado
(D) ambas têm por fundamento o princípio de não-
contradição
(E) a compreensão está para a qualidade assim como a
extensão está para a quantidade
92.A lei que rege os modos válidos da terceira figura
silogismo admite que:

(A) a conclusão pode ser universal ou particular


(B) a conclusão pode ser particular afirmativa ou
negativa
(C) a conclusão pode ser apenas do tipo I
(D) a conclusão pode ser apenas do tipo O
(E) todas as opões acima são falsas

93.Se no Quadrado Lógico A = F, então podemos


concluir que:

(A) com certeza I deve ser F


(B) com certeza E deve ser V
(C) com certeza O não deve ser V
(D) com certeza O deve ser V
(E) com certeza E deve ser F

94.Se A é B e se C não é A, então:

(A) a conclusão só pode ser negativa


(B) a conclusão pode ser negativa ou afirmativa
(C) a conclusão deve ser afirmativa
(D) não há conclusão possível
(E) o condicional acima é necessariamente verdadeiro

95. Se Sp está para sP, então sp está para

137
(A) sua subcontrária
(B) sua supralterna
(C) sua contraditória
(D) nenhuma das relações do quadrado
(E) todas as relações do quadrado

96. Da proposição - O homem é um animal racional e


Breno é estudante de filosofia - podemos dizer que:

(A) é uma proposição analítica e hipotética


(B) é uma proposição sintética e hipotética
(C) é uma proposição hipotética analítica e sintética
(D) é uma proposição categórica em parte analítica e em
parte sintética
(E) é uma conjunção necessariamente verdadeira

97. A classificação quanto a matéria diz respeito a:

(A) a categórico e hipotético


(B) analítico e sintético
(C) qualidade e quantidade
(D) universal ou particular
(E) nenhuma das opções acima

98. A peculiaridade da primeira figura encontra-se no


seguinte fato:

(A) concluir sempre em afirmativo


(B) concluir sempre em negativo
(C) ser perfeita e admitir que a premissa maior seja
particular
(D) ser perfeita e admitir que a premissa menor negativa
(E) ser perfeita e admitir A ou E na premissa maior e A
e I na menor

99. Se julgar é estabelecer relação de conveniência ou


de não-conveniência entre duas ou mais ideias, então

(A) julgar é uma apreensão mental

138
(B) julgar é o mesmo que raciocinar
(C) julgar é o mesmo que imaginar
(D) julgar é o mesmo que unir ou separar
(E) julgar é o mesmo que dizer

100.Se A é B e se C não é B, então

(A) a conclusão deve ser negativa


(B) a conclusão deve ser afirmativa
(C) é um silogismo de primeira figura
(D) é um silogismo de terceira figura
(E) a conclusão pode ser afirmativa ou negativa

139
“Há duas vertentes na falta de correção ao
definir. A primeira consiste no uso de
linguagem difícil de interpretar (para que uma
definição seja aceitável deve usar-se uma
linguagem o mais fácil de interpretar possível,
atendendo a que a definição tem por fim
facilitar o conhecimento das coisas); a
segunda consiste em empregar um enunciado
mais longo do que o necessário, pois numa
definição tudo quanto seja de mais é supérfluo.
Por sua vez, cada uma destas vertentes admite
diversas divisões.”
Tópicos 139b
Respostas dos exercícios das páginas 32-36

Questão 01 – 01
Questão 02 – 04
Questão 03 – 01
Questão 04 – 04
Questão 05 – 02
Questão 06 – 03
Questão 07 – 02
Questão 08 – 05
Questão 09 – 04
Questão 10 – 01
Questão 11 – 03
Questão 12 – 04
Questão 13 – 04
Questão 14 – 05
Questão 15 – 03

141
Respostas dos exercícios – páginas 112-140

1. E
2. C
3. D
4. B
5. A
6. D
7. B
8. C
9. A
10. E
11. D
12. C
13. A
14. E
15. B
16. E
17. A
18. B
19. D
20. C
21. B
22. A
23. E
24. D
25. C
26. D
27. A
28. B
29. E

142
30. C
31. E
32. B
33. D
34. A
35. C
36. C
37. B
38. E
39. D
40. A
41. B
42. E
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147
Sobre o livro
Formato: 15x21
Tipologia: Times New Roman – fontes, 10 e 11
Papel – Pólen 80g (Miolo)
Capa: Duo Design (papel Cartão) 250g.

“Só em Deus repousa a minha alma, é dele que me vem o que eu


espero”.
Salmo 61:6

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