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Pré-colonização

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Contar a História do Município de Ibirubá é lembrar de um passado longínquo, quando estas


terras cobertas de matas espessas e rios caudalosos eram habitadas por diversos grupos
indígenas, dedicados ao plantio, caça, pesca e coleta de frutos. Em 1973 o pesquisador José
Proenza Brochado identificou um sítio arqueológico (RS-MJ-b – Cadastro Nacional de Sítios
Arqueológicos IPHAN nº RS00107) destes grupos indígenas mais antigos datáveis até seis mil
anos antes do presente em Ibirubá (Goldmeier, Valter Augusto (Org.) e Schmitz, Pedro Ignácio
(Sup.). Sítios Arqueológicos do Rio Grande do Sul: fichas de registro existentes no Instituto
Anchietano de Pesquisas, São Leopoldo, RS. São Leopoldo, IAP, 1983. 167p.). Estes grupos
eram caçadores coletores das florestas e produziam grandes artefatos em pedra para
transformação do ambiente. A Tradição Arqueológica de Tecnologia Lítica Humaitá, a que esta
grupo foi relacionado, tem sido descrita como pertencente a um grupo caçador-coletor-
pescador, pré-ceramista e com o seguinte instrumental: lítico lascado (produzidos por
percussão); objetos em pedra com lascamentos bifaciais (retos, em "S", curvos, em ângulo
obtuso, etc.), grandes raspadores, picões, lascas e outros, Aparecem também mãos-de-pilão
em pedra, mão-de-mó, lâminas de machado polidas e semipolidas; batedores, percutores,
pedra com depressão semi-esférica polida, polidores, e outros MENTZ-RIBEIRO, Pedro A. “A
visão dos grupos pré-cerâmicos e as necessidades de pesquisas” [Trabalho apresentado na 6ª
Reunião Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – Estratégias de
Mudança e Integração no Cone Sul. Universidade Federal de Santa Maria, RS – 16 a 19 de
outubro de 1988.] – Revista BIBLOS. Rio Grande. 7: 95-101, 1995, p.100).

Neste mesmo sentido, mais recentemente, foi encontrado um micro-raspador em calcedônio


de grupos caçadores cujas datações remontam a oito mil anos. Estes grupos possuíam uma
Tradição Tecnológica (chamada de Umbu) que os possibilitava produzir líticos lascados
(produzidos por percussão e pressão), pontas-de-projétil, raspadores, furadores, lâminas
bifaciais, pequenos bifaces, pedras com entalhes, pontas entre entalhes, lascas retocadas,
lascas utilizadas, núcleos, entre outros; polidos em pedra criavam bolas de boleadeira,
boleadeira mamilar; pedras com depressão semi-esférica polida ("quebra-coco"), batedores,
batedores-trituradores, percutores, polidores, etc.; matéria corante (hematila com sinais de
utilização); produziam também artefatos em osso tais como pontas, agulhas, retocadores,
anzóis, e outros, a partir de conchas produziam contas-de-colar (MENTZ-RIBEIRO, Pedro A. “A
visão dos grupos pré-cerâmicos e as necessidades de pesquisas” [Trabalho apresentado na 6ª
Reunião Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – Estratégias de
Mudança e Integração no Cone Sul. Universidade Federal de Santa Maria, RS – 16 a 19 de
outubro de 1988.] – Revista BIBLOS. Rio Grande. Vol 7: pp 95-101, 1995, p.100).

Por volta de mil e quinhentos anos antes do presente os antepassados dos Kaingang (índios do
mato na língua Tupiguarani) chegam a região migrantes da área central do Brasil, construtores
de estruturas semi-subterrâneas estavam bem adaptados ao frio da região serrana. Sua
tecnologia material seguia seus antepassados, mas diferente destes desenvolviam uma
horticultura insipiente. (Beber, Marcus Vinícius O Sistema de Assentamento dos Grupos
Ceramistas do Planalto Sul-Brasileiro: o caso da Tradição Taquara-Itararé. / Marcus Vinícius
Beber; orientação Prof. Dr. Pedro Ignácio Schimtz, co-orientação Profª. Drª. Paula Caleffi. – São
Leopoldo, RS: UNISINOS, 2004.). Estes grupos entram em contato com os índios Guarani,
chegados ao Rio Grande do Sul a dois mil anos, que ocupavam os grandes vales dos rios em
altímetrias menores que quatrocentos metros. Os Guarani desenvolviam uma horticultura
fortemente calcada na produção de milho e mandioca. Quando do processo de
missionarização estes foram escolhidos formando duas reduções em região próxima a Ibirubá
(redução de Santa Tereza e de San Carlos) na primeira fase por volta de 1630. Estes primeiros
povoados foram invadidos por portugueses e índios aliados em 1641, levando ao refúgio
noutro lado do rio Uruguai daqueles que não foram apresados. (Barcelos, Arthur H.F. Os
Jesuítas e a ocupação do espaço platino nos séculos XVII e XVIII. Revista Complutense de
Historia de América, vol. 26: pp 93-116, 2000). Estes povoados tinham dado inicio a criação
extensiva na região do gado cimarrón, que iriam formar as Vacarias dos Pinhais. Na região a
presença dos Guarani, dos Kaingang e dos missionários europeus levou a desenvolver conflitos
em sua ocupação (FLORES, Moacyr Rio Grande do Sul: Guerras e conflitos. Porto Alegre:
Memorial do Rio Grande do Sul, 2008), para evitar isso uma rota de passagem para uso das
terras altas, para produção de gado e de erva mate, é firmada em um acordo entre os índios
com o pagamento de taxas aos Kaingang, na passagem por suas terras.

Já, durante o século XVII, mais precisamente a partir do ano 1630, o município que hoje é
conhecido como Ibirubá serviu de caminho para a passagem de indígenas que tinham por
objetivo chegarem até as Reduções Jesuíticas, que haviam sido refundadas a partir de 1682 se
estendendo o Tratado de Madrid (1750) que entregava estas terras de Espanha aos
portugueses. Os índios missioneiros tentaram resistir na Guerra Guaranítica (1754-1756). O
local desta passagem é conhecido como a localidade do Pinheirinho, zona rural do município,
onde segundo relatos foram encontrados os chamados correntões, utilizados para transpor os
rios Jacuí Mirim e Pinheirinho. Os índios derrotados dispersaram e em 1801 os portugueses
tomam posse das terras e incentivam os tropeiros a ocupar a região levando a sedimentar o
caminho antigo de condução do gado missioneiro agora se ligando aos caminhos da serra que
levavam o gado até São Paulo e deste a Minas Gerais.

Final do texto
Nas imediações de Santa Clara estabeleceram-se os primeiros povoados do
território hoje pertencente ao Município de Quinze de Novembro. Daí penetraram no
interior das matas, onde viviam os chamados “intrusos” descendentes de escravizados
foragidos, índios e portugueses, que desenvolviam suas atividade interagindo de forma
mais direta com a natureza todos em estado de quase primitivismo, isolados da
civilização (não é necessário este ufanismo, bobagem mesmo, a ocupação é intencional
e com a melhor tecnologia que se tinha na época, estamos no séc. XXI da história, onde
o cotidiano é reconhecido). Entre eles viviam, também, descendentes de soldados
alemães, os chamados “Brum-mers”.
Dentre os povoadores das terras onde hoje se encontra Ibirubá, ainda alguns
nomes hoje são lembrados pelos primeiros colonos e seus filhos, que aqui vieram
encontrá-los. Anotamos: o ex-escravizado Sebastião; João Hamel, João Ritter, Von
Spandeberg e Schimdt (dos Brum-mers); Lau (ou Laurindo Torto), Bernardino; e os de
outras etnias como caboclos Demisciano Trindade, Bento Trindade, Antônio e Vicente
Contador.

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