Gertrudis de la Fuente nasceu em Madrid, em 21 de agosto de 1921 e faleceu em 23 de
janeiro de 2017. Foi filha de engenheiro ferroviário e, por causa da profissão do pai, teve de se mudar para a cidade ferroviária Arroyo de Malpartida, Cáceres. Como essa cidade era interiorana, em especial na época da juventude de Gertrudis, na Espanha as mulheres ainda não eram totalmente inseridas no contexto educacional da mesma forma que os homens. O normal era que mulheres cumprissem apenas o ciclo básico na escola primária e secundária. Com isso, mulheres naquele ambiente não chegariam à vida universitária. Após a aposentadoria do pai, a família se mudou para a capital e Gertrudis iniciou a graduação em Ciências Químicas na Universidade Complutense de Madrid (se formou em 1948). Durante a faculdade, assistiu ainda as aulas da graduação em Ciências Físicas, mesmo sem estar matriculada, já que logo se tornou amiga de muitos professores da universidade. Após a graduação começou a atuar como pesquisadora (sem bolsa) na Faculdade de Farmácia, com o único professor de bioquímica que estava na Espanha à época (Santos Ruiz). Ao mesmo tempo, dava aulas de ciências em uma escola, de onde retirava renda. Foi apenas em 1950, dois anos após a graduação, que Gertrudis conseguiu uma bolsa para começar seu doutorado em farmácia, defendendo sua dissertação em 1954. Durante o doutorado publicou diversos artigos, inclusive na prestigiada revista Nature. Já como doutora, Gertrudis foi nomeada professora da Faculdade de Medicina da Universidade Autónoma de Madrid, sendo responsável pela integração das disciplinas de bioquímica na grade curricular dos alunos de medicina, contribuindo para a melhoria da formação profissional dos futuros médicos da Espanha. Além disso, em 1962 se tornou professora de investigações do Conselho Superior de Investigações Científicas. Como sua principal contribuição pode-se destacar sua participação como coordenadora do grupo de investigação da síndrome tóxica do óleo de colza. Essa investigação durou 40 dias e teve o objetivo de investigar casos de envenenamento que ocorriam na Espanha naquele ano. O que ocorreu foi a desnaturação do óleo de colza, que normalmente seria utilizado para fins industriais, porém acabou sendo destinado ao mercado alimentício. A síndrome acometeu cerca de 20 mil pessoas e mais de 1000 pessoas foram a óbito. Por fim, o uso no mercado de alimentos deste óleo foi proibidaoe sua utilização foi restringida ao uso industrial. Além desta investigação, Gertrudis ainda realizou estudos envolvendo a enzimologia, patologia molecular e estudos voltados para a bioquímica com o metabolismo de açúcares. Em razão de sua relevância no cenário científico da Espanha, em 2016 um curta- metragem sobre Gertrudis foi lançado “Gertrudis (a mulher que não enterrou seus talentos)”