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Agora, com a eleição de Luís Inácio Lula da Silva, está engajado na aproximação
do presidente eleito com a questão do software livre. Marcelo considera o assunto mais do
que uma simples oportunidade para as empresas brasileiras e para o setor de informática
buscarem a liderança no cenário internacional. Acredita que esta seja a grande e, talvez, a
única oportunidade de combater a 'exclusão digital'. Segundo ele, a inserção passiva
acarreta um aumento da dependência digital, ao invés de diminuir a exclusão. "Com o
software livre estamos em 'tempo real' com a tecnologia do primeiro mundo e poderemos
ser sujeitos dessa revolução digital e não meros consumidores de tecnologias do hemisfério
norte", defende. Saiba mais sobre estes e outros assuntos na entrevista exclusiva realizada
pelo Baguete.
Baguete - Bill Gates está querendo reunir-se com Lula. Como um dos
idealizadores da Comunidade Internacional de Software Livre, o senhor fez uma contra
ofensiva recentemente, articulando um encontro com o presidente eleito para apresentar os
planos da comunidade para o Brasil e as vantagens do uso do software livre na
administração pública. Que caminho o senhor acredita que o governo Lula vai seguir?
ser sujeitos dessa revolução digital e não meros consumidores de conteúdos e tecnologias
do hemisfério norte. Por essa razão, procurei o senador Cristóvam Buarque e o Governador
Olívio Dutra levando um convite de Richard Sallman (Presidente da Free Software
Foundation) e Miguel de Icaza (da GNOME Foundation) propondo uma reunião da
comunidade software livre com o presidente Lula.
Baguete - Por que o Brasil precisa, afinal, de uma política de software livre
governamental?
Marcelo Branco - Não. Aqui no RS ainda não temos nenhuma lei Estadual
aprovada e fomos muito bem. Cabe ao poder executivo propor políticas nessa área e
discutir com o parlamento, com a comunidade científica, com as universidades, com os
setores empresariais e com os grupos de usuários a melhor forma de implementá-la. Os
possíveis entraves serão superados pelo debate e pela ação coletiva desses diversos agentes.
Marcelo Branco - Nesses últimos quatro anos fui convidado a falar sobre a nossa
experiência em vários eventos internacionais. A receptividade foi sempre muito boa.
Destaco os seguintes:
Marcelo Branco - Será muito bom para o Rio Grande do Sul o futuro governo
apoiar a iniciativa. Mas a política do software livre no nosso Estado terá continuidade, pois
o projeto software livre RS não é do Governo, mas da sociedade gaúcha. E seus agentes
darão continuidade ao projeto.
Marcelo Branco - Acho que um governo não tem como extinguir algo que é hoje
um movimento da sociedade. No âmbito interno do governo acho, também, que seria
equivocado e inviável voltar a gastar os escassos recursos públicos em licenças de
softwares que têm similares livres.
jogo de campanha eleitoral. A realidade está ai: em poucos meses atendemos uma
reivindicação de mais de dez anos e realizamos um sonho de toda a sociedade gaúcha. Essa
conquista ficará na história de nosso Estado.
Baguete - Nas conversas que tivemos com o senhor há pouco mais de um mês, ficou
evidente seu interesse pela Cultura Hacker. Por que o tema o atrai tanto? Existe alguma
ligação com a questão do software livre?
Marcelo Branco - Os hackers são hábeis programadores que se destacam por terem
desenvolvido um programa importante ou uma ferramenta muito útil de software livre ou
para a Internet. Sem eles não haveria software livre e talvez nem a Internet. Os mais
conhecidos são Richard Stallman, principal liderança do movimento, e Linus Torvalds, que
escreveu o Kernel (núcleo) do sistema operacional GNU/Linux. Eles, os hackers, são
responsáveis por mais de 80% dos milhares de programas livres utilizados no mundo.
Negamos sua associação com os violadores de segurança, esse são os crackers. Temos que
ajudar a desfazer a confusão feita por parte dos meios de comunicação de massa. Estes
desenvolvedores de software se recusam a reconhecer o significado pejorativo do termo e
continuam usando a palavra hacker para indicar alguém que ama programar e que gosta de
ser hábil e engenhoso. Hacker não é cracker!!!
Baguete - Para encerrar, que rumo pretende dar para sua carreira profissional. Como vê a
possibilidade de vir a morar no Planalto Central?