I – FIGURAS DE VERDADES PROFUNDAS Ap 1.1-3, 9-11; Gn 3. 1-13; Ex 19.19-22; Is 6; 2 Co 12.1-10; Porque figuras? As palavras usadas no céu são santas, não podemos pronunciá- las. Paulo “ouviu coisas que palavras humanas não conseguem contar” 2Co 12.4. Nossa razão, humana, simplesmente não é capaz de atingir o sentido verdadeiro das coisas de Deus como elas realmente são. Por isso Deus usa figuras que possam ser compreendidas por nós
II – ELEMENTOS E FENÔMENOS DA NATUREZA
Ar – símbolo da vida, região em que a vida reina (1Ts 4.17); o último juízo de endurecimento, perda da vida eterna é figurado com o despejar da 7ª taça no ar; a esfera da vida torna-se esfera da morte (Ap 16.17). Água e mar em contraposição a terra – significa insegurança sinistra, elemento perigoso, considerado lodo sinistro, se torna em lago de fogo, o lugar da última e eterna moradia do diabo e aos que a ele pertencem (Ap 19.20; 20.14; 21.8) Mar de vidro – semelhante ao cristal (Ap 4.6), água limpa, sinal de pureza da criação original, sem poluição pelos homens em pecado, mar de Deus. Fogo – processo de refinação e purificação [pyr – puro], ( Ml 3.3). Símbolo de redenção e libertação (Lv 16.27). Símbolo de transformação: 2Pe 3.10 “…tudo o que há no Universo será queimado. A terra e tudo o que existe nela vão sumir.” Salvação e condenação chega ao auge em Ap 8.10.1 Deus recriará o novo céu e a nova terra das cinzas da destruição de toda a criação mediante o fogo (2Pe 3.7,11-13; Ap 21). Tempestade – perturbações no elemento da vida, o ar. Início da grande crise final da criação de Deus caída (Dn 7.2; Lc 21.25ss). Produz trovões e raios (Sl 11.6; 18; Mt 24.27) e saraivadas [granizo] e meteoritos [chuva de pedras] (Ap 16.21). Vários elementos – manifestações de Deus, do Cordeiro e do juízo final, João vê, muitas vezes, uma combinação de vários fenômenos da natureza – “a sua voz parecia o barulho de uma grande cachoeira” Ap 1.15. (v. Ap 8.5; 11.19; 16.18) III – MINÉRIOS Pedras preciosas – peitoral do Sumo Sacerdote do AT (Êx 28.15-21), representando o povo eleito do AT é deriva a descrição da Nova Jerusalém (Ap 21.19-20) como representante da Igreja no NT As pedras no peitoral do Sumo Sacerdote foram marcadas pelas 12 tribos do povo de Israel. No NT trazem os nomes dos 12 apóstolos. Elas enfeitam o fundamento da cidade, ou seja, a igreja de Cristo aqui na terra – doutrina dos apóstolos, na qual se fundamenta a Igreja do NT. As pedras refletem-se nas 12 pérolas que constituem a grande porta, o resultado final das pedras preciosas: a entrada na verdadeira igreja de Cristo. Metais – há vários que naquela época já eram conhecidos: ouro, prata, bronze e ferro. Um destaque especial tem o ouro – grande valor divino, algo especialmente precioso. Podemos citar: “faixa de ouro” (Ap 1.13; 15.6): divina prontidão para a ação frente à batalha; “ouro puro” (Ap 3.18): vida vivida em fé verdadeira; “coroas de ouro” (Ap 4.4): pureza, santidade; vitória dos que com ele são adornados; “vaso de ouro no qual se queima incenso” (Ap 8.3): onde as orações são reunidas para subir aos céus em toda a sua pureza; “sete taças de ouro cheias da ira de Deus” (Ap 15.7): a ira de Deus é santa, como é santo o seu juízo; “rua principal… de ouro puro” (Ap 21.21): não há mais impureza nessa cidade, que é a igreja que aqui na terra ainda está afligida, mas no céu é completamente pura. IV – ANIMAIS Cordeiro – Cristo sacrificado, mas também vitorioso, figura da libertação do povo de Israel do Egito (Êx 12). Recebe destaque na profecia messiânica de Isaías e nos escritos de Pedro e de João (Jo 1.29; 1Pe 1.19). É figura central na cristologia do Apocalipse (Ap 5.6; 6.16; 7.10; 12.11; 14.4). É notável o quadro em que o Cordeiro e o Dragão estão em luta, que é vencida pelo Cordeiro.
Cavalo – fenômenos terrenos mandados por Deus no decurso da história da
humanidade. Figura de Zacarias, o profeta (Zc 1.8; 6.2-3), repetida em Ap 6.1ss, onde aparecem os cavaleiros de Apocalipse. Águia – mesmo significado dos cavalos, mensageira de Deus diretamente ligada a seus juízos (Ap 8.13, e repetido várias vezes até Ap 12), tanto no julgamento dos ímpios quanto na providência de Deus para o seu povo, que vem imprevisível e rápido. Rãs – (Ap 16.13) – significa algo assombroso, mau e imprevisível em seu ambiente obscuro, o pântano. As rãs representam a voz desse ambiente, uma voz assombradora. O fato de serem três na passagem mencionada significa que querem ser a voz de Deus, quando na verdade são aliadas do diabo. Gafanhotos – (Ap 9) – aparecem como se fossem filhotes do dragão. No original a palavra tem o sentido de multidão. Simbolizam uma multidão de demônios que, com grande fúria, atacam os habitantes da terra. Dragão – símbolo do mal personificado no diabo. Suas características no livro de Apocalipse mostram o diabo em toda a sua fúria. Não é possível interpretar todos os detalhes dos monstros do Apocalipse, p. ex. as diademas, os dez chifres sobre as sete cabeças, seus olhos, seus pés, etc. (Ap 13; 17). V – RELAÇÕES HUMANAS São inúmeras as figuras utilizadas para representar as relações humanas, ordenanças e costumes da humanidade aqui na terra. Elas servem para ilustrar as relações entre Deus e seu povo, entre Deus e os incrédulos, entre Deus e as forças do mal, etc. Noivo e noiva – ou esposo e esposa. Simboliza a relação entre Deus e sua igreja na terra, tanto no AT quanto no NT. Cristo e a Igreja – Deus e seu povo. Todas as figuras sobre esta relação entre Deus e sua igreja estão fundamentadas no corpo (1Co 6.15-17; Ef 4.1-16): a igreja é o corpo de Cristo (1Co 12.27); os membros da igreja estão ligados à cabeça, Jesus (Ef 4.15); a fé liga os membros à cabeça; assim como o sangue dá vida ao corpo humano, a fé dá vida à igreja. Mulher – (Ap 12) – dá a luz um filho. Cristo que nasce no meio da Igreja do AT como homem. A igreja, “seu vestido era o sol, debaixo dos seus pés estava a lua, e ela usava na cabeça uma coroa que tinha doze estrelas”. Toda a criação de Deus está a serviço da Igreja de Cristo. Mulher com dores de parto – (Ap 12.2) – tribulações e perseguições que a igreja sofreu na era pré-messiânica, logo antes da vinda Cristo. Essas dores também podem ser trazidas para a era que antecede a segunda vinda de Cristo. Prostituta – Igreja infiel, instrumento de Satanás (Ap 17). VI – CORES As cores são introduzidas como símbolos na reunião de todas as cores do arco- íris. Arco-íris – Posto por Deus com setes cores nas nuvens com sinal de sua aliança. Acordo, aliança feita por Deus com a humanidade depois do dilúvio (Gn 9.8-17). Essa aliança perdura na aliança do NT, feita por Deus por meio de Cristo. Individualmente, as cores podem significar: Branco – é a cor da santidade, pureza, inocência, justiça (Ap 19.11-14); também é a cor da perfeição, da vitória de Cristo (cabelo branco, cavalo branco, pedra branca, roupa branca); aplica-se também ao cristão redimido e santificado pela fé (Is 1.18; Ap 7.13-14). Preto – denota fome, agonia, luto e sofrimentos em geral (Ap 6.5). Vermelho – aparece em várias combinações, geralmente como cor de sangue: no sentido concreto significa guerra (Ap 6.4), também assassínio (Ap 12.3, onde o “dragão” refere-se a Satanás [Ap 20.2]) em forma passiva, denota o sacrifício de Cristo e redenção pelo sangue de Cristo (Ap 7.14). Púrpura ¬– do vermelho escuro até roxo – é a cor da dignidade real, régia (Dn 5.29; Mt 27.28). Em Ap 17.3 aparece no sentido de dignidade falsa, hipócrita, mentirosa. Amarelo – divide-se, assim como o vermelho em dois símbolos distintos: amarelo pálido – cor de cadáver, significa morte (Ap 6.8). amarelo brilhante – como o ouro, vida intensa, radiante (Ap 1.15). Verde – é a cor predominante do arco-íris. É sinal de esperança na promessa divina cumprida (Ap 4.3). VII – NOMES SIMBÓLICOS Com exceção dos nomes das igrejas endereçadas, do lugar da composição do livro e do autor, todos os nomes usados no Apocalipse são simbólicos. Recebem destaque os seguintes:
Nova Jerusalém – (Ap 21.9) – símbolo da Igreja celestial, na qual os eleitos
moram com Deus. Não há mais necessidade de templo, pois Deus é tudo em todos. Babilônia e Egito – dois nomes que significam opressão, idolatria e luxúria – símbolo de inimizade contra Deus e contra o povo aqui na terra (Ap 14.8; 16.19; 17.5; 18.2,10; 11.8). Sodoma – significa o cúmulo da luxúria, vida pregressa e pervertida, prostituição, sexualismo, tentações mundanas, adoração da beleza falsa (Ap 11.8). Jezabel – rainha ímpia, mulher do rei Acabe, perseguidora dos profetas e servos de Deus. Também é símbolo de prostituição física e espiritual (Ap 2.20). Gogue e Magogue – Nomes simbólicos para a combinação total das forças inimigas de Jesus e sua Igreja, que se reúnem para a última batalha, que não começa, porque nesse momento começa o Juízo Final, em serão destruídos todos os inimigos, junto com o domínio satânico na terra. Seu antecedente se acha em Ez 38 (Ap 20.8). VIII – NUMEROLOGIA Nenhum número que aparece em Apocalipse é meramente número real e matemático. Cada número possui ao menos um sentido simbólico. A grande maioria é simplesmente simbólica. Existem regras para a interpretação dos números, que devem ser observadas para não tornar a interpretação absurda. Qualquer duplicação ou multiplicação é intensificação do sentido simbólico original. A numerologia do Apocalipse tem por base os seguintes dados: 3 (três): é o número de Deus. Qualquer repetição tríplice de uma invocação ou exclamação significa o Deus Triuno. Ex.: Santo, santo, santo; Cordeiro divino... 4 (quatro): é o número simbólico da criação de Deus (ou de todas as criaturas ou homens). Ex.: quatro seres viventes diante do trono do Cordeiro; quatro anjos nos quatros cantos da terra, tendo na mão quatro ventos; quatro anjos encarregados de perturbar o mundo; uma voz dos quatro lados do altar; as nações nas quatro partes do mundo, etc. 7 (sete): é a combinação do número de Deus com o número da criação (homens). Deus com os homens (EMANUEL): Deus (três) com os homens (quatro). É a ligação de Deus com a humanidade perdida. De outra forma, reflete as lutas e vitórias do povo de Deus no mundo. O número sete é o mais freqüente e o mais importante. Ex.: sete igrejas, sete candeeiros, sete anjos das igrejas sete estrelas, sete lâmpadas, sete espíritos, sete trombetas, sete flagelos, sete trovões, sete chifres do Cordeiro, o monstro (permitido por Deus a agir) com sete cabeças, sete taças da ira de Deus. Além disso, temos: os sete dias da criação, sendo o sétimo dia o dia de Deus, que ainda não terminou, a antiga aliança teve sua primeira expressão nas sete cores do arco-íris. Notem: 777 (repetição tríplice do número sete) é a expressão máxima de Deus com a sua criatura. Já 666 (repetição tríplice do número seis) falta a ligação de Deus com a criatura (Ap 13.18), expressão máxima da falta de Deus, cúmulo do mal. Por meio da repetição tríplice há a intenção de querer ser igual a Deus, ou tomar o seu lugar. 10 (dez): é o número da perfeição na criação de Deus; a perfeição na qualidade e a totalidade na quantidade; 1.000 triplicação de 10, é a totalidade dos anos previstos por Deus. É a época em que o diabo, acorrentado, não pode impedir que o evangelho seja pregado no mundo inteiro (Ap 20.1-4,6-7), tempo da graça. 12 (doze): é o número dos eleitos de Deus. É o segundo dos mais importantes números simbólicos do Apocalipse. Doze tribos no povo de Deus do Antigo Testamento. Doze apóstolos como representantes do povo de Deus no Novo Testamento. Doze estrelas como coroa na cabeça da mulher, significa a igreja eleita de Deus. Vinte e quatro anciãos ao redor do trono do Cordeiro são os eleitos das duas alianças de Deus.
Doze estrelas na cabeça da mulher – Igreja eleita de Deus.
Nova Jerusalém, que é a Cidade de Deus, a igreja de Cristo na eternidade, conforme descrita em Ap 21,9ss, possui 12 portas, 12 anjos, 12 fundamentos, etc. A medida completa da cidade, 12.000 estádios, deve ser vista como uma medida simbólica. O número dos eleitos de Deus (12) multiplicado com a triplicação do número da totalidade (10x10x10 =1.000), é a afirmação absoluta de que lá nenhum dos eleitos faltará. (1 estádio = 41,25 m; 12.000 x 41,25 = 495.000 m). A totalidade dos eleitos de Deus no céu é simbolicamente expressa pela multiplicação do número dos eleitos (12 x 12 = 144) com a triplicação do número da totalidade (10x10x10 = 1.000), portanto 144.000. Em contraposição à exatidão do número dos eleitos está o número incontado e incontável dos que são inimigos de Deus e de sua igreja, cujo número é segundo Ap 20.8, “como a areia do mar”. Ap 12 fala da expulsão de lúcifer do céu. 2Pe 2.4 fala que Deus mandou anjos que pecaram para o inferno. Sobre a veracidade das palavras de Apocalipse, João em Apocalipse 22.6-9; 18- 21, diz: “Então o anjo me disse: — Essas palavras são verdadeiras e merecem confiança. O Senhor Deus, que dá o seu Espírito aos profetas, enviou o seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que precisam acontecer logo. — Escutem! — diz Jesus. — Eu venho logo! Felizes os que obedecem às palavras proféticas deste livro! Eu, João, ouvi e vi todas essas coisas. E, quando acabei de ouvir e ver, caí de joelhos aos pés do anjo que me mostrou essas coisas e ia adorá-lo. Mas ele me disse:— Não faça isso! Pois eu sou servo de Deus, assim como são você e os seus irmãos, os profetas, e todas as pessoas que obedecem às palavras deste livro. Adore a Deus!... “Eu, João, aviso solenemente aos que ouvem as palavras proféticas deste livro: se alguma pessoa acrescentar a elas alguma coisa, Deus acrescentará ao castigo dela as pragas descritas neste livro. E, se alguma pessoa tirar alguma coisa das palavras proféticas deste livro, Deus tirará dela as bênçãos descritas neste livro, isto é, a sua parte da fruta da árvore da vida e também a sua parte da Cidade Santa. Aquele que dá testemunho de tudo isso diz: — Certamente venho logo! Amém! Vem, Senhor Jesus! E que a graça do Senhor Jesus esteja com todos.” Fonte: ROTTMANN. H. Johannes. Apocalipse – Comentário Bíblico – Editora Concórdia – 2015. 3º edição. (Compilação do resumo feito pelo pastor Elismar Vilvock).