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Conteúdo: A interpretação hegeliana da arte pode ser dita, ainda hoje, a mais abrangente e
influente da história da filosofia. Segundo Heidegger, isso se deve ao fato de ela ser uma
interpretação metafísica. Por sua vez, Heidegger também legou uma das interpretações mais
influentes da contemporaneidade. Para ambos os pensadores, a arte é sempre mais do que a
fabricação de artefatos, mais do que um acionador de sentimentos elevados e mais do que um
prazer. À parte a concordância de Hegel e Heidegger sobre a necessidade de compreender a
arte de uma perspectiva metafísico-histórica, há diferenças importantes entre ambos. A arte é
(no caso de Hegel: foi) um acontecimento fundador de mundos e manifestador da verdade (do
modo como eles entendem o que seja isto). A arte não é mais um entre muitos testemunhos
ou recursos de época disponíveis ao estudioso, mas é (ou foi) o que deu à sua época e à sua
civilização a sua feição.
A reflexão hegeliana é ao mesmo tempo mais e menos dependente da obra de arte do
que a do que a de Heidegger. Abrange a totalidade da história da arte e oferece insights
incomparáveis sobre o seu desenvolvimento interno, mas submete a arte a um movimento
interno de florescimento do espírito que por fim termina por deixá-la para trás. A história da
arte é a história de como o espírito vem a se conhecer a si mesmo, de modo a dispensar
gradualmente a simples concha exterior da apresentação perceptível. Ela é a história de como
a arte vem a testemunhar a necessidade do seu próprio ultrapassamento na direção do
pensamento conceitual e da reflexão do espírito sobre si mesmo. A reflexão de Heidegger
sobre o que acontece na obra de arte, por sua vez, gira em torno da noção de desabrigamento
ou alétheia. A diferença no modo de conceber o que seja verdade fica patente nas leituras
respectivas da Antígona de Sófocles. Esta tragédia não nos interessará tanto por ter sido
muito discutido por todo o idealismo alemão, mas por providenciar um fio condutor para a
entrada de reflexões amplas.
A edição recomendada das obras de Hegel é:
Hegel, G. W. F. Vorlesungen über die Ästhetik I, II e III. Francoforte do Meno: Suhrkamp, 1986;
reeditados por Eva Moldenhauer e Karl Markus Michel com base na edição de 1842
organizada por Heinrich Gustav Hotho. Em: ______. Werke. (V. 13, 14 e 15). Texto
disponível em www.textlog.de/hegel_aesthetik.html (Trechos selecionados: do v. I
(ou 13 das obras), pp. 11-82 e 100-144; do v. II (ou 14 das obras), pp. 13-64.
A tradução recomendada para este curso, porque feita a partir do original alemão, é a
de Marco Aurélio Werle e Oliver Tolle, em quatro volumes. Só usaremos os dois primeiros:
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Hegel, G. W. F. Cursos de Estética: A Idéia do belo artístico ou o Ideal. Com o prefácio da 1ª.
edição de H. G. Hotho. Tr. br. de Marco Aurélio Werle: 1ªed. 1999; 2ª ed. 2001. São
Paulo: EDUSP, 1999. (v. 1) [302 pp].
Hegel, G. W. F. Cursos de Estética: O desenvolvimento do Ideal nas formas particulares do belo
artístico. Tr. br. de M. A. Werle e Oliver Tolle. São Paulo: EDUSP, 2000. (v. 2) [351
pp].
Hegel, G. W. F. Curso de Estética: O belo na arte. Trad. O. Vitorino. São Paulo: Martins Fontes,
2ª. Ed. 2009.
Hegel, G. W. F. Cursos de Estética: O sistema das artes. Trad. Á. Ribeiro. São Paulo: Martins
Fontes, 2ª. Ed. 2010.
Bibliografia básica:
Leitura 1:
Sófocles. Antígona. Introdução, versão do grego e notas de Maria Helena da Rocha Pereira
Fialho. Brasília: Editora da Universidade, 1997.
Sófocles. Antígona. Tradução de Donaldo Schuler. Porto alegre: L&PM, 1999.
Sófocles. Antígone. Em: Sófocles. Três tragédias gregas. Tradução de Guilherme de Almeida e
Trajano Vieira. São Paulo: Perspectiva, 2007.
Sófocles. Antígona. Em: Sófocles. A trilogia tebana: Édipo rei, Édipo em Colono, Antígona.
Tradução do grego e apresentação de Mário da Gama Kury. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
Leitura 2:
Hegel, G.W.F. Fenomenologia do espírito. Parte II, seções 444-476. Tradução de Paulo
Meneses com a colaboração de José Nogueira Machado, SJ. Petrópolis: Vozes, 1993, pp. 11-
31.
Leitura 3:
Hegel, G. W. F. Cursos de estética. Excerto da Introdução aos 3 volumes em: Hegel, G.
W. F. “Introdução”. Em: Cursos de Estética. Volume I. Tradução de Marco Aurélio Werle. São
Paulo: Edusp, 2001, pp. 27-74.
Leitura 4:
Hegel, G. W. F. Cursos de estética. Excerto da Introdução aos 3 volumes em: Hegel, G.
W. F. “Introdução”. Em: Cursos de Estética. Volume I. Trad. Marco Aurélio Werle. São Paulo:
Edusp, 2001, pp. 86-103.
Leitura 5:
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Leitura 6:
Hegel, G. W. F. Cursos de Estética: O desenvolvimento do Ideal nas formas particulares
do belo artístico. Tr. br. de M. A. Werle e Oliver Tolle. São Paulo: EDUSP, 2000. “Primeiro
capítulo: o processo de configuração da arte clássica”, seções 1 e 2; pp. 173-205.
Leitura 7:
Heidegger, Martin. Introdução à metafísica. Tradução de Emanuel Carneiro Leão. Rio de
Janeiro: Universidade de Brasília e Tempo Brasileiro, 1978, pp. 33-189.
Leitura 8:
Heidegger, Martin. Hölderlin´s Hymn “The Ister”. Tradução de William McNeill e Julia Davis.
Bloomington e Indianápolis: Indiana University Press, 1999, pp. 51-115.
Bibliografia recomendada: