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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira

Endoterapia

MAPA

2021
© 2021 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução parcial ou total desde que citada a fonte e que não seja para
venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é do autor.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Biblioteca Nacional de Agricultura - BINAGRI

Ano 2021.
Tiragem:1000 exemplares

Elaboração, distribuição, informações:


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
Superintendência Regional no Estado da Bahia
Centro de Pesquisas do Cacau

Editor: José Inácio Lacerda Moura


Coeditor: Ronaldo Costa Argolo
Editoração eletrônica: Jacqueline C. C. do Amaral
Capa: Ronaldo Costa Argôlo Filho

ISBN 978-65-86803-70-9

Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


Endoterapia/José Inácio Lacerda Moura - Ilhéus, Ba:
MAPA/CEPLAC, 2021. 124p.
1. Endoterapia. 2. Injeção. 3.Palmeira. 4. Árvore. 5. Tratamento
Fitossanitário. 6. Xilema. 7. Controle Biológico. 8. Mudança
Tecnológica. 9. Cromatografia. 10. Inovação. 11. Doença da Planta.
I. Título. II. Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira.
AGRIS H01
H50

Kelly Lemos da Silva CRB 1 - 1880


LISTA DOS AUTORES

Editor:
José Inacio Lacerda Moura
Engenheiro Florestal, doutor em Entomologia Agrícola, pesquisador do Centro de Pesquisa
do Cacau-Cepec, Ceplac/MAPA, Estação Experimental Lemos Maia, Una, Bahia.

Coeditor:
Ronaldo Costa Argôlo
Zootecnista, mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Editor da Revista
Agrotrópica do Centro de Pesquisa do Cacau-Cepec, Ceplac/MAPA, Ilhéus, Bahia.

Autores:

Srðan G. Acimovic
Bacharel em Ciências, PhD em Patologia de Plantas, pesquisador principal do Laboratório
de Patologia de Arvores Frutíferas, Universidade de Cornell, EUA.

Rosane R. da C. Pereira
Engenheira-agrônoma, doutora em Entomologia, professora de Entomologia na Universidade
Federal do Sul da Bahia.

Jordana Alves Ferreira


Bacharelada e Licenciada em Química, doutora em Ciências pela Unicamp, Campinas, São
Paulo.

Carla Beatriz Grespan Bottoli


Química Industrial, doutora em Ciências, professora associada do Departamento de Química
Analítica da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp.

Givaldo Rocha Niella


Engenheiro Agrônomo, doutor em Fitopatologia, pesquisador do Centro de Pesquisa do
Cacau-Cepec, Ceplac/MAPA, professor adjunto de Metodologia Científica da Uesc, Ilhéus,
Bahia.
Jadergudson Pereira
Engenheiro Agrônomo, doutor em Fitopatologia, professor de Fitopatologia na Universidade
Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, BA.

Helane França Silva


Engenheira Florestal, doutora em Produção vegetal e Proteção de Plantas, professora de
Patologia Florestal na Universidade Federal do Piaui.

Alice Maria Gonçalves Santos


Engenheira Agrônoma, doutora em Fitopatologia, professora de Fitapatologia na Universidade
Federal do Piaui.

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Mateus Endringer Caliman
Engenheiro Agrônomo, doutor em Produção Vegetal pela Universidade Estadual de Santa
Cruz - UESC, Ilhéus, Bahia.

Deisy Janiny Gonçalves Silva


Engenheira Agrônoma, doutora em Produção Vegetal pela Universidade Estadual de Santa
Cruz - UESC, Ilhéus, Bahia.

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PREFÁCIO

Esta obra nos encanta, pelo ineditismo de nos revelar uma técnica empregada com sucesso
em outras regiões do mundo, como em países da Ásia, Oceania, EUA e Europa, e de valor
extraordinário para o avanço da defesa fitossanitária nos trópicos e sub-trópicos, onde a
utilização de defensivos agrícolas, como inseticidas, fungicidas e outros, se faz necessária
para o controle das populações das pragas das plantas cultivadas. Para isto, no entanto, se
requer cada vez mais métodos aderentes ao desenvolvimento sustentável na produção
agrícola e florestal. O ataque às plantas cultivadas por organismos-praga representam, quase
sempre, pesadas perdas econômicas para os produtores rurais, se não lançarem mão de
métodos de controle eficientes.
Considerando a necessidade crescente de garantir a produção de mais alimentos e demais
produtos agrícolas, com qualidade e de modo sustentável, é primordial desenvolver novas
técnicas e tecnologias para atender as demandas internas e globais. Isto somente é possível
evoluindo os métodos de controle de insetos, fungos, bactérias e outros organismos que
danificam os plantios, em especial de árvores, no campo e nas arborizações urbanas.
Nos climas tropicais e sub-tropicais, como no Brasil, insetos-praga e doenças se
reproduzem abundantemente, em função das condições de calor e água que favorecem a
sua reprodução. São capazes de rapidamente gerarem grandes populações. Ao longo da
história e em diferentes regiões do mundo, foram desenvolvidos novos métodos e técnicas
para frear a elevada ocorrência das pragas e, nesta importante obra, os autores trataram de
trazer ao nosso conhecimento a Endoterapia, com uma riqueza extraordinária de detalhes e
possibilidades, assentada em uma rica e laboriosa revisão bibliográfica. Trata-se, portanto,
da divulgação de uma opção para os que necessitam garantir a proteção de plantas e plantios,
usando defensivos agrícolas, mas de modo seletivo e localizado, com menor impacto sobre
o meio ambiente e com grande eficiência. São inseticidas, fungicidas e bactericidas, que
aplicados por meio do método tradicional de pulverização podem acarretar a poluição do
solo, da água e eliminação de organismos não-alvo, como os benéficos agentes de controle
biológico natural das pragas.
Com seu aguçado senso de observação da natureza e sua larga experiência na Entomologia,
o autor principal desta obra, o Eng. Florestal José Inácio Lacerda Moura, se encantou com a
Endoterapia, aplicada em muitos outros países, e com reais possibilidades de uso amplo em
nosso meio. Uma técnica que possui a grande vantagem de atingir artrópodes e doenças no
interior e folhagens das arvores e arbustos com mínimos danos ecológicos.
A Endoterapia é uma inovação em nosso meio, podendo ser um valioso tratamento na
medida que entrega o defensivo químico de modo restrito, seletivo, no interior da planta
atacada, onde a praga se encontra. Pode ser o caso em plantios de árvores urbanas e
frutíferas, com injeção ou infusão de um defensivo no tronco das árvores, como também em
palmeiras. O defensivo químico, translocado pelos tecidos vasculares internos da planta,
chega até as copas das árvores, onde pulverizações convencionais não atingem. É de fácil
aplicação pelo produtor rural e vale realçar, mais uma vez, que seu uso não polui o meio
ambiente e nem tampouco o próprio agroecossistema, ou mesmo as vias urbanas quando
for aplicada em árvores dentro das cidades. Por tudo isto, a técnica da Endoterapia deve ser
mais conhecida no Brasil, o que é o propósito desta obra de José Inácio e autores, torná-la
uma alternativa para substituir outras técnicas e métodos, que apresentam efeitos colaterais
maléficos, além de muitas vezes ineficientes.

Prof. Dr. Evaldo Ferreira Vilela


Presidente do Cnpq
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NOTA DO EDITOR

A edição deste livro foi motivada pela inexistência de literatura especializada sobre
Endoterapia na língua portuguesa no Brasil e, exceções à parte, pelo desconhecimento e
pouca demanda científica dessa tática nas Universidades e instituições de pesquisa
brasileiras. Assim, nesse contexto, seu propósito maior tem como meta servir de aporte
para aqueles que se dedicam à fitossanidade urbana, notadamente profissionais que
trabalham com arboricultura, os quais muitas vezes se deparam com problemas
relacionados a pragas e doenças com árvores de uso paisagístico em áreas públicas. Ao
contrário de áreas agricultáveis extensivas, onde a veiculação de pesticidas via ar ou solo
na maioria das vezes é usual, em áreas urbanas esse procedimento é proibitivo, por serem
locais onde interagem pessoas, animais domésticos e silvestres. Nessa circunstância, a
Endoterapia é a abordagem química que mais se insere na ambiência urbana, pois seus
danos ecológicos são mínimos.
Há que se chamar atenção ainda, que esse livro está calcado em profunda revisão
bibliográfica, aqui relatada de forma bem resumida. O leitor observará que nos capítulos
que discorrem sobre injeções no controle de pragas e doenças em dicotiledôneas e
monocotiledôneas, foram considerados também árvores frutíferas e palmeiras. Embora
no Brasil a comercialização de pesticidas e seringas especiais para Endoterapia não seja
praticado, é esperado que os estudos de caso detalhados neste livro, instiguem a busca
por inovações tecnológicas no âmbito da Endoterapia, pois certamente em muito contribuiria
para manejo de pragas e doenças não só das árvores e arbustos que compõem a paisagem
urbana, como também, ao pequeno agricultor, pois através de tecnologias simples poderia
proteger sua lavoura fazendo uso de uma abordagem com mínimo danos ecológicos.
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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1
Endoterapia: conceituação teórica 11
Introdução 11
Fatores que influenciam na translocação do composto injetado 12
A. Fatores biológicos 12
B. Fatores químicos 14
C. Fatores ecológicos 15
D. Fatores tecnológicos 15

CAPÍTULO 2
Infusão, injeção e compartimentalização 17
Infusão 17
Injeção 18
Compartimentalização ou “Cicatrizações” em Dicotiledôneas 22

CAPÍTULO 3
Experiências exitosas com injeções em dicotiledôneas 25
Endoterapia no controle de doenças 26
1. Abacateiro (Persea americana Mill) 26
2. Cacaueiro (Theobroma cacao L.) 27
3. Carvalho (Quercus robur L.) e Faia (Fagus sylvatica L.) 30
4. Citrus (Citrus spp) 33
5. Macieira (Malus domestica Borkh) 39
6. Pinheiros (Pinus spp.) 42

CAPÍTULO 4
Injeção com fosfitos para controle de oomicetos em espécies arbóreas 47
Uso de fosfitos na proteção de plantas 47
Casos de sucesso da utilização de injeção com fosfitos em espécies arbóreas 48
Considerações sobre o uso da injeção com fosfitos na proteção de espécies arbóreas 50

CAPÍTULO 5
Injeção para controle de pragas em dicotiledôneas 51
A. Abacateiro (Persea americana Mill.) 51
B. Cajueiro (Anacardium occidentale L.) 53
C. Eritrina (Erythrina sandwicensis) 57
D. Eucalipto (Eucalyptus spp.) 61
E. Figueira (Ficus microcarpa L.) 63
F. Freixo (Fraxinus excelsior L.) 65
G. Macieira (Malus domestica Borkh.) 68
H. Nogueira (Juglans regia L.) 71
I. Olmos (Ulmus americana L.) 73
J. Pera (Pyrus communis L.) 74
K. Pinheiros (Pinus spp.) 77

CAPÍTULO 6
“Cicatrizações” e injeções em monocotiledôneas 80
Procedimentos para infusão em palmeiras 81
Coqueiros e dendezeiros 81

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CAPÍTULO 7
Experiências exitosas com injeções no controle de doenças e pragas das palmeiras 84
A. Doenças 84
A.1. Dendezeiro 84
Controle preventivo 85
Controle Curativo 86
Injeção de abamectina e seu efeito sobre os besouros polinizadores 87
Resíduos de abamectina nos frutos do dendezeiro 88
A.2. Coqueiro 88
Conclusões e Considerações 90
Injeções para o controle de doenças foliares do coqueiro 90

B. Injeções para o controle de pragas 93


B.1. Tâmara e palmeira-das-canárias 93
Análise crítica e considerações 97
B.2. Coqueiro 98

CAPÍTULO 8
Técnicas cromatográficas como ferramenta analítica para identificação e quantificação
de princípios ativos em estudos de endoterapia 101
Considerações Finais 103

Referências Bibliográficas 105

Agradecimentos 123

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CAPÍTULO 1

ENDOTERAPIA: CONCEITUAÇÃO TEÓRICA

José Inácio L. Moura e Srdan G. Acimovic

Introdução

O uso de injeções em dicotiledôneas remete ao século XV e prossegue com o decorrer dos


séculos subsequentes, quando algumas experiências foram conduzidas. Inicialmente, a sua
compreensão foi dificultada em face do desconhecimento das ciências básicas como botânica,
fisiologia vegetal, agricultura e silvicultura. Com o advento dessas ciências e o surgimento da teoria
da “coesão-tensão” no movimento das águas, a endoterapia passou a ser melhor compreendida
(Berger & Laurent, 2019) e fortalecida posteriormente, quando os processos de cicatrização das
árvores, chamados de compartimentalização, foram detalhadamente explicados por Shigo & Marx
(1977).
É provável que a endoterapia, como tática de tratamento, tenha seu despertar com a disseminação
da doença do “olmo holandês”, causada pelo fungo Ophiostoma ulmi Biusman nas árvores de olmo
(Ulmus americana L.), que compõem a paisagem urbana dos EUA. Por tratar-se de um patógeno
que ataca o tecido vascular, as pulverizações tópicas têm eficiência duvidosa e proibitiva em áreas
públicas. Em razão desse fato, ensaios com injeções de fungicidas sistêmicos foram conduzidos, e
mostraram-se eficientes na ação preventiva e terapêutica da doença, por mais de dois anos com
uma única injeção. (Haugen & Stennes, 1999).
Endoterapia é uma tática alternativa de tratamento fitossanitário de baixo impacto ambiental.
Consiste na injeção ou infusão de um defensivo no tronco de uma árvore ou palmeira, que
transloca posteriormente pelos tecidos vasculares internos da planta atingindo as partes mais
altas do dossel, onde pulverizações convencionais não alcançariam. É adequada para pequenas
áreas, cultivos perenes de médio e grande porte, tais como frutíferas, povoamentos florestais,
árvores e palmeiras que compõem a paisagem urbana. Em razão dos riscos mínimos ao aplicador
e inexistência de deriva a organismos não alvos, injeções no tronco com defensivos sistêmicos
tornaram-se tática bastante usual em vários países dos Continentes Americano, Asiático, Europeu
e Oceania. Há que se destacar, ainda, que a injeção com defensivos não deixa resíduos que
contaminem as águas subterrâneas, como as pulverizações convencionais, e não eliminam
minhocas e outros invertebrados no solo.
Várias são as vantagens da endoterapia comparativamente às pulverizações convencionais. Nas
pulverizações, os defensivos permanecem ativos sobre o alvo biológico por um dado período, devido
à degradação dos resíduos pelos raios ultravioleta e às perdas ambientais por precipitação e
volatilização do produto. Já a injeção no tronco transporta o composto através do sistema vascular,
depositando-o nas regiões simplástica e apoplástica da planta, minimizando assim a exposição
ambiental e prolongando sua duração (Chaney, 1978; Wise et al., 2006; Acimovic et al., 2014; citado
por Wise et al., 2014). Estudos conduzidos com injeção de imidacloprido, benzoato de emamectina
e rynaxypyr® em macieiras (Malus doméstica) nos Estados Unidos, protegeram as plantas contra o
ataque de insetos mastigadores e sugadores por duas temporadas, com apenas uma injeção no
tronco. De acordo com VanWoerkom et al. (2014), caso o controle desses insetos fosse feito através
de pulverizações convencionais seriam necessários até 12 pulverizações. No tocante aos resíduos
nos frutos, esses autores citam que os valores encontrados estavam bem abaixo do limite máximo
estabelecido pela agência de proteção ambiental dos Estados Unidos. Quanto aos resíduos no
néctar das macieiras, foram indetectáveis.
Entre as desvantagens da endoterapia, especialmente sobre dicotiledôneas, está o uso abusivo
de buracos no tronco aliado ao uso incorreto de seringas. Assim, estudos revelaram que profundidades
superiores a 5 cm, juntamente com o uso constante de seringas de alta pressão, podem causar

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descoloração e degradação dos tecidos celulares. Determinadas seringas que fazem uso de alta
pressão, com o intuito de forçar os produtos químicos a penetrarem na árvore, podem causar danos
consideráveis, principalmente sobre os anéis de crescimento, separando-os internamente e causando
rachaduras no tronco acima e abaixo do local da injeção.
Outra limitação para as injeções sistêmicas é, por exemplo, a possibilidade de que não alcancem
uma distribuição uniforme através dos tecidos fisiologicamente funcionais da árvore, já que a
distribuição depende do conhecimento prévio da concentração espacial/temporal do composto na
copa, o que permite a otimização do gerenciamento das injeções. No entanto, há que se acrescentar
que esse tipo de ação demanda pesquisas acadêmicas com ciências químicas, o que é enriquecedor
para o crescimento em inovações tecnológicas.
Problemas com fitotoxicidade também ocorrem e, geralmente, resultam em amarelamento ou cor
marrom das folhas, raquitismo, lesões da casca, necrose, disfunções corticais e foliculares, a exemplo
do que acontece com as pulverizações convencionais. Maior detalhamento sobre as considerações
acima, foram descritas por Torres (1996).
No Brasil, a prática da injeção com defensivos é pouco conhecida e, por consequência, não
regulamentada. Junte-se a isso, a forte objeção da sociedade em relação aos defensivos. Tais
objeções têm procedência parcial, já que são oriundas de utilizações de defensivos fora de sua
especificidade, em quantidades acima do recomendado e na veiculação incorreta, ou seja, na maioria
das vezes não só o alvo biológico é considerado, mas a planta como um todo. Esse último quesito
contribui sobremaneira com a deriva do defensivo, incidindo na contaminação dos organismos não
alvo que ali interatuam, tais como rios e nascentes, atingindo algumas vezes áreas urbanas. Há que
se atentar, entretanto que, apesar de muito simples, a endoterapia requer conhecimentos em
fitossanidade, fisiologia, anatomia da madeira, cromatografia e modelagem matemática. Como se
observa, trata-se de uma ciência multidisciplinar. É oportuno acrescentar que, tratando-se da ação
de pragas quarentenárias sobre cultivos altos e perenes como as florestas, por exemplo, a endoterapia
pode servir como ferramenta no retardo a outros invasores biológicos.
De maneira geral, as injeções no tronco são mais usuais no controle de artrópodes e doenças
que causam injúrias às folhagens e troncos. São escassos estudos nos quais o alvo biológico
concentra-se nos frutos. De qualquer forma, testes experimentais envolvendo injeções com defensivos
somente deveriam ser considerados completos ao final das análises residuais, preferencialmente
realizadas por instituições credenciadas. Outro aspecto a ser considerado na endoterapia é a escassez
de formulações de defensivos adaptáveis para esse fim, bem como de seringas especiais para
injeção, notadamente para dicotiledôneas.
Diante da exposição acima e considerando que a endoterapia é uma ciência pouco conhecida no
meio acadêmico, com mínimo de danos ecológicos e de fácil execução pelo produtor rural, este livro
tem por meta fazer uma ampla revisão do tema, com ênfase no relato de experiências exitosas em
diversos países e de alguns estudos de casos no Brasil.

FATORES QUE INFLUENCIAM NA TRANSLOCAÇÃO DO COMPOSTO INJETADO

Diversos são os fatores que podem influenciar na translocação de um defensivo injetado no


tronco de uma árvore. Entre estes podem ser citados os fatores biológicos, químicos, tecnológicos e
ecológicos.

A. Fatores biológicos
Entre os principais fatores biológicos que podem ser citados estão: a espécie de árvore, tamanho,
estado fitossanitário, cultivar, enxerto, consumo diário de água, tipo de xilema, tempo gasto na
injeção e os aspectos relativos à fisiologia e anatomia da árvore (Acimovic, 2014). Em razão das
diferenças anatômicas do tecido vascular interno, as espécies vegetais diferem nos padrões de
translocação, acumulação e distribuição espacial na copa do produto, após a injeção no tronco. O
tamanho da árvore tem influência direta no tempo de translocação do defensivo após a injeção, ou
seja, árvores maiores levam mais tempo do que árvores menores. À medida que uma árvore cresce
em altura mais ramificações vão surgindo e, em consequência, mais pontos de resistência ao fluxo
da seiva com o composto injetado, que circula. Com o crescimento em altura da árvore o volume do
tronco aumenta e, em razão disso, a dose do composto injetado deve ser ajustada para que possa

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atingir e distribuir-se em todo o dossel. Enfim, sabe-se que a energia potencial da água na planta
depende da força da gravidade ou potencial gravitacional que é um fator de grande importância
quando o tamanho da árvore aumenta (Acimovic, 2014).
Em relação ao estado fitossanitário, é de se esperar que árvores infectadas por doença ou com
danos mecânicos em seu interior, como os causados por brocas por exemplo, tenham um fluxo de
seiva mais lento. De acordo com Acimovic (2014), árvores frutíferas quando enxertadas também
podem ter o fluxo de seiva alterado a depender do tipo de porta enxerto. Assim, é possível que
diferenças sutis da combinação cultivar/porta-enxerto possam governar o fluxo quando compostos
são injetados. Mas, o mais provável é que porta-enxertos mais vigorosos possam captar maior
quantidade de água e distribuir mais rapidamente para o dossel da árvore do que os porta- enxertos
menos vigorosos.
O transporte do composto injetado no xilema e sua distribuição no dossel é dependente da absorção
diária de água. A absorção de água é impulsionada pela taxa de transpiração diária (Davies & Lakso
1979; Cohen, Fuchs & Green, 1981; Brough, Jones & Grace, 1986). Tais fatores dependem da
idade, saúde da árvore e condições climáticas. Algumas espécies de árvores florestais podem absorver
e translocar entre 700 a 1200 litros água por dia (Kozlowski, 1976; Owens & Moore, 2007; Holbrook
& Zwieniecki, 2008, citado por Acimovic, 2014). Isto implica que, nas injeções com defensivos em
árvores frutíferas, mais água deve ser adicionada ao composto injetado, para diminuir a viscosidade
e facilitar o transporte através do xilema e a distribuição e acumulação no dossel.
Em árvores florestais, o xilema consiste em traqueídes, vasos, fibras e raios. Dois tipos de xilema
são comuns nas árvores de madeira dura: o xilema poroso e o xilema poroso difuso e,a condutância
da água varia quando o composto é injetado no interior do alburno. As seções de condução mais
ativas são os anéis de crescimento do ano em curso e, em certas espécies, dois ou três anéis de
crescimento do ano anterior. Para maximizar a absorção de compostos injetados, isso precisa ser
levado em consideração quando injeções são realizadas. Isso se relaciona especificamente com a
profundidade da injeção e o alinhamento dos anéis de crescimento (Acimovic, 2014).
No caso de coníferas, por terem células traqueídes densamente compactadas e diâmetro pequeno,
o movimento de um composto injetado fica exposto a vários pontos de resistência em comparação
aos grandes vasos presentes nos xilemas porosos e difusos das folhosas. Além disso, coníferas
também têm canais de resina presentes no tecido do xilema e, no caso de qualquer ferida do tronco,
pode ocorrer o enchimento de resina e parar a condutividade. O enchimento de resina é considerado
um sistema de defesa da planta que oferece proteção ao tronco contra embolia traqueídea,
acumulação de água, infecções microbianas e lesões por insetos e vertebrados (Acimovic, 2014).
Assim, a resina pode reduzir a condutividade do xilema de coníferas para compostos injetados.
A depender do tipo de xilema, há um certo nível ou setorialidade no movimento e distribuição do
composto injetado. Assim, estudos conduzidos com freixo (Fraxinus excelsior L.) visando conhecer
a movimentação do imidacloprido após injeção no tronco, mostraram que os padrões de arquitetura
do seu xilema poroso são setorizados, ou seja, em “ziguezague’ e essa característica tem influência
no controle de pragas (Tanis et al., 2012). No xilema dos pinheiros, a distribuição do benzoato de
emamectina injetado também foi setorizado (Takai, Suzuki & Kawazu, 2004). No entanto, em
determinadas espécies de madeira dura, que possuem xilema poroso difuso, verifica-se pouca
setorialidade no fluxo do composto injetado. Tal fato é devido a alta densidade de vasos condutores
e o contato entre as paredes desses vasos contribui com a melhor distribuição vertical radial do
composto injetado no tronco (Orians et al., 2004; Orians, 2005; Zanne et al., 2006).
A época do ano pode ter influência na translocação e distribuição de compostos injetados em troncos
de árvores. Injeções no tronco com fungicida imazalil em macieiras forneceu diferentes níveis de
translocação e distribuição em diferentes momentos: após a colheita, antes da brotação e durante a
floração (Clifford et al., 1987, citado por Acimovic, 2014). De acordo com esses autores, a injeção de
imazalil pós-colheita mostrou extensa movimentação do fungicida, tanto para cima como para baixo no
tronco e ramos. Já injeção antes da brotação mostrou movimento limitado no tronco e o imazalil foi
detectado nos ramos apenas no final da temporada. Na floração foram detectadas quantidades
substanciais de imazalil nos galhos e ramos das macieiras. Em conclusão, isso implica que maior absorção
do defensivo injetado ocorre durante a transpiração mais intensa na transição de primavera para verão.
Outro aspecto a ser considerado com relação aos fatores biológicos são as pragas e doenças.
Assim, a identificação da praga ou patógeno, época de ocorrência, pressão de infestação e a

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parte do vegetal atacada são estratégias importantes antes da tomada de decisão. Conforme
Acimovic (2014), doenças causadas por determinados patógenos sistêmicos, notadamente fungos
e oomicetos, são mais fáceis de controlar quando estão confinados nos tecidos internos do
tronco (xilema, por exemplo) e ramos. Por sua vez, doenças que se limitam às folhas e frutos
são mais difíceis de controlar. A translocação de um composto após injeção no tronco é um
processo demorado e, em razão disso, o tempo decorrido entre a injeção e o surgimento da
doença tem que ser calculado, para assegurar maior acúmulo do defensivo na copa no período
de maior pressão do patógeno e/ou praga. Há que se acrescentar, que a pressão de infestação
pode ser variável de ano para ano. Desse modo, injeções únicas ou múltiplas poderão ser
necessárias (Acimovic, 2014).

B. Fatores químicos

Os principais fatores químicos que podem influenciar na distribuição do composto no dossel da


árvore, são: solubilidade em água, coeficiente de adsorção de carbono (Koc), peso molecular,
formulação, dose por árvore e concentração de solução, pH em água e tempo de degradação
(Acimovic, 2014).
O coeficiente de partição N-Octanol/água (Kow), que é expresso em valores de log Kow, avalia a
hidrofobicidade dos defensivos, ou seja, indica a habilidade de diluição em água ou em um solvente
orgânico. Ele é dado pela razão de partição do número de moléculas de uma substância entre
dois meios não miscíveis (N-octanol e água) e é utilizado para avaliar o grau de transporte do
produto entre estes meios. Um defensivo é considerado polar e pode ser translocado, via xilema,
para partes mais altas da planta, quanto menor for o valor do seu coeficiente (log Kow). (Doccola et
al., 2012; Doccola & Wild, 2012).
O peso molecular representa a massa de uma molécula. É provável que defensivos com
menor peso molecular tenham diâmetros moleculares menores (em angstroms, Å) ou menores
raios. Portanto, defensivos com diâmetros moleculares menores que as paredes finas e
perfuradas dos vasos condutores e dos traqueídes fluem com mais facilidade. No entanto, se os
diâmetros das moléculas são maiores que o diâmetro dos vasos (diâmetro do lúmen, por
exemplo), pouco ou nenhum composto será transportado através do xilema. Assim, aliados a
essa característica, a baixa viscosidade, maior solubilidade em água e menor Koc são aspectos
de grande importância na endoterapia, e a utilização de compostos com tais características
pode resultar em maior acumulação do defensivo na copa das árvores, assegurando assim
eficiência no controle das pragas (Doccola et al., 2007; Doccola & Wild, 2012; Montecchio,
2013; Acimovc, 2014).
Propriedade intimamente relacionada à solubilidade é o pH da solução e a formulação projetada
para injeção de tronco (Pinkas et al., 1973; Shabi, Pinkas & Soll, 1974; Smalley, 1977; Montecchio,
2013). Defensivos sistêmicos injetados no tronco podem fluir mais facilmente no xilema se o pH
da seiva estiver ligeiramente ácido ou neutro. Caso a solução do composto injetado esteja
alcalinizada (pH 7,5-7,9), o componente será adsorvido pelas paredes do xilema, que têm carga
negativa (McCoy & Williams,1982). Dentro da árvore o pH da seiva varia e flutua respectivamente
e, diferentes valores de pH diferem entre as espécies (Schill et al., 1996; Thomas & Eamus,
2002; Alves et al., 2003). Portanto, o insucesso de uma injeção sobre o alvo biológico pode ser
devido ao pH inadequado da solução injetável misturada com a água. Assim, quando o pH é
incompatível para se ligar com às paredes do xilema, ocorre precipitação devido à alteração do
pH da solução desencadeada através do efeito tampão da seiva (Campana et al., 1979). De
acordo com estes autores, a precipitação de um composto injetado incorre na má distribuição
na copa da planta.
Quando injetados na planta, os defensivos estão sujeitos a processos metabólicos de degradação
da planta (oxidação, hidrólise). No entanto, mesmo degradados, determinados defensivos podem
ficar ativos por longo tempo. Tome-se como exemplo o imidacloprido, que permanece ativo devido
a uma infinidade de metabólitos estáveis no tempo (Nauen,1999; Mota-Sanchez et al., 2012; Tanis
et al., 2012). Em estudos com injeção de imidacloprido e outros inseticidas em macieiras, foi
verificado alta concentração de resíduos foliares no início dos tratamentos e, com o tempo, houve
decréscimos acentuados do conteúdo de cada composto injetado. De acordo com VanWoerkom

14
(2012), os resultados desse estudo auxiliam na determinação do número de doses e respectiva
quantidade e, portanto, no estabelecimento de cronogramas de injeção.

C. Fatores ecológicos

Entre os principais fatores ecológicos que podem afetar indiretamente a atividade do composto
injetado para o dossel das árvores e palmeiras, e têm grande influência na fisiologia das árvores,
destacam-se o potencial hídrico, o déficit de pressão de vapor (DPV), umidade relativa do ar e
temperatura.
O potencial hídrico é definido como a energia potencial da água por unidade de volume (kPa,
MPa). Este parâmetro quantifica a tendência da água de se mover de uma área da planta a outra.
Além da dependência do potencial hídrico da planta a partir da gravidade (potencial gravitacional),
pressão mecânica (potencial de pressão) e tensão superficial (potencial matricial), o movimento da
água é largamente dependente da quantidade de solutos presentes (potencial osmótico) (Zimmerman
& Brown 1971; Larcher, 2003; citado por Acimovic, 2014). Assim, quanto mais solutos são dissolvidos
na água, menor o status da energia potencial presente na água. Desse modo, juntamente com o
transporte da seiva ascendente no xilema, o defensivo quando injetado no tronco diminui o potencial
da água na seiva em torno do local de injeção (Acimovic, 2014).
Em geral, o potencial hídrico na coluna do xilema, que se estende continuamente do solo, raízes,
tronco, galhos, se torna mais e mais negativo, à medida que sobe para as folhas e, em seguida, é
dispersado na atmosfera. Essa diferença entre os potenciais de água nas folhas e o ar impulsiona o
transporte de água na planta. Este processo é conhecido como transpiração e ocorre através dos
estômatos nos tecidos verdes (Zimmerman & Brown, 1971; Larcher, 2003). A transpiração cria pressão
negativa, ou seja, força de tração para cima na coluna de água no xilema em razão do déficit de
pressão de vapor (DPV) que impulsiona a transpiração (Zimmerman & Brown, 1971; Larcher, 2003).
Na coluna de água, as moléculas polares estão ligadas pelas forças adesivas que mantêm a coluna
de água durante a transpiração. Após a injeção no tronco, a transpiração é o principal meio de
transporte do composto para o dossel da árvore através da coluna da seiva no xilema. A taxa de
transpiração é um dos fatores que moldam a taxa de translocação e posterior acumulação do composto
na copa das árvores. O DPV é altamente dependente da temperatura.
De maneira geral o gradiente de vapor no ar atmosférico é baixo principalmente quando a
temperatura é alta e a umidade relativa do ar é baixa (Zimmerman & Brown, 1971; Larcher, 2003).
Em temperaturas mais altas, o ar se expande e isso aumenta o DPV e diminui a umidade relativa do
ar. Desde que o ar se expande, pode conter mais vapor d’água e quanto maior o DPV maior é a
transpiração da planta (Zimmerman & Brown, 1971).

D. Fatores tecnológicos

Os fatores tecnológicos dizem respeito à escolha de métodos e diferentes tipos de aparelhos que
serão usados na veiculação dos defensivos. Os métodos podem ser por infusão e injeção. À luz do
desenvolvimento atual da endoterapia, este tema se resume ao uso de seringas e injetores, que
serão discutidos em capítulo posterior.

15
INJEÇÃO NO TRONCO: COMO AUMENTAR A EFICIÊNCIA DA INJEÇÃO COM DEFENSIVOS
NAS ÁRVORES

Injetar o pesticida com


baixa umidade relativa
do ar (DPV) Injetar em árvores com copa
vigorosa e grande disponibilidade de
folhas para que haja boa
transpiração. As podas deverão ser
conduzidas de modo que haja boa
exposição a luz do sol e intensa
Realizar as injeções no tronco transpiração.
com temperaturas elevadas em
dias ensolarados.

Fornecer boa diluição do


composto injetado, por meio da
A depender do tamanho do
adiçao de água e usar sistemas
tronco e anatomia do xilema,
de injeção que permitam a
usar adequado número de
aplicação de grandes volumes
pontos de injeção ao redor do
de solução.
tronco para obter distribuição
uniforme do composto injetado
na copa.
Injetar antes da Em troncos pequenos
ocorrência da praga e tenros usar agulhas
ou doença, já que a finas. já arvores com
translocação e troncos grandes e
acúmulo do duros efetuar primeiro
composto injetado o furo com máquina de
no dossel é um furar e em seguida
processo demorado injetores apropriados.
e depende das suas
propriedades
Em regiões áridas
químicas (às vezes
fornecer amplo
várias injeções por
suprimento de água
estação podem ser
para que a árvore
necessárias para um
possa absorver e
bom controle)
translocar via
transpiração.

2. CONHECER TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO E O PROBLEMA QUE 3. CONHECER AS PROPRIEDADES DE SEU COMPOSTO


VOCÊ ESTÁ TRATANDO QUÍMICO E DA SOLUÇÃO PARA INJEÇÃO
- Ferramentas de injeção de inserção de agulha (menor injúria no tronco) - Formulação (desenvolvida para injeção)
- Ferramentas de injeção no tronco baseada em brocas (maior injúria no - Solubilidade em água (melhor mobilidade na árvore)
tronco) - Coeficiente de partição água-carbono orgânico (Koc - quanto mais
- Volume de água da injeção e o número de abertura por árvore (influencia a baixo, melhor e mais baixa, melhor e mais rápida a movimentação
uniformidade de distribuição na coroa) na árvore)
- Elaborar um cronograma de injeção para controle de pragas em uma estação. - pH da solução de injeção (melhor ao redor de 7)

Fonte: Srdjan Acimovic. Adaptação: José Inácio Lacerda Moura

16
CAPÍTULO 2

INFUSÃO, INJEÇÃO E COMPARTIMENTALIZAÇÃO

José Inácio L. Moura e Rosane R. da C. Pereira

Quando um composto adentra ao orifício de uma árvore, a sua subida para a copa depende da
pressão negativa gerada pela velocidade ascendente do fluxo de seiva no xilema da árvore, ou seja,
depende da força do vácuo criada pelo fluxo da transpiração (efeito Venturi), para depois ascender
para a copa juntamente com água mais soluto nos vasos lenhosos. Essa técnica é chamada de
infusão. Já na injeção, o defensivo é injetado diretamente nos tecidos vasculares através de uma
pressão externa. Porém, a subida para o dossel da árvore também é dependente da taxa de
transpiração.
Em ambos os métodos, infusão ou injeção, a planta deverá ser necessariamente ferida, em face
do necessário orifício para aplicação. A resposta da planta ao ferimento e os processos pelos quais
reconstitui os tecidos onde foi realizada a obliteração, compõem o item chamado de
compartimentalização.

Infusão

O Brasil ainda não dispõe de tecnologia para veiculação de compostos via injeção e, tampouco,
formulações apropriadas para endoterapia. Porém, tem sido muito usual a infusão no controle de
doenças e pragas dos coqueiros. Trata-se de um método relativamente simples, que consiste em
furar o estipe do coqueiro com auxílio de uma furadeira e, em seguida, injetar o composto desejado
(Moura, 2017). Entretanto, às vezes esse método mostra-se infrutífero, em virtude de o composto
injetado ficar estacionado e/ou escorrer para fora do estipe devido ao déficit de pressão de vapor, ou
seja, o composto injetado só será aspirado pela planta caso a transpiração esteja em franca atividade.
Assim, temperaturas altas, umidade relativa baixa e água no solo contribuem expressivamente com
a ascensão do composto. Portanto, esse é um aspecto que sempre deverá ser considerado na
infusão das palmeiras, notadamente coqueiros e dendezeiros. Contudo, tais fatores variam no tempo/
espaço. Assim, a título de exemplo, em coqueirais na região do semiárido do nordeste brasileiro,
quando irrigados, certamente o composto injetado ascenderá rapidamente para a copa, em razão
das altas temperaturas, baixa umidade e da disponibilidade de água fornecida pela irrigação.
No entanto, o método de infusão baseado no princípio de Venturi, comumente chamado de “Bite”
(Montecchio, 2013; Figura 13) permite que o composto seja aspirado e translocado no momento de
sua introdução no tronco e dispensa o uso de furadeira. Trata-se de uma lâmina biconvexa e oca,
conhecida como lâmina lenticiolar, que, ao ser introduzida no tronco, separa as fibras dos vasos
xilemáticos com mínima fricção. Nos vasos, comprimidos pela convexidade da lâmina, ocorre redução
na pressão da seiva, mas, em contrapartida, aumenta a velocidade desta. Desse modo, um recipiente
com líquido, por exemplo uma seringa, quando conectado sobre a extremidade da lâmina, será
aspirado com maior velocidade quando comparado à infusão tradicional. A vantagem da lâmina
lenticiolar é a rápida cicatrização comparativamente aos furos feitos com brocas, pois as fibras
lenhosas revertem para sua forma anterior, permitindo ao câmbio produzir tecidos meristemáticos
em poucos dias. Porém, a exemplo de qualquer tipo de infusão, o sucesso dessa técnica também
depende da taxa de transpiração.
Relativo ainda à infusão, o método “mamadeira” (absorção radicular), embora pouco usual, é
praticado por alguns países da América Latina e Ásia no controle de pragas e doenças. Essa técnica
consiste na veiculação de um defensivo através da raiz sem que haja contato do produto com o solo.
Para tanto, o defensivo é colocado dentro de um pequeno saco plástico e nele inserida a raiz. Nas
palmeiras são recomendados os seguintes passos: i) cave um buraco próximo de 30 cm distando
aproximadamente 2 metros da planta; ii) escolha uma raiz funcional (raiz com diâmetro menor que 4
mm deve ser descartada); iii) corte a ponta da raiz; iv) coloque a quantidade de defensivo desejado

17
dentro do saco plástico; v) introduza a raiz dentro do saco plástico; vi) amarre o saco à raiz com
auxílio de um cordão. Para que esse método seja bem-sucedido é preciso que a ponta da raiz
encoste no fundo do saco e esteja mergulhada no defensivo. A pertinência dessa observação deve-
se ao fato de não ser incomum a raiz elevar-se, trazendo sua ponta para fora do alcance do defensivo.
Na Colômbia, diferentes grupos de inseticidas foram veiculados via absorção radicular com objetivo
de determinar a eficiência sobre Leptopharsa gibbicarina Froeschner (Hemiptera, Tingidae) em
dendezeiro. De acordo com Reyes, Cruz & Genty (1988), em plantios industriais de dendezeiro, 20
homens tratam entre 90-160 plantas/dia, o que torna o método inviável para grandes áreas. Ainda
assim, tratando-se de pequenas áreas, a infusão via raiz é uma tática eficiente e ambientalmente
segura. Porém, a inclusão de outras ações deveria ser considerada juntamente com a infusão via
raiz, notadamente a adição de adubos líquidos ao defensivo, em mistura, o que certamente contribuiria
com a diluição dos custos.
Outro cultivo tropical que faz uso da infusão radicular é a pimenta-do-reino (Piper nigrum L.). Na
Malásia, essa planta sofre ataque de várias doenças e, entre estas, a “podridão da raiz” causada pelo
oomiceto Phytophthora capsici Leonian. É considerada a doença mais devastadora, conforme Wong
(2004), e de difícil gestão, principalmente no período chuvoso com umidade elevada. Assim,
pulverizações com fungicida a base de cobre, metalaxil ou fosfonato de potássio via encharcamento
de solo se mostraram ineficientes em virtude da lixiviação causada pelas águas da chuva. Concernente
à injeção, a pimenteira tem haste estreita e os furos podem comprometer pelos danos biomecânicos e
facilitar a entrada de doenças. Em razão disso, foi testado o fosfonato de potássio via mamadeira.
Para sua execução, Wong (2004), recomenda localizar uma raiz primária entre 7,5 e 10 mm de diâmetro
e retirar todo o solo circundante. Uma vez localizada, sua ponta é cortada com auxílio de uma faca e
introduzida dentro de uma garrafa plástica contendo entre 80-100 mL de água com fosfonato de potássio
a 1-2%. Conforme esse autor, aplicação de fosfonato de potássio pela raiz impediu a propagação da
doença P. capsici, tendo reflexo sobre a produtividade e vida útil das pimenteiras. O tempo gasto para
todo o composto ser absorvido variou de 1 a 4 horas, como também variou entre plantas.
Por fim, o método infusão via mamadeira além de recomendável para pequenas áreas, poderia ser
aplicado a outros cultivos quando estabelecidos em pequenos pomares. Tome-se como exemplo, o
maracujazeiro (Passiflora edulis Sims). Esse cultivo pode sofrer injúrias por variadas espécies de insetos
e, ao mesmo tempo, depende de abelhas polinizadoras para melhor produtividade. Desse modo, o
controle das pragas via mamadeira deveria ser analisado, pois uma vez que o defensivo é infundido na
planta através da raiz, protege os agentes polinizadores e o ambiente como um todo, pela ausência de
deriva, a exemplo das pulverizações convencionais. Naturalmente que a análise residual dos frutos e
pólen se complementariam. Entre as desvantagens, pode-se citar o tempo dispendido para a localização
da raiz e tipo de solo. Solos argilosos demandam mais tempo que solos areno-argilosos.

Injeção

A injeção em árvores difere das palmeiras. Na maioria das vezes um único furo na base do estipe
de uma palmeira é suficiente para translocação e distribuição do defensivo em toda a copa da
planta. Nas árvores, cujos tecidos condutores estão situados mais externamente no alburno, a subida
de um composto injetado para o dossel é mais complexa, devido ao grande número de ramos e
ramificações. De maneira geral, a subida da água nos tecidos do xilema, segue dois padrões básicos:
vertical e espiral. Assim, existem espécies de arvore que a comunicação entre o ponto da injeção
até a copa, ocorre através de conexões vasculares diretas, ou seja, alto grau de setorialidade radial.
Outras, apresentam alta difusão radial lateral entre os vasos condutores. Existem ainda, espécies
de arvores como o olmo e a macieira, que a subida da seiva segue o caminho espiralado do xilema
desde o ponto da injeção até o dossel. Desse modo, pode-se afirmar que a subida de um pesticida
é altamente dependente do percurso do xilema das raízes até as folhas. Por isso, variados pontos
de injeção ao redor do tronco podem ser necessários para alcançar uma distribuição uniforme do
pesticida na copa da arvore ( Kozlowski et al., 1967; Orians et al., 2005; Zanne et al., 2006). Por fim,
o furo para injeção nunca deve transpassar 3 cm, pois é nesse espaço, pós câmbio, que os vasos
lenhosos estão em franca atividade.
A pressuposição que maior número de pontos de injeção (também chamados de porta de entrada)
no tronco implica em ampla distribuição do defensivo no dossel da árvore nem sempre se confirma.

18
Convém salientar ainda, que a subida de um defensivo para o dossel de uma planta pode ter um
caminhamento diferenciado entre espécies. Acimovic et al. (2014), ao estudarem a distribuição
espacial e temporal de imidacloprido em macieiras utilizando entre um a oito pontos de injeção,
concluíram que quatro pontos resultaram em uma distribuição uniforme do defensivo na copa tanto
quanto com oito pontos. Esses autores concluíram ainda que o transporte do defensivo via xilema
foi radial difuso com movimentação espiral no sentido anti-horário.
Só é recomendável injeções em árvores que tenham diâmetro suficientemente compatíveis, ou
seja, nas quais os furos nos troncos não comprometam a sobrevivência da planta. Ensaios com
injeções em gravioleiras, conduzidos no sul da Bahia em plantas que apresentavam diâmetro médio
de 6 cm, receberam injeções através de 2 furos (em pares opostos) de 4,4 mm de diâmetro na base
do tronco e, decorridos alguns anos, não foram observados problemas biomecânicos e/ou fitotóxicos.
No entanto, cada planta tem características anatômicas internas peculiares e, por isso, a extrapolação
não é recomendável.
De maneira geral, em países que fazem uso de formulações adaptadas para injeções em árvores
florestais, urbanas e frutíferas, a quantidade de defensivo a ser usado é rotulada em gramas do
ingrediente ativo (i.a.) por centímetros de diâmetro (g de i.a./ cm / diâmetro). Portanto, conhecer o
diâmetro antes da tomada de decisão é fundamental. O diâmetro pode ser obtido diretamente com
auxílio de uma suta medindo-se o tronco na altura do peito (DAP) ou pela medição da circunferência
(C) e dividindo por π (D= C/π).
Em situações onde não se tem acesso a formulações apropriadas para injeções e, partindo do
pressuposto da disponibilidade de seringas, é possível tratar árvores que por ventura estejam com
suas folhagens injuriadas por insetos herbívoros. Para tanto, é preciso que o defensivo tenha
determinadas características, tais como especificidade, baixa viscosidade, boa solubilidade em água,
baixo coeficiente de adsorção de carbono e, não tenha o pH alcalino. Assim, a título de exemplo,
pretende-se injetar 1 grama do ingrediente ativo (i.a.) por árvore, de um certo defensivo com
concentração de 750 g/kg. Nesse caso serão necessários 1,33 g do inseticida para serem obtidos 1
g do i.a. Por fim, deseja-se diluir a quantidade do i.a. em 80 mL de água, que serão veiculados por
quatro seringas com capacidade de 20 mL cada. As seringas deverão ser distribuídas ao redor do
tronco em pares opostos, pois agindo assim pode-se ter melhor distribuição no dossel.
Existem diferentes tipos de aparelhos com diferentes tipos de pressão para injetar compostos
para o interior do tronco das árvores e palmeiras (Tabelas 1 e 2). Pressões entre 2,9 a 10,2 psi (1 psi
= 0,069 bar = 6,89 kPa) são consideradas baixas. Já entre 10,2 e 43,5 psi, altas (https://heliconia.es/
endoterapia-definicion-historia-evolucion/). A definição de micro e macro injeção está baseada no
diâmetro do orifício. Assim, é considerado micro, diâmetro de 3/16’’ (4,7 mm) abaixo. Já macro,
diâmetro de 3/8’’ (9,52 mm) acima (Costonis, 1981). Esse autor usou esse critério levando em
consideração a área do alburno danificada pela broca da máquina de furar. Todavia, esse conceito
não é aplicável a monocotiledôneas, por não terem alburno. Há que se atentar que, à exceção dos
injetores Bite (Figura 12) e Wedgles (Figura 13), que não necessitam de furos prévios com máquina
de furar, todos os demais aparelhos precisam que sejam feitos orifícios com máquina de furar para
que a seringa, ou injetor, possa ser introduzida(o). Uma vez introduzida (o), o composto é infundido
para o interior dos tecidos via pressão.
Vários modelos de aparelhos de baixa pressão são usados na endoterapia. Modelos que lembram
bolas de soprar vazias (bexiga), cápsulas plásticas e seringas (Figuras 6, 7, 8, 9 e 11) são usados.
Alguns desses equipamentos são comercializados com o defensivo já formulado em seu interior e
são descartados após uso. Nas cápsulas das Figuras 7e 9, a pressão interna é gerada manualmente
(apertando ou girando a parte superior da cápsula) no momento de sua introdução no orifício do tronco
da árvore. Quanto ao dispositivo que lembra uma bola de soprar (Figura 11), necessita de uma canaleta
plástica, um duto em forma de L, para que o composto pressurizado dentro da bola flua para o interior
do tronco da árvore ou palmeira. O duto é introduzido manualmente no orifício e empurrado levemente
com auxílio de um martelo. Em seguida, o bico do dispositivo é seguro firmemente para que não
escape a pressão, a ponta cortada com auxílio de uma tesoura e imediatamente preso ao duto. O ar
existente no interior do dispositivo se expande e empurra o composto.
As seringas das Figuras 6 e 8 são reutilizáveis e têm pressão e manuseio diferentes. A seringa
Chemjet® (Figura 6) tem pressão bem maior que a seringa Avoject® (Figura 8) e o mecanismo da
pressão gerada por ambas é diferente. A Chemjet® usa uma mola que empurra o êmbolo comprimindo

19
Tabela 1. Características de diferentes tipos de injetores e países fabricantes
Diâmetro do Profundidade
Injetores Nome da empresa furo (mm) do furo (mm) Pressão (kPa) País

Quick-jet® micro-in- (ArborJet Inc, MA) 9–9.5 25.4-120 Pressão manual USA
jection system

Tree IV® Micro-infu- (ArborJet Inc, MA) 9–9.5 16-120 207-414 USA
sion System

Viper® micro-injec- (ArborJet Inc, MA) 7.4–9.5 15-40 241-4136 USA


tion system

Stemject® Chemicolour Industries 6–8 25-100 3000-4000 Nova Zelândia


Ltd., Auckland

Sidewinter® Sidewinter Pty Ltd. 6 40 < 4000 Austrália

ChemJet® Chemjet Trading Pty. Ltd. 4.2 25-50 137.9-275.9 Austrália

Avo-ject® Injector Aongatete 7.5 30 Não citada Nova Zelândia


coolstores Ltd

Arbolesano® Empresa comercial 5,5 5 Não citada Argentina


arboles Sanos S.A

Tree tech® Tree tech microinjection 3–5 5 65 USA


system FL

Mauget® Mauget Company, CA 4 6-30 pressão manual USA

Acecap® Creative Sales, Inc, NE 9–9.5 3.2 Natural USA

Tabela 2. Injetores que não precisam de furos com máquina de furar


Diâmetro do Profundidade
Injetores Nome da empresa furo (mm) do furo (mm) Pressão (kPa) País

Biteinfusion® (P.A.N srl, Padova 3.5 20 Natural Itália

Wedgles® ArborSystems LLC, NE 2-2.8 4-19 Pressão manual USA

Fonte: Cyndel Berger, François Laurent; Crop Protection Vol. 124, October 2019
Adaptação: José Inácio Lacerda Moura

o ar. Já na Avoject®, o ar interno é pressurizado sem o uso de mola, o que se torna vantajoso, pois
em algum momento a mola perde a força de tensão, tornando-se necessária sua troca. A Avoject®
foi desenvolvida para injetar fosfito de potássio em troncos de abacateiros no controle de Phytophthora
e é usada em Israel para injetar micronutrientes em citrus. Já a Chemject® é usada no controle de
doenças do cacau na Ásia e abacateiro na Austrália. No Brasil, injeções com seringa Chemjet® em
cajueiros, para controlar a mosca branca, têm dado excelentes resultados. Por fim, tanto os
dispositivos mencionados (bolas de soprar, cápsulas plásticas) como as seringas, dependem da
viscosidade do defensivo para penetrar nos tecidos da árvore, assim como da transpiração, para
ascender para o dossel.
Nos Estados Unidos, a infusão via implante é usual no controle de pragas urbanas. Trata-se de
um invólucro revestido com gelatina misturada ao inseticida que fica dentro de um dispositivo de
plástico de formato cilíndrico (Figura 10). O artefato é introduzido em um buraco feito na região do
alburno com auxílio de uma furadeira e um martelo. A água translocada pela seiva ascendente
penetra através das aberturas laterais do artefato dissolvendo a gelatina e, consequentemente, o
inseticida em seu interior, que é translocado com a seiva para a copa da árvore. De maneira geral
o inseticida mais usual é o Orthene, que tem alta solubilidade em água e baixo Koc. A vantagem
desse método é o baixo preço do apetrecho e operação rápida, pois os cartuchos são vendidos

20
prontos para serem introduzidos. Outro aspecto favorável é não ficar sujeito ao vandalismo, a
exemplo de seringas de pressão que ficam expostas. Porém, tem como desvantagem os tamanhos
dos buracos no tronco que variam entre 6 mm e 9 mm e, para ascender o inseticida para o dossel,
depende da taxa de transpiração da planta.
Quanto aos injetores da Arborject® (Figuras 1, 2, 3), utilizam tecnologias mais sofisticadas. A seringa
fica conectada a um vaso pressurizado e possui adaptações, para que possam ser injetados também
em coníferas e palmeiras. Leva de 10 a 15 minutos para o composto ser injetado nos vasos condutores.
Em razão disso, o rendimento é muito alto comparativamente às seringas de baixa pressão. Estudos
em campo compararam a eficiência das seringas Arbojet® com as de baixa pressão, mostrando que
as Arborject® são mais eficientes, talvez em virtude do maior volume injetado associado à maior
pressão. O sistema Arboject® usa uma espécie de bucha de borracha, a arborplug, dentro da qual vai
um septo de silicone, que funciona como válvula unidirecional impedindo o refluxo do pesticida. Uma
vez o pesticida injetado sob pressão, é infundido nas interfaces do alburno. Além da rapidez, esse
sistema funciona também como tampão, por proteger da entrada de patógenos nos orifícios. Nos EUA
o sistema Arboject® é amplamente usado em pomares, árvores urbanas e povoamentos florestais.
A seringa ArborSystems® (Figura 12) injeta o defensivo sem que seja necessário furo prévio com
máquina de furar. De acordo com o fabricante, o composto é injetado na região do câmbio sem danificar
o alburno. Quanto ao aparelho da Figura 13, como já explicado anteriormente, permite que o composto
seja aspirado e translocado no momento de sua introdução no tronco e dispensa o uso de furadeira.

Figura 2. Tree IV ® Micro-


Figura 1. Quick-jet ® micro- infusion System. Figura 3. Viper® micro-injection
injection system.
system.

Figura 6. ChemJet®.
Figura 4. Stemject®. Figura 5. Furador/injetor Sidewinter .
®

Figura 7. Mauget®. Figura 8. Avo-ject®.

21
Figura 9. Tree tech®. Figura 10. Implante. Figura 11. Arbolesanos.

Figura 13. Bite Infusion®.


Figura 12. Wedgle®.

Compartimentalização ou “Cicatrizações” em Dicotiledôneas

Profissionais que trabalham com fitossanidade e paisagismo, por vezes têm restrições à
endoterapia, em virtude da exposição dos buracos no tronco e do tempo de cicatrização. Em parte,
é procedente, pois pode ocorrer volatilização de semioquímicos atrativos a insetos e/ou penetração
de microrganismos. No entanto, essa preocupação só se justifica se repetidas injeções forem dadas,
visando controlar o alvo biológico por prolongados anos.
Curar significa restaurar no mesmo lugar espacial. Os animais possuem sistemas regenerativos
que formam novas células que ocupam as mesmas posições espaciais. Quando eles são feridos,
um processo normal de regeneração é acionado e chamamos a isso de cicatrização, do qual se
originam as cicatrizes.
As árvores têm sistemas generativos. As árvores formam novas células em novas posições
espaciais ao longo de sua vida. Quando uma árvore é ferida, desencadeia um processo que restaura
quimicamente as bordas da lesão, evitando, assim, que o agente agressor se espalhe para o resto
da madeira - a zona de reação – e, em seguida, inicia a construção de “paredes’, ou seja, novos
limites anatômicos e químicos que separam a parte infectada da saudável. (Disponível em: https://
jardinessinfronteras.com/2016/10/24/los-mitos-de-la-arboricultura-segun-alex-l-shigo-100-tree-
myths). Shigo & Marx (1977) deram o nome de compartimentalização a esse processo de formação
de “paredes”, e as descreveram, como a seguir:
- “Parede 1”. A primeira etapa na compartimentalização. Consiste de uma parede que bloqueia
os vasos do xilema acima e abaixo da parte ferida. A obstrução pode ser através de tilos, deposição
de polifenólicos, substâncias antifúngicas e fechamento das fossetas orladas que unem as células
dos vasos. Essa parede é a mais fraca no processo rotacional de compartimentalização da árvore;
- “Parede 2”. A segunda parede consiste em células ricas em lignina com paredes espessas no
interior e exterior do anel de crescimento do lenho tardio da ferida, retardando a propagação radial

22
da decomposição. Esta parede é a segunda mais fraca e é contínua, exceto onde as células dos
raios se cruzam;
- “Parede 3”. É formada por grupos de células radiais orientadas perpendicularmente ao eixo do
caule, dividindo o caule em forma de segmentos. Esses agrupamentos de células não são contínuos
e variam em comprimento, altura e espessura, formando uma barreira na forma de labirinto para a
propagação tangencial da decomposição. Após o ferimento, algumas células dos raios também são
alteradas quimicamente, tornando-se tóxicas para alguns microrganismos. Esta parede é a mais
forte no momento da lesão, antes do crescimento da quarta parede.
- “Parede 4”. Trata-se do novo anel de crescimento que se forma depois do ferimento. Esta é a
parede mais forte e muitas vezes a única que pode impedir completamente a propagação de infecções,
fechando a ferida com madeira nova.
Apesar de poucas referências na literatura a respeito de injeções e infusões, notadamente no tocante
a seu impacto na sanidade e longevidade das árvores, alguns estudos foram desenvolvidos com objetivo
de mostrar métodos aparentemente menos impactantes (Düker & Kubiak, 2009a, 2009b; Doccola et al.,
2003, 2012; Shang, Liao & Zhao, 2011, Shang et al., 2011; Düker & Kubiak, 2011a, 2011b).
O grau de comprometimento de injeções em árvores depende da espécie de árvore, formulação
e tecnologia de aplicação de injeções (Doccola et al., 2012; Doccola & Wild, 2012; Montecchio,
2013; Sachs et al., 1977; Santamour, 1984). As árvores florestais vigorosas apresentam alta
capacidade e relativa rapidez para “cicatrização”. Assim, a título de exemplo, Liriodendron tulipifera
L (Magnoliaceae) foi capaz de “cicatrizar” no período de 16 meses vários furos de 8 mm de diâmetro
(Wasniewski, Chaney & Holt, 1993a, 1993b). Ferimentos físicos decorrentes de portas de injeção
em árvores com troncos de grandes diâmetros são frequentemente menos severos do que árvores
com troncos de menores diâmetros.
Cada espécie de árvore tem seu mecanismo próprio de defesa, quando injuriada. De acordo com
Shigo & Marx (1977), o fator genético e a saúde das árvores são preponderantes. Há que se
acrescentar ainda, que os aspectos anatômicos de cada árvore devem ser considerados,
particularmente os tecidos vasculares secundários. Desse modo, a compartimentalização das lesões
impede a introdução e progressão de microrganismos e, no caso das árvores, permite a reconstituição
contínua dos meristemas secundários. Assim sendo, na hipótese de que as dicotiledôneas fossem
incapazes de regenerar naturalmente suas partes feridas, certamente isso se constituiria em uma
séria desvantagem evolutiva, pois não permitiria o sustentável surgimento de espécies perenes
(Ferry & Gomes, 2014). É graças a essa capacidade regenerativa que a poda se constitui numa
prática normal na arboricultura.
Naturalmente que podas, quando mal executadas, poderão incorrer na má compartimentalização
da parte ferida e comprometer a sobrevivência da árvore e, esse risco potencial não deve ser
subestimado. No entanto, tal conhecimento não levou ao desuso da poda, pelo contrário, permanece
sendo uma prática usual, calcada em normas e padrões da arboricultura e fruticultura. É nessa
mesma perspectiva que a endoterapia deve ser vista, ou seja, ela só se justifica se as vantagens
superarem as desvantagens (Ferry & Gomes, 2014).
O tempo para “cicatrização” em troncos de macieiras (Malus domestica Borkh) foi estudado por
Acimovic et al. (2016). Nesse trabalho, todos os orifícios de injeção tinham 25,4 mm de profundidade
e foram criados por perfuração no tronco, com auxílio de uma furadeira ou uma lâmina simétrica de
dois gumes. Os orifícios produzidos com furadeira possuíam diâmetros de 4,4 mm e 9,5 mm, sem
vedação, e 9,5 mm vedados com tampões de plástico-silicone (buchas) e, aqueles produzidos com
auxílio da lâmina apresentavam orifícios com 1 mm de largura, 28 mm de altura. A lâmina foi inserida
perpendicularmente ao eixo do tronco que separou as fibras da madeira orientadas verticalmente e
abriu uma abertura de injeção no xilema. A função dos tampões é de vedação dos orifícios evitando
entrada de água e organismos contaminantes. De acordo com esses autores, quanto menor a largura
do orifício de injeção no tronco mais rápido é o processo de “cicatrização” do orifício com calo. A
“cicatrização” mais rápida foi conseguida em orifícios produzidos por lâmina lenticiolar, seguido
daqueles perfurados com furadeira (9,5 mm sem vedação e 4,4 mm). Os orifícios de 9,5 mm vedados
com tampão de plástico-silicone foram os que demoraram mais tempo para “cicatrizar” (Figura 14).
Esse tampão protetor diminuiu a taxa de fechamento das aberturas com calosidades. Os autores
citam ainda, que durante a condução do experimento não foram detectados sintomas de infecções
fúngicas ou bacterianas nos orifícios de injeção.

23
Fonte: Acimovic et al., 2016.

Figura 14. Orifícios e cicatrizações. Orifícios de injeção de tronco em macieiras, criados em 14 de abril de 2012 (A –
D) e avaliadas para cicatrização em 20 de julho de 2012 (E – H), 14 de abril de 2013 e em 20 de julho de 2013 (I – L). (A)
orifício perfurado de 4,4 mm, (B) orifício perfurado de 9,5 mm, (C) orifício perfurado de 9,5 mm vedado com uma bucha
(Arborplug® nº 4, Arborjet Inc., Woburn, MA), e (D) orifício lenticular da lâmina de dois gumes (1 x 28 mm). (M – P).

24
CAPÍTULO 3

EXPERIÊNCIAS EXITOSAS COM INJEÇÕES EM


DICOTILEDÔNEAS

Fonte: www.heliconia.es Adaptação: José Inácio Lacerda Moura

25
ENDOTERAPIA NO CONTROLE DE DOENÇAS

Givaldo Rocha Niella, José Inácio L. Moura, Srðan G. Acimovic

1. Abacateiro (Persea americana Mill)


Alvo biológico: Phytophthora cinnamomi
Produto injetado: Fosfito de potássio

A podridão da raiz causada pelo oomiceto Phytophthora cinnamomi Rands é uma doença
devastadora do abacateiro (Persea americana Mill) em vários países. O fungo invade as raízes
finas, mas raramente ataca o tecido lenhoso suberizado das raízes principais ou colo da árvore. O
abacateiro infectado apresenta amarelecimento generalizado, queda das folhas, frutos pequenos e
subsequente morte da planta. Entre as várias táticas de controle preconizadas na Austrália para o
gerenciamento dessa enfermidade tem-se as injeções com fosfanato de potássio. Os fosfanatos
foram os primeiros fungicidas usados sobre P. cinnamoni em virtude de sua mobilidade acropetal e
basipetal nas plantas (Zentmyer, 1979; Lüttringer & De Cormis, 1985, citado por Whiley et al.,1992).
Assim, uma vez injetados no tronco são transportados pela corrente do xilema diretamente para as
folhas e posteriormente para as raízes através do floema.
Para determinar o tempo, em dias, gasto
na translocação do fosfanato, desde a
injeção no tronco até sua presença nas
raízes, Whiley et al. (1992), usaram
determinado número de árvores de
abacateiro com idade de 12 anos no início e
fim da primavera. O fosfanato de potássio a
20 % foi injetado com auxílio de uma seringa
Chemjet® tomando-se 15 ml do produto/
metro de diâmetro do dossel. O fluxo de
fosfanato foi monitorado por 98 dias e a
dinâmica de sua concentração nas raízes foi
analisada através de cromatografia. As
injeções no tronco no início da primavera com
as brotações surgindo, resultaram em uma
baixa concentração de fosfanato de potássio
nas raízes. Assim, os estudos de Whiley et
al. (1992), mostraram que o maior pico de
concentração de fosfanato obtido foi menor
que 9 mg/kg, em 45 dias após as injeções.
No entanto, com as brotações da primavera
se expandindo, a concentração de
fosfanato nas raízes chegou próxima de
28 mg/kg em 60 dias (Figura 15).
Conforme Whiley et al. (1992), 20 mg/kg
é a concentração mínima para controlar
Phytophthora nas raízes de abacateiro. DIAS APÓS AS INJEÇÕES
Embora a literatura especializada ainda Fonte: Whiley et al. (1992) Adaptação: José Inácio Lacerda
apresente controvérsias sobre o modo de
ação dos fosfonatos na prevenção de Figura 15. Injeção com fosfanato de potássio em abacateiros
Phytophtora, há que se admitir que na (15 ml/ diâmetro do dossel), com objetivo de controlar Phytophthora
busca por uma dose/eficiência, a mínima cinnamomi nas raízes. Na figura 1, (a) o fosfanato foi injetado no
início da primavera e a máxima concentração de fosfanato obtida
concentração aliada à máxima eficiência nas raízes foi de 9 mg/kg. Na figura 1 (b), as injeções foram
é o desejado. Outro aspecto a ser conduzidas na maturidade da primavera e a máxima concentração
considerado de acordo com Whiley et al. obtida foi de aproximadamente 28 mg/kg.

26
(1992), refere-se à eficiência no gerenciamento. O conhecimento de que a máxima translocação
basipetal ocorre das folhas para as raízes no final da primavera e início do verão, deve chegar ao
produtor de forma que este planeje o momento das injeções nos abacateiros com objetivo de
maximizar a translocação para as raízes, principalmente quando a pressão da doença for maior.
Apesar dos estudos de Whiley et al. (1992) terem mostrado que em poucos dias (em torno de 10
dias) o fosfanato começa a se acumular nas raízes, a concentração (mg/kg) pode ser insuficiente
para controlar Phytophthora, conforme esses autores. Desse modo, o sucesso do método de
injeção com fosfanato de potássio depende do conhecimento da fenologia do abacateiro aliada aos
aspectos climáticos e, ainda, fornece estratégias para que a atividade de produção do abacateiro
traga os benefícios econômicos desejados.
O Brasil é o sexto maior produtor de abacate do mundo e possui área estimada próxima de
12.000 hectares. Entre as doenças do abacateiro tem-se também Phytophthora cinnamomi Rands.
No entanto, não há relatos de injeção de fosfito de potássio em abacateiros nos pomares
brasileiros. Estudos conduzidos por Silva et al. (2016), visando controlar o manejo da podridão
radicular em abacateiros, no município de Limeira - SP, através de pulverizações foliares de fosfito
de potássio, combinadas ou não com calcário dolomítico ou gesso ao solo, possibilitaram a
recuperação parcial de plantas de abacateiro ‘Hass’ afetadas pela doença. Assim, considerando
esse fato e, levando-se em consideração que as injeções com fosfito de potássio se mostraram
mais eficientes que as pulverizações tópicas em cacaueiros e abacateiros em outros países,
ensaios no Brasil fazendo uso dessa tática deveriam ser avaliados em pomares de abacateiro
atacados por Phytophthora.
2. Cacaueiro (Theobroma cacao L.)
Alvo biológico: Phytophthora
Produto injetado: Fosfito de potássio

“Mesmo com o surgimento da vassoura-de-bruxa na região sul da Bahia, e a despeito das


condições ambientais permanecerem desfavoráveis por vários anos, a podridão-parda (Phytophthora
spp) do cacaueiro ainda apresenta potencialidade de assumir os mesmos níveis de importância
econômica registrados no passado, quando chegava a causar perdas estimadas entre 20 a 30% da
produção anual de cacau no Brasil” (Medeiros et al., 1977, citado por Oliveira e Luz (2005).
Phytophthora palmivora, a espécie de ocorrência mais frequente na região cacaueira da Bahia, tem
numerosa gama de hospedeiros entre plantas de clima temperado e tropical (Luz et al., 2018). P.
capsici, além de cacau, pode atacar pimentão, tomate, berinjela, seringueira, pimenta-do-reino e
plantas da família cucurbitáceas. Por sua vez, Phytophtora citrophthora é um importante patógeno,
principalmente, de citros e de algumas rosáceas de clima temperado (Luz et al., 1997).
No Brasil, as primeiras tentativas de controle químico da podridão-parda causada por Phytophthora
capsici, tiveram início nos anos 50 (Cruz e Paiva, 1956, citado por Oliveira e Luz, 2005). Desde
então, fungicidas a base de cobre vem sendo utilizados de forma bem sucedida, embora existam
relatos de uso insatisfatório em outros países, onde muitas vezes, são requeridos até doze aplicações,
ao ano, para se ter um controle adequado (Wood & Lass, 1985, citado por Oliveira e Luz, 2005). No
entanto, conforme Oliveira e Luz (2005), com o surgimento de fungicidas sistêmicos, foi possível
controlar com sucesso grande número de doenças causadas por oomicetos, notadamente várias
espécies de Phytophthora.
Dentre as outras categorias de compostos usados como defensivos na fruticultura brasileira,
destaca-se o fosfito de potássio que, embora amplamente utilizado via pulverizações, é desconhecido
por boa parte dos produtores de cacau. Portanto, é de se esperar que o uso de fosfito, via injeção no
tronco, para controle de podridão-parda seja igualmente desconhecido, pois o Brasil não
comercializa formulações adequadas e não dispõe de aparelhos específicos para esse fim.
Apesar dos fosfitos serem absorvidos pelas folhas e raízes, o fósforo (P) na forma de fosfito não
é metabolizado pelas plantas e nenhuma enzima vegetal é capaz de oxidar fosfito a fosfato para ser
metabolizado como nutriente (Rezende, 2014). Entretanto, mesmo sendo nutricionalmente ineficaz,
em virtude de entraves burocráticos, o fosfito de potássio está oficialmente registrado como
fertilizante e não como fungicida. Muito provável seja esta a razão pela qual poucos o conhecem,
no controle de doenças, notadamente daquelas causadas pelos oomicetos do gênero
Phytophthora e Pythium.

27
Nos oomicetos, o fosfito afeta a síntese da parede celular reduzindo a esporulação e o crescimento
micelial, exercendo atividade fungistática. Alguns autores relataram que o tratamento com o fosfito
tem levado algumas espécies de hospedeiros ao estado de priming, que é a potencialização de
enzimas ligadas ao sistema de defesa da planta e ao aumento de compostos fenólicos e fitoalexinas
no sítio de infecção (Guest et al.,1994; McMahon et al., 2010; Rezende, 2014).
O fosfonato, composto química e funcionalmente similar ao fosfito, foi aplicado via injeção no
tronco em cacaueiros, em Papua, Nova Guiné, provando ser eficaz no controle do cancro causado
por P. palmivora (Anderson & Guest, 1990). Esses autores fizeram uso de ridomil via pulverização,
fosfanato via pulverização e injeções com 8 e 16 gramas do ingrediente ativo (i.a.) de fosfanato de
potássio/cacaueiro. Os resultados revelaram que 8 e 16 g do i.a. de fosfanato de potássio aumentava
o número de frutos saudáveis incorrendo em rendimentos que variaram de 88% a 110%
comparativamente aos cacaueiros que não receberam nenhum tipo de tratamento. Atribuíram esse
fato, ao controle do cancro nos troncos, que certamente teve reflexo na redução da podridão dos
frutos. Acrescentaram ainda, que a severidade da doença foi significativamente reduzida no clone
suscetível e quase que totalmente eliminada no clone resistente. No entanto, nem metalaxil e fosfanato
de potássio quando veiculados via pulverização reduziram a incidência de Phytophthora nos
cacaueiros. Conforme Anderson & Guest (1990), a baixa eficiência desses compostos quando
veiculados via pulverização, deve-se, em parte, à alta precipitação que ocorre em Papua, Nova
Guiné, que pode chegar a 300-400 mm por mês durante o período úmido. Evidentemente, a injeção
no tronco oferece uma solução para persistência dos fungicidas sob altas precipitações. Porém,
algumas plantas apresentaram problemas de fitotoxidade, mas, no decorrer do tempo, esse problema
foi revertido conforme esses autores.
Em diversas regiões de Papua, Nova Guiné, as perdas causadas pela podridão de P. palmivora
em cacaueiros, variam entre 20 a 39% (Anderson & Guest, 1990; Holderness, 1992). De acordo
com Guest & Grant (1991), a podridão dos frutos e cancro no tronco causadas por Phytophthora,
são mais comuns em locais com alta precipitação. Frequentes pulverizações com fungicida à base
de cobre tem-se mostrado ineficazes e até mesmo o fungicida sistêmico ridomil pode não fornecer
proteção adequada no controle da podridão de Phytopthora (Anderson & Guest, 1990). De acordo
com Guest & Grant (1991), a vantagem da injeção de fosfanato de potássio comparativamente às
pulverizações convencionais, deve-se ao fato de se usar pequenas quantidades diretamente no
interior da árvore e, por essa razão, não causar poluição ambiental, a exemplo de outros defensivos
que sofrem lavagem na estação chuvosa. Há que se lembrar, que no período chuvoso sucessivas
reaplicações de defensivos são necessárias em decurso da mesma causa.
Na ilha de Kar, Papua-Nova Guiné, Guest et al. (1994), conduziram um estudo com objetivo de
controlar Phytophthora em cacaueiros utilizando metalaxil via pulverizações, fosfanato de potássio
via injeção no tronco com diferentes concentrações (3,8; 7,5; 15 e 30 g do i.a.) e esse mesmo
composto através de pulverizações. Para determinar o nível de severidade do cancro nos troncos
mediram a área lesionada em cm2 e correlacionaram os valores numéricos a escores que variaram
de 0-3. Para injetar os compostos para o interior do tronco dos cacaueiros foi usada uma seringa
Chemjet® (Figura 6; capítulo 2), pois de acordo com Guest et al., 1994, trata-se de uma seringa de
fácil manejo, durável e adequada para uso em mão de obra não qualificada. A Injeção de fosfonato
no tronco reduziu significativamente a podridão dos frutos em cacaueiros plantados em diferentes
microambientes. Tal fato foi constatado pelo aumento do número de frutos saudáveis. Já pulverizações
com ridomil não contribuíram de forma significativa com a redução no número de frutos atacados
por Phytophthora. As mortes de árvores por cancro também foram reduzidas e, isso se tornou mais
evidente entre o 2o e o 3o ano de tratamento com as injeções de fosfanato. As análises estatísticas
mostraram que injeções nas doses de 30 e 15g do i.a. de fosfanato de potássio/cacaueiro não
diferiram significativamente. Assim, os autores concluíram que injeções anuais com 15 g do i.a. de
fosfanato devem ser idealmente utilizadas, por terem tido maior eficácia do que aquelas com dosagens
menores, entre 7,5 a 3,8 g i.a. árvore/ano.
No manejo das doenças causadas por Phytophthora é de praxe a integração de várias táticas de
controle, tais como pulverizações com fungicidas sistêmicos e óxido cuproso e, no caso do cancro
do tronco do cacaueiro, que na Bahia só é frequente em áreas de baixada ou inundadas pelas
enchentes dos rios, deve-se, para localizar a extensão das lesões, fazer a raspagem da área lesionada
com subsequente pincelamento com tinta e/ou fungicida sistêmico, de preferência. O sucesso desse

28
conjunto de táticas de controle nem sempre é alcançável, em virtude das condições climáticas e da
suscetibilidade do material genético utilizado (Guest et al., 1994). Em Gana, Holderness (1992), teve
que dobrar a frequência de pulverizações com ridomil para controlar podridão de Phytophthora em
cacaueiros em virtude de frequentes precipitações. Outra ação difícil, no contexto do manejo integrado
de Phytophthora, é conseguir visualizar o cancro para adotar as medidas de controle, pois como ele se
localiza abaixo da casca das plantas, inicialmente só aparece uma pequena lesão ou ligeira exudação
na casca. Conseguindo identificar estes sinais, quando se faz a raspagem, depara-se com uma lesão
interna bem maior. No entanto, a injeção com fosfanato de potássio supera tais dificuldades, pois
além de não ser carreado pela água das chuvas, a mobilidade do produto no floema controla e evita o
surgimento do cancro no tronco. Há que se acrescentar, que tentativas com injeção de ridomil foram
conduzidas. Mas, a sua formulação concentrada emulsionável, por ser extremamente viscosa, não
permitiu sua mobilidade para o interior do tronco via seringa (Guest et al., 1994).
Em razão dos efeitos significativos de injeções com fosfanato de potássio no controle de
Phytophthora sobre cacaueiros em outros países e, isto sendo desconhecido na Indonésia, McMahon
et al. (2010), executaram um experimento com objetivo de determinar a eficiência de injeções de
fosfanato de potássio sobre cacaueiros infectados com P. palmivora. Os estudos tiveram início em
2002 e término em 2006 (Figura 16). O fosfanato foi injetado no tronco dos cacaueiros com uma
seringa de pressão com capacidade de 20 ml. A depender do tamanho da copa dos cacaueiros, as
concentrações dos ingredientes ativos usados nesse experimento variaram entre 8 a 24 g de fosfanato
de potássio por planta/ano. Assim, árvores com diâmetro do dossel com aproximadamente 2 m
(mais de 90% das árvores) receberam 16 g de fosfonato de potássio. Já aquelas com dossel próximo
a 3 m, 24 g.

Fonte: McMahon et al. (2010) Adaptação: José Inácio Lacerda Moura

Figura 16. Incidência de cancro (Phytophthora) em cacaueiros tratados com injeção de fosfanato de potássio (linha
sólida e preta) e água (linha pontilhada azul). Os cacaueiros receberam injeções em junho e dezembro de 2002. Nos
anos subsequentes, uma injeção por ano até dezembro de 2006. Sulawesi (Indonésia).

29
A severidade dos danos causados por Phytophthora foi avaliada contando-se o número de frutos
(cabaças) com sintomas externos e amêndoas atacadas. Já para o cancro do caule, foi estabelecido
um escore que variou de 0-4 de acordo com a área (cm2) ocupada pelo cancro na madeira. A
exemplo de outros países, os resultados encontrados por McMahon et al. (2010), confirmam a eficácia
de fosfanato de potássio tanto no controle de Phytophthora sobre frutos como na redução de cancros
no tronco. Assim, injeções com 16 g de ingrediente ativo de fosfanato de potássio reduziram a
incidência de cancro nos troncos para níveis desprezíveis. De acordo com esses autores, uma
injeção anual de fosfonato no tronco beneficiaria pequenos produtores, pois reduziria a incidência
de Phytophthora nos frutos e caule e, naturalmente, contribuiria com melhor produtividade, além de
reduzir casos de morte dos cacaueiros na Indonésia. Por fim, esses autores concluíram que injeção
é uma tática de baixo custo para o tratamento de cacaueiros, principalmente se houver disponibilidade
comercial de suprimentos pois, à época, tanto o fosfanato como as seringas tinham que ser importadas
da Austrália, onerando assim o custo do tratamento.
Em conclusão, ensaios com injeções de fosfito de potássio em cacaueiros seriam oportunas,
principalmente nas regiões brasileiras onde a podridão parda e o cancro não só estão associados a
altas precipitações, mas a fatores que propiciam a infecção pelo patógeno, tais como locais de
baixio, úmidos e próximas a rios e córregos. Embora não tenhamos seringas adaptadas para
endoterapia, esforços deveriam ser envidados para execução de experimentos com injeção de fosfito,
pois uma vez que os resultados se mostrem exitosos, ter-se-ia uma abordagem eficiente e sustentável
em substituição de pulverizações convencionais.

3. Carvalho (Quercus robur L) e Faia (Fagus sylvatica L.)


Alvo biológico: Phytophthora
Produtos injetados: Trichoderma spp, Bacillus amyloliquefaciens e fosfito de potássio

Berger et al. (2015) estudaram o potencial de biocontrole de 5 diferentes espécies de Trichoderma


(T. asperellum, T. atroviride, T. aureoviride, T. hamatum e T. harzianum) e 2 cepas de Bacillus
amyloliquefaciens, todos com comprovada ação endofítica, para o controle de 3 espécies de
Phytophthora, quais sejam, P. cactorum, P. plurivora e P. quercina. Esta pesquisa foi realizada em
carvalho e faia em florestas da Polônia e teve dois controles: um positivo, com aplicação por injeção
no tronco com fosfito, que comprovadamente controla Phytophthora spp, e outro negativo, usando
somente água.
Antes dos experimentos em campo e em casa de vegetação, foram realizados estudos in vitro
com pareamentos entre os antagonistas, Trichoderma e Bacillus, e as espécies de Phytophthora e
os resultados corroboraram com a literatura sobre o assunto, confirmando ação antagônica sobre
Phytophthora de todos os agentes de controle biológico testados em relação aos controles
(Testemunhas).
Setenta folhas de carvalhos jovens (dois anos) cultivados em casa de vegetação, foram tratados
com agentes biológicos selecionados por sua atividade inibitória nas três espécies de Phytophthora
usadas para inoculação. O tratamento foliar foi realizado com pincel, em duas folhas / árvore, antes
da inoculação com P. plurivora. Em cada árvore, uma folha tratada e uma folha não tratada, foram
coletadas duas semanas após o tratamento e mantido em câmaras úmidas a 20 °C no escuro. Cada
uma das seguintes modalidades de tratamento ( Balci et al., 2008) foram repetidos em 10 árvores:
(1) solução de fosfito (1,2 g H3PO3/ L) de acordo com Gentile, Valentino & Tamietti (2009); (2) T.
atroviride cepa ITEC (1 x 108 conídios / mL); (3) T. aureoviride cepa UASWS (1 x 108 conídios / mL);
(4) T. harzianum cepa B100 (1 x 108 conídios / mL); (5) B. amyloliquefaciens C2 (1 x 108 UFC / mL);
(6) B. amyloliquefaciens P1 (1 X 108 UFC / mL); (7) o tratamento controle consistiu na aplicação de
água ultrapura. A cepa de P. plurivora IBL254 foi inoculada como controle, uma semana após
inoculação folhas tratadas foram colocadas em câmara úmida no escuro. A inoculação consistiu na
deposição de um plug com 25 mm2 de ágar de uma cultura de 7 dias de idade em meio V8. As
superfícies foliares necróticas foram medidas com o programa Makroaufmass de Jen, e o tratamento
estatístico dos dados foi realizado com o programa R usando o teste de Kruskal-Wallis.
O experimento no campo consistiu de injeções no tronco em indivíduos de faia de 30 anos
inoculados com P. Plurivora. Em um plantio de faia (F. sylvatica), 80 árvores de 30 anos de idade

30
com diâmetro semelhante medido a 1,3 m altura do solo, foram selecionados para um experimento
endoterápico casualizado. Todas as árvores foram inoculadas com P. plurivora em ramos a 1 m de
distância do tronco principal, a fim de evitar qualquer infecção secundária por P. plurivora.
Inoculações foram realizadas da seguinte forma: em cada galho, a casca foi removida em uma
superfície de 3 cm x 2 cm com a ajuda de uma lâmina de barbear (navalha) esterilizada e, em
seguida, um plug de BDA (1 cm x 1 cm) de uma cultura de 7 dias de idade de P. plurivora cepa
IBL254 foi colocado em contato com o câmbio exposto. A área inoculada foi coberta com
algodão umedecido com água estéril, selado com ParafilmTM e finalmente coberto com folha de
alumínio com cuidado para evitar a dessecação. Os ramos foram mantidos em contato com o
patógeno por três semanas.
As injeções foram realizadas com um sistema de injetor direto (Wedgle Direct-Inject, Arbour systems
Inc., EUA; Figura 12, capitulo 2) e foram realizadas a uma altura de 1,5 m do solo. As seguintes
modalidades de tratamento foram aplicadas a grupos de 10 árvores: (1) fosfito na concentração de
250 g H3PO3/ L. As injeções foram realizadas na dose de 0,8 mL por 5 cm de circunferência do
tronco produzindo uma dose de 50 g / L / cm de tronco, de acordo com as recomendações de
Shearer, Fairman & Grant (2006) e Gentile, Valentino & Tamietti (2009); (2) T. atroviride cepa ITEC
(1 x 108 conídios / mL); (3) T. aureoviride cepa UASWS cepa (1 x 108 conídios / mL); (4) cepa de T.
harzianum B100 (1 x 108 conídios / mL), as doses de conídios foram de 0,8mL por 10 cm de tronco;
(5) cepa B. amyloliquefaciens P1 a uma concentração de 1 x 108 Unidades Formadoras de Colônias
(UFC) / mL e na dose final de 0,8 mL / 10 cm de tronco; (6) B. amyloliquefaciens cepa C2 a uma
concentração de 1 X 108 UFC / mL e na dose final de 0,8 mL / 10 cm de tronco. As primeiras injeções
ocorreram três semanas após a primeira inoculação com P. plurivora e os ramos foram colhidos três
semanas depois.
Ramos não inoculados foram colhidos nas árvores tratadas ao mesmo tempo que ramos
inoculados. Estes últimos foram cortados em pedaços de 20 cm, colocados em câmaras úmidas por
três semanas a 20 °C no escuro e inoculados com P. plurivora seguindo o mesmo protocolo conforme
descrito acima. O tamanho e a superfície das manchas necróticas foram então medidos e comparados
a um controle positivo inoculado com P. plurivora sem qualquer injeção e um controle negativo
inoculado apenas com água estéril. Superfícies necróticas foram desenhadas em folhas de plástico
transparente, que foram então digitalizadas para produzir medições de superfície com necrose que
foram medidas com o programa Makroaufmass de Jen. O tratamento estatístico dos dados foi
realizado com o programa R usando o Kruskal-Wallis e testes post-hoc.
No experimento foliar com bactérias, fungos e fosfito em carvalhos de dois anos, todos os
tratamentos reduziram as áreas necróticas em comparação com o controle. Quatro tratamentos
tiveram diferenças significativas (P< 0,05) do controle após uma comparação do teste Kruskal-
Wallis. Os tratamentos à base de fosfito, T. aureoviride UASWS e T. harzianum B100 foram capazes
de reduzir significativamente as superfícies necróticas causadas por P. plurivora. O tratamento
baseado em uma aplicação direta de fosfito deu os melhores resultados com redução da necrose de
85,77% sobre o controle, seguido por T. aureoviride UASWS e T. harzianum B100 com redução de
necrose de 83,92% e 77%, respectivamente.
Resultados curativos da endoterapia através de injeção no tronco em indivíduos de Faia de trinta
anos, inoculados com P. plurivora demonstraram que todas as necroses que se desenvolveram nas
árvores tratadas foram menores do que as das árvores do controle e a redução da superfície necrótica
variou de 62,33% a 9,65%, como demonstrado na Figura 17, mas não forneceu resultados
significativos (P <0,05) devido a pontos fora do gráfico (resultados díspares da tendência). Portanto,
não é possível determinar uma eficiência curativa para os diferentes antagonistas ou o tratamento
com fosfito. No entanto, as superfícies necróticas nos ramos tratados foram significativamente maiores
(P <0,05) para cada tratamento do que nos ramos de controle negativo, nos quais as feridas já
estavam cicatrizando com a formação de uma nova casca, confirmando que a inoculação com a
metodologia utilizada foi eficiente. Além disso, uma reação em cadeia da polimerase quantitativa
(qPCR) foi realizada a fim de verificar a viabilidade da inoculação (dados não mostrados) e P. plurivora
claramente com DNA amplificado nas margens da necrose, demonstrando a presença de P. plurivora
nos ramos inoculados, enquanto não houve amplificação no controle negativo.

31
% Redução

Fonte: Gilles Berge; doi:10.17265/2161-6256/2015.06.005 Adaptação: Givaldo Rocha Niella

Figura 17. Efeito de diferentes tratamentos curativos na redução da superfície necrótica (%) causada por P. plurivora
em ramos de faia com 30 anos de idade.

Espécies invasoras de Phytophthora estão espalhando e infectando novos stands florestais, e


estão comumente associados ao dieback de carvalho e faia (Jung et al., 2013). Como já estão
presentes no ambiente, novas estratégias devem ser desenvolvidas a fim de ajudar as florestas a
enfrentar essas novas ameaças. Uma estratégia poderia ser, usar antagonistas biológicos endófitos
como barreiras naturais para Phytopthora spp. Se antagônicos, eles podem levar a uma interação
benéfica prolongada, que potencialmente aumentaria a tolerância a novas pressões dos patógenos
e, portanto, ajudaria na capacidade de adaptação das árvores. Além disso, estratégia alternativa
pode resultar em tempo de liberação e recursos para encontrar novos genes de resistência e criar
cultivares resistentes. Todas as espécies de Trichoderma e Bacillus testadas reduziram
significativamente o crescimento de P. cactorum, P. quercina e P. plurivora em culturas confrontadas
in vitro. No entanto, as diferentes espécies de Trichoderma mostraram diferenças significativas entre
si, e as espécies mais eficazes são T. atroviride ITEC, T. aureoviride UASWS e todas as cepas de T.
harzianum, exceto cepa B05 na cultura pareada com P. cactorum. Esses resultados estão em
adequação com a literatura sobre controle biológico in vitro e eficiência de cepas da mesma espécie
(Reithner et al., 2011; Regliñski et al., 2012; Harman et al., 2004) mas fornecem novas informações
sobre as propriedades dessas confrontações. O Índice de Antagonismo (AI) mostrou que todas as
cepas de Trichoderma spp. foram fortemente ativas contra P. cactorum e P. plurivora, com exceção
de T. atroviride UASWS0365. O crescimento lento de P. quercina não permitiu a determinação clara
de uma interação antagonista com as diferentes cepas de Trichoderma.
Outros experimentos usaram os organismos que tiveram melhor desempenho no experimento de
culturas confrontadas. Este método de seleção através de culturas pareadas é, no entanto,
influenciado pela velocidade de crescimento do organismo antagonista, e não poderia representar
um julgamento definitivo sobre as propriedades de qualquer potencial antagonista como já mostrado
e discutido por diferentes autores. (Caldeira et al., 2006; Chen et al., 2009; Tan et al., 2013). Conforme
esses autores, as duas cepas de B. amyloliquefaciens expressaram uma redução significativa das
três espécies de Phytophthora, ampliando a capacidade antagônica já descrita para esta espécie.
O experimento de tratamento foliar em folhas de carvalho mostrou que o tratamento com fosfito
foi capaz de proteger folhas tratadas e não tratadas. Isso é devido a sua capacidade de difusão

32
através dos tecidos vegetais como demonstrado por vários estudos (Guest & Grant, 1991.;
Hardy,1999.; Shearer & Crane, 2009; Shearer & Crane, 2012). O resultado significativo obtido por T.
aureoviride UASWS e T. harzianum B100 mostrou que apenas as folhas de plantas tratadas foram
capazes de reduzir a área necrótica, em relação ao controle. Isso pode ser devido a alguns metabólitos
secundários gerados por fungos, mas uma investigação aprofundada seria necessária para entender
mais sobre a interação entre esses fungos endofíticos em carvalhos e sua produção de metabólitos
secundários específicos.
O experimento de endoterapia confirmou que o método de inoculação de P. plurivora foi eficiente
como relato anterior com P. citrophthora (Alvarez et al., 2008). O tratamento curativo não mostrou
resultados significativos, mas a aplicação preventiva mostrou-se promissora com resultados para T.
atroviride ITEC, que foi capaz de reduzir significativamente o tamanho da necrose em comparação
com o controle e o tratamento com fosfito. O tratamento com fosfito foi usado aqui como um controle
positivo, uma vez que é geralmente conhecido por reduzir atividade de Phytopthora spp.
A formação artificial de feridas otimiza a penetração de Phytopthora spp e, no âmbito desse
experimento, permitiu expressar a capacidade de redução da extensão da lesão, ao passo que não
integrou a possível capacidade protetora pré-infecção dos tratamentos. Isso também pode explicar
o surpreendente resultado insignificante do tratamento com fosfito, que havia sido relatado
anteriormente como eficiente contra Phythophthora spp (Gentile, Valentino & Tamietti, 2009), já que
o fosfito é conhecido por desempenhar um papel contra Phytophthora spp. no momento pré-invasivo
(Guest & Grant, 1991).
Conclui-se que todas as cepas testadas têm potencial no controle biológico das três espécies
testadas de Phytophthora. No entanto, houve diferenças significativas entre as diferentes cepas de
Trichoderma no experimento de confrontação de culturas. O tratamento das folhas de carvalho
teve resultados positivos com o tratamento de fosfito e duas cepas de Trichoderma, enquanto o
experimento da endoterapia em faia contra P. plurivora apontou a capacidade potencial de T.
atroviride ITEC na redução de infecção por P. plurivora. Outras experiências ainda seriam
necessárias para confirmar os resultados promissores de tratamentos preventivos por aplicação
foliar ou endoterapia e melhorar uma metodologia capaz de reduzir o impacto dessas duas
espécies de Phytophthora. Esses tratamentos podem fazer parte de um controle integrado de
doença causada por Phytophthora em stands florestais e viveiros.

4. Citrus (Citrus spp)


Alvo biológico: Candidatus Liberibacter asiaticus
Compostos injetados: Antibióticos e indutores de resistência

O amarelidão do citrus (Figura 18B), conhecido mundialmente por greening e, também por
Huanglongbing (HLB), palavra de origem chinesa que significa “doença do ramo amarelo”, é uma
das enfermidades mais destrutivas dos citros e causa significativas perdas econômicas. O HLB é
associado a três espécies de bactérias gram-negativas, denominadas Candidatus Liberibacter
africanus, Candidatus Liberibacter asiaticus e Candidatus Liberibacter americanus, que são restritas
ao floema das plantas infectadas e de difícil cultivo in vitro (Sechler et al., 2009). As bactérias têm
como agente transmissor o psilídeo Diaphorina citri (Figura 18A) Kuwayama (Hemiptera: Lividae)
que é originário do continente asiático e foi identificado no Brasil na década de 1940.
No Brasil, o greening foi detectado em 2004, nas regiões Centro e Leste do Estado de São Paulo.
Hoje, está presente em todas as regiões citrícolas paulistas e pomares de Minas Gerais e Paraná,
além de Argentina e Paraguai, na América do Sul, em quase todos os países da América Central e
Caribe, e na América do Norte, México e Estados Unidos. As árvores novas afetadas não chegam a
produzir e as adultas em produção sofrem uma grande queda prematura dos frutos e definham ao
longo do tempo. A bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus (Cla) é atualmente a principal causadora
da doença no Brasil, presente em mais de 99% das plantas doentes. (Disponível em: https://
www.fundecitrus.com.br/doencas/greening).
Na Flórida, pulverizações com inseticidas em combinação com nutrientes, diminuíram a
propagação da doença, permitindo bom rendimento produtivo dos pomares. No entanto, a prática
não impediu a propagação da doença para outras áreas (Boina & Bloomquist, 2015; Stansly et al.,
2014; citados por Hu, Jiang & Wang, 2018). Várias pesquisas vêm sendo conduzidas, tais como a

33
A B

Fontes: Telegraph Cyn. Trail, Chino Hills SP Hdqtrs., 3-25-18. © Ron Vanderhoff (A).
(https://gd.eppo.int/taxon/LIBEAS/fotos (B).

Figura 18. Psilideos vetor do greening, Diaphorina citri (A) e planta atacada pela doença (B).

termoterapia, quimioterapia e cítricos transgênicos. Todavia, seus resultados ainda terão que ser
avaliados no campo e, por conseguinte, estas ações cientificas demandam tempo. Em razão desse
fato, Hu, Jiang & Wang (2018), decidiram ampliar com novas táticas de controle através de injeções
com indutores de resistência e antibióticos.
Resistência induzida, especialmente resistência adquirida sistêmica (SAR), tem sido relatada
no controle de muitas doenças de plantas. O mecanismo de (SAR) envolve uma via especifica
de sinalização que ocorre através do ácido salicílico (AS) o qual está associado ao acúmulo de
moléculas relacionadas à patogênese, que por sua vez, pode ser ativada pela presença de um
patógeno ou até mesmo através de pulverizações com indutores/ativadores (Aranega-Bou et
al., 2014; Vallad & Goodman, 2004). Existem múltiplos ativadores, entre os quais, acibenzolar-
S-metil, â-aminobutírico, benzotiadiazol, 2,6; ácido dicloro-isonicotínico ou fosfito. Embora esses
indutores tenham mostrado boa proteção em plantas tratadas no campo, os resultados nem
sempre são totalmente satisfatórios, principalmente quando a planta apresenta uma ampla
variedade de patógenos. Conforme Hu, Jiang & Wang (2018), é possível que a razão dessa
variabilidade possa estar relacionada ao patógeno, espécie de planta, genótipo do hospedeiro,
estado nutricional, frequência de aplicação e método utilizado.
Estudos anteriores revelaram que plantas cítricas eram altamente indutíveis a tratamento com
vários ativadores de resistência (AR), ou seja, apresentaram maior resistência sobre bactérias e
doenças fúngicas. Assim, a título de exemplo, aplicação no solo com Actigard 50 WP (Syngenta),
ácido 2,6 dicloro isonicotínico e imidacloprido aumentaram a expressão do gene PR-2 e foi eficaz no
controle do cancro em casa de vegetação (Francis et al., 2009). Porém, o sucesso de múltiplos
compostos depende da concentração, frequência de aplicação e tempo de aplicação. Outro aspecto
observado em relação aos ativadores de resistência, foi quanto ao método de aplicação. Assim,
aplicações no solo comparado a pulverizações na parte superior da planta, se mostraram mais
eficientes (Dekkers et al., 2004; Francis et al., 2009; Graham & Leite, 2004; Graham & Myers, 2011).
Em razão desse fato, Hu, Jiang & Wang (2018), conduziram o presente estudo com objetivo de
otimizar o controle do HLB através de injeções no tronco com ativadores de resistência e antibióticos
e, com isso, auxiliar os citricultores na tomada de decisão.
Conforme Hu, Jiang & Wang (2018), a escolha pelo uso de injeção também se deve ao fato que
o composto, quando injetado no tronco, é totalmente aproveitado pela planta e distribuído internamente
pelos tecidos vasculares. Estudos anteriores conduzidos por (Hu & Wang, 2016), proporcionaram
supressão duradoura nas populações de C. L. asiaticus (Cla) após as árvores receberem injeções
de oxitetraciclina. De acordo com esses autores, injeção com antibiótico impediu o declínio das
árvores cítricas e promoveu novo crescimento sem sinais da doença. Em razão disso, dizem os
autores, essa pesquisa foi desenvolvida, diante da inexistência de pesquisas com injeção de
ativadores (SAR) e antibióticos em plantas cítricas.

34
Os indutores químicos testados nos ensaios em campo por Hu, Jiang & Wang (2018), foram: uma
g/árvore de ácido salicílico (AS); uma g/árvore de ácido oxálico (AO); uma g/árvore de fosfato de
potássio dibásico (PHI); uma g/árvore de acibenzolar-S-metil Actigard (ASM); uma g/árvore de
imidacloprid (IMI); uma g/árvore de sal de sódio do ácido L-ascórbico (AA); uma g/árvore de ácido â-
aminobutírico (BABA); uma g/árvore de ido 2,6-dicloro-isonicotico (INA). Já os antibióticos testados
foram: 1,25 e 2,5 gramas/árvore de cloridrato de oxitetraciclina (OTC); 2,5 e 1,25 gramas/árvore sal
de sódio de penicilina G (PCN) e uma g/árvore sal de sulfato de estreptomicina (STM). Os antibióticos
foram injetados isoladamente e misturados. As quantidades injetadas de indutores e antibióticos
(mg/ml) misturados com água encontram-se na Figura 19.
Os ensaios em campo ocorreram na região central da Flórida entre os anos de 2014 e 2016. As
árvores cítricas apresentavam menos de 30% de HLB e todas as plantas receberam irrigação e
fertilização. Duas semanas antes de dar início a pesquisa de campo, foi avaliado a gravidade do
HLB usando um ensaio com qPCR (reação em cadeia da polimersase). As laranjeiras tinham cinco
anos de idade e a cultivar usada foi “Hamlin” (Citrus sinensis L. Osbeck) tendo como porta-enxerto
o citrumelo “Swingle”.
O aparelho utilizado para as injeções foi o Arborjet tree I.V. micro infusão, que exerceu pressão
menor que 50 libras. Para infundir os compostos (indutores e antibióticos) para o interior dos troncos,
foi feito primeiramente um furo com máquina de furar. Os furos tiveram profundidades que variaram
entre 2-3 mm e diâmetros de 7,14 mm. Após, foi introduzido o arborplug com um septo de silicone
em seu interior (válvula unidirecional) para evitar o refluxo dos compostos e forçar a infusão para os
tecidos do alburno. Seguido a colocação dos septos, injetores pontiagudos foram introduzidos nestes
septos e conectados através de mangueiras a uma garrafa pressurizada que continha em seu interior
o composto desejado (ativador ou antibiótico) diluído em 200 ml de água.
Conforme Hu, Jiang & Wang (2018), após as injeções com indutores e antibióticos, avaliações
visuais do progresso da doença foram conduzidas a cada 3 meses em campo. Para tanto, utilizaram
uma escala de gravidade com escores variando de 0-5 que foi expresso em percentual (%). Também
foi levado em consideração a produtividade de frutas, qualidade, teor de açúcar, brix e acidez.
De acordo com Hu, Jiang & Wang (2018), os estudos em laboratório visando o isolamento do
DNA da bactéria Cla foram conduzidos duas semanas antes do início do tratamento e, uma semana

Fonte: Hu, Jiang & Wang (2018), DOI: 10.1094/PHYTO-05-17-0175-R


Adaptação: José Inácio Lacerda Moura

Figura 19. Injeções com indutores de resistência e antibióticos em citrus com diferentes concentrações (mg/ml)
misturados com água (ml/árvore).

35
após a injeção de cada tratamento e o DNA foi isolado utilizando o Kit de purificação gnômico
Wizard (Promega Crop.). A concentração do DNA extraído foi estimada utilizando espectrofotômetro
e ajustado para 100 ng/μlL e uma alíquota de 4 μlL foi usada para determinar a quantidade de Cla
usando o método do PCR tempo real. Para análise de expressão gênica de proteínas de resistência,
amostras das folhas foram coletadas 0, 2 ,4, 7 e 14 dias após a primeira injeção. O RNA total foi
isolado utilizando o mini kit de RNase para plantas (Qiagen), seguindo as instruções do fabricante.
A purificação do RNA foi conduzida usando o DNA livre após tratamento com o kit da Ambion. A
quantificação e ajuste do RNA seguiu o mesmo procedimento utilizado para o DNA. A expressão
das proteínas de resistência PR-1, PR-2, PR-3 e PR-15 foi quantificada através da Transcrição
Reversa Quantitativa (qRT)-PCR usando o kit da Quanta Bioscience.
Embora tenha havido variação entre tratamentos nos três ensaios experimentais conduzidos por
Hu, Jiang & Wang (2018), os resultados de maneira geral foram significativos comparado às árvores-
controle. Com relação às injeções com antibióticos, apenas estreptomicina (STM) não teve ação
significativa sobre as bactérias, na concentração de 1,5 g/árvore. Já na concentração de 2,5 g/
árvore, foi significativa. Por sua vez, a penicilina, nas concentrações de 1,5 e 2,5 g/árvores foram
significativas conforme Hu, Jiang & Wang (2018), a combinação de oxitetracilina (OTC) e
estreptomicina (STM) além de reduzir de forma significativa as bactérias Cla, teve ação duradoura
na proteção das laranjeiras. Quanto aos ativadores de resistência, com exceção de imidacloprido
(IMI) e ácido ascórbico (AA), todos os demais indutores reduziram significativamente a gravidade da
doença pela supressão.
Todas as três injeções com antibióticos aumentaram significativamente a produtividade nos
pomares de laranja, enquanto os indutores de resistência não. Em relação à qualidade dos frutos,
injeções com antibióticos e indutores de resistência não influíram, ou seja, todos os parâmetros de
qualidade dos frutos estavam dentro dos limites normais e não diferiram significativamente entre os
tratamentos. Contudo, o percentual (%) de suco foi significativamente maior nos frutos oriundos de
árvores que receberam injeção de AS, ASM e PHI. Além disso, as árvores tratadas com ASM e
antibióticos (OTC + STM) mostraram maior relação brix / acidez, indicando um aumento no teor de
açúcar (Hu, Jiang & Wang, 2018).
Conforme Hu, Jiang & Wang (2018), diferentes níveis de expressão gênica foram induzidos
quando realizada injeções com OA, AS, PHI e ASM nas árvores cítricas aos 2, 4 e 7 dias após
as injeções. Quando comparado com as plantas-controle, a injeção com AS nos citros resultou
em indução significativa da expressão, variando entre 2.6 a 3.5 no gene PR-1 e 9.6 a 14.5 no
gene PR-2. Da mesma forma, a injeção com ASM levou a significante indução da expressão do
gene PR-1, variando de 2.9 a 4.1 e 13.9 a 15.8 do gene PR-2 aos 2, 4 e 7 dias após a injeção.
A injeção de PHI induziu significativamente a expressão do gene PR-2 variando de 5.3 a 11.8
também aos 2, 4 e 7 dias após as injeções. Nenhum dos quatro ativadores induziu a expressão
do gene PR-3. De acordo com Hu, Jiang & Wang (2018), indução significante do gene PR-15
variando de 3.4 a 5.5 foi observada 2, 4 e 7 dias após a injeção de OA. O padrão de indução
temporal foi similar entre os genes PR-1, PR-2 e PR-15 em todos os tratamentos, com pico de
expressão quatro dias após as injeções, diminuindo rapidamente sete dias após a injeção.
Quatorze dias após as injeções, os níveis de indução da expressão dos genes PR em todos os
tratamentos foram similares ao das plantas-controle.
Enquanto o antibiótico OTC tinha baixa solubilidade em água, PCN e STM foram altamente
solúveis. Dentre os oito ativadores testados neste estudo, cinco (AA, BABA, AS, OA, PHI) eram
solúveis em água e a solução resultante foi facilmente injetada no xilema. No entanto, o transporte
dos demais ativadores (por exemplo, ASM, IMI e INA) foi extremamente lenta através da injeção
no tronco em virtude de sua baixa solubilidade em água. Por exemplo, INA teve que ser dissolvido
primeiro em etanol e diluído em várias e pequenas concentrações em água. De maneira geral,
durante os 12 meses nos ensaios em campo não foram observados sintomas de injúrias químicas,
atrofia e outras anormalidades nas plantas que receberam os ativadores e antibióticos, indicando
que estes não possuíam efeitos fitotóxicos nas concentrações testadas. Porém, INA a um g/
planta (5 mg/ml, 200 ml) causou queimaduras químicas no bordo das folhas e morte dos ponteiros
em ramos jovens em alguns galhos de uma planta de citros jovem, indicando que doses mais
baixas são necessárias para diminuir os efeitos fitotóxicos (Hu, Jiang & Wang, 2018).

36
Várias tentativas em campo já foram conduzidas com objetivo de induzir defesas a planta
através de ativadores de resistência, principalmente sobre o cancro dos cítricos e o greening.
Porém, os resultados tem mostrado que o grau e magnitude desses ativadores tem sido limitante
e moderado no controle de tais enfermidades (Francis et al., 2009; Graham & Leite, 2004; Li,
Trivedi & Wang, 2016.). Dentre os vários fatores responsáveis por esta variabilidade e parcialidade
na eficácia, tem-se os métodos de aplicação via pulverização foliar ou encharcamento do solo.
Tais métodos limitam a absorção e translocação dos compostos tornando os ativadores pouco
eficazes conforme esses autores. Além disso, ativadores como o ASM e AS são altamente
fotobiodegradáveis (Silva et al., 2007; Sleiman et al., 2017) e vulneráveis a outras condições
ambientais. Já injeções com ativadores e antibióticos, podem evitar problemas de degradação
e absorção associadas à pulverização foliar e encharcamento do solo. Há que se acrescentar
que, injeções com os ativadores AS, ASM, OA e PHI, apesar de menos eficientes do que injeções
com antibióticos, apresentaram melhor controle contra o greening do que pulverizações. Além
disso, a injeção com ativadores e antibióticos no controle do greening, é uma tática sustentável
na proteção de plantas (Hu, Jiang & Wang, 2018).
Resultados em campo mostraram que plantas que receberam injeções com os ativadores de
resistência, tais como AS, ASM, OA e PHI, apresentaram impacto positivo no rendimento e qualidade
das frutas. Este resultado está de acordo com os estudos anteriores sobre resistência induzida via
pulverização foliar de indutores de defesa (Li, Trivedi & Wang, 2016.; Li et al., 2017). No entanto, foi
especulado que a resistência induzida pode ter alto custo por conta da competição metabólica entre
os processos envolvidos no crescimento da planta e a síntese de compostos relacionados à defesa.
Existem poucos relatos de tais custos de resistência induzida em plantas selvagens ou cultivadas
(Cipollini, Purrington & Bergelson, 2003). Heil et al. (2000), demonstraram que trigo saudável tratado
com BTH (sinônimo de ASM) apresentou redução no número de espigas e grãos, bem como na
biomassa, especialmente quando as plantas tratadas estavam sob estresse relacionado à falta de
nitrogênio (Heil et al., 2000). Assim, de acordo com Hu, Jiang & Wang (2018), uma correta nutrição
é fundamental para evitar condições de estresse, quando injeções com ativadores de resistência
forem aplicadas em citros com greening. Além disso, Cla produz uma hidrolase funcional que degrada
o AS, afetando a capacidade de AS induzir proteínas de defesa da planta (Li et al., 2017).
Injeções com antibióticos em árvores contaminadas pelo greening apresentaram melhor
desempenho em relação às injeções com ativadores na redução da bactéria Cla, bem como no
rendimento de frutas/árvore. Os antimicrobianos ativados pelos indutores de resistência podem não
alcançar a mesma concentração e efetividade dos antibióticos (Hu, Jiang & Wang, 2018). Somado a
isso, Cla codifica uma hidrolase que degrada AS suprimindo as defesas da planta (Li et al., 2017).
Os antibióticos, OTC, PCN e STM injetados garantiram excelente controle na severidade do greening
dos citros, reduzindo substancialmente as taxas da bactéria. As injeções com a mistura de STM
(bactericida) e OTC (bacteriostático) em um único tratamento, causou redução da bactéria Las a
níveis de 99% em um dos ensaios experimentais. Assim, é possível que o efeito inibitório nas
populações de Cla seja devido à atividade sinergética entre OTC e STM. Tal efeito foi bem
documentado em várias espécies de bactérias, incluindo fitopatogênicas (Novy et al., 2011;
Richardson & Holt, 1962; Sabet, 1956). É importante destacar que o método qPCR neste estudo
subestimou o efeito do tratamento nas taxas de Cla, já que o método não diferencia células mortas
de vivas. Do ponto de vista epidemiológico, a redução substancial das taxas de Cla em uma
planta infectada irá diminuir significativamente a probabilidade de um inóculo se espalhar entre
plantas vizinhas numa plantação de citros, porque a capacidade dos psilídeos transportarem
bactérias está positivamente correlacionada com a concentração de bactérias na planta hospedeira
(Coletta et al., 2014). A injeção com antibióticos no tronco é capaz de chegar no floema dos galhos
e raízes, onde se encontram as bactérias Cla.
Em estudos anteriores conduzidos por Hu & Wang (2016), foi constatado que injeções com
OTC resultaram em rápida translocação e distribuição em toda a planta (inclusive no sistema
radicular) e foi detectado baixo nível de resíduo nas frutas cítricas. De acordo com Hu, Jiang &
Wang (2018), estudos conduzidos com macieiras por Shaffer & Goodman (1969); Gardan &
Manceau (1984); Stockwell et al. (2008); Stockwell & Duffy (2012), demonstraram que árvores
tratadas com injeção de estreptomicina e oxitetraciclina para controlar a doença "fogo bacteriano",
não apresentaram resíduos próximos dos níveis de tolerância estabelecido pelos órgãos

37
governamentais. Assim, conforme Hu, Jiang & Wang (2018), a quantidade de resíduos em frutos
de citrus e macieiras estavam bem abaixo da concentração inibitória mínima (CIM) para a
microbiota intestinal, sugerindo fortemente que qualquer antibiótico transferido para o intestino
teria impacto insignificante.
Por fim, Hu, Jiang & Wang (2018), concluíram que a tecnologia de injeções e respectivos
equipamentos envolvidos é extremamente laboriosa e de alto custo, não sendo, portanto,
viável economicamente quando se tratar de grandes áreas. Em virtude disso, é necessário a
busca por inovações tecnológicas de forma a automatizar a eficiência de injeções em larga
escala.
Outra pesquisa posterior a de Hu, Jiang & Wang (2018), foram os estudos de Killiny & Vincent
(2021). Esses autores avaliaram a eficiência de oxitetraciclina no controle da bactéria C. L.
asiaticus através de pulverizações e injeções no tronco. Nas pulverizações, o antibiótico foi
misturado com diferentes adjuvantes penetrantes. Os resultados mostraram que apenas uma
pequena quantidade de oxitetraciclina (<0,4 μg / g) foi absorvida pelas folhas cítricas após
pulverizações. Por sua vez, uma alta concentração de oxitetraciclina (~ 6 μg / g) foi detectado
nas folhas das árvores que receberam injeções (Figura 20). De acordo com esses autores, a
análise de microscopia eletrônica de transmissão revelou que as superfícies superiores das
folhas são protegidas por uma cutícula espessa, cerosa, compacta e sem estômatos. Desse
modo, os adjuvantes misturados ao antibiótico não conseguiram transpassar a cutícula foliar.
Para corroborar essa afirmativa, Killiny & Vincent (2021) fizeram uso de raios laser sobre as
folhas que foram pulverizadas com antibióticos e adjuvante. Assim, as perfurações nas folhas
pelos raios facilitaram a captação de oxitetraciclina e, por conseguinte, o controle das bactérias
no floema, que foi expressado pelo aumento de glicose fluorescente. Em razão a esse fato,
esses autores concluíram que injeção com antibiótico é de longe, muito superior que pulverizações
devidas as barreiras existentes na cutícula foliar.

Fonte: https://citrusindustry.net/2021/04/19/antibiotic-delivery-methods-trunk-injection-vs-foliar-application/

Figura 20. Injeções e pulverizações com oxitetraciclina (OTC) em citrus. Os tratamentos consistiram de água, água
+ OTC, adjuvantes com OTC e injeção com OTC. A exceção das arvores que receberam somente água, todas as arvores
receberam 1,56 g OTC/arvore.

38
5. Macieira (Malus domestica Borkh)
Alvo biológico: Erwinia amylovora
Compostos injetados: Antibióticos e indutores de resistência

O “fogo bacteriano” é a doença de maior impacto econômico no mundo. Ameaça a produção


global de espécies de rosáceas ornamentais e fruteiras com grande interesse comercial, como
maçã, pera e marmelo, podendo destruir árvores e mesmo pomares inteiros numa só época,
restringindo, assim, o comércio internacional (Costa, 2016). O fogo bacteriano é causado pela bactéria
Erwinia amylovora (Burr) e é considerado organismo quarentenário no Brasil.
O manejo do “fogo bacteriano” depende de pulverizações preventivas com cobre e um número
limitado de pulverizações com antibióticos, tais como estreptomicina, oxitetraciclina (OX) e
kasugamicina (KS). No entanto, pulverizações com antibióticos podem levar a efeitos colaterais
ambientais indesejáveis, como seleção de cepas de E. amylovora resistente a antibióticos e perdas
impulsionadas pela deriva que podem variar de 44 a 71% (McGhee & Sundin, 2011; Steiner, 1969;
citado por Acimovc et al., 2015).
A ingestão de bactérias resistentes a antibióticos através de produtos vegetais frescos, decorrentes
da pulverização com antibióticos, poderá criar forte inquirição sobre o uso de antibióticos na agricultura.
Contudo, sabe-se que os riscos são muito baixos, já que mecanismos de transferência de genes
resistentes a antibióticos são distintos entre patógenos humanos e vegetais (Sundin, 2002). Por sua
vez, a quantidade de antibióticos aplicados na proteção de plantas é muito baixa, chegando a 0,26%
quando comparado ao utilizado na produção animal para alimentos. Mesmo assim, pulverizações
com antibióticos na agricultura geram dúvidas. Em razão disso, pesquisas com injeção no tronco
como alternativa mais ecológica em substituição às pulverizações são pertinentes (McManus, 2014;
Sundin, 2002; Düker & Kubiak, 2011; citados por Acimovic, 2015)
Ativadores de resistência em plantas e agentes de controle biológico, tiveram impulso nas últimas
duas décadas. No entanto, pulverização com ativadores de resistência adquirida sistêmica (SAR),
como acibenzolar-S-metil, mostraram resultados variáveis, com níveis imprevisíveis de controle do
“fogo bacteriano” e, por isso, necessitando de frequentes reaplicações.
Já pesquisas com abordagens mais sustentáveis para controlar o “fogo bacteriano”, como é o
caso da injeção no tronco, receberam pouca atenção (Spitko, 2008; Düker & Kubiak, 2011). Pesquisas
com injeções de pesticidas para controlar pragas e doenças em macieiras foram conduzidas em
anos recentes e os resultados mostraram-se muito promissores (Acimovic et al., 2014; VanWoerkom
et al., 2014 e Wise et al., 2014). No entanto, não há pesquisas abordando a injeção de bactericidas
para o controle da queima bacteriana.
O prohexadione cálcio (PC) é um fitohormônio que inibe a biossíntese de giberelina reduzindo o
crescimento de brotos suscetíveis ao “fogo bacteriano”. No entanto, sua injeção não mostrou efeito
sobre essa enfermidade em macieiras. Já a injeção com o ácido prohexadiona-carboxílico em mudas
de macieiras, reduziu a incidência de E. amylovora entre 13,6-17,5% (Düker & Kubiak, 2011; citado
por Acimovic et al., 2015).
Devido aos poucos estudos com injeção de antimicrobianos no controle do “fogo bacteriano” em
macieiras, Acimovic et al. (2015) avaliaram o desempenho de bactericidas, injetados no tronco e
pulverizados, e PC injetado, para o controle do “fogo bacteriano” em flores e brotos de macieira.
Conforme esses autores, a hipótese de controle significativo do fogo bacteriano é possível de ser
alcançado com 1 a 2 injeções no tronco destes compostos. Para corroborar essa hipótese, os autores
fizeram uso de injeções e pulverizações. A injeção dos compostos para o interior dos troncos das
macieiras foi feita através de aparelhos específicos. Para tanto, com auxílio de uma máquina de
furar, foram feitos quatro orifícios no tronco das macieiras, orientados segundo os pontos cardeais e
distanciados aproximadamente 15 cm acima do nível do solo. Os orifícios tiveram 25,4 mm de
profundidade e 9,5 mm de diâmetro. Os orifícios foram selados com buchas de plástico-silicone
(Arborplug® nº 4, Arborjet Inc., EUA), conforme instruções do fabricante. Após colocação das buchas
no interior dos troncos, os compostos foram injetados e pulverizados. Os compostos e respectivas
quantidades encontram-se na Tabela 3.
Com exceção da oxitetraciclina (OX), todos os compostos foram injetados com o aparelho Tree
IV (Figura 21C). O injetor Tree IV permite injeção rápida de grandes volumes de solução usando

39
413,7 kPa de pressão do ar. Devido ao pequeno volume de solução, OX foi injetado com sistema de
microinjeção Quik-jet® (Figura 21D) que depende de pressão gerada manualmente. As agulhas do
dispositivo de injeção foram inseridas através do septo (válvula unidirecional) no interior das buchas,
permitindo assim o influxo da solução protetora nos orifícios (Figura 21 A, B). O volume total injetado
por árvore foi dividido igualmente entre os quatro orifícios.
As pulverizações com PC estavam de acordo com as taxas estabelecidas pela EPA, agência
governamental dos EUA. Árvores injetadas com 520 ml de água serviram de controle. Cada tratamento
consistiu em 4 árvores replicadas dispostas em um delineamento inteiramente casualizado.
Para disseminar o “fogo bacteriano” nas flores e brotos das macieiras ‘Gala’ com idade de 21
anos, Acimovic et al. (2015) pulverizaram as plantas com E. amylovora (0,7 x 106 UFC/ml) usando
um pulverizador manual (Solo 457, 11,36 L, Solo Inc., EUA). A incidência da doença nas flores e
brotos foram avaliadas em intervalos de 7 dias. Foram escolhidos aleatoriamente grupos de flores
em caules, sendo computado o número de grupos doentes e saudáveis, em uma amostra de 100
grupos por árvore. A incidência da doença nas flores foi calculada em porcentagem de manchas nas
flores por árvore. Para os brotos, foram escolhidos aleatoriamente 100 brotos por árvore e calculada

Tabela 3. Compostos injetados no tronco e pulverizados para controle do fogo bacteriano em macieiras

Tratamento/ingrediente ativo Doses Data(s) de aplicação


(produto)
Injeções para controle da incidência da doença em brotos e flores em macieiras ‘Gala’

Hidrocloridro de oxitetraciclina 0,31 g + 2,52 mL de água/25,4 mm de DFH1 01 de maio de 2013


39,6% (ArborBioticTM) 39,6%

Hidrocloridro de kasugamicina 2 x 7,6 mL2,3 01 e 22 de maio de 2013


2,3% (Kasumin® 2L) 2,3%

Quelato de cobre 1 (Cobre 5% 2 x 5 mL/árvore3 01 e 22 de maio de 2013


solúvel em água (Baicor® Cu)

Quelato de cobre 2 (Cobre 5% 2 x 15 mL/árvore3 01 e 22 de maio de 2013


solúvel em água (Baicor® Cu)

Tratamentos para controle da severidade da doença nas brotações em macieira ‘Gala’* e ‘Jonathan’**

*Prohexadiona-cálcio – INJEÇÃO
11,23 g/macieira3,4 23 de abril 2012
prohexadiona-cálcio 27,5%
(Apogee®)

**Prohexadiona-cálcio – SPRAY
1360,8 g/0,405 ha + Regulaid® (125mL/100 L)5 24 de maio de 2011
prohexadiona-cálcio 27,5%
(Apogee®)

1
DFH: diâmetro do tronco a 15 cm de altura. 2Dose para spray de acordo com a etiqueta de registro da EPA nos EUA,
dividido por 250 árvores cultivadas em 0,405 ha. 3Dose injetada com 520 ml de água por árvore. 4Dose sazonal máxima
permitida por 0,405 ha de acordo com a etiqueta de registro EPA nos EUA. 5Tensoativo não iônico.
Fonte: Acimovic et al., 2015.

Fonte: Acimovic et al., 2015.


Figura 21. Arborplug® (bucha) nº 4 (A), com septo de silicone no canal de injeção, atuando como válvula unidirecional
(retângulo vermelho). Corte através do plugue mostrando a agulha penetrando no septo branco durante a injeção (B).
Sistemas Tree IVTM (C) e Quik-jet® (D) sistema usado para injeção no tronco em macieiras (Arborjet Inc., EUA).

40
a incidência da doença comparando o número de brotos doentes versus saudáveis. Para cada
tratamento, as médias de incidência da doença em flores e brotos foram calculadas a partir de 4
réplicas por árvore.
Para análise da severidade da doença nos brotos, foram feitas inoculações do patógeno na fase
de queda das pétalas em macieiras 'Gala' de 14 anos e 'Jonathan' de 11 anos, usando 4,7 x 107 e 5
x 105 UFC/ml, respectivamente. Para a inoculação, praticou-se a remoção do terço superior da
lâmina foliar da segunda ou terceira folha mais jovem da ponta da brotação com uma tesoura
mergulhada em uma suspensão do patógeno. Em cada árvore 10 pontos foram escolhidos
aleatoriamente e inoculados com E. amylovora. De igual modo, outros 10 pontos foram inoculados
com água destilada como controle negativo. Para cada broto inoculado, a severidade foi calculada
a partir da razão entre o comprimento do broto necrotizado e o comprimento total do broto (cm). As
medidas do comprimento total dos brotos foram tomadas antes da inoculação. A severidade média
da doença no broto por árvore (%) foi calculada a partir de 10 repetições de brotos. Conforme
Acimovic et al. (2015), a severidade média da doença nos brotos em cada tratamento foi calculada
a partir da média de 4 árvores replicadas. A partir dos dados de severidade para cada semana, a
área sob a curva de progresso da doença (AACPD) foi calculada. Todos os dados foram
analisados usando SAS 9.3 (SAS Institute Inc., EUA, 1988).
Os resultados mostraram que OX, KS e quelato de cobre (CC) injetados forneceram controle
significativo da incidência da doença nas flores com percentuais de 60,6; 31,7 e 15,5 a 17,8%,
respectivamente. De igual modo, os mesmos compostos forneceram controle da incidência da doença
nos brotos de 60,7; 42 e 24,5 a 33,9%, respectivamente. O PC pulverizado reduziu a severidade da
doença nos brotos em 25,6% e causou a redução esperada do crescimento do broto, enquanto
nenhum desses efeitos foi replicado em 2012 com o PC injetado.
Injeções com antibióticos forneceram melhor controle da doença nas flores e brotos do que outros
tratamentos. Uma única injeção de OX foi melhor do que duas injeções de KS. A injeção com OX
mostrou ser ligeiramente melhor ou muito melhor do que pulverizações com OX (Mycoshield®, com
17% de OX). Assim, OX injetável usada por Acimovic et al. (2015) reduziu significativamente as
populações bacterianas nas flores. De acordo com esses autores, injeção com OX comparado a
pulverizações com esse mesmo antibiótico, parece ser uma tática mais eficiente, dado a longa
atividade da OX quando injetado. Ao contrário, pulverizações com OX têm atividade antibacteriana
curta, o que permite o reestabelecimento das populações de E. amylovora. Embora a injeção com
KS tenha sido significativamente superior em relação aos tratamentos controle, não foi tão
significativo quanto OX.
Significativa redução do “fogo bacteriano” foi alcançada com injeções de quelato de cobre (CC)
e, conforme Acimovic et al. (2015), esse é o primeiro relato de injeção com CC no controle dessa
enfermidade.
Bactericidas, quando injetados no tronco das macieiras, parecem exsudar pouco e lentamente
sobre os estigmas das flores, local favorável ao crescimento de E. amylovora. De acordo com Acimovic
et al. (2015), tal fato pode ter efeito na eficácia do controle, pois é pressuposto que os bactericidas
injetados e acumulados nos tecidos apenas impedem a disseminação de patógenos para outras
flores através dos ramos. Acredita-se, que o bactericida injetado é acumulado em maior quantidade
nos tecidos verdes dos brotos foliares devido à maior taxa transpiratória. Desse modo, uma vez
mais requerido e diluído no processo de transpiração, sua ação bactericida na flor diminui.
Os resultados encontrados por Acimovic et al. (2015) alinham-se com os obtidos por Spitko
(2008), onde injeções com PC em macieiras da cultivar ‘Paula Red’ não resultaram em redução do
“fogo bacteriano” nos brotos. É provável que PC não tenha se translocado no xilema após as injeções
devido do alto coeficiente de partição de carbono orgânico (Koc) que varia de 155 a 1428 ml/g e
baixa solubilidade em água (174mg/L). É sabido que compostos com alto Koc são adsorvidos pelas
paredes do xilema. Desse modo, se formulações com mobilidade no xilema fossem otimizadas
(eficiência sobre o alvo biológico, boa solubilidade em água e baixo Koc, por exemplo), o uso de
injeções poderia ser uma tática eficaz no controle ecológico do “fogo bacteriano” nas macieiras.
Por fim, conforme consta da Instrução normativa nº 34, de 25 de agosto de 2016, publicada no
diário oficial da União (processo SEI nº 21000.029123/2016-78), que resolve em seu Art. 1º -
“Estabelecer o Plano de Contingência do “fogo bacteriano” (Erwinia amylovora) das rosáceas” e

41
dentre suas medidas, na Seção II; Art. 19, prevê a “aplicação de produtos com ação bactericida
na propriedade foco”, se admitida a possibilidade de eventual introdução da bactéria E.
amylovora em plantios de macieira no Brasil, as medidas de controle para sua erradicação,
certamente serão mais eficientes se combinarem pulverizações com injeções de OX. Agindo
assim, ter-se-ia o controle tópico, através de pulverizações, e uma barreira antibacteriana nos
tecidos internos através das injeções. Em conclusão, as agências de defesa fitossanitária do
Brasil deveriam ter disponibilidades de injetores e formulações especiais como “instrumentos
de guerra”, para eliminar e/ou retardar a invasão de organismos quarentenários, sobretudo
sobre cultivos perenes e altos.

6. Pinheiros (Pinus spp)


Alvo biológico: Bursaphelenchus xylophilus
Produtos injetados: abamectina, cialodiamida e benzoato de amamectina

O nematóide Bursaphelenchus xylophilus (Steiner & Buhrer, 1934) (Figura 22A), causador da
murcha-do-pinheiro (Figura 22B) é extremamente letal a várias espécies de pinheiros (Pinus spp)
nativos e exóticos dos Estados Unidos. Esse nematóide tem como agentes transmissores os
besouros Monochamus spp (Figura 22C) (Coleoptera, Cerambycidae). O manejo da doença e da
praga é difícil, principalmente em uma ampla área geográfica como é o caso dos Estados Unidos.
Há que acrescentar, que esse nematóide também está presente em alguns países da Ásia e
Europa (James, Tisserat & Todd, 2006).
O grupo químico das avermectinas, comumente usados como inseticida/acaricida mostrou
eficiência como nematicida (Blackburn, Alm & Yeh, 1996). Assim, conforme James et al. (2006) uma
avermectina, chamada de abamectina, está registrada nos Estados unidos para o controle de ácaros
e poderia ser candidata à injeção em pinheiros no controle preventivo da murcha-do-pinheiro. Em
razão disso, James, Tisserat & Todd (2006), avaliaram a eficiência de abamectina sobre o nematóide
B. xylophilus na forma de injeção no tronco.
Para determinar a eficiência de injeções de abamectina no controle preventivo sobre B. xylophilus,
James, Tisserat & Todd (2006) confeccionaram um injetor (abreviado como STIT) que consistiu de
uma mangueira com o defensivo sistêmico pressurizado em seu interior. Trata-se de uma mangueira
transparente (Figura 23), comprimento variando entre 60 e 90 cm, diâmetro interno de um cm. Em
uma das extremidades da mangueira foi adaptado um dispositivo pontiagudo de 8 mm de diâmetro
que foi introduzido no interior do tronco a uma profundidade variando entre 3 a 4 cm. Na outra
extremidade da mangueira foi adaptada uma tampa, na qual foi inserida uma válvula de câmara
de ar de pneu de carro. Após a abamectina ser despejada no interior da mangueira, esta foi
tapada e, com auxílio de uma bomba de encher pneu de bicicleta, adaptou-se uma mangueira
(para o fluxo da pressão) conectada a válvula presa à tampa. Percebia-se que a pressão chegava
ao seu limite quando a mangueira inflava. De acordo com James, Tisserat & Todd (2006), a pressão
exercida foi próxima de 40 psi (Figura 23).

A B C

Fontes: Milan Zubri k, Forest Research Institute - Slovakia, Bugwood.org. e http://www.rephrame.eu/gallery.php?

Figura 22 (A-C). Nematóide Bursaphelenchus xylophilus (A); Pinheiros mortos pelos nematóides (B); Besouro
Monochamus spp. (C).

42
De acordo com James, Tisserat & Todd (2006), a seringa
Wedgle foi projetada para injetar compostos na região do
câmbio em vez do xilema. No entanto, esse sistema não se
mostrou adequado, pois ocorreram vazamentos provocados
pelo não rompimento da resina formada. Em razão disso,
usaram o sistema STIT que, embora artesanal e muito
simples, se mostrou eficaz, pois conforme esses autores,
em menos de uma hora foi injetado entre 30 a 50 ml de
abamectina sem nenhuma evidência de bloqueio de resina
nos orifícios. Vale observar que artefatos simples podem ser
tão eficientes quanto as mais sofisticadas tecnologias.
Os ensaios no campo foram conduzidos em um plantio
abandonado de pinus escocês (Pinus silvestres L.) no estado
do Kansas. Para sua condução, os nematóides foram
manipulados em laboratório e inoculados em pinheiros, na
base de 5300 nematóides/planta, que haviam recebido
anteriormente injeções de 30 mL de abamectina/planta.
Procedimento contrastante foi conduzido com outro grupo
de pinheiros, onde as plantas foram primeiramente
contaminadas com os nematóides e, posteriormente Fonte:https://forestry.usu.edu/files/utah-
forest-facts/getting-chemicals-into-trees-
receberam injeções de abamectina. Dos cinquenta e sete without-spraying.pdf (B).
(57) pinheiros protegidos com abamectina, apenas 4%
morreram. Já nos pinheiros dos grupos-controle, houve 29% Figura 23. Seringa tipo mangueira STIT.
de mortalidade, para os que receberam injeção apenas com
água e 67% de mortalidade em pinheiros que não receberam qualquer tratamento. Quanto ao
controle curativo com injeções de abamectina em pinheiros que foram inoculados os nematóides,
os resultados mostraram-se infrutíferos. Conforme explicação de James, Tisserat & Todd (2006),
durante o estádio de crescimento do nematóide a doença se desenvolve rapidamente impedindo
que o controle curativo tenha êxito. Outro aspecto que deixou intrigado esses pesquisadores,
foi o menor percentual de pinheiros mortos quando injetados apenas com água. De acordo
com eles, é possível que ao se aplicar a injeção no tronco, a resistência sistêmica adquirida
seja ativada (SAR).
Em Portugal, ensaios com injeções de benzoato de emamectina foram conduzidas por Sousa,
Naves & Vieira (2013), em plantios de Pinus pinaster Aiton com objetivo de proteger os pinheiros
contra a doença murcha-do-pinheiro, causada pelo nematóide B. xylophilus. Naquele país a
espécie vetor é o besouro Monochamus galloprovincialis (Olivier) e a transmissão de
nematóides entre pinheiros ocorre quando o besouro emerge de plantas doentes e/ou mortas,
transportando no corpo as formas juvenis do nematóide. Uma vez o nematóide introduzido em
um hospedeiro suscetível, alimenta-se dos tecidos vasculares interrompendo o fluxo de água
e resina, podendo levar a planta a morte (Fukuda, 1997; Linit, 1988; citado por Sousa, Naves
& Vieira (2013).
O manejo do nematóide e do besouro vetor em Portugal, tem-se baseado na erradicação
de plantas sintomáticas e no uso de armadilhas com atraentes químicos, para captura do
besouro. No entanto, conforme Sousa, Naves & Vieira (2013), são estratégias trabalhosas,
caras e com sucesso limitado. Por sua vez, a propagação progressiva da doença em Portugal
e a possibilidade de sua expansão para outros países da Europa, obrigou a busca por novas
formas de controle. Assim, fundamentados em estudos exitosos, conduzidos nos Estados
Unidos e Japão, com injeções no tronco com pesticidas do grupo das avermectinas e, dado
que se tratava de um método específico e ecologicamente correto, esses autores executaram
um ensaio com injeções de benzoato de emamectina, visando reduzir casos da doença murcha-
do-pinheiro. Avaliaram também, a longevidade do besouro adulto M. galloprovincialis, quando
oferecido em sua dieta casca de pinheiros P. pinaster com resíduos de benzoato de emamectina,
pois em razão desse pesticida ter mobilidade também no floema, poderia apresentar algum
efeito sobre esses besouros.

43
As injeções com benzoato de emamectina a 4% incluíram três concentrações: uma baixa dose
(0,032g do i.a./cm/diâmetro); média dose (0,064g do i.a./cm/diâmetro) e uma alta dose (0,128g do
i.a./cm/diâmetro). Cada parcela foi constituída por 75 árvores incluindo as plantas-controle. Para a
baixa e média dose foi usado o injetor Arborjet Quickjet e para a alta dose, o injetor Arborjet Tree IV
(Figura 24). Orifícios no tronco para aplicação das injeções, tiveram diâmetro de 9,5 mm e
profundidade variando entre 10-12 cm. Há que se chamar à atenção para o fato de que as coníferas
rapidamente secretam resinas quando feridas. Desse modo, furos de pouca profundidade (entre 2,5
a 3 cm, a exemplo das folhosas) podem ser obstruídos pela resina. Em razão a isso, a profundidade
do orifício nas coníferas deve ser maior. No entanto, não existe uma profundidade pré-estabelecida.
Nos estudos de Sousa, Naves & Vieira (2013) o orifício teve que ser mais profundo para evitar o
rápido fluxo da resina. Por sua vez, coníferas têm entre 5-6 anéis funcionais. Assim, é pressuposto
que sob pressão o composto será infundido nos anéis mais profundos.
Durante os dois anos de condução do experimento, não foi detectado nenhum pinheiro morto
por B. xylophilus nas parcelas tratadas com as três dosagens de benzoato de emamectina. Já nas
parcelas controle (testemunha), 33% dos pinheiros morreram em decorrência dos nematóides. A
análise quantitativa em cromatografia dos tecidos vegetativos dos pinheiros impregnados com
resíduo de benzoato de emamectina, revelaram valores compreendidos entre 0,479 μg/5 g de
amostra (baixa dose) e 11,997 μg/5 g de amostra (alta dose). Esses valores, excederam ao índice
de detecção necessário para inibir a propagação de B. xylophilus, que foi de 0,031 μg g-1.
Nos bioensaios conduzidos em laboratório, onde foram oferecidos ramos de P. pinaster com
resíduos de benzoato de emamectina, foi observado alterações na longevidade dos adultos de M.
galloprovincialis, conforme Sousa, Naves & Vieira (2013). De acordo com esses autores, em árvores
que receberam baixas doses a longevidade dos adultos diminuiu em 26%; média dose, 44% e
altas doses, reduziu em 67%, quando comparados com as amostras controle, ou seja, ramos sem
resíduos do pesticida. Por fim, Sousa, Naves & Vieira (2013), concluíram favoravelmente ao uso
de injeções com benzoato, considerando como tática ambientalmente segura e que deverá ser
uma nova opção de controle em Portugal e no resto da Europa.
Outro defensivo que mostrou eficiência quando testado via injeção na prevenção de B.
xylophilus sobre o Pinus massoniana Lambert 1803 na China, foi a cialodiamida, do grupo
químico do ácido ftálico. Esse defensivo é muito eficiente sobre a broca-do-arroz Plutella
xylostella Linnaeus, 1758, e outros lepidópteros (Xing et al., 2013). Contudo, até o ano de 2017
era desconhecida sua ação
nematicida sobre o B.
xylophilus. Em virtude disso,
Zhang et al. (2017), conduziram
estudos no laboratório e campo
visando conhecer a ação de
cialodiamida sobre B.
xylophilus. Para tanto,
nematóides foram trazidos para
o laboratório e criados em meio
de cultura, tendo como substrato
alimentar o fungo Botrytis
cinérea, pois B. xylophilus
alimenta-se tanto dos tecidos do
pinheiro como dos fungos que
colonizam a planta.
Conforme Zhang et al. (2017),
para os estudos em campo com
cialodiamida, foi usado injeção
sem pressão, em garrafas.
Fonte: Pedro Naves.
Trata-se de uma pequena garrafa
que j á v e m c o m o c o m p o s t o Figura 24. Benzoato de emamectina sendo injetado em Pinus pinaster
f o r m u l a d o e m s e u i n t e r i o r. para proteger contra o ataque do nematóide Bursaphelenchus xylophilus.

44
A tampa da garrafa tem um bico na
forma de rosca soberba (Figura 25),
com extremidade lacrada. A parte
interna da tampa tem uma rosca para
adaptação da garrafa. Antes da
garrafa ser enroscada no interior do
tronco do pinheiro foi feito um orifício
com máquina de furar entre 6-8 cm
de profundidade. Após, a ponta do
bico da tampa foi cortada e, em
seguida, a garrafa enroscada no
orifício. Para permitir que o composto
no interior da garrafa fosse aspirado
pela corrente transpiratória da
árvore, o fundo da garrafa foi furado
com uma agulha para entrada de ar.
Por fim, o efeito da cialodiamida
Fonte: Huang et al., 2016; DOI 10.7717/peerj.2480
sobre os nematóides foi analisado,
através de regressão de toxicidade,
Figura 25. Tampa com rosca externa e interna para infusão em assim como sua ação preventiva via
árvores.
injeção.
Conforme Zhang et al. (2017), machos e fêmeas de B. xylophilus quando embebidos em solução
de cialodiamida (10-5 mg/L) por 5 horas e alimentados em meio de cultura sobre o fungo Botrytis
cinerea (Pers. ex Fries) mostrou que cialodiamida teve efeito significativo na reprodução de B.
xylophilus, pois no meio que continha o defensivo os fungos esporularam. Já nas placas controle
(sem cialodiamida) não houve esporulação em decorrência da alimentação dos nematóides sobre
os fungos. Em razão disso, esses autores concluíram que cialodiamida tem forte efeito inibitório na
população de B. xylophilus.
Nos bioensaios visando determinar o nível de toxicidade da injeção de cialodiamida sobre B.
xylophilus, Zhang et al. (2017), citam que a taxa de letalidade dos nematóides foi significativamente
diferente, em diferentes concentrações. Assim, cialodiamida a 4,5% quando diluída 500 vezes, a
análise de regressão de toxicidade revelou concentração semi-letal de 0,019 mg / L. De acordo com
esses autores, o resultado encontrado foi bem mais promissor que o efeito letal de muitos nematicidas
no mercado.
A distribuição de cialodiamida ao longo do tronco dos pinheiros e sua toxicidade sobre os
nematóides em diferentes alturas e partes internas também foram determinadas através de
cromatografia. Para tanto, pedaços dos troncos seccionados na forma de disco (espessura de 10
cm) nas alturas de 0, 2, 3, e 6 metros foram divididas em quadrantes conforme os pontos cardeais
(N,S,L,O). Após analise em cromatógrafo, os resultados encontrados mostraram uma grande
diferença de concentração em diferentes alturas e direções, indicando que cialodiamida tem boa
mobilidade sistêmica no tronco, podendo se translocar da parte inferior para a superior em pouco
tempo, principalmente nas alturas de 2, 4, e 6 m na região do alburno, acima do ponto de injeção.
Assim, as concentrações médias encontradas foram de 1,25; 4,35 e 0,31 mg/L todas
significativamente maiores que a taxa de letalidade encontrada para a cialodiamida CL 50 (0,019
mg/l). O conteúdo de cialodiamida encontrado a 4 metros de altura foi de 8.674 mg/L no lado
meridional dos pinheiros (Zhang et al., 2017).
Quanto à eficiência de cialodiamida no controle preventivo de B. xylophilus, os nematóides
foram inoculados nos pinheiros que já tinham recebido injeções de cialodiamida nas dosagens de
50 e 100 mL. Os intervalos das inoculações variaram entre 15 e 30 dias. Os resultados encontrados
por Zhang et al. (2017) mostram que, nos pinheiros tratados com 50 mL de cialodiamida e inoculados
nos intervalos de 15 e 30 dias, a eficiência variou entre 73 e 66%. Já para os tratados com 100
mL, nos mesmos intervalos de inoculação, a variação se deu entre 93 e 100%.
No Brasil, os plantios de pinus ocupam 1,6 milhão de hectares e concentram-se no Paraná
(42%), seguido por Santa Catarina (34%), Rio Grande do Sul (12%) e São Paulo (8%), em

45
decorrência das condições de solo e clima favoráveis ao desenvolvimento desse gênero nessas
regiões (Disponível em: https://iba.org/datafiles/publicacoes/relatorios/iba-relatorioanual2019.pdf).
Conforme López e Oliveira (2003), existem 8 espécies de Monochamus spp, quarentenárias
para o Brasil, transmissoras do nematóide B. xylophilus, com distribuição geográfica na Asia,
África, Europa e América do Norte. Assim, se admitido que o besouro transporta até 100.000
nematóides juvenis no corpo, que pulverizações tópicas sobre florestas de pinus não têm efeito
nematicida quando os nematóides colonizam os tecidos internos e, ainda, que a instalação de
armadilhas para captura dos besouros seguida de erradicação de plantas, tratam-se de
“estratégias trabalhosas, caras e com sucesso limitado”, é preocupante a introdução dessa
espécie de nematóide nas florestas de coníferas do Brasil, principalmente porque sequer
dispomos de formulações e seringas adequadas para o controle endoterápico.

46
CAPÍTULO 4

INJEÇÃO COM FOSFITOS PARA CONTROLE DE OOMICETOS EM ESPÉCIES


ARBÓREAS
Helane França Silva e Maria Gonçalves Santos

Uso de fosfitos na proteção de plantas


As doenças em plantas, especificamente em espécies arbóreas, podem ocorrer tanto em áreas
nativas quanto em plantios. Em ecossistemas naturais os fitopatógenos conduzem muitos processos
ecológicos e evolucionários. Os organismos causadores de doenças podem reduzir a diversidade
da comunidade, restringir a distribuição de plantas em várias escalas e reduzir a reprodução e
crescimento da planta. Por todas essas razões, o papel das doenças de plantas nos ecossistemas
naturais merece maior atenção nos esforços para a conservação de florestas nativas. Já em plantios,
as doenças podem ocasionar danos significativos na qualidade e quantidade dos produtos florestais
madeireiros e não-madeireiros, causando impactos econômicos e sociais.
As enfermidades em espécies arbóreas podem ser causadas, principalmente, por fungos, bactérias
e oomicetos, os quais, sob condições ambientais favoráveis e presença do hospedeiro suscetível,
podem causar danos severos às plantas. Dentre os patógenos do grupo dos oomicetos que mais
incidem em espécies florestais destacam-se as espécies do gênero Phytophthora. Este pertence ao
Filo Oomycota e, atualmente, compreende mais de 300 espécies e, muitas dessas, são apontadas
como os principais fitopatógenos de diversas culturas agrícolas e florestais, econômica e
ambientalmente importantes no Brasil e no mundo.
Várias espécies do gênero Phytophthora são cosmopolitas e polífagas, apresentando-se como
patógenos altamente destrutivos, podendo infectar todos ou somente alguns órgãos específicos das
plantas hospedeiras. Entre as diferentes doenças causadas por Phytophthora spp. pode-se citar:
damping off, podridões radiculares, do colo e de frutos, lesões foliares, murcha da parte aérea,
gomoses e cancro. Desse modo, é válido destacar a importância de se buscar métodos de controle
eficientes para integrar ao manejo de doenças causadas por oomicetos.
Algumas pesquisas indicam que os fosfitos têm um potencial considerável para proteger espécies
vegetais e reduzir o impacto de fitopatógenos. Produtos à base de fosfitos têm sido alvo de pesquisas
desde os anos 1930 e, após algumas décadas, eles foram investigados como potenciais produtos
para serem utilizados no manejo de doenças de plantas. Na década de 1980, os estudos com fosfitos
se consolidaram, com a obtenção de resultados positivos, por exemplo, no controle da podridão de
raiz do abacateiro, causada pelo patógeno Phytophthora cinnamomi (Darvas & Bezuidenhout, 1987).
Produtos à base de fosfito têm proporcionado bons resultados no controle de doenças, causadas
principalmente por oomicetos do gênero Phytophthora (Machinandiarena et al., 2012). A ação dos
fosfitos como protetores de plantas se dá a partir da indução de mecanismos de resistência das
plantas contra os patógenos ou age diretamente sobre os mesmos, como inibidor da produção de
esporos de fungos e oomicetos, impedindo assim, a disseminação do fitopatógeno no hospedeiro.
Diversos mecanismos foram postulados para explicar a ação inibitória do crescimento fúngico,
proporcionado pela aplicação dos fosfitos. Niere, Deangelis & Grant (1994) propuseram que a
toxicidade de fosfitos era devido a um nível elevado de polifosfato inorgânico, que é conhecido por
inibir reações de fosforilação essenciais no crescimento dos patógenos. Além disso, descobriu-se
que os fosfitos também alteram os nucleotídeos e o metabolismo da pentose fosfato em P. citrophthora.
Guest & Grant (1991) indicaram que os fosfitos são responsáveis pela ativação da resposta de
defesa da planta contra muitos patógenos fúngicos e oomicetos. Alguns desses mecanismos de
defesa são o reforço da parede celular induzida pelo estresse do ataque, a produção de fitoalexina,
produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e proteínas relacionadas a patogênese (PR-
Proteínas) (Figura 26).
O uso dos fosfitos como fungicida e bioestimulante, geralmente, é disponibilizado em um formulado
líquido, uma vez que favorece, ainda mais, a sua mobilidade no solo e no tecido vegetal. Ele é
facilmente absorvido e transmitido através do xilema e floema para todas as áreas das plantas,

47
Figura 26. Indução de mecanismos de defesa na célula vegetal, mediados por fosfito. O fosfito inibe a fosforilação,
compete por locais de ligação de fosfato e causa alteração do pool de nucleotídeos no patógeno, resultando em interrupção
do metabolismo e inibição do crescimento. O fosfito também induz a expressão de moléculas defensivas, como fitoalexinas
e proteínas relacionadas a patogênese (PR-Proteínas), para bloquear a ação direta do patógeno. Essas moléculas enviam
sinais de alarme sistêmico para as células vizinhas não infectadas e induzem mecanismos de resposta defensiva, incluindo
modificação da parede celular por meio de deposição de polissacarídeos (Figura adaptada de Archary et al., 2017).

atuando assim, de forma sistêmica. Os fosfitos apresentam baixa toxicidade, sendo considerados
não tóxicos aos seres humanos e animais e, ainda, podem ser degradados por microrganismos
seletivos no solo (Loera-Quezada et al., 2015). Por outro lado, há a possibilidade de produtos à
base de fosfitos serem tóxicos às plantas, principalmente quando associados à má formulação dos
produtos e reações adversas com outros materiais. Daí a importância de realizar o manejo correto,
principalmente em relação a dose de fosfito aplicada na planta.
Devido ao alto grau de mobilidade e solubilidade, os fosfitos são rapidamente absorvidos pela
planta com deslocamento pelas membranas, favorecendo uma diversidade de métodos de aplicação,
de acordo com a estrutura da espécie vegetal e o patógeno a ser controlado (Archary et al., 2017).
Produtos à base de fosfitos podem ser aplicados diretamente no solo, por meio da fertirrigação,
pulverização foliar e via injeção de tronco.
O tratamento endoterápico com fosfitos a partir da injeção no tronco, comparativamente a métodos
convencionais de aplicação, apresenta muitas vantagens, dentre elas: possibilita a aplicação naquelas
árvores que, pela sua altura, localização ou difícil acesso, dificultam a realização dos tratamentos
convencionais; proporciona uma maior persistência do produto no interior da árvore, ampliando o
período de eficácia dos tratamentos; reduz a poluição ambiental, não deixando resíduos em
quantidades que possam vir a contaminar águas subterrâneas, a exemplo de pulverizações foliares
e no solo. Desse modo, a aplicação da injeção com fosfitos no manejo de doenças, especialmente
as causadas por oomicetos, pode ser utilizada tanto em áreas rurais como urbanas.

Casos de sucesso da utilização de injeção com fosfitos em espécies arbóreas


O uso de injeções (endoterapia) com fosfitos para controlar doenças em espécies arbóreas,
especificamente causadas por oomicetos, vem sendo praticada em alguns países. No Brasil, há
alguns relatos de trabalhos desenvolvidos mostrando o efeito benéfico dos fosfitos no manejo de
fitodoenças. No entanto, não há informações de estudos sobre a utilização de fosfitos como tratamento
endoterápico, para controlar doenças causadas por oomicetos em espécies arbóreas. A maioria dos
estudos relatados na literatura foram realizados na Austrália, para controle de doenças causadas
por Phytophthora spp. em espécies florestais nativas do país, como as do gênero Eucalyptus.
Na Austrália, o fosfito é comumente aplicado em espécies nativas, a partir da injeção nos troncos
das árvores ou nos arbustos de maior porte, em comunidades de alto valor de conservação, que
contêm espécies raras e ameaçadas de extinção. Em um estudo realizado com o objetivo de avaliar
48
a duração da eficácia da injeção de fosfito de potássio no caule das espécies florestais Banksia
grandis e Eucalyptus marginata, inoculadas com o patógeno Phytophthora cinnamomi, foi verificado
que a injeção do fosfito foi eficaz no controle do patógeno por um período de quatro anos. Assim, a
aplicação só precisaria ser repetida após esse tempo, o que torna a injeção de fosfito uma opção
prática para o controle de P. cinnamomi (Shearer & Fairman, 2007).
Na Colômbia, Ramirez-Gil, Castaneda-Sanchez & Morales-Osorio (2017) estudaram alguns
tratamentos no controle de P. cinnamomi, causador da podridão de raízes em árvores de abacate.
Dentre eles, foi avaliado a aplicação da injeção de fosfito de potássio no caule das plantas. Os
pesquisadores verificaram que o produto reduziu a severidade da doença durante os três meses
iniciais de avaliação. Entretanto, seis meses após a aplicação do fosfito observou-se aumento da
severidade da doença, indicando que o controle de P. cinnamomi era limitado à duração do efeito do
produto. Desse modo, constatou-se o efeito positivo do fosfito na redução da doença, porém, foi
recomendado a reaplicação do produto em intervalos inferiores a 180 dias.
O movimento e a persistência do efeito do fosfito dependem, principalmente, da espécie de planta
tratada e da taxa de aplicação do produto. Yu et al. (2015) realizaram um estudo sobre a dinâmica e
a distribuição de fosfito de potássio injetado no tronco de coqueiro (Cocos nucifera), em diferentes
doses (30, 60 e 90 mL por árvore). Após a aplicação do produto, várias amostras de tecido foliar
foram coletadas periodicamente, durante 60 semanas, para análise quanto às concentrações de
fosfito. Os autores verificaram que a injeção no tronco, em todas as doses, foi considerada um
procedimento eficaz para o movimento e a persistência do fosfito no tecido foliar de C. nucifera,
tanto em folhas novas quanto em folhas velhas, sendo assim, um método indicado para a prevenção
e controle de doenças em palmeiras, como as causadas por espécies do gênero Phytophthora.
Ao injetar em uma árvore, o objetivo é aplicar o máximo de fosfito possível, sem causar
fitotoxicidade. Geralmente, as taxas variam entre 50 e 200 g L–1 de fosfito, dependendo da
sensibilidade da espécie à fitotoxicidade (Hardy, Barrett & Shearer, 2001). O tratamento com injeção
de fosfito foi eficiente no controle de Phytophthora multivora em Eucalyptus gomphocephala, com
melhores resultados quando aplicado na concentração de 150 g L–1 de fosfito. Na Nova Zelândia,
Horner, Hough & Horner (2015) injetaram fosfito com taxas de concentrações de 7,5% e 20% em
árvores de Agathis australis infectadas por Phytophthora agathidicida. Os autores constataram a
eficiência do fosfito no controle do patógeno, nas duas concentrações aplicadas. No entanto, na
concentração de 20% foram observados, em algumas árvores, sintomas de fitotoxicidade como
amarelecimento da folha e escurecimento ou abscisão da folha/galho.
Nesse sentido, deve-se ter cuidado em relação a dose de fosfito aplicada na planta, uma vez que
esse produto, em doses muito elevadas, pode causar fitotoxicidade. Em alguns estudos realizados
foram constatados que a sensibilidade ao fosfito variou consideravelmente em nível de família.
Algumas espécies avaliadas, pertencentes às famílias Myrtaceae, Proteaceae, Epacridaceae e
Papillionaceae foram sensíveis ao fosfito, quando aplicado em doses elevadas. Os principais sintomas
de fitotoxicidade observados foram necrose foliar, desfolhamento, anormalidades de crescimento e
clorose. Desse modo, faz-se necessário verificar a dose de fosfito recomendada para a espécie
florestal a ser tratada. Se essa sensibilidade ao fosfito é desconhecida, recomenda-se testar antes
de estabelecer uma taxa de aplicação (Hardy, Barrett & Shearer, 2001).
Os compostos de fosfito são normalmente aplicados nas plantas usando sprays foliares ou irrigação
do solo. Entretanto, para melhorar a eficácia e reduzir a quantidade de produto químico aplicado,
bem como os potenciais impactos ambientais, a injeção no tronco está cada vez mais sendo utilizada
para aplicação em espécies arbóreas. Em casa de vegetação, mudas da espécie florestal Agathis
australis foram tratadas com fosfito, aplicado de três formas: no substrato, aspersão nas folhas e
injeção no caule. Foi observado que, dos métodos de aplicação testados, o fosfito injetado no caule
das mudas apresentou maior eficácia contra o patógeno P. agathidicida, reduzindo o progresso da
doença e proporcionando maior taxa de sobrevivência das mudas (Horner & Hough, 2013).
Shearer et al. (2007) avaliaram a eficácia do fosfito em espécies florestais nativas do sudoeste
australiano, suscetíveis a P. cinnamomi, seguindo diferentes métodos de aplicação. Nesse estudo,
foi observado que a injeção de fosfito reduziu o desenvolvimento do patógeno em 82% das plantas
tratadas. Em contraste, a pulverização com fosfito proporcionou uma redução em apenas 41% das
plantas. Assim, a aplicação da injeção de fosfito mostrou-se mais eficaz em retardar o progresso de
P. cinnamomi em comunidades de plantas nativas infestadas e ameaçadas.

49
Alguns pesquisadores indicam que a melhor época para injetar uma árvore é durante a primavera
e verão, pela manhã, quando a árvore está transpirando ativamente. Na Austrália, Akinsanmi &
Drenth (2013) avaliaram a aplicação da injeção de fosfito no tronco de árvores de macadâmia
(Macadamia integrifolia e M. tetraphylla), infectadas pelo patógeno P. cinnamomi, o qual causa severos
danos, como cancro no caule, podendo levar até a morte dessas espécies arbóreas. Nesse estudo,
foi constatado que aplicações semestrais de fosfito durante o outono e a primavera foram eficazes
no controle do fitopatógeno, reduzindo o progresso da doença e evitando a morte das árvores tratadas.
Na Itália, árvores de castanheira (Castanea sativa) tratadas, anualmente, de forma preventiva e
curativa, com injeção de fosfito de potássio, para controle de duas espécies de Phytophthora (P.
cambivora e P. cinnamomi), foram avaliadas aos quatro anos de idade. Foi observado que a maioria
das plantas que não foram tratadas morreram e, as que sobreviveram, tiveram um aumento progressivo
das lesões causadas pelos fitopatógenos. Por outro lado, o tratamento endoterápico preveniu totalmente
a infecção, mas a eficácia do tratamento curativo dependeu do nível de gravidade da doença, agindo
curativamente só em árvores menos infectadas (Gentile, Valentino & Tamietti (2009).
Outro experimento também foi realizado, com a finalidade de determinar o desempenho do
tratamento endoterápico com fosfito de potássio, de forma preventiva e curativa, no controle de P.
cinnamomi em castanheira. Foi verificado que, o tratamento preventivo com injeção no tronco, cessou
completamente o desenvolvimento da doença na maioria das árvores, mostrando ser uma medida
eficaz para o manejo da doença da tinta do castanheiro. Os resultados mostraram ainda, que o
fosfito via injeção tem ação preventiva e curativa nos estágios iniciais da doença (Dal Maso, Cocking
& Montecchio, 2017). Assim, diferentes modos de aplicação de fosfito devem ser comparados a fim
de determinar os efeitos do método na absorção, redistribuição e persistência dentro da planta e
duração da eficácia dos fosfitos contra fitodoenças, especialmente as causadas por oomicetos.

Considerações sobre o uso da injeção com fosfitos na proteção de espécies arbóreas


O uso de fosfito é, definitivamente, uma ferramenta eficaz para reduzir o impacto e a propagação de
doenças, especialmente aquelas causadas por oomicetos, seja em comunidades de plantas nativas
ou em florestas plantadas. Dentre as formas de aplicação do fosfito, a injeção pode ser considerada a
mais sustentável, uma vez que proporciona uma maior persistência do produto no interior da árvore,
ampliando o período de eficácia dos tratamentos, bem como reduz os potenciais impactos ambientais,
quando comparada a métodos convencionais como pulverizações foliares e no solo.
No entanto, apesar de vários estudos relatados na literatura indicarem a eficácia dos fosfitos no
manejo de doenças causadas por oomicetos em espécies arbóreas, percebe-se uma carência de
pesquisas no Brasil. Um dos questionamentos é em relação ao baixo desenvolvimento de produtos
à base de fosfito, com a finalidade de fungicida. Uma das possíveis respostas para essa questão é
que o registro como fungicida é mais burocrático em relação ao registro como fertilizante, explicando
dessa forma, a quantidade de produtos e formulações à base de fosfitos para este fim.
Outro ponto a ser destacado é, ainda, a carência de informações em relação ao modo de ação
dos fosfitos. Nos últimos anos, alguns trabalhos foram desenvolvidos no intuito de elucidar as ações
dos fosfitos na planta, principalmente quanto ao estímulo de seus mecanismos naturais contra a
invasão de patógenos. Todavia, os processos relacionados ao efeito protetor dos fosfitos ainda
permanecem obscuros, assim como a complexidade da ativação de mecanismos de defesa e a
abundância de vias envolvidas na ação desses produtos na planta.
Nesse sentido, é válido destacar a importância de considerar todos os fatores envolvidos na
utilização da injeção de fosfito, para se alcançar os melhores resultados possíveis. Alguns podem
ser elencados como: determinar o modo de ação do fosfito na planta; testar a eficácia e persistência
do fosfito em uma gama mais ampla de plantas, objetivando determinar as taxas e intervalos de
aplicação do produto, para evitar riscos de fitotoxicidade; determinar os efeitos das condições
ambientais, como temperatura e umidade, na eficácia do fosfito na planta; e, verificar se a aplicação
contínua de fosfito poderá selecionar isolados de microrganismos fúngicos e oomicetos tolerantes
ao produto.
Desse modo, uma maior compreensão sobre os mecanismos de ação dos fosfitos nas plantas
pode fornecer suporte para consolidar o uso da técnica de endoterapia com fosfitos e para a busca
de melhores estratégias de prescrição e aplicação do produto, aumentando, assim, a sua eficácia
no manejo de doenças em espécies arbóreas, especialmente as causadas por oomicetos.

50
CAPÍTULO 5

INJEÇÃO PARA CONTROLE DE PRAGAS EM DICOTILEDÔNEAS

José Inácio L. Moura e Rosane R. da C. Pereira

A. Abacateiro (Persea americana Mill.)


Alvo biológico: Scirtothrips perseae ( Thysanoptera: Thripidae)
Produtos injetados: Acefato, imidacloprido e dinofeturano

Conforme Byrne et al. (2014), o trips Scirtothrips perseae Nakahara (Thysanoptera: Thripidae) é
uma importante praga dos frutos imaturos dos abacateiros na Califórnia, EUA. Injeções com inseticidas
sistêmicos mostram-se como tática mais adequada no controle desses insetos em virtude de os
abacateiros estarem plantados em encostas íngremes. Pulverizações aéreas poderiam contornar
essa dificuldade com o relevo, mas, conforme Yee, Phillips & Faber (2001), pulverizações aéreas
são caras e não fornecem cobertura completa das árvores infestadas, a menos que grandes volumes
sejam aplicados. Outro aspecto a ser considerado, diz respeito ao comportamento alimentar de S
perseae. Esses insetos, antes de alimentarem sobre os frutos, se alimentam das brotações vegetativas
durante o início da primavera. À medida que as folhas vão ficando mais velhas e de cor verde
intenso, se tornam impalatáveis forçando-os a migrar para os frutos imaturos. Em razão dessa
dualidade alimentar, é estratégico buscar por uma tática de controle que veicule o defensivo com
rápida mobilidade sistêmica e tenha longa exposição residual. Assim, de acordo com Byrne et al.
(2014), injeção no tronco é a tática mais exequível e, certamente, mais inócua aos organismos que
interagem com o agroecossistema do abacateiro.
No entanto, tão importante quanto a forma de veicular, o momento da aplicação conjugado à
característica do defensivo são aspectos relevantes no gerenciamento do trips do abacateiro na
Califórnia, notadamente na estação da primavera. Em virtude disso, Byrne et al. (2014) estudaram a
eficácia de injeções com imidacloprido, dinotefurano e acefato no controle do trips em três momentos,
na primavera. Para tanto, injeções foram conduzidas após a floração, ou seja, quando os brotos
vegetativos em sua maioria não excediam a 2,5 cm. A segunda etapa ocorreu quatro semanas após.
Nesse momento a maioria das folhas encontravam-se bem expandidas e a frutificação em seus
primórdios. Por fim, a terceira etapa das injeções deu-se duas semanas depois. Embora as folhas
continuassem palatáveis aos trips, havia maior possibilidade de que abandonassem as folhas e se
dirigissem para os frutos imaturos. Para melhor compreensão, os autores definiram esses três
momentos da primavera em início, meio e fim.
Para determinar a eficácia dos defensivos em associação com o melhor momento no fluxo da
primavera, injeções com neonicotinóides e organofosforado foram testadas, nas seguintes
concentrações: imidacloprido - 0,6 e 1,8 g do ingrediente ativo (i.a.); dinotefuram - 0,6 e 1,8 g do i.a.
e acefato - 5,4 g do i.a. De acordo com Byrne et al. (2014), a concentração alta do acefato foi
proposital, pois além de ser altamente tóxico, ele metaboliza metamidofós que é ainda mais tóxico.
Desse modo, determinar o resíduo desses dois inseticidas nos frutos dos abacateiros nessa
concentração, dá uma visão mais crítica na tomada de decisão, notadamente quando houver surtos
repentinos do trips, pois, uma vez que o acefato tem alta solubilidade em água (790 g/l) e baixo
coeficiente de adsorção de carbono (0.48), sua mobilidade sistêmica é rápida na planta. Portanto,
sua inclusão nesse estudo foi estratégica, conforme relatam seus autores.
Os inseticidas foram injetados no tronco dos abacateiros com auxílio de uma seringa (Figura
27A) Quick-jet® (micro-injection system; ArborJet Inc, MA USA). Os abacateiros tinham em média 16
cm de diâmetro e os furos nos troncos foram feitos a uma altura de 15 cm do solo. Os furos tiveram
profundidade de 25 mm e diâmetro de 9 mm. Dentro dos furos foi introduzida uma bucha (Figura 27 A),
de formato cilíndrico, de igual diâmetro, comprimento de 15 mm e com a parte distal afinada e abertas
lateralmente. Em seguida, o defensivo foi introduzido dentro da bucha com auxílio de uma seringa
acoplada a um bujão (Figura 27 B) onde continha o defensivo sob pressão. Uma vez dentro do plug,

51
A B

Figura 27. Seringa Quick-jet® micro-injection system (A); bucha (B) (arborplug), para impedir o refluxo dos defensivos
e proteger as partes internas do tronco dos abacateiros

o defensivo foi infundido nas interfaces do alburno para posteriormente ascender para a copa da
planta, impulsionado pela transpiração. Como já citado em outros capítulos, a bucha evita o refluxo do
defensivo e protege contra a entrada de água e microrganismos para o interior do tronco.
Posteriormente, frutos e folhas de abacateiro foram trazidos para o laboratório para análise residual.
Os limites estabelecidos em cromatografia gasosa e líquida para o acefato e metamidofós foram de
0,01 e 0,02 ppm e, para o imidacloprido e dinotefurano, 0,05 ppm. Nos bioensaios, a quantificação
química presente nas folhas dos abacateiros, revelaram CL50 de 73 ng/cm2 para o imidacloprido e
545 ng/cm2 para o dinotefurano.
Os resultados encontrados por Byrne et al. (2014), revelaram que nas três primeiras semanas,
nos três momentos da primavera (início, meio e fim), a mortalidade dos trips em decorrência as
injeções com acefato foi acima de 80%. Os resíduos de acefato e seu metabólito primário, o
metamidofós, foram detectados nos frutos, duas semanas após as injeções. Os níveis máximos
detectados foram de 0,016 mg/kg e estavam consistentes nos três momentos da primavera. De
acordo com Byrne et al. (2014), o valor residual do acefato e seu metabólito estavam bem abaixo do
valor estabelecido para outras comodities. Não houve resíduo de acefato nos frutos 4 semanas
após as injeções. Os resíduos do imidacloprido nos frutos não foram detectados nas 12 semanas
durante todo o experimento. Injeção de imidacloprido na concentração de 1,8 g do i.a. não foi eficiente
sobre os trips no primeiro momento da primavera. No entanto, 4 semanas após, no meio da primavera,
o imidacloprido mostrou eficácia na mortalidade dos trips. Já resíduos do dinotefurano foi observado
apenas em uma árvore. Injeções de dinotefurano na concentração de 1,8 g do i.a. não causaram
mortalidade aos trips, nos três momentos da primavera.
Os estudos de Byrne et al. (2014), mostraram que injeções com acefato e imidacloprido são
fortes candidatos no controle do trips S. perseae, em abacateiros da Califórnia. O acefato se moveu
rapidamente dentro das plantas após a injeção, e poderia ser usado em resposta a um surto repentino
de trips a qualquer momento, durante o fluxo da primavera. O imidacloprido foi mais eficaz quando
injetado durante o período intermediário, o que permitiu que os níveis residuais se estabelecessem
dentro das árvores em um período no qual os trips estão ativamente se alimentando do tecido foliar
jovem. A subida de dinotefurano para a copa das árvores também foi muito rápida após a injeção no
tronco. No entanto, seu uso foi comprometido pela incapacidade do produto em atingir concentrações
efetivas para o controle de trips.
Certamente, a veiculação de defensivos sistêmicos via solo poderia ser uma alternativa as
pulverizações aéreas. No entanto, além de insustentável ecologicamente, estudos mostraram que
inseticidas neonicotinóides, quando injetados no tronco, apresentavam dez vezes mais resíduos
totais nos tecidos foliares, quando comparado à veiculação via solo (Byrne et al., 2012). Ademais,
nos solos ricos em matéria orgânica, como são os do sul da Califórnia, o processo de sorção, com
subsequente dessorção, compromete a eficácia do imidacloprido (Byrne et al., 2010; Cox, Koskinen
& Yen, 1997; Liu et al., 2006; Rouchaud, Gustin & Wauters, 1996)
Diversos são os artrópodes que causam injúrias ao abacateiro no Brasil, entre os quais, destaque
para Stenoma catenifer Walsingham, 1912 (Lepidoptera: Elachistidae) que pode causar sérias perdas
econômicas por se alimentar do mesocarpo do fruto. Tratando-se de plantios com mais de dez anos,
a altura e arquitetura dificulta uma boa cobertura dos frutos com pesticidas, especialmente os que

52
se encontram na parte mais superior. Assim, a busca por um pesticida que possa ser injetado no
tronco do abacateiro, com taxas suficientemente letais para as larvas de S. catenifer e com inocuidade
alimentar, poderia ser uma alternativa.

B. Cajueiro (Anacardium occidentale L.)


Alvo biológico: Mosca-branca (Aleurodicus cocois (Hemiptera: Aleyrodidae).
Produto injetado: Acefato

No Brasil, provavelmente o único relato com injeções em dicotiledôneas se encontre nos estudos
de Ribeiro (2010), que usou injeção por infusão com acefato para controlar Hypsipyla grandella
(Zeller) (Lepidoptera: Pyralidae) em cedro (Cedrela fissilis Vell). Segundo o autor, a injeção com
esse inseticida foi capaz de controlar H. grandella por 120 dias no campo com eficiência média de
80%. O acefato é um organofosforado sistêmico com ação inseticida e acaricida. Tem alta solubilidade
em água (790 g/litro) e baixo coeficiente de adsorção de carbono Koc (0,48) (Doccola & Wild, 2012).
Tais características são imperativas na rápida mobilidade sistêmica e, em razão a esse fato, o seu
uso na forma de injeção é comercializado nos EUA (Doccola & Wild, 2012).
No ano de 2014 uma forte estiagem ocorreu nos municípios baianos de Ilhéus, Una e Canavieiras.
Nos anos subsequentes, logo após esse fenômeno, foi observado inúmeros cajueiros
intensamente injuriados pela mosca-branca Aleurodicus cocois (Curtis, 1846) (Hemiptera:
Aleyrodidae). Os aleirodídeos debilitam as plantas pela sucção contínua da seiva e nutrientes
causando enfraquecimento, afetando o seu desenvolvimento e, a depender da densidade
populacional da mosca-branca, o cajueiro perece. Assim como as outras espécies de Aleurodicus,
as fêmeas colocam seus ovos em espiral, na face inferior das folhas, cobrindo toda a folha
atacada com uma cera branca pulverulenta (Figura 28). Tanto os adultos como as ninfas sugam
a seiva das folhas e, assim, suas excretas açucaradas (honeydew) promovem a proliferação da
fumagina (Capnodium spp.), fungo que se desenvolve na face superior das folhas, capaz de
inibir a fotossíntese, respiração e, consequentemente, a produtividade da cultura (Byrne &
Bellows, 1991; Boughton et al., 2015).
Em razão da escassez de estudos sobre endoterapia em dicotiledôneas no Brasil, esse estudo
teve por objetivo determinar a eficiência de injeções em cajueiros (Anacardium occidentale L.) no
controle da mosca-branca Aleurodicus cocois (Curtis, 1846) (Hemiptera: Aleyrodidae).

A B

Fonte: José Inácio Lacerda Moura

Figura 28. Copa de cajueiro com as folhas totalmente infestadas pela mosca branca (A). Lado inferior da folha da
folha com ninfas e adultos de Aleurodicus cocois (B).

53
No sul da Bahia não existem plantios comerciais de cajueiros, a exemplo de alguns outros estados
do nordeste brasileiro. Os cajueiros são do tipo comum e vegetam espontaneamente em matas de
restinga, são plantados em quintais residenciais ou em pequenos sítios. De maneira geral são
cajueiros muito antigos e altos, com mais de 5 metros de altura e ampla copa. No entanto, têm
importância econômica-social, por complementar a renda familiar. No período da frutificação são
vendidos nas feiras livres e nas beiras de rodovias.
Devido à inexistência de plantios comerciais de cajueiros para execução de ensaios experimentais
com injeções de produtos fitossanitários, as plantas usadas neste estudo dependiam do
avistamento, no tempo/espaço, de árvores atacadas na beira de rodovias, vegetando
espontaneamente, ou quando comunicado da existência de cajueiros atacados pelas moscas-
brancas em locais entre os municípios baianos de Ilhéus, Una e Canavieiras. No entanto, só
foram considerados árvores acima de 5 metros de altura, bem enfolhadas e que aparentavam
elevada densidade populacional de moscas-brancas. As injeções e as avaliações ocorreram entre
02/2017 e 02/2020. Não foram incluídos cajueiros em frutificação.
Utilizou-se neste estudo 17 cajueiros com um tronco ou mais. Porém, naqueles com mais de um
tronco as injeções foram inseridas em apenas um. Os cajueiros com mais de um tronco serviram
como fonte de infestação, ou seja, como as copas entrelaçavam-se permitiu estimar por quanto
tempo as folhas dos troncos tratados ficaram protegidas do ataque das moscas-brancas provindas
de troncos não tratados.
Foram coletadas 12 folhas maduras/ cajueiro tratado com inseticida, na parte mediana da copa.
Para evitar que os aleirodídeos alçassem voo, as folhas de cada planta foram rapidamente envolvidas
por sacolas plásticas e levadas ao Laboratório da Estação Lemos Maia da Ceplac em Una, Bahia,
Brasil para contagem das moscas-brancas (Aleurodicus cocois) adultas. Este procedimento foi
realizado no dia da aplicação das injeções (época zero - testemunha) e 1, 6, 9 e 16 meses após.
As primeiras tentativas com injeções nos cajueiros foram com o imidacloprido. Mas, devido à alta
viscosidade da formulação em concentrado emulsionável não foi possível a passagem pelo bico da
seringa, mesmo após várias diluições em água. Em razão disso, optou-se pelo acefato.
Para o cálculo do diâmetro (D), o comprimento da circunferência (C) foi dividido por 3,14 (D= C/π).
Cajueiros que apresentavam um único tronco, o comprimento da circunferência foi medido a alguns
centímetros acima do solo, nunca mais que 20 cm. Já árvores que tinham mais de um tronco, optou-
se pelo tronco com maior diâmetro. A distância entre cada ponto de injeção ao redor do tronco foi de
10 cm. Para obtenção do número de pontos necessários dividiu-se o comprimento da circunferência
por 10. Uma vez obtido o comprimento da circunferência e o diâmetro, estimou-se o número de
seringas necessárias e as quantidades do inseticida a ser diluído em água deionizada. Foram testadas
duas doses de acefato (5,4 g e 0,25 g do i.a./cm/diâmetro). As concentrações de acefato utilizadas
no presente estudo, foram
baseadas nos estudos de Byrne et
al. (2014) e Gous & Richardson
(2008) com injeções. A quantidade
de água foi calculada acordo
com o número de seringas.
A seringa injetora usada nesse
estudo foi a ChemJet® (Figura 29)
de fabricação australiana, com
capacidade de 20 ml, que tem em
sua extremidade um bico em
forma de rosca. Para adaptação
das seringas no tronco dos
cajueiros, foram feitos orifícios de
4,4 mm de diâmetro e 2,5 cm de
profundidade com furadeira
movida a bateria. Uma vez
aspirada a quantidade desejada Fonte: José Inácio Lacerda Moura
do inseticida para o interior da
seringa, o embolo é puxado e Figura 29. Seringas ChemJet® utilizadas para injetar acefato em cajueiros.

54
girado no sentido anti-horário, até travar. Em seguida, a seringa é enroscada no orifício e, uma vez
ajustada, é destravada para que o produto fitossanitário possa ser infundido via pressão, ou seja, a
mola empurra o embolo vagarosamente.
O experimento foi montado em esquema fatorial 2x2x4+1 (dois tipos de tronco, duas doses de
inseticida quatro épocas de avaliação e uma testemunha com plantas avaliadas antes da aplicação
do inseticida. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado com parcelas
subsubdivididas, arbitrando-se o fator tipo de tronco na parcela, doses na subparcela e épocas na
subsubparcela. Os dados foram transformados para √ (x + 0,5).
Por meio da análise de variância dos dados de número de A. cocois, observou-se efeito significativo
para os fatores tipo de tronco e épocas de avaliação, isoladamente, assim como a interação entre
esses dois fatores. Também se verificou efeito significativo para o fatorial versus tratamento adicional.
Não foram observados efeitos significativos para as demais fontes de variação. Foi realizado o
desdobramento de épocas dentro de tipos de tronco e vice versa.
Não houve variação significativa do número de A. cocois adultos ao longo dos meses após a
aplicação do inseticida nas plantas com tipo de tronco único. Por outro lado, nas plantas com mais
de um tronco, observou-se um aumento significativo do número de aleirodídeos ao longo das
diferentes épocas de avaliação, em especial após 9 meses da aplicação das injeções (Figura 30).
Esse resultado demonstra que, para se obter êxito no controle de Aleurodicus cocois em cajueiro
com acefato via injeção, é necessário aplicação em todos os troncos da planta. Provavelmente o
tronco da planta que não recebeu tratamento serviu como fonte de infestação.
Com relação à testemunha, verificou-se significativamente maior número de A. cocois quando
comparado aos tratamentos do fatorial, em média, indicando a eficiência do tratamento com acefato
por meio de injeções.
Os resultados do presente estudo permitem afirmar que as duas concentrações protegeram os
cajueiros contra o ataque das moscas-brancas por até 6 meses.
Folhas examinadas sob lupa um mês após as injeções, mostraram grande número de ninfas
mortas ainda presas às folhas. Em algumas, foi observado larvas de crisopídeos (Neuroptera:
Chrysopidae). alimentando-se de ninfas mortas. Ao fim de 6 meses o verde intenso das folhas
oriundas dos cajueiros tratados com injeções de acefato, contrastava com a cor escura-cinza das
folhas injuriadas pelas moscas-brancas proveniente de cajueiros não tratados (Figura 31).

Figura 30. Resultados médios do número de A. cocois adultos em cajueiros com tipo de tronco único (T1) e mais de
um tronco (T2), tratados com injeções de acefato e avaliados em diferentes épocas após a aplicação das injeções.
Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de F, em cada época de avaliação,
ao nível de 1% de probabilidade. Barras nos topos das colunas indicam o erro padrão da média.

55
Fonte: J.I.L.Moura

Figura 31. Folhas verdes com resíduo de acefato contrastando com folhas atacadas pela mosca-branca do
cajueiro (tronco mais baixo, da esquerda para direita).

O acefato é tóxico e no meio ambiente degrada-se em metamidofós. No entanto, quando veiculado


via injeção no tronco tem como vantagem rápida mobilidade sistêmica, baixo Koc e poder residual
curto na planta (Doccola et al., 2012). Contudo, a injeção com acefato ou qualquer outro pesticida
visando o controle da mosca-branca no cajueiro não é viável economicamente para grandes áreas.
Admite-se que para a pequena agricultura familiar seria exequível dada a sua simplicidade e,
naturalmente, pelos ganhos ecológicos e econômicos. Ecológicos por não contaminarem o ambiente
como um todo, pois não há deriva. Econômicos, por não exigir equipamentos sofisticados, a exemplo
de pulverizadores motorizados. Por sua vez, não há pesticidas formulados para fins fitofarmacêuticos
e tampouco seringas para veicular os produtos. Deste modo, seria preciso criar mecanismos para
comercialização no Brasil e/ou concitar inovações tecnológicas na área da endoterapia, pois
certamente traria grande contribuição econômica-social e ecológica, pois trata-se de uma abordagem
química sustentável.
A importância do cultivo do cajueiro em alguns estados do nordeste brasileiro, não se restringe à
produção da castanha, pseudofrutos e derivados, mas está também na criação de abelhas e produção
do mel, principalmente de Apis mellifera L. que está intimamente associada à época de floração da
cultura, essencialmente na apicultura migratória (Silva, Carneiro e Castro, 2008). No entanto, quando
injurias causadas por insetos causam danos econômicos, pulverizações com produtos fitossanitários
podem ser necessárias e, entre os pesticidas autorizados pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) para cajueiros, está o deltametrina (Agrofit, 2021). Por sua vez, esse
ingrediente ativo é altamente tóxico às abelhas (Bovi, 2013) e, de igual modo o acefato, pois conforme
esse autor, os testes de contato e ingestão (DL50) foram de 0,0037 ìg /abelha e 0,0146 ìg/abelha.
Porém, as abelhas são mais vulneráveis a tais concentrações quando são realizadas pulverizações
convencionais. Assim, seria pertinente e complementar determinar se tais concentrações estão
presentes no néctar e pólen do cajueiro caso o acefato venha a ser usado via injeção.
No tocante às larvas de crisopídeos alimentando-se de ninfas mortas da mosca-branca em
cajueiros tratados com injeção de acefato, especialmente ressalta a seletividade da tática de injeção.
Quanto ao acefato, embora não tenha registro no MAPA para uso em cajueiros, pode ser mais
eficiente no controle da mosca-branca do que as pulverizações com óleos vegetais. Os últimos,
conhecidos e devidamente registrados, são eficazes apenas contra ninfas, enquanto que o acefato
mostrou eficácia no controle de adultos desses aleirodídeos. No contexto trófico, no caso especifico
do sul da Bahia, a morte de cajueiros por ataque da mosca-branca não deve ser vista apenas como
perda econômico-social, mas também de biodiversidade. Assim, Injeções com acefato em cajueiros
são eficientes no controle da mosca-branca A. cocois, sendo necessária a aplicação das injeções
em todos os troncos da planta para um controle efetivo da praga como mostra a Figura 32.

56
Figura 32. Injeções em cajueiro com dois troncos

Por fim, cajueiros do nordeste brasileiro são injuriados não somente pela mosca-branca, mas
também por outras espécies de artrópodes. Tome-se como exemplo, o tripes Selenothrips rubrocinctus
(Giard) vulgarmente conhecido como “tripes-da-cinta-vermelha” que causa severos danos aos
cajueiros em alguns estados do nordeste brasileiro, principalmente em períodos de longa estiagem,
onde já foram relatados mais de 3000 hectares de cajueiros seriamente injuriados por S. rubrocinctus.
Por se alimentarem da parte inferior das folhas, certamente seriam necessários grandes volumes de
inseticida para seu controle. Por sua vez, conforme parecer técnico, pulverizações com inseticidas
seriam inviáveis economicamente e comprometeriam a apicultura. Em virtude disso, pesquisas
experimentais com o tripes do cajueiro poderiam ser avaliadas a exemplo do presente estudo com
mosca branca. Embora as injeções com imidacloprido tenham se mostrado mais promissoras nos
estudos de Byrne et al. (2014) com o trips do abacateiro, o Brasil não dispõe de formulações solúveis
de imidacloprido adaptadas para injeção, tais como as que foram utilizadas por estes autores. Desse
modo, para as condições brasileiras, o acefato via injeção é o mais indicado tanto pelas qualidades
intrínsecas à sua mobilidade sistêmica, como pelo baixo custo e facilidade de aquisição. Quanto às
seringas apropriadas para injeção, de menor custo e fácil manuseio como as da Figura 6, os produtores
podem obtê-las importando através de suas associações. Há que se lembrar, entretanto, que existem
variados modelos de seringa com variados custos e benefícios. Por fim, a análise por cromatografia,
na busca pela dose letal média (DL50) e dos resíduos presentes nos frutos, pólen e néctar a exemplo
dos estudos com macieiras (Wise et al., 2014), consubstanciariam a pesquisa experimental.

C. Eritrina (Erythrina sandwicensis )


Alvo biológico: Quadrastichus erythrinae Kim (Hymenoptera: Eulophidae).
Produtos injetados: imidacloprido, abamectina e dinotefurano.

Nos últimos anos uma séria praga invasora vem ameaçando a sobrevivência das eritrinas no
Havaí. Trata-se da vespa Quadrastichus erythrinae Kim (Hymenoptera: Eulophidae), Figura 33.
Acredita-se que seu local de origem seja a África e tenha se disseminado por várias regiões da Ásia
e Australásia. No Havaí, Q. erythrinae foi descoberta em 2005 e espalhou-se rapidamente pelas
várias ilhas que compõem esse arquipélago. A exemplo de outras vespas eulofídeas, as larvas ao
se alimentarem do interior do tecido vegetal induzem a formação de galhas. Árvores de eritrina
quando apresentam folhas e caules com grande infestação perdem o vigor vegetativo e morrem.

57
Fonte: https://alchetron.com/Quadrastichus-erythrinae

Figura 33. Galhas em folhas jovens de eritrina em virtude do ataque da vespa Quadrastichus erythrinae Kim
(Hymenoptera: Eulophidae).

Estudos conduzidos pelo Departamento de Agricultura do Havaí visando conhecer o ciclo biológico
de Q. erythrinae, revelaram ciclo de vida de 20 dias (ovo-larva-pupa-adulto). Os estudos revelaram
que a oviposição ocorre com mais frequência nas folhas terminais jovens e caules e não em folhas
maduras. A proporção sexual é de sete machos para uma fêmea (Xu et al., 2009).
Em virtude de Q. erythrinae viver o estádio de larva protegida no interior da galha, é extremamente
difícil o controle dessa vespa através de pulverizações. Alternativas ambientalmente limpas como é
o caso do controle biológico clássico, envolveria a prospecção no local de origem de Q. erythrinae
na busca por inimigos naturais que por ventura tenham uma história evolutiva com a vespa. Uma
vez conhecido, desenvolver-se-ia uma metodologia de produção massal em laboratório, seguido de
posterior soltura. No entanto, essa ação demanda tempo e incerteza se o agente biológico supressor
vai adaptar-se ou não ao novo habitat, fundamental para sua efetiva ação de controle. Por sua vez,
o controle via pulverizações convencionais com ação tópica é duvidoso pelo fato de a larva ficar
protegida pelo tecido vegetal que a envolve. Desse modo, o uso de inseticida sistêmico via solo e/ou
injeção no tronco são táticas mais promissoras e menos impactantes ao ambiente, pois uma vez
circulando pelo sistema vascular, não haveria perdas por deriva e fatores climáticos determinantes,
a exemplo das pulverizações convencionais (Xu et al., 2009).
Imidacloprido, dinotefurano e abamectina foram avaliados no controle da vespa-da-galha.
Imidacloprido na concentração de 1,44 g do i.a./ galão/árvore, via solo (drench) e, na concentração
0,22 g do i.a./cm/diâmetro/árvore, injeções no tronco. O dinotefurano foi aplicado somente via solo
na concentração de 22,68 g do i.a./ galão/árvore e, a abamectina, na forma de injeção na concentração
de 0,01 g do i.a./cm/diâmetro/árvore. Decorridos 4 meses, somente injeção de imodacloprido mostrou
controle significativo sobre a vespa Q. erythrinae. De acordo com Xu et al. (2006), com exceção das
eritrinas que receberam injeções de imidacloprido, as demais árvores foram colonizadas e mortas
pelas vespas, ou seja, tanto as que receberam os compostos via solo (drench) como as que foram
injetadas com abamectina.
As concentrações residuais de imidacloprido nas folhas foram determinadas pelo método de
imunoadsorção enzimática (ELISA), baseado em anticorpos monoclonais para o neonicotinóide.
Em estudos anteriores Xu et al. (2009), concluíram que esse método apresentou precisão quando
comparado com os resultados obtidos com cromatografia líquida de alta resolução convencional
(HPLC) para análise do imidacloprido. Desse modo, esses autores determinaram a concentração
residual de imidaclorpido em folhas de eritrina com e sem a presença de galhas. Os resultados
mostraram que as concentrações não diferiram em ambas situações e, 4 μg g-1 ou mais, eram ideais
para manter o efeito supressor na emergência das vespas.
A distribuição espacial do imidacloprido em diferentes partes da copa das eritrinas, notadamente
nos dosséis inferiores, mediano e superiores foram coletadas e analisadas. Diferenças significativas
foram encontrados dos dosséis inferiores em relação aos dosséis mediano e superior. No entanto,

58
não houve diferença estatística entre os dois. Embora o imidacloprido tenha mostrado diferente
distribuição espacial, não foi observada diferença significativa na gravidade da infestação entre
diferentes níveis da copa mesmo a baixas concentrações de imidacloprido, como por exemplo, 0,8 -
2 μg g-1, ou seja, menor que 4 μg g-1 (Xu et al., 2009). Concluíram esses autores, que a análise
cromatográfica e/ou método ELISA, são ferramentas fundamentais na complementação da
endoterapia. De fato, uma vez conhecida a distribuição espacial e respectiva concentração, pode-
se gerenciar melhor a frequência das injeções. No entanto, nem sempre é possível o acesso ao
cromatógrafo e/ou método ELISA. Por isso, tratando-se de artrópodes herbívoros de fácil criação
em laboratório, o oferecimento de folhagens oriundas de diferentes partes da copa supostamente
com resíduos, pode ser um recurso viável e de baixo custo.
Xu et al. (2009), determinaram o tempo residual de imidacloprido nas folhas de eritrinas, levando
em consideração a concentração e tipo de aparelho. Assim, as formulações e tipos de aparelho
foram: i) Formulação-Imicide 10%, imidacloprido 3 ml, 0,17 g i.a.; tipo de seringa- cápsulas de
Mauget; ii) Formulação: Pointer a 5% imidacloprido, 0,03 g do i.a.; tipo de seringa- ArborSystems
Wedgle Direct Inject ; iii) Formulação: Merit 200 SL 17.1% imidacloprid; 0,94 g i.a.; tipo de
seringa- Arbor-Jet Tree IV; iv) Formulação: IMA-jet 5% imidacloprido, 0,43 g do i.a.; tipo de
seringa- via Arbor-Jet Tree I.V. v) Formulação: Merit 2F (21.4% imidacloprid via solo (drench) 1.44
g. Após execução do ensaio, os resultados mostraram que em árvores que receberam injeções de
imidacloprido via Arbor-Jet Tree I.V, os resíduos perduraram por até 20 semanas e, conforme
esses autores, os tratamentos iii e iv diferiram significativamente em relação as árvores que não
receberam nenhum tipo de injeção (testemunhas). Já as eritrinas injetadas com imidacloprido
(Imicide e Pointer) via aparelhos Mauget e ArborSytems e, as que receberam imidacloprido via
solo, os resultados residuais mostraram-se indistinguíveis, comparativamente com as árvores
que não receberam nenhum tipo de tratamento (testemunhas). Após esse período (20 semanas),
os ensaios tiveram que ser suspensos, pois à exceção das árvores tratadas com imidacloprido
(Merit e Ima-jet) via Arbor-Jet Tree IV, todas morreram em decorrência ao severo ataque das
vespas Q. erythrinae.
Arbor-Jet foi o aparelho que injetou quantidades significativamente maiores de imidacloprido
comparado aos outros aparelhos e, entre as formulações veiculadas, a IMA-JET atingiu a mais
alta concentração (357 μg g- 1) enquanto o Merit 200 SL, próximo de 90 μg g-1. Dez meses após as
injeções e, posterior a primavera, os tratamentos com Imicide e Pointer veiculados pelos aparelhos
Mauget e ArborSystems apresentaram concentrações nas folhas entre 1,7e 0,8 μg g “1.Esses
valores são inferiores ao limiar da concentrações de 4 μg g–1 para suprir a emergência das vespas.
Já os tratamentos com Merit 200 SL e Imajet (veiculados pelos aparelhos Arbor-Jet) apresentaram
concentrações de 28 e 46 μg g–1, valores suficientes para controlar as vespas. Com relação ao
imidacloprido veiculado via solo, foi detectado uma concentração muito baixa, ou seja, inferior à
0,5 μg g–1 durante todo período experimental. Conforme argumento de Xu et al. (2009), é possível
que tenha havido falha no encharcamento (drench) o que naturalmente influiu na captação e
translocação do imidacloprido para o dossel das eritrinas.
Por fim, Xu et al. (2009), concluíram que entre os três inseticidas sistêmicos testados via injeção,
o imidacloprido foi o mais eficaz para controlar a populações de vespas nas árvores de eritrina no
Havaí. Os resíduos de imidacloprido foram detectáveis nas folhas das eritrinas por pelo menos
um ano e variaram com a dose e o equipamento usado. Assim, concentrações de imidaloprido
deve ser de 4 μg g-1 ou superior para um controle eficaz da vespa da galha e, conforme classificação
elaborada por esses autores, os tratamentos IMA-jet e Merit 200 S foram considerados mais
eficazes do que os tratamentos Imicide e Pointer no controle das vespas.
No Brasil, a vespa-da-galha Leptocybe invasa Fisher & LaSalle, (Hymenoptera: Eulophidae
(Figura 34) é praga da eucaliptocultura. É originária da Austrália e foi detectada no Brasil, no norte
da Bahia, atacando mudas de eucalipto em viveiro e em árvores adultas de clones híbridos de E.
camaldulensis x E. grandis (Wilcken e Berti Filho, 2008). Conforme esses autores, trata-se de
uma minúscula vespa de coloração marrom escuro brilhante e mede 1,2 mm de comprimento. De
modo geral, o inseto é partenogenético, ou seja, só há fêmeas que dão origem a novas fêmeas.
Portanto, seu potencial de crescimento populacional é enorme. A fêmea oviposita nas gemas
apicais, onde inicia-se o processo de formação da galha, que se torna visível após algumas
semanas.

59
Larvas de L. invasa atacam as folhas, formando
galhas nas nervuras centrais, pecíolos e ramos
finos (Figura 35). Essas galhas causam
deformação das folhas, quando presentes na
nervura central e pecíolo, e desfolha e secamento
de ponteiros, quando presentes nos ramos mais
finos. Provavelmente as galhas, que são uma
hiperplasia celular causada por alguma substância
injetada pelo ovipositor da fêmea, causam o
bloqueio do fluxo normal de seiva, levando à
queda das folhas. Esses danos podem levar à
parada de crescimento de mudas e árvores,
podendo comprometer a produtividade de clone
suscetíveis (Disponível em: https://
www.agrolink.com.br/problemas/vespa-da-
galha_3054.html).
Como forma de controle, é “recomendado o
corte de todas as árvores atacadas. Os ramos
Fonte: Agrobase Brazil. Disponível em: https:// devem ser retirados e queimados imediatamente.
agrobaseapp.com/brazil/pest/vespa-da-galha Esse procedimento visa tentar erradicar a praga
da área. Caso as brotações apresentem galhas,
Figura 34. Vespa da galha-do-eucalipto Leptocybe devem ser novamente cortadas e queimadas.
invasa. Recomenda-se levantamento detalhado de todos
os talhões plantados com clones híbridos com E.
camaldulensis”. Essa recomendação embora extrema, se justifica, pois de acordo com Anjos (2016),
não existe nenhuma técnica de controle químico que seja plenamente eficiente nas condições de
plantio comercial para essa praga. Além do mais, devido as larvas se criarem no interior das galhas,
ficam protegidas quando pesticidas são veiculados via pulverizações. Portanto, em virtude disso,
injeções com pesticidas poderia ser uma tática viável em pequenas áreas de eucalipto, caso
formulações especiais e seringas fossem usuais no Brasil. Assim, a exemplo das vespas galhadoras
J. microcarpae e Q. erythrinae, onde ensaios experimentais com injeção de benzoato de
emamectina e imidacloprido mostraram resultados significativos sobre ambas vespas, procedimento
análogo poderia ser conduzido no Brasil com L. invasa.

A B

Fonte: Jolanda Roux, Universidade de Pretoria. Disponível em: https://www.nzffa.org.nz/farm-forestry-model/the-essentials/


forest-health-pests-and-diseases.Pests/leptocybe-invasa/leptocybe-invasa/

Figuras 35 (A e B). Danos causados por Leptocybe invasa a Eucalyptus spp.

60
D. Eucalipto (Eucalyptus spp)
Alvos biológicos: Uraba lugens Walker, 1863 (Lepidoptera: Nolidae); Trachymela sloanei
Blackbum, 1897 (Coleoptera: Chrysomelidae); Thaumastocoris peregrinus Carpintero & Dellapé,
2006 (Hemiptera: Thaumastocoridae) e Glycaspis brimblecombei Moore (Hemiptera: Psyllidae).
Produtos injetados: acefato, imidacloprido e benzoato de emamectina, oxidemeton metil.

Na Nova Zelândia, Gous & Richardson (2008), usaram injeções de acefato, imidacloprido e
benzoato de emamectina para controlar duas pragas do Eucalyptus nitens (Deane & Maid.): Uraba
lugens Walker, 1863 (Lepidoptera: Nolidae) e Trachymela sloanei Blackbum, 1897 (Coleoptera:
Chrysomelidae). De acordo com esses autores, pulverizações convencionais são inadequadas em
ambientes urbanos e recreativos e, devido a isso, inseticidas quando aplicados diretamente no
sistema vascular reduzem riscos de impacto ambiental comparativamente aos métodos tradicionais.
Citam ainda esses autores, que a maioria dos inseticidas testados na Nova Zelândia, inclusive os de
propriedades sistêmicas, não se mostraram eficientes sobre estas duas pragas quando veiculados
via pulverização. No entanto, a mortalidade foi altamente influenciada quando injetados no tronco e,
conforme esses autores, outro aspecto vantajoso foi a total ausência de exposição ambiental em
virtude da inexistência de deriva (Gous & Richardson, 2008). Desse modo, os ensaios conduzidos
por esses autores tiveram por objetivo determinar quais desses defensivos eram eficientes sobre T.
sloanei e U. lugens em eucaliptos E. nitens tratados com injeções no tronco com acefato, imidacloprido
e benzoato de emamectina. Em cada árvore foi injetada duas vezes, usando um injetor de precisão
Sidewinder (Figura 36) em lados opostos do tronco a 130 cm acima do solo
Conforme Gous & Richardson (2008), a quantidade de ingrediente ativo dos defensivos injetados
por planta foi de acordo com a recomendação do fabricante. Assim, para o acefato 0,25 g i.a./cm de
diâmetro; imidacloprido, 0,2 g i.a./cm de diâmetro; benzoato de emamectina 0,2 g do i.a./cm de
diâmetro, chamando-se sempre atenção para o fato de que, na endoterapia, a quantidade de defensivo
a ser injetado é calculado em função do diâmetro do tronco. Os resultados revelaram que acefato
causou mortalidade a T. sloanei por até 49 dias e, em relação a U. lugens, 150 dias. Já imidacloprido
e benzoato de emamectina não se mostraram eficazes sobre estas duas pragas. De acordo com
Gous & Richardson (2008), conforme informação do fabricante (Bayer), o imidacloprido não é eficaz
contra Lepidoptera e/ou herbívoros mastigadores de folhas, pois ao mastigarem não ingerem grandes
quantidades de seiva a exemplo dos herbívoros sugadores. No entanto, segundo eles, essa hipótese
precisa ser melhor investigada.
Embora o acefato cause repulsa em virtude do forte cheiro quando manipulado, ele tem DL 50
oral agudo (dose letal para matar 50% da população teste) de 1447 mg/kg em ratos. Já benzoato de
emamectina e imidacloprido, 76 mg/kg e 450 mg/kg (Tomlin, 2006, citado por Gous & Richardson,
2008). Outra particularidade que o torna seguro no manuseio e exposição ambiental, é o DL 50
dérmico de 2000 mg/kg. Há que se acrescentar ainda, que o acefato é sistêmico, fácil de injetar,
simples de misturar e mais barato que os outros dois inseticidas usados nesse estudo. Em razão a
isso, o acefato é promissor para injeção no tronco de acordo com Gous & Richardson (2008).
Na Austrália, Thaumastocoris peregrinus Carpintero & Dellapé, 2006 (Hemiptera:
Thaumastocoridae) era, até alguns anos atrás, considerado um inseto raro. No entanto, a partir dos
anos 90 se tornou praga em algumas espécies de eucalipto na região urbana de Sydney (Cassis,
Schuh & Brailovsky,1999). Na África do Sul, disseminou-se rapidamente tornando-se praga primária
em plantações comerciais de eucalipto (Wingfield, 2007). Mais recentemente, se estabeleceu em
áreas urbanas de Buenos Aires e em plantios comerciais na província de Entre Rios, na Argentina
(Carpintero & Dellapé 2006).
De acordo com Noack et al. (2009), eucaliptos quando muito infestados por T. peregrinus, exibem
avermelhamento das folhas e, à medida que a infestação progride, todo o dossel fica amarelo-
avermelhado, seguido de queda das folhas. Em virtude disso, a Bayer desenvolveu uma nova formulação
de imidacloprido de nome SilvaShield® adaptada especificamente para injeção em árvores. De acordo
com o fabricante, essa formulação permite taxas muito baixas do ingrediente ativo em comparação
com métodos de aplicação alternativos, a exemplo das veiculações via solo. Assim, conforme o
fabricante, uma única injeção fornece proteção prolongada contra vários insetos pragas com mínimo
impacto sobre organismos não alvos. No entanto, SilvaShield® não pode ser misturado com água,
pois o solvente em sua formulação ajuda na penetração para o interior da árvore.

61
Para injetar o defensivo para o interior
do tronco dos eucaliptos atacados por T.
peregrinus, foi usado um injetor Sidewinder
(Figura 36) de fabricação australiana que
opera furando e injetando simultaneamente
o produto, através de uma máquina de furar
movida a bateria de 12 volts (http://
treeinjectors.com/sidewinder-operation-
and-benefits/). No entanto, necessita que
seja introduzido um plug para evitar o
refluxo do composto injetado sob pressão. Fonte: https://treeinjectors.com/
Esse injetor tem uma adaptação em forma
de caixa onde ficam instaladas as garrafas Figura 36. Injetor Sidewinder. Fura e injeta, simultaneamente,
o composto no tronco da árvore em 25 segundos.
pressurizadas com o defensivo. A caixa
aparenta ser leve, se comparada aos pulverizadores convencionais. Em razão da alta pressão e
pequeno volume que injeta, é possível cobrir um grande número de árvores.
A recomendação rotulada de SilvaShield® para árvores de eucalipto é de 5,0 ml/cm/dap. Assim,
se admitido uma árvore de 50 cm de diâmetro onde se deseja injetar 5 ml/10 cm de diâmetro, serão
necessários 25 ml do defensivo, o que equivale a 5 g do i.a. injetado/árvore. Segundo informativo
técnico da Bayer essa quantidade protege por até 3 anos contra o ataque de taumastocorídeos.
Atente-se que, para uma árvore de igual diâmetro, seriam necessários 28 g do ingrediente ativo,
caso fosse veiculado via solo.
As avaliações feitas por Noack et al. (2009), no tocante às diferentes dosagens da formulação
SilvaShield em árvores de eucalipto na Austrália, mostraram redução significativa nas populações
de T. peregrinus quando comparadas às árvores não tratadas. Os autores sugerem que a injeção
deste produto a uma taxa de 3 a 5 ml / 10 cm/ diâmetro na altura do peito (DAP) controlam efetivamente
T. peregrinus por dois a três anos. Em razão disso, o SilvaShield foi registrado para o controle de T.
peregrinus em eucaliptos na Austrália.
Outra praga endêmica da Austrália introduzida nos eucaliptais dos Estados Unidos, México e
Brasil foi o psílideo-de-concha (Glycaspis brimblecombei) (Hemiptera: Psyllidae). No Brasil sua
ocorrência está registrada nos estados de São Paulo, Paraná, Goiás e Minas Gerais. De acordo
com Wilcken et al. (2003), o ataque desse inseto provoca a queda das folhas, secamento das ponteiras
das árvores dominantes e morte das dominadas.
Young (2012), determinou a eficiência de injeções de imidacloprido, oxidemeton metil e a
combinação dos dois no controle do psílideo G. brimblecombei em eucaliptos. Para o imidacloprido
10%, foram injetados 2 ml/5 cm de diâmetro; 3 ml de oxidemeton metil 50% / 5 cm de diâmetro e a
combinação de ambos, ou seja, 2 e 3 ml/5 cm de diâmetro. Os diâmetros dos eucaliptos variaram de
10 a 60 cm. Para injetar os produtos para o interior das plantas, foi usado seringas de Mauget
adaptadas para micro injeção (Capitulo 2; Figura 8).
Houve redução significativa das ninfas de psílideos nos primeiros dois meses, para todos os
tratamentos. Já em eucaliptos tratados somente com injeção de imidacloprido, o percentual médio
no controle sobre as ninfas de psilídeos foi de 81,4% em 3 meses, 73,2% em mais de 8 meses e de
40,7% acima de 15 meses. Já na combinação de ambos (imidacloprido + oxidemeton metil), a
redução foi de 74% em 3 meses, 64,1% em 8 meses e 4,1% em 15 meses. Young (2012) observou
também respostas diferentes na questão residual sobre as ninfas, ou seja, algumas árvores diferiram
no tempo residual dos defensivos. Segundo esse autor, tal fato pode estar ligado a saúde das
árvores, idade, estrutura da coroa da raiz e estresse por água ou nutriente. Por fim, o autor concluiu
que todos os eucaliptos apresentaram redução na população das ninfas dos psilídeos
comparativamente aos eucaliptos não tratados.
Como bem colocado por Wilcken et al. (2003), injeções no tronco em plantios de eucalipto para o
controle de pragas, notadamente o psilídeo-de-concha, têm custo elevado e é inexequível em
plantações extensivas. No entanto, é perfeitamente exequível quando se tratar de pequenos plantios
(3 hectares, por exemplo) destinados a suprir com madeiramento pequenos sitiantes. Assim, a título
de exemplo, no sul da Bahia o acesso ao bioma mata atlântica por madeira já não é mais possível,
pois a ação antrópica por anos o tornou escasso. Em virtude disso, não é incomum a existência de

62
pequenos plantios de eucalipto para suprirem essa necessidade. Há relatos, entretanto, que tais
plantios eventualmente sofrem injúrias por lagartas desfolhadoras e doenças. Trata-se de uma
situação difícil de contornar, pois além da inexistência de formulações especiais para injeções no
Brasil, não há investimentos em tecnologias no setor florestal brasileiro no âmbito da endoterapia.
Apesar de grandes avanços tecnológicos no manejo das florestas brasileiras e de inúmeras
pesquisas conduzidas por centros de pesquisas e Universidades no contexto entomológico, é
praticamente ausente a inserção de injeções com fitofármacos no manejo fitossanitário em florestas
plantadas. Há que se ressaltar, entretanto, a Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu,
que fazendo uso de parcos recursos tecnológicos, como seringas e formulações adequadas,
mostrou que “injeções” com acefato foi capaz de controlar por 120 dias no campo, com média de
80% de eficiência, a broca das meliáceas Hypsipyla grandella (Zeller) (Lepidoptera: Pyralidae)
(Ribeiro, 2010).
Outra abordagem relacionada ao combate de pragas em árvores de porte alto e de valor
econômico, traz destaque para a seringueira (Hevea brasiliensis Muell. Arg.), principalmente plantios
racionais estabelecidos em alguns estados do Brasil. Assim, sabe-se que tanto em monocultura
(plantios homogêneos) como em sistemas agroflorestais (SAFs), artrópodes filófagos causam
relevantes danos econômicos, entre os quais, o Calacarus heveae Feres (Acari: Eriophyidae) que
se alimenta na parte superior das folhas podendo reduzir em até 75% a área foliar da árvore
(Vieira, Gomes e Figueira, 2006). O agravante é que esses ataques ocorrem um a dois meses
antes da desfolha natural, o que coincide com os meses de alta produtividade dos seringais (Tanzini,
1999). E esse fato provoca perdas de até 30% na produção de látex como observado em alguns
clones de H. brasiliensis estabelecidos no estado de São Paulo (Santos e Pereira, 2014). De
maneira geral, em plantios extensivos o controle desse ácaro é feito com aeronaves ou
turbopulverizadores. Já no sul da Bahia os plantios de seringueira em grande maioria foram
estabelecidos em pequenas áreas e/ou, associados com cacaueiro (Theobroma cacao L.). Em
virtude disso, é inviável economicamente deslocar uma aeronave para pulverizações aéreas. Outro
aspecto restritivo diz respeito ao trânsito de turbopulverizadores em seringais (monocultura e
SAF), dado ao relevo em declive e seringueiras muito altas com o dossel inalcançável aos
turbopulverizadores. Em razão a isso, a busca por inovações no contexto fitofarmacêutico é
extremamente oportuna para a Injeção, dado o contexto sustentável dessa tática, pois não
contamina o ambiente como um todo, a exemplo das pulverizações convencionais. Por fim, é
possível que no futuro em áreas extensivas a endoterapia possa auxiliar no manejo integrado de
pragas (MIP) de forma pontual com o apoio de drones. Assim, câmeras com sensores (NIR-
Infravermelho Próximo, RGB e RedEdge), acopladas a VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados),
podem servir para cálculos de índices de vegetação, os quais fornecem informações referentes à
biomassa. A clorofila produzida pelas plantas e outros tecidos vegetais são pigmentos verdes
que, durante o estado de fotossíntese, atuam como fotorreceptores, ou seja recebem, emitem e
refletem luz não visíveis a olho nu, capturados pelo sensor NIR. Dessa maneira, são identificadas
na imagem como plantas saudáveis as plantas que estão refletindo muito no espectro do
infravermelho próximo, ou seja, com alto teor de clorofila. Ao contrário, pressupõem-se anomalia.
Desse modo, tais plantas, quando previamente identificadas e caracterizado o ataque por pragas,
poderiam receber injeções preventivas e/ou curativas, evitando assim a irradiação da praga e
potencializando a adoção tecnológica de uso dos drones no combate de pragas. (NCIASHORUS
Aeronaves Drones Mapping Solutions. Agricultura de Precisão com Drones. Ebook).

E. Figueira (Ficus microcarpa L.)


Alvo biológico: Josephiella microcarpae (Hymenoptera: Agaonidae).
Produtos injetados: benzoato de emamectina e imidacloprido

A figueira (Ficus microcarpa L.) é nativa de alguns países da Ásia tropical e Oceania e, muito
comum na paisagem urbana em algumas regiões tropicais do mundo. No estado do Havaí, F.
microcarpa foi introduzida em 1921 conforme Ramirez e Montero (1988), citado por Bhandari &
Cheng (2016) e, em 1989, nesse mesmo estado, foi detectado galhas nas folhas das figueiras
em decorrência do ataque da vespa Josephiella microcarpae Beardsley & Rasplus (Hymenoptera:

63
Agaonidae). Posteriormente essa vespa
foi detectada na California e Flórida entre
os anos de 1997 e 2008 de acordo com
esses autores.
De acordo com Bhandari & Cheng
(2016), a vespa F. microcarpa, quando
adulta, tem coloração marrom escura e
as fêmeas são maiores que os machos
(2,2 mm de comprimento). As injúrias tem
início com a oviposição nas folhas
terminais ainda tenras, ou seja, não
maduras. À medida que a larva se
desenvolve vai se formando uma espécie
de cápsula, que recebe várias
denominações como galhas, cecídias,
verrugas e “bílis” (Figura 37). A depender
do número de galhas nas folhas, estas
secam e caem ao solo. Todo o ciclo
biológico ocorre no interior da galha e,
quando o adulto emerge, deixa um
Fonte: http://www.e-herbar.net/main.php?g2_itemId=67203
pequeno buraco denotando sua saída.
Conforme citação desses autores, em
Figura 37. Cecídias em folha de ficus decorrentes do ataque
2012 outra vespa da família Agonidae e de Josephiella microcarpae
do mesmo gênero da vespa da galha
(Josephiella sp), foi constatada em Honolulu induzindo galhas nos ramos jovens de F. microcarpa,
acarretando a morte dos brotos. De acordo com esses autores, os danos nos ramos da figueira
causado por essa vespa, cuja espécie ainda não está identificada, são mais severos, mais que os
causados por J. microcarpae nas folhas.
Como já citado anteriormente, em virtude da não observância de inimigos naturais atuando
no controle das vespas formadoras de galhas, Bhandari & Cheng (2016), optaram pelo uso de
injeções com os inseticidas sistêmicos imidacloprido e benzoato de emamectina e o “fungicida”
ácido fosforoso. A escolha por estes inseticidas deve-se ao fato de atuarem por ingestão e,
terem algum efeito contra insetos formadores de galhas. Quanto ao uso de injeções em vez de
pulverizações convencionais, segundo Bhandari & Cheng (2016), aporta-se ao fato de requerer
menos ingrediente ativo comparativamente aos métodos convencionais e, uma vez circulando
no sistema vascular, atinge todas as partes da árvore sem que haja exposição ao meio ambiente.
Já a incorporação do ácido fosforoso, embora usado como fungicida, deveu-se ao fato de
estimular o sistema de defesa da planta e, por isso, usado com esse intuito. Outro aspecto
levado em consideração com relação à injeção dos inseticidas, foi o improvável efeito deletério
sobre a vespa Eupristina verticillata Waterston, polinizadora da figueira F. microcarpa.
Curiosamente, essa vespa polinizadora pertence a mesma família (Agoniidae) das vespas
herbívoras (Bhandari & Cheng, 2016).
Assim, fundamentado em suas exposições, Bhandari & Cheng (2016), conduziram ensaios
com objetivo determinar a eficácia de injeções de imidacloprido e benzoato de emamectina
isoladamente e combinados com ácido fosforoso. As árvores tinham diâmetro médio de 121,7
cm (variando entre 53 e 231 cm) e todas se apresentavam infestadas com as vespas nas folhas
e caules. A quantidade de imidacloprido e benzoato de emamectina injetados isoladamente
foram de 8 e 10 ml para cada 2,4 cm/diâmetro/tronco. Nos tratamentos combinados com ácido
fosforoso, foram utilizados 7 ml desse composto também para cada 2,4 cm/diâmetro/tronco.
Foram utilizadas nove árvores de figueiras por tratamento, ficando nove árvores isentas de
injeção para servirem como testemunhas. Os compostos foram injetados via infusão ativa
(pressão) no tronco com a seringa modelo Arborjet QUIK-jet micro infusion system (Figura 38).
Os nomes comerciais das formulações adaptadas para injeção são TREE-age (benzoato de
emamectina), jato IMA (imidaclopride) e jato PHOSPHO (ácido fosforoso). Os experimentos
tiveram início em 2013 e termino em 2014.

64
A B

Fonte: https://arborjet.com/wp-content/uploads/2018/10/QUIK-jet-Manual-9-25-2018.pdf

Figura 38. Modelo de seringa usada no controle de Josephiella microcarpae. Furo no tronco (A); Colocação da bucha
no interior do tronco (B); Introdução da ponta da seringa no interior do septo para entrega defensivo (C).

O ácido fosforoso não mostrou nenhum resultado significativo na redução de galhas nas folhas e
caules das figueiras e, tão pouco, sobre as vespas. De acordo com argumentação de Bhandari &
Cheng (2016), o ácido fosforoso além de atuar como fungicida no controle de oomicetos, tem efeito
positivo por estimular o sistema de defesa natural da planta. No entanto, segundo eles, a combinação
com inseticidas sistêmicos não mostrou benefício sobre as figueiras. Já o benzoato de emamectina,
quando comparado as figueiras não tratadas com injeção e as tratadas com injeções de imidacloprido,
mostrou-se significativamente mais eficaz que o imidacloprido na supressão de galhas no tronco e,
essa declinação prolongou-se por até 14 meses após as injeções. Relativo à redução das galhas
nas folhas, ambos inseticidas se mostraram significativos, comparados às árvores que não receberam
nenhum tipo de injeção e, esse padrão permaneceu por até 18 meses.
Por fim, Bhandari & Cheng (2016), concluíram que injeção de benzoato de emamectina é eficaz
no controle das galhas, tanto a nível do tronco quanto no dossel. Já o imidacloprido foi moderadamente
eficaz apenas no controle das vespas causadoras de galhas nas folhas. Desse modo, injeção com
benzoato de emamectina pode ser uma estratégia de manejo viável para controlar vespas no caule
e folhas nas figueiras do Havaí e, possivelmente, em outras regiões tropicais.

F. Freixo (Fraxinus excelsior L.)


Alvo biológico: Agrilus planipennis Fairmaire (Coleoptera: Buprestidae).
Produtos injetados: benzoato de emamectina e imidacloprido

De acordo com citação de Junior et al. (2012), os parques urbanos e espaços verdes têm
importância estratégica para a qualidade de vida da crescente sociedade, cada vez mais urbanizada.
Estudos indicam que a presença de parques e florestas, com suas árvores e corpos d’água, em

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centros urbanos, contribui substancialmente para a qualidade de vida da população (Chiesura, 2004).
Além de importantes serviços ambientais como purificação do ar e da água, filtragem de vento e de
ruídos e estabilização microclimática (Dwyer et al.,1992; Nowak, Crane & Stevens, 2006), as áreas
naturais prestam serviços sociais e psicológicos de importância crucial para a habitabilidade das cidades
modernas e o bem-estar dos moradores urbanos (Ulrich, 1981; Hartig, Mang & Evans, 1991; Conway,
2000). De fato, no entanto, é preciso que as árvores tenham saúde suficiente para gerar todos esses
benefícios e, sem margem de dúvida, a endoterapia é a tática mais sustentável e de grande importância
para o controle de pragas e doenças das árvores que compõem a paisagem urbana.
O manejo de pragas e doenças de árvores e palmeiras que compõem a paisagem urbana do
Brasil sequer é uma ação incipiente e, de certa forma, em atraso, se comparada a países como
Estados Unidos, Canadá, Austrália e alguns países da Europa. Nesses países, o controle
fitofarmacêutico das árvores com o uso de injeções e infusões é praticado com tecnologias inovadoras,
principalmente no tocante a diversidade de aparelhos e formulações especiais para fins endoterápicos.
Assim, a título de exemplo, pode-se citar a larva do besouro Agrilus planipennis (Figuras 39 e 40)
Fairmaire (Coleoptera: Buprestidae), uma séria praga de Fraxinus spp, árvore comumente conhecida
como freixo, que compõem a paisagem urbana de várias regiões dos Estados Unidos. Essa praga é
nativa da China, Coréia, Taiwan, Japão, Rússia e Mongólia (Haack et al., 2002; Bray et al., 2007).
Em 2010 foi observada em 13 estados dos EUA e duas províncias canadenses.
Toda árvore de porte alto que compõe a paisagem urbana e sofre ataque por pragas e doenças,
tem risco eminente de causar acidentes, quando derrubada pela ação dos ventos e/ou outros fatores
climáticos. E essa é a grande preocupação de proprietários privados e prefeituras com o freixo nos
Estados Unidos, pois ele é fortemente atacado por A. planipenis e, a depender da intensidade do
ataque, pode causar a morte da árvore com subsequente queda. Em virtude disso, existia uma indecisão
entre erradicar o freixo atacado ou tratar via pulverização com inseticida, o que implica naturalmente
em maior custo quando se deseja atingir o alvo biológico, ou seja, o besouro adulto. No entanto,
injeções no tronco com benzoato de emamectina e pulverizações basais com imidacloprido ao redor
das raízes foram adequadamente eficazes no controle preventivo de A. planipenis. Porém, de acordo
com Smitley et al. (2010), era desconhecido por quanto tempo o resíduo destes dois inseticidas ficavam
biologicamente ativos sobre as larvas de A. planipenis. Para tanto, Smitley et al. (2010), conduziram
seus experimentos em três localidades nos EUA onde fizeram uso de injeções de benzoato de
emamectina e imidacloprido. O imidacloprido tanto foi injetado no tronco como aplicado na forma
de drench no solo sobre as raízes. As árvores foram avaliadas por 2 a 4 anos.
As árvores de freixo usadas no experimento pelos autores tinham diâmetro tomados na altura do
peito (DAP) que variaram de 25-45 cm e idade entre 12 e 26 anos. Em cada localidade estudada, as
árvores foram agrupadas em 10 blocos de 6 árvores, sendo cinco tratadas com injeção e um controle,
ou seja, bloco que não recebeu nenhuma injeção com defensivo. Os tratamentos consistiram de
imidacloprido, via solo, tomando-se 1,42 g do ingrediente ativo (i.a.) dissolvidos em 5,7 litros de

Fonte: Debbie Miller. USDA Forest Service, Bugwood.org Fonte: Stephen Luk, Toronto.

Figura 39. Agrilus planipennis Figura 40. Larva de A. planipennis

66
água e a combinação solo mais injeção, os quais foram injetados no tronco 0,2 g do i.a./2,54 cm/
diâmetro do defensivo na sua forma concentrada. Já nas injeções com benzoato de emamectina,
as concentrações foram de 0,10; 0,20; 0,40; 0,48 e 0,60 gramas do ingrediente ativo para cada
2,54 cm do diâmetro.
Ambos defensivos foram injetados no tronco com o uso de seringas Arborjet Tree IV. A grosso
modo, esse sistema de injeção consiste de um bujão pressurizado ao qual estão acopladas quatro
mangueiras que, por sua vez, têm em suas extremidades os injetores (Figura 41). Antes, porém,
buchas de borracha (arborplug) foram introduzidos na região do alburno e, em seguida, a ponta dos
injetores introduzidas no interior das buchas. Como já explicado anteriormente, as buchas, além de
proteger o furo no tronco contra agentes bióticos e facilitar a cicatrização, possuem um dispositivo
em seu interior que impede o refluxo do defensivo quando ali injetado sob pressão. As abas laterais
da bucha permitem que o defensivo seja infusionado nas interfaces do alburno.
Os resultados encontrados por Smitley et al. (2010), mostraram que injeções no tronco com
benzoato de emamectina reduziram a densidade de larvas A. planipenis encontradas em árvores
tratadas em quase 100%, comparativamente às árvores-controle (testemunha). Uma única injeção
no tronco, com benzoato de emamectina na concentração de 0,4 g i.a. para cada 2,54 cm/ diâmetro,
injetado em freixos de 41 cm de diâmetro controlou 100% das larvas por três ou quatro anos. A
combinação de pulverização e injeção de imidacloprido apresentou bons resultados, mas, ao final
do estudo, foram encontrados significativamente mais larvas de A. planipenis (5,7 larvas /m2) no
dossel dos freixos em comparação com árvores tratadas com benzoato de emamectina (0,0
larvas/m2). De acordo com Smitley et al. (2010), os resultados obtidos nesse estudo permitem
concluir que injeções com benzoato de emamectina, por protegerem por vários anos os freixos
contra o ataque de A. planipenis, reduzem os custos em até 50%. Assim, tomando-se como exemplo
árvores com diâmetro médio de 31,4 cm (injetadas com 0,4 g do i.a./2,54 cm/ diâmetro), certamente
terá um custo bem menor quando tratadas a cada quatro anos do que anualmente.

A B

Fonte : Joseph J. Doccola


C

Figura 41. Bujão com defensivo sob pressão com 4 mangueiras de saída (A); bucha de borracha (introduzida na
região do alburno da árvore (B); injetor com ponta adaptada para ser introduzida dentro da bucha (C).

67
Conforme Vichiato et al. (2014), a cidade de Belo Horizonte, MG, possui importante composição
de áreas verdes, sendo considerada a terceira capital mais arborizada do país. O município conta
com 18 metros quadrados de área verde por habitante e, está 50% acima do mínimo recomendado
pela Organização Mundial de Saúde. Entre as árvores que compõe a paisagem urbana da capital
mineira, destaca-se a munguba (Pachira aquática Aubl). No entanto, nos últimos 4 anos essa espécie
de árvore vem sofrendo severas injúrias pelo besouro buprestídeo Euchroma gigantea L. 1758,
(Figura 42) conhecido popularmente como besouro metálico ou buprestídeo gigante da América do
Sul, devido ao seu tamanho. Os danos são causados pelas larvas, que fazem galerias no terço
médio e inferior do tronco.
A exemplo do buprestídeo A. planipenis, que ataca os freixos nos Estados Unidos e é controlado
com injeção de benzoato de emamectina, ensaios com injeções desse defensivo sobre o buprestídeo
E. gigantea que atacam as árvores de munguba de Belo Horizonte seriam oportunas. Considerando
que benzoato de emamectina circula a nível de floema e, E. gigantea em seus primórdios larvais se
alimentam da região subcortical da casca, injeções nesse período seriam estratégicas. Há relatos
ainda, que os adultos se alimentam das folhas de munguba. Em virtude a esse comportamento
alimentar, outra estratégia adicional seriam injeções com orthene a exemplo dos estudos de Gous &
Richardson (2008), que fizeram uso de injeções desse defensivo em troncos de eucalipto na Nova
Zelândia para controlar o besouro crisomelídeo Trachymela sloanei sobre as folhas.

Fonte: Suziane Fonseca/PBH; Flavio Tavares

Figura 42. Besouro adulto e larva de Euchroma gigantea L, praga das árvores de munguba de Belo Horizonte.

G. Macieira (Malus domestica Borkh.)


Alvo biológico: Grapholita molesta, Phyllonorycter blancardella, Empoasca fabae e Choristenura
rosaceana.
Produtos injetados: imidacloprido e benzoato de emamectina

Entre as táticas preconizadas no manejo integrado de pragas (MIP), a veiculação seletiva do


defensivo e especificidade são parâmetros que devem ser considerados. No entanto, por mais
criteriosa que seja a veiculação do pesticida, a eficiência estará sempre abaixo do desejado, pois
parte do defensivo aplicado é perdido. Assim, nas pulverizações motorizadas, entre 29 e 56% são
depositadas na copa das árvores, enquanto o restante é perdido por deriva e tem como ponto final
o solo ou outros alvos (Perry et al., 1998.; Steiner, 1969; Zhu et al., 2006).
Nos Estados Unidos, vários são os insetos e ácaros que podem causar injúrias às macieiras.
Assim, de acordo com Wise et al. (2014), podem ser citados a mariposa (Cydia pomonella L.),
mariposa oriental (Grapholita molesta Busck), enrola - folhas (Choristenura rosaceana Harris), pulgão
da maçã rosada (Dysaphis plantaginea Passerini), escama São José (Quadraspidiotus perniciosus
Comstock), escama branca (Pseudoulacaspis sp.), ácaro vermelho europeu (Panonychus ulmi Koch)
e pulgão lanígero da macieira (Eriosoma lanigerum Hausmann). Ainda segundo os mesmos autores,

68
parte considerável destas pragas podem exigir até oito pulverizações por estação. Embora nos
últimos anos novas moléculas de defensivos tenham sido sintetizadas e recebido status de eficazes
e de baixo risco, conforme a Agência de Defesa Ambiental dos Estados Unidos (USEPA, 1997),
pequenos agricultores não têm acesso a tecnologias de aplicação mais sofisticadas em virtude de
restrições financeiras (Wise et al., 2014).
A técnica de injeções em macieiras possibilita que defensivos de última geração sejam veiculados
de forma simples e ambientalmente sustentável, pois ao contrário das pulverizações, injeções não
tem problemas com deriva, deposição sobre as folhagens e não afeta os inimigos naturais. Portanto,
além da abordagem ambiental, pequenos agricultores passam a ter também acesso a mercados
antes inalcançáveis, pois uma vez não necessitando de maquinários sofisticados para veiculação
dos defensivos, os custos fitossanitários certamente ficarão reduzidos (Wise et al., 2014). Em razão
disso, esses autores pesquisaram a eficácia de injeções de imidacloprido e benzoato de emamectina
sobre quatro pragas da macieira nos Estados Unidos. Para tanto, determinaram o tempo que os
resíduos ficaram biologicamente ativos sobre as pragas e, o quanto desses resíduos estavam
presentes nos frutos, flores e nos troncos das macieiras.
Nos estudos conduzidos por Wise et al. (2014), foram usadas formulações especiais para injeções,
tais como imidacloprido a 5% (Ima-jetTM, Arborjet Inc., Woburn, MA) e benzoato de emamectina a
4% (TREE-ageTM Arborjet Inc., Woburn, MA). Esses autores fizeram uso de altas e baixas
concentrações do ingrediente ativo (i.a.) para ambos os pesticidas. Assim, para o imidacloprido e
benzoato de emamectina foram injetados 0,2 e 0,4 g do i.a. para cada 2,5 cm/diâmetro/tronco. O
número de pontos de injeção no entorno do tronco das macieiras foi de 4 (quatro), posicionados
pares opostos, segundo os pontos cardeais. Já a altura dos buracos em relação ao nível do solo foi
em média de 30,48 cm. Os furos nos tecidos do tronco tiveram profundidade de 25,4 mm e diâmetro
de 9,53 mm. Após, foi introduzido um septo de silicone nos furos (Figura B) e, em seguida, com
auxílio de uma seringa acoplada a um pequeno bujão pressurizado, o defensivo foi injetado dentro
do septo para posteriormente ser distribuído nos anéis do alburno.
Os estudos em campo tiveram como foco as pragas indiretas como G. molesta Busck, Phyllonorycte
blancardella (Fabricius, 1781), Empoasca fabae (Harris, 1841) e C. rosaceana Harris. Com relação
a esta última espécie, bioensaios foram conduzidos em laboratório onde foram oferecidas às lagartas
folhas com resíduos de imadacloprido e benzoato de emamectina.
Para análise de resíduos de imidacloprido e benzoato de emamectina presentes nas folhas e
frutos das macieiras, as amostras (10 g de folhas e 20 g de frutos) foram coletadas aos 1,7,14,30,45,
e 75 dias após as injeções. Uma vez coletadas eram mantidas em diclorometano para análise em
HPLC (cromatografia liquida de alta performance). O nível de quantificação para o imidacloprido por
HPLC foi de 0,08 partes por milhão (ppm) de ingrediente ativo (i.a.) e o nível de detecção foi de
0,016 ppm. O nível de quantificação por HPLC para benzoato de emamectina foi de 0,00065 ppm de
i.a. e o nível de detecção foi de 0,00013 ppm.
Decorridos 21 dias após as injeções de imidacloprido e benzoato de emamectina, a incidência de
ninfas da cigarrinha Empoasca fabae sobre as macieiras foi significativamente menor comparadas
às macieiras não tratadas. Passados 60 dias, esses pesticidas reduziram qualquer vestígio de P.
blancardella sobre as folhas. Após um ano e trinta e nove dias (1.39), o número médio de cigarrinhas
sobre as folhagens das macieiras foi significativamente menor em relação às plantas que não foram
injetados, para os dois pesticidas. Transcorrido 1 ano e 55 dias (1.55), as evidências de ataque de G.
molesta foram significativamente menores para as macieiras que receberam ambos defensivos. Já
para P. blancardella, melhores resultados foram obtidos para ambas concentrações de benzoato de
emamectina, 1 ano e 85 dias após as injeções.
Quanto a C. rosaceana, a área foliar consumida 7 dias após as injeções, foi significativa apenas
para folhas que tinham resíduos de benzoato de emamectina. Decorridos 60 dias após as injeções,
o percentual de área foliar consumidas por C. rosaceana foi significativamente menor para folhas
com resíduos de benzoato de emamectina e imidacloprido. Já a proporção média de área foliar
consumida pelas lagartas 90 dias após os tratamentos com injeção, foram significativamente menores
para ambos inseticidas quando comparados ao controle (testemunha). Há que se chamar atenção,
que o imidacloprido não é rotulado para lepidópteros e, sim, para hemípteras e alguns coleópteros
pragas dos frutos da macieira. Ensaios em campo com pulverização de imidacloprido sobre C.
rosaceana apresentaram baixa eficiência conforme Wise et al. (2010). De igual modo, benzoato de

69
emamectina é rotulado para lepidópteros pragas da maçã e não rotulado para a cigarrinha E. febae,
pois ensaios em campo mostraram baixo desempenho desse pesticida quando pulverizados sobre
o hemíptero. No cômpito geral, benzoato de emamectina se mostrou mais letal que imidacloprido.
Injeção no tronco, comparativamente às pulverizações convencionais, apresentam inúmeras
vantagens, principalmente no tempo de atividade residual. Assim, estima-se 14 dias de proteção
quando pulverizações são feitas sobre as folhagens (Wise et al., 2010). Já uma única injeção,
protegeram as macieiras por 40-90 dias conforme o estudo desses autores. Segundo eles, nas
pulverizações sobre as folhagens além da perda ambiental, por precipitação e volatilização, por
exemplo, o defensivo fica exposto à degradação pelos raios ultra violeta (Perry et al., 1998; Wamhoff
& Schneider, 1999; citado por Wise et al., 2014). Há que se considerar também, que uma vez o
composto injetado no tronco, será depositado nas regiões simplástica e apoplástica da planta,
minimizando, assim, perdas por degradação ambiental e, naturalmente, prolongando sua ação
inseticida sobre as pragas (Chaney, 1978).
A análise em cromatografia mostrou perfil residual do imidacloprido 29 dias após as injeções de
20 ppm nas folhas e 0,05 ppm nas frutas. Após 47 dias, os perfis residuais foram de 1,6 ppm nas
folhas e 0,04 ppm nas frutas. Já para o benzoato de emamectina, 7 dias após as injeções, foram
encontrados 0,389 ppm nas folhas e 0,006 ppm nos frutos. Decorridos aproximadamente 40 dias os
resíduos encontrados nas folhas foram de 0,0245 ppm e 0,0004 ppm nos frutos. De acordo com
Wise et al. (2014), os limites máximos de resíduo (LMR) estabelecido pela agência ambiental (USEPA,
1997) dos Estados Unidos para o imidacloprido e benzoato de emamectina em frutos de macieira,
são: 0,5 ppm para o imidacloprido e 0,2 ppm para o benzoato de emamectina. Assim, as quantidades
de resíduo encontradas estavam bem abaixo do estabelecido pela USEPA, 1997.
Wise et al. (2014), concluíram que injeções são efetivas sobre as pragas indiretas e diretas das
macieiras, notadamente aquelas pragas que se expõe à folhagem durante seu ciclo alimentar, como
é o caso da G. molesta. No entanto, injeções não tiveram nenhum efeito sobre C. pomonela, praga
dos frutos. Ainda de acordo com esses autores, “uma única injeção não só protege as macieiras por
uma temporada, mas tem atividade plurianual” pois seus estudos mostraram quantidades expressivas
de resíduos de imidacloprido e benzoato de emamectina no interior do tronco das macieiras. Esses
resíduos têm “efeito reservatório”, já que após a senescência e subsequente lançamento das folhas,
os resíduos ascendem para a copa quando é iniciada a transpiração. De acordo com os autores,
injeção no tronco deveria ser mais uma ferramenta no manejo integrado das pragas da macieira.
Assim, a título de exemplo, a mariposa C. pomonella é difícil de ser controlada via injeção. Em
virtude disso, o uso do feromônio de interrupção de acasalamento conjugado com injeções apenas
nos pontos críticos do pomar, é mais sustentável ambientalmente. Por fim, Wise et al. (2014),
conjecturaram que apesar de injeções serem praticamente inócuas para os organismos benéficos
comparativamente às pulverizações convencionais, são necessárias mais pesquisas para corroborar
essa afirmação.
Ainda com relação a injeções em macieiras, importante a contribuição dos estudos de Acimovic
et al. (2014), os quais avaliaram se maior número de pontos de injeção ao redor do tronco
corresponderia a uma distribuição mais uniforme e concentrada na copa das macieiras. Assim,
usando o imidacloprido como composto modelo, esses autores, quantificaram a concentração desse
defensivo no espaço/tempo no dossel das plantas injetando apenas 1 g do i.a. (presente em 20 ml
de IMA-jet; imidacloprido a 20%). Os pontos ao redor do tronco variaram de 1-8 distribuídos em
pares opostos conforme os quadrantes cardeais (N,S,L,O). Assim, 1 ponto correspondeu a 20 ml
(1g do i.a.), 2 pontos a 10 ml (0,5 g do i.a.) e 8 pontos a 2,5 ml (0,125g do i.a.). Os furos tiveram
profundidade de 25,4 mm e 9,5 mm de diâmetro. Em cada furo foi colocado uma bucha plástica e,
em seguida, injetado o defensivo com auxílio de uma seringa Quik-jet®. As macieiras tinham em
média 3,7 metros de altura e diâmetro médio de 28 cm. Para quantificar as concentrações residuais
de imidacloprido presente nos tecidos foliares, foram coletadas na parte inferior e superior da copa
amostras para análise em 14, 28 e 42 dias após as injeções. As amostras coletadas foram analisadas
em cromatografia.
Os resultados encontrados por Acimovic et al. (2014), forneceram relevantes informações no
tocante a distribuição espacial e temporal de imidacloprido na copa das macieiras. Assim, observada
a distribuição no dossel, verificou-se que um maior número de pontos de injeções ao redor do tronco
não implicou em maior uniformidade na copa, ou seja, 4 pontos de injeção tiveram distribuição tão

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uniforme quanto 8 pontos. Já a lenta ascensão do imidacloprido no tempo, quando injetado em
árvores, talvez seja explicado pelas suas propriedades químicas, tais como baixa solubilidade em
água (510 mg/L) e o coeficiente de adsorção de carbono (Koc) de médio a baixo. Tais características
poderia explicar sua baixa adesão no xilema, pois é aventado, que o movimento lento do imidacloprido
está relacionada com a adsorção à celulose, quando na rota apoplástica, ou absorção dentro do
parênquima axial e radial, na rota simplástica.

H. Nogueira (Juglans regia L.)


Alvo biológigo: Rhagoletis completa
Produto injetado: Abamectina

Conforme Kiss et al. (2020), a mosca-da-fruta Rhagoletis completa Cresson, 1929 (Díptera;
Tephritidae; Figura 43A) é praga da noz da nogueira-comum Juglans regia L. (Juglandaceae) não
só na Hungria, mas em toda a Europa. É nativa do meio-oeste dos EUA e do Nordeste do México.
Na Hungria, foi detectada pela primeira vez em 2011 (Voigt & Tóth, 2013; citado por Kiss et al.,
2020). As fêmeas ovipositam no pericarpo e o período larvar pode durar mais de dois meses.
Embora a larva de R. completa não cause danos diretos a noz, por se alimentar da casca da fruta,
facilita a penetração de fungos e bactérias que atingem a noz depreciando o valor alimentar e
comercial. Uma vez as nozes contaminadas por um complexo de patógeno, caem ao solo, causando
perdas que podem variar entre 74-91% em pomares não tratados (Duso & Lago, 2006; Voigt &
Tóth, 2013; citado por Kiss et al., 2020). De acordo com Kiss et al. (2020), o controle da larva
através de pulverizações, além de se mostrar ineficiente pelo fato de a larva ficar protegida, é
impraticável em virtude da altura das árvores. Em razão disso, Kiss et al. (2020) avaliaram a
eficiência com injeções de pesticida, pois conforme esses autores as injeções, comparativamente
a pulverizações, têm como vantagem: 1) quantidade de pesticida inferior quando comparado com
pulverizações convencionais; 2) em razão do pesticida alcançar a região onde a larva se alimenta,
minimiza as ações toxicocinéticas; 3) em virtude do pesticida estar circulando em um sistema
fechado, fornece proteção duradoura; 4) é mais seguro para organismos não alvos. Fundamentado
nesses argumentos, esses autores conduziram um ensaio com injeção de abamectina.

A B

Fontes: (A) Marko Riedel. Disponível em: https://


www.researchgate.net/figure/Figuur-Vers-uitgeslopen-
Rhagoletis-completa-Foto-Marko-Riedel-Figure-
C Freshly_fig2_287196762.
(B) e (C): László Ersek. Disponível em: https://
bladmineerders.nl/parasites/animalia/arthropoda/
insecta/diptera/brachycera/tephritidae/trypetinae/
carpomyini/carpomyina/rhagoletis/rhagoletis-completa/
?lang=nl

Figura 43. Mosca Rhagoletis completa (A); Fruto


com sintoma do ataque (B); Larvas de R. completa.

71
Os ensaios foram conduzidos em uma região da Hungria (Taksony) com sete árvores jovens de
nogueira, altura variando entre 4,5 a 5 metros. Após constatação em campo da presença das moscas,
deu-se início às injeções com vertimec 1.8 CE (ingrediente ativo: 18 mg/ml abamectina, Syngenta)
através de 4 orifícios ao redor do tronco. Duas árvores foram usadas como plantas-controle
(testemunhas), sendo uma sem água e outra apenas com injeção de 10 ml de água (2,5 ml de água/
orifício). Quanto às 5 outras árvores restantes, duas receberam injeções de 10 ml do pesticida
concentrado no terço inferior do tronco e, outra, no terço superior do tronco (2,5 ml do pesticida
concentrado / orifício). Por fim, com relação às duas árvores restantes, injeções com 20 ml do
pesticida concentrado foram aplicadas no terço inferior, na base de 5 ml do pesticida concentrado/
orifício.
Com referência ao tipo de seringa, Kiss et al. (2020) citam que usaram um dispositivo capaz de
injetar o pesticida para os vasos condutores a uma pressão máxima de 12,6 bar. No entanto, conforme
esses autores, por ser a nogueira uma árvore facilmente injetável, a pressão de 8 bar foi suficiente
para injetar o composto a um tempo de 5 minutos/árvore. Os orifícios no tronco tiveram 50 mm de
profundidade e 3,5 mm de diâmetro. A circunferência dos troncos variou entre 28 e 33 cm.
Com intuito de conhecer a distribuição espacial/residual da abamectina no dossel das nogueiras,
amostras das folhas foram colhidas. Também foram analisadas cascas de frutas e nozes, para
aferição da concentração residual da abamectina presente. Para tanto, foi usado o método QuEChERS
para extração do ingrediente ativo presente nas amostras, com posterior análise em cromatografia.
Para determinar o percentual de infestação causado por larvas de R. completa, todos os frutos das
árvores-controle e árvores tratadas foram colhidos e analisados sob microscopia ótica.
Cinquenta e nove dias após as injeções, as folhas, casca das frutas e nozes foram coletadas e as
concentrações de abamectina determinadas. Nas árvores que receberam 10 ml, as concentrações
residuais detectadas nas folhas por Kiss et al. (2020), foram da ordem de 379 ng. As que receberam
injeções de 20 ml, 750 ng. Os resíduos de abamectina contidos nas cascas dos frutos da nogueira
variaram entre 1,54 e 3,00 ng/grama. Já os resíduos contidos nas nozes estavam abaixo do limite
de detecção (0,0003 mg /kg).
Nas duas árvores que receberam concentrações maiores de abamectina (20 ml), o nível de
infestação de frutos atacados pela mosca ficou abaixo de 5%, enquanto nas árvores que receberam
injeção com 10 ml, um pouco mais que 11% de infestação. Como era esperado, nas árvores-controle
não foram detectados resíduos de abamectina nas folhas, cascas dos frutos e nozes e o nível de
infestação causado pelas larvas da mosca ficaram acima de 90% para ambas testemunhas. Há que
acrescentar, que injeção com água não teve efeito fitofarmacêutico e furos no tronco tampouco
induziu qualquer reação bioquímica que resultasse em menor taxa de infecção (Kiss et al., 2020).
De acordo com Kiss et al. (2020), a razão da concentração de abamectina ser maior nas folhas
do que nos nas cascas do fruto, se deve ao fato de que nas folhas ocorre maior intensidade de
transpiração. Assim, uma vez que o composto é injetado na coluna do xilema, tende a seguir a água
movida pela corrente transpiratória. Quanto à eficiência da injeção no terço inferior do tronco
comparado ao terço superior, esses autores observaram maior eficiência na mortalidade das larvas
da mosca quando as injeções foram dadas na parte mais baixa do tronco.
No Brasil, moscas-das-frutas atacam diferentes variedades de frutas. e existem dois gêneros
mais importantes: Anastrepha, com mais de 94 espécies identificadas até o momento e Ceratitis,
com somente uma espécie, a C. capitata, introduzida no Brasil no início do século 20 e hoje encontrada
em todo o país (Uchoa, 2016; citado por Marques (2016). As espécies de Anastrepha são nativas
das Américas Central e do Sul, com 121 espécies registradas no Brasil (Uchoa, 2016). Conforme
Zucchi (2008) quatro espécies desse gênero, quais sejam Anastrepha antunesi Lima, Anastrepha
distincta Greene, Anastrepha obliqua (Macquart), e Anastrepha striata Schiner, estão associados
aos frutos do cajá, Spondias mombin L. (Anacardiaceae).
Na cultura da mangueira (Mangifera indica L. Anarcadiaceae) as moscas-das-frutas A. oblíqua,
C. capitata e variadas espécies do gênero Anastrepha fazem parte de um grupo de pragas responsável
por grandes prejuízos econômicos, não só pelos danos diretos que causam à produção, como,
também, pelas barreiras quarentenárias impostas pelos países importadores (Barbosa, 2005). Assim,
se considerados os estudos de Kiss et al. (2020) com injeções de abamectina na proteção dos
frutos da nogueira e, os de Seyahooei et al. (2019), os quais mostraram que injeções de dimetoato
e imidacloprido controlaram Idioscopus clypealis (Lethierry) (Hemiptera: Cicadellidae), uma séria

72
praga das flores da mangueira no Irã, experiencias análogas deveriam ser conduzidas no Brasil.
Uma vez que pesticidas injetáveis alcançam o pericarpo dos frutos da mangueira e os protegem
contra o ataque das moscas, ter-se-ia uma abordagem química com mínimo impacto ecológico.
Naturalmente, a busca pela concentração letal (CL50) e análise residual nos frutos seriam
complementos obrigatórios e de grande importância para o agronegócio.

I. Olmos (Ulmus americana L.)


Alvo biológico: Magdalis armicollis (Coleoptera: Curculionidade)
Pesticidas injetados: Acefato e Nim

De acordo com Booth & Johnson (2009), as árvores de olmos (Ulmus americana L.) por razões
de estética, longevidade e serviços ecológicos são muito valorizados no Canadá. Vegetam nas
pradarias e grandes planícies do norte daquele país. No entanto, a população dessa árvore vem
declinando em virtude do ataque do curculionídeo Magdalis armicollis (Say, 1824). Conforme esses
autores, M. armicollis é uma praga potencialmente grave dos olmos em áreas de pastagens e parques
do oeste do Canadá e dos Estados Unidos.
Fêmeas de M. armicollis ovipositam sob a casca do tronco dos olmos. As larvas ao emergirem
passam a se alimentar da parte interna do tronco, onde constroem galerias ao longo da interface
câmbio/xilema, interrompendo o fluxo vascular e causando a morte de galhos e ramos. Os adultos
ao emergirem, alimentam-se das folhas causando sérios desfolhamentos. Desse modo, porque a
larva fica protegida sob a casca, qualquer tentativa de controle via pulverização é impraticável. Já
pulverizações foliares visando o adulto e, via solo, as larvas, demostraram serem eficazes. No entanto,
a movimentação de pesticidas pode afetar não alvos, tais como o homem, animais domésticos, rios
e inimigos naturais de M. armicollis (Booth & Johnson, 2009).
Inúmeros estudos têm demonstrado que injeção no tronco é uma tática eficaz de controle de
pragas em árvores e palmeiras (Gill et al., 1999; Tipping & Center, 2002; Young, 2002; Doccoloa
et al., 2003.; Gous & Richardson, 2008; Smitley et al., 2010; Byrne et al., 2014; Moura et al.,
2020. Conforme Booth & Johnson (2009), testes experimentais com o gorgulho em plantios de
olmo em Alberta, Canadá, pelo serviço Florestal Canadense, com objetivo de avaliar a eficiência
com injeções de acefato (orthene) mostraram excelentes resultados no controle dessa praga.
Em razão disso, esses autores desenvolveram um ensaio experimental com esse pesticida
através do injetor Ecoject® (Figura 44) com objetivo de controlar as densidades populacionais
do curculionídeo M. armicollis em plantios de olmo, bem como determinar se o acefato
comprometia os níveis de clorofila nas folhas.
Conforme Booth & Johnson (2009), para a
injeção com acefato foi usado o injetor Ecoject.
desenvolvido pela BioForest (Technologies
Inc.Sault Ste. Marie, ON, Canadá). Trata-se de
pequenos frascos pressurizados (garrafas) com o
acefato, ou outro pesticida, em seu interior. Ao se
introduzir a garrafa em um orifício feito previamente
com máquina de furar, um mecanismo é acionado,
despressurizando e infundindo rapidamente o
composto para o interior dos tecidos vasculares
da árvore. Nos ensaios experimentais de Booth &
Johnson (2009), a concentração do acefato foi de
0,3 g i.a./cm/diâmetro e, os orifícios foram feitos
na base do tronco com profundidades variando
entre 1,3 a 1,9 cm e diâmetro de 5,6 mm. As
Fonte: Ecoject-BioForest (Technologies Inc.Sault Ste. garrafas foram colocadas a cada 15 cm ao redor
Marie, ON, Canadá). da base do tronco. A pressão exercida pelas
Figura 44. Garrafas pressurizadas contendo em seu garrafas variou entre 55 e 65 psi e, o tempo gasto
interior pesticidas (acefato ou Nin). para injetar todo o composto para o interior do
tronco foi de cerca de 10 segundos/garrafa.

73
Na condução dos estudos experimentais com injeção de acefato, Booth & Johnson (2009), usaram
árvores de olmos em plantios contíguos. Um total de 25 árvores de olmos foram tratadas, sendo
cada uma emparelhada com uma não tratada. Assim, ao todo foram usadas 50 árvores para execução
do experimento. Para determinar se injeções com acefato eram eficientes sobre larvas de M. armicollis,
esses autores consideraram a densidade de besouros emergentes. Para tanto, cartelas adesivas
foram distribuídas ao longo da copa em árvores tratadas e não tratadas. À medida que os besouros
emergiam e iam ficando presos nas cartelas adesivas, estas foram levadas para o laboratório e os
besouros contados.
No momento das injeções, as capturas dos besouros nas armadilhas adesivas indicavam não
haver diferenças entre árvores tratadas e não tratadas. Decorridos duas semanas após as injeções,
a captura média dos besouros em árvores não tratadas aumentou, enquanto nas tratadas diminuiu.
De acordo com Booth & Johnson (2009), a captura média resultante nas armadilhas em árvores
tratadas foi significativamente menor comparado com as não tratadas. Em razão disso, esses autores
concluíram que injeções com acefato foram eficazes na redução populacional de M. armicollis e
recomendaram o tratamento seletivo em árvores de olmo atacadas pelas larvas desse inseto. Quanto
ao acefato ter algum efeito fitotóxico nas clorofilas das folhas de olmo, a avaliação espectrofotométrica
não detectou nenhuma anomalia, conforme Booth & Johnson (2009).
Em outro experimento visando o controle de M. armicollis, Booth & Goettel (2012), usaram injeções
de neem extraídos da árvore Azadirachta indica. Esse produto é registrado nos Estados Unidos
como TreeAzin para uso em Agrilus planipennis. No entanto, os injetores usados por esses autores,
foram os mesmos usados por Booth & Johnson (2009).
Nos ensaios de Booth & Goettel (2012) com injeções de neem, as unidades experimentais
constaram de 24 árvores, sendo 12 árvores tratadas com neem e, outras 12, serviram como controle.
O delineamento experimental consistiu de 4 árvores por tratamento seguido de 4 árvores-controle,
ou seja, foram criados 3 grupos de tratamentos constituído por 4 árvores e, outros 3, por 4 árvores-
controle. A circunferência média dos troncos dos olmos foi de 156 cm. A quantidade aplicada de
neem, Azidiractina a 5%, foi de 16 ml/cm/diâmetro. O número de garrafas pressurizadas por árvore
variou de 14 a 28. Orifícios de 5,6 mm de diâmetro e profundidade variando entre 1,3 a 1,9 cm,
foram feitos na base dos troncos das árvores, para introdução das garrafas. O tempo gasto para
injetar todo o composto para o interior das árvores variou entre 10-15 segundos/garrafa. Para
determinar o número de besouros emergentes das árvores tratadas com neem e os emergentes das
árvores-controle, foram usadas 5 cartelas adesivas de 10 cm x 15 cm por árvore totalizando 120
cartelas. Semanalmente as cartelas eram trocadas para posterior contagem dos insetos e,
permaneceram no campo até o declínio populacional dos adultos do curculionídeo M. armicollis.
Em seus resultados, Booth & Goettel (2012) verificaram que houve uma interação significativa
entre o tratamento e o tempo quando as quatro subunidades foram consideradas. Assim, na primeira
semana foram capturados 55% menos besouros em árvores tratadas comparado com as não
tratadas. No entanto, após uma semana o número de besouros capturados nas cartelas adesivas
de árvores tratadas e não tratadas eram iguais. Após a terceira semana a população emergente
de besouros começou a diminuir em ambos tratamentos. Em virtude disso, a amostragem foi
encerrada. Por fim, Booth & Goettel (2012) concluíram que injeções com neem, através do injetor
Ecoject® Microinjection System demonstrou ser eficaz na redução da emergência de M. armicollis.
Contudo, as injeções não impedem a migração desses curculionídeos de áreas adjacentes não
tratadas. Em virtude disso, sugeriram que todas as árvores potencialmente hospedeiras desse
curculiuonideo deveriam ser tratadas.

J. Pera (Pyrus communis L)


Alvo biológico: Cacopsylla pyricola
Produtos injetados: Nin e abamectina

Entre as pragas de maior importância nos pomares de pera (Pyrus communis L) dos EUA,
destaca-se o psilídeo Cacopsylla pyricola (Forster) (Hemiptera:Psilidae) (Figura 45). As ninfas desse
inseto, ao se alimentarem da seiva das pereiras, produzem excreções açucaradas (honeydew),
deixando as folhas e frutos melados, que servem de substrato alimentar para fungos fuliginosos
(fumagina). A deposição desses fungos sobre o fruto deprecia seu valor econômico. Em árvores que

74
sofrem forte injúrias desses psilídeos, os frutos podem
ficar atrofiados e a perda das folhas afeta a produtividade
(Howitt, 1993; citado por Wheeler, Vandervoort & Wise,
2020). O psilideo C. pyricola pode causar ainda o
declínio da pereira, em virtude de a árvore ser incapaz
de absorver nutrientes pela raiz
De acordo com Wheeler, Vandervoort & Wise (2020),
o manejo de C. pyricola no verão fica muito difícil se a
população desse inseto não for controlada no inverno.
Historicamente, pesticidas sintéticos de amplo espectro
Fonte: ©Joe Botting
têm sido amplamente usados para controlar C. pyricola,
mas esse inseto desenvolveu resistência a vários
Figura 45. Adulto de Cacopsylla pyricola.
desses pesticidas. Por sua vez, os pesticidas orgânicos
estão limitados a produtos que são aprovados pela
OMRI (Orgânica Materials Review Institute), tais como sprays de óleo, sabonetes inseticidas, caulim,
argila, piretrinas orgânicas e azadiractina.
A azadiractina é um inseticida botânico à base de sementes de nim, aprovado pelo segmento
orgânico dos EUA, para uso no controle de C. pyricola, pois não é toxico para pássaros, mamíferos
e abelhas. Contudo, o uso do nim tem restrições em decorrência ao alto preço e atividade residual
curta comparado aos inseticidas sintéticos. De acordo com Wise (2016), o nim degrada-se
rapidamente quando exposto à superfície da planta. Portanto, no contexto do manejo integrado das
pragas das frutíferas (MIP), o binômio custo/benefício dos biopesticidas deve ser também otimizado
(Wheeler, Vandervoort & Wise, 2020).
Pulverizadores a jato de ar são comumente usados para aplicar pesticidas em pomares. Contudo,
este método de aplicação tem desvantagens, pois estima-se que 45% dos pesticidas são perdidos
por deriva e sedimentação, apresentando riscos de exposição a não alvos. Portanto, reduzir esses
riscos tornou-se uma prioridade na Europa e Estados Unidos. Assim, em virtude das mudanças nas
prioridades governamentais para o meio ambiente e proteção do trabalhador, é importante explorar
outros métodos alternativos de aplicação de pesticidas (Zhu et al., 2006; Steiner, 1969; citado por
Wheeler, Vandervoort & Wise, 2020).
A injeção no tronco como tática alternativa às pulverizações, não apresenta riscos de exposição
a não alvos, a exemplo das pulverizações com jatos de ar. O pesticida é entregue diretamente no
sistema vascular da árvore e é absorvido pelo fluxo de seiva do xilema. A injeção de tronco tem sido
um método de aplicação eficaz em macieiras, abacateiros e tamareiras. No entanto, conforme
Wheeler, Vandervoort & Wise (2020), nenhuma pesquisa foi feita em peras, notadamente sobre C.
pyricola. Em virtude disso, esses autores determinaram a eficácia de um pesticida orgânico
(azadiractina) e um sintético (abamectina) veiculados na forma de injeção e de pulverizações.
As árvores de pereiras usadas nos estudos de Wheeler, Vandervoort & Wise (2020), foram da
variedade Bartlett, e tinham 33 anos de idade. Todas as árvores apresentavam populações de ninfas
e adultos de C. pyricola.
As injeções tiveram início no ano de 2017, sete dias após a queda das pétalas. Para tanto,
quatro orifícios com 9,5 mm de diâmetro e 5 cm de profundidade foram feitos na base do tronco
das árvores em pares opostos. Em cada orifício foi introduzido uma bucha com uma válvula
unidirecional em seu interior. O injetor usado para veiculação dos pesticidas para o interior das
árvores, foi o Arborject® Tree IV que consistiu de uma garrafa de onde saiam quatro mangueiras,
as quais tinham em suas extremidades injetores em forma de agulha introduzidos no interior
das buchas. Uma vez as quantidades de pesticidas medidos, foram diluídos em água até obter
volume final de 500 ml. Após, o composto foi despejado na garrafa e, esta, pressurizada com
bomba manual (Wheeler, Vandervoort & Wise, 2020). A quantidade de ingrediente ativo (i.a.) /
árvore, foi através da extrapolação da concentração recomendada por hectare ou por árvore
(Tabela 4).
As pulverizações foliares com nim e abamectina foram através de pulverizador de jato de ar
FMC 1029 (Jonesboro, AK, EUA), com as quantidades por hectare expressas na tabela. Foram
conduzidas quatro pulverizações entre os anos de 2017 e 2018. Nesse período, inspeções em
campo foram conduzidas a cada duas semanas, com objetivo de coletar folhas nas árvores

75
Tabela 4. Concentrações de abamectina e azadiractina usadas nos tratamentos com injeções e pulverizações
no controle de C. pyricola
Tratamentos Nome comercial Ingrediente ativo Quantidade recomendada (i.a./árvore)

Controle - - - -
Injeção/abamectina Agri-mek 0.15 CE Abamectina 2.40 mL/árvore 0,004 g
Pulveri./abamectina Agri-Mek 0.7 SC Abamectina 0,29 litros/ha 0,004 g
Injeção/azadiractina Azasol 6% Azadiractina 4 g/árvore 0,24 g
Pulveri./ azadiractina Azasol 6% Azadiractina 2,45 kg/ ha 0,24 g

Fonte: Wheeler, Vandervoort & Wise, 2020.

tratamentos, ou seja, nas que receberam injeções, pulverizações e nas sem tratamento (controle).
50 folhas foram colhidas na base, meio e topo da copa de cada árvore conforme os quadrantes
cardeais. Uma vez colhidas, as folhas foram levadas para laboratório para contagem de ninfas e
ovos de C. pyricola com auxílio de um microscópio estereoscópio.
Para análise de resíduos presente nas folhas e frutos das pereiras, amostras foram colhidas
aleatoriamente das árvores. Para conhecer o tempo residual nas folhas, estas foram colhidas em
1,7,14, 28, 56 e 84 dias após os tratamentos. Já as amostras dos frutos, aos 7 e 84 dias após os
tratamentos. Depois da coleta e preparações das amostras, as concentrações dos resíduos foram
quantificadas em cromatógrafo HPLC (Cromatografia Líquida de Alto Desempenho). Para a
abamectina o nível de quantificação estabelecido no HPLC foi de 0,0023 mg kg-1 de i.a., e o nível de
detecção foi 0,001 mg kg-1. Já azadiractina o nível de quantificação de HPLC foi de 0,015 mg kg-1
de i.a., e o nível de detecção foi 0,005 mg kg-1.
Os resultados dos tratamentos com injeção e pulverização de azadiractina e abamectin sobre C.
pyricola foram entre os anos de 2017 e 2018. Para tanto, folhas foram colhidas e nelas analisadas a
quantidade de ovos, ninfas e sinais de fungos fuliginosos. Procedimento análogo se fez com as
árvores controle. No ano de 2017, Wheeler, Vandervoort & Wise (2020), ao analisarem o número
médio de ovos e ninfas nas folhas das árvores que receberam injeções e pulverizações com nim,
constataram diferenças significativas comparado às árvores que não receberam tratamentos. De
acordo com esses autores, de igual modo pulverizações e injeções com abamectina mostraram
resultados significativos comparados com as árvores controle. Já no ano de 2018, os tratamentos
com pulverização e injeção de nim não apresentaram diferenças significativas, quando comparados
às árvores controle. No entanto, o mesmo não ocorreu para injeções e pulverizações com
abamectina, ou seja, o número médio de ovos e ninfas de C. pyricola estavam significativamente
abaixo, comparados às árvores controle.
Com relação aos resíduos de azadiractina e abamectina nos frutos aos 7 e 84 dias após as
injeções, apenas azadiractina foi constatado em uma amostra de frutos, 7 dias após a injeção. Para
a abamectina, nenhum resíduo foi detectado nas amostras de frutas e, tão pouco, nenhum resíduo
estava acima do limite máximo de resíduo (LMR) estabelecido para abamectina em frutas (emamectina
LMR= 0,02 ppm). Quanto à Azadiractina, está isenta do requisito tolerância nos EUA (Wheeler,
Vandervoort & Wise, 2020). No tocante à análise residual da azadiractina nas folhas, todos os resíduos
estavam abaixo de 30 ppm e nenhum resíduo foi detectado após os 28 dias dos tratamentos. Quanto
à abamectina nas folhas todas as detecções estavam abaixo de 0,1 ppm.
Conforme Wheeler, Vandervoort & Wise (2020), uma única injeção de azadiractina protegeu as
pereiras por um ano contra o ataque de C. pyricola enquanto a abamectina, por dois anos. No
entanto, o mais importante aspecto observado por esses autores foi a eficiência das injeções
comparado às pulverizações, pois uma única injeção de azadiractina ou abamectina resultou em
melhor controle do que quatro pulverizações no período de dois anos.
A azadiractina tem efeito antialimentar repelente e regulador de crescimento de insetos, por isso,
abreviado na língua inglesa por IGR (insect growth regulators) (Karnavar, 1987). Ela afeta a
morfogênese, desenvolvimento ovariano, fecundidade, viabilidade de ovos e, por atuar no sistema
endócrino, impede a ecdise. De acordo com Wheeler, Vandervoort & Wise (2020), os dados de
injeção refletiram o efeito IGR, pois o número de ninfas foi significativamente mais baixo uma semana
após as injeções. Conforme esses autores, é bem provável que a azadiractina tenha tido efeito
antialimentar e repelente, o que contribuiu na redução desses psilídeos.

76
Após primeira pulverização com azadiractina, os níveis residuais caíram rapidamente. Já as
injeções, mostraram um padrão de persistência mais uniforme nas árvores tratadas. Esse aspecto
pode ser explicado pelo fato da azadiractina poder ser armazenada no tecido foliar como um metabólito
sem que seja alterado seu efeito biológico (Pavela et al., 2013; Cevenini & Minelli, 2010; citado por
Wheeler, Vandervoort & Wise, 2020). Já a azadiractina quando exposta na superfície da folha, se
decompõe rapidamente sob luz ultravioleta. Após 200 horas de luz ultra violeta a atividade biológica
da azadiractina é reduzida significativamente. Assim, a degradação pela exposição ao sol, pode
explicar porque a azadiractina não se mostrou tão eficiente quanto as injeções no tronco (Dureja &
Johnson, 2000; citado por Wheeler, Vandervoort & Wise, 2020).
Quanto à abamectina, trata-se de uma neurotoxina que abre permanentemente os canais de
cloro bloqueados pelo glutamato inibindo a comunicação das células nervosas e musculares. De
acordo como Wheeler, Vandervoort & Wise (2020) os psilideos contaminados pela abamectina
apresentam movimento desordenado, paralisia, fome e morte. A neurotoxicidade é mais expressiva
sobre as ninfas. De acordo com Wheeler, Vandervoort & Wise (2020), nas observações em campo,
o número de ninfas sempre esteve abaixo do limite de ação (0,3 ninfas/folha) nos tratamentos com
injeção. Embora os tratamentos com pulverizações de abamectina não tenham mostrado diferenças
significativas comparados aos tratamentos com injeções, eles estavam consistentemente acima
do limite de ação. Em virtude disso, os agricultores teriam que fazer novas pulverizações.
Certamente injeções no tronco com abamectina evitariam gastos e danos ambientais (Wheeler,
Vandervoort & Wise (2020).
A abamectina se degrada rapidamente quando exposta à luz. No entanto, quando injetada no
tronco forneceu controle por longa temporada. Assim, por ficar protegida da degradação, isso
certamente explica a razão da abamectina injetada ter sido superior às pulverizações. Por fim, Wheeler,
Vandervoort & Wise (2020) concluíram que injeções no tronco com pesticidas para controlar C. pyricola
tem muitos aspectos promissores para a produção de peras no futuro, principalmente no segmento
orgânico. Assim, no tocante ao nim, por ser fotodegradável quando pulverizado, tem uso restrito devido
a essa característica e ao alto preço, comparado aos pesticidas sintéticos. No entanto, quando veiculado
via injeção forneceu alto nível de controle sobre C. pyricola por duas safras, o que resultou em 75%
menos nim, comparado às pulverizações. Esses autores concluíram ainda, que tanto a abamectina
como o nim, por serem entregues diretamente nos tecidos condutores da planta, além de evitar
problemas com fotodegradação, não ocorre deriva e, por isso, não contamina o agricultor e organismos
não alvos e, ainda, neste caso, deixaram resíduos nas frutas em níveis indetectáveis.

K. Pinheiros (Pinus spp)


Alvo Biológico: Dendroctonus ponderosae
Produtos injetados: Abamectina, Tebuconazol

Conforme Fettig, Grosman & Munson (2013), aproximadamente 550 espécies de besouros da
casca (Coleoptera: Curculionidae, Scolytinae) da América do Norte, causam injúrias às florestas de
coníferas no oeste dos EUA. Níveis populacionais de várias espécies oscilam periodicamente e
frequentemente atingem densidades que resultam
na mortalidade de árvores, principalmente quando
as condições climáticas são favoráveis (Fettig et
al., 2007, Bentz et al., 2010). Surtos do escolitídeo
Dendroctonus ponderosae Hopkins (Figura 46) no
pinheiro Pinus contorta Douglas ex Louden var.
contorta foram graves, duradouros e bem
documentados por Bentz et al. (2010). Esta
espécie abrange toda a Colúmbia Britânica,
Canadá, norte do México e coloniza várias
espécies de pinheiros, notadamente os pinheiros
Fonte: http://www.energy-visions.com/plantWaste.html Pinus contorta e P. ponderosa. (Gibson, Kegley &
Bentz, 2009). Níveis extensos de mortalidade
Figura 46. Dendroctonus ponderosae.
associados a D. ponderosae podem resultar em

77
problemas ecológicos, econômicos e sociais, pois podem afetar a produção de madeira e fibra,
qualidade e quantidade da água, populações de peixes, animais silvestres e áreas de lazer. Cerca
de 8% das florestas nos EUA são classificadas de alto risco devido a surtos de insetos e doenças. O
besouro D. ponderosae é classificado como o mais prejudicial de todos os agentes de mortalidade
considerados (Krist, Sapia & Tkacz, 2007).
Os ataques de D. ponderosae concentram-se no tronco do pinheiro e a rápida colonização da
planta é incrementada pela liberação de seu feromônio de agregação (Pitman et al.,1968; Ryker &
Libbey,1982). Várias espécies de Dendroctonus transportam fungos simbiontes de mancha azul,
tais como Ophiostoma montium (Rumbold von Arx) e Grosmannia clavigera (Robinson-Jeffrey e RW
Davidson), através de estruturas especializadas do tegumento chamadas micângias. Os fungos
inoculados na árvore após a colonização pelo besouro espalham-se rapidamente em todo o floema
e alburno (Solheim, 1995). Isso causa pigmentação azul ou "coloração azul" do alburno, enquanto o
cerne não é afetado, já que é uma região seca e a falta de umidade limita o crescimento do fungo.
As táticas de controle para reduzir ataques de D. ponderosae aos pinheiros incluem erradicação
de plantas infestadas, uso de semioquímicos e aplicações de defensivos diretamente nos troncos
das árvores com pulverizadores hidráulicos (Fettig et al., 2007). No contexto operacional, isso só é
possível em povoamentos florestais e/ou área isoladas, pois nas proximidades de áreas residenciais
ou recreativas o uso de defensivos somente acontece sob circunstâncias restritas e especificamente
regulamentadas. Em razão disso, a morte dos pinheiros nesses ambientes geralmente resulta em
impactos indesejáveis como redução de sombra e estética. Por sua vez, árvores mortas apresentam
riscos potenciais à segurança pública, exigindo inspeção de rotina (Johnson,1981).
Entre os inseticidas mais eficazes para proteger o pinheiro contra o ataque de D. ponderosae
destaca-se o carbaril (Fettig et al., 2006). De acordo com esses autores, uma única pulverização
desse inseticida protege por dois anos, é economicamente viável e ecologicamente compatível.
No entanto, a constância de seu uso causa toxicidade às abelhas forrageiras. Já os piretróides,
como a permetrina e a bifentrina, também são eficazes, mas protegem por apenas um ano. Embora
tais inseticidas sejam amplamente utilizados, eles exigem o transporte de grandes equipamentos
em áreas remotas, o que pode ser problemático. Outro aspecto restritivo, é pulverizar Pinus contorta
em grandes altitudes, acima de 2400m, como no oeste dos Estados Unidos. A neve, nos meses
de maio e junho, impede as pulverizações antes do início de voo de D. ponderosae. Há que se
acrescentar ainda, problemas com derivas e subsequente contaminação das águas adjacentes
(Fettig et al., 2007).
Defensivos com mobilidade sistêmica, injetados no tronco, foram avaliados na proteção de
pinheiros contra o ataque de besouros da casca no oeste dos EUA. Entre esses inseticidas, destaque
para as formulações de benzoato de emamectina e fipronil. Embora os resultados sobre D. ponderosae
tenham sido inconclusivos, uma única injeção de benzoato de emamectina protegeu pinheiros de P.
ponderosa do ataque de Dendroctonus bravicornis por 3 anos (Grosman et al., 2010). Essa foi a
primeira aplicação bem-sucedida de um inseticida sistêmico injetado no tronco de um pinheiro usada
para proteger árvores dos ataques de besouros no oeste dos EUA. Outras pesquisas confirmaram
que injeções de fipronil eram ineficazes para proteger P. contorta da mortalidade atribuída a D.
ponderosae (Fettig et al., 2010).
Com base na eficácia de injeção de abamectina, Fettig, Grosman & Munson (2013), deram inicio
a um experimento que teve inicio em 2009, onde fizeram uso do Abacide 2 , uma formulação contendo
2% de abamectina, com mobilidade no xilema e floema, adequada para injeções em árvores. Esses
autores fizeram uso também do Tebuject 16, um fungicida triazol contendo 16% de tebuconazol),
misturado com Abacide, com objetivo de determinar ao mesmo tempo sua eficiência sobre o inseto
e o fungo da mancha azul.
Para o experimento foram utilizados 120 pinheiros, sendo 30 plantas injetadas com Abacide e,
outras 30 com a combinação dos dois. Os outros sessenta pinheiros serviram como testemunha nos
anos subsequentes (2010-2011). As árvores tinham diâmetro médio de 22,04 cm e, a cada 2,54 cm
do tronco, foi injetado 20 ml da Abacide e 6 ml de Tebuject. Após as injeções dos compostos, foi
colocado em todas as árvores que compunham o experimento o feromônio de agregação de D.
ponderosae [trans-verbenol (1,2 mg/d) e exo-brevicomin (0,3 mg/d); Contech Inc., Delta, BC com
objetivo de atraí-los e induzi-los ao ataque. Para injetar os compostos para o interior dos pinheiros
foi usado o injetor ArborjetTree IV™ microinfusion system (Arborjet Inc.). O numero de pontos de

78
injeção ao redor do tronco foram 8 e estavam situados a 30 cm do solo. O tempo médio para injetar
os compostos para o interiro do tronco foi de 12 minutos/arvore.
No ano de 2010 não foi registrado a morte de pinheiros por D. ponderosae nas árvores tratadas
com abacide e, tampouco, as que receberam a mistura de abacide mais tebuject. Assim, ambos
tratamentos diferiram significativamente em relação aos pinheiros que não receberam esses
compostos, pois foram registrados 60% de mortalidade nas plantas testemunhas. Também não
houve diferença significativa entre esses dois tratamentos, abacide e abacide + Tebuject,
respectivamente. Já em 2011, 13% dos pinheiros que receberam somente injeção de abacide
morreram, enquanto dentre as árvores que receberam a mistura de abacide mais tebuject não foram
registradas mortes. Com relação às árvores testemunhas, 73% pereceram no ano de 2011. No final
dos estudos foi constatado que o tratamento com abacide evitou a morte de 26 árvores, enquanto a
mistura de abacide mais tebuject, preservou as 30 árvores.
No Brasil, a seca-da-mangueira (Mangifera indica L.), causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata
Ell & Halst, está disseminada em alguns estados brasileiros. Em variedades suscetíveis pode provocar
a morte da planta em menos de dois anos em qualquer idade, trazendo sérios prejuízos à cultura. A
disseminação e veiculação do patógeno estão intimamente associadas à presença da broca
Hypocryphalus mangiferae (Coleoptera, Scolytinae) (Martins, Santos & Moraes, 1974). De igual
modo, a doença mal-do-facão no cacaueiro causada por Ceratocystis fimbriata tem matado centenas
de plantas no sul da Bahia e pode estar associada a escolitídeos do gênero Xyleborus e Xylosandrus
(Oliveira e Luz, 2005). Assim, a exemplo dos estudos de Fettig, Grosman & Munson (2013), injeções
com triazóis deveriam ser avaliadas sobre o complexo fungo/escolitideo em cacaueiros, notadamente
aqueles plantados sob o bioma mata atlântica, pois ao contrário de pulverizações convencionais,
injeção no tronco preservaria as diferentes interações tróficas que ali ocorrem. Há que lembrar, que
pulverizações com tebuconazole protegeram cacaueiros tanto em viveiros quanto em campo. Assim,
em pequenas propriedades onde as doenças Mal do facão e Vassoura-de-bruxa estão presentes, a
hipótese de que uma só injeção de triazol poderia proteger contra o ataque de ambos patógenos a
um baixo custo operacional e ambiental, deveria ser avaliada.

79
CAPÍTULO 6

“CICATRIZAÇÕES” E INJEÇÕES EM MONOCOTILEDÔNEAS

José Inácio L. Moura

Introdução

As monocotiledôneas, especialmente as palmeiras, não compartimentalizam seus ferimentos


segundo o modelo CODIT (sigla em inglês que significa compartimentalização da decomposição em
árvores) estabelecido por Shigo & Marx (1977). Embora não formem barreiras (calos) nas partes
feridas para evitar estresse por evaporação e penetração de fungos xilófagos, a exemplo das
dicotiledôneas, não significa que as palmeiras não sejam capazes de curar seus ferimentos, pois se
não possuíssem tal capacidade certamente nunca teriam surgido no mundo vegetal.
As palmeiras, quando feridas, reagem de acordo com o processo semelhante ao observado em
árvores durante a primeira etapa de compartimentalização: necrose, dessecação da ferida e produção
significativa de fenóis pelas células parenquimáticas. No entanto, não produzem calos (quarta etapa
do modelo CODIT), a exemplo das árvores, que formam uma barreira sobre a parte ferida, lembrando
uma gengiva (Bostock & Stermer, 1989; Bloch, 1937; Aloni & Plotkin, 1985; Rittinger, Biggs & Peirson,
1987, citado por Ferry & Gomes, 2014).
Conforme Ferry & Gomes (2014), a principal razão da selagem das partes feridas das palmeiras
não seguirem o modelo CODIT, ou seja, a produção de tiloses ou calos, deve-se à anatomia e ao
desenvolvimento específicos das palmeiras.
Nas palmeiras, a atividade do broto terminal está na origem do crescimento em diâmetro e, esse
crescimento cessa quando o botão terminal atingir determinada altura, e a reconstituição do tecido
lesado é desnecessária para o seu desenvolvimento arquitetônico ulterior, enquanto que para as
árvores é indispensável. As árvores apresentam crescimento indefinido de diâmetro e esse é o
resultado da atividade do câmbio. Assim, o desenvolvimento de um calo, com subsequente
diferenciação do câmbio (na formação do xilema e floema) e do felógeno (reconstituição da casca),
em continuidade com o câmbio não-ferido e o felógeno, é imperativo nas árvores, em razão do
crescimento indefinido do diâmetro. Desse modo, a quarta etapa do modelo CODIT, que é a formação
de barreira cobrindo a parte ferida, é indispensável nas árvores e ausente nas palmeiras. Tais
diferenças anatômicas entre árvores e palmeiras, têm consequências importantes em relação ao
efeito dos ferimentos. Os ferimentos na casca de uma árvore podem levá-la a morte, pois o câmbio
e o felógeno são compostos de células meristemáticas, que têm paredes finas e não apresentam
muita resistência a microrganismos invasivos. Tal característica não existe nas palmeiras (Ferry &
Gomes, 2014).
Outra grande diferença anatômica entre palmeiras e árvores é o arranjo dos feixes vasculares.
Nas palmeiras, eles estão distribuídos em toda a seção do estipe, enquanto nas árvores são
organizados anualmente em anéis. De acordo com Stipes (1988), quando os anéis do alburno são
atingidos por algum ferimento pode haver risco para a sobrevivência da árvore (Ferry & Gomez,
2014). Há que se acrescentar, ainda, que o anel do floema apresenta a mesma ou maior fragilidade,
porque está em uma posição mais externa.
Devido a forma de distribuição dos vasos condutores nas palmeiras, os ferimentos no estipe têm
consequências menos grave do que nas árvores, ou seja, a destruição de alguns vasos mais externos
não compromete o desenvolvimento ulterior da planta. É frequente encontrar palmeiras com lesões
extensas e profundas, com os ferimentos selados e em pleno crescimento, demonstrando que o
fluxo bidirecional de seiva não foi seriamente comprometido. Em síntese, as palmeiras não só são
capazes de selar seus ferimentos como são menos vulneráveis que as árvores, quando feridas.
No Brasil, determinados segmentos da sociedade divergem quanto ao uso da endoterapia no
controle de doenças e pragas das palmeiras, em parte devido ao desconhecimento das diferenças
anatômicas entre árvores e palmeiras.

80
Como já citado, o fato de as palmeiras não terem cambio e felógeno constitui-se em uma
vantagem comparativamente às dicotiledôneas, pois tais tecidos oferecerem menos resistência
a danos por microrganismos e são mais sensíveis a problemas de fitotoxidade (Ferry & Gomez,
2014).
Outro aspecto a ser considerado diz respeito ao centro das árvores (cerne) e ao centro do estipe
nas palmeiras. O cerne, é uma espécie de coração da árvore. Essa região perde tecido vivo, à
medida que as células do alburno decaem, morrem e vão sendo ao cerne incorporadas. Em razão
disso, por não terem mecanismos ativos de defesa, não resistem a invasão de microrganismos. Já
a parte central das palmeiras é composta por feixes vasculares e tecidos parenquimáticos que
permanecem indefinidamente vivos e, por essa razão, são capazes de empregar mecanismos ativos
para reagirem a um dano. Esta importante diferença explica porque a profundidade da injeção é
menos crucial nas palmeiras do que nas árvores (Ferry & Gomez, 2014).
Outro aspecto da endoterapia em palmeiras e árvores está relacionado ao formato arquitetônico
de ambas. As palmeiras têm uma arquitetura muito simples, pois é formada por um único estipe que
mantém o diâmetro constante e, em seu broto terminal, agrupam-se as folhas. Já as árvores têm
numerosos ramos e crescimento em diâmetro indeterminado. Por isso, a injeção com defensivos
nas palmeiras alcança com mais facilidade as folhas do que nas árvores. Há que se considerar que
a distribuição do defensivo no dossel da árvore requer um grande número de pontos de injeção no
tronco. De acordo com Ferry & Gomez (2014), são necessárias uma injeção a cada 10 ou 15 cm ao
redor do tronco e, o número de pontos é calculado em função do diâmetro do tronco da árvore. Já
nas palmeiras o número de pontos não excede a quatro, independentemente do diâmetro do estipe.
A peculiaridade de seus feixes vasculares é a razão pela qual um pequeno número de pontos nas
palmeiras é suficiente para uma adequada distribuição do defensivo na copa. Os feixes vasculares
das folhas das palmeiras formam espirais no estipe que, por sua vez, estão conectados aos feixes
vasculares centrais do estipe em grande número de pontos (Tomlinson, 1990, citado por Ferry &
Gomez, 2014).

PROCEDIMENTOS PARA INFUSÃO EM PALMEIRAS

Há mais de 40 anos as infusões e injeções em palmeiras, especialmente as de valor comercial


como o dendezeiro, coqueiro e tamareira, vêm sendo praticadas em alguns países dos continentes
asiático, africano e americano e, até a presente data, não há relatos de problemas biomecânicos e/
ou patologias decorrentes da endoterapia (Ferry & Gomez, 2014). De maneira geral, observa-se
que nos ensaios com endoterapia em palmeiras a técnica mais usual é a infusão passiva. A infusão
passiva depende da tensão (pressão negativa) nos vasos do xilema, gerada pelo fluxo ascendente
da seiva, ou seja, da força do vácuo (efeito Venturi) criada por esse fluxo. Já a injeção, depende de
uma pressão externa para “empurrar” o composto para os tecidos vasculares. No entanto, sua subida
depende também da taxa de transpiração.

Coqueiros e dendezeiros
O primeiro passo para infusões em palmeiras é escolher a estação do ano adequada. Assim,
tomando-se como referência o sul da Bahia, é recomendável que as injeções sejam conduzidas no
verão, nos meses mais quentes, com chuvas e a umidade relativa mais baixa. No período de umidades
relativas altas, temperaturas baixas e frequentes chuvas, a atmosfera fica mais saturada e, em
decorrência desse fato, a taxa de transpiração fica mais lenta. Daí, a razão de defensivos (fungicidas,
por exemplo) ficarem estacionados por algum tempo no interior nos orifícios (feito para infusão),
quando aplicados nesse período.
Uma maneira prática para certificar se o defensivo será aspirado pela palmeira é fazer um teste
antes de dar início aos tratamentos. Para tanto, uma solução de 10 ml de água e corante vermelho
deve ser introduzida em um orifício feito na base do estipe. No decorrer de alguns dias, essa solução
deve ser retirada com auxílio de uma seringa acoplada a uma mangueira. Caso não haja mais
vestígio de solução avermelhada, conclui-se que ela foi totalmente aspirada. Havendo menor volume
comparativamente à quantidade introduzida (10 ml), admite-se que a solução ainda está sendo
aspirada. Uma vez que o volume permanece o mesmo, é possível que o coqueiro esteja com a
transpiração lenta, não sendo recomendável infusões no período em questão.

81
Palmeiras com doenças contínuas implicam em controles contínuos. Em razão disso, é preciso
buscar procedimentos que amortizem mais o custo do controle. Assim, observa-se, como exemplo,
coqueirais com complexo parasitário das doenças lixa pequena (Camarotella torrendiella (Batista)
Bezerra & Vitória, lixa grande (Coccostromopsis palmicola) e a queima das folhas (Lasiodiplodia
(Botriodiplodia) theobromae Pat.). O controle destas enfermidades via pulverizações com triazol
mostrou ser mais econômico quando veiculado via axila da folha número nove (Caron, 2012).
Trata-se de uma tática mais seletiva do que pulverizações generalizadas e, de certa forma, uma
estratégia inteligente, pois preserva a superfície do estipe do coqueiro para futuras injeções,
notadamente quando as axilas se tornam inalcançáveis para pulverizações.
Em pequenas propriedades (por exemplo, 3 hectares de coqueiros) as injeções podem ser feitas
por uma única pessoa, em duas etapas. Na primeira, são feitos os furos na base do tronco e, na
segunda etapa, a colocação dos defensivos nesses orifícios. Nesse caso, os furos no estipe podem
ser feitos com uma furadeira movida a bateria. Em furos no estipe com broca de 12 mm de diâmetro
podem ser despejados até 10 ml do composto. Os furos sempre deverão ser inclinados em relação
ao solo. Caso ocorram chuvas no período das injeções, recomenda-se vedar os buracos com
dispositivo que melhor estiver ao alcance, como tarugos de madeira e rolhas, de cortiça ou plástico.
Porém, buracos abertos facilitam a dessecação dos tecidos e subsequente selagem. Já em áreas
maiores, é recomendado o uso de moto serras com adaptador para furadeira. Se o plantio for
constituído de dendezeiros, os furos terão que ser feitos com moto serra, independentemente do
tamanho da área, pois o estipe é extremamente fibroso e as ramificações das raques foliares
dificultam o uso de furadeiras com bateria.
Provavelmente a primeira experiência com “injeções” em dendezeiros no Brasil foram conduzidas
por Silva et al. (2003), em plantios comerciais no estado do Pará, visando controlar larvas de
Eupalamides cyparissias Cramer,1775 (Lepidoptera: Castniidae). Os autores usaram defensivos de
ação sistêmica e não sistêmica tais como nuvacron, metamidofós, triclorfon e carbaryl. Para veiculação
dos defensivos, foram feitos furos no estipe com 20 mm de diâmetro e 15 cm de profundidade. De
acordo com os autores, os inseticidas tiveram baixa eficiência na mortalidade de larvas de E.
cyparissias. O nuvacron causou maior mortalidade, porém sua eficiência foi de apenas 39%. Relataram
ainda, que a eficiência dos inseticidas, em função do número de furos, apresentou uma grande
variabilidade, como o Monocrotofós que variou a eficiência entre 20,25%, quando o inseticida foi
aplicado em 3 furos, e 62,37% para a injeção de inseticida em 2 furos. Por último, os autores citaram
que os inseticidas se mostraram ineficientes no controle de E. cyparissias e consideraram a injeção
traumática para a planta devido a necrose dos tecidos.
Embora Silva et al. (2003), não tenham recomendado o uso de injeções em dendezeiros para
controlar E. cyparissias, expressivo número de artigos relatam as vantagens do uso de injeções no
controle de pragas e doenças nas palmeiras-das-canárias, tamareiras, coqueiros e dendezeiros
(Nadarajan & Basavana 1981; Franqueville & Renard 1989; Kanagaratnam & Pinto, 1985; Thevenin
et al., 1995 ; Jayalakshmi & Khan, 2003; Asia-Pacific Forest Invasive species network, 2005; Yueguan
& Xiong, 2007; Wood, 1974; Mariau, 1979; Vessey, 1981; Genty, Garzon & Garcia, 1983; Reyes,
Cruz & Genty, 1988; Gurmit, 1992; Caudwell & Orrell, 1997; Young, 1998; Caudwell, 2000; Hean,
2000; Jelani et al., 2004; Courier Agrochem, 2009; El-Ezaby, 1997; Abdallah & Al-Khatri, 1999,
2000; Azam & Razvi, 2001; Lakshmanan, Subba-Rao & Subramanian, 1972; Muthuraman, 1984;
(Citados por Ferry & Gomez, 2014 e Estévez, Ferry & Gómez, 2011). Portanto, julgar a prática
como “traumática”, nada mais é que um clichê. Estévez, Ferry & Gómez (2011), usou esse termo
para chamar a atenção de certos autores que julgam que as palmeiras não são capazes de curar
seus ferimentos, pelo fato de não terem câmbio. Essa alegação foi desmistificada por Shigo (1993),
em seu livro intitulado “Os 100 mitos sobre as árvores”. Por fim, tratando-se de injeções em palmeiras,
além da selagem dos tecidos necrosados, a área dos tecidos adjacentes aos tecidos necrosados
é expressivamente maior, o que permite a fluidez da seiva com subsequente desenvolvimento
da palmeira.
No sul da Bahia, não é incomum observar insetos não alvos, mortos no interior dos orifícios do
estipe do dendezeiro após injeção com os defensivos. Entre estes, o besouro predador Hololepta sp
(Coleoptera; Histeridae). Esse inseto alimenta-se de ovos e larvas de Rhynchophorus palmarum em
seus primórdios de desenvolvimento. Chegam até aos orifícios atraídos por voláteis emanados dos

82
ferimentos feitos para “injeção”. Contorna-
se esse problema, introduzindo no orifício
um cano de PVC (1/2 de polegada) de no
máximo 5 cm. Uma conexão tipo “luva” é
adaptada na extremidade do cano (Figura
47) e, após introdução do defensivo no
interior no estipe, o orifício é tapado com o
cano. A razão do cano (tapa buraco) ter
no máximo 5 cm é para permitir que o
restante dos tecidos internos do estipe
fique em contato direto com o defensivo e
ocorra uma aspiração mais rápida pelos
feixes vasculares.
É importante salientar que o tipo de
formulação pode ter influência no tempo
de aspiração do composto. Assim,
defensivos com formulação concentrado
emulsionável e viscosa, demandam certo
Figura 47. Cano de ½ polegada (5 cm) com luva tapando orifício tempo (dias) para serem totalmente
de injeção. aspirados pela palmeira. No entanto, o
tempo para a aspiração varia no espaço/
tempo, espécie de palmeira e estado
nutricional. As palmeiras possuem feixes
vasculares em toda a extensão do
estipe. Porém, a região do córtex
abaixo da epiderme é extremamente
fibroso e, os feixes nessa região são
menores e poucos (Figura 48). Em
virtude desse fato, é recomendável
comercialmente que a "profundidade
do orifício no estipe seja de 1/3 do
comprimento do diâmetro do estipe.
(Disponivel em : http://palmeralelx.umh.es/
files/2016/07/Emamectina-en-control-del-
picudo-TreeCare-Syngenta-Ing.-R-
Bordonado-Agrocanals.pdf) A título de
exemplo, se o comprimento da
Figura 48. Feixes vasculares de uma palmeira. Observar que
os feixes abaixo do córtex são maiores e mais numerosos. Daí a circunferência do estipe for de 100 cm, ter-
razão da recomendação dos furos para injeção não excederem 1/ se-á um diâmetro próximo de 32 cm.
3 do diâmetro do estipe. Tomando-se 1/3 desse comprimento, a
profundidade será de 10,6 cm.

83
CAPÍTULO 7

EXPERIÊNCIAS EXITOSAS COM INJEÇÕES NO CONTROLE DE DOENÇAS E


PRAGAS DAS PALMEIRAS
José Inácio L. Moura, Mateus Endringer Caliman, Deisy Janiny G. Silva, Rosane R. da C.
Pereira e Jadergudson Pereira
A. DOENÇAS
Alvo biológico: Bursaphelenchus cocophylus (anel-vermelho)
Produto injetado: Abamectina

A.1. Dendezeiro
O dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.) é suscetível a diversas pragas e doenças. Entre as doenças
letais ao dendezeiro na Bahia tem-se o anel-vermelho, causada pelo nematóide Bursaphelenchus
cocophilus (Figura 49 B) (Cobb, 1919) Baujard,1989 que tem como inseto vetor o Rhynchophorus
palmarum L (Figura 49 A). A doença também pode ser transmitida para as palmeiras através de
ferramentas contaminadas.
No estágio inicial do anel-vermelho os sintomas externos são caracterizados pela cor amarelo-
ouro das folhas basais (Figura 50 A), iniciando na ponta e avançando em direção à ráquis, tornando-
se necrosadas e quebrando-se na base. No estágio mais avançado a copa apresenta-se com um
aspecto amarelo-ouro, com exceção de um tufo central de folhas verdes, as quais se dobram, secam

A
B

Figura 49. Rhynchophorus palmarum (A) e nematóide Bursaphelenchus cocophilus (B).

A B

Fonte: José Inácio Lacerda Moura


Figura 50. Sintoma externo do anel-vermelho no dendezeiro (A), e sintoma externo no coqueiro (B).

84
e a planta morre (Ferreira, Warwich e Siqueira, 1998). O principal problema com esta enfermidade
está relacionado com a rápida e correta diagnose, pois uma vez estabelecida a doença, o dano ao
dendezeiro é irreversível. Desta forma, há a necessidade de estabelecer medidas preventivas e
curativas de controle mais eficazes, uma vez que as recomendações no controle desta doença
baseiam-se na erradicação de plantas doentes e na coleta massal do inseto vetor, através de
armadilhas constituídas com iscas alimentares (toletes de cana-de-açúcar) mais o feromônio sintético
rincoforol (Griffith et al. 2005; Ferraz & Brown, 2016; Moura, 2017).
Como já relatado em capítulos anteriores, injeções com abamectina, benzoato de emamectina e
cialodiamida no controle preventivo do nematóide Bursaphelenchus xylophilus, causador da murcha
do pinheiro foram conduzidas na EUA, Europa e Asia. No entanto, é desconhecida a existência de
estudos com injeções de pesticida no controle preventivo do B. cocophilus em dendezeiros e coqueiros
no Brasil.
Em razão disso, Caliman (2020) conduziu um estudo com objetivo de determinar se injeções com
abamectina apresentavam efeito preventivo e curativo sobre o anel-vermelho. Complementar a esse
estudo, esse autor avaliou se injeções com abamectina tiveram efeito deletério sobre os besouros
polinizadores do dendezeiro, bem como investigaram a existência de resíduos desse inseticida nos
frutos do dendezeiro.

Controle preventivo
Para avaliar o efeito preventivo da abamectina sobre B. cocophilus, Calimam (2020) selecionou
aleatoriamente dendezeiros sadios, da variedade Tenera, com cerca de 20 metros de altura, 140
centímetros de circunferência de estipe (d = 44,6 cm) e 35 anos de idade. Em cada palmeira, foram
feitos três furos no estipe com inclinação de aproximadamente 45° em relação ao solo (um furo para
aplicação da abamectina e dois furos para inoculação da suspensão do nematóide) de
aproximadamente 30 cm de profundidade, 16 mm de diâmetro e a 90 cm de altura do solo, utilizando
uma furadeira acoplada a motosserra, sendo estes vedados com rolhas de madeira, para evitar a
entrada de contaminantes. As “injeções” com abamectina tiveram concentrações de 10, 20 e 40 mL
do produto concentrado/planta, correspondendo a 0.18, 0.36 e 0.72 g i.a. do produto, respectivamente.
Para cada dosagem do defensivo, utilizaram-se 20 plantas e igual número no controle (sem
abamectina, mas inoculadas com nematóides), sendo a testemunha positiva. Outros 20 dendezeiros
foram injetados apenas com 100 mL de água destilada, sendo a testemunha negativa. À exceção
das plantas que compuseram a testemunha negativa, as demais foram inoculadas com suspensão
de 20.000 nematóides (50 mL da suspensão por furo) após cinco dias da aplicação da abamectina.
Desse modo, um total de 100 dendezeiros foram analisados.
Conforme Calimam (2020),
as injeções com abamectina
visando o controle preventivo
mostraram-se eficientes quando
aplicadas na dosagem de 40 mL
do produto (0,72 g/mL i.a.), uma
vez que apenas 15% das
plantas tratadas com esta
dosagem desenvolveram os
sintomas externos, 5%
apresentaram o anel interno e
em 20% foi detectado o B.
cocophilus após 210 dias
(Figura 51). Nas dosagens de 20
e 10 mL do defensivo os
resultados não foram Fonte: Mateus Endringer Caliman
significativos, podendo ser Figura 51. Porcentagem de plantas com sintomas externos do anel vermelho
observados sintomas externos em dendezeiros tratados com as dosagens de 10, 20 e 40 mL da abamectina
em 40 e 50% das palmeiras no período de 210 dias.

85
tratadas, respectivamente. A análise de sintomas internos e presença do B. cocophilus no estipe, na
dosagem de 20 mL do produto, revelou que 45% das palmeiras apresentavam o anel interno e 55%
possuíam o patógeno ativo. Na dosagem de 10 mL, a presença do anel interno aumentou para 65%
e o patógeno foi observado em 80% das plantas. Na testemunha positiva, notou-se os sintomas
externos em 90% das plantas e a presença do anel interno, bem como do nematóide, em 100% dos
estipes analisados (Figura 51).

Controle Curativo

Para determinar a eficiência da abamectina no controle curativo do anel vermelho, Caliman (2020)
utilizou dendezeiros da variedade Tenera com altura aproximada de 15 metros, 160 centímetros de
circunferência de estipe (d = 50,9 cm) e 20 anos de idade. Para condução deste experimento foram
selecionadas, aleatoriamente, 100 palmeiras. Após, foram feitos dois furos de aproximadamente 30
cm de profundidade e 16 mm de diâmetro, com inclinação aproximada de 45° em relação ao solo, a
90 cm de altura do solo. Foram utilizadas 80 plantas, sendo estas previamente inoculadas com a
suspensão de 20.000 espécimes de B. cocophilus (50 mL por furo). As “injeções” com abamectina
ocorreram em três momentos distintos: 5, 10 e 15 dias após a inoculação do nematóide. Para cada
momento foram utilizadas 20 plantas, dentre as 80 previamente inoculadas com o patógeno, nas
quais foi feito um furo por estipe e injetados 40 mL de abamectina. As testemunhas positivas (sem o
tratamento com o defensivo) e negativas (apenas com aplicação de 100 mL de água destilada)
foram compostas por 20 dendezeiros.
De acordo com Calimam (2020), “injeções” em dendezeiros infectados com o B. cocophulis,
na dosagem de 40 mL de abamectina, mostraram-se eficientes quando aplicadas até dez dias
após a infecção do patógeno. Desse modo, 10% das palmeiras desenvolveram o sintoma
externo, enquanto 5% apresentaram o anel interno. Porém, quando tratadas com o defensivo
após 15 dias, o número de plantas com sintomas externos e anel interno aumentou para 50%
(Figura 52).
Ao analisar a presença do nematóide nos estipes tratados com abamectina, após 5 dias da
infecção do patógeno, observou-se que 60% das plantas estavam infectadas com B. cocophilus,
aumentando esta porcentagem para 75% nos estipes tratados após 10 dias, chegando a 85% nos
dendezeiros que receberam o produto após 15 dias. Na testemunha positiva, 100% das plantas
apresentaram sintomas externos e internos do anel vermelho e em todas o nematóide estava
presente (Figura 52).

Fonte: Mateus Endringer Caliman

Figura 52. Porcentagem de plantas com sintomas externos e anel interno e com nematóides 5, 10 e 15
dias o tratamento com abamectina na cura do anel vermelho em dendezeiros.

86
Injeção de abamectina e seu efeito sobre os besouros polinizadores

Para avaliar se a abamectina, quando infundida nos tecidos vasculares dos dendezeiros, tinha
ou não algum efeito deletério sobre os polinizadores E. kamerunicus e E. subvittatus, foram
selecionados aleatoriamente 40 dendezeiros da variedade Tenera, com aproximadamente 5 metros
de altura e 130 centímetros de circunferência de estipe (d = 41,4 cm). Conforme Calimam (2020),
foram injetados 40 mL de abamectina em 20 palmeiras e, na testemunha, com igual número de
plantas. Decorridos aproximadamente 30 dias após as injeções, inflorescências em estádio de
ântese foram previamente identificadas no campo e, logo após esse estágio (aproximadamente
três dias), foram coletadas três espiguetas das inflorescências localizadas no topo, meio e base,
respectivamente. Em seguida, estas foram colocadas individualizadas em copos plásticos, cobertos
com tela de tecido (organza). À medida que os adultos de E. kamerunicus e E. subvittatus emergiam,
eram separados por espécie e contados, conforme metodologia de Moura et al. (2008). A
comparação entre as médias de E. kamerunicus e E. subvittatus foi realizada por meio do teste de
Tukey a 5% de probabilidade, levando em consideração inflorescências oriundas de dendezeiros
com e sem injeção de abamectina.
Na Figura 53 pode ser visualizado o número de espécimes de E. kamerunicus e E. subvittatus
que emergiu das inflorescências masculinas pós ântese de dendezeiros, com e sem o tratamento
com a abamectina.
A análise de variância demonstrou que não houve diferença significativa entre os valores
médios de indivíduos encontrados por espécies de polinizadores emergidos das espiguetas
(teste de Tukey, p ≥ 0,005). Embora não tenha havido diferença estatística entre os tratamentos,
foi possível observar que houve uma variação numérica nas médias entre indivíduos da mesma
espécie em plantas tratadas ou não. Assim, em média emergiram 44.4 espécimes de E.
kamerunicus de inflorescências oriundas de dendezeiros tratados com abamectina, contra 60.2
de espécimes de dendezeiros não tratados. Já para E. subvittatus, observa-se que o número
médio de espécimes emergentes foi 15.6 contra 27.2 de inflorescências oriundas de dendezeiros
não tratados.

Fonte: Mateus Endringer Caliman

Figura 53. Número de espécimes de Elaeidobius kamerunicus e E. subvittatus emersos da inflorescência masculina
de dendezeiros com e sem a aplicação de 40 mL da abamectina.

87
Resíduos de abamectina nos frutos do dendezeiro
Para avaliar o índice de resíduo da abamectina em frutos de dendezeiro, as coletas dos frutos
foram iniciadas sete dias após a última aplicação do defensivo, sendo colhidos até março de 2020
(uma amostra por mês), conforme maturação dos frutos (frutos soltando do cacho), totalizando
três amostras. Os frutos foram encaminhados para o Instituto de Química da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp), para estudos cromatográficos. O método de extração para análise de
resíduo da abamectina no mesocarpo dos frutos de dendezeiro foi desenvolvido utilizando-se a
técnica de cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massa sequencial
(HPLC-MS/MS) (Kruve et al., 2015). Para desenvolvimento do método, foram utilizadas amostras
de frutos de forma fortificada com o padrão (abamectina) e realizado o procedimento de extração
denominado QuEChERS, utilizando-se o acetato de sódio na etapa de adição de sais
(Anastassiades & Lehotay, 2003; Rizzetti et al., 2016). Este método foi otimizado, demonstrando
ser capaz de quantificar abamectina em frutos de dendezeiro com boas recuperações do analito.
Por fim, foi realizada a validação do método de acordo com as normas do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2011). De cada amostra dos frutos de dendezeiro tratados com
a abamectina, foram extraídas seis replicatas e em cada uma das replicatas foi realizada a
determinação de abamectina duas vezes.
Nas análises de resíduo de abamectina no mesocarpo dos frutos de dendezeiro, quando tratados
com 40 mL do produto comercial Abamex®, não foram observados picos cromatográficos para o
defensivo, indicando que a concentração deste produto está abaixo do limite quantificável pelo
método, que foi estabelecido pelo MAPA em 25 μg/kg. Tal resultado viabiliza o uso deste defensivo
para o controle endoterápico do anel vermelho em plantações comerciais de dendezeiro, uma vez
que a produção desta oleaginosa é voltada para extração de óleo, obtido através do mesocarpo do
fruto ou do endosperma da semente, destinados principalmente à indústria alimentícia (Bergmann
et al., 2013; Abrapalma, 2018).

A.2. Coqueiro
A eficácia das injeções com abamectina na prevenção do anel vermelho em coqueiros foi estudada
em um coqueiral da variedade gigante, com cerca de 20 metros de altura e 90 cm de circunferência
de estipe (d = 28,6 cm). As injeções com o defensivo tiveram início em novembro de 2017, utilizando
a seringa ChemJet Tree Injector® (Chemjet Trading Pty Ltd., Bongaree, Queensland, Austrália).
Para efetuar o furo no estipe dos coqueiros, foi utilizada uma máquina dewalt de 20 volts, movida
à bateria, com broca de 4,7 mm. Os orifícios foram feitos a uma profundidade aproximada de 3 cm,
com inclinação de 45º e a uma altura de 90 cm em relação ao solo. As injeções com abamectina
(produto comercial Abamex®;18 g/L do i.a.) foi usada nas concentrações de 10, 20 e 30 mL do
produto concentrado (0,18; 0,36 e 0,54 g. i.a., respectivamente) por coqueiro, com 20 coqueiros
escolhidos ao acaso para cada tratamento. Pelo fato de a seringa só ter capacidade para 20 mL e
haver necessidade de se aplicar 30 mL de abamectina, as injeções foram conduzidas em duas
etapas, utilizando-se o mesmo furo (Figura 54). As plantas-controle foram compostas de 20 coqueiros
sem o tratamento com a abamectina, mas inoculadas com o nematóide (testemunha positiva), sendo

Fonte: Mateus Endringer Caliman

Figura 54. Furo no estipe com uma furadeira elétrica movida a bateria (A). Injeção com a seringa ChemJet Tree
Injector® com três concentrações da abamectina: 10, 20 e 30 Ml (B).

88
que igual número de palmeiras só recebeu injeções com água destilada (testemunha negativa),
perfazendo um total de 100 coqueiros.
Para determinar se “injeções” de abamectina preveniam infecção por B. cocophilus, três dias
após a aplicação do produto foram inoculados nematóides nos coqueiros através de um orifício
feito no estipe 20 cm abaixo dos pontos das injeções. Com exceção das plantas que compuseram
a testemunha negativa, as demais receberam uma suspensão de 20.000 nematóides.
A observação dos sintomas externos do anel vermelho em coqueiro (Figura 50 B) foi
estabelecida de acordo com os resultados obtidos por James, Tisserat & Todd (2006) para a
murcha do pinheiro (Pinus sylvestris L.), causada pelo nematóide Bursaphelenchus xylophilus
(Steiner & Buhrer) Nickle, estipulando o período de doze meses para observar o efeito preventivo
da abamectina sobre o B. cocophilus. Após observação dos sintomas externos em dezembro de
2018, as palmeiras foram cortadas a uma altura aproximada de 60 cm do solo, para observar a
presença do anel interno na parte basal do estipe. Em seguida, pedaços dos estipes foram
cortados e levados para o laboratório para extração e contagem de indivíduos vivos de B.
cocophilus, conforme metodologia de Oliveira e Wilcken (2016).
As injeções de abamectina com seringas ChemJet® duraram em média 10 horas para que o
produto fosse completamente infundido no sistema vascular do coqueiro. É possível que a demora
para o composto ser injetado para o interior do estipe dos coqueiros seja devido ao estado
fitossanitário das plantas, pois apresentavam reduzido número de folhas, em decorrência de
doenças foliares. Durante 12 meses foi observado que somente 5% dos coqueiros que receberam
injeções com 30 mL de abamectina apresentaram sintomas externos e internos do anel vermelho.
Já dos coqueiros que receberam injeções com 20 mL de abamectina, 10% apresentaram sintomas
externos da doença e em 20% havia indício do anel interno. Por fim, nos coqueiros que receberam
10 mL desse defensivo, 40% apresentaram sintomas externos e 55% apresentaram o anel vermelho
internamente. Quanto às plantas que compuseram a testemunha positiva, 100 % desenvolveram
internamente a doença e externamente mostraram-se sintomáticas (Figura 55).

Fonte: Mateus Endringer Caliman

Figura 55. Porcentagem de plantas com sintomas internos e externos de anel vermelho em coqueiro
tratados com injeções no estipe de três diferentes dosagens de abamectina: 10, 20 e 30 mL.

89
Conclusões e Considerações

O anel vermelho é a doença mais comum e letal aos dendezeiros no sul da Bahia. Se considerado
esse aspecto, é justificável o uso de injeções com abamectina, pois 40 mL do defensivo, aplicado
via estipe, foram suficientes para prevenir 85% da incidência desta doença e curar 90% das plantas
infectadas artificialmente pelo B. cocophilus, além de proteger as palmeiras por 210 dias após o
início do tratamento. Portanto, apenas duas aplicações ao ano são requeridas, devendo ser feitas
cinco dias antes ou até dez dias após a despalma e/ou coleta de cachos. No entanto, é preciso que
novas pesquisas sejam conduzidas, principalmente testando dosagens menores em plantas menores.
O custo por hectare somente com os pesticidas é de aproximadamente R$ 308,00 (em 03/2021).
Resíduos do produto não foram detectados no mesocarpo de frutos de dendezeiros, indicando
ser viável a utilização deste defensivo em plantações comerciais de dendezeiro, uma vez que o
consumo dos derivados agroindustriais não representa risco à saúde humana.
Os orifícios nos estipes de dendezeiros para injeções com pesticida, deveriam ter melhor
aproveitamento com a incorporação de nutrientes. Assim, decorridos alguns dias após as injeções e
constatado que o composto foi aspirado para a copa, soluções nutritivas deveriam ser introduzidas
nos orifícios do estipe, pois ao contrário das adubações através da raiz, solução nutritiva via orifícios
no estipe tem aproveitamento de 100% pela planta e pode ser aplicada independentemente do
clima. Experiências na Malásia com injeções nutritivas via estipe contribuíram com o aumento da
produtividade entre 5-20%, tendo reflexo inclusive no aumento do nível de betacaroteno e na
percentagem de óleo na fruta. Todavia, formulações com nutrientes adaptadas para injeções não
são comercializadas no Brasil.
Injeções com pesticidas em dendezeiros, no sul da Bahia, não alteram a dinâmica dos
polinizadores, dado o curto ciclo biológico, frequente emissão de inflorescências masculinas com
subsequente emergência de milhares de polinizadores e provimento constante desses polinizadores
através de dendezeiros subespontâneos que compõem a paisagem fitogeográfica do sul da Bahia
(Moura et al., 2008). Por fim, a determinação da concentração letal (CL50), para larvas e adultos de
E. kamerunicus e E. subvittatus nos resíduos da abamectina presentes nas flores masculinas e
pólen, consubstanciaria o presente estudo.
Em coqueiros, o controle preventivo com abamectina, também se mostrou eficaz, onde 20 e 30
ml do produto aplicados via estipe com as seringas ChemJet®, preveniram em mais de 90% a
incidência desta enfermidade em coqueiros da variedade gigante infectados artificialmente pelo
patógeno, protegendo as plantas por doze meses após o início do tratamento. Este é o primeiro
estudo na América Latina a relatar com sucesso a ação preventiva do anel vermelho em coqueiros
com injeções de abamectina. Embora o anel vermelho não seja a pior doença dos coqueiros no sul
da Bahia, sabe-se que seus danos são expressivos em plantios comerciais de coqueiro em alguns
estados do nordeste e norte do Brasil. A abamectina também é uma forte aliada no controle do
ácaro-vermelho-das-palmeiras, Raoiella indica Hirst (Acari: Tenuipalpidae), pois injeções no estipe
do coqueiro mostraram redução populacional efetiva do ácaro nos tratamentos com o acaricida
abamectina (Disponível: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1099374/1/Eficiencia.pdf).
Desse modo, uma única injeção com abamectina não só protege os coqueiros contra o anel vermelho,
como poderia atuar na dispersão e controle do ácaro vermelho das palmeiras.

Injeções para o controle de doenças foliares do coqueiro

Alvo biológico: Camarotella torrendiella, Coccostromopsis palmicola, Botryosphaeria cocogena


Produto injetado: Ciproconazol

Entre as doenças que causam mais prejuízos aos produtores, se destacam as foliares, que se
manifestam através do empardecimento, ressecamento e morte prematura das folhas do coqueiro,
sintomas causados pelo complexo parasitário das doenças lixa pequena, lixa grande e a queima
das folhas (Figura 56).
Batista (1948), descreveu a lixa pequena pela primeira vez em 1940, cujo agente causal foi
recentemente classificado como Camarotella torrendiella (Batista). Segundo Vitória et al. (2008) a
doença é caracterizada por pequenos pontos negros, também conhecidos como verrugas, os quais

90
B
A

Fonte: José Inácio L. Moura

Figura 56. Doenças foliares lixa grande(A) e lixa pequena (B) no coqueiro.

ocorrem em toda a parte área, folíolos, ráquis e frutos do coqueiro. Estas lesões têm a forma de um
diamante, localizando-se em paralelo às nervuras dos folíolos, e apresentam uma crosta negra,
medindo de 5 a 7 cm de comprimento. Posteriormente, as lesões são circundadas por um halo
amarelo, e progridem para uma necrose. Atualmente, a doença é encontrada na maioria das regiões
cultivadas com coqueiro, causando prejuízos mais acentuados em locais com alta precipitação
Warwick (2000). É considerada a doença mais importante da cultura nos estados de Pernambuco,
Pará e Bahia (Viana et al., 2004). O patógeno tem como plantas hospedeiras além do coqueiro: buri-
de-praia (Allagoptera brevicalyx Moraes), mané-véio (Bactris ferrugínea Burret)) e Ouricuri (Syagrus
coronata Mart.) Becc. (Warwick e Leal, 1999).
A lixa grande, descrita originalmente na macaúba (Acrocomia aculeata) e no buri-de-praia (Joly,
1961), causada pelo fungo Coccostromopsis palmicola (Speg) K.D. Hyde & P. F. Cannon, é
caracterizada pela formação de estromas marrons, rugosos, circulares, isolados, em linhas ou
coalescentes, que surgem principalmente na parte superior dos folíolos, sendo que a ráquis foliar
também é bastante atacada. De acordo com Warwick e Leal (1999), durante o mês de junho,
caracterizado por alta precipitação pluvial (média de 150 mm), em Ilha das Flores, Sergipe, entre
19,3 a 61,7% dos estromas do fungo nos folíolos continham ascósporos viáveis, enquanto que, no
mês de dezembro, quando a precipitação é quase nula, a quantidade de esporos viáveis foi de 0 a
6,2%.
A queima das folhas é causada pelo ascomycota Botryosphaeria cocogena Subileau, cujo anamorfo
é Lasiodiplodia (Botriodiplodia) theobromae Pat. Os sintomas são caracterizados por manchas com
coloração marrom-avermelhada que se localizam na extremidade/ margem ou no meio dos folíolos,
desenvolvendo-se em direção a ráquis. Os sintomas, frequentemente, iniciam a partir da extremidade
da folha provocando no início, lesões em forma de “V”. As lesões incitadas por B. cocogena iniciam
na maioria das vezes, nos estromas das lixas pequena e com menor frequência, nos locais onde
ocorre a quebra da ráquis, provocada principalmente por déficit hídrico. Além das folhas ressecarem
prematuramente, os cachos ficam totalmente sem suporte, pendem e os frutos caem, o que prejudica
a produção. A produtividade do coqueiro atacado pela queima das folhas tem, portanto, um prejuízo
direto com a diminuição da produção de frutos e um indireto, com redução da área foliar. Atualmente,
o patógeno encontra-se disseminado em vários estados brasileiros, ocorrendo de maneira endêmica
e causando prejuízos de até 50% na produtividade do coqueiro (Warwick, 2000)
A aplicação de fungicidas, através de pulverizações, é o tratamento mais utilizado para o controle
do complexo de doenças foliares do coqueiro, tendo em vista que poucos avanços foram obtidos em
relação à resistência às doenças. Nenhuma das variedades e híbridos testados apresentou resistência
genética satisfatória. Entre as variedades de coqueiro anão avaliadas o Anão Verde de Jiqui foi o menos
atacado enquanto que os Anões Vermelhos foram os mais suscetíveis (Warwick e Bezerra, 1990). O
híbrido PB 141, cruzamento do ‘Anão Verde’ com o ‘Gigante do Oeste Africano’, foi o mais tolerante à
queima das folhas comparado aos híbridos importados da África (Warwick, Bezerra e Renard, 1991).

91
Nos estudos de Caron (2012), foram obtidos bons resultados no controle da queima das
folhas com pulverizações axilares de Ciproconazol utilizado isoladamente ou em misturas pré-
fabricadas com Azoxystrobin e/ou Trifloxystrobin. No entanto, de acordo com Moura et al. (2019) a
pulverização axilar, embora seja uma tática seletiva comparado a pulverizações generalizadas,
somente será aplicável enquanto a axila da folha número nove estiver alcançável. Em virtude
disso, a injeção passa a ser a tática mais viável, principalmente para os coqueiros híbridos que
têm um porte maior que os da variedade Anã. Embora pulverizações nas axilas sejam mais
seletivas que pulverizações foliares, há que se ponderar que injeções no estipe têm como
vantagens: 1) o tratamento não se limita a mudanças sazonais; 2) o método de aplicação é
simples e de baixo custo; 3) a injeção proporciona maior aproveitamento do pesticida no interior
do coqueiro, visto que na pulverização axilar, ocorre sempre alguma perda do pesticida; 4) reduz
os riscos de contaminação ambiental
(Moura et al., 2019).
Moura et al. (2019) determinaram
a eficiência de injeções de
Ciproconazol (alto 100) no controle
das doenças foliares lixa e queima
do coqueiro. Foram usadas 10 ml
do produto concentrado (1g do
i.a./coqueiro). Para veiculação
do fungicida, foi feito um furo na
base do estipe com auxílio de
máquina de furar. O orifício teve 8
mm de diâmetro e entre 10 a 15 cm
de profundidade. Após, com auxílio
de uma seringa (Figura 57) foram
despejados 10 ml do composto. Em
seguida os orifícios foram tapados
com um pedaço de madeira.
Coqueiros que receberam o fungicida
alto 100 produziram cinco folhas a Figura 57. Injeção com ciproconazol em coqueiro para controlar
as doenças foliares lixa e queima.
mais, comparativamente aos que não
receberam. Considerando que cada folha representa um cacho e, pressupondo-se que cada
cacho produza em média oito frutos, tem-se um ganho de 40 frutos a mais por planta em relação
aos coqueiros que não receberam o fungicida (Moura et al., 2019). Nos estudos de Moura et al.
(2019), os coqueiros tratados com Ciproconazol, produziram em média, 39 frutos a mais que os
não tratados (Figura 58). Tomando-se como base o valor de R$ 1,00 (um real) por fruto verde,
obtém-se ganhos de R$ 30,00 (trinta reais) por coqueiro. Se considerado 200 coqueiros/ha o lucro
bruto por hectare será de aproximadamente R$ 6.000,00 (seis mil reais).

A B

Fonte: José Inácio L. Moura

Figura 58. Coqueiros tratados com injeções de ciproconazol: antes (A) e depois das injeções (B).

92
Conforme Moura et al. (2019), embora injeções com Ciproconazol seja uma tática eficiente no
controle das doenças foliares do coqueiro, tem-se observado que o manejo da doença poderia ser
melhor administrado se fossem levados em consideração determinados aspectos. Entre esses, a
pulverização axilar na base da folha número nove enquanto alcançável, pois como já citado,
preservaria o estipe para futuras injeções. O tempo, em meses, que os resíduos do fungicida contido
nos folíolos são letais aos fungos e a concentração correspondente, através de análise em
cromatografia, também deveriam ser investigados, conforme os autores. Outro aspecto considerado
por esses autores é o tempo que os tecidos do parênquima ficam permeáveis ao pesticida introduzido
no orifício do estipe.
O continuum solo-planta-atmosfera, deve ser sempre considerado independente da espécie de
árvore ou palmeira. Assim água na rizosfera, boa saúde da planta e déficit de pressão de vapor
(temperaturas altas e umidade relativa baixa) são fundamentais para ascensão do composto, conforme
Moura et al., 2019). No entanto, como já citado, varia no tempo/espaço. Assim, no caso específico
dos coqueiros, é fundamental conhecer a época do ano que o composto ascende mais rapidamente
para a copa e por quanto tempo (meses) os feixes vasculares aspiram o composto.
Por fim, apesar do Ciproconazol não ter registro no Ministério da Agricultura, Abastecimento e
Reforma Agraria (MAPA), para uso no controle de doenças foliares do coqueiro e de outras palmeiras,
seu uso na forma de injeção em plantios comerciais de coqueiro no sul da Bahia e norte do Espírito
Santo é corrente. Embora pesquisas conduzidas por instituições públicas (Unicamp e Embrapa, por
exemplo) não tenham detectado resíduos na água do coco e ensaios em campo mostrarem o quão
a tática injeção é eficiente e seletiva, não houve interesse no registro desse fungicida no MAPA, por
parte das empresas.

B. INJEÇÕES PARA O CONTROLE DE PRAGAS

B.1. Tâmara e palmeira-das-canárias


Alvo biológico: Rhynchophorus ferrugineus Olivier
Pesticidas injetados: Benzoato de emamectina, thiametoxan e imidacloprido

De acordo com Chihaoui-Meridja et al. (2020)


o gorgulho Rhynchophorus ferrugineus Olivier
(Figura 59) é considerado a praga mais invasiva
e destrutiva das palmeiras no mundo. Fora de
sua área de origem natural (sul da Ásia e
Melanésia), já foi relatado no Egito, Espanha,
Itália, Grécia, Turquia, França, Líbia, Marrocos,
Tunísia (Cox, 1993; Jacas, Dembilio & Llacer,
2011; Chebbi, 2011; Fiaboe et al., 2012; Rochat
Fonte: https://www.w: ikiwand.com/en/ et al., 2017). No continente americano, sua
Rhynchophorus_ferrugineus ocorrência foi registrada no Caribe em 2009
Figura 59: Rhynchophorus ferrugineus. (Roda et al., 2011). Mais de 10 espécies de
palmeiras são relatadas como hospedeiras de R.
ferrugineus. Mas, conforme Rochat et al. (2017), a tâmara (Phoenix dactylifera L.) e a palmeira-das-
canárias (P. canariensis) Chabaud são as palmeiras mais preferidas.
A detecção precoce de R. ferrugineus é difícil porque as larvas se alimentam das partes internas
da coroa da palmeira (meristema). Os sintomas iniciais do ataque se caracterizam pelo decaimento
das folhas centrais (Figura 60 A). Com o passar do tempo, as folhas mais velhas ficam dependuradas
e esse estágio é chamado de "guarda-chuva" (Figura 60 B) e é irreversível.
Conforme Chihaoui-Meridja et al. (2020), diversas medidas de controle já foram adotadas no
controle de R. ferrugineus, entre as quais o controle biológico com o uso de nematóides, fungos
entomopatogênicos e coleta massal com o uso de feromônio. No entanto, a única forma que tem
se mostrado eficiente no controle preventivo desses insetos, quando chegam na região da coroa
foliar para acasalarem e ovipositarem, é através de pulverizações com pesticidas. Entre várias
substâncias usadas nas pulverizações de cobertura na coroa, estão o fipronil, azinfós e clorpirifós,

93
A B

Fonte: http://www.greenworldconsulting.it/eng/plant-diseases/difesa-dal-punteruolo-rosso/

Figura 60. Sinal da presença de larvas de R. ferrugineus no interior da palmeira. As folhas mais verticais
pendem para um dos lados (A). “Efeito guarda-chuva” com Inexistência de folhas centrais (B).

que provaram ser eficientes sobre as formas adultas de R. ferrugineus. Na Arábia, o fipronil mostrou
eficiência de 100% na mortalidade, enquanto na Itália, experimentos com pulverizações de
clorpirifós ou Clothianidin foram relativamente eficientes (Peri et al., 2013; Rochat et al., 2006;
Llopis et al., 2018; Al-Shawaf et al., 2013).
Entretanto, a depender da persistência residual do pesticida, reaplicações podem ser necessárias.
Por sua vez, pulverizações atingem organismos não alvos e tratando-se de palmeiras de uso
paisagístico, como é o caso das palmeiras-das-canárias, fica praticamente inviável a adoção de tais
medidas por se tratar de áreas públicas por onde transitam pessoas. Assim, em virtude desse fato,
a endoterapia vem se destacando pela sua inocuidade ao meio ambiente e aos organismos que ali
interagem. Conforme Chihaoui-Meridja et al. (2020), a endoterapia é considerada um método mais
seguro, com baixo efeito adverso sobre espécies não visadas, seres humanos e meio ambiente. Na
endoterapia, os pesticidas são injetados diretamente no sistema vascular, implicando no influxo do
produto em todas as partes da árvore. É considerado um método de controle eficiente, com resultados
encorajadores contra outras pragas e doenças conforme esses autores.
Com objetivo de avaliar a eficiência de injeções com pesticidas na proteção das palmeiras-das-
canárias contra o ataque de R. ferrugineus, Chihaoui-Meridja et al. (2020), testaram quatro
formulações. Entre essas, o Proact® 50 EC (Tasmid, Tunísia) e o Revive® (Syngenta, França). O
Proact® é uma formulação concentrado emulsificável (CE) de benzoato de emamectina (50 g/litro).
Já o Revive® é uma formulação de micro emulsão contendo 4% de benzoato de emamectina. De
acordo com a empresa fabricante, esse inseticida (Revive®) foi especificamente feito para controlar
R. ferrugineus por endoterapia e tem persistência residual por até um ano (Bourdrez, Delgado &
Wyss, 2014). Benzoato de emamectina é um composto do grupo das avermectinas que inibe a
contração muscular, causando fluxo contínuo de íons cloro no recptor GABA e nos sítios receptores
de H-glutamato (Fanigliulo & Sacchetti, 2008). Os outros dois pesticidas testados via injeção no
estipe foram o Synara 25 WG (Bioproection, Tunísia) contendo 25% de Thiametoxam e o Confidor®
200 SL (Bayer Crop Science, Bélgica) com 200 g/L de imidacloprido. Ambos atuam nos receptores
nicotínicos do sistema nervoso dos insetos.
As duas formulações de benzoato de emamectina (Proact® 50 CE e Revive®) nas concentrações
de 25 e 16,6 gramas do ingrediente ativo/palmeira foram avaliadas no controle preventivo e curativo
de R. ferrugineus. Cada concentração foi diluída em 100 ml de água e, em seguida, injetadas nas
palmeiras-das-canárias através de 4 orifícios feitos nos estipes dispostos segundo os pontos cardeais.
Já tiamethoxan, foi utilizado 10 g do ingrediente ativo/palmeira e, imidacloprido, 4 g do i.a./palmeira.
As palmeiras tinham diâmetro médio de 50 cm e os orifícios profundidade de 30 cm e diâmetro de 12
mm. Os orifícios foram feitos com máquina de furar e distaram 60 cm do nível do solo. Uma vez

94
despejados no interior dos orifícios, os pesticidas ascenderam para a copa das palmeiras auxiliado
pela transpiração das folhas.
A mobilidade e persistência residual dos três defensivos injetados nas palmeiras-das-canarias
foram analisados. Para análise, foram retiradas amostras da base das folhas, pois é a parte da
palmeira mais suscetível ao ataque de R. ferrugineus. Posteriormente, os resíduos de benzoato de
emamectina, thiametoxan e imidacloprido foram extraídos pelo método QuEchERS e, em seguida,
analisados por cromatografia líquida acoplada a um espectrômetro de massa.
Os resultados obtidos com Proact® 50 e o Revive® no controle curativo das palmeiras-das-
canárias, conduzidos por Chihaoui-Meridja et al. (2020), mostraram eficiência de 100% na mortalidade
de larvas, pupas e adultos de R. ferrugineus em contraste com a testemunha (palmeiras que não
receberam injeção) que apresentaram indivíduos vivos (em todos os estádios biológicos de R.
ferrugineus) variando entre 23 a 43 indivíduos/palmeira. No controle preventivo, apenas uma palmeira
colapsou com injeções de Revive®. Os resultados da análise de resíduo por cromatografia líquida/
espectrofotometria de massa nos tecidos vegetativos na base da folha, mostraram que em 10 dias
foi detectado um residual máximo de 1.870 mg/kg. Decorridos 150 dias, as concentrações detectadas
variaram entre 0,150 e 0,352 mg/ kg. Nos ensaios em laboratório com R. ferrugineus, visando
determinar o DL50 de benzoato de emamectina sobre larvas e adultos desse curculionídeo, foram
encontrados 136,6 ppm (Shawir, Abbassy & Salem, 2014). Assim, é provável que as concentrações
residuais encontradas por Chihaoui-Meridja et al. (2020), tenham causado altas taxas de mortalidade
a R. ferrugineus.
Quanto a injeção com thiamethoxan, as taxas de mortalidade de adultos (fora do casulo), pupas
e larvas de R. ferrugineus foram respectivamente de 55,7%, 97,3% e 96,6%, nas palmeiras tratadas.
Já nas palmeiras que não receberam injeções, 15,2%, 10,4% e 6,4%. No entanto, a taxa de
mortalidade dos adultos de R. ferrugineus dentro dos casulos em palmeiras tratadas e não tratadas,
não diferiram significativamente. No tocante a questão residual, o tiametoxam foi detectado apenas
em uma palmeira, 10 dias após a injeção e todas as outras amostras apresentaram valores residuais
abaixo do limite de detecção (0.1 mg/kg). Embora os valores residuais de thiamethoxam encontrados
por Chihaoui-Meridja et al. (2020), estivessem abaixo do limite de detecção, a mortalidade de pupas
e larvas de R. ferrugineus foram altos. Assim, conforme esses autores, tal fato pode ser devido ao
thiamethoxam ser rapidamente metabolizado em clotianidina um neonicotinóide de cadeia aberta
que é tóxico para R. ferrugineus, com CL50 em adultos entre 0.96 e 110 ìg/ml. Com relação ao
imidacloprido, sempre esteve abaixo do limite de detecção e não se mostrou eficiente no controle de
R. ferrugineus.
Chihaoui-Meridja et al. (2020) concluíram que entre os pesticidas avaliados, injeções com as
formulações comerciais de benzoato de emamectina (Proact®50 EC e Revive®) se mostraram mais
eficientes no controle de R. ferrugineus, pois sua eficiência protetiva e curativa ficarem próxima de
100% e protegeram as palmeiras-das-canárias por um período mais longo. Já thiamethoxam, mostrou
eficiência protetiva e não curativa. Por fim, esses autores citaram ainda, que a endoterapia exige
alta tecnicidade e conhecimento profissional. De fato, endoterapia não é simplesmente furar e
introduzir o composto. É preciso acercar-se de profundo conhecimento do alvo biológico e sua
planta hospedeira, tecnologia de aplicação e de fatores que podem interferir na eficácia do controle,
tais como aspectos ecológicos, fisiológicos e químicos.
Injeções em pomares de tamareiras para controlar R. ferrugineus foram conduzidas na Jordânia
por Mashal & Obeidat (2019). Conforme esses autores, a Syngenta Plant Protection desenvolveu
um injetor específico para árvores, o tree micro injection (abreviado por TMI; Figura 61). Através
desse aparelho foram injetadas duas formulações (microemulsões) de benzoato de emamectina
(Revive® 4%, 40 g/L e Revive® 9,5%, 95 g/L) especialmente formuladas para palmeiras. A eficácia
das formulações foi avaliada sobre os estádios de larva, pupa e adultos de R. ferrugineus tanto no
âmbito preventivo como curativo.
Para comparar a eficiência de ambas concentrações, Mashal & Obeidat (2019), usaram 12
tamareiras por tratamento, perfazendo assim um total de 36 plantas, incluindo as palmeiras-controle
(testemunha). Para infundir ambas concentrações para os tecidos das tamareiras, foram feitos quatro
orifícios na base dos estipes com auxílio de uma máquina de furar. Os orifícios ficaram dispostos
segundo os pontos cardeais e tiveram diâmetro de 8 mm e profundidade variando entre 20 a 30 cm.
Após, com auxílio do injetor TMI com pressão de 29,01 libras, os pesticidas na sua formulação

95
B C
A

Fonte: Syngenta

Figura 61. Injeção com benzoato de emamectina em tamareiras para controlar R. ferrugineus. Furo no estipe com
máquina de furar e broca de aproximadamente 5 mm de diâmetro. A profundidade recomendada é de 1/3 do diâmetro do
estipe (A); injetor com formado em T introduzido no orifício (B); dosador com pressão de 2 bar infundindo o benzoato
para o interior do estipe. (C).

micro-emulsionada (não diluídos em água) foram injetados para o interior das palmeiras. Assim,
conforme Mashal & Obeidat (2019), em 12 tamareiras foram injetados 48 ml de Revive® 4% / tamareira
e, em outras 12 plantas, 24 ml/palmeira de Revive® 9,5% / tamareira. De maneira geral, cada
palmeira recebeu 2 gramas do ingrediente ativo de ambas formulações.
No período de um ano, aos 3, 6 e 12 meses após as injeções, todas as 36 tamareiras foram
examinadas externamente e internamente. De acordo com Mashal & Obeidat (2019), os indícios da
presença de R. ferrugineus nos tecidos internos das tamareiras se caracterizavam por buracos no
estipe, exsudados, corrimento de serragem e tecido úmido e fermentado. Conforme esses autores,
no decorrer dos 12 meses as formulações de Revive® a 4,5% e 9,5%, mostraram melhora significativa
de todas as palmeiras. Apesar de algumas palmeiras serem colonizadas externamente pelos
besouros, as larvas morriam ao entrar em contato com o tecido vegetal impregnado pelos resíduos
de benzoato de emamectina.
De acordo com Mashal & Obeidat (2019), as 24 tamareiras tratadas com injeções de Revive® a
4,5% e 9,5% foram dissecadas com propósito de quantificar indivíduos de R. ferrugineus mortos, em
seu interior. A condução dessa avaliação foi feita aos 3, 6, e 12 meses depois das injeções. Decorridos
12 meses, a média de indivíduos de R. ferrugineus mortos com injeções de Revive® a 4,5%, embora
numericamente menor do que injeção com Revive® a 9,5%, não diferiu estatisticamente (média de
88,1 contra 98,8 indivíduos de R. ferrugineus). No entanto, em contraste com as plantas testemunhas,
ambas concentrações diferiram significativamente (média de 3,9 indivíduos mortos/tamareira).
Os resíduos de benzoato de emamectina nos frutos das tamareiras de ambas formulações, foram
analisados comparando o nível de detecção obtido com o limite máximo residual estabelecido por
organismos oficiais. Assim, a análise residual nos frutos das tamareiras aos 60 e 100 dias após as
injeções com Revive® 4% e Revive® 9,5%, mostraram que 100 dias após as injeções, os resíduos
de Revive® 9,5% foram indetectáveis. No entanto, injeções com Revive® 4% apresentou resíduos
nos frutos. Porém, estavam abaixo do limite residual (LMR) estabelecido.
Mashal & Obeidat (2019), concluíram que injeção com benzoato de emamecina (Revive® 4% ou
Revive® 9,5%) é uma tática promissora, pois uma única injeção protegeu e controlou as tamareiras
contra ataques de R. ferrugineus por até um ano. Citaram ainda, que injeção com benzoato de
emamectina é um método simples, sustentável, seguro e eficiente, pois foi capaz de alcançar e
matar R. ferrugineus em seus diferentes estádios biológicos. Em virtude disso, sugeriram que a
endoterapia deveria ser uma tática acrescida no manejo integrado de R. ferrugineus em pomares de
tamareira.
Por fim, com relação aos injetores TMI Syngenta ou similares (por exemplo, ENDOplant), além
de causarem menor dano aos tecidos do parênquima, se comparados às brocas acopladas em
motosserras, dispensam o uso de tampão pois, uma vez que o pesticida é infundido nos tecidos
vasculares via pressão externa, não faz sentido o uso de tampão para evitar perda do composto
pelas águas das chuvas. Em se tratando de dicotiledôneas, o tampão é necessário, pois o orifício

96
entre o córtex e o alburno é pouco profundo e, uma vez o composto veiculado sob pressão, ele
refluirá. No kit do injetor TMI, acompanha um tampão biodegradável que é certamente um facilitador,
quando no processo de compartimentalização dos tecidos. No entanto, há que se chamar atenção,
que o tampão Syngenta é inserido no orifício feito previamente com a broca. Após, a ponta do injetor
TMI transpassa o tampão e o composto é injetado no interior do orifício sob pressão.
Já nas palmeiras (monocotiledôneas), é recomendado que a profundidade do orifício no estipe
seja de 1/3 do diâmetro. Desse modo, com orifício profundo, dificilmente um composto injetado sob
pressão irá refluir. No entanto, no Brasil não existem injetores de pesticidas como os mencionados
acima. De maneira geral, o pesticida é despejado manualmente dentro do orifício e o composto é
aspirado, por infusão passiva. Nessa circunstância convém usar algum tipo de tampão, caso as palmeiras
estejam plantadas em locais com frequentes chuvas. Já em locais com período seco definido, melhor
manter os orifícios abertos para facilitar a dissecação e subsequente selagem dos tecidos.

Análise crítica e considerações

Como já citado, não há registro de R. ferrugineus no Brasil, notadamente na região norte. No


entanto, o registro de sua ocorrência nas Antilhas, Aruba e Curaçao, deixa o Brasil em risco potencial
de invasão, principalmente através da Venezuela, país fronteiriço. Portanto, monitorar nas regiões
de fronteira a presença desse inseto é estratégico. Para tanto, o uso de iscas atrativas (feromônio
de R. ferrugineus), juntamente com a observação do aspecto vegetativo das palmeiras, principalmente
coqueiros, são procedimentos fundamentais. Uma vez constatados sinais de ataque de R. ferrugineus
nas palmeiras em solo brasileiro, fica caracterizada a invasão biológica. Para erradicar e retardar a
invasão, sobretudo nas regiões onde existem plantios comerciais de dendezeiros, palmeiras
sintomáticas terão que ser derrubadas e, indivíduos de R. ferrugineus em todos seus estádios
biológicos (larva, pupa e adultos) deverão ser coletados manualmente e mortos. Como forma de
evitar a dispersão, é sugerido um cinturão químico com injeção de benzoato de emamectina em
razão de sua comprovada ação preventiva e curativa sobre R. ferrugineus. Embora a formulação
para injeção não seja comercializada no Brasil e não tenha registro no Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento (MAPA) para uso em palmeiras, é preciso criar mecanismos para tal, pois
trata-se de uma praga extremamente invasiva e destrutiva.
Pesquisadores colombianos em visita ao Brasil, emitiram uma nota técnica em conjunto com a
Embrapa, na qual mencionaram sobre a possibilidade do uso de nematóides entomopatogênicos
(NEPs) no controle biológico de R. ferrugineus. A hipótese desses pesquisadores está calcada em
experiências de laboratório com R. palmarum e não com R. ferrugineus. Há que se chamar atenção,
que por ocasião do encontro internacional sobre abordagens inovadoras e sustentáveis de R.
ferrugineus ocorrido em Bari, na Itália, em 2018, variados assuntos foram abordados no tocante ao
manejo desse inseto, entre os quais, captura massal com feromônio e controle químico, principalmente
injeções com benzoato de emamectina. No entanto, não foi citado o uso de nematóides como forma
de controle de R. ferrugineus. Assim, em virtude de estudos mostrarem a eficácia de injeções com
benzoato de emamectina no controle de R. ferrugineus, essa abordagem, embora não citada pelos
referidos pesquisadores, deveria ser considerada, dada a gravidade do risco de introdução dessa
praga nos plantios comerciais de dendezeiro e coqueiro no Brasil, principalmente em Roraima onde
a dendeicultura encontra-se em franca expansão.
Outra consideração pertinente ao benzoato de emamectina, seria o seu uso no controle da lagarta
Eupalamides cyparissias (Fabr., 1776) (Lepidoptera: Castniidae), visto que se trata de uma das
piores pragas do coqueiro e dendezeiro no norte do Brasil, e ausente, contudo, no nordeste brasileiro.
Conforme Lemos et al. (2016), as lagartas de E. cyprarissias perfuram galerias grandes no estipe,
nas bases foliares e nos pedúnculos dos cachos do coqueiro, ocasionando redução no fluxo normal
de seiva, redução no crescimento da planta e diminuição da produção de frutos. Conforme esses
autores, o único pesticida registrado no MAPA para controlar esse inseto é o Marshal 200 SC
(Carbosulfan). As pulverizações são dirigidas para a região da coroa foliar visando atingir as lagartas
antes de sua penetração para os tecidos internos da palmeira. Em plantios altos o maior entrave é a
veiculação do inseticida, pois exige uso de plataforma acoplada ao trator, o que certamente onera
sobremaneira os custos. Em virtude disso e, se admitida sua introdução nos coqueiros e dendezeiros
do nordeste brasileiro, o benzoato de emamectina (injeção com Revide®, por exemplo) deveria ser

97
testado, pois como já citado, sua ação residual sobre R. ferrugineus perdurou por até um ano.
Assim, considerando esse fato, e ainda que são necessárias até 5 pulverizações por ano com Marshal
para controlar E. cyparissias, certamente uma única injeção com benzoato de emamectina seria
economicamente mais viável e ter-se-ia uma abordagem química com mínimos danos ecológicos
no manejo dessa lagarta em plantios comerciais de coqueiros e dendezeiros, bem como poder-se-
ia conter o avanço desta praga para outros estados do Brasil.

B.2. Coqueiro
Alvo biológico: Pulgão preto
Produto injetado: Imidacloprido

O pulgão-preto-do-coqueiro Cerataphis lataniae Boisduval, 1867 (Hemiptera: Aphididae) possui


coloração escura, forma arredondada, com franja branca e diâmetro de 1,5 a 2,0 mm (Figura 62A).
Ataca coqueiros, suga a seiva de forma contínua, secreta honeydew, que serve de substrato para o
desenvolvimento do fungo Capnodium spp, denominado de fumagina. A fumagina forma uma crosta
escura sobre o folíolo afetando a fotossíntese do coqueiro e, sua deposição sobre os frutos (Figura
62 B), os desvaloriza para o consumo in natura (Ferreira et al., 2015). Este afídeo prefere se alimentar
na parte abaxial dos folíolos das folhas mais novas dos coqueiros (Cocos nucifera L.) e pode provocar
abortamento floral e queda de frutos prematuramente (Ferreira & Michereff Filho, 2002).
De acordo com Moura et al. (2020), o ataque de pulgões em coqueiros de porte baixo é facilmente
controlado com auxílio de pulverizadores ou atomizadores. Ao contrário, em coqueiros de porte alto,
o controle não é satisfatório utilizando-se estes equipamentos. Isto acontece devido à presença de
folhas mais velhas que dificultam a adesão de inseticidas nas folhas jovens, que estão dispostas
centralmente, local de preferência para colonização pelos pulgões. Desta forma, é inviável aplicar
inseticida com atomizador em coqueiros com mais de 10 m de altura.
Injeção com imidacloprido é usado em vários países para controlar pragas florestais em cultivos
de porte alto ou de espécies arbóreas estabelecidas em áreas urbanas. Nestas áreas, a pulverização
não é possível em virtude de problemas com contaminação para a população e seres vivos que ali
se inserem. Na Austrália, injeção de imidacloprido foi utilizada no combate ao percevejo bronzeado
Thaumastocoris peregrinus Carpintero & Dellapé, 2006 Determinadores (Hemiptera:
Thaumastocoridae) sobre plantios de eucalipto (Eucalyptus spp.) em áreas urbanas (Noack et al.,
2009). Também o percevejo Corythucha ciliata (Say, 1832) (Hemiptera: Tingidae), praga do Platanus
occidentalis L. foi eficientemente controlada com injeção de imidacloprido (Chao et al., 2011). Nos
Estados Unidos o pulgão Adelges tsugae Annand, 1924 (Hemiptera: Adelgidae), uma severa praga
do abeto (Tsuga spp.), tem sido eficientemente controlado com injeção de imidacloprido (Doccola et
al., 2007).

Figura 62. Ninfas e adultos do pulgão-preto-do-coqueiro (A) e fumagina formada sobre os frutos (B).

98
Para verificar a eficiência de imidacloprido sobre o pulgão, Moura et al. (2020) utilizaram os
seguintes tratamentos: 1) injeção com 2 g do i.a. imidacloprido (10 ml do produto comercial Provado®
200 SC puro) no estipe; 2) injeção com 1 g de i.a. imidacloprido (5 ml de solução do produto comercial
Provado® 200 SC diluído em 15 ml de água) e; 3) tratamento controle (sem aplicação de inseticida
e sem abertura de orifício). Para aplicação do inseticida utilizou-se uma seringa descartável de 10
ml. Antes, porém, com auxílio de uma furadeira acoplada à um motosserra, foi feito, em cada planta
dos tratamentos 1 e 2, um orifício de 16 mm de diâmetro e 15 cm de profundidade, distante 30 cm do
solo onde o inseticida, de coloração branco leitoso, foi introduzido. Esses orifícios não foram fechados.
A velocidade de absorção do imidacloprido pela planta foi verificada por meio do tempo de
permanência deste inseticida no orifício do estipe. Para tanto, utilizou-se uma seringa de 10 ml para
a sucção do líquido presente no orifício, o qual era reaplicado imediatamente. Tal procedimento foi
realizado uma vez por semana, até a completa absorção do inseticida, quando apenas líquido incolor
foi observado na seringa. O experimento foi conduzido entre 02/2016 a 06/2018 e as aplicações das
injeções ocorreram em fevereiro, mês com ocorrência de elevada precipitação.
Os tratamentos foram instalados em um arranjo inteiramente casualizado, com 15 repetições.
Como unidade amostral foi utilizada a folha de número quatro que, de acordo com a filotaxia foliar,
está mais próxima das folhas centrais, região onde se concentram maior número de pulgões. Os
parâmetros analisados foram: número de pulgões no folíolo aos 3 e 9 meses após a aplicação do
inseticida e o número de folíolos/folha com pulgões aos 26 meses após a aplicação. No mesmo dia
em que se aplicou os tratamentos, um folíolo da folha referência foi retirado de cada planta, os
pulgões presentes foram contados e a média de pulgões por folíolo foi de 50,8 (Moura et al., 2020).
Conforme Moura et al. (2020), houve diferença significativa entre o tratamento controle (sem
inseticida) e os tratamentos com inseticida, para as duas variáveis testadas. O número de pulgões
no folíolo e o número de folíolos por folha quatro, infestados com o afídeo, foi maior quando não se
aplicou inseticida. As duas concentrações de imidacloprido, veiculadas via injeção, reduziram
significativamente o número de pulgões nas folhas dos coqueiros e o número de folíolos por folhas
com pulgões, não diferindo entre si. Assim proporcionaram um controle eficiente do pulgão quando
comparados ao tratamento controle durante o período de avaliação de até 26 meses.
Segundo observação de Moura et al. (2020), o imidacloprido (Provado®) tanto na sua forma
concentrada como misturado com água, permaneceu por até 25 dias no orifício do estipe e, uma vez
ascendido para a copa, teve ação deletéria sobre o pulgão-preto-do-coqueiro por mais de 2 anos. A
demora para ser aspirado pela planta, talvez seja devido à sua formulação inadequada para injeção,
ou seja, concentração emulsionável e viscosa. Quanto à sua longa persistência na copa dos coqueiros,
não há relatos na literatura que justifiquem especificamente essa razão em palmeiras (Aceraceae).
De acordo com Moura et al. (2020), Injeção com imidacloprido para controlar o pulgão preto do
coqueiro é uma abordagem química em parte sustentável, pois não afeta os organismos que
vivem no solo, não polui a água e o ar atmosférico, pois não ocorre deriva e, aparentemente, não
é deletério aos insetos que congregam as inflorescências do coqueiro quando em ântese. No
entanto, segundo esses autores, a exemplo de outros cultivos, o perfil residual nos frutos, pólen e
néctar deve ser analisado, pois é um complemento na endoterapia. Ferreira (2016) verificaram
que não houve contaminação de cachos de coco e coco seco por produtos fitossanitários, incluindo
o imidacloprido, aplicados em coqueiros, via endoterapia, até 120 dias após a aplicação. Wise et
al. (2014) determinaram o perfil residual em frutos de maçã oriundas de macieiras (Malus domestica,
Borkh) que receberam injeções de imidacloprido. Os resíduos detectados, em dias após injeções
(DAI), foram: 29 DAI, 0,05 ppm e aos 47 DAI, 0,04 ppm. Conforme estes autores, os limites máximos
de resíduo (LMR) estabelecidos pela agência ambiental dos Estados Unidos para o imidacloprido
em frutos de macieira é de 0,5 ppm (USEPA 1997; citado por Wise et al., 2014). Quanto ao perfil
residual de imidacloprido no pólen e néctar das macieiras, não foi identificado nenhum resíduo
durante a primavera. No entanto, ao final da primavera foi detectado 0,39 ng g™1. O limiar
estabelecido por essa mesma agência ambiental dos EUA para as abelhas é de 25 ng g-1(Coslor,
Vandervoort & Wise, 2018).
Nos estudos de Moura et al. (2020), foi observado que os coqueiros, no tratamento controle, e
aqueles que não compunham a unidade experimental, mostravam-se muito atacados pela cochonilha-
transparente-do-coqueiro Aspidiotus destructor Signoret, 1869 (Hemiptera: Diaspididae) e a mosca-
branca-do-coqueiro Aleurodicus pseudugesii Martin, 2008 (determinador) (Hemiptera: Aleyrodidade).

99
Assim, pode-se inferir, que com uma única injeção de imidacloprido é possível reduzir a densidade
populacional de outros insetos sugadores do coqueiro, além do pulgão-preto-do-coqueiro.
Como já citado, o tingídeo L. gibbicarina é uma séria praga do dendezeiro na Colômbia, Equador,
Peru e Honduras. Ninfas e adultos desse inseto sugam na parte inferior dos folíolos permitindo a
entrada de fungos Pestalotiopsis spp e um complexo de outras espécies de fungos. Em
consequência, as perdas são expressivas, variando de 5 a 30 toneladas de cacho/hectare/ano.
Em virtude da altura dos dendezeiros e local de alimentação desses insetos, pulverizações
convencionais são inalcançáveis e, quando aéreas, apresentam alto custo e são extremamente
insustentáveis, ambientalmente. Em razão disso, a endoterapia é o único método que apresenta
eficiência sobre esses percevejos seja através de injeção ou mamadeira, conforme Reyes, Cruz &
Genty (1988). Desse modo, se considerado que injeção com imidacloprido se mostrou eficiente no
controle do pulgão preto sem nenhum dano ecológico aparente e, se admitida a possibilidade de
risco de introdução de L. gibbicarina nos dendezais do norte do Brasil, a tática injeção com
imidacloprido em palmeiras deveria ser regulamentada, pois é sabido que vários insetos de aparato
bucal picador/sugador causam injúrias não só nas arecáceas de valor comercial, como também nas
de uso paisagístico.
Outra praga das palmeiras de grande importância econômica aos coqueiros, é o ácaro-vermelho-
das-palmeiras Raoiella indica Hirst (Figura 63). Era considerado praga quarentenária ausente (A1)
para o Brasil até 2009, quando foi constatada sua presença no estado de Roraima (Morais, Navia e
Gondim, 2011). Este ácaro ataca diversas espécies de plantas, sobretudo palmeiras, bananeiras e
helicônias. Originário do continente asiático, o ácaro-vermelho-das-palmeiras foi introduzido nas
Américas em 2004, na ilha caribenha de Martinica (Flechtmann & Etienne, 2004) e de lá, se disseminou
praticamente por todas as ilhas do Caribe, chegando também até a América do Norte, na Flórida e
América do Sul, na Venezuela, Brasil e Colômbia (Morais, Navia e Gondim, 2011).Estes autores
citam que em algumas áreas do Caribe as perdas na produção de coco têm sido estimadas em mais
de 50 % e, no Brasil, ainda não existem métodos recomendados para o controle do ácaro-vermelho-
das-palmeiras. No entanto, de acordo com esses autores, foi concedido registro emergencial do
acaricida espiromesifeno, por período de um ano (de 21 de setembro de 2009 a 21 de setembro de
2010) para controle deste ácaro em palmáceas e musáceas.
Ensaios experimentais conduzidos no estado de Sergipe (disponível em: https://www.embrapa.br/
busca-de-publicacoes/-/publicacao/1099374/eficiencia-de-fungicidas-e-acaricidas-sobreas-doencas-
foliares-do-coqueiro-e-o-acaro-vermelho-das-
palmeiras) com objetivo de avaliar a eficiência
de injeções com pesticidas no controle de
doenças e pragas do coqueiro, mostraram que
injeções com abamectina foi o pesticida mais
eficiente na redução populacional do ácaro R.
indica. Segundo informações posteriores,
coqueiros que receberam injeção de
abamectina ficaram protegidos do ataque
desse ácaro por mais de um ano. Assim,
considerando esse fato, e, a possibilidade da
dispersão do ácaro vermelho R. indica para
outros estados brasileiros (além dos já citados
do Nordeste), seria estratégico o uso
emergencial com injeção de abamectina como
forma de retardar sua dispersão e, bem como,
em plantações que estão sofrendo injúrias por
esse ácaro. É oportuno acrescentar, que a
busca pela concentração letal da abamectina
(CL50) sobre R. indica quando administrado
via injeção no tronco aliado a distribuição
espacial/temporal do resíduo na planta
Fonte: Agro Link
hospedeira, são ferramentas que poderiam ser
Figura 63. ácaro-vermelho-das-palmeiras Raoiella indica.
úteis no manejo do ácaro.

100
CAPÍTULO 8

TÉCNICAS CROMATOGRÁFICAS COMO FERRAMENTA ANALÍTICA PARA


IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE PRINCÍPIOS ATIVOS EM ESTUDOS DE
ENDOTERAPIA

Jordana Alves Ferreira e Carla Beatriz Grespan Bottoli

A aplicação de técnicas analíticas como a cromatografia auxiliam na interpretação dos


resultados obtidos em experimentos de translocação de produtos aplicados nos troncos das plantas.
O objetivo é avaliar a concentração destes e, comprovar a eficiência do tratamento através da alteração
da concentração das diferentes regiões da planta. Os produtos aplicados nos tratamentos, seja para
controle e/ou prevenção, estão sob uma formulação cujo os princípios ativos detêm moléculas com
estruturas polares ou apolares, ou outras características físico-químicas como volatilidade, que
direcionarão o tipo de técnica cromatográfica adequada para a análise.
Na endoterapia, o produto é aplicado na planta em pontos estratégicos e padronizados, e a
coleta de amostras pode ser realizada acima/abaixo do ponto de aplicação. Algumas partes das
plantas podem ser coletadas como amostras e levadas para análises, como propôs Ferreira (2016)
em um estudo que avaliou a concentração de fungicidas e inseticidas em diferentes dias e alturas
do estipe de coqueiro e seus frutos. Partes da planta normalmente não comerciais e
desconsideradas em análises de rotinas como caule/estipe, folhas, pólen, flores, raízes, entre
outras partes, podem ser bastante informativas em endoterapia por apresentarem marcadores
químicos que indicam se o produto está sendo translocado. A partir dos resultados das análises
cromatográficas, pode-se certificar se o produto aplicado por endoterapia está sendo translocado
pela planta, confirmando a sistematicidade dos princípios ativos. Também é possível adotar estratégias
que potencializam as translocações como adicionar adjuvantes na calda (Ferreira et al., 2020),
aumentar ou diminuir a concentração dos princípios ativos, bem como, substituir o método de aplicação
(Ferreira, 2016). A partir desses resultados podem ser obtidas informações do que pode ser
melhorado e ajustado na aplicação.
A cromatografia é um método físico-químico de separação dos componentes de uma mistura,
realizada através da distribuição entre duas fases, uma móvel e outra estacionária (Collins, Braga e
Bonato, 2006). De acordo com a natureza física da fase móvel empregada, a cromatografia pode
ser líquida (em inglês, liquid chromatography, LC) quando a fase móvel for um líquido ou pode ser a
cromatografia gasosa (em inglês, gas chromatography, GC) quando a mesma for um gás. Estas
duas técnicas cromatográficas têm sido as mais utilizadas para quantificar os princípios ativos
aplicados nos processos de endoterapia.
A cromatografia líquida de alta eficiência (em inglês, high performance liquid chromatography,
HPLC) emprega colunas recheadas com as fases estacionárias (partículas finas) e usa pressões
elevadas para forçar a passagem da fase móvel líquida através das fases estacionárias dentro
das colunas. As amostras são inseridas dentro da coluna a partir de uma válvula de injeção e os
componentes separados das misturas chegam no detector, que mede alguma propriedade físico-
química dos componentes da amostra, permitindo a identificação e quantificação. A cromatografia
líquida de ultra eficiência (em inglês, ultra-high pressure liquid chromatography ou ultra-high
performance liquid chromatography, UHPLC) fundamenta-se nos mesmos princípios de separação
da HPLC, tendo como principais diferenças as colunas cromatográficas empregadas que são
recheadas com partículas de fases estacionárias menores, as quais, juntamente com as altas
velocidades lineares de fase móvel aumentam a resolução e a detectabilidade, com diminuição
do tempo das análises, mas com pressões bem mais elevadas que em HPLC (Maldaner e
Jardim, 2012).

101
Na cromatografia gasosa podem ser separados gases ou substâncias volatilizáveis, sendo que a
fase móvel é um gás inerte que arrasta os componentes da mistura dentro da coluna que contem a
fase estacionária. A amostra, contendo a mistura de substâncias é introduzida dentro da coluna por
meio de um sistema de injeção aquecido, a fim de possibilitar a vaporização das substâncias. A
coluna fica contida dentro de um forno para que fique aquecida e proporcione a eluição e separação
dos componentes da mistura. Na saída da coluna está o detector, que torna possível a identificação
e quantificação destas substâncias. Uma vez que a cromatografia gasosa é limitada para amostras
que são voláteis abaixo de 300°C, esta técnica não é aplicável para compostos não voláteis ou com
pontos de ebulição muito altos. GC é preferida em relação à HPLC para gases, compostos com
pontos de ebulição mais baixos e compostos de ponto de ebulição mais altos que são termicamente
estáveis sob as condições de separação.
A Figura 64 ilustra o registro gráfico da separação cromatográfica, denominado cromatograma,
de dois componentes, A e B. O componente A, menos retido, por apresentar menor interação com a
fase estacionária, deixa a coluna em tempo inferior ao B, mais retido. Após a separação, os
componentes A e B podem ser identificados.
A cromatografia é, conceitualmente, uma técnica de análise empregada na separação, identificação
e quantificação de compostos químicos nas mais diversas matrizes. Basicamente, sua utilização
ocorre com duas finalidades: análise qualitativa e análise quantitativa. Na análise qualitativa o objetivo
é determinar o que está presente, enquanto na análise quantitativa, o objetivo é determinar o quanto
de cada espécie está contida na amostra analisada.
A análise qualitativa visa determinar a identidade dos componentes da amostra e, para isso, se
utiliza o tempo de retenção do composto, ou seja, o tempo que ele elui na coluna, por comparação
com padrões analíticos eluídos nas mesmas condições do cromatógrafo. Outra maneira de identificar
um composto é associar o detector à outra técnica que forneça informações complementares para
analisar os eluentes da coluna, conectando-se o instrumento diretamente na saída do cromatógrafo
e, analisando os picos à medida que forem eluindo ou coletando os compostos. Dentre os detectores
empregados na cromatografia estão o ultravioleta-visível com arranjo de diodos e fluorescência
para a cromatografia liquida, a ionização em chamas e capturas de eletrons para a cromatografia
gasosa, além da espectrometria de massas (do inglês, mass espectrometry, MS). Apesar das várias
opções para identificação dos picos eluídos de um cromatógrafo, nenhuma técnica tem sido mais
eficiente que a espectrometria de massas.
A análise quantitativa visa determinar o quanto de um ou mais compostos estão presentes na
amostra. Para isso, é feita a integração do pico cromatográfico que visa relacionar o tamanho do
pico com a concentração da amostra. Com a obtenção das áreas é possível fazer uma relação com
a concentração a partir de um gráfico de calibração, denominado curva analítica. A calibração
determina a relação entre a resposta do detector e a
concentração do composto de interesse e pode ser feita
de várias formas: calibração externa, padronização interna
e extrapolação por adição de analito. Todos estes métodos
são descritos em livros de química analítica ou de
cromatografia (Skoog et al., 2014; Collins, Braga e Bonato,
2006; Lanças, 2009)
O acoplamento da cromatografia com a espectrometria
de massas é uma ferramenta analítica de grande
aplicabilidade, pois combina a capacidade de separação
de diferentes compostos da cromatografia com a
capacidade de analisar massas da espectrometria de
massas (Cass e Cassiano, 2015). Portanto, o detector
mais utilizado e requerido para os estudos endoterápicos
é a espectrometria de massas, pois com esta técnica é
possível obter informações qualitativas e quantitativas das
Figura 64: Cromatograma de uma mistura moléculas de interesse permitindo a análise de amostras
contendo dois compostos, A e B, separados altamente complexas. Existem diferentes tipos de
após eluir pela coluna cromatográfica. analisadores de massas, sendo os mais populares o

102
quadrupolo/triploquadrupolo, o aprisionador de íons (IT, do inglês, ion trap) e os do tipo tempo de
voo (TOF, do inglês, time-of-flight). Os diferentes analisadores de massas disponíveis possibilitam a
realização de um grande número de experimentos, sendo que para se obter bons resultados deve-
se escolher a fonte de ionização e o analisador adequado ao propósito das análises. Atualmente, a
MS trata-se de uma ferramenta indispensável na separação e elucidação estrutural de pequenas e
grandes moléculas, sendo em muitos casos uma exigência de algumas agências regulamentadoras
como a União Europeia para a determinação de resíduos de pesticidas nos procedimentos de
validação de método (Moura et al., 2019).
O procedimento experimental para análise qualitativa ou quantitativa empregando as técnicas
cromatográficas, consiste de várias etapas. A Tabela 5 apresenta um sumário dos estágios necessários
que incluem etapas de amostragem, preparo de amostra e a análise cromatográfica.
Antes da análise no equipamento cromatográfico, uma importante etapa a ser realizada é a
preparação da amostra. O preparo de amostra é uma etapa no método analítico e, em análises
cromatográficas, leva ao aumento da seletividade, detectabilidade, precisão e exatidão. O preparo da
amostra possui várias finalidades: (a) extração, os analitos são extraídos da matriz durante a execução
do método; (b) concentração, para as amostras nas quais as substâncias de interesse estão em
baixas concentrações; (c) limpeza, os interferentes são removidos para não interferir na detecção
cromatográfica. O preparo de amostras, é, portanto, extremamente necessário para se obter uma
subfração da amostra enriquecida e livre de interferentes para que estes não minimizem ou aumentem
o sinal dos compostos de interesse nos instrumentos analíticos (Borges, Figueiredo e Queiroz, 2015).
A escolha da técnica de extração é um passo importante e decisivo para a determinação dos analitos
em análises cromatográficas, pois muitas análises podem ser laboriosas, exigir um alto custo e tempo.
Os métodos de preparo de amostra podem ser simples como uma filtração, homogeneização ou
diluição da amostra ou mais elaborados, com diversas etapas, com variáveis frequentemente otimizadas
por diversos experimentos, dependendo do analito e da matriz e têm evoluído para atender as demandas
analíticas (Dionísio et al., 2010). Para isso, o número de etapas deve ser o menor possível, uma vez
que cada uma pode resultar em perdas dos compostos de interesse e ser fonte de contaminação.
Portanto, um procedimento de preparo rápido pode reduzir custos e fontes de erro.
Amiri et al. (2008), na determinação de propiconazol em raízes e troncos, utilizaram um método
de preparo de amostra no qual o fungicida foi extraído com metanol usando um homogeneizador,
filtrados sob vácuo e evaporados até a secagem sob fluxo de nitrogênio. Em seguida a amostra foi

Tabela 5 - Sumário de etapas necessárias para análise cromatográfica


Estágio Etapa Comentário

Evitar a contaminação cruzada é tão importante


Coleta como assegurar que uma amostra seja
Amostragem representativa de um dado.

Armazenamento Nenhuma alteração física ou química deve


ocorrer na amostra durante o armazenamento.

Extração Todos os analitos devem ser extraídos.

Preparo da amostra Concentração Etapa necessária em amostras com baixas


concentrações.

Isolamento Substâncias interferentes devem ser


removidas.

A identificação das substâncias pode ser


Identificação
realizada pelos tempos de retenção e técnicas
Análise cromatográfica auxiliares

A quantidade ou a concentração das


Quantificação substâncias podem ser determinadas pelas
técnicas de calibração.

Fonte: Ferreira, 2016.

103
ressuspendida em hexano:acetona 5:1 (v/v), agitada e evaporada, para em seguida ser congelada
para que os sobrenadantes precipitassem. Uma alíquota desta amostra foi injetada no cromatógrafo.
Acimovic et al. (2016) para otimizar o número de injeções no tronco de macieiras também
desenvolveram um método para determinação de fungicidas com etapas de preparo de amostras
empregando a homogeneização com sais e solventes como o diclorometano com
politetrafluoroetileno, secagem e filtragem antes da análise. Já Ferreira et al. (2015; 2016; 2020)
utilizaram o método QuEChERS, acrônimo de quick, easy, cheap, effective, rugged and safe, que
atualmente é a técnica de extração mais utilizada para a determinação de resíduos de pesticidas
agrícolas e outros contaminantes em amostras de origem vegetal. Basicamente, o QuEChERS é
divido em três etapas: 1) extração com solventes; 2) partição utilizando sais, e 3) limpeza usando
sorventes. A escolha pelo QuEChERS tem substituído outros métodos analíticos convencionais
como extração líquido-líquido e extração em fase sólida, pela simplicidade, robustez, rapidez e
capacidade de extrair com eficiência analitos de estrutura molecular distinta. A eficiência do método
QuEChERS somada ao elevado grau de seletividade e detectabilidade da cromatografia líquida e
gasosa acopladas à espectrometria de massas consiste em muitas vantagens nas análises.
Nos últimos anos, alguns trabalhos utilizaram a cromatografia em estudos endoterápicos para
avaliações que determinaram a concentração de: fungicida na raiz e no tronco por cromatografia
gasosa acoplada a espectrometria de massas (GC-MS) (Amiri et al., 2008); inseticida em abacate
por GC e cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massas (LC-MS), (Byrne et al.,
2012); fungicidas em folhas e frutos de maçã por GC-MS e LC-MS (Acimovic et al., 2016); agente
uricosúrico e antiinflamatório em folhas, raízes, cascas de frutas, amostras de suco de frutas
usando LC-MS/MS (Gardner et al., 2020); fungicidas e inseticidas em estipe e no fruto do coco por
cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massas sequencial (LC-MS/MS) (Ferreira et
al., 2015, 2020)
Ferreira (2016) desenvolveu e validou um método para determinação de pesticidas agrícolas
utilizando como técnica de extração o método QuEChERS e, como técnica de análise, a
cromatografia líquida de ultra alta eficiência acoplada à espectrometria de massas sequencial
(UHPLC-MS/MS). O objetivo foi analisar os aspectos no movimento/translocação dos pesticidas
agrícolas no coqueiro, após aplicação pelo método endoterápico, e posterior avaliação da
contaminação da água e do albúmen sólido do coco. Foram testadas as modalidades de aplicação
endoterápica de infusão e injeção. Os resultados, obtidos pelas análises cromatográficas,
confirmaram a translocação, uma vez que os pesticidas agrícolas foram detectados e quantificados
no estipe acima do ponto de aplicação. As amostras de estipe foram coletadas em intervalos de
2 a 45 dias. A água-de-coco e o albúmen sólido das amostras de frutos e coco seco também
foram analisadas em intervalos de 45 a 120 dias após as aplicações. Os resultados mostraram
que em ambas as técnicas endoterápicas, injeção e infusão, houve a translocação de todos os
pesticidas agrícolas no estipe. Em todos os frutos analisados (água-de-coco e albúmen sólido),
do coco verde e de coco seco, utilizando os tratamentos endoterápicos, com intervalos de coletas
de 45 a 120 dias após as aplicações, não foi quantificado/detectado nenhum resíduo de pesticida
agrícola. Estes resultados garantiram a qualidade dos frutos nestes intervalos de coleta ao
empregar a endoterapia.

Considerações Finais

Várias são as técnicas de preparo de amostra e possibilidades de análises cromatográficas


disponíveis para determinação de resíduos de pesticida agrícola. No entanto, ainda são poucos
os trabalhos que têm utilizado a cromatografia em estudos endoterápicos. Mas é importante ressaltar
que a cromatografia é uma ferramenta analítica que pode auxiliar no desenvolvimento da
endoterapia, pois o usuário pode aprimorar as aplicações, obter resposta mais rápida da
concentração, avaliar os resíduos, resultando em redução de custos, resposta mais rápida da
concentração em cada ponto de aplicação e, confirmar se determinado produto pode ser mais
eficaz, além de garantir a segurança alimentar para os casos de plantas frutíferas.

104
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122
AGRADECIMENTOS

A Dra. Mariângela da Silva Guajará (professora aposentada da UFRRJ) nossos agradecimentos


pela sua profunda dedicação na revisão deste livro.
Aos pesquisadores da Embrapa Dr. Cesar Domingues Teixeira e Dra. Maria do Carmo Soares
Pires pelas correções e sugestões.
Ao prof. Dr. Eraldo Lima da Universidade Federal de Viçosa, pelas correções e sugestões
Aos pesquisadores aposentados da Ceplac Dra. Edna Dora M.N.Luz, Dr. José Luiz Bezerra e
Dra. María das Graças Conceição Parada C. Silva pelas correções e sugestões.
Ao pesquisador da Ceplac Dr. Raúl René Melendez Valle pelas correções e sugestões.
Aos pesquisadores da Ceplac Dr. José Raimundo Bonadie Marques e Dr, Adonias de Castro
Virgens Filho nossos agradecimentos pelo envio de manuscritos referentes a cultura da
seringueira.
A Dr. Carlos Alex Lima Guimarães, empresário, engenheiro agrônomo e profundo estudioso de
diversas espécies de palmeiras, com destaque a piaçava da Bahia (Attalea funifera Martins.), pelo
aporte financeiro.

Aos pesquisadores da Ceplac Dr. Lindolfo Pereira dos Santos Filho e Dr. Renato Nunes da
Silva Novais pelas análises estatísticas e construção de gráficos.

123
124
No âmbito do Manejo Integrado de Pragas (MIP), a Endoterapia Vegetal é uma tática fitossanitária pouco
conhecida nas Universidades, instituições de pesquisa e, sobretudo, pelas Agências de Defesa Fitossanitária
do Brasil. Em virtude disso, este livro traz significante contribuição da Comissão Executiva do Plano da Lavoura
Cacaueira (Ceplac). Inicia-se fazendo profunda abordagem teórica sobre os aspectos biológicos, químicos,
tecnológicos e ecológicos envolvidos na Endoterapia; discorre acerca dos processos envolvidos na infusão e
injeção em dicotiledôneas e monocotiledôneas e expõe ainda os diferentes tipos de seringas e injetores usados
na endoterapia; enumera as experiências exitosas de injeções com pesticidas químicos, naturais e biológicos no
controle de doenças e pragas de árvores e palmeiras em vários países, inclusive alguns estudos de caso no
Brasil. Por fim, a Endoterapia é uma abordagem química com mínimos danos ecológicos, pois não polui o meio
ambiente, o próprio agroecossistema ou mesmo as vias urbanas quando aplicada em árvores dentro das cidades.
Por tudo isto, a técnica da Endoterapia deve ser mais difundida no Brasil, o que é o propósito desta obra.

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