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Caderno Do Estudante - Soluções
Caderno Do Estudante - Soluções
ANO
O
CADERNO DO
ESTUDANTE
COMO PENSAR
TUDO ISTO?
SOLUÇÕES
Índice
PARTE I PARTE IV
Orientações para o estudo . . . . . . . . . . . . 4 Textos de apoio e questões
de verificação da leitura
Orientações para os testes . . . . . . . . . . . . 7
Texto 1 – O que é a filosofia? . . . . . . . . . . 78
Orientações para ler um texto
filosófico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Texto 2 – Validade e verdade . . . . . . . . . . 80
Texto 5 – A questão da
PARTE II objetividadeda da ética . . . . . . . . . . . . . . . 87
PARTE III
Fichas formativas
SOLUÇÕES EM
Capítulo 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 AULA DIGITAL
Capítulo 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Capítulo 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Capítulo 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Capítulo 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Capítulo 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Capítulo 7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
PARTE I
PARTE I
Os problemas em filosofia
A filosofia lida com problemas. Mas os problemas da filosofia não são empíricos, como os
problemas das ciências. O que significa que não se resolvem através da observação e da expe-
riência, mas sim através da reflexão crítica, da argumentação e da discussão racional. Entre os
elementos mais importantes do trabalho filosófico encontram-se os seguintes: problemas,
teorias e argumentos.
As teorias são as várias respostas possíveis para cada um desses problemas. Por exem-
plo, no capítulo 4, quando estiveres a tentar responder à pergunta “Há ações livres?”, irás
confrontar diferentes opiniões. Para uns a resposta será sim, para outros será não. Seja qual
for a opinião que venhas a defender acerca do assunto, o importante é que essa opinião esteja
suportada por bons argumentos.
Os argumentos são as razões apresentadas a favor e contra cada uma das teorias em
confronto acerca dos problemas que irás estudar.
Assim, a primeira coisa a ter em mente quando queremos estudar filosofia é que temos de
conhecer bem os problemas. Saber fazer as perguntas certas. Depois, queremos saber quais
são as várias respostas possíveis para cada uma dessas perguntas. Não para as decorar, é
certo, mas sim para podermos submetê-las a uma análise crítica. Ou seja, para podermos ava-
liá-las criticamente, tentando perceber de que lado estão as razões mais fortes.
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Os problemas da filosofia nem sempre são fáceis de resolver e, muitas vezes, podemos che-
gar ao fim do nosso estudo sem ter a certeza de qual é a teoria mais correta. Seja o que for que
acabes por pensar, o importante é que saibas dizer por que razão pensas da maneira que pensas.
Importa ainda referir que muitos dos problemas filosóficos são perguntas acerca de concei-
tos: “O que é a justiça?”, “O que é o conhecimento?”, “O que é a coragem?”, “O que é a beleza?”,
etc. Por isso, os conceitos também são um dos elementos centrais da filosofia.
Uma das principais ferramentas usadas pelos filósofos para avaliar criticamente os argu-
mentos é a lógica, que começarás por estudar logo no início do ano. Esta ferramenta é impor-
tante porque te permite construir e avaliar argumentos de modo rigoroso, para que possas to-
mar partido na discussão racional dos problemas filosóficos, de forma crítica e fundamentada.
Sugestões
Atenção nas aulas
Nas aulas de filosofia discutem-se teorias e argumentos em confronto. As teorias e os ar-
gumentos são conjuntos de proposições que se encadeiam logicamente umas com as outras.
Se perdes parte dessas ideias, porque estás distraído, torna-se mais difícil, no final, teres uma
boa compreensão das teorias e dos argumentos envolvidos na discussão. Por outro lado, se
estiveres atento nas aulas, o teu estudo em casa só irá levar-te metade do tempo, pois não
terás de fazer todo o esforço de compreender uma teoria partindo do zero. Desta forma, em
casa apenas estarás a consolidar aquilo que compreendeste na aula.
Dicionários e glossários
Em filosofia, as palavras que usamos assumem muitas vezes um sentido muito específico.
Por exemplo, quando se discute a existência de Deus, é preciso esclarecer, antes de mais, o que
se entende pela palavra “Deus”. Caso contrário, corremos o risco de estar a falar de coisas dife-
rentes quando usamos as mesmas palavras. Assim, para evitar este tipo de confusão, pode ser
útil recorrer a dicionários técnicos (específicos de cada disciplina), ou a glossários, porque nos
ajudam a compreender de que forma certas palavras são usadas pelos filósofos. Um bom dicio-
nário de filosofia pode ajudar-te bastante no teu estudo. Existem vários no mercado português,
mas há um que foi especialmente concebido para o Ensino Secundário e que está integralmente
disponível online: o Dicionário Escolar de Filosofia (https://criticanarede.com/dicionario.html).
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PARTE I Orientações para o estudo
Mapas conceptuais
Uma das estratégias muito usadas em filosofia é a elaboração de mapas conceptuais. Os
mapas conceptuais são esquemas nos quais se recorre aos principais conceitos das matérias
a estudar. No final de cada capítulo do manual Como Pensar Tudo Isto? tens exemplos destes
mapas. Podes também fazer os teus próprios mapas. É uma forma de estruturar mentalmente
o encadeamento das matérias e de perceber as teorias e argumentos estudados, como se fos-
sem peças de um puzzle.
Resumos
Os resumos são sempre úteis, pois permitem-te rever, no momento antes do teste, todos
os conteúdos estudados. Além disso, treinas a escrita, que é uma das componentes essenciais
para a realização de testes e exames. Os resumos podem ser feitos por cópia direta ou indireta.
Se é por cópia direta, estás a resumir, copiando partes do que lês, as partes essenciais para a
compreensão dos problemas e das teorias – o que é bom, pois, enquanto escreves, a informa-
ção passa para a tua memória e será mais fácil recordá-la mais tarde. Melhor ainda é, após o
teu estudo, fazeres uma pausa e, recorrendo apenas ao que aprendeste, escreveres no caderno
tudo o que compreendeste, sem te limitares a copiar a informação do manual ou de outro livro.
Um último conselho...
Preparar o estudo antecipadamente
A compreensão de teorias que envolvem complexidade, como as teorias dos filósofos, exi-
ge paciência e calma. Preparar este trabalho com antecedência coloca-te em vantagem para
obter boas classificações.
Em regra, estudar na véspera dos testes e exames não é uma boa estratégia, pois ficarás
apenas com uma ideia muito fragmentada dos conteúdos e não terás tempo suficiente para
esclarecer eventuais dúvidas que surjam durante o estudo, e para treinar possíveis respostas,
pondo à prova os conhecimentos que adquiriste e a capacidade que tens para estruturar o dis-
curso de modo claro e coerente, no tempo previsto para a realização da prova.
Lembra-te de que um teste ou um exame é uma prova em contrarrelógio. Não está apenas a
verificar o que és capaz de fazer, mas sim a verificar o que és capaz de fazer dentro de um certo
intervalo de tempo. Ora, assim como os atletas que querem bater recordes olímpicos não se
lembram de começar a correr no dia da maratona, também tu deves ter tempo para treinares
e estruturares as tuas respostas antecipadamente. Assim, no dia do teste, o teu cérebro estará
bem exercitado e será mais rápido a dar resposta aos desafios que te forem colocados.
Bom estudo!
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Orientações para os testes
Apresenta Diz o que é/Diz em que consiste... • Apresenta uma objeção ao subjetivismo.
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PARTE I Orientações para os testes
Alguns destes verbos exigem competências mais simples, pois visam apenas testar a com-
preensão dos problemas, das teorias e dos argumentos estudados (exemplos: indica, identi-
fica, enumera). Outros requerem que faças um maior esforço de compreensão e análise, pois
implicam que sejas capaz de interpretar e relacionar diferentes informações (exemplos: ca-
racteriza, analisa, relaciona, compara). Por fim, existem ainda alguns verbos que exigem que
penses de forma crítica e pessoal, pois pedem-te que assumas uma posição fundamentada em
relação ao que está a ser discutido (exemplos: justifica, argumenta, avalia).
Geralmente, os testes e exames de filosofia têm três tipos de questões: questões de es-
colha múltipla, questões de resposta curta e questões de desenvolvimento.
Nas questões de escolha múltipla deves começar por ler atentamente o enunciado e
tentar excluir as alternativas que estejam claramente erradas. Assim, ficas com mais tempo
para te debruçares sobre as restantes alternativas, por forma a encontrares a solução do exer-
cício. Em geral, estas perguntas servem para testar a compreensão dos problemas, das teorias
e dos argumentos estudados e das suas implicações em certos contextos específicos.
As questões de resposta curta também são, geralmente, questões interpretativas, que
testam a tua compreensão dos problemas, das teorias e dos argumentos estudados. Uma vez
que testam a compreensão daquilo que estudaste, estas perguntas pedem-te, muitas vezes,
que assumas um determinado ponto de vista. Por exemplo: “De acordo com o subjetivismo, em
que consistem os factos morais?”, “De acordo com Kant, o que torna uma ação certa ou erra-
da?”, “Em que consiste a felicidade para Mill?". Deves, por isso, demonstrar que compreendes
o que te é perguntado, sem te alongares em dissertações vagas em torno do assunto.
No que diz respeito às questões de desenvolvimento, importa salientar que, embora
estas apelem, quase sempre, a uma tomada de posição pessoal acerca de um problema fi-
losófico, a sua avaliação não recai sobre a posição defendida, mas sim sobre a forma como
são articuladas razões para a fundamentar. Isto significa que, ao responderes a este tipo de
perguntas, deves sempre começar por demonstrar que compreendes qual é o problema filo-
sófico em causa e, em seguida, apresentar as principais posições em confronto em relação ao
problema, indicando qual delas subscreves. Por último, deves tentar argumentar, com rigor, a
favor da tua perspetiva e contra as perspetivas a que te opões.
Se seguires estes conselhos, verás que, rapidamente, terás os resultados que ambicionas.
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Orientações para ler um texto filosófico
O domínio das competências transversais de leitura, interpretação e compreensão de
um texto, quer seja filosófico ou não, é um pré-requisito essencial e indispensável para a
atividade filosófica e, consequentemente, para a disciplina de filosofia e que te acompanhará
ao longo de toda a vida. Mesmo que, no final do Ensino Secundário, não optes por uma área
de estudo ou profissional relacionada com a Filosofia, as competências que aprendeste com a
disciplina revelar-se-ão úteis para sempre.
O trabalho filosófico que desenvolverás ao longo destes dois anos da disciplina passará
pela análise de textos e é, em boa parte, através desta análise que poderás conhecer e com-
preender as ideias dos principais filósofos e pensadores que, ao longo dos tempos, marcaram
a nossa história, pensando, refletindo e debatendo sobre temas que interessam a toda a Hu-
manidade. Uma boa análise de texto é meio caminho andado para o sucesso nesta disciplina.
Eis os 10 passos fundamentais para procederes a uma boa análise de texto, que te per-
mitirão, no final, construir um esquema-síntese do que é essencial reter:
2. Identificar o problema
• Como irás perceber ao longo do ano letivo, a filosofia está dividida em proble-
mas, e os filósofos vão criando teorias de resposta a esses mesmos problemas,
sustentando-as através de argumentos. Deverás, por isso, ser capaz de perceber
qual o problema que está a ser explorado no texto que estás a ler, ou seja, o pro-
blema a que o autor está a dar resposta. Exemplos: “Há ações livres?”; “Há coisas
objetivamente certas ou erradas?”; “O que torna uma ação certa ou errada?”; “O
que é uma sociedade justa?”; “Teremos a obrigação moral de combater a pobreza
absoluta?”; “Pode haver guerras justas?”; “Será o aborto moralmente aceitável?”.
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PARTE I Orientações para ler um texto filosófico
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7. Identificar a tese principal que o texto apresenta face ao problema
previamente identificado
• Depois de perceber qual é a pergunta à qual o autor do texto tenta dar resposta,
deves identificar claramente qual é e em que consiste essa resposta. Por exemplo,
o autor defende que: “Não há ações livres”.
• Além disso, pode ser útil contrastar essa resposta com outras respostas possíveis
para o mesmo problema. Assim, terás uma ideia mais clara da controvérsia e sa-
berás dizer em qual dos lados da mesma se posiciona o autor do texto que estás
a analisar.
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PARTE I Orientações para ler um texto filosófico
Em síntese, quando lemos um texto de caráter filosófico, devemos procurar, de forma me-
tódica, responder às questões que ele coloca. O esquema que se segue, tenta mostrar exata-
mente isso: sugere a necessidade de se colocar ao texto questões diretas e de nele procurar
as respostas de que precisamos.
Boas leituras!
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Orientações para apresentações orais
As apresentações ou exposições orais, quer sejam individuais ou em grupo, serão uma ativi-
dade que realizarás frequentemente ao longo do teu percurso escolar. Agora que já te encon-
tras no Ensino Secundário, as apresentações orais adquirem uma nova dinâmica e constituem
um instrumento de avaliação essencial na generalidade das disciplinas que constituem o teu
currículo.
A filosofia não será exceção e, com frequência, no âmbito de um qualquer momento de aula,
programado ou não, o teu professor pedir-te-á para expores o teu raciocínio ou opinião acerca
de um dado assunto, para apresentares um argumento para defenderes uma ideia, ou mesmo,
para objetares algo que um colega teu acabou de expor. Se estiveres com atenção ao decorrer
da aula e, em simultâneo, refletires sobre a problemática que está a ser discutida, conseguirás
dar seguimento ao que te é pedido sem grande dificuldade.
Outra possibilidade é a de, mesmo quando não solicitado pelo professor, tentares intervir
espontaneamente e expor o teu ponto de vista, respeitando as intervenções de todos os teus
colegas, independentemente de estes concordarem ou discordarem das tuas ideias.
Contudo, estes são momentos informais do contexto de aula, para os quais não terás ne-
cessidade de efetuar uma preparação prévia. Basta estares atento e ires registando no teu ca-
derno os momentos principais. Não obstante, ao longo de cada ano letivo poderá haver um (ou
vários) momento(s), previamente definido(s) pelo teu professor, em que terás de apresentar o
resultado de um trabalho de investigação de uma forma mais rigorosa e elaborada. Por isso,
há alguns aspetos fundamentais que deverás ter em conta para te preparares bem para esse
momento e desenvolveres com sucesso a tua intervenção.
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PARTE I Orientações para apresentações orais
As duas primeiras são perspetivas incompatibilistas (que defendem que não é possível con-
ciliar duas ideias tão antagónicas) e a terceira é uma perspetiva compatibilista (que defende
que é possível haver ações livres num universo determinista). Na minha opinião, considero que
a teoria que constitui a melhor forma de responder a este problema é a perspetiva libertista,
segundo a qual… [caracterizar a perspetiva]. Isto porque… [justificar]”.
B. Identificação
Nesta etapa deverás fazer uma breve sinopse do teu trabalho. A sinopse é uma das estra-
tégias mais importantes para captar e estimular o interesse do teu público. Se a sinopse for
clara, assertiva e impactante, assim como o teu entusiasmo no momento da apresentação,
poderás contar com uma plateia curiosa pelo desenrolar da tua exposição. É neste momento
que apresentarás os aspetos principais a serem abordados.
Não deves esquecer que esta apresentação deverá seguir o fio condutor do trabalho de
investigação, que previamente entregaste por escrito ao professor.
Exemplo:
No momento da apresentação, não podes decidir que face ao problema do livre-arbítrio a
teoria de resposta que melhor se enquadra com as tuas perspetivas é o determinismo radical
se no trabalho escrito defendeste que seria o libertismo. Tens de ser coerente com tudo o que
escreveste porque na realidade a tua apresentação é apenas a expressão oral do teu trabalho
escrito.
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C. Comunicação
A forma como comunicas é uma chave para o sucesso da tua apresentação. O processo
básico de comunicação pressupõe quatro elementos fundamentais:
• A fonte ou o emissor, ou seja, a pessoa que transmite a mensagem. No contexto filosófico,
é o orador. Neste caso, tu ou o teu grupo de trabalho.
• A mensagem propriamente dita, que é o objeto da tua comunicação, aquilo que pretendes
transmitir e partilhar, ou seja, o teu trabalho de investigação.
• O destinatário ou o recetor, isto é, a pessoa ou grupo de pessoas a quem a mensagem é
dirigida – poderá ser a tua turma e o professor, ou um auditório mais alargado.
• O suporte ou canal, que é o meio físico que permite a transmissão da mensagem entre o
emissor e o recetor – pode passar pela exibição de um vídeo, uma apresentação em formato
PowerPoint ou Prezi, uma imagem apelativa, um objeto, um excerto de um livro, uma mú-
sica, um quadro, etc.
No decurso da apresentação, fazer uma boa comunicação pressupõe não só teres estes
elementos bem presentes como munires-te de ferramentas e mecanismos para conseguires
comunicar bem. Para isso, terás de:
• utilizar a comunicação verbal – Esta compreende toda a comunicação que envolve a lin-
guagem escrita ou falada, isto é, toda a mensagem transmitida através das palavras. Em
filosofia são muito valorizados a clareza e o rigor conceptual, na utilização e transmissão
de conceitos, e o vocabulário específico da temática em questão, na explicação das teorias
e dos argumentos que as sustentam.
• utilizar a comunicação não verbal – Este tipo de comunicação compreende todo o conjun-
to de sinais que não faz uso das palavras. Esta comunicação não possui a clareza da palavra
escrita e falada, mas está carregada de significados e, no contexto de uma apresentação,
pode até assumir um efeito surpresa ou sobrepor-se à comunicação verbal.
A comunicação não verbal inclui, assim, todos os sinais que produzimos através dos gestos
que fazemos. Estes sinais efetuam-se por intermédio das mãos, do rosto, da cabeça, da boca,
do olhar e pelo posicionamento e expressão do corpo. Mais ainda, a entoação da voz, o ritmo e
a velocidade a que se transmite a informação, a aparência e o aspeto geral do orador refletem,
também, a imagem que este quer passar aos outros. Aqui, podemos incluir o vestuário, o pen-
teado, o uso de acessórios e a postura. Todos estes elementos combinados permitem que as
pessoas projetem como são e/ou como gostariam de ser vistas. Resumindo, ainda que os ele-
mentos verbais de uma comunicação sejam imprescindíveis, temos de os fazer acompanhar
de uma linguagem não verbal concordante com o que pretendemos transmitir aos outros, pois
este tipo de comunicação tem muita influência no discurso e na arte de bem falar em público.
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PARTE I Orientações para apresentações orais
Exemplo:
Coloca-te de frente para o auditório, não coloques as mãos atrás das costas nem nos bol-
sos, estabelece contacto visual com o teu público, adota uma postura segura, confiante e dinâ-
mica, adequa o ritmo e o volume do teu tom de voz para que te ouçam, mas não em demasia,
introduz momentos de pausa para dar tempo ao auditório de poder assimilar a informação
partilhada, mostra energia, entusiasmo, criatividade e originalidade no teu discurso e expõe, de
forma clara, rigorosa e com correção linguística, o produto do teu trabalho.
Se for necessário, podes trazer o público até ti, colocando-lhe questões e tornando-o parte
integrante e ativa da tua apresentação, o que contribuirá para prenderes a sua atenção em
torno dos conteúdos transmitidos.
No final, agradece a atenção que te dispensaram.
Boa sorte!
16
PARTE II
PARTE II
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Para justificar as suas teses, os filósofos Assim, como nem sempre os filósofos
recorrem a argumentos. Um argumento aceitam as teorias e os argumentos uns
é um conjunto de proposições em que dos outros, também tu podes rejeitar as
se pretende justificar ou defender uma suas teorias e os seus argumentos, bem
delas com base noutra(s). A proposição como as teorias e os argumentos apre-
que está a ser defendida é a conclusão. sentados pelos teus colegas. Para isso,
As razões apresentadas para justificar a tens de os refutar. Refutar um argumen-
conclusão são as premissas. to é mostrar que esse argumento não é
persuasivo. Para esse efeito, podemos
Existem dois tipos de argumentos: fazer uma de três coisas:
• os argumentos dedutivos, em que i) mostrar que as premissas não garan-
aquilo que se pretende é que a verda- tem nem apoiam a conclusão, ou seja,
de das premissas seja suficiente para mostrar que o argumento não é válido
garantir a verdade da conclusão; nem forte;
• os argumentos não-dedutivos, em ii) mostrar que (pelo menos) uma das
que aquilo que se pretende é apenas suas premissas é falsa, ou seja, mos-
que a verdade das premissas seja su- trar que o argumento não é sólido,
ficiente para apoiar a conclusão. ainda que seja válido;
iii) mostrar que as suas premissas não são
Quando a verdade das premissas é su- mais plausíveis do que a conclusão, ou
ficiente para garantir a verdade da con- seja, mostrar que, ainda que seja sóli-
clusão, diz-se que o argumento é válido. do, o argumento não é persuasivo, pois
Quando, apesar de não garantirem a é viciosamente circular.
verdade da conclusão, as premissas a
tornam mais provável, diz-se que o argu- Refutar uma proposição é mostrar que
mento é forte. Mas a validade ou a for- essa proposição é falsa. Para refutar uma
ça de um argumento não bastam para proposição temos de construir um ar-
que este seja um bom argumento. Para gumento que mostre que ela é falsa, ou
isso, temos de nos certificar de que as seja, temos de contra-argumentar. Con-
suas premissas são verdadeiras. Quando tra-argumentar é argumentar contra uma
um argumento é válido e tem premissas dada teoria. Podemos contra-argumentar
verdadeiras, diz-se que o argumento é de forma direta ou indireta. Contra-argu-
sólido. Contudo, há argumentos sólidos mentar de forma direta é construir um
que não são persuasivos, porque as suas argumento que tem como conclusão a
premissas não são mais aceitáveis do negação da teoria em causa. Contra-ar-
que a sua conclusão – são argumentos gumentar de forma indireta, ou por re-
viciosamente circulares. Por isso, para dução ao absurdo, é tentar mostrar que
garantir que temos um bom argumento uma dada proposição é falsa, construindo
devemos certificar-nos, ainda, de que as um argumento que mostra que, se assu-
suas premissas são mais aceitáveis do mirmos essa proposição como premissa,
que a sua conclusão. somos validamente conduzidos a conse-
quências absurdas ou inaceitáveis.
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PARTE II Resumos e fichas de verificação
1. A filosofia é uma atividade dogmática, pois implica a avaliação rigorosa e imparcial das
razões que temos para pensar desta ou daquela maneira.
11. Nos argumentos dedutivos, aquilo que se pretende é que a verdade das premissas seja
suficiente para garantir a verdade da conclusão.
12. Nos argumentos dedutivos, aquilo que se pretende é apenas que a verdade das premissas
seja suficiente para apoiar a conclusão.
13. Um argumento é válido se, e só se, as suas premissas são todas verdadeiras.
14. Um argumento é forte se, e só se, é impossível que as suas premissas sejam todas verda-
deiras e a sua conclusão falsa.
16. Se uma das premissas de um argumento é falsa, então esse argumento não é sólido.
17. Para que um argumento seja persuasivo, as suas premissas devem ser mais aceitáveis do
que a sua conclusão.
18. Para que um argumento seja persuasivo, a sua conclusão deve ser mais aceitável do que as
suas premissas.
19. Para que um argumento seja persuasivo, é irrelevante saber se a sua conclusão é mais
aceitável do que as suas premissas, ou se as suas premissas devem ser mais aceitáveis do
que a sua conclusão.
20. Devemos sempre aceitar as teorias e argumentos dos filósofos que estudamos.
20
Resumo do capítulo 2 – Lógica formal
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PARTE II Resumos e fichas de verificação
22
A negação de uma universal afirmativa Morgan. Por exemplo, dizer que não é
é uma particular negativa, porque a pro- verdade que “Comeste carne, ou peixe”
posição diz que o predicado se aplica à to- é o mesmo que dizer que “Não comeste
talidade do conjunto a que nos referimos, carne, nem peixe”.
por isso, basta haver um caso em que
isso não se verifica para que a universal A negação de uma conjunção é a disjun-
afirmativa seja falsa. Por exemplo, a ne- ção entre a negação das suas conjuntas,
gação de “Todos os suspeitos são inocen- porque a conjunção diz que ambas as
tes” é “Algum suspeito não é inocente”. conjuntas são verdadeiras, por isso, bas-
ta que uma delas seja falsa para a con-
A negação de uma universal negativa é junção ser falsa – 2.a Lei de De Morgan.
uma particular afirmativa, porque a pro- Por exemplo, dizer que não é verdade que
posição diz que o predicado não se aplica “Foste à praia e ao cinema” é o mesmo
a nenhum dos elementos do conjunto a que dizer que “Não foste à praia, ou não
que nos referimos, por isso, basta haver foste ao cinema”.
um caso em que isso se verifica para que
a universal negativa seja falsa. Por exem- A negação de uma condicional corres-
plo, a negação de “Nenhum suspeito é ponde à afirmação da sua antecedente e
inocente” é “Algum suspeito é inocente”. à negação da sua consequente, porque a
condicional diz que a antecedente é su-
A negação de uma particular afirma- ficiente para a consequente, por isso, só
tiva é uma universal negativa, porque a afirmando a antecedente e negando a
proposição diz que o predicado se apli- consequente é que se mostra que a condi-
ca a algum elemento do conjunto a que cional é falsa – simplificação da negação
nos referimos, por isso, a única forma de da condicional. Por exemplo, dizer que
mostrar que isso é falso é mostrando que não é verdade que “Se a vida faz sentido,
não se aplica a nenhum. A negação de Deus existe” é o mesmo que dizer que “A
“Algum suspeito é inocente” é “Nenhum vida faz sentido, mas Deus não existe”.
suspeito é inocente”.
A negação de uma bicondicional corres-
A negação de uma particular negativa ponde à afirmação de que as proposições
é uma universal afirmativa, porque a pro- que a compõem têm valores diferentes,
posição diz que o predicado não se aplica porque a bicondicional diz que ambas as
a algum dos elementos do conjunto a que proposições se implicam mutuamente,
nos referimos, por isso, a única forma de por isso, basta que uma delas seja ver-
mostrar que isso é falso é mostrando que dadeira sem que a outra também o seja
se aplica a todos. Por exemplo, a negação para mostrar que a bicondicional é falsa.
de “Algum suspeito não é inocente” é “To- Por exemplo, dizer que não é verdade que
dos os suspeitos são inocentes”. “Algo é um cavalo se, e só se, é um mamí-
fero castanho” é o mesmo que dizer que
A negação de uma disjunção é a con- “Há cavalos que não são mamíferos cas-
junção da negação das suas disjuntas, tanhos, ou há mamíferos castanhos que
porque a disjunção diz que pelo menos não são cavalos”.
uma das disjuntas é verdadeira, por isso,
só quando nenhuma delas é verdadeira
é que a disjunção é falsa – 1.a Lei de De
23
PARTE II Resumos e fichas de verificação
24
FICHA DE VERIFICAÇÃO · Capítulo 2
1. A lógica é a área da filosofia que se dedica ao estudo dos aspetos relevantes para a argu-
mentação correta.
3. As conjunções são proposições simples, pois não contêm nenhum operador lógico.
11. Uma tautologia é uma proposição que é verdadeira em todas as circunstâncias possíveis.
12. Uma contingência é uma proposição que é falsa em todas as circunstâncias possíveis.
15. A negação de “Todas as obras de arte são belas” é “Nenhuma obra de arte é bela”.
16. A negação de “Deus existe e há mal no mundo” é “Deus não existe ou não há mal no mundo”.
17. A negação de “Se Deus existe, há mal no mundo” é “Se Deus não existe, então não há mal
no mundo”.
18. As proposições “Se Deus existe, não há mal no mundo” e “Se há mal no mundo, Deus não
existe” são equivalentes.
19. As seguintes formas argumentativas são todas válidas: Modus Ponens, Modus Tollens,
Silogismo Hipotético e Silogismo Disjuntivo.
20. Uma falácia informal é um argumento que parece válido, mas não o é.
25
PARTE II Resumos e fichas de verificação
26
Para não cometer a falácia do apelo à • Ad hominem – Ocorre quando se pro-
autoridade, os argumentos de autoridade cura mostrar que uma determinada
devem respeitar os seguintes critérios: proposição é falsa atacando a credibi-
• Devem basear-se na opinião de espe- lidade do seu autor.
cialistas no assunto em questão. • Ad populum – Ocorre quando se re-
• Deve haver consenso entre os espe- corre à opinião popular, ou seja, à opi-
cialistas da área. nião da maioria, para estabelecer a
verdade de uma dada proposição.
• Devem identificar claramente a auto-
ridade invocada. • Apelo à ignorância – Ocorre quando
se tenta provar que uma proposição é
Além das falácias informais associadas a
verdadeira porque ainda não se pro-
estes três tipos de argumentos, existem
vou que é falsa, ou que é falsa porque
ainda outras falácias informais comuns,
ainda não se provou que é verdadeira.
por exemplo:
• Espantalho (ou boneco de palha) –
• Petição de princípio – Ocorre quando Ocorre quando se tenta mostrar que
se pressupõe nas premissas aquilo se refutou uma determinada teoria (ou
que se quer ver provado na conclusão. argumento) atacando uma versão dis-
• Falso dilema – Ocorre quando numa torcida e enfraquecida da mesma (ou
das premissas se consideram apenas do mesmo).
duas possibilidades ou alternativas, • Derrapagem (ou bola de neve) –
quando na realidade existem outras Ocorre quando se tenta mostrar que
possibilidades que não estão a ser de- uma determinada proposição conduz
vidamente consideradas. a uma cadeia de implicações com um
• Falsa relação causal – Ocorre quando desfecho inaceitável, quando, na reali-
se atribui erradamente uma relação dade, ou um dos elos dessa cadeia de
causal a dois estados ou eventos com implicações é falso, ou a cadeia no seu
base numa mera sucessão temporal. todo é altamente improvável.
27
PARTE II Resumos e fichas de verificação
2. Os argumentos indutivos estão na base das nossas generalizações, mas não suportam as
nossas previsões.
4. Se um argumento indutivo se basear num número suficiente de casos, então as suas pre-
missas garantem a verdade da sua conclusão.
5. Mesmo que um argumento indutivo se baseie num número suficiente de casos, as suas
premissas não garantem a verdade da sua conclusão.
7. Se num argumento por analogia existirem diferenças relevantes entre os elementos com-
parados, então o argumento comete a falácia da falsa analogia.
10. Os argumentos de autoridade são muito usados em filosofia porque não costuma haver
consensos entre os especialistas desta área.
11. O argumento que se segue é uma falácia da petição de princípio: “Deus não existe, porque
até hoje ninguém conseguiu provar que ele existe”.
12. Numa falácia do espantalho ataca-se uma versão distorcida e enfraquecida da perspetiva
que se pretende atacar.
13. A afirmação que se segue poderia ser premissa de uma falácia do falso dilema: “Se tu não
estás certo, então eu estou certo”.
14. Numa falácia do apelo à ignorância conclui-se que uma proposição é falsa porque aqueles
que defendem a sua verdade são ignorantes.
15. O argumento que se segue é uma falácia do apelo à ignorância: “A maioria das pessoas
pensa que não temos a obrigação de combater a pobreza. Mas a maioria é ignorante. Logo,
temos essa obrigação”.
28
16. Quando rejeitamos uma ideia porque assumimos que esta teria uma série de implicações
implausíveis cometemos uma falácia da derrapagem.
17. O argumento que se segue é uma falácia ad populum: “Em geral, supõe-se que é errado
matar. Logo, é errado matar”.
18. O argumento que se segue é uma falácia ad hominem: “Einstein diz que os átomos existem.
Logo, os átomos existem”.
19. Numa falácia da falsa relação causal comete-se o erro de confundir uma mera sequência
temporal com uma relação causal.
20. O argumento que se segue é uma falácia da falsa relação causal: “Marquei golo quando
tinha as meias vermelhas. Logo, marquei golo por causa das meias vermelhas”.
29
PARTE II Resumos e fichas de verificação
30
Os críticos da análise condicional defen- e, por conseguinte,
dem que esta é falsa, pois existem inúme- iii) não temos livre-arbítrio.
ros exemplos de situações em que é falso
que o agente poderia, efetivamente, ter O libertismo sustenta que:
feito outra coisa, ainda que seja verdade i) o livre-arbítrio é incompatível com o
que este teria feito outra coisa, se tivesse determinismo;
escolhido fazê-lo. Por exemplo, imagine- ii) temos livre-arbítrio;
mos que um indivíduo com fobia a cobras
e, por conseguinte,
visita um Jardim Zoológico. É verdade que
caso ele desejasse entrar no reptilário iii) nem tudo está determinado.
para ver as cobras, ele entraria no reptilá- Os deterministas moderados podem re-
rio para ver as cobras (nada nem ninguém correr à estratégia da análise condicional
o impediria de fazer tal coisa); contudo, do conceito de “possibilidades alternati-
dada a sua fobia, ele nunca poderia vir a vas” para defender a sua perspetiva.
ter esse desejo e, por isso, é falso que ele
A principal objeção ao determinismo
poderia, efetivamente, tê-lo feito. moderado é o ataque à análise condicio-
Além do problema da compatibilidade, os nal, que vimos antes.
filósofos têm discutido aquilo que ficou Os deterministas radicais pensam que
conhecido como o “problema tradicional o argumento da consequência prova a
do livre-arbítrio” Esse problema pode incompatibilidade do livre-arbítrio e do
ser formulado conforme se segue: “Será determinismo e acreditam que, quer no
que temos livre-arbítrio?”. Existem três nosso dia a dia, quer nas ciências da natu-
respostas diferentes para este problema: reza, encontramos fortes indícios de que
o determinismo moderado – que é uma o determinismo é verdadeiro.
perspetiva compatibilista – o libertismo e As principais objeções ao determinis-
o determinismo radical – que são ambas mo radical são a objeção da mecânica
perspetivas incompatibilistas. quântica e a objeção da responsabilida-
de moral.
O determinismo moderado sustenta que:
Os libertistas também pensam que o
i) o livre-arbítrio é compatível com o de-
argumento da consequência prova a in-
terminismo;
compatibilidade do livre-arbítrio e do de-
ii) tudo está determinado; terminismo. Além disso, acreditam que
iii) temos livre-arbítrio. a nossa experiência quotidiana de fazer
escolhas faz com que seja inevitável sen-
tirmos que algumas das coisas que acon-
O determinismo radical sustenta que:
tecem dependem de nós.
i) o livre-arbítrio é incompatível com o
As principais objeções ao libertismo são
determinismo;
a objeção da ilusão e a objeção da alea-
ii) tudo está determinado; toriedade.
31
PARTE II Resumos e fichas de verificação
1. Dizer que temos livre-arbítrio é o mesmo que dizer que tudo aquilo que fazemos depende
fundamentalmente de nós.
3. De acordo com o compatibilismo, podemos ter livre-arbítrio, ainda que todos os aconteci-
mentos sejam a consequência necessária do passado e das leis da natureza.
5. O libertismo caracteriza-se por defender que temos livre-arbítrio e, portanto, nem tudo está
determinado.
7. O determinismo radical caracteriza-se por defender que tudo está determinado e, portanto,
não temos livre-arbítrio.
10. De acordo com a estratégia da análise condicional “Eu podia ter feito x” significa “Eu teria
feito x, se tivesse escolhido fazê-lo”.
11. De acordo com o compatibilismo, uma pessoa que passa fome no deserto, porque não tem
comida, não é livre de ingerir alimentos.
12. De acordo com o compatibilismo, uma pessoa que está trancada no quarto sem saber e
escolhe, ainda assim, permanecer lá dentro é livre de ir a uma festa.
13. De acordo com o compatibilismo, se eu assaltar um banco porque desejo ficar rico e acre-
dito que consigo escapar à justiça, então a minha ação foi livre.
14. De acordo com o determinismo radical, se o livre-arbítrio é verdadeiro, então nem tudo está
determinado.
15. Quer os deterministas moderados quer os deterministas radicais pensam que o livre-arbí-
trio não passa de uma ilusão.
32
16. De acordo com a mecânica quântica, há acontecimentos indeterminados.
17. A mecânica quântica serve para criticar tanto o determinismo radical como o determinismo
moderado.
18. A objeção da responsabilidade moral serve para criticar tanto o determinismo radical como
o determinismo moderado.
19. A objeção da aleatoriedade serve para criticar tanto o determinismo radical como o deter-
minismo moderado.
33
PARTE II Resumos e fichas de verificação
34
em três perspetivas cognitivistas: o subje- (1) Culturas diferentes têm códigos mo-
tivismo, o relativismo e o objetivismo. rais diferentes.
De acordo com o subjetivismo, na au- (2) Se culturas diferentes têm códigos mo-
sência de um domínio objetivo ao qual os rais diferentes, então não há uma ver-
nossos juízos morais se possam referir, dade moral objetiva, pois a verdade dos
os nossos juízos morais só podem des- juízos morais é sempre relativa à cultu-
crever as nossas preferências individuais ra ou ao grupo social onde estes são for-
e subjetivas e, por conseguinte, o seu mulados, mais propriamente, ao código
valor de verdade não é independente de moral (ou conjunto de normas) adotado
qualquer perspetiva. pelos seus respetivos membros.
(3) Logo, não há uma verdade moral obje-
O principal argumento que tem sido apre-
tiva, pois a verdade dos juízos morais
sentado a favor do subjetivismo é o argu-
é sempre relativa à cultura ou ao gru-
mento dos desacordos. Este argumento
po social onde estes são formulados,
pode ser formulado conforme se segue:
mais propriamente, ao código moral
(1) Mesmo dentro de cada sociedade ou
(ou conjunto de normas) adotado pe-
cultura existem amplos e profundos
los seus respetivos membros.
desacordos no que diz respeito ao va-
lor de verdade dos juízos morais. De entre as principais críticas ao relati-
vismo destacam-se as seguintes: o ar-
(2) Se, além das nossas preferências
gumento da diversidade cultural não
pessoais e subjetivas, houvesse um
é sólido, a maioria pode estar errada,
domínio de factos morais ao qual pu-
impossibilita o progresso moral das
déssemos apelar, então tais desacor-
sociedades e conduz ao conformismo.
dos não teriam lugar.
(3) Logo, não há um domínio de factos Segundo o objetivismo, os juízos morais
morais além das nossas preferências têm um valor de verdade e esse valor é
pessoais e subjetivas. independente de qualquer perspetiva, ou
seja, os juízos morais são objetivamente
De entre as principais críticas ao subjeti- verdadeiros (ou objetivamente falsos).
vismo, destacam-se as seguintes: o argu-
O principal argumento que tem sido apre-
mento dos desacordos não é sólido, im-
sentado a favor do objetivismo é o argu-
possibilita a existência de desacordos
mento da justificação imparcial. De acor-
morais genuínos, implica que somos
do com este argumento:
moralmente infalíveis e nem sempre os
nossos juízos morais correspondem às (1) Há juízos morais que não são justifi-
nossas preferências subjetivas. cáveis de um ponto de vista imparcial.
(2) Se há juízos morais que não são jus-
O relativismo cultural sustenta que os
tificáveis de um ponto de vista impar-
juízos morais se referem às nossas prefe-
cial, então há juízos morais objetiva-
rências coletivas ou, mais propriamente,
mente falsos.
ao conjunto de normas sociais acordadas
pelos membros da sociedade. (3) Logo, há juízos morais objetivamente
falsos.
O principal argumento que tem sido apre-
sentado a favor do relativismo é o argu- De entre as principais críticas ao objetivis-
mento da diversidade cultural. Segundo mo, destacam-se: o argumento dos de-
este argumento: sacordos e o argumento da estranheza.
35
PARTE II Resumos e fichas de verificação
1. Os juízos de facto são puramente descritivos e os juízos de valor são, pelo menos parcial-
mente, normativos.
4. Os juízos morais são juízos de valor, mas nem todos os juízos de valor são juízos morais.
7. Se eu acredito que há factos morais objetivos, então não sou subjetivista nem relativista.
8. De acordo com o subjetivismo, os nossos juízos morais referem-se apenas às nossas pre-
ferências subjetivas.
10. Os críticos do subjetivismo têm afirmado que o subjetivismo nos compromete com a exis-
tência de propriedades estranhas.
11. Os críticos do subjetivismo têm afirmado que este implica que somos moralmente infalíveis.
13. De acordo com o relativismo cultural, existe um padrão neutro do que é certo ou errado.
14. Os relativistas culturais defendem a sua perspetiva com base na diversidade de códigos
morais que existem espalhados pelo mundo.
15. O argumento da diversidade cultural não é sólido, pois é falso que culturas diferentes têm
códigos morais diferentes.
17. De acordo com o objetivismo, os juízos morais são crenças, mas o seu valor de verdade
depende de certas perspetivas.
18. Os objetivistas defendem a sua perspetiva com base na ideia de que certos juízos morais
são justificáveis de um ponto de vista imparcial e outros não.
19. Para um objetivista, a falta de consenso em ética deve-se à inexistência de factos morais
objetivos.
20. Os críticos do objetivismo têm insistido em que esta perspetiva nos compromete com a
existência de propriedades muito estranhas.
36
Resumo do capítulo 6 – A necessidade de fundamentação
da moral – análise comparativa de duas perspetivas filosóficas
A ética, ou filosofia moral, é a área da fi- O utilitarismo de John Stuart Mill carac-
losofia que se dedica aos problemas re- teriza-se por defender que:
lacionados com o modo como devemos
i) a única coisa que tem valor intrínseco
viver. A ética normativa é o ramo da ética
é a felicidade;
que lida diretamente com o problema
do critério ético da moralidade de uma ii) a ação correta é aquela, de entre as al-
ação: “O que torna uma ação moralmen- ternativas disponíveis, que mais pro-
te certa ou errada?”. move a felicidade.
No que diz respeito ao seu estatuto mo- O utilitarismo de Mill é uma teoria hedo-
ral os atos podem ser: nista, o que significa que considera que a
felicidade consiste apenas no prazer e
• impermissíveis – aquilo que é errado
na ausência de dor. Contudo, segundo
fazer;
Mill, os prazeres não valem todos o mes-
• facultativos – aquilo que não é errado mo, existem prazeres qualitativamente
fazer, mas também não é errado não superiores e prazeres qualitativamente
fazer; inferiores. Os prazeres superiores cor-
respondem aos prazeres intelectuais/es-
• obrigatórios – aquilo que é errado não
pirituais, e os prazeres inferiores corres-
fazer.
pondem aos prazeres corporais.
Para responder ao problema do critério
O utilitarismo é uma teoria consequen-
ético da moralidade de uma ação, os filó-
cialista, pois sustenta que o estatuto
sofos morais têm-se debruçado também
moral dos atos depende exclusivamen-
sobre o problema de saber o que tem va-
te das suas consequências. Além disso,
lor intrínseco. Algo tem valor intrínseco
trata-se de uma teoria agregacionista,
se, e só se, tem valor em si mesmo e por
pois defende que a ação correta é aque-
si mesmo, isto é, independentemente da-
la que produz o maior total de bem-estar
quilo que possa ser alcançado por seu in-
agregado, independentemente da forma
termédio. Pelo contrário, algo tem valor
como este se encontra distribuído pelos
instrumental se, e só se, tem valor ape-
diferentes indivíduos.
nas como meio para alcançar certos fins.
Assim, pode dizer-se que a ética normati- Contudo, Mill não considera que devemos
va procura determinar: estar permanentemente a calcular a uti-
lidade de cada ato, pois podemos adotar
i) o que tem intrinsecamente valor (ou certos princípios secundários, que a expe-
desvalor) – ou seja, procura desenvol- riência já demonstrou serem tendencial-
ver, comparar e avaliar diferentes teo- mente conducentes à maior felicidade,
rias do valor; como guias relativamente seguros para
ii) o que é certo ou errado fazer – ou seja, a nossa conduta. Mas estes princípios
procura desenvolver, comparar e ava- secundários não devem ser encarados
liar diferentes teorias da obrigação. como regras morais absolutas.
37
PARTE II Resumos e fichas de verificação
38
A ética de Kant é uma ética deontológica, A consequência que Kant retira de tudo
pois sustenta que as consequências não isto é que, ao contrário de tudo o resto
são o único fator relevante para determi- que existe na natureza, as pessoas têm
nar o estatuto moral das nossas ações. valor intrínseco incondicional: a dignida-
de humana. Daí Kant sugerir uma outra
De acordo com a ética de Kant, o princí-
formulação do Imperativo Categórico,
pio fundamental de toda a moralidade é
que recomenda o seguinte: “age de tal
o Imperativo Categórico, que recomen-
maneira que trates a humanidade, tanto
da o seguinte: “age sempre segundo uma
na tua pessoa como na pessoa de qual-
máxima tal que possas ao mesmo tem-
quer outra, sempre e simultaneamente
po querer que ela se torne lei universal”.
como fim em si e nunca simplesmente
Isto significa que, para Kant, uma ação é
como meio”.
correta se, e só se, podemos consistente-
mente querer que a máxima subjacente As principais críticas que a ética kantiana
à mesma se converta numa lei universal. enfrenta são as seguintes:
O teste de universalização imposto pelo • não permite fazer uma avaliação con-
Imperativo Categórico tem duas com- clusiva de uma ação quando não so-
ponentes: o teste da consistência da mos capazes de determinar com exa-
máxima e o teste da consistência da tidão qual é a máxima subjacente à
vontade. Uma ação só será moralmente mesma – problema da indeterminação;
correta se a máxima subjacente à mes-
• não permite resolver conflitos entre
ma passar nestas duas etapas do teste
deveres absolutos;
de universalização.
• implica, erradamente, que só temos
Kant sustenta que da aplicação do teste
obrigações morais para com seres ra-
da universalização resultam dois tipos de
cionais, morais e autónomos;
deveres: os deveres perfeitos e os de-
veres imperfeitos. Se a máxima de uma • implica, erradamente, que os nossos
ação não passa no teste da universaliza- desejos e emoções não têm um papel
ção, então essa ação viola um dever per- a desempenhar no domínio da mora-
feito. Se a máxima de uma ação não passa lidade;
no teste da consistência da vontade, en- • enfrenta o paradoxo da deontologia,
tão essa ação viola um dever imperfeito. isto é, parece contradizer-se, uma
Segundo Kant, os deveres perfeitos têm
vez que, apesar de considerar que a
sempre prioridade sobre os deveres
violação de uma restrição é um gran-
imperfeitos.
de mal, considera inaceitável fazê-lo
Kant defende que devemos respeitar a para evitar a ocorrência de um núme-
autonomia da vontade em todas as nos- ro ainda maior desse tipo de violações;
sas ações. Uma vontade é autónoma se,
• não é consistente com o facto de ha-
e só se, age segundo leis que formula
ver ações corretas com máximas que
para si mesma. Pelo contrário, uma von-
não passam no teste do Imperativo
tade é heterónoma quando, em vez de se
autodeterminar por um imperativo moral Categórico;
de natureza racional, segue regras que • não é consistente com o facto de ha-
lhe são impostas a partir de fora. ver máximas imorais universalizáveis.
39
PARTE II Resumos e fichas de verificação
3. Algo tem valor intrínseco se, e só se, tem valor por si mesmo.
4. O utilitarismo de John Stuart Mill defende que as únicas coisas que têm valor intrínseco são
o conhecimento, a beleza e a virtude.
5. De acordo com o utilitarismo de John Stuart Mill, há coisas que nunca devemos fazer, por
melhores que fossem as consequências.
9. Para o utilitarismo de Mill, as consequências são o único fator relevante para a avaliação
moral das ações.
10. O utilitarismo de Mill implica que é possível melhorar um estado de coisas aumentando o
número de indivíduos moderadamente felizes.
11. Para Kant, a única coisa que tem valor intrínseco é a boa vontade.
12. Kant considera que a intenção do agente é irrelevante para o estatuto moral das ações.
13. De acordo com a ética deontológica de Kant, as ações conforme o dever têm valor moral.
14. Kant sustenta que só os imperativos hipotéticos permitem agir por puro dever.
15. De acordo com o Imperativo Categórico, devemos agir segundo máximas que teriam boas
consequências se fossem adotadas por todos.
16. Os deveres perfeitos da ética kantiana estão associados a máximas que não podem sequer
ser concebidas como leis universais sem contradição.
17. Quando um dever perfeito entra em conflito com um dever imperfeito, a ética kantiana é
incapaz de nos dar qualquer tipo de recomendação prática.
18. De acordo com Kant, uma vontade é autónoma quando não se sujeita a qualquer tipo de
regras.
19. Segundo a ética kantiana, se ajudamos os outros porque sentimos um enorme prazer em
fazê-lo, então a nossa ação tem valor moral.
20. Segundo Kant, não temos obrigações morais para com os outros animais.
40
Resumo do capítulo 7 – O problema da justiça social
41
PARTE II Resumos e fichas de verificação
Rawls considera que nessas circunstân- racional supor que esses resultados são
cias é razoável supor que as partes con- todos igualmente prováveis e jogar pelo
tratantes só aceitariam uma distribuição seguro, ou seja, é racional escolher como
igual daquilo que ele designa por «bens se o pior nos fosse acontecer.
sociais primários», como liberdade, Na posição original, as partes não sabem
oportunidades, rendimento e riqueza. quais serão os resultados que podem ob-
Contudo, é de admitir que, estando salva- ter ao nível dos bens sociais primários nem
guardadas as suas liberdades e oportu- conhecem as probabilidades associadas
nidades, as partes poderiam muito bem a cada um desses resultados. Assim sen-
admitir uma distribuição desigual de do, a regra maximin diz-nos que é racio-
rendimento e riqueza, desde que isso nal supor que esses resultados são todos
deixasse todos numa situação melhor. igualmente prováveis e jogar pelo seguro,
Assim, Rawls conclui que uma sociedade escolhendo como se o pior nos fosse
justa deve ter subjacentes os seguintes acontecer. Daí escolhermos princípios que
princípios: visam assegurar que todos têm condições
• 1. Princípio da Igualdade de Liber- mínimas para viver uma vida digna.
dades – A sociedade deve assegurar O Princípio da Igualdade de Liberda-
a máxima liberdade para cada pessoa, des justifica-se com base no facto de a
compatível com uma liberdade igual liberdade ser um bem social primário,
para todos os outros. que é fundamental para concretizarmos
os nossos objetivos e projetos de vida
• 2a. Princípio da Oportunidade Justa –
(sejam eles quais forem). O Princípio da
As desigualdades económicas e so- Oportunidade Justa justifica-se porque
ciais devem estar ligadas a postos e as pessoas não são moralmente res-
posições acessíveis a todos, em con- ponsáveis pela lotaria social, isto é, pelo
dições de igualdade de oportunidades. facto de nascerem numa família rica ou
pobre e, portanto, os efeitos negativos
• 2b. Princípio da Diferença – A so-
dessa lotaria devem ser minimizados.
ciedade deve promover a distribuição
O Princípio da Diferença justifica-se
igual da riqueza, exceto se a existên-
dado que as pessoas não são moralmen-
cia de desigualdades económicas e te responsáveis pela lotaria natural, ou
sociais gerar o maior benefício para seja, pelos seus talentos naturais e, por-
todos, em especial para os menos fa- tanto, os efeitos negativos dessa lotaria
vorecidos. também devem ser minimizados.
Estes princípios são o resultado natural Rawls rejeita o utilitarismo, pois, à par-
da adoção da regra maximin. A regra tida, esta perspetiva é compatível com a
maximin é um princípio de escolha a apli- ideia de haver um conjunto de indivíduos
car em situações de incerteza e ignorân- que veja as suas liberdades sacrificadas,
cia. Segundo a regra maximin, quando como no caso da escravatura, para gerar
não sabemos ao certo quais serão os um maior total de riqueza e bem-estar;
resultados associados a uma escolha, o Princípio da Maior Felicidade poderia
nem conhecemos as probabilidades as- dar origem a uma sociedade em que
sociadas a cada um desses resultados, é existem grandes desigualdades.
42
Os libertaristas rejeitam a proposta de Além disso, Sandel considera que a ava-
Rawls. Para um libertarista, como Robert liação dos princípios da justiça é uma
Nozick, o padrão de redistribuição de ri- escolha moral; porém, com o «véu de
queza, imposto pelo Princípio da Diferen- ignorância», a escolha dos princípios
ça, implica uma interferência constante e da justiça é realizada apenas de forma
inaceitável do estado na propriedade pri- egoísta e por interesses pessoais (pois,
vada, legitimamente adquirida por cada as partes na posição original só se preo-
um de nós. Nozick sustenta que não é cupam individualmente em garantir que
possível defender consistente e simulta- não ficarão na pior situação possível).
neamente o Princípio da Liberdade e o
Desta forma, as deliberações e as de-
Princípio da Diferença.
cisões realizadas a coberto do «véu de
Os comunitaristas também rejeitam a ignorância» na posição original são mo-
teoria da justiça de Rawls, mas por ra- ralmente cegas, dado que o «véu de ig-
zões diferentes. O comunitarismo sus- norância» implica que as escolhas sejam
tenta que os indivíduos não existem de feitas por indivíduos totalmente desen-
forma isolada e autónoma, são cons- raizados e desprovidos de qualquer laço
tituídos por um conjunto de relações e social, interessados no seu próprio bem
interações sociais, ou seja, pelo facto de
e sem se guiarem por qualquer noção de
fazerem parte de uma comunidade, daí
bem comum ou sequer de vida boa.
a designação «comunitarismo». Sandel
rejeita a teoria da justiça de John Rawls, Assim, a crítica de Sandel não recai sobre
por considerar que esta assenta numa o Princípio da Diferença, mas sim sobre
conceção profundamente errada de pes- a prioridade do primeiro princípio so-
soa. Ao contrário do que é pressuposto no bre o segundo, dado que, na sua opinião,
argumento da posição original, não são também as liberdades individuais devem
seres individuais, desincorporados, que ser interpretadas em função de uma de-
vivem à margem de quaisquer laços co- terminada conceção de bem comum.
munitários, mas sim seres incorporados Para Sandel, deve haver uma prioridade
e inseridos numa comunidade. do bem comum na definição do justo.
43
PARTE II Resumos e fichas de verificação
1. Segundo Rawls, os princípios da justiça são aqueles que seriam acordados por indivíduos
racionais plenamente informados e motivados por princípios altruístas.
2. Rawls defende que, na posição original, os indivíduos não conhecem os seus talentos natu-
rais, mas conhecem a sua situação socioeconómica.
3. Rawls defende que, na posição original, os indivíduos não conhecem a sua situação socioe-
conómica, mas conhecem os seus talentos naturais.
4. Rawls defende que, na posição original, os indivíduos não conhecem a sua situação socioe-
conómica nem os seus talentos naturais.
5. De acordo com a teoria da justiça como equidade, qualquer tipo de desigualdade social é
inaceitável.
7. Rawls considera que o Princípio da Diferença tem prioridade sobre o Princípio da Igualdade
de Oportunidades.
8. Rawls considera que o Princípio da Diferença tem prioridade sobre o Princípio da Igualdade
de Liberdades.
9. Rawls considera que o Princípio da Igualdade de Liberdades tem prioridade sobre o Princí-
pio da Igualdade de Oportunidades.
10. O Princípio da Igualdade de Liberdades justifica-se com base na ideia de que a liberdade é
uma condição fundamental para a concretização de qualquer projeto de vida.
11. O Princípio da Igualdade de Oportunidades justifica-se com base na ideia de que existem
diferenças arbitrárias na distribuição de talentos naturais pelos indivíduos.
12. O Princípio da Diferença justifica-se com base na ideia de que existem diferenças arbitrárias
na distribuição de talentos naturais pelos indivíduos.
13. Rawls sustenta que os seus princípios da justiça resultam da adoção do padrão utilitarista.
14. Rawls sustenta que os seus princípios da justiça resultam da adoção da regra maximin.
15. A regra maximin recomenda que, se não sabemos o que nos vai acontecer, nem temos
forma de calcular a probabilidade associada a cada resultado possível, é racional escolher
a situação mais igualitária.
44
16. A regra maximin recomenda que, se não sabemos o que nos vai acontecer, nem temos
forma de calcular a probabilidade associada a cada resultado possível, é racional escolher
como se o pior nos fosse acontecer.
17. Os libertaristas, como Robert Nozick, criticam a prioridade do Princípio da Igualdade sobre
o Princípio da Diferença.
18. Os libertaristas, como Robert Nozick, defendem que o padrão de redistribuição da riqueza,
imposto pelo Princípio da Diferença, implica uma interferência constante e inaceitável do
estado na propriedade privada, legitimamente adquirida por cada um de nós.
20. Os comunitaristas, como Michael Sandel, defendem que o padrão de redistribuição da ri-
queza, imposto pelo Princípio da Diferença, implica uma interferência constante e inaceitá-
vel do estado na propriedade privada, legitimamente adquirida por cada um de nós.
45
PARTE III
PARTE III
Fichas formativas
Ficha formativa 1
Introdução à filosofia e ao filosofar
7 pt
1. A filosofia implica uma atitude…
A. crítica, porque implica aceitar certas ideias como verdades absolutas.
B. dogmática, porque implica aceitar certas ideias como verdades absolutas.
C. crítica, porque implica avaliar imparcialmente as razões a favor e contra as nossas cren-
ças fundamentais.
D. dogmática, porque implica avaliar imparcialmente as razões a favor e contra as nossas
crenças fundamentais.
7 pt
2. No decorrer da atividade filosófica de colocar em debate as nossas crenças e convicções ampla-
mente enraizadas, os filósofos têm como objetivo…
A. mostrar que para os problemas filosóficos existe apenas uma resposta certa.
B. separar de forma clara aquilo que é do domínio filosófico daquilo que é do domínio científico.
C. a análise e o exame crítico dessas crenças e convicções.
D. mostrar que só dessa forma podemos ser livres.
7 pt
3. Atenta nas questões que se seguem e seleciona a alternativa adequada.
7 pt
4. Atenta nas afirmações que seguem e seleciona a alternativa adequada.
48
7 pt
5. Atenta na definição que se segue e seleciona a alternativa correta.
Esta definição é…
A. apenas demasiado restrita.
B. apenas demasiado abrangente.
C. simultaneamente demasiado abrangente e demasiado restrita.
D. viciosamente circular.
7 pt
6. Atenta na definição que se segue e seleciona a alternativa correta.
Esta definição é…
A. apenas demasiado restrita.
B. apenas demasiado abrangente.
C. simultaneamente demasiado abrangente e demasiado restrita.
D. viciosamente circular.
7 pt
7. Num argumento dedutivamente válido…
A. as premissas são válidas e a conclusão é verdadeira.
B. a conclusão é válida se as premissas são verdadeiras.
C. as premissas são sustentadas pela conclusão.
D. a conclusão deriva necessariamente das premissas.
(TI 11 2012)
7 pt
8. Relativamente aos argumentos indutivamente fortes, é correto afirmar que…
A. a conclusão é verdadeira sempre que as premissas são verdadeiras.
B. a verdade das premissas torna improvável a falsidade da conclusão.
C. a verdade das premissas nunca dá credibilidade à conclusão.
D. a falsidade da conclusão é incompatível com a verdade das premissas.
(EN 1F 2013)
7 pt
9. Considera os seguintes enunciados relativos a argumentos.
49
PARTE III Fichas formativas
7 pt
10. Um argumento é um conjunto de proposições, mas nem todos os conjuntos de proposições
constituem argumentos. Esta afirmação é…
A. verdadeira, porque nem sempre existe uma relação de sustentação entre as proposições.
B. falsa, porque nem sempre existe uma relação de sustentação entre as proposições.
C. verdadeira, porque existe sempre uma relação de sustentação entre as proposições.
D. falsa, porque existe sempre uma relação de sustentação entre as proposições.
25 pt
1. Lê com atenção o texto que se segue.
Devemos procurar o valor da filosofia, de facto, em grande medida na sua própria incerteza.
O homem sem rudimentos de filosofia passa pela vida preso a preconceitos derivados do
senso comum, das crenças costumeiras da sua época ou da sua nação, e a convicções que
cresceram na sua mente sem a cooperação ou o consentimento da sua razão deliberativa.
Para tal homem o mundo tende a tornar-se definitivo, finito, óbvio; os objetos comuns não
levantam questões, e as possibilidades incomuns são rejeitadas com desdém. Pelo contrário,
mal começamos a filosofar, descobrimos [...] que mesmo as coisas mais quotidianas levam a
problemas aos quais só se podem dar respostas muito incompletas. A filosofia, apesar de não
poder dizer-nos com certeza qual é a resposta verdadeira às dúvidas que levanta, é capaz de
sugerir muitas possibilidades que alargam os nossos pensamentos e os libertam da tirania do
costume. Assim, apesar de diminuir a nossa sensação de certeza quanto ao que as coisas são,
aumenta em muito o nosso conhecimento quanto ao que podem ser; remove o dogmatismo
algo arrogante de quem nunca viajou pela região da dúvida libertadora; e mantém vivo o
nosso sentido de admiração ao mostrar coisas comuns a uma luz incomum.
Bertrand Russell. (2008). Os Problemas da Filosofia. Trad. Desidério Murcho.
Lisboa: Edições 70, pp. 216-217
1.1 Partindo do texto, esclarece em que medida a filosofia é uma atividade crítica.
50
25 pt
2. Lê as questões que se seguem.
a) Em que ano foi a Revolução Francesa?
b) O que é uma sociedade justa?
c) O que aconteceu no dia 11 de setembro de 2001?
d) Será aceitável fazer vítimas civis em nome da liberdade?
e) Será o conhecimento possível?
f) O suicídio assistido é legal em Portugal?
g) O que torna uma ação moralmente correta?
h) Qual é a religião com mais crentes?
i) Será que existe um Deus moralmente perfeito e todo poderoso?
j) Será possível conhecer sem experienciar?
2.1 Identifica as questões que correspondem a problemas filosóficos. Justifica a tua resposta.
50 pt
3. Atenta no argumento que se segue.
30 pt
1. Lê com atenção o texto que se segue.
Se a dor e o sofrimento são maus em si mesmos, então uma vida que contenha nada mais
além de dor e sofrimento, e que não seja equilibrada por bens compensatórios, não é digna de
se viver. Se uma tal vida não é digna de se viver e se a morte de um tal indivíduo não for pior
para os demais, então pode ser racional e moralmente permissível que ele cometa suicídio. Se
for racional e moralmente permissível para um indivíduo cometer suicídio, então o suicídio
assistido é aceitável. Há casos em que é racional e moralmente permissível para uma pessoa
cometer suicídio. Logo, há casos em que o suicídio assistido é aceitável.
A partir de Jeff McMahan. (2011). A Ética no Ato de Matar. Trad. Jônadas Techio.
Porto Alegre: Editora Penso, p. 480
51
PARTE III Fichas formativas
Ficha formativa 2
Lógica formal
7 pt
1. Considera as frases seguintes.
7 pt
2. “Alguns cozinheiros premiados são portugueses. Logo, alguns portugueses são cozinheiros pre-
miados.” Para determinar a validade do argumento anterior…
A. apenas é preciso apurar se a conclusão e a premissa são verdades conhecidas.
B. apenas é preciso verificar se a conclusão pode ser falsa, caso a premissa seja verdadeira.
C. é preciso saber se há cozinheiros premiados que também sejam portugueses.
D. é preciso conhecer, pelo menos, um português que seja um cozinheiro premiado.
(EN 2017 EE)
7 pt
3. Considera as condicionais seguintes.
52
7 pt
4. Atenta nas afirmações que se seguem e seleciona a alternativa adequada.
A. 1 e 2 não podem ser ambas verdadeiras nem podem ser ambas falsas.
B. 1 e 2 podem ser ambas verdadeiras e podem ser ambas falsas.
C. 1 e 2 podem ser ambas verdadeiras, mas não podem ser ambas falsas.
D. 1 e 2 podem ser ambas falsas, mas não podem ser ambas verdadeiras.
7 pt
5. Considera que P e Q representam duas proposições. Sabendo que (P –→ Q) é falsa…
A. Q tem de ser verdadeiro.
B. Q pode ser verdadeiro.
C. P tem de ser falso.
D. P tem de ser verdadeiro.
7 pt
6. A negação correta da afirmação “Existem casos de portugueses que votaram em branco nas
eleições presidenciais” é…
A. Nenhum português votou em branco nas eleições presidenciais.
B. Todos os portugueses votaram em branco nas eleições presidenciais.
C. Qualquer português votou em branco nas eleições presidenciais.
D. Alguns portugueses não votaram em branco nas eleições presidenciais.
7 pt
7. Considera a fórmula proposicional que se segue. Seleciona, depois, a alternativa que a descreve
corretamente.
¬ (P –→ (Q v ¬ Q))
7 pt
8. Qual das formalizações que se seguem descreve corretamente a seguinte proposição?
“Eu não gosto de filosofia e não gosto de filosofia”.
A. (¬ P Q)
B. (P ¬ Q)
C. (¬ P ¬ Q)
D. (¬ P ¬ P)
53
PARTE III Fichas formativas
7 pt
9. A proposição “Hoje vou ao cinema ou vou ao teatro” é falsa quando…
A. não é verdade que “hoje vou ao cinema” e não é verdade que “hoje vou ao teatro”.
B. é verdade que “hoje vou ao cinema”, embora não seja verdade que “hoje vou ao teatro”.
C. é verdade que “hoje vou ao cinema” e é verdade que “hoje vou ao teatro”.
D. não é verdade que “hoje vou ao cinema”, embora seja verdade que “hoje vou ao teatro”.
7 pt
10. A formalização lógica da proposição “Não é o caso que se o Luís gosta de filosofia, então o Luís
realiza todos os exercícios e supera os desafios propostos pela professora” é:
A. (P –→ (¬ Q R))
B. (¬ P –→ (Q v R))
C. ¬ (P –→ (Q R))
D. ¬ (¬ P –→(Q R))
25 pt
1. Testa a validade do seguinte argumento, aplicando o método das tabelas de verdade ou outro
método.
25 pt
2. Considera o dicionário seguinte.
Dicionário:
P – Marcelo Rebelo de Sousa é professor de Direito.
Q – Marcelo Rebelo de Sousa é professor de Economia.
R – Marcelo Rebelo de Sousa é presidente da República Portuguesa.
A fórmula que traduz «Marcelo Rebelo de Sousa é professor de Direito e é presidente da Repú-
blica Portuguesa» é (P R).
Escreve as fórmulas que traduzem as proposições seguintes.
a) Marcelo Rebelo de Sousa é professor de Direito ou de Economia.
b) É falso que Marcelo Rebelo de Sousa não seja professor de Direito.
c) Se Marcelo Rebelo de Sousa é presidente da República Portuguesa, então não é professor de
Direito nem é professor de Economia.
(EN 2017 EE)
54
25 pt
3. Aplicando uma das leis de De Morgan, o que se segue da seguinte afirmação?
Identifica qual é a lei enunciada.
Não é verdade que matar um inocente é correto e que poupar um criminoso é errado.
25 pt
4. Considera que a proposição seguinte é a conclusão de uma inferência com uma única premissa.
Se o Miguel Oliveira é o campeão português de Moto GP, então ele não deixa de
treinar afincadamente todos os dias.
Escreve a premissa que, mediante a aplicação de uma das formas de inferência válida estuda-
das, permite obter a conclusão apresentada.
Na tua resposta, identifica a forma de inferência válida aplicada.
30 pt
1. Lê com atenção o texto que se segue.
Se a ética fosse uma questão de verdade objetiva e não fosse meramente uma questão de
opinião, então haveria amplos consensos em ética. Porém, parece que em questões de ética
as pessoas discordam sobre tudo. Têm opiniões opostas sobre o aborto, a pena de morte,
o controlo de armas, a eutanásia, o ambiente e o estatuto moral dos animais. Discordam
quanto ao sexo, ao uso de drogas e à nossa obrigação de ajudar crianças necessitadas que
vivem noutros países. A lista poderia continuar indefinidamente. […] A conclusão natural é
que não é verdade que a ética é uma questão de verdade objetiva e não é apenas uma questão
de opinião.
James Rachels. (2009). Os Problemas da Filosofia. Trad. Pedro Galvão.
Lisboa: Gradiva, p. 244 (adaptado)
55
PARTE III Fichas formativas
Ficha formativa 3
Lógica informal
7 pt
1. Considera as frases seguintes.
7 pt
2. Supõe que alguém, com a intenção de defender que a teoria evolucionista está errada, argumenta
do seguinte modo:
7 pt
3. Num bom argumento indutivo…
A. uma das premissas, pelo menos, tem de ser verdadeira.
B. as premissas são verdadeiras e é improvável que a conclusão seja falsa.
C. as premissas são verdadeiras e a conclusão não pode ser falsa.
D. basta que as premissas sejam prováveis.
(EN 2016 2F)
56
7 pt
4. “Devem basear-se em semelhanças relevantes para aquilo que se pretende concluir”. Este critério
de avaliação de argumentos indutivos corresponde a que tipo de argumento?
A. Generalização indutiva.
B. Previsão indutiva.
C. Argumento de autoridade.
D. Argumento por analogia.
7 pt
5. A ausência de consenso entre os especialistas está associada à falácia...
A. da generalização precipitada.
B. da amostra não representativa.
C. da falsa analogia.
D. do apelo à autoridade.
7 pt
6. Atenta no seguinte diálogo entre o João e a Maria.
7 pt
7. Lê com atenção o argumento que se segue.
A Arianna Grande diz que deve haver igualdade entre homens e mulheres. Mas ela
sempre foi muito convencida. Logo, é falso que deve haver igualdade entre homens e
mulheres.
57
PARTE III Fichas formativas
7 pt
8. Lê com atenção o argumento que se segue.
7 pt
9. Qual destas afirmações não se aplica aos bons argumentos não-dedutivos?
A. A verdade das premissas torna provável a veracidade da conclusão.
B. A verdade da premissa é suficiente para tornar improvável a falsidade da conclusão.
C. As premissas apoiam e suportam a conclusão.
D. A verdade das premissas garante a verdade da conclusão.
7 pt
10. Num argumento por previsão…
A. extraímos uma conclusão geral a partir de um conjunto de observações das quais já
tivemos experiência.
B. recorremos à opinião de um especialista numa dada área para garantir que a previsão
que fizemos corresponde à realidade.
C. baseamo-nos num conjunto de observações passadas para inferir uma conclusão acerca
de um acontecimento futuro.
D. partimos de um conjunto de semelhanças entre dois elementos para mostrar que a pre-
visão que fizemos corresponde à realidade.
50 pt
1. Lê o seguinte excerto do Diálogo dos Grandes Sistemas, escrito por Galileu Galilei, no século XVII,
em que as personagens Salviati e Simplício discutem a teoria aristotélica acerca do movimento.
SALVIATI — [...] Espanta-me [...] que não vos apercebais que Aristóteles supõe o que
precisamente está em questão. Ora notai...
SIMPLÍCIO — Suplico-vos, Senhor Salviati, falai com mais respeito de Aristóteles. A
quem convenceríeis, aliás, de que aquele que foi o primeiro, o único, o admirável explicador
da forma silogística, da demonstração, das refutações, [...] de toda a lógica, em suma, tenha
podido cair num erro tão grave como o de supor conhecido o que está em questão?
Galileu Galilei. (1979). Diálogo dos Grandes Sistemas (Primeira Jornada). Lisboa: Publicações Gradiva
58
1.1 Identifica a falácia cometida por Aristóteles, segundo Salviati. Justifica a tua resposta.
1.2 Identifica o tipo de argumento utilizado por Simplício. Justifica a tua resposta.
(TI 2012 adaptado)
25 pt
2. Quais são os critérios para avaliar argumentos de autoridade? Ilustra a tua resposta com um
exemplo.
25 pt
3. Lê o texto seguinte.
Do mesmo modo que os olhos dos morcegos ficam ofuscados pela luz do dia, também a
inteligência da nossa alma fica ofuscada pelas coisas mais naturalmente evidentes.
Aristóteles, Metafísica, Livro _, 993b
3.1 Identifica o tipo de argumento informal que se pode construir a partir do texto. Justifica a
tua resposta.
(EN 2012 EE)
30 pt
1. Lê com atenção o texto que se segue.
1.1 Explica por que razão [A] finalidade de argumentação não é, como a da demonstração, provar
a verdade da conclusão a partir da verdade das premissas, mas transferir para as conclusões
a adesão concedida às premissas".
59
PARTE III Fichas formativas
Ficha formativa 4
Determinismo e liberdade na ação humana
7 pt
1. Qual destas questões corresponde ao problema da compatibilidade?
A. Será o homem dotado de genuína liberdade?
B. Será o homem detentor de livre-arbítrio?
C. Será o livre-arbítrio compatível com o determinismo?
D. Será o homem efetivamente livre no seu querer e agir?
7 pt
2. Considera as afirmações seguintes.
7 pt
3. Imagina que queres ouvir música e que, em seguida, pões os auscultadores e ouves música. De
acordo com o determinismo radical, o facto de quereres ouvir música…
A. é um indício de livre-arbítrio apenas se não foi sujeito a coação.
B. não tem qualquer conexão com uma suposta vontade livre.
C. resulta de uma causa mental independente da natural.
D. não tem uma causa, sendo um mero produto do acaso.
(EN 2019 1F)
7 pt
4. A ideia de que devemos ser responsabilizados moralmente pelos atos que praticamos, quer eles
sejam bons ou maus, está intimamente ligada com a ideia de que…
A. temos livre-arbítrio.
B. somos determinados por acontecimentos anteriores.
C. não temos livre-arbítrio.
D. estamos sujeitos à causalidade natural.
60
7 pt
5. Um libertista concordaria com a afirmação seguinte:
A. Se uma ação é livre, então é causada apenas pela decisão de quem a pratica.
B. O conhecimento das leis da natureza e das circunstâncias relevantes permite prever
qualquer ação.
C. Uma ação pode resultar de escolhas nossas, mas estas resultam de fatores genéticos e
ambientais.
D. Se uma ação resulta do livre-arbítrio de alguém, então não existem leis da natureza.
(EN 2017 2F)
7 pt
6. Segundo o determinismo, alguns acontecimentos não são causalmente determinados segundo as
leis da natureza. Esta afirmação é…
A. verdadeira, porque embora para o determinismo todos os acontecimentos sejam a con-
sequência das leis da natureza, estas são indeterminísticas.
B. falsa, porque para o determinismo as ações do ser humano escapam às leis da natureza.
C. verdadeira, porque para o determinismo as ações do ser humano não fazem parte dos
acontecimentos da natureza.
D. falsa, porque para o determinismo todos os acontecimentos são a consequência do pas-
sado e das leis da natureza.
7 pt
7. Qual destas afirmações não se enquadra na perspetiva libertista?
A. Temos livre-arbítrio.
B. Nada está determinado.
C. O livre-arbítrio é incompatível com o determinismo.
D. Nem tudo está determinado.
7 pt
8. “Se o livre-arbítrio não existir, a responsabilidade moral também não existe”. Esta afirmação
pode ser usada para construir uma objeção ao…
A. determinismo radical.
B. libertismo.
C. determinismo moderado.
D. incompatibilismo.
7 pt
9. De acordo com o compatibilismo clássico, num mundo determinista...
A. não temos possibilidades alternativas e, por conseguinte, não podemos agir de modo
diferente do que agimos.
B. o determinismo é falso, apesar de o livre-arbítrio ser verdadeiro.
C. temos possibilidades alternativas e, por conseguinte, podemos agir de modo diferente
do que agimos.
D. o determinismo é verdadeiro, apesar de o livre-arbítrio ser falso.
61
PARTE III Fichas formativas
7 pt
10. Qual das seguintes proposições seria rejeitada por alguém que defendesse o determinismo
radical?
A. O livre-arbítrio é incompatível com o determinismo.
B. Tudo está determinado.
C. Não temos livre-arbítrio.
D. Nem tudo está determinado.
50 pt
1. Lê o texto seguinte.
É difícil não pensar que temos livre-arbítrio. Quando estamos a decidir o que fazer, a escolha
parece inteiramente nossa. A sensação interior de liberdade é tão poderosa que podemos ser
incapazes de abandonar a ideia de livre-arbítrio, por muito fortes que sejam as provas da sua
inexistência. E, obviamente, existem bastantes provas de que não há livre-arbítrio. Quanto
mais aprendemos sobre as causas do comportamento humano, menos provável parece que
escolhamos livremente as nossas ações.
J. Rachels. (2009). Problemas da Filosofia. Trad. Pedro Galvão.
Lisboa: Gradiva, p. 182
25 pt
2. Lê o texto seguinte.
2.1 Tendo por base o texto, explica como sustentam os libertistas a crença de que somos dotados
de livre-arbítrio.
62
25 pt
3. Lê com atenção a descrição da ação que se segue.
Uma pessoa acaba por confessar um crime por saber estar sob tortura.
30 pt
1. Alguns filósofos defendem que a sensação interior de liberdade se opõe à conceção determinista
do universo.
Será que essa sensação é uma razão forte para aceitarmos que o livre-arbítrio existe? Porquê?
Na tua resposta:
- clarifica o problema do livre-arbítrio;
- apresenta inequivocamente a tua posição relativamente à questão proposta;
- argumenta a favor da tua posição.
(EN 2019 2F)
63
PARTE III Fichas formativas
Ficha formativa 5
A dimensão pessoal e social da ética
7 pt
1. Atenta nos juízos que se seguem e seleciona a opção correta.
7 pt
2. Se houver juízos morais objetivos, então…
A. as sociedades que tiverem valores diferentes dos nossos devem corrigir tais valores.
B. a correção, ou a incorreção, desses juízos não pode ser discutida.
C. esses juízos estão certos ou errados independentemente dos costumes.
D. as pessoas que tiverem valores diferentes dos nossos pensam e agem erradamente.
(EN 2019 2F)
7 pt
3. A liberdade religiosa é a liberdade de cada um praticar a religião que é do seu agrado, ou de não
praticar qualquer religião.
Se a liberdade religiosa for um valor objetivo, então…
A. todos defendem a liberdade religiosa.
B. a liberdade religiosa é um elemento central de muitas culturas.
C. deve haver liberdade religiosa.
D. a liberdade religiosa é mais importante do que os outros valores.
(EN 2017 2F)
64
7 pt
4. “Em alguns países, ter armas e usá-las para assegurar a defesa da família e da propriedade são
vistos como direitos dos cidadãos; mas noutros países acredita-se que a posse e o uso de armas
devem estar sujeitos a grandes restrições.”
Perante a constatação anterior, um relativista defenderia que…
A. as sociedades que impõem grandes restrições à posse e ao uso de armas são melhores
do que aquelas que não o fazem.
B. poder defender a família e a propriedade é um valor que deve ser protegido em qualquer
sociedade.
C. ter armas e com elas se defender, dependendo dos contextos históricos e sociais, podem
ser vistos como direitos dos cidadãos.
D. a convicção de que a posse e o uso de armas são direitos dos cidadãos resulta de prefe-
rências pessoais.
(EN 2017 EE)
7 pt
5. No que diz respeito à afirmação “Não existem factos morais objetivos”…
A. apenas os relativistas a aceitariam.
B. os relativistas e os objetivistas rejeitá-la-iam.
C. os relativistas e os subjetivistas rejeitá-la-iam.
D. os relativistas e os subjetivistas aceitá-la-iam.
7 pt
6. Para um defensor do relativismo, o juízo “A eutanásia é uma prática moralmente errada”…
A. tem valor de verdade e esse valor depende da sociedade que o avalia.
B. tem valor de verdade, mas o valor é independente da sociedade que o avalia.
C. tem valor de verdade e esse valor depende da preferência individual de um sujeito.
D. não tem valor de verdade porque qualquer um pode ter a sua opinião acerca desse juízo.
7 pt
7. O subjetivismo moral distingue-se do objetivismo moral porque…
A. o subjetivista admite a existência de verdades morais absolutas e o objetivista não.
B. o subjetivista defende que todos os juízos morais têm um valor de verdade e o objetivista
não.
C. o subjetivista defende que o valor de verdade dos juízos morais depende de cada sujeito.
D. o subjetivista defende que o valor de verdade dos juízos morais depende da sociedade.
7 pt
8. O facto de termos de tolerar todas as práticas provenientes de outras culturas, sabendo que
algumas têm pressupostos condenáveis, pode ser entendido como uma consequência…
A. apenas do relativismo moral.
B. apenas do objetivismo moral.
C. apenas do subjetivismo moral.
D. quer do subjetivismo, quer do objetivismo.
65
PARTE III Fichas formativas
7 pt
9. O subjetivismo moral distingue-se do relativismo moral porque…
A. recusa a subordinação de um indivíduo aos padrões morais impostos por uma dada cultura.
B. o subjetivista defende que todos os juízos morais têm um valor de verdade e o relativista não.
C. o subjetivista defende que o valor de verdade dos juízos morais depende da sociedade.
D. defende a subordinação de todas as sociedades a um padrão moral neutro.
7 pt
10. Se um objetivista se dirigisse a ti e dissesse que “A prática da mutilação genital é objetivamente
errada”, o que responderias se fosses um subjetivista?
A. “Tal prática é errada para ti, mas pode não ser errada para outras pessoas".
B. “Tal prática é errada para ti, mas pode não ser errada para uma dada sociedade”.
C. “Depende do que a tua sociedade tiver aprovado”.
D. “Estamos de acordo”.
25 pt
1. Os austríacos gostam de valsa; já a maior parte dos brasileiros gosta de samba. Em relação ao
desporto, os canadianos, por exemplo, preferem o hóquei no gelo, ao passo que muitos portu-
gueses apreciam o hóquei em patins. A verdade é que cada povo tem tendência a apreciar mais o
que faz parte da sua cultura. Contudo, o hóquei em patins é mais bonito do que o hóquei no gelo.
1.1 No texto anterior é expresso, de forma inequívoca, um único juízo de valor. Identifica-o e
justifica a identificação feita.
(EN 2017 1F)
25 pt
2. Podemos admitir que os pressupostos do relativismo moral poderão entrar em conflito com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos? Justifica a tua resposta.
25 pt
3. Lê com atenção o seguinte excerto.
Na verdade, este é um padrão que pode razoavelmente ser usado para pensar sobre qualquer
tipo de prática social: podemos perguntar se a prática promove ou é um obstáculo ao bem-estar
das pessoas cujas vidas são por ela afetadas. E [...] podemos perguntar se há um conjunto alter-
nativo de práticas sociais com melhores resultados na promoção do seu bem-estar. Se assim
for podemos concluir que a prática é deficiente.
[...] É um padrão único que pode ser invocado para ajuizar as práticas de qualquer cultura,
em qualquer época, nomeadamente a nossa.
James Rachels. (2004). Elementos de Filosofia Moral. Trad. F. J. Azevedo Gonçalves. Lisboa: Gradiva, p. 50
3.1 Identifica a perspetiva acerca da natureza dos juízos morais que está a ser criticada nesta
afirmação. Justifica a tua resposta.
66
25 pt
4. Lê o texto que se segue.
Na Europa, ao contrário de noutras partes do mundo, a grande maioria das pessoas julgaria
o castigo por apedrejamento como horrendo e profundamente errado. Para algumas pessoas
isso mostra que estas questões são relativas. […]
A respeito do apedrejamento, os relativistas [morais] por vezes concluem, enganadoramente,
que é errado interferirmos nas práticas de outro país. Se essa conclusão é apresentada como
uma afirmação não relativa, nomeadamente a de que interferir é errado, […] então contradiz
a afirmação relativista de que todos os juízos morais são relativos. Tais relativistas não podem
manter consistentemente a sua posição. Essa é uma razão clara para rejeitar o seu relativismo.
P. Cave. (2008). Duas Vidas Valem Mais Que Uma?. Alfragide: Academia do Livro, pp. 85-87 (adaptado)
4.1 O autor do texto apresenta um argumento contra o relativismo moral. Explica esse argumento.
(EN 2016 EE)
30 pt
1. Quando argumentamos acerca de valores, a tolerância e o respeito pelas diferenças merecem
habitualmente uma atenção especial. Os subjetivistas são sensíveis à tolerância em relação às
preferências individuais; os relativistas, por sua vez, preocupam-se antes com a tolerância em
relação a culturas diferentes; e os objetivistas defendem que a tolerância deve ter sempre em
conta direitos fundamentais e invioláveis de qualquer ser humano, seja ele qual for.
1.1 Que perspetiva acerca da natureza dos juízos morais nos oferece as melhores razões contra
a intolerância?
Na tua resposta, deves:
- clarificar o problema subjacente ao texto;
- apresentar inequivocamente a posição que defendes;
- argumentar a favor da posição que defendes.
(EN 2018 1F)
67
PARTE III Fichas formativas
Ficha formativa 6
A necessidade de fundamentação da moral – análise comparativa
de duas perspetivas filosóficas
7 pt
1. Imagina que o Luís precisa urgentemente de medicamentos e que a única maneira de os adquirir
é pedir dinheiro emprestado a um amigo rico, sem ter a intenção de lho devolver. Neste caso, o
Luís decidiu adotar a máxima “Faz promessas enganadoras quando não há outra forma de resol-
ver os teus problemas pessoais”.
Esta máxima pode ser usada para fazer uma crítica à ética kantiana, dado ser razoável argumen-
tar que a máxima…
A. não é imoral, ainda que não seja racional querer universalizá-la.
B. é imoral, ainda que venha a ter aprovação dos agentes envolvidos.
C. não é imoral, embora seja um Imperativo Categórico condicional.
D. é imoral, embora dê prioridade às consequências da ação.
(EN 2019 1F)
7 pt
2. Considera o caso seguinte.
7 pt
3. Muitas ações geram simultaneamente felicidade e infelicidade, em vez de gerarem apenas feli-
cidade ou apenas infelicidade.
Em cada uma das alternativas seguintes, são resumidas, de modo simplificado, as consequên-
cias de diferentes ações. Identifica a alternativa que satisfaz melhor o Princípio da Maior Felici-
dade, defendido por Mill.
68
7 pt
4. A ética utilitarista é uma teoria…
A. consequencialista, pois defende que as consequências são o único fator relevante para
determinar o estatuto moral das ações.
B. deontológica, pois defende que as consequências não são o único fator relevante para
determinar o estatuto moral das ações.
C. consequencialista, embora defenda que as consequências não são o único fator relevante
para determinar o estatuto moral das ações.
D. deontológica, embora defenda que as consequências não são o único fator relevante
para determinar o estatuto moral das ações.
7 pt
5. De acordo com Kant, o ato de salvar uma criança de se afogar com intenção de ser recompensa-
do por isso é uma ação…
A. conforme o dever e, portanto, é impermissível.
B. por dever e, portanto, tem valor moral.
C. conforme o dever, mas destituída de valor moral.
D. impermissível.
7 pt
6. Para Kant, não é suficiente saber que alguém parou no semáforo vermelho para decidirmos se a
sua ação tem valor moral. Esta afirmação é…
A. verdadeira, porque alguém pode parar no semáforo vermelho com a intenção de não ser
multado.
B. falsa, porque, se alguém para no semáforo vermelho, então está a cumprir a lei moral.
C. verdadeira, porque é preciso saber as consequências que resultam do ato de parar.
D. falsa, porque, se alguém para no semáforo vermelho, fá-lo sempre por dever.
7 pt
7. Imagina que o João decide presentear a namorada oferecendo-lhe um cão. O animal está conta-
minado com um vírus que é imediatamente transmitido à namorada.
Segundo a ética utilitarista de Mill, a ação do João é…
A. correta, apesar de as consequências serem más.
B. correta, independentemente de as consequências serem boas ou más.
C. incorreta e a consequência é irrelevante.
D. incorreta porque as consequências são más.
7 pt
8. Algo tem valor intrínseco se, e só se, ...
A. tem valor em si mesmo e por si mesmo, mediante aquilo que possa ser alcançado.
B. tem valor apenas como meio para atingir um fim.
C. tem valor em si mesmo e por si mesmo, independentemente daquilo que possa ser al-
cançado.
D. não tem valor por si mesmo.
69
PARTE III Fichas formativas
7 pt
9. Para Mill, renunciar à nossa felicidade individual…
A. apenas é legítimo se daí resultar um maior bem-estar geral.
B. não é legítimo em circunstância alguma.
C. é legítimo se as pessoas envolvidas forem familiares.
D. é legítimo em qualquer circunstância.
7 pt
10. Segundo Kant, quando nos deixamos levar pelas nossas inclinações e interesses particulares
estamos a…
A. agir à luz da autonomia da vontade.
B. agir à luz da heteronomia da vontade.
C. seguir o Imperativo Categórico.
D. seguir uma ordem de ação que nos diz “Faz x, sem mais”.
50 pt
1. Lê o texto seguinte.
Uma pessoa, por uma série de desgraças, chegou ao desespero [...]. A sua máxima [...] é a
seguinte: Por amor de mim mesmo, admito como princípio que, se a vida, prolongando-se,
me ameaça mais com desgraças do que me promete alegrias, devo encurtá-la. [...] Vê-se
então [...] que uma natureza cuja lei fosse destruir a vida em virtude do mesmo sentimento
cujo objetivo é suscitar a sua conservação se contradiria a si mesma.
Kant. (1986). Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Lisboa: Edições 70, p. 63
1.1 Explica como Kant, recorrendo à fórmula da lei universal do Imperativo Categórico, condena
o suicídio.
1.2 Segundo Kant, uma pessoa que, nas circunstâncias descritas no texto, optasse pelo suicídio
agiria de modo autónomo ou heterónomo? Justifica a tua resposta.
(EN 2018 1F)
25 pt
2. Atenta nas máximas que seguem.
2.1 Avalia a moralidade destas máximas, de acordo com a distinção entre Imperativo Categórico
e imperativo hipotético.
70
25 pt
3. Por que razão Mill afirma que "É melhor ser um ser humano insatisfeito do que um porco satis-
feito?"
30 pt
1. Considera o caso seguinte.
A Maria sempre gostou muito de crianças e chegou a pensar em trabalhar como volun-
tária numa associação de apoio a crianças doentes, mas acabou por concluir que seria
muito difícil conciliar esse trabalho com os estudos.
Entretanto, ela soube que o voluntariado era muito valorizado nas entrevistas de em-
prego. Por essa razão, decidiu contactar uma conhecida associação de apoio a crianças
doentes e conseguiu ser admitida, passando a conciliar o trabalho de voluntariado com
os estudos. Pela sua dedicação e pela sua simpatia, a Maria destacou-se desde o primeiro
momento como uma das voluntárias favoritas das crianças e das famílias.
O apoio dado pela Maria às crianças doentes e às suas famílias tem valor moral?
Na tua resposta, deves:
- clarificar o problema filosófico em causa;
- apresentar inequivocamente a tua posição;
- argumentar a favor da tua posição.
(EN 2019 1F)
71
PARTE III Fichas formativas
Ficha formativa 7
O problema da justiça social
7 pt
1. Na teoria da justiça de Rawls, o Princípio da Liberdade Igual tem prioridade sobre o Princípio da
Diferença. Aceitar esta prioridade implica aceitar que…
A. as liberdades não podem ser negadas, mesmo que impeçam a criação de riqueza que
beneficiaria os menos favorecidos.
B. os incentivos ao crescimento da riqueza envolvem sempre o risco de serem negadas
liberdades aos menos favorecidos.
C. as liberdades são indispensáveis à melhoria crescente do rendimento dos menos favo-
recidos.
D. os incentivos ao crescimento da riqueza apenas limitam as liberdades dos menos favo-
recidos.
(EN 2019 2F)
7 pt
2. De acordo com o Princípio da Diferença formulado por Rawls…
A. as desigualdades económicas entre as pessoas justificam-se, uma vez que as pessoas
são diferentes.
B. as desigualdades económicas são justas apenas se melhorarem o mais possível as ex-
pectativas dos menos favorecidos.
C. se dermos oportunidades iguais às pessoas, não haverá desigualdades económicas.
D. se dermos oportunidades iguais às pessoas, cada um será responsável pela sua situação
social e económica.
(EN 2016 EE)
7 pt
3. O caso seguinte serve para testar a teoria da justiça de Rawls.
Quem, contra Rawls, defender a opção de ajudar o indivíduo com talento matemático estará a
pôr em causa…
A. a existência de bens sociais primários. C. o Princípio da Diferença.
B. o dever de imparcialidade. D. o Princípio da Igualdade de Oportunidades.
(EN 2018 1F)
72
7 pt
4. A ideia de que as regras da moralidade resultam de uma espécie de acordo hipotético entre
agentes racionais e informados corresponde ao conceito de…
A. posição original.
B. véu da ignorância.
C. justiça como equidade.
D. contratualismo.
7 pt
5. Qual das segiuntes situações se enquadra melhor com a conceção de justiça de John Rawls?
A. Uma sociedade é justa se respeita a liberdade individual.
B. Uma sociedade é justa se concilia da melhor forma a liberdade individual com a igualdade
de direitos para todos.
C. Uma sociedade é justa se atinge uma igual distribuição de bens sociais primários.
D. Uma sociedade é justa se a intervenção do Estado na vida das pessoas é mínima.
7 pt
6. De acordo com Rawls, os princípios que subjazem a uma sociedade justa…
A. são escolhidos por pessoas pertencentes às três perspetivas políticas: libertarismo,
igualitarismo e liberalismo igualitário, por forma a garantir que ninguém sai prejudicado.
B. decorrem dos pressupostos do utilitarismo: maior felicidade e bem-estar para todos os
envolvidos.
C. resultam de um acordo hipotético entre partes contratantes, que se encontram a coberto
de um véu de ignorância.
D. são escolhidos por indivíduos de vários estratos sociais, para garantir a imparcialidade.
7 pt
7. Qual destas opções não se enquadra com a ideia de lotaria natural?
A. Há pessoas que nascem com boas capacidades cognitivas.
B. Há pessoas que nascem com deficiência mental.
C. Há pessoas que nascem no seio de famílias desfavorecidas.
D. Há pessoas que têm boas capacidades motoras.
7 pt
8. A ordem pela qual John Rawls estabelece os princípios de justiça é aleatória. Esta afirmação é…
A. verdadeira, porque o importante é que todos os princípios sejam cumpridos e nenhum
tem precedência sobre o outro.
B. falsa, porque sendo Rawls um liberalista, o Princípio da Igualdade de Oportunidades tem
precedência sobre os outros.
C. verdadeira, porque Rawls não prevê qualquer hierarquização dos princípios, bastando
que pelo menos o Princípio da Liberdade seja cumprido.
D. falsa, porque a ordem dos princípios é hierárquica e o respeito pelas liberdades básicas
sobrepõe-se aos outros princípios.
73
PARTE III Fichas formativas
7 pt
9. Para um libertarista como Nozick, impor às pessoas uma conceção padronizada de distribuição
da riqueza é…
A. injusto porque viola a liberdade individual e os direitos de propriedade.
B. justo desde que não viole os direitos fundamentais dos mais desfavorecidos.
C. injusto porque pressupõe uma restrição à igualdade de oportunidades.
D. justo porque é uma forma de garantir que todas as pessoas estão em situação de igual-
dade de oportunidades.
7 pt
10. Sandel, que critica a teoria da justiça de Rawls…
A. reivindica o primado do indivíduo em relação à comunidade.
B. considera o bem comum como elemento central do pensamento político.
C. apela ao bem comum numa perspetiva utilitarista.
D. considera que o bem comum é o resultado de preferências individuais.
25 pt
1. Por que razão Rawls considera que a escolha dos princípios da justiça deve ser feita a coberto de
um véu de ignorância?
25 pt
2. Supõe que a sociedade dispõe de uma quantia destinada a financiar a preparação de dois atle-
tas para os jogos olímpicos. Os dois atletas têm o mesmo nível de talento e de capacidades e a
mesma motivação para as usar. De acordo com a teoria da justiça de Rawls, estes atletas devem
ter a mesma expectativa de sucesso, independentemente da classe social de origem. Por isso,
a quantia destinada a financiar a preparação de ambos para os jogos olímpicos deve ser dividida
pelos dois em partes iguais.
2.1 Identifica o princípio de justiça proposto por Rawls em nome do qual a solução apresentada
é a correta. Justifica a tua resposta.
(EN 2019 1F adaptado)
25 pt
3. Em muitos países, os governos aplicam recursos financeiros, quer para apoiar os estudantes
provenientes de meios economicamente desfavorecidos, quer para apoiar os estudantes com
necessidades educativas especiais.
3.1 Segundo Rawls, essa aplicação de recursos financeiros é justa ou injusta? Justifica a tua
resposta.
(EN 2015 EE)
25 pt
4. Para um libertarista, como Robert Nozick, o Princípio da Diferença proposto por Rawls é consis-
tente com o Princípio da Liberdade? Justifica a tua resposta.
74
GRUPO III · Analisa a questão e responde. 30 pontos
30 pt
1. Para que uma sociedade seja justa, basta que todos tenham liberdades iguais?
Na tua resposta:
- identifica o problema filosófico subjacente à questão;
- apresenta inequivocamente a tua posição;
- argumenta a favor da tua posição.
(EN 2016 1F adaptado)
75
PARTE IV
PARTE IV
O que é a filosofia?
A filosofia é uma atividade: é uma forma interrogou a respeito de questões filosóficas.
de pensar acerca de certas questões. A sua Por que razão estamos aqui? Há alguma
característica mais marcante é o uso de demonstração da existência de Deus? As
argumentos lógicos. A atividade dos filósofos nossas vidas têm algum propósito? O que faz
é, tipicamente, argumentativa: ou inventam com que algumas ações sejam moralmente
argumentos, ou criticam os argumentos boas ou más? Poderemos alguma vez ter
de outras pessoas, ou fazem as duas coisas. justificação para violar a lei? Poderá a nossa
Os filósofos também analisam e clarificam vida ser apenas um sonho? E a mente
conceitos. [...] diferente do corpo, ou seremos apenas seres
Defende-se, por vezes, que não vale a pena físicos? Como progride a ciência? O que é a
estudar filosofia uma vez que tudo o que arte? E assim por diante.
os filósofos fazem é discutir sofisticamente A maior parte das pessoas que estuda filosofia
o significado das palavras; nunca parecem acha importante que cada um de nós examine
atingir quaisquer conclusões de qualquer estas questões. Alguns até defendem que
importância e a sua contribuição para a não vale a pena viver a vida sem a examinar.
sociedade é virtualmente nula. Continuam Persistir numa existência rotineira, sem jamais
a discutir acerca dos mesmos problemas que examinar os princípios na qual esta se baseia,
cativaram a atenção dos gregos. Parece que pode ser como conduzir um automóvel que
a filosofia não muda nada; a filosofia deixa nunca foi à revisão. Podemos, justificadamente,
tudo tal e qual. confiar nos travões, na direção e no motor, uma
Qual é afinal a importância de estudar vez que sempre funcionaram suficientemente
filosofia? Começar a questionar as bases bem até agora; mas esta confiança pode ser
fundamentais da nossa vida pode até ser completamente injustificada: os travões podem
perigoso: podemos acabar por nos sentir ter uma deficiência e falharem precisamente
incapazes de fazer o que quer que seja, quando mais precisarmos deles. Analogamente,
paralizados por fazer demasiadas perguntas. os princípios nos quais a nossa vida se baseia
Na verdade, a caricatura do filósofo é podem ser inteiramente sólidos; mas, até os
geralmente a de alguém que é brilhante a termos examinado, não podemos ter a certeza
lidar com pensamentos altamente abstratos disso.
no conforto de um sofá [...], mas incapaz de Contudo, mesmo que não duvidemos
lidar com as coisas práticas da vida: alguém seriamente dos princípios em que baseamos a
que consegue explicar as mais complicadas nossa vida, podemos estar a empobrecê-la, ao
passagens da filosofia de Hegel, mas que não recusarmo-nos a usar a nossa capacidade de
consegue cozer um ovo. pensar. Muitas pessoas, que pensam que dá
Uma razão importante para estudar demasiado trabalho ou que é excessivamente
filosofia é o facto de esta lidar com questões inquietante colocar este tipo de questões
fundamentais acerca do sentido da nossa fundamentais, podem sentir-se satisfeitas e
existência. A maior parte das pessoas, num confortáveis com os preconceitos. Mas há
ou noutro momento da sua vida, já se outras pessoas que têm um forte desejo de
78
encontrar respostas a questões filosóficas que em variadíssimas situações, uma vez que,
representem um desafio. ao analisar os argumentos a favor e contra
Outra razão para estudar filosofia é o facto qualquer posição, adquirimos aptidões que
de isso nos proporcionar uma boa maneira podem ser aplicadas noutras áreas da vida.
de aprender a pensar mais claramente sobre Nigel Warburton. (2007). Elementos Básicos de Filosofia.
um vasto leque de assuntos. Os métodos Trad. Desidério Murcho e Aires Almeida.
Lisboa: Gradiva, pp. 15-20
do pensamento filosófico podem ser úteis
1. De acordo com o autor do texto, qual das seguintes tarefas não se enquadra na atividade
filosófica?
A. Inventar argumentos. C. Analisar conceitos.
B. Discutir argumentos D. Fazer experiências laboratoriais.
3. Qual das questões que se seguem não é um bom exemplo de uma questão fundamental
acerca do sentido da nossa existência?
A. Há alguma demonstração da existência de Deus?
B. Quantos dentes tem, em média, um urso polar adulto?
C. As nossas vidas têm algum propósito?
D. O que faz com que algumas ações sejam moralmente boas ou más?
4. Qual das seguintes razões não é invocada no texto como uma razão para estudar filo-
sofia?
A. É empobrecedor recusarmo-nos a usar nossa capacidade de pensar.
B. A filosofia ajuda-nos a pensar mais claramente sobre um vasto leque de assuntos.
C. Sem examinar os princípios fundamentais da nossa existência não temos razões
para confiar neles.
D. Resolver desafios intelectuais estimulantes pode ser uma fonte de prazer.
79
PARTE IV Textos de apoio e questões de verificação da leitura
Texto 2
Validade e verdade
Diz-se que um argumento [...] é sólido válido não pode garantir que a conclusão
quando as premissas do argumento são é verdadeira. Mas apenas os argumentos
verdadeiras e o argumento é válido. Dizer válidos preservam a verdade. Uma analogia
que um argumento é válido é equivalente a pode ajudar a clarificar este ponto. Podemos
dizer que é logicamente impossível que as mais ou menos dizer que os argumentos
premissas do argumento sejam verdadeiras e válidos preservam a verdade, como os bons
a conclusão falsa. [...] frigoríficos preservam a comida. Se a comida
Os argumentos com uma forma válida são quando a colocas num frigorífico está
válidos, mesmo que sejam completamente estragada, então até um bom frigorífico não
absurdos. Por exemplo, o argumento seguinte a pode preservar. Mas, se a comida colocada
é válido: num bom frigorífico é fresca, então o
frigorífico preservá-la-á. Os bons frigoríficos
Todas as mulheres são tigres. e os argumentos válidos preservam
Todos os tigres são homens. respetivamente a comida fresca e a verdade.
Logo Mas, tal como os primeiros não podem
Todas as mulheres são homens. preservar a comida quando a comida está
estragada, também os últimos não podem
Este argumento tem premissas e conclusão preservar a verdade quando as premissas
falsas. O facto de ser válido revela o caráter são falsas. Se é lixo que lá metemos, é lixo
hipotético da validade. A validade de um que recebemos. No entanto, merece a pena
argumento destes significa que nos garante termos frigoríficos e argumentos válidos
que a conclusão tem de ser verdadeira se as porque preservam algo bom quando o temos,
premissas são verdadeiras. e sem eles acabamos com algo estragado,
Se um argumento pode ser válido e, no mesmo quando começámos com algo
entanto, ter uma conclusão disparatadamente impecável. Portanto, devemos desejar a
falsa, para que serve a validade? Por que validade e evitar a invalidade.
deveremos estar interessados na validade? James W. Cornman, Keith Lehrer e George
A resposta é que um argumento válido S. Pappas. (2005). «Instrumentos do Ofício».
Trad. Álvaro Nunes in Crítica na Rede
preserva a verdade. A verdade das premissas <https://criticanarede.com/
de um argumento válido é preservada na fil_instrumentosdooficio.html>
conclusão. Claro que, se as premissas não são
verdadeiras, então mesmo um argumento
80
Questões de verificação da leitura
4. De acordo com o autor do texto, os argumentos válidos são como os frigoríficos, porque...
A. preservam a falsidade das premissas.
B. preservam a verdade das premissas.
C. preservam a falsidade da conclusão.
D. preservam a verdade da conclusão.
81
PARTE IV Textos de apoio e questões de verificação da leitura
Texto 3
Falácias
As falácias são erros, incorreções, em argu- falso dilema: reduzir as opções possíveis a
mentos. Muitas delas são tão tentadoras e, apenas duas, muitas vezes claramente opostas
portanto, tão comuns que até têm nomes pró- e injustas para a pessoa contra a qual o
prios. [...] dilema é colocado. Por exemplo: «É pegar
ou largar». Um exemplo mais subtil retirado
Lista de Falácias de um ensaio de um estudante: «Uma vez
que o universo não pode ter sido criado a
ad hominem: atacar pessoalmente uma partir do nada, teve de ser criado por uma
putativa autoridade, e não as suas força inteligente». Será que a criação por
qualificações [...]. uma força inteligente é a única possibilidade?
ad ignorantiam (apelo à ignorância): Argumentar com um falso dilema é, por
argumentar que uma afirmação é verdadeira vezes, uma forma de não ser honesto; além
só porque não se mostrou ser falsa. Um disso, como é óbvio, ignoram-se alternativas
exemplo clássico é esta declaração do senador possíveis.
americano Joseph McCarthy quando lhe [...]
foram exigidas provas para sustentar a
sua acusação de que uma certa pessoa era petição de princípio (petitio principii): usar
comunista: implicitamente a sua conclusão como premissa.
Não tenho muita informação sobre isso, Deus existe porque é a Bíblia que o afirma
exceto a declaração genérica da CIA de que e eu sei que isso é verdade porque foi Deus,
nada existe nos seus ficheiros que refute os afinal, quem a escreveu!
seus possíveis contactos comunistas.
Para escrever este argumento segundo a
Este é um exemplo extremo de «argumentar» forma premissa-conclusão, teria de ser:
a partir de informação incompleta: aqui não há
pura e simplesmente informação. A Bíblia é verdadeira porque Deus a escreveu.
[...] A Bíblia diz que Deus existe.
Logo, Deus existe.
ad populum: apelar às emoções da multidão
e também o apelo para que alguém «se Para defender a afirmação de que a Bíblia é
deixe ir» com a multidão. Por exemplo: verdadeira, afirma-se que Deus a escreveu.
«Mas toda a gente o faz!». Ad populum é Mas, como é óbvio, se Deus escreveu a Bíblia,
um bom exemplo de um mau argumento Deus existe. Logo, o argumento assume
de autoridade: não se oferecem razões para precisamente o que está a tentar provar.
mostrar que «toda a gente» é uma fonte [...]
informada e imparcial.
[...] post hoc, ergo propter hoc (literalmente:
depois disto, logo por causa disto) [ou falsa
espantalho: caricaturar uma opinião oposta relação causal:] assumir uma relação causal
para que seja assim fácil de refutar [...]. demasiado depressa, com base na mera
sucessão temporal. [...]
[...] Anthony Weston. (2005). A Arte de Argumentar. Trad.
Desidério Murcho. Lisboa: Gradiva, pp. 106-115
82
Questões de verificação da leitura
83
PARTE IV Textos de apoio e questões de verificação da leitura
Texto 4
Liberdade e determinismo
Consideremos uma ação horrivelmente Uma vez ocorrido c, a decisão de Hitler tinha
repreensível do ponto de vista moral: a de ocorrer; e uma vez ocorrida a decisão, a
invasão da Polónia por Hitler em 1939. Sem invasão tinha de ocorrer.
sombra de dúvida que culpamos Hitler por Podemos repetir este raciocínio para
esta ação. Consideramos assim que agiu sempre. Do determinismo decorre que c
livremente. Mas o determinismo parece tem de ter uma causa anterior c1, que por
sugerir que Hitler não era afinal livre. sua vez tem de ter uma causa anterior c2,
Para ver porquê, temos primeiro de investigar e assim sucessivamente. A sequência de
os conceitos de causa e efeito. Uma causa é acontecimentos resultante prolonga-se
um acontecimento anterior, que faz acontecer regressivamente no tempo:
um efeito posterior. Dadas as leis da natureza,
uma vez ocorrida a causa, o efeito tem de c2A c1 A c A a decisão A a invasão
ocorrer. O relâmpago causa o trovão: as leis
da natureza que regem a eletricidade e o som Cada acontecimento da sequência causa a
garantem que, quando se dá o relâmpago, invasão, uma vez que cada acontecimento
seguir-se-á o trovão. causa o acontecimento que ocorre
O determinismo diz-nos que a invasão imediatamente a seguir, o qual, então,
da Polónia por Hitler foi causada por um causa o próximo acontecimento que
acontecimento anterior. Até aqui, pouco há ocorre imediatamente após esse, e assim
que ameace a liberdade de Hitler. A causa sucessivamente. Os acontecimentos mais
da invasão poderia ser algo sob o controlo de perto do fim desta sequência parecem estar
Hitler, caso em que a invasão também estaria sob o controlo de Hitler. Mas os anteriores
sob o seu controlo. Por exemplo, a causa não, pois à medida que regredimos no tempo,
poderia ser uma decisão que Hitler tomou a dada altura chegamos a acontecimentos
pouco antes da invasão. Deste modo, parece anteriores ao nascimento de Hitler.
que ainda podemos culpar Hitler por ter Pode repetir-se este argumento para qualquer
ordenado a invasão. ação humana, por muito momentosa
Mas agora consideremos esta decisão em ou trivial. Suponhamos que um idoso
si. É apenas outro acontecimento. Pelo que escorrega ao atravessar a rua e que em vez
do determinismo decorre que também esta de o ajudar começo a rir-me. Usando a
decisão tem de ter uma causa. Esta nova anterior sequência de raciocínio, podemos
causa poderia ser outra decisão anterior mostrar que a minha risota foi causada
que Hitler tomou, ou algo que os seus por acontecimentos anteriores ao meu
conselheiros lhe disseram, ou algo que nascimento.
ele comeu, ou, mais provavelmente, uma Parece difícil incluir a liberdade nesta
combinação de muitos fatores. Seja o que imagem. Já não parece que Hitler tivesse
for, chamemos «c» a esta causa da decisão de a liberdade de escolher invadir ou não a
Hitler de invadir a Polónia. Repare-se que c Polónia. Parece que eu não tive escolha senão
também causou a invasão da Polónia. [...] rir-me do idoso. Pois todas estas ações foram
84
causadas por coisas fora do nosso controlo. Tais cálculos são demasiado difíceis para, na
Mas então o que há de moralmente errado prática, alguma vez serem levados a cabo,
no que Hitler ou eu fizemos? Como se pode mas isso não importa. Independentemente
culpar Hitler por ter invadido a Polónia se de alguém poder ou não concluir os cálculos,
antes do seu nascimento foi determinado que as partículas estavam lá, antes do nascimento
o faria? Como poderei ser incriminado por de Hitler, e o facto de estarem lá, e estarem
rir? Como podemos culpar seja quem for, seja dispostas do modo como estavam, tornou
pelo que for? inevitável que Hitler invadisse a Polónia.
Podemos reformular o desafio à liberdade Mais uma vez, descobrimos uma causa
em termos da Física. Qualquer ação ou para a invasão levada a cabo por Hitler, que
decisão envolve o movimento de partículas já existia antes de Hitler ter nascido. E a
subatómicas nos nossos corpos e cérebros. existência de tal causa parece sugerir que a
Estas partículas subatómicas movem-se invasão da Polónia por Hitler não foi uma
segundo as leis da Física. A Física permite- ação livre.
nos calcular as posições futuras de partículas E, no entanto, tem de ter sido livre, pois de
a partir de informação sobre: 1) os estados que outro modo o podemos culpar por este
anteriores das partículas; e 2) as forças ato desprezível? A bomba-relógio explodiu.
que agem sobre as partículas. Assim, em Duas das nossas crenças mais arreigadas,
princípio, poder-se-ia ter examinado as a nossa crença na ciência e a nossa crença
partículas subatómicas cem anos antes da na liberdade e na moralidade, parecem
invasão da Polónia, calculando-se, então, contradizer-se. Temos de resolver este
exatamente como essas partículas se iriam conflito.
mover cem anos depois, e, desse modo, Theodore Sider. (2010). “Livre-arbítrio e
calcular que Hitler invadiria a Polónia. Determinismo” in Enigmas da Existência, de Earl
Conee e Theodore Sider. Trad. Vitor Guerreiro. Lisboa:
Bizâncio, pp. 149-151
1. De acordo com o autor do texto, habitualmente, quando pensamos numa ação moralmente
condenável, ...
A. consideramos que o agente não agiu livremente, embora o determinismo pareça
sugerir o contrário.
B. consideramos que o agente agiu livremente, embora o determinismo pareça sugerir
o contrário.
C. consideramos que o agente agiu livremente, tal como é sugerido pelo determinismo.
D. consideramos que o agente não agiu livremente, tal como é sugerido pelo determi-
nismo.
85
PARTE IV Textos de apoio e questões de verificação da leitura
2. Segundo o autor do texto, o facto de a invasão da Polónia ter sido causada por um acon-
tecimento anterior...
A. é suficiente para concluirmos que Hitler não foi responsável pela mesma, pois isso,
por si só, implica que não havia nenhum acontecimento que este controlasse.
B. é suficiente para concluirmos que Hitler não foi responsável pela mesma, ainda que
isso, por si só, não implique que não havia nenhum acontecimento que este contro-
lasse.
C. não é suficiente para concluirmos que Hitler não foi responsável pela mesma, pois
isso, por si só, não implica que não havia nenhum acontecimento que este contro-
lasse.
D. não é suficiente para concluirmos que Hitler não foi responsável pela mesma, ainda
que isso, por si só, implique que não havia nenhum acontecimento que este contro-
lasse.
86
Texto 5
87
PARTE IV Textos de apoio e questões de verificação da leitura
3. O autor afirma que Hume considera que quando julgamos uma ação ou um caráter mau
ou vicioso estamos a dizer que...
A. a nossa sociedade não aprova essa ação ou esse caráter.
B. há razões imparciais para condenar essa ação ou esse caráter.
C. a nossa sociedade não devia aprovar essa ação ou esse caráter.
D. essa ação ou esse caráter nos fazem sentir mal.
88
Texto 6
89
PARTE IV Textos de apoio e questões de verificação da leitura
90
Questões de verificação da leitura
91
PARTE IV Textos de apoio e questões de verificação da leitura
Texto 7
92
podem alegrar com o contentamento dos outros, querer seja moralmente bom. Inexperiente a
enquanto este é obra sua. Eu afirmo porém que respeito do curso das coisas do mundo, incapaz
neste caso uma tal ação, por mais conforme ao de prevenção em face dos acontecimentos que
dever, por mais amável que ela seja, não tem nele se venham a dar, basta que eu pergunte a
contudo nenhum verdadeiro valor moral, mas vai mim mesmo: – Podes tu querer também que a
emparelhar com outras inclinações, por exemplo tua máxima se converta em lei universal? Se não
o amor das honras que, quando por feliz acaso podes, então deves rejeitá-la, e não por causa de
topa aquilo que efetivamente é de interesse geral e qualquer prejuízo que dela pudesse resultar para ti
conforme ao dever, é, consequentemente honroso ou para os outros, mas porque ela não pode caber
e merece louvor e estímulo, mas não estima; pois como princípio numa possível legislação universal.
à sua máxima falta o conteúdo moral que manda Ora a razão exige-me respeito por uma tal
que tais ações se pratiquem, não por inclinação, legislação […]. [A] necessidade das minhas ações
mas por dever. Admitindo pois que o ânimo desse por puro respeito à lei prática é o que constitui o
filantropo estivesse velado pelo desgosto pessoal dever, perante o qual tem de ceder qualquer outro
que apaga toda a compaixão pela sorte alheia, e motivo, porque ele é a condição de uma vontade
que ele continuasse a ter a possibilidade de fazer boa em si, cujo valor é superior a tudo.
bem aos desgraçados, mas que a desgraça alheia [...]
não o tocava porque estava bastante ocupado com Todos os imperativos se exprimem pelo verbo
a sua própria; se agora, que nenhuma inclinação dever [...]. Eles dizem que seria bom praticar
o estimula já, ele se arrancasse a esta mortal ou deixar de praticar qualquer coisa [...]. Ora
insensibilidade e praticasse a ação sem qualquer todos os imperativos ordenam hipotética ou
inclinação, simplesmente por dever, só então é que categoricamente. Os hipotéticos representam a
ela teria o seu autêntico valor moral. necessidade prática de uma ação possível como
[...] meio de alcançar qualquer outra coisa que se quer
Dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei. [...]. O imperativo categórico seria aquele que
[…] O valor moral da ação não reside, portanto, nos representasse uma ação como objetivamente
no efeito que dela se espera; também não reside necessária por si mesma, sem relação com
em qualquer princípio da ação que precise de qualquer outra finalidade.
pedir o seu móbil a este efeito esperado. […] Por [...] O imperativo categórico é portanto só um
conseguinte, nada senão a representação da lei em si único, que é este: Age apenas segundo uma máxima
mesma […] pode constituir o bem excelente a que tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne
chamamos moral […]. lei universal.
Mas que lei pode ser então essa cuja representação, [...]
mesmo sem tomar em consideração o efeito que Temos que poder querer que uma máxima da nossa
dela se espera, tem de determinar a vontade para ação se transforme em lei universal: é este o cânone
que esta se possa chamar boa absolutamente e pelo qual julgamos moralmente em geral. Algumas
sem restrição? Uma vez que despojei a vontade ações são de tal ordem que a sua máxima nem
de todos os estímulos que lhe poderiam advir da sequer se pode pensar sem contradição como lei
obediência a uma qualquer lei, nada mais resta do universal da natureza, muito menos ainda, se pode
que a conformidade a uma lei universal das ações querer que deva ser tal. Em outras não se encontra,
em geral que possa servir de único princípio à na verdade, essa impossibilidade interna, mas é
vontade, isto é: devo proceder sempre de maneira contudo impossível querer que a sua máxima se
que eu possa querer também que a minha máxima se erga à universalidade de uma lei da natureza, pois
torne uma lei universal. uma tal vontade se contradiria a si mesma.
Não preciso pois de perspicácia de muito largo Immanuel Kant (2011) Fundamentação da Metafísica dos
alcance para saber o hei de fazer para que o meu Costumes. Trad. Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, pp. 21-
23; 26-28; 31-33; 51-52; 66
93
PARTE IV Textos complementares
3. Kant pensava que para que a nossa ação tivesse valor moral devia seguir um...
A. Imperativo Categórico, que representa a ação como objetivamente necessária.
B. imperativo hipotético, que representa a ação como objetivamente necessária.
C. Imperativo Categórico, que representa a ação como um meio para outra coisa que
se quer.
D. imperativo hipotético, que representa a ação como um meio para outra coisa que se
quer.
94
Texto 8
O raciocínio de Rawls
O raciocínio de Rawls é o seguinte: suponha que acordo hipotético numa posição original de
nos reuníamos, tal como agora, para escolher igualdade.
os princípios que deverão reger a nossa vida Rawls convida-nos a perguntar que princípios
coletiva – para escrever um contrato social. nós – enquanto pessoas racionais e com interesses
Que princípios escolheríamos? Provavelmente pessoais – escolheríamos se nos encontrássemos
teríamos dificuldades em chegar a acordo. Pessoas nessa situação. Não parte do princípio de que
diferentes iriam preferir princípios diferentes, que somos todos motivados pelo egoísmo na vida
refletissem os seus diversos interesses, crenças real, apenas que púnhamos de lado as nossas
morais e religiosas, e posições sociais. Algumas convicções morais e religiosas para realizar a
pessoas são ricas e outras são pobres, algumas experiência mental. Que princípios escolheríamos?
têm poder e bons contactos, outras nem tanto. Antes de mais, argumenta que não escolheríamos
Algumas são membros de minorias raciais, étnicas o utilitarismo. Sob o véu da ignorância, cada um
ou religiosas; outras não. de nós pensaria, «Tanto quanto sei, posso acabar
Poderíamos chegar a um compromisso. Mas por ser membro de uma minoria oprimida».
mesmo o compromisso provavelmente iria refletir E ninguém haveria de querer correr o risco de
o poder de negociação superior de algumas ser o cristão lançado aos leões para gáudio da
pessoas em relação às outras. Não há razão para multidão. Nem escolheríamos um princípio
presumir que um contrato social estabelecido puramente laissez-faire e libertário que desse às
desta maneira seria um acordo justo. pessoas o direito de ficar com todo o dinheiro que
Agora considere uma experiência mental: ganhassem numa economia de mercado. «Posso
suponha que quando nos reunimos para escolher acabar por ser o Bill Gates», pensaria cada pessoa,
os princípios não sabemos que posição iremos «mas também posso acabar por ser um sem-
ter na sociedade. Imagine que escolhemos abrigo. Por isso, é melhor evitar um sistema que
sob um «véu de ignorância» que nos impede me pudesse deixar na penúria e sem ajuda.»
temporariamente de saber seja o que for sobre Rawls considera que do contrato hipotético
quem somos especificamente. Não sabemos qual nasceriam dois princípios de justiça. O primeiro
é a nossa classe ou sexo, a nossa raça ou etnia, as concede liberdades básicas iguais a todos os
nossas opiniões políticas ou convicções religiosas. cidadãos, como a liberdade de expressão e de
Nem sabemos quais são as nossas vantagens e religião. Este princípio tem prioridade em relação
desvantagens – se somos saudáveis ou débeis, a considerações de utilidade social e de bem-
se temos um curso superior ou a escolaridade estar geral. O segundo princípio diz respeito
obrigatória, se nascemos numa família unida ou à igualdade social e económica. Embora não
num lar desfeito. Se ninguém soubesse nenhuma exija uma distribuição igual de rendimento e
destas coisas, escolheríamos, com efeito, a partir riqueza, permite apenas as desigualdades sociais
de uma posição original de igualdade. Como e económicas que beneficiem os membros mais
ninguém estaria numa posição de negociação desfavorecidos da sociedade.
superior, os princípios com que concordaríamos M. J. Sandel. (2011). Justiça: Fazemos o que devemos?. Lisboa:
seriam justos. Presença, pp. 150-151
É esta a noção de contrato social de Rawls – um
95
PARTE IV Textos complementares
1. Segundo o autor do texto, se nos reuníssemos para escolher os princípios que deverão
reger a nossa vida coletiva,
A. não teríamos dificuldade em chegar a um acordo justo.
B. teríamos dificuldade em chegar a um acordo e, mesmo que chegássemos, este, pro-
vavelmente, não seria justo.
C. não teríamos dificuldade em chegar a um acordo, o difícil seria conseguir que este
fosse justo.
D. teríamos dificuldade em chegar a um acordo, mas, se chegássemos, este seria, ga-
rantidamente, justo.
2. De acordo com o autor do texto, o desafio de Rawls consiste em saber que princípios
escolheríamos para organizar a nossa vida em sociedade se fossemos...
A. pessoas racionais e plenamente informadas.
B. pessoas irracionais, mas plenamente informadas.
C. pessoas racionais, mas cobertas por um véu de ignorância.
D. pessoas irracionais, cobertas por um véu de ignorância.
4. De acordo com o autor do texto, Rawls considera que do contrato hipotético nasceriam
dois princípios de justiça, ...
A. um princípio que recomenda uma total igualdade de liberdades para todos, e um
princípio que recomenda uma distribuição igual de rendimento e riqueza.
B. um princípio que recomenda uma distribuição igual de rendimento e riqueza, e um
princípio que aceita desigualdades nas liberdades fundamentais de cada cidadão.
C. um princípio que recomenda uma total igualdade de liberdades para todos, e um
princípio que permite apenas as desigualdades sociais e económicas que beneficiem
os membros mais desfavorecidos da sociedade.
D. um princípio que aceita desigualdades nas liberdades fundamentais de cada cida-
dão, e um princípio que permite apenas as desigualdades sociais e económicas que
beneficiem os membros mais desfavorecidos da sociedade.
96
98
Separador
Parte IV
99
PARTE IV
1 F 1 V 1 F 1 F
2 V 2 F 2 F 2 F
3 F 3 F 3 F 3 V
4 F 4 V 4 F 4 V
5 V 5 V 5 V 5 V
6 F 6 F 6 V 6 F
7 F 7 F 7 V 7 V
8 V 8 V 8 F 8 V
9 F 9 V 9 V 9 F
10 V 10 F 10 V 10 V
11 V 11 V 11 F 11 V
12 F 12 F 12 V 12 F
13 F 13 F 13 V 13 V
14 F 14 F 14 F 14 V
15 V 15 F 15 F 15 F
16 V 16 V 16 V 16 V
17 V 17 F 17 V 17 V
18 F 18 V 18 F 18 F
19 F 19 V 19 V 19 F
20 F 20 F 20 V 20 V
100
PARTE IV
1 V 1 F 1 F
2 F 2 V 2 F
3 F 3 V 3 F
4 V 4 F 4 V
5 F 5 F 5 F
6 V 6 F 6 V
7 V 7 V 7 F
8 V 8 F 8 F
9 F 9 V 9 V
10 F 10 V 10 V
11 V 11 V 11 F
12 F 12 F 12 V
13 F 13 F 13 F
14 V 14 F 14 V
15 F 15 F 15 F
16 F 16 V 16 V
17 F 17 F 17 F
18 V 18 F 18 V
19 F 19 F 19 V
20 V 20 V 20 F
101
PARTE IV
Estes Critérios de Correção têm uma estrutura semelhante àquela que é aplicada na
correção dos Exames Nacionais; assim também já ficas com uma ideia de como essas provas
são classificadas.
As Fichas Formativas estão cotadas para um total de 200 pontos (o que corresponde a
20 valores). Regra geral, elas apresentam as seguintes tipologias de questões: questões de
escolha múltipla, questões de resposta direta e objetiva e questões de desenvolvimento.
A classificação de cada uma destas tipologias de exercícios obedece a regras próprias.
Vejamos, em seguida, em que é que consistem e como se aplicam essas regras.
102
PARTE IV
As linhas (horizontais) servem para avaliares a tua resposta, no que diz respeito ao domínio
específico da disciplina. Para obter o nível 3 deves cumprir todos os descritores apresentados
nesse patamar. Se não cumprires um deles, verifica se cumpres os descritores do nível 2. Se
isso não acontecer, faz o mesmo para o nível 1. Se isso não acontecer, então a classificação da
tua resposta será 0 pontos. Depois de identificares o teu desempenho em termos científicos,
deves avaliar o teu desempenho linguístico, ou seja, tens de verificar qual das colunas (ver-
ticais) se aplica melhor à tua resposta. Por exemplo, imagina que a tua resposta cumpria os
descritores científicos do nível 3; para saber se a tua resposta deve ser classificada com 23, 24
ou 25, deves considerar o seguinte:
• se o teu discurso apresenta incorreções que comprometem parcialmente a sua clareza, a
classificação a atribuir é a que se encontra na coluna 1 (23 pontos, no exemplo apresentado);
• se o teu discurso apresenta incorreções que não comprometem a clareza, a classifica-
ção a atribuir é a que se encontra na coluna 2 (24 pontos, no exemplo apresentado);
• se o teu discurso é globalmente claro e correto, podendo apresentar falhas pontuais, a clas-
sificação a atribuir é a que se encontra na coluna 3 (25 pontos, no exemplo apresentado).
Questões de desenvolvimento
Nas questões de desenvolvimento, os critérios de classificação apresentam-se organizados
por parâmetros: (A) – Problematização; (B) – Argumentação a favor de uma posição pessoal;
(C) – Adequação conceptual e teórica; (D) – Comunicação. Cada parâmetro encontra-se organi-
zado por níveis de desempenho. A cada nível de desempenho corresponde uma dada pontuação.
Se não for atingido o nível 1 de desempenho num dado parâmetro, a classificação a atribuir
a esse parâmetro é 0 pontos. O parâmetro (D) – Comunicação só é classificado se for atingido
o nível 1 de desempenho em, pelo menos, um dos outros parâmetros. A classificação a atribuir
à resposta resulta da soma das pontuações atribuídas aos diferentes parâmetros.
103
PARTE IV
GRUPO I
1 (C) 7
2 (C) 7
3 (C) 7
4 (D) 7
5 (C) 7
6 (B) 7
7 (D) 7
8 (B) 7
9 (C) 7
10 (A) 7
104
PARTE IV
GRUPO II
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
105
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
106
PARTE IV
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
107
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
108
PARTE IV
GRUPO III
Níveis • Formula de forma vaga, imprecisa ou incompleta (pelo menos uma das
premissas e a conclusão) o argumento apresentado pelo autor do texto.
1 5
• Apresenta conteúdos irrelevantes e incorretos, mas que não
contradizem os conteúdos relevantes e corretos apresentados.
109
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
GRUPO I
1 (B) 7
2 (B) 7
3 (A) 7
4 (C) 7
5 (D) 7
6 (A) 7
7 (C) 7
8 (D) 7
9 (A) 7
10 (C) 7
110
PARTE IV
GRUPO II
Cenário de resposta – 1.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
• Dicionário:
P = Cícero é um orador persuasivo.
Q = Cícero utiliza um discurso sedutor.
R = Cícero cativa o auditório.
• Formalização:
(1) (P ǝȓ (Q ^ R))
(2) P
(3) ∴ R
• Inspetor de Circunstâncias:
PQR (P ǝȓ (Q R)) P ∴R
VVV V V V V
VVF F F V F
VFV F F V V
VFF F F V F
FVV V V F V
FVF V F F F
FFV V F F V
FFF V F F F
• Análise:
O argumento apresentado é (dedutivamente) válido, porque não há qualquer possibilidade de
as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa.
111
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
Cenário de resposta – 2.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Apresentação das três fórmulas:
a) (P v Q)
b) ¬ ¬ P OU P
c) (R ǝȓ(¬ P ^ ¬ Q))
112
PARTE IV
Cenário de resposta – 3.
A resposta integra os seguintes aspetos:
Da afirmação, não é verdade que matar um inocente é correto e que poupar um crimino-
so é errado, segue-se que matar um inocente não é correto ou poupar um criminoso não
é errado.
Corresponde à 2.a Lei de De Morgan.
Cenário de resposta – 4.
A resposta integra os seguintes aspetos:
A premissa em falta, que permite obter a conclusão apresentada, é: Se o Miguel Oliveira deixa
de treinar afincadamente todos os dias, então ele não é o campeão português de Moto GP.
A forma de inferência utilizada é a contraposição.
113
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
GRUPO III
• Dicionário:
P = A ética é uma questão de verdade objetiva.
Q = A ética é meramente uma questão de opinião.
R = Há amplos consensos em ética.
• Formalização:
(1) ((P ^ ¬ Q) ǝȓ R)
(2 ¬ R
(3) ∴ ¬ (P ^ ¬ Q)
114
PARTE IV
• Inspetor de circunstâncias:
P Q R ((P ¬ Q) ǝȓ R) ¬ R ∴ ¬ (P ¬ Q)
VVV VF F V V V FV V VF F V
VVF VF F V V F VF V VF F V
VFV VV V F V V FV F VV V F
VFF VV V F F F VF F VV V F
FVV FF F V V V FV V FF F V
FVF FF F V V F VF V FF F V
FFV FF V F V V FV V FF V F
FFF FF V F V F VF V FF V F
• Análise:
O argumento é válido, porque não há nenhuma circunstância em que as premissas sejam
verdadeiras e a conclusão falsa.
115
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
GRUPO I
1 (A) 7
2 (A) 7
3 (B) 7
4 (D) 7
5 (D) 7
6 (A) 7
7 (B) 7
8 (C) 7
9 (D) 7
10 (C) 7
116
PARTE IV
GRUPO II
117
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
Cenário de resposta – 2.
Para estarmos perante um bom argumento por autoridade é necessário que sejam cumpridos
os seguintes aspetos:
• Deve basear-se na opinião imparcial de especialistas no assunto em questão.
• Deve haver consenso entre os especialistas na área.
• Devem identificar claramente a autoridade invocada.
Exemplo: a Organização Mundial de Saúde refere que o consumo excessivo de sal é prejudicial
à saúde e aumenta a prevalência de doenças cardiovasculares.
Logo, o consumo excessivo de sal é prejudicial à saúde e aumenta a prevalência de doenças
cardiovasculares.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
118
PARTE IV
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
119
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
GRUPO III
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
120
PARTE IV
GRUPO I
1 (C) 7
2 (A) 7
3 (B) 7
4 (A) 7
5 (A) 7
6 (D) 7
7 (B) 7
8 (A) 7
9 (C) 7
10 (D) 7
121
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
GRUPO II
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
122
PARTE IV
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
123
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
124
PARTE IV
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
125
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
GRUPO III
Cenário de resposta – 1.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Clarificação do problema:
• A ciência dá-nos uma conceção determinista do universo (de acordo com a qual todos os
acontecimentos são determinados por acontecimentos anteriores e pelas leis da natureza);
ao mesmo tempo, frequentemente, sentimos que diferentes cursos de ação estão disponíveis
e dependem de uma escolha nossa (ou seja, sentimos que esses cursos de ação não estão
determinados). Esta segunda crença parece sugerir que temos livre-arbítrio, ou seja, que pelo
menos algumas das coisas que acontecem dependem fundamentalmente de nós. Mas a pri-
meira parece sugerir que tudo o que acontece é a consequência necessária de coisas que nós
não controlamos. Assim, podemos interrogar-nos: será que esta sensação interior de liberdade
nos dá uma forte razão para aceitarmos que o livre-arbítrio existe?
Apresentação inequívoca da posição defendida.
Argumentação a favor da posição defendida:
NOTA: Os aspetos constantes nos cenários de resposta apresentados são apenas ilustrativos, não esgotando
o espetro de respostas adequadas possíveis.
No caso de o aluno considerar que a sensação interior de liberdade é uma razão forte para
aceitarmos que o livre-arbítrio existe:
• Por vezes, escolhemos cursos de ação e sabemos que outros cursos de ação, embora
(aparentemente) possíveis, não seriam razoáveis; por exemplo, embora seja (aparente-
mente) possível sair da sala pela janela, na ausência de uma razão para o fazermos (por
exemplo, a porta da sala estar bloqueada, ou haver um incêndio no corredor) acabamos
por não o fazer e saímos pela porta.
• Em casos destes, pode argumentar-se que as nossas escolhas resultam de aconteci-
mentos/factos anteriores (e das leis da natureza), como, por exemplo, a existência das
regras sociais, que mandam sair pela porta, e a nossa necessidade de estarmos social-
mente integrados.
• Todavia, também nos encontramos frequentemente perante cursos de ação genuina-
mente alternativos; por exemplo, se nos dão a escolher entre bolo de cenoura e bolo de
laranja, e não temos razões para preferir um ou outro, a escolha parece ser inteiramente
nossa, e não determinada.
• A experiência direta da escolha genuína (ou a sensação interior de liberdade inerente à
experiência direta da escolha genuína) mostra-nos que há cursos de ação que dependem
da nossa vontade, e não (apenas) de acontecimentos anteriores e das leis da natureza, e
nenhuma teoria consegue negar este tipo de experiência.
126
PARTE IV
No caso de o aluno considerar que a sensação interior de liberdade não é uma razão forte para
aceitarmos que o livre-arbítrio existe:
• É certo que, frequentemente, sentimos que diferentes cursos de ação estão disponíveis
e dependem de uma escolha nossa, ou seja, sentimos que esses cursos de ação não
estão determinados.
• Porém, esta sensação, quando submetida a análise, revela-se ilusória; por exemplo, em-
bora possamos sentir (e acreditar) que saímos pela porta, e não pela janela, porque é
isso que queremos, a verdade é que sair pela janela, dadas as regras sociais e a nossa
necessidade de nos integrarmos socialmente, não era possível, exceto se outros acon-
tecimentos/factos determinassem a saída pela janela (como a porta da sala estar blo-
queada, ou haver um incêndio no corredor).
• As nossas escolhas podem ser explicadas precisamente porque temos razões para es-
sas escolhas, e essas razões resultam de processos causais dos quais a maior parte das
vezes não temos consciência.
• Mesmo escolhas entre cursos de ação que parecem ser equivalentes (relativamente aos
quais não temos uma preferência consciente) podem, afinal, ser causadas por aconteci-
mentos dos quais não estamos conscientes.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
A – Problematização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 pontos
B – Argumentação a favor de uma posição pessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 pontos
C – Adequação conceptual e teórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 pontos
D – Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 pontos
127
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
128
PARTE IV
129
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
GRUPO I
1 (B) 7
2 (C) 7
3 (C) 7
4 (C) 7
5 (D) 7
6 (A) 7
7 (C) 7
8 (A) 7
9 (A) 7
10 (A) 7
130
PARTE IV
GRUPO II
NOTA: Aceita-se que a identificação seja feita através da transcrição integral da última frase do texto (“Contu-
do, o hóquei em patins é mais bonito do que o hóquei no gelo”) ou através de expressões que indiquem
o reconhecimento do único juízo de valor expresso no texto (por exemplo, “É a última frase do texto”).
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
131
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
Cenário de resposta – 2.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
O relativismo é uma alternativa ao subjetivismo, que considera que, em vez de se reportarem
às nossas preferências individuais, os juízos morais referem-se às nossas preferências coleti-
vas, isto é, ao conjunto de normas sociais acordadas pelos membros de uma dada sociedade.
Por sua vez, a Declaração Universal dos Direitos Humanos tem como pressuposto a assunção
de que todos os seres humanos, pelo facto de serem humanos, devem ter um conjunto inalie-
nável e absoluto de direitos iguais para todos, e não por pertencerem a um determinado grupo
cultural.
Como tal, podemos dizer que sim, que os pressupostos do relativismo entram em conflito com
a Declaração Universal dos Direitos Humanos, pois para o relativismo os direitos e deveres que
cada um deverá ter não depende daquilo que está contemplado na Declaração Universal, mas
sim do que que cada cultura definiu como certo ou errado.
A título de exemplo, um determinado direito consagrado na Declaração Universal dos Direitos
Humanos como sendo algo objetivamente correto pode ser considerado algo profundamente
errado no interior de uma dada sociedade.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
132
PARTE IV
Cenário de resposta – 3.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
A perspetiva acerca da natureza dos juízos morais que está aqui a ser criticada é o relativismo.
O relativismo sustenta que os juízos morais não são objetivamente verdadeiros ou falsos, pois
a sua verdade ou falsidade depende sempre do código moral vigente na cultura onde estes são
formulados.
Esta afirmação mostra-nos que por muito que tenhamos um sentimento de pertença face a
uma dada cultura e a tentação de seguir os seus modelos, simultaneamente, sentimo-nos
capazes de questionar se alguma das suas práticas é correta ou incorreta, boa ou má, ou se
atenta contra a dignidade e integridade física e moral das pessoas cujas vidas são por ela afe-
tadas. Este questionamento não se compadece com os pressupostos do relativismo, porque
de acordo com esta perspetiva não existe um padrão neutro que permita ajuizar as práticas de
qualquer cultura, em qualquer época, nomeadamente a nossa.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
133
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
134
PARTE IV
GRUPO III
Cenário de resposta – 1.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Clarificação do problema da natureza dos juízos morais, subjacente à questão apresentada:
• O problema consiste em saber se os juízos morais são crenças e, em caso afirmativo, se a
sua verdade ou falsidade é objetiva ou se é relativa às nossas preferências pessoais ou a
certos padrões culturais.
Apresentação inequívoca da posição defendida:
• O aluno pode optar por defender uma das seguintes perspetivas: subjetivismo, relativismo
cultural ou objetivismo.
Argumentação a favor da posição defendida:
• Se o aluno optar por defender o subjetivismo, poderá dizer que:
– de um ponto de vista subjetivista, os valores nada mais são do que preferências pessoais,
ou seja, não existe uma conceção universal de bem;
– a intolerância consiste em opor-se a que alguém conduza a sua vida de acordo com as
suas preferências / a sua conceção de bem;
– um subjetivista contradir-se-ia se fosse intolerante, pois, ao opor-se a que outras pes-
soas conduzissem as suas vidas de acordo com as suas preferências pessoais, estaria a
impor os seus valores/critérios como se fossem os únicos (corretos);
– se os valores não fossem meras preferências pessoais não teríamos boas razões para
nos opormos à intolerância, ao contrário do que acontece com a perspetiva relativista
(cultural), que permite a intolerância no seio de cada cultura (e apenas rejeita a intole-
rância entre culturas), e com a perspetiva objetivista, que defende a existência de valo-
res/critérios universais.
• Se o aluno optar por defender o relativismo cultural, poderá dizer que:
– de um ponto de vista relativista (cultural), os valores são os padrões e costumes geralmente
aprovados em cada sociedade ou comunidade, ou seja, a conceção de bem depende de cada
cultura (não depende de preferências pessoais nem de critérios objetivos);
– a intolerância decorre da convicção de superioridade cultural que algumas sociedades
ou comunidades têm acerca dos seus padrões e costumes, verificando-se sempre que
uma cultura procura impor os seus valores a outra cultura (ou quando não se aceita a
diversidade cultural);
135
PARTE I 2. Orientações para as respostas nos testes
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
A – Problematização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 pontos
B – Argumentação a favor de uma posição pessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 pontos
C – Adequação conceptual e teórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 pontos
D – Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 pontos
136
Parâmetros Níveis Descritores de Desempenho Pontuação
• Identifica e esclarece adequadamente o problema
3 6
filosófico a que o texto responde.
• Identifica o problema filosófico a que o texto responde,
2 4
MAS esclarece-o com imprecisões ou de modo implícito.
A
• Identifica o problema filosófico a que o texto responde,
Problematização mas sem o esclarecer.
OU
1 2
• Esclarece o problema filosófico a que o texto responde
com imprecisões ou de modo implícito, MAS sem o
identificar.
• Apresenta inequivocamente a posição defendida.
• Evidencia um bom domínio das competências
argumentativas, articulando adequadamente e
com autonomia os argumentos, ou as razões ou
3 os exemplos apresentados. 12
• Apresenta com clareza e correção argumentos
persuasivos, razões ponderosas ou exemplos
adequados e plausíveis a favor da posição defendida ou
contra a posição rival da defendida.
• Apresenta inequivocamente a posição defendida.
B • Evidencia um domínio satisfatório das competências
Argumentação argumentativas, elencando os argumentos, ou as
a favor de uma razões ou os exemplos.
2 8
posição pessoal • Apresenta com imprecisões argumentos persuasivos,
ou razões ponderosas ou exemplos adequados e
plausíveis a favor da posição defendida ou contra
a posição rival da defendida.
• Apresenta a posição defendida, ainda que de modo
implícito.
• Evidencia uma intenção argumentativa, mas os
1 argumentos ou as razões apresentados a favor da 4
perspetiva defendida, ou contra a perspetiva rival da
defendida, são fracos ou claramente falaciosos, ou os
exemplos selecionados são inadequados.
137
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
138
PARTE IV
GRUPO I
1 (A) 7
2 (C) 7
3 (D) 7
4 (A) 7
5 (C) 7
6 (A) 7
7 (D) 7
8 (C) 7
9 (A) 7
10 (B) 7
139
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
GRUPO II
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
140
PARTE IV
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
141
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
Níveis
Descritores do nível de desempenho
no domínio específico da disciplina 1 2 3
142
PARTE IV
Cenário de resposta – 3.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Segundo Mill, além da quantidade dos prazeres é necessário ter em conta a qualidade dos mesmos.
Para Mill existem prazeres qualitativamente superiores e prazeres qualitativamente inferiores.
Os prazeres superiores são prazeres intelectuais/espirituais que correspondem à satisfação
de necessidades de qualidade superior, por exemplo: a contemplação de uma obra de arte, a
fruição do bem e do conhecimento, entre outros.
Os prazeres inferiores são os prazeres corporais que correspondem à satisfação das nossas
necessidades primárias, como a comida, a bebida e o sexo.
Os homens designados como “juízes competentes” são os únicos seres capazes de satisfazer
os dois tipos de prazer (superiores e inferiores). Já o animal, dada a sua condição, apenas tem
a capacidade de se deleitar com a satisfação de prazeres inferiores, uma vez que não é capaz
de alcançar a satisfação dos prazeres superiores.
Segundo Mill, mais vale um homem insatisfeito, mas que consegue aceder a prazeres de qua-
lidade superior ainda que possa não se contentar com eles, do que um porco que, ainda que
esteja satisfeito, apenas consegue aceder a prazeres de qualidade inferior.
Mill dirá que a vida do ser humano será sempre preferível à de um porco, pois esta inclui a
experiência de prazeres superiores, o que não está ao alcance dos animais.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
143
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
GRUPO III
Cenário de resposta – 1.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Clarificação do problema:
• Consideramos geralmente que os motivos são relevantes para o valor moral das ações,
mas também consideramos geralmente que as consequências das ações são relevantes
para o seu valor moral.
• Daí decorre o problema de saber o que determina o valor moral das ações. Serão apenas
as consequências? Ou haverá outros fatores igualmente relevantes?
Apresentação inequívoca da posição defendida:
• O aluno pode optar por defender que as ações da Maria têm valor moral, ou pode optar por
defender o contrário.
Argumentação a favor da posição defendida.
No caso de o aluno considerar que a ação descrita não tem valor moral:
• Os motivos (determinantes) da Maria são o gosto que tem por crianças e o desejo (egoís-
ta) de valorizar o seu currículo.
• A ação da Maria não tem como motivo determinante o dever de "ajudar os outros quando
ajudar os outros está ao nosso alcance".
• A ação da Maria é apenas conforme a esse dever / não contraria esse dever, mas não é
realizada por dever.
OU
• A ação da Maria é determinada pela máxima "ajuda os outros quando ajudar os outros
estiver de acordo com os teus interesses ou servir as tuas conveniências".
• A noção de auxílio seria vã se dependesse dos interesses/inclinações egoístas do agen-
te.
• A Maria não pode querer que essa máxima se converta numa lei universal OU apoiar
crianças doentes para valorizar o currículo seria tratá-las apenas como meros meios, e
não como fins.
144
PARTE IV
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
A – Problematização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 pontos
B – Argumentação a favor de uma posição pessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 pontos
C – Adequação conceptual e teórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 pontos
D – Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 pontos
145
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
146
PARTE IV
147
PARTE IV Cenários de resposta das fichas formativas
GRUPO I
1 (A) 7
2 (B) 7
3 (C) 7
4 (D) 7
5 (B) 7
6 (C) 7
7 (C) 7
8 (D) 7
9 (A) 7
10 (B) 7
148
PARTE IV
GRUPO II
Cenário de resposta – 1.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Segundo Rawls, a escolha de princípios de justiça deve ser feita por indivíduos livres, racionais
e iguais, que se encontram numa posição original hipoteticamente cobertos por um véu de
ignorância (uma espécie de amnésia seletiva).
Estar a coberto de véu de ignorância pressupõe o desconhecimento das partes contratantes de
toda e qualquer circunstância particular da sua situação de vida, por exemplo:
• o lugar que ocupam na sociedade;
• as suas características individuais;
• a sua situação económica;
• os seus talentos naturais;
• as suas características psicológicas.
Este desconhecimento garante que na escolha dos princípios da justiça as partes contratantes
escolhem em regime de total imparcialidade, evitando a tentação de cada um propor princípios
que visem beneficiar a sua situação particular de vida. Exemplo: se eu escolher um princípio de
justiça que prejudique os ricos com um alto pagamento de impostos e se tirar o véu e perceber
que sou rico, então acabei de escolher um princípio que prejudicou a minha classe e esta situa-
ção ninguém quer ver adotada para si.
Assim, a escolha dos princípios da justiça deve ser feita a coberto de um véu de ignorância para
garantir que esta é feita de forma absolutamente imparcial.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
149
PARTE IV 11. Cenários de resposta das fichas formativas
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
150
Cenário de resposta – 3.1
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Identificação da posição de Rawls:
• A aplicação de recursos financeiros descrita é justa.
Justificação:
• Segundo Rawls, as desigualdades económicas e sociais devem resultar do exercício de
cargos e funções abertos a todos em circunstâncias de igualdade (equitativa) de oportu-
nidades (princípio da igualdade de oportunidades).
• Segundo Rawls, as desigualdades económicas e sociais devem também ser distribuídas
de modo que resultem nos maiores benefícios possíveis para os menos favorecidos (par-
te do segundo princípio, conhecido como princípio da diferença).
• Os recursos financeiros referidos, usados para apoiar os membros da sociedade menos
favorecidos (pela lotaria social ou pela lotaria natural), promovem a igualdade de opor-
tunidades (pois contrariam a situação de desfavorecimento inicial).
• Os recursos financeiros referidos são obtidos através de mecanismos de redistribuição
da riqueza (ou de impostos progressivos sobre o rendimento), que visam os maiores
benefícios possíveis para os menos favorecidos.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
151
PARTE IV 11. Cenários de resposta das fichas formativas
Cenário de resposta – 4.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Não, para um libertarista, como Robert Nozick, o princípio da diferença proposto por Rawls não
é consistente com o princípio da liberdade.
Segundo Nozick, o padrão de distribuição de riqueza imposto pelo princípio da diferença, impli-
ca uma interferência constante do estado na propriedade privada legitimamente adquirida por
cada um de nós.
Assim, Nozick critica o princípio da diferença proposto por Rawls, pois sustenta que não é pos-
sível defender consistentemente o princípio da liberdade e o princípio da diferença, uma vez
que qualquer conceção padronizada que delimite até que ponto deve ir a desigualdade econó-
mica implica, claramente, uma violação da liberdade individual e dos direitos de propriedade
de cada um.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
152
GRUPO III
Cenário de resposta – 1.
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
Problema filosófico subjacente:
• O que é uma sociedade justa?
Apresentação inequívoca da posição defendida:
• O aluno pode optar por defender que a igualdade de liberdades é suficiente para que haja
justiça social, ou defender que a igualdade de liberdades não é suficiente para que haja
justiça social.
Justificação da posição defendida:
No caso de o aluno considerar que, para uma sociedade ser justa, basta que todos tenham
liberdades iguais, pode justificar a sua posição dizendo o seguinte:
• As posições sociais de cada um são justas quando resultam de processos que são, eles
próprios, justos (quando resultam do esforço ou da aplicação de capacidades e de ta-
lentos individuais, de negócios bem-sucedidos, baseados num acordo livre e informado
entre as partes envolvidas, ou de heranças legítimas), ainda que se verifiquem desigual-
dades na distribuição da riqueza ou nas oportunidades disponíveis.
• Seria injusto forçar as pessoas a abdicarem dos bens que adquiriram por processos
justos, com a finalidade de beneficiar os mais desfavorecidos (as pessoas com menores
recursos económicos).
• Apesar de, em muitos casos, a pobreza (a escassez de recursos económicos) ou a fal-
ta de oportunidades não dependerem de escolhas individuais, nem da falta de mérito
pessoal, não é justo violar a autonomia de uns, interferindo ilegitimamente na sua vida
pessoal, com o objetivo de beneficiar outros, ainda que mais carenciados (não é justo
instrumentalizar uns para favorecer outros).
No caso de o examinando considerar que, para uma sociedade ser justa, não basta que todos
tenham liberdades iguais, pode justificar a sua posição dizendo o seguinte:
• O facto de todos terem, à partida, as liberdades necessárias para alcançar funções e
carreiras abertas a todos não implica que, efetivamente, todos tenham iguais oportuni-
dades de as alcançarem.
• As expectativas das pessoas que têm as mesmas capacidades e aspirações devem ser
idênticas, independentemente da classe social a que pertencem, e isso exige que todos
tenham oportunidades iguais.
• Assim, a igualdade de oportunidades, como o acesso a uma educação de qualidade, por
exemplo, é fundamental para que os conhecimentos e as qualificações não dependam
da classe social e contribui para que pessoas com as mesmas capacidades e aspirações
153
tenham expectativas idênticas.
• Nem a situação social de origem nem os talentos e capacidades naturais (inteligência,
criatividade, agilidade, força) resultam de uma escolha pessoal.
• Ao longo da vida, a situação social de origem e os talentos e capacidades naturais con-
tinuam a influenciar o rendimento e a situação social das pessoas, ainda que todas te-
nham liberdades iguais.
• Assim, são necessários mecanismos de redistribuição da riqueza, de modo a assegurar
que as pessoas mais desfavorecidas são beneficiadas e compensadas pelos efeitos ne-
gativos da lotaria natural e social nas suas perspetivas de vida.
NOTA: Não se exige que o aluno utilize exatamente os mesmos termos do descritor da resposta correta.
A – Problematização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 pontos
B – Argumentação a favor de uma posição pessoal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 pontos
C – Adequação conceptual e teórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 pontos
D – Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 pontos
154
Parâmetros Níveis Descritores de Desempenho Pontuação
• Identifica e esclarece adequadamente o problema
3 6
filosófico a que o texto responde.
• Identifica o problema filosófico a que o texto responde,
2 4
mas esclarece-o com imprecisões ou de modo implícito.
A
• Identifica o problema filosófico a que o texto responde,
Problematização mas sem o esclarecer.
OU
1 2
• Esclarece o problema filosófico a que o texto responde
com imprecisões ou de modo implícito, mas sem o
identificar.
• Apresenta inequivocamente a posição defendida.
• Evidencia um bom domínio das competências
argumentativas, articulando adequadamente e
com autonomia os argumentos, ou as razões ou os
3 exemplos apresentados. 12
• Apresenta com clareza e correção argumentos
persuasivos, razões ponderosas ou exemplos
adequados e plausíveis a favor da posição defendida ou
contra a posição rival da defendida.
• Apresenta inequivocamente a posição defendida.
B • Evidencia um domínio satisfatório das competências
Argumentação argumentativas, elencando os argumentos, ou as
a favor de uma razões ou os exemplos.
2 8
posição pessoal • Apresenta com imprecisões argumentos persuasivos,
ou razões ponderosas ou exemplos adequados e
plausíveis a favor da posição defendida ou contra a
posição rival da defendida.
• Apresenta a posição defendida, ainda que de modo
implícito.
• Evidencia uma intenção argumentativa, mas os
1 argumentos ou as razões apresentados a favor da 4
perspetiva defendida, ou contra a perspetiva rival da
defendida, são fracos ou claramente falaciosos, ou
os exemplos selecionados são inadequados.
155
PARTE IV 11. Cenários de resposta das fichas formativas
156
Soluções das questões para verificação
da leitura dos textos de apoio
1 D 1 C 1 A
2 A 2 A 2 D
3 B 3 A 3 C
4 D 4 B 4 B
1 B 1 A 1 B
2 C 2 C 2 B
3 D 3 D 3 C
4 B 4 B 4 A
Texto 7 Texto 8
1 C 1 B
2 B 2 C
3 A 3 A
4 B 4 C
157
Este Caderno do Estudante foi desenvolvido em
articulação com o Manual Como Pensar Tudo Isto? 10,
sendo por isso recomendável, por razões
pedagógico-didáticas, a sua utilização conjunta.
ISBN 978-989-23-5002-8
www.leya.com www.asa.pt