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ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL

3.1 Análise Horizontal

Análise horizontal é a comparação entre os valores de uma conta ou grupo de contas, em


diferentes exercícios sociais.
O cálculo é feito de acordo com a seguinte expressão:

No Índice (AH) = Vd x 100


Vb

Vd ... valor da conta financeira em determinada data.


Vb ... valor da conta financeir na data-base (data à qual se deseja comparar).

Exemplo:
Em MT Milhões
1992 1993 1994 1995
Vendas 936.596 893.870 928.972 1.012.725
Lucro 28.194 20.793 41.527 47.840

Tomando como base o ano de 1982, temos:

1993 / 1992
Vendas = 893.870 x 100 = 95,4
936.596
Lucro = 20.793 x 100 = 73,7
28.194
1994 / 1992
Vendas = 928.972 x 100 = 99,2
936.596
Lucro = 41.527 x 100 = 147,3
28.194
1995 / 1992
Vendas = 1.012.725 x 100 = 108,1
936.596
Lucro = 47.840 x 100 = 169,7
28.194
Em MT Milhões
1992 AH 1993 AH 1994 AH 1995 AH
Vendas 936.596 100,0 893.870 95,4 928.972 99,2 1.012.725 108,1
Lucro 28.194 100,0 20.793 73,7 41.527 147,3 47.840 169,7

Observações
 queda nas vendas em 1993 de 4,6% em relação à 1992.
 queda nas vendas em 1994 de 0,8%, apesar de terem sido maiores que em 1993.
 aumento nas vendas em 1995 de 8,1%.
 lucros com queda de 26,3% em 1993 e aumentos de 47,3% em 1994 e 69,7% em 1995.

Este tipo de análise horizontal é conhecido como análise horizontal encadeada, pois a
comparação é feita sempre em relação à um ano-base, ou seja, um ano fixo.
Uma outra forma de se efetuar a análise horizontal, é fazer a comparação do valor de um
ano com o valor do ano anterior. Esta análise é conhecida como análise horizontal anual. Veja esta
análise no quadro seguinte.

1992 1993 1994 1995


Vendas (%) --- 95,4 103,9 109,0
Lucro (%) --- 73,7 199,7 115,2

Observações
 nos dois últimos exercícios o lucro apresentou um desempenho superior ao das vendas. Isto
pode denotar que os custos e despesas cresceram menos que o faturamento da empresa,
promovendo maior economia e, consequentemente, lucros proporcionalmente mais
representactivos. O resultado inverso ocorreu em 1993.

3.1.1 Análise Horizontal com Base Negativa

Em alguns casos, a magnitude do resultado calculado não reflete corretamente a evolução


dos valores considerados, podendo levar, quando se fixa o estudo somente nas informações dos
números-índices, a conclusões opostas ao que ocorreu efetivamente.
Exemplo:
Em MT Mil
1992 1993 1994 1995 1996 1997
Lucro / Prejuízo + 2.600 - 1.300 - 2.080 - 500 + 3.380 + 5.000
Número-Índice = -1.300 x 100 = -2.080 x 100 = - 500 x 100 = +3.380 x 100 = 5.000 x 100
------ 2.600 -1.300 - 2.080 - 500 3.380
(Base: exercício
= - 50,0 % = + 160,0 % = + 24,0 % = - 676,0 % = + 148,0 %
anterior)
- 150 % + 60 % - 76 % - 776 % + 48 %

Observações
1993: queda no lucro de 150 % (- 50 - 100), levando ao prejuízo.
1994: aumento do prejuízo de 60 % (+ 160 - 100).
1995: queda no prejuízo de 76 % (+ 24 - 100).
1996: queda no prejuízo de 776 % (- 676 - 100), levando ao lucro.
1997: aumento do lucro em 48 % (+ 148 - 100).

3.1.2 Interpretações Básicas da Análise Horizontal

É interessante, na análise horizontal do balanço, observar comparativamente os seguintes


itens:
a) evolução dos activos e passivos de curto prazo: como resultado dessa comparação, pode-
se avaliar a existência de certa folga financeira (liquidez de curto prazo), na
eventualidade de os activos circulantes terem crescido mais rapidamente que os passivos
circulantes, ou de um aperto na liquidez, caso contrário.
b) evolução do activo permanente: conceitualmente, esse grupo patrimonial reflete a
capacidade instalada de produção/vendas de uma empresa, devendo corresponder, um
nível maior de investimentos em bens fixos produtivos, a um adequado crescimento de
vendas.
c) evolução da estrutura de capital: mais especificamente, procura-se nesse segmento da
análise horizontal o conhecimento de como a empresa está financiando seus
investimentos em activos, isto é, se houve maior ou menor preferência por
empréstimos/financiamentos em relação ao uso de capital próprio, se é visível algum
desequilíbrio na estrutura de capital, notadamente pela preferência de um volume mais
relevante de dívidas de curto prazo em relação a capitais de longo prazo etc.
A análise horizontal das demonstrações do resultado busca verificar principalmente a
evolução dos custos e despesas em relação ao volume de vendas e seus reflexos sobre os resultados
do exercício. Por exemplo, uma evolução mais significativa das receitas de vendas em relação aos
custos e despesas operacionais totais denota basicamente melhor desempenho na administração
dos activos da empresa, que pode ter sido obtida da seguinte maneira:

 redução do custo unitário causada por maior nível de produção e vendas. Nesses casos, a
empresa soube melhorar sua estrutura de custos fixos, pois produziu mais com os mesmos
recursos.
 aumento dos preços de vendas em percentuais proporcionalmente superiores ao aumento
verificado nos custos.

Exemplo
Análise Horizontal do Balanço Patrimonial (Base: exercício anterior)
ACTIVO / PASSIVO 31-12-X1 AH 31-12-X2 AH 31-12-X3 AH
MT % MT % MT %
Activo Circulante 100.000 - 110.000 110,0 95.000 86,4
Realizável a Longo Prazo 160.000 - 184.000 115,0 192.000 104,3
Activo Permanente 300.000 - 390.000 130,0 445.000 114,1
TOTAL 560.000 - 684.000 122,1 732.000 107,0
Passivo Circulante 70.000 - 90.300 129,0 106.400 117,8
Exigível a Longo Prazo 150.000 - 200.000 133,3 235.000 117,5
Património Líquido 340.000 - 393.700 115,8 390.600 99,2

Análise Horizontal da Demonstração de Resultados (Base: exercício anterior)


31-12-X1 AH 31-12-X2 AH 31-12-X3 AH
MT % MT % MT %
Receitas de Vendas 830.000 - 1.260.000 151,8 2.050.000 162,7
CMV (524.167) - (840.500) 160,3 (1.593.600) 189,6
Lucro Bruto: 305.833 - 419.500 137,2 455.400 108,6
Despesas Operacionais (115.000) - (170.000) 147,8 (275.000) 161,8
Despesas Financeiras (88.000) - (140.000) 159,0 (186.000) 132,9
Lucro/Prejuízo “Oper.” 102.833 - 109.500 106,5 (5.600) (5,1)
Correção Monetária (24.500) - (20.000) 81,6 (2.500) 12,5
Resultado Antes IR: 78.333 - 89.500 114,3 (8.100) (9,0)
Provisão para IR (31.333) - (35.800) 114,3 - - .
Lucro/Prejuízo Líquido: 47.000 - 53.700 114,3 (8.100) (15,0)
A análise horizontal das demonstrações anteriores revela sensível queda na liquidez e
lucratividade da empresa. As principais conclusões que podem se extraídas da análise efetuada são
as seguintes:

 nos balanços é possível observar uma deterioração na capacidade de pagamento a curto prazo
da empresa como consequência da evolução mais que proporcional de suas obrigações (passivo
circulante) em relação às suas disponibilidades e valores realizáveis (activo circulante). Note-
se que, de ano para ano, está decaindo a diferença entre o activo e o passivo circulante (capital
circulante líquido - CCL), tanto em valores relactivos como por valores absolutos
proporcionando uma redução na liquidez. Em 19X3, essa diferença assume valores negactivos.
 a participação dos recursos próprios (património líquido) na estrutura de financiamento da
empresa vem proporcionalmente decaindo ao longo dos exercícios, notando-se um
crescimento mais que proporcional das dívidas. No exercício de 19X3, enquanto as
exigibilidades aumentaram em mais de 17%, o capital próprio decresceu em 0,8%,
demonstrando maior dependência da empresa aos credores.
 Nos dois últimos exercícios considerados, os custos de venda da empresa apresentaram um
crescimento maior que suas receitas, proporcionando uma redução na evolução do lucro bruto.
Em outras palavras, em 19X2, para auferir um crescimento de 60,3% no lucro bruto, a empresa
elevou suas vendas em 51,8%. No entanto, 19X3, para uma elevação de apenas 8,6% no lucro
bruto, as receitas precisaram crescer 62,7%. As despesas operacionais e financeiras
mantiveram no triênio uma evolução próxima à das receitas, não chegando a onerar o lucro
com a mesma intensidade dos custos. Como consequência, o resultado líquido da empresa
apresentou um crescimento moderado em 19X2, chegando a um prejuízo no exercício seguinte.

Em resumo, pode-se concluir que os investimentos da empresa foram prioritariamente


dirigidos para activos de longo prazo, notadamente o activo permanente, em detrimento dos itens
circulantes. A sua estrutura de financiamento, além de atribuir maior preferência por fontes de
terceiros, deu ainda grande destaque a dívidas de curto prazo.
A participação do capital próprio, com moderado crescimento em 19X2, apresentou uma redução
de 0,8% em 19X3. Estes aspectos envolvendo as decisões de investimento e financiamento da
empresa, corroídos adicionalmente pelo fraco desempenho dos lucros, deslocou a cia. para uma
área de pouca liquidez e lucratividade negativa.
3.2 Análise Vertical

A análise vertical relaciona uma conta ou grupo de contas com um valor afim ou relacionável,
identificado no mesmo demonstractivo. Assim, pode-se apurar facilmente a participação relativa
de cada item financeira no activo, no passivo ou na demonstração de resultados, e sua evolução no
tempo.

AV = Vc x 100
Vr
Vc ... valor da conta ou grupo de conta que se quer comparar.
Vr ... valor de referência relacionável ao qual se quer comparar a conta em questão.

Exemplo
Análise Vertical do Balanço Patrimonial
ACTIVO / PASSIVO 31-12-X1 AV 31-12-X2 AV 31-12-X3 AV
MT % MT % MT %
Activo Circulante 100.000 17,8 110.000 16,1 95.000 13,0
Realizável a Longo Prazo 160.000 28,6 184.000 26,9 192.000 26,2
Activo Permanente 300.000 53,6 390.000 57,0 445.000 60,8
TOTAL 560.000 100,0 684.000 100,0 732.000 100,0
Passivo Circulante 70.000 12,5 90.300 13,2 106.400 14,5
Exigível a Longo Prazo 150.000 26,8 200.000 29,2 235.000 32,1
Património Líquido 340.000 60,7 393.700 57,6 390.600 53,4

Análise Vertical da Demonstração de Resultados (Base: exercício anterior)


31-12-X1 AV 31-12-X2 AV 31-12-X3 AV
MT % MT % MT %
Receitas de Vendas 830.000 100,0 1.260.000 100,0 2.050.000 100,0
CMV (524.167) 63,2 (840.500) 66,7 (1.593.600) 77,7
Lucro Bruto: 305.833 36,8 419.500 33,7 455.400 22,2
Despesas Operacionais (115.000) 13,9 (170.000) 13,5 (275.000) 13,4
Despesas Financeiras (88.000) 10,6 (140.000) 11,1 (186.000) 9,1
Lucro/Prejuízo “Oper.” 102.833 12,4 109.500 8,7 (5.600) (0,3)
Correção Monetária (24.500) 2,9 (20.000) 1,6 (2.500) 0,1
Resultado Antes IR: 78.333 9,5 89.500 7,1 (8.100) (0,4)
Provisão para IR (31.333) 3,8 (35.800) 2,8 - - .
Lucro/Prejuízo Líquido: 47.000 5,7 53.700 4,3 (8.100) (0,4)

A partir da análise vertical efetuada anteriormente, conjuntamente com a análise horizontal,


pode-se tirar as seguintes conclusões:

 os investimentos de curto prazo sofreram pequenas reduções no período, passando de 17,8%


do total do activo em 19X1, para 16,4% em 19X3. Em contrapartida, de forma desequilibrada,
as dívidas de curto prazo apresentaram uma participação maior ao longo dos períodos. Em
19X1, 12,5% do total do financiamento da empresa era representado por passivo circulante,
subindo para 14,5% em 19X3. Esta situação, conforme visto na AH, produziu uma redução na
liquidez da empresa, devendo administrar um volume maior de dívidas vencíveis a curto prazo
sem apresentar um incremento correspondente em seus activos circulantes;
 o único grupo patrimonial que proporcionalmente cresceu ao longo dos anos foi o activo
permanente, o qual representava 53,6% dos investimentos em 19X1, crescendo para 60,8% em
19X3. Os demais grupos de contas do activo sofreram decréscimos relactivos nos exercícios.
A maior preocupação por investimentos produtivos (permanentes) pode ser derivada do
crescimento dos níveis de vendas da empresa, tendo atingido 51,8% em 19X2 em relação a
19X1, e 62,7% em 19X3 em relação a 19X2.
 da mesma forma, observa-se que em 19X1 60,7% dos activos da empresa eram financiados
por capital próprio. Em 19X3, esse percentual caiu para 53,4%, significando que a empresa
deve a terceiros 46,6% (100,0% - 53,4%) de seus activos. Em verdade, conforme comentou-
se, a empresa não produziu melhores níveis de capitalização no período (maior participação de
capital próprio), diminuindo inclusive a participação do património líquido.
 pela demonstração de resultados, confirma-se a necessidade de um volume maior de receitas
de vendas para cobrir os custos. Em 19X1, 63,2% das vendas eram destinadas a reporem os
custos incorridos, elevando-se para 66,7% em 19X2 e 77,7% em 19X3. Como consequência,
reduz-se a parte das vendas que representa lucro bruto. Observa-se que a relação lucro
bruto/receitas de vendas atingia 36,8% em 19X1, decaindo para 33,3% em 19X2 e 22,2% em
19X3.
 é de notar que, em consequência, apesar de haver ocorrido uma redução proporcional das
despesas operacionais e financeiras na estrutura de resultados, a empresa teve de assumir um
prejuízo de MT 8.100 em 19X3. Nos exercícios de 19X1 e 19X2, apesar de ter apresentado um
lucro líquido crescente em valores absolutos, houve uma redução proporcional às vendas.
Assim, em 19X1, 5,7% das vendas eram transformadas em lucro líquido, despendendo-se
94,3% das receitas para cobertura dos custos e despesas. No exercício seguinte, no entanto, a
empresa teve de usar um percentual maior das receitas de vendas para os custos e despesas,
restando somente 4,3% como lucro líquido.
Apesar de ter-se chegado a conclusões semelhantes com os resultados da análise horizontal
e vertical, é importante que sejam utilizadas as duas análises a fim de melhor identificar as várias
mutações sofridas por seus elementos contabilisticos.

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