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Daniel Martins Gusmão

Os Arquivos de Memória da Marinha


brasileira – constituição e trajetória1
Daniel Martins Gusmão
Coordenador do Projeto Memória da Marinha (Programa de História Oral), atua como Oficial Historiador Naval
na Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, membro da Associação Brasileira de Histó-
ria Oral, Bacharel em História e Especialista em História do Brasil pela Universidade Federal Fluminense.

I - RESUMO vida dos militares envolvidos direta ou indi-


retamente nos respectivos temas, contando
No âmbito da Marinha do Brasil, a orga- atualmente com depoimentos de mais de 70
nização militar que tem por propósito contri- colaboradores.
buir para o estudo, a pesquisa e a divulga- O presente trabalho busca resgatar a tra-
ção da História Naval brasileira, bem como jetória de formação da memória oral da Ma-
a conservação da documentação pertinente rinha brasileira, pois de acordo com o reno-
e do patrimônio histórico e artístico é a Dire- mado Historiador Naval, Max Justo Guedes,
toria do Patrimônio Histórico e Documenta- a História da Marinha é a História do Brasil.
ção da Marinha (DPHDM). Criada em 1943, em pleno auge da Se-
No intuito de promover estudos e pesqui- gunda Guerra Mundial e com o País envol-
sas sobre assuntos concernentes à história vido na Batalha do Atlântico, a DPHDM2 é
da Marinha e à cultura naval em geral, man- a organização militar que tem por propósito
tendo o registro desta história, a Marinha PRESERVAR e DIVULGAR o patrimônio his-
iniciou as atividades de registro da memória tórico e cultural da Marinha, contribuindo
oral no século XX, através de gravações de para a CONSERVAÇÃO DE SUA MEMÓRIA
conteúdos variados, sendo que as primeiras e para o desenvolvimento da consciência
foram realizadas na década de 70, estenden- marítima brasileira.
do-se até início dos anos 90. Dentre as suas diversas atividades,
Foi no final dos anos 90, que esta ativi- destaca-se como de suma importância as
dade ganhou escopo e formou-se uma equi- seguintes:
pe que, através dos métodos utilizados pelo 1 – promover estudos e pesquisas, conso-
Centro de Pesquisa e Documentação de lidar e publicar documentação sobre assun-
História Contemporânea do Brasil (CPDOC) tos concernentes à CULTURA MARÍTIMA;
da Fundação Getúlio Vargas, criou o Projeto 2 – manter o registro da HISTÓRIA MARÍ-
Memória, em 1998, que, em última análise, TIMA do Brasil;
tem o objetivo de elaborar o registro da His- 3 – promover intercâmbios com entida-
tória Naval brasileira, englobando a história des públicas e privadas, nacionais e estran-
administrativa e operativa da Marinha, dos geiras, envolvidas com a HISTÓRIA e a CUL-
seus navios, estabelecimentos, biografias e TURA MARÍTIMAS; e
dos Corpos e Quadros da Instituição. O con- 4 – propor e incentivar a divulgação da
teúdo deste programa baseia-se em depoi- CULTURA e HISTÓRIA MARÍTIMA para a so-
mentos individuais, enfocando a história de ciedade em geral.

1
Trabalho apresentado no III Encuentro Internacional de Historia Oral, realizado na Universidad Nacional Autónoma de
Nicaragua, em Managua, no período de 16 a 21 de fevereiro de 2009.
2
Em 1o de julho de 2008, a Portaria no 209, do Comandante da Marinha, extinguiu a Diretoria do Patrimônio Histórico e
Cultural da Marinha (DPHCM) e alterou a denominação do então Serviço de Documentação da Marinha (SDM) para
Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM). Publicada no Diário Oficial da União em 24 de
julho de 2008. Os propósitos e as atividades da DPHDM estão expressos na íntegra em seu Regulamento Interno. Mais
informações podem ser obtidas em: www.dphdm.mar.mil.br

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Diante destas atividades percebe-se que Prins (1992, p. 194) “[...] a força da História
os termos História e Cultura Marítima estão Oral é a força de qualquer história metodolo-
intimamente interligados e para melhor de- gicamente competente. Vem da extensão e
senvolver estes conceitos existe na DPHDM da inteligência com que muitos tipos de fon-
um Departamento de História com três di- te são aproveitados para operar em harmo-
visões: uma de História Marítima e Naval, nia”. Desta forma, a História Oral, no Brasil,
uma de Pesquisas e uma de Arqueologia ganhou projeção e os anos 90 foi tido como
Subaquática. de ouro. Criou-se o Núcleo de Estudos em
O Departamento de História supervisio- História Oral (NEHO), da Universidade de
na o estudo, a pesquisa e o registro da his- São Paulo (USP); a Associação Brasileira de
tória marítima brasileira em seus múltiplos História Oral – 1994 (ABHO); a Associação
aspectos. Coordena a edição dos volumes e Internacional de História Oral – 1996 (IOHA);
tomos da Coleção História Naval Brasileira e e uma extensa produção historiográfica so-
da história administrativa da Marinha, é res- bre o tema.
ponsável pela pesquisa e elaboração do his- Destaco durante os anos 90, o lançamen-
tórico dos navios da Armada, dos estabele- to de quatro obras coletivas4 de História Oral
cimentos e biografias de militares, organiza publicadas no Brasil:
a edição da Revista Navigator3 (publicação
cientifica que tem o propósito de promover Entrevistas: abordagens e usos da
e incentivar o debate e a pesquisa sobre História Oral, lançada durante o II
temas de História Marítima no meio acadê- Encontro Nacional de História Oral,
mico), e por último, mantém em atividade o no Centro de Pesquisa e Documen-
Projeto Memória, o qual eu coordeno. tação de História Contemporânea
A partir dos anos 90, diversas instituições do Brasil (CPDOC) da Fundação Ge-
no País começaram a se preocupar com a tulio Vargas, em abril de 1994; His-
construção de sua memória buscando recu- tória Oral e multidisciplinaridade,
perar sua própria história. Instituições como que reúne quatro palestras proferi-
o Banco Central, a Petrobras e a Eletrobras das por ocasião daquele encontro,
partiram para a organização de “centros de também publicado em 1994; (Re)in-
memória” e passaram a buscar na História troduzindo a História Oral no Brasil,
Oral uma forma de restaurar e consolidar lançada durante o III Encontro Na-
origens e trajetórias fundamentais para a cional de História Oral, no Centro de
constituição da identidade e definição de Memória da UNICAMP em maio de
seu lugar na estrutura do País (MOTTA, 1996; e Usos e abusos da História
1995, p. 1). Instala-se neste momento um Oral, também publicada em 1996.
quadro de transformações profundas que (ALBERTI, 1997, p. 207).
possibilitaram um verdadeiro boom na his-
tória oral, que é “explicado a partir de mu- É sobre esta influência de ideias e cons-
danças no próprio campo da história, com ciente da importância da conservação de
o rompimento do paradigma estruturalista, sua memória que a MARINHA DO BRASIL
mas também a partir de transformações resolveu RETOMAR com fôlego o Progra-
mais gerais na sociedade brasileira” (FER- ma de História Oral instituindo oficialmen-
REIRA, 1998, p. 22). te, em 1998, o Projeto Memória. Para isto,
O alinhamento da história com outras uma equipe composta de dois oficiais da
ciências sociais favoreceu o surgimento de reserva e uma historiadora (Marcya Valé-
novas abordagens de atuação. Conforme ria Galvão Pereira) com conhecimentos da

3
Publicações da revista na íntegra em: www.revistanavigator.com.br
4
São elas: FERREIRA, Marieta de Moraes (org.). Entrevistas: abordagens e usos da História Oral. Rio de Janeiro: Ed. da
FGV, 1994; ______ (org.). História Oral e multidisciplinaridade. Rio de Janeiro: Diadorim/Finep, 1994; _______ & AMADO,
Janaína (coord.). Usos & abusos da História Oral. Rio de Janeiro: Ed. da FGV, 1996; e MEIHY, José Carlos Sebe Bom (org.).
(Re)introduzindo a História Oral no Brasil. São Paulo: USP/Xamã, 1996.

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metodologia do trabalho de história oral instituição. Trabalhar com histórias de vida


entraram em campo. na construção de acervos institucionais, na
A partir dos pressupostos teóricos, este concepção da cultura política, permite ilu-
grupo concebeu um plano de ação com o minar “aspectos poucos esclarecidos pela
objetivo de elaborar o registro da História documentação, em geral muito pródiga em
Naval brasileira, englobando a história ad- destacar os atos e muito pobre em detalhar
ministrativa e operativa da Marinha, dos os meandros decisórios” (MOTTA, 2000, p.
seus navios, estabelecimentos, biografias e 108). Os primeiros depoimentos, além de
dos Corpos e Quadros da Instituição. destacar atividades específicas da institui-
Falei aqui em retomada do Programa de ção, também buscam realçar passagens
História Oral, pois bem, no início dos anos que de uma forma ou de outra não foram
705 que a Marinha preocupou-se em regis- normatizadas, isto é, postas no papel.
trar depoimentos pessoais6 sobre temas Na Marinha, a organização responsável
importantes e a história de vida de militares por esta atividade era o então Serviço de Do-
destacados no âmbito naval, num momento cumentação da Marinha, que recentemente
em que essa metodologia se firmava como foi renomeado para DPHDM. As entrevistas
novidade no mundo acadêmico internacio- eram realizadas numa sala do Museu Naval
nal. (ALBERTI, 1998, p. 1). e a condição imprescindível para a realiza-
Nos primórdios da História Oral deste ção das mesmas é de que o militar não es-
programa, a primeira série a ser gravada tivesse mais em atividade, possibilitando ao
consta de depoimentos sobre os Serviços mesmo falar abertamente de sua história de
de Hidrografia da Marinha. Os depoentes vida, enfatizando a carreira naval. Eram gra-
(Almirantes Levy Penna Aarão Reis, Djalma vadas em fitas de rolo, duplicadas e guar-
Garnier de Albuquerque e Paulo Antônio Tel- dadas. Não havia por esta época nenhuma
les Bardy) destacam a criação do curso de metodologia específica para tratamento
especialidade em hidrografia para oficiais da fonte oral, diferentemente do Centro de
por terem sido os pioneiros nesta formação, Pesquisa e Documentação de História Con-
que ocorreu no início da década de 30, e o temporânea do Brasil (CPDOC), que desde
levantamento hidrográfico realizado nas Ba- o início de seu programa de História Oral,
ías de Ilha Grande e Angra dos Reis, um dos também no início dos anos 70, buscava fa-
primeiros até então. zer um tratamento da fonte, que “incluía a
Outros temas como o ciclo de revoluções duplicação da gravação para a formação
ocorrido na década de 30 no Brasil, Primeira do acervo de segurança; a passagem da
e Segunda Guerras Mundiais, entre outros, entrevista para a forma escrita, na qual se
são metodicamente registrados no decorrer sucediam as etapas de transcrição, confe-
dos anos 70 e 80. Ao todo são 287 fitas, entre rência de fidelidade, copidesque e leitura fi-
cassetes e de rolo que marcaram o início do nal; a elaboração de instrumentos de auxílio
Programa de História Oral da Marinha. De à pesquisa – como o sumário e os índices
forma incipiente, nesta fase buscou-se ape- temático e onomástico – e, finalmente, a li-
nas o registro sonoro dos depoimentos. Não beração para consulta, com a elaboração de
há transcrição deste acervo. ficha técnica, folha de rosto e ficha catalo-
A reconstrução das trajetórias de vida gráfica”. (ALBERTI, 2005, p. 2).
que a Marinha buscou com o lançamento de Um dos poucos trabalhos que utiliza-
seu programa de História Oral enfatizou dar ram metodologia da História Oral para
voz àquelas personalidades que durante a falar da instituição Marinha foram as
sua carreira naval influenciaram de maneira obras de pesquisadores do CPDOC (Ma-
positiva para a constituição da memória da ria Celina D´Araújo, Celso Castro e Zairo

5
A primeira entrevista do Programa de História Oral da Marinha foi realizada em 31 de outubro de 1974.
6
Sobre a distinção entre depoimento pessoal e história de vida ver: QUEIROZ, Maria Isaura Pereira. Relatos orais:
do “indivisível” ao “divisível”, in Ciência e cultura. São Paulo: n. 3, v. 39, mar., 1987 e LIZA, Holzmann. Histórias de
vida e depoimentos pessoais, in Emancipação. Ponta Grossa: n. 2, v. 1, p. 43-56, 2002.

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Cheibub 7). Em 1998, realizaram um traba- Outro subprojeto de suma importância


lho com militares que cursavam a Escola de para a compreensão da instituição MARI-
Guerra Naval, isto é, eles estavam em plena NHA DO BRASIL, por ocasião da abertura
atividade militar e o livro Militares e política democrática e início da Nova República,
na Nova República8 trata de depoimentos é a série de depoimentos, que se iniciou
com ex-ministros das três forças destacando em 1999 até 2002, que contemplam cinco
a atuação de suas atividades ministeriais. ex-ministros cujos mandatos perduraram
Retomando o Projeto Memória, foi explana- de 1984 a 1998, num momento da concei-
do como se deu a ideia e o interesse da Mari- tuada “abertura política”, depois de o País
nha para reativar o programa de História Oral, passar por mais de 20 anos sob um regime
a formação de sua primeira equipe de traba- de governo militar.
lho e o plano de ação a ser empreendido. Na sequência ao subprojeto Ministros, te-
Há como marco de início deste projeto o mos o subprojeto Intendência9 com a colabo-
dia 9 de julho de 1998, quando é realizada a ração de cinco ex-militares intendentes que
primeira entrevista desta segunda fase, bus- explanam através de suas histórias de vida, a
cando destacar a história de vida e fatos re- própria história de criação do Corpo de Inten-
levantes com o tema relacionado à Aviação dentes da Marinha, que se deu em dezembro
Naval. Desta forma, estava criado no Projeto de 1951 e a experiência que tiveram na orga-
Memória o subprojeto Aviação Naval. nização do Serviço de Intendência através de
Neste subprojeto, entre 1998 e 2004, fo- intercâmbio e conhecimento das instalações
ram realizadas 30 entrevistas com milita- do Serviço de Intendência da Marinha dos
res, sendo nove da aeronáutica, cujo tema Estados Unidos, a partir de 1952.
resgatava não só a história de vida destes No subprojeto Engenharia, destaca-se o
militares mas também da criação da Avia- progresso que a Marinha vem trazendo para
ção Naval brasileira, que se deu em 1916 e o País no campo da Ciência e Tecnologia. O
passou por turbulentos períodos, de ápice projeto encontra-se em atividade sendo re-
de atividades até de extinção, num total de alizado com depoimentos de oficiais enge-
quatro fases de existência, mas que tiveram nheiros, que de alguma forma contribuíram
suas operações definidas por completo em significativamente para o desenvolvimento
1998. Este tema contempla mais de 90 horas não só da Marinha, mas também do Brasil.
gravadas, copiadas e transcritas. Nesta série, os colaboradores que prestaram
Duplicação da gravação para a formação depoimentos na reserva ocupam atualmen-
do acervo de segurança e a passagem da te importantes cargos em grandes empre-
entrevista para a forma escrita tornaram-se sas na área tecnológica e foram importantes
práticas habituais desde então. pelo destaque do Programa Nuclear da Ma-
Cabe destacar, também, que como fei- rinha, que já possui o domínio tecnológico
to na primeira fase o militar para prestar o de enriquecimento do urânio, matéria-prima
seu depoimento de forma imparcial deveria para o produção da energia nuclear.
já estar na reserva, isto é, na “inatividade”; No subprojeto Corpo de Fuzileiros Na-
sem vínculos com a instituição, gerindo vais10, sobressai o levantamento histórico
desta forma depoimentos isentos de influ- dos fuzileiros navais, que a partir da década
ência que possam tomar partidos em prol de 50 estruturou-se para emprego operativo
ou contra a Marinha. como força de desembarque, passando a

7
D´ARAÚJO, Maria Celina; CASTRO, Celso; CHEIBUB, Zairo Borges. O Brasil e as forças armadas na percepção dos ofi-
ciais da Marinha. Rio de Janeiro: CPDOC, 2002.
8
_____________________ e _____________. (org.). Militares e política na Nova República. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001.
9
O Serviço de Intendência de uma Força Armada engloba todas as atividades logísticas, administrativas e financeiras
da instituição.
10
O Corpo de Fuzileiros Navais é uma tropa profissional da Marinha, apta a executar, com rapidez e eficiência, ações
terrestres de caráter naval, as quais lhe confere credibilidade quanto à sua capacidade de projeção sobre terra. Além
de bombardeio naval e aeronaval, os fuzileiros navais, atuam em operações de desembarque, comumente conhecidas
como Operações Anfíbias.

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constituir parcela da Marinha destinada às as particularidades e características desses


ações e operações terrestres necessárias a documentos”. (BUARQUE, 2008, p. 2).
uma força naval. Nesta série, encontramos Estes “documentos especiais”, ainda
também depoimentos sobre as primeiras mais os arquivos sonoros, precisam estar
missões internacionais nas quais a Marinha atualizados com o presente, tanto na for-
mandou militares para participarem como ma quanto no suporte, e para isto busca-
Observadores da Organização das Nações se como solução a informatização de acer-
Unidas (ONU), atuando em áreas de conflito vos de História Oral, trabalho que não é
como El Salvador, Bósnia, Honduras, Mo- tão simples.
çambique, Ruanda, Peru e Equador. Dos gravadores de bobina, que utilizam
Submarinistas, Plano Diretor, Segunda fitas de rolo até os gravadores portáteis digi-
Guerra Mundial, Corpo de Saúde da Ma- tais, muito se desenvolveu neste campo. Pari
rinha, Marinha Mercante, Forças de Paz e passu, a Marinha procura acompanhar este
Movimento Revolucionário de 1964 são sub- desenvolvimento tecnológico e no presente
projetos que se encontram em atividades, momento esforça-se para informatizar todo
tendo nestas séries até o presente momento o acervo de seu programa de História Oral,
mais de 20 colaboradores, totalizando mais a exemplo do que vem fazendo o CPDOC,
de 300 horas de depoimentos. que por ocasião do projeto de modernização
de seu setor de História Oral listou como es-
II - DESAFIOS E PERSPECTIVAS sencial para constituição da base de dados
“dispor de tempo e de recursos financeiros
Todo pesquisador que se empenha com a para a tarefa”. (ALBERTI, 2002, p. 48).
História Oral conhece os obstáculos de tra- A partir destes preceitos, com as entre-
balhar com esta ciência, ainda mais quando vistas realizadas neste ano utilizamos gra-
lidamos com a história do tempo presente. vadores digitais e preservando esta fonte de
No entanto, não se pode esmorecer diante acordo com os procedimentos recomenda-
dos êxitos que serão legados a posterida- dos pela Associação Internacional de Arqui-
de, pois “o estudo da presença do passado vos Audiovisuais e Sonoros (IASA).
incorporada ao presente das sociedades, As perspectivas são grandes e os desa-
iniciado pelos historiadores do tempo pre- fios também, como coordenador do Projeto
sente, abre novas temáticas e abordagens Memória, a estratégia é continuar no rumo
para pesquisadores de outros períodos da que vem sendo tomado, buscando a adequa-
história”. (FERREIRA, 2000, p. 121). ção do programa às novas metodologias;
Os avanços tecnológicos propiciados à inclusão de novos subprojetos como a par-
História Oral têm suavizado grandes proble- ticipação da Marinha do Brasil na Antártida
mas recorrentes da preservação de acervos e o ingresso de mulheres na Marinha, no
sonoros em longo prazo. Há poucos anos, intuito de, não só manter o registro da HIS-
“grande parte dos arquivos, bibliotecas, cen- TÓRIA MARÍTIMA, mas divulgá-lo, tornando
tros de pesquisa e instituições de guarda acessível a historiadores, pesquisadores e
em geral tratava de classificar filmes e fitas estudantes o rico acervo que contribuirá so-
como sendo ‘documentos especiais’, evi- bremaneira para o melhor conhecimento e
denciando uma dificuldade em identificar compreensão da História Naval brasileira.

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