Você está na página 1de 13

0

Abílio José Everaldo


José Miguel
Merina Romão
Rapina Augusto
Julieta Manuel Muancongue

Lógica do juízo

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2023
1

Abílio José Everaldo

José Miguel

Merina Romão

Rapina Augusto

Julieta Manuel Muancongue

Lógica do juízo
Licenciatura em ensino de Filosofia com Habilitações da Ética

O presente trabalho é de carácter


avaliativo a ser entregue no
Departamento de Letras e
CiênciasMA.
Docente: Sociais na cadeira de
Dinis Gabriel
lógica. 1o Ano/ I o Semestre
Sob orientação de
M.S.C: Dinis Gabriel

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2023
2

Índice

Introdução....................................................................................................................................3
1. Lógica do juízo.........................................................................................................................4
1.1. Quadro lógico........................................................................................................................4
Conclusão...................................................................................................................................10
Referências bibliográficas..........................................................................................................11
3

Introdução
A Lógica é uma disciplina que se preocupa em formular princípios e métodos de
inferência, determinando em que condições algumas coisas são consequências de
outras. E sabe-se que desde a antiguidade clássica a lógica norteia os estudos de
linguagem, pois se defendia a ideia de que a linguagem era expressão do pensamento. E
se o raciocínio era necessário, deveria haver regras de bem fazê-lo. Daí os conceitos de
‘categorias’ e ‘interpretação’ de cunho aristotélico que orientaram as primeiras
gramáticas.

Nesse jogo de relações, o tópico do Órganon fornece os elementos básicos do que se


conhece por ‘quadrado das oposições’ ou simplesmente ‘quadrado lógico’, tais
elementos são as proposições contrárias e proposições contraditórias.

Objectivos

Geral:

 Compreender a lógica do juízo;

Específicos:

 Analisar o quadro lógico;


 Anunciar as leis das inferências imediatas por oposição;
 Mostrar a tabela de verdade.

Quanto a metodologia usada para elaboração do trabalho, foi necessário auxílio de obras
científicas que abordam o tema em destaque, sendo elas físicas e electrónicas. A
estrutura deste trabalho obedece as normas em vigor na Universidade Rovuma.
4

1. Lógica do juízo

Para Aristóteles apud Ross (1981), a palavra lógica pode ser considerada um sinónimo
da palavra 'analítica', “a análise do raciocínio nas figuras do silogismo, mas podemos até
estende-la de modo a incluir a análise do silogismo em proposições e as proposições em
termos” (p. 38).
Quando unimos os termos entre si, afirmamos ou negando algo de alguma outra coisa,
temos um juízo. O juízo, portanto, é o ato com que afirmamos ou negamos um conceito
em relação a outro conceito. E a expressão lógica do juízo, isto é a enunciação ou
proposição. (Reali & Antiseri, p. 228)

Segundo Aristóteles (2005), diz que, um Juízo é uma frase ou locução com significado,
e de forma mais precisa, o Juízo é a operação mental mediante a qual relacionamos dois
conceitos, afirmando ou negando a sua vinculação. Um Juízo exprime-se na Proposição,
ou seja, a Proposição é um enunciado de um juízo. O Juízo é constituído por ideias ou
conceitos, e a Proposição é constituída por termos

Basicamente, o sistema aristotélico cria regras de valoração e inferência consideradas


válidas pelo raciocínio, um dos principais meios para isto é a valoração dicotômica
“verdadeiro-falso”, valoração que dá origem a regras de inferência bem mais
complexas. Para tal, é necessário o entendimento de elementos como ‘termo’,
‘sentença’, ‘proposição’, ‘afirmação’ e ‘negação’ que são básicos para as relações
opositivas e para os silogismos.

1.1. Quadro lógico


"Aristóteles considerou algumas relações entre os enunciados universais e particulares,
acrescidos de suas qualidades, os quais foram sistematizados no Quadrado Aristotélico
(Lógico) da Oposição, por Apuleio de Madaura (s. II d. C.)ʺ (Vigo, 2007, p. 29).
5

A partir dos enunciados contidos no Quadrado e possível realizar algumas inferências


directas entre eles. O autor classifica quatro tipos de enunciados gerais utilizando, para
esse fim, as vogais das palavras AfIrmO e nEgO, apresentando um sistema de
oposições entre eles. (Vigo, 2007)

O tema primordial em Da Interpretação é a linguagem e sua relação como tradutora ou


intérprete do pensamento. A predicação dos seres torna-se possível através da
interpretação de como a mente, ou alma na terminologia filosófica, percebe a realidade.
Uma das formas de expressar um raciocínio a respeito de algo é através de oposição,
que é uma das formas mais simples de organização mental do significado. A apreensão
do tipo ‘ser’ e ‘não-ser’ é elementar à Interpretação e ao significado, por isso, propôs
um jogo de relações entre opostos, com contrários e contraditórios. (Nolt& Rohatyn,
1991)

Segundo Neves Filho & Rui (2016) dizem que, as relações possíveis, no Quadrado,
ocorrem entre (A e E), (I e O), (A e O) e (E e I). Observe o seguinte esquema para,
após, pensarmos em quais tipos de inferências imediatas poderão ser produzidas. Estas
inferências imediatas são propriedades lógicas que, para fins didácticos, chamaremos de
'leis'

Contrárias (A e E): quando, tendo o mesmo sujeito e o mesmo predicado, uma das
Proposição é universal afirmativa (Todo S é P) e a outra é universal negativa (Nenhum
S é P); ou quando uma das proposições é particular afirmativa (Alguns S são P) e a
outra é particular negativa (Alguns S não são P); (Chaui, 2000)

Na óptica de Neves Filho & Rui (2016),


A Lei dos Contrários – ocorre entre (A e E), relação exposta no alto no Quadrado, e
nos diz o seguinte: a verdade de um desses enunciados implica a falsidade do outro, isto
e, eles nunca poderão ser simultaneamente verdadeiros, apesar de poderem ser
simultaneamente falsos. (p.36)

Subalternas: quando uma universal afirmativa subordina uma particular afirmativa de


mesmo sujeito e predicado, ou quando uma universal negativa subordina uma particular
negativa de mesmo sujeito e predicado. (Chaui, 2000)

Neves Filho & Rui (2016) frisam que,


A Lei da Subalternação – ocorre entre (A e I) e entre (E e O), como mostram as
flechas que estão nos lados do Quadrado, e nos diz o seguinte: Da verdade dos
6

enunciados universais, se segue a verdade dos enunciados particulares correspondentes.


(p.36)

Por exemplo, se for verdadeiro que 'Todos os homens são mortais' (A), então será
necessariamente verdadeiro que 'Algum homem e mortal' (I). Se for verdadeiro que
'Nenhum homem é um cão' (E), será verdadeiro necessariamente o enunciado que
afirma que 'Algum homem não e um cão' (O).
No entanto, da falsidade do enunciado universal, não se segue a falsidade do enunciado
particular correspondente.
Por exemplo, o enunciado 'Todo gato e branco' (A) e falso, todavia, seu enunciado
particular correspondente, 'Algum gato e branco' (I), e verdadeiro.

Aristóteles (2005) salienta que,


Se o enunciado particular for falso, seu correspondente universal também será falso: se
for falso o enunciado 'Algum homem e um reptil' (I), obviamente 'Todo homem e um
reptil' (A) será falso também. E o mesmo vale para (O) e (E). Contudo, se o enunciado
particular for verdadeiro, não segue que seu correspondente universal e verdadeiro
também. (p.76)

Por exemplo, o enunciado 'Algum gato e branco' obviamente e verdadeiro, mas seu
correspondente 'Todo gato e branco' não o e8.

Contraditórias: quando temos o mesmo sujeito e o mesmo predicado, uma das


proposições é universal afirmativa (Todos os S são P) e a outra é particular negativa
(Alguns S não são P); ou quando se tem uma universal negativa (Nenhum S é P) e uma
particular afirmativa (Alguns S são P) (Chaui, 2000)

Filho & Rui (2016) frisam que,


A Lei dos Contraditórios - ocorre entre os enunciados (A e O) e (E e I), ou, entre os
enunciados que estão sistematizados no 'x' do Quadrado, e nos diz o seguinte: da
verdade de um desses enunciados e possível inferirmos a falsidade de seu contraditório
correspondente, ou, em outros termos, e impossível que ambos sejam verdadeiros ou
falsos simultaneamente. (p.236)

Por exemplo, se for verdadeiro que 'Todos os homens são mortais' (A), então
necessariamente será falso que 'Nenhum homem e mortal' (E). No entanto, observe que
tanto o enunciado 'Todo gato e branco' (A), quanto seu contrario, 'Nenhum gato e
branco' (E), são falsos, o que e possível nessa relação.

Subcontrarias (I e O) - sio duas proposições particulares que, tendo o mesmo sujeito,


diferem na qualidade. (Geque & Briate, 2010)
7

A Lei dos Subcontrários – ocorre entre (I e O), relação exposta na parte de baixo do
Quadrado, e nos diz o seguinte: esses enunciados nunca poderão ser simultaneamente
falsos, mas podem ser simultaneamente verdadeiros. (Nolt& Rohatyn, 1991)

Por exemplo, se o enunciado 'Algum homem é grego' (I) for verdadeiro, seu
subcontrario 'Algum homem não é grego '(O) também poderá ser verdadeiro.
Obviamente, estes enunciados nunca serão falsos simultaneamente.

1.2. Tabela de verdade


̏ Para determinar a validade de um argumento, contudo, precisamos saber o valor de
certas formulas não apenas com respeito a uma certa valoração (que poderia, digamos,
corresponder ao mundo real), mas em todos os casos possíveisʺ. (Mortari, 2001, p.141)

Há diferentes métodos semânticos que podem ser empregados. No entanto, aqui


veremos apenas um deles: o Método das Tabelas de Verdade.

De acordo com filho e Rui (2016) frisam que:


Para começar, você tem que saber que podemos ‘descobrir’ três coisas com esse
método: primeiro, evidentemente, o valor-se-verdade de formulas, ou seja, se elas são
tautologias, contradições ou proposições contingentes; segundo, poderemos verificar se
determinadas formam de argumentos são validas ou não; terceiro, se formulas são ou
não equivalentes. (p.63)

Na óptica Nolt & Rohatyn, (1991) salientam que, ̏para isso, comecemos por identificar a
tabela-de-verdade de cada um dos conectivos lógicos que você já conhece: a negação, a
conjunção, a disjunção, o condicional e o bicondicional. Utilizaremos as letras
sentenciais P e Q para construir as tabelasʺ. (p. 163)

a) A negação (~):
Suponhamos que temos uma sentença como Pedro é músico, representada aqui
simplesmente pela letra sentencial P, sabemos ser verdadeira. Qual seria o valor de sua
negação, isto é, Pedro não é músico?

Essa propriedade da negação pode ser resumida na seguinte tabelinha, que deve lembrar
a você a tabuada da escola primária. É basicamente a mesma coisa, apenas aqui estamos
trabalhando com valores da verdade, e não números. (Mortari, 2001)
P ~P

V F
F V
8

Note que, se uma formula qualquer, seja atómica ou molecular, for negada, altera-se o
valor-de-verdade: se for V, torna-se F, e vice-versa.
Com isso Filho & Rui (2016) dizem que,
Para as tabelas dos demais conectivos lógicos, e para futuros exercícios com formulas
complexas, há uma maneira de calcularmos as combinações possíveis entre as letras
sentenciais que compõem o exercício, o que determinara o numero de linhas do
exercício, tanto para as combinações mais simples, aquelas que estarão nas tabelas
abaixo, como para exercícios em que utilizaremos um numero maior de letras
sentenciais. (,p.65)

Para o cálculo das combinações corretas entre V e F nessas linhas, comece identificando
uma coluna para dada Letra Sentencial (e, sempre que essa letra ocorrer novamente, use
a mesma identificação escolhida). Normalmente, nessa primeira escolha, divida o
numero total de valores de- verdade entre verdadeiros e falsos igualmente. (Nolt&
Rohatyn, 1991)

b) A Conjunção (˄):
Mortari (2001) diz que, como mencionado anteriormente, quando afirmamos uma
conjunção a˄B estamos pretendendo dizer que as duas formula, a e B, é verdadeira. Isso
é resumido na tabela seguinte:
A B a˄B
V V V
F V F
V F F
F F F

A conjunção, contudo, é uma função de verdade de dois argumentos. Assim, temos que
considerar os quatro casos possíveis, e dizer que a conjunção leva em cada um deles.

c) Disjunção
A disjunção, corresponde ‘ou’ em português. Mas, em português, existem dois sentidos
diferentes de ‘ou’ um exclusivo e um inclusivo. O sentido inclusivo é aquele de ‘e/ou’,
isto é, temos uma possibilidade, ou a outra ou, eventualmente, as duas coisas. (Mortari,
2001)

Na visão de neves filho & Rui (2016), frisam que,

Na interpretação inclusiva, uma disjunção é verdadeira s um dos disjuntos o for, ou,


eventualmente, se os dois forem. Já no caso da disjunção exclusiva, se os dois disjuntos
9

forem verdadeira, a disjunção será falsa. Assim, o que ocorre é que temos duas funções
de verdade correspondentes a disjunção. (p.37)

Disjunção (inclusiva) Disjunção (exclusiva)


P Q P^Q P Q P^Q
V V V V V F
F F V F F V
V F V V F V
F V F F V F

No primeiro caso, uma alternativa não exclui a outra. Neste caso, o ou é usado num
sentido não exclusivo. No segundo caso uma alternativa exclui, por si só, a outra – é a
disjunção exclusiva.

A disjunção exclusiva de duas proposições, p e q, é uma nova proposição que resulta


de ligar p e q pelo símbolo v; esta nova proposição é verdadeira se p e q têm valores
lógicos distintos e falsa nos outros casos.

d) Condicional
Note que o condicional só será falso, se o seu antecedente for verdadeiro e seu
consequente falso. Nos demais casos, o condicional sempre será verdadeiro. E claro que
você poderá questionar o fato de que, se soubermos que o antecedente do condicional e
falso, então saberemos, de antemão, que todo o condicional e verdadeiro! Isso e contra
intuitivo, e verdade, mas e o melhor que os lógicos conseguiram pensar. (Mortari, 2001)
P Q P→ Q
V V V
F F V
V F F
F V V
e) Bicondicional
O bicondicional nos diz que uma coisa se e somente se a outra. Ora, nesse caso, ele só
será verdadeiro se os seus dois lados forem iguais, ou verdadeiros, ou falsos.
P Q P↔Q
V V V
F F F
V F F
F V V
10

Conclusão
Através deste breve trabalho, vimos que os estudos oposicionais são bastante antigos,
remetem a Aristóteles, séculos antes da era cristã, até os nossos dias com várias
adaptações contemporâneas.

O quadrado lógico preocupa-se com a argumentação considerada válida. Os resultados


da análise de Aristoteles no Quadrado Lógico da Oposição, bem como o Silogismo,
agregados, fornecem ferramentas importantes para que, posteriormente, o filosofo trate
das demonstrações científicas, as quais terão profundas e importantes consequências
para sua teoria do conhecimento e epistemologia
11

Referências bibliográficas
Aristóteles. (2005).Órganon. Trad. Edson Bini. Bauru, SP: Edipro.
Chaui, M. (2000). Convite a filosofia. Ed. Atica, são Paulo.
Geque & Briate. (2010). Introdução a filosofia. Logman.
Mortari, C. (2001). Introdução á Lógica. Sao Paulo: Editora da UNESP.
Neves Filho, F,F. Rui, L, M. (2016). Elementos da lógica. Pelotas: NEPFIL.
Reali, G; Antiseri, D. (1990) História da Filosofia antiga, Vol I; editora Paulus,
S.Paulo.
Ross, W. D.(1981). Aristóteles. Traduccion de Diego F. Pro. Bibliografia actualizada
por Osvaldo N. Guariglia. Buenos Aires: Editorial Charcas, 2. Ed.

Vigo, A. (2006) Aristóteles: Una Introducción. Chile: Santiago, Instituto de Estudios de


La Sociedad, 275p.
12

Nolt, J. & Rohatyn, D. (1991). Lógica. Trad. Leila Zardo Puga & Mineko Yamashita.
São Paulo: Editora McGraw-Hill.

Você também pode gostar