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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

Rodovia MS 270 km 12; 79804970 Dourados


FCA – FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE BACHAREL EM ENGENHARIA DE AQUICULTURA

Danúsia Tavares de Albuquerque

POLVO

Trabalho escrito apresentado ao curso de Engenharia de


Aquicultura da Faculdade de Ciências Agrárias, na
Universidade Federal da Grande Dourados.

Disciplina: Introdução à Engenharia de Aquicultura

Professora: Daniele Albuquerque

DOURADOS, 06 de OUTUBRO DE 2016.


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Sumário

– Introdução...................................................................................................................03

– Anatomia do polvo......................................................................................................03

– Sistemas de cultivo e custos de produção.................................................................04

– Considerações Finais.................................................................................................06

– Referências................................................................................................................07

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Introdução

Os polvos são animais pertencentes à classe Cephalopoda e à ordem


Octopoda (oito pés), são moluscos sem concha, marinhos e carnívoros. Seu peso
oscila entre 3 a 40 kg e podem atingir até três metros de comprimento.

Em todo o mundo existem várias espécies de polvos que variam muito de


tamanho, mas a espécie mais numerosa, o polvo comum, o “Octopus Vulgaris”, tem
em média 70 cm. Polvos comuns vivem de 3 a 5 anos. Possuem cores que variam de
acordo com a espécie: amarela, castanha, marrom e avermelhada e habitam em
muitos locais, como recifes, frestas em pedras, grutas. Vivem solitários, só se
encontrando para o acasalamento.

Entre as características desta espécie surgem algumas que destacam o seu


potencial para a aquicultura ou engorda comercial, nomeadamente: fácil adaptação a
condições de cativeiro, aceita qualquer tipo de alimento, vivo fresco ou congelado;
crescimento rápido, especialmente nas primeiras fases de vida, a biomassa do
conjunto dos recrutas aumenta muito rápida e significativamente apresentando uma
taxa de crescimento diário entre 2 a 10%; elevada taxa de conversão alimentar,
incorporam 40 a 60% do alimento ingerido no seu próprio peso; elevada taxa de
reprodução, em condições ambientais favoráveis.

Anatomia do Polvo

Esses animais possuem corpos moles cobertos por uma pele sensível à luz,
sem esqueletos internos ou externos, sem conchas e são carnívoros, alimentando-se
de peixes, outros animais invertebrados e crustáceos. Para caçar, seguram sua presa
com os braços e golpeiam com seu bico ósseo, que é a única parte dura dos corpos
dos polvos, semelhante a um bico de papagaio. Podem ser predados por enguias,
tubarões, moreias, garoupas e golfinhos.

Possuem 3 corações, um cérebro, 2 olhos, um depósito com tinta e um sistema


de propulsão semelhante a um sifão, que faz com que se locomovam rapidamente,
chegando a 40 km/h. O coração principal bombeia o sangue através do corpo e os
outros 2 enviam sangue para dentro das guelras. Seus olhos percebem algumas
cores e são muito sensíveis, com estrutura semelhante aos olhos dos seres humanos,
possuindo íris, pupila, cristalino e retina. Foram utilizados como modelos para
melhorar lentes de câmeras fotográficas.

Para se defender, os polvos dispõem de 3 recursos: – emitir jatos de tinta preta


para fugir de seus predadores, deixando-os temporariamente sem visão. Essa
tinta tem cheiro forte, confundindo tubarões, que se guiam mais pelo olfato. A principal
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substância da tinta é a melanina, também presente no cabelo e pele de seres


humanos; – camuflagem – polvos podem alterar a cor e a opacidade e parecer outros
animais como moreias, ou imitar pedras e algas, chegando a enrugar a pele
(mimetização); – autotomia (auto = voluntário, próprio; tomia = partir, cortar) – quando
um predador agarra um de seus braços, o polvo pode desprendê-lo para distrair seu
atacante enquanto foge (como faz a lagartixa com sua cauda). Alguns dias depois,
nasce outro braço no mesmo lugar.

A reprodução é sexuada, e eles só têm uma relação sexual na vida. O ritual de


acasalamento pode durar até 7 dias. A fêmea libera um feromônio que atrai o macho e
impede que seja devorada por ele, pois certas espécies são canibais. O macho
fecunda a fêmea com a introdução de 1 braço em sua cloaca. O terceiro tentáculo
direito do polvo é, na verdade, seu órgão sexual chamado “hectocotylus”. A fêmea
deposita os ovos fecundados num local protegido, que podem chegar a 150 mil ovos,
aguarda que eles eclodam e morre após a eclosão, cerca de 1 mês depois, pois nesse
período ela não se alimenta. O macho morre alguns meses após a cópula. Os polvos
vivem para se reproduzirem.

São considerados os invertebrados mais inteligentes do mundo animal,


possuindo um sistema nervoso bem desenvolvido, (dois terços deste sistema está
localizado na cabeça e o restante está nos tentáculos) assim como órgãos sensoriais
complexos. Os tentáculos, possuem sistema nervoso independente e podem “decidir”
como executar uma tarefa.

Como os seres humanos, são também capazes de aprender novos


comportamentos por observação, conseguem resolver problemas e memorizar
(armazenamento de memórias – memórias curtas e de longa duração). Os polvos
desenvolveram grande inteligência, provavelmente, por uma questão de
sobrevivência, por possuírem corpos desprotegidos e por viverem em ecossistemas
complexos – sua inteligência se desenvolveu para resolver problemas ecológicos e
não sociais. Seus cérebros, proporcionalmente, são tão grandes quanto os de
mamíferos e pássaros.

Sistemas de cultivo e custos de produção

O consumo de carne de polvo é pequeno no Brasil, mas em outros países esse


animal é uma iguaria muito apreciada, o que tem estimulado tentativas de criação em
cativeiro.

Seu cultivo ainda apresenta algumas dificuldades técnicas, mas estudos vêm
sendo realizados para encontrar soluções que tornem essa atividade mais rentável. No
Brasil, pesquisas indicam que pode ser uma importante fonte de renda no litoral do
Nordeste, onde as águas costeiras oferecem as condições adequadas.

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Os polvos, moluscos marinhos sem estruturas rígidas internas, têm oito braços
munidos de ventosas e pele capaz de rápidas mudanças de cor. São conhecidas
atualmente cerca de 300 espécies desses animais, que fazem parte da dieta humana
desde tempos antigos.

As últimas estatísticas da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e


a Alimentação (FAO) mostram que a captura de polvo no mundo vem sofrendo
seguidas reduções, exceto na China.

Assim, para que o atual consumo por pessoa se mantenha ou aumente, a


única alternativa é recorrer à aquicultura. Solucionados os problemas tecnológicos
ainda existentes, o polvo certamente estará entre as 10 espécies aquáticas marinhas
mais cultivadas do mundo.

Alguns pesquisadores acreditam que pode alcançar rapidamente o segundo


lugar entre as espécies marinhas de cultivo, superado apenas pelas ostras.

Essa previsão tão favorável baseia-se na fácil adaptação das espécies de


polvo ao cativeiro e na alta taxa de conversão do alimento ingerido em massa
corporal, quando alimentados com suas presas naturais, como caranguejos.

Os polvos chegam a incorporar a seu corpo até 50% do alimento ingerido,


enquanto em outros invertebrados esse índice é de 30%.

Além dessas características, o polvo tem elevada fecundidade e alto


rendimento em carne. O rendimento em carne alcança cerca de 90% da massa
corporal do animal.

Outro aspecto relevante é o alto preço que a sua carne tem nos mercados
internacionais, principalmente na Coreia do Sul, na Itália e na Espanha.

Por ser uma iguaria apreciada, todas essas vantagens comparativas deveriam
impulsionar o cultivo desse molusco marinho em nível mundial, mas, mesmo com
todos os avanços tecnológicos, ainda existem dificuldades, em especial a produção
comercial de juvenis a partir de ovos que torne economicamente viável a criação do
polvo em cativeiro.

Além disso, a engorda de juvenis de polvo com alimentos processados


(rações) não tem mostrado bons resultados. O crescimento dos polvos é mais rápido
quando este é alimentado com crustáceos, moluscos e/ou peixes.

Atualmente, o Instituto de Ciências do Mar (Labomar) realiza pesquisas sobre a


engorda de juvenis de O. insularis, a espécie de polvo mais comum no Nordeste, em

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laboratório e em gaiolas no mar, empregando alimento natural e processado.

A carne de polvo, entretanto, ainda não faz parte da alimentação cotidiana dos
brasileiros. O consumo de polvo no país é de apenas 8 g por pessoa, por ano, média
insignificante quando comparada às estimadas para Espanha (760 g anuais por
habitante), Japão (980 g), Grécia (1,2 kg), Itália (1,4 kg) e Portugal (1,7 kg). Assim,
apesar do potencial de aproveitamento desse molusco como recurso alimentar, ainda
são necessárias pesquisas que viabilizem sua criação em cativeiro, além de trabalhos
voltados para sua popularização.

Hoje o cultivo consiste, basicamente, na engorda de indivíduos capturados no


meio ambiente com peso entre 300 a 750 gramas, até que seja atingido o seu peso
comercial, de 3 kg para machos e 2,5 kg para fêmeas de O. vulgaris.

Considerações Finais

A larvicultura deste animal vem sendo estudada há muitos anos, no entanto, os


principais centros de pesquisa que se dedicam ao estudo da larvicultura dessa espécie
ainda não conseguiram solucionar o que ocorre na fase planctónica da paralarva, uma
grande mortalidade. Tal facto, segundo os especialistas, é decorrente do
desconhecimento que ainda existe acerca do comportamento alimentar nesta fase.

Assim, o cultivo, na forma como é praticado atualmente, baseia-se fundamentalmente


na engorda de juvenis de 300 a 500 gramas, capturados no meio ambiente,
principalmente nos locais onde se cultiva mexilhões e ostras. Os polvos, por serem
grandes predadores desses moluscos, invadem os cultivos para se alimentar. Para
capturá-los são utilizados pequenos potes, feitos de PVC, tal como é efetuado pela
frota comercial que explora o recurso. Os potes são distribuídos bem próximos às
estruturas de cultivo de ostras e mexilhões e, segundo Francisco Oliveira Neto,
responsável na Epagri - Empresa de Pesquisa Agropecuária, pelo desenvolvimento do
cultivo de moluscos, há uma disponibilidade muito grande de juvenis, suficiente para o
cultivo sustentável de polvos.

Referências
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 http://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/15/cultura/1444943283_193785.html
 http://www.anda.jor.br/20/08/2013/polvos-solitarios-e-muito-inteligentes
 http://meatworld.com.br
 http://www.pesca.sp.gov.br/
 http://www.dgabc.com.br/Noticia/147938/polvo-nordestino
 http://es.slideshare.net/gcie/el-cultivo-del-pulpo
 http://www.rtve.es/noticias/20140429/claves-para-cultivar-pulpos-calamares-
sepias-libro-50-especialistas/930182.shtml
 http://imarpe.gob.pe/chiclayo/miscelania/proyectos/pulpo/pulpo.htm
 http://bcur.org/journals/index.php/TPSS/article/viewFile/301/280
 http://calocean.icm.csic.es/sites/default/files/PDF/Vidal_et_al_2014.pdf
 http://www.pesca.sp.gov.br/noticia.php?id_not=7007
 http://www.academia.edu/12929454/
Engorda_do_polvo_Octopus_vulgaris_em_gaiolas_flutuantes_de_pequeno_v
olume
 http://www.observasc.net.br/pesca/index.php/artigos/cultivo/1173-2014-06-30-
23-37-31
 http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1056&sid=2
 http://naturlink.pt/article.aspx?menuid=55&cid=70213&bl=1&viewall=true
 http://www.pesca.sp.gov.br/noticia.php?id_not=7007
 http://www.panoramaacuicola.com/noticias/2015/08/05/
cultivo_de_pulpo_innovacion_tecnologica_con_trascendencia_ecologica_y_s
ocial.html

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