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GUIA DO PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO
E SANCIONADOR DA ANPD
Com base na Resolução CD/ANPD nº1
de 28 de Outubro de 2021

A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão da


administração pública federal, integrante da Presidência da República, foi criada
com atribuições de zelar, implementar e fiscalizar o cumprimento da Lei Geral
de Proteção de Dados em todo o território nacional.

De modo a planejar suas ações para o biênio 2021-2022, a ANPD


publicou sua agenda Regulatória, que apresenta a previsão de início do
processo de regulamentação de vários temas. A Resolução CD/ANPD n.º 1 é
parte dessas ações e marco de suma importante ao abordar algumas das
temáticas que mais geram dúvidas na Lei: o Processo de Fiscalização e do
Processo Administrativo Sancionador no âmbito da ANPD.

O presente guia propõe-se a elencar os principais pontos da Resolução CD/


ANPD n.º 1 e auxiliar no dia a dia das organizações que realizam atividades
de tratamentos de dados pessoais e estão, portanto, sujeitas ao processo de
fiscalização da Autoridade
.

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DISPOSIÇÕES GERAIS

A Resolução CD/ANPD n.º 1 tem por objetivo estabelecer


procedimentos de fiscalização e certas regras a serem observadas
dentro do processo administrativo sancionador que é executado pela
Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Dessa forma, a resolução
é aplicável tanto aos titulares de dados, agentes de tratamento, pessoas
naturais ou jurídicas, de direito público ou privado e demais interessados
no tratamento de dados pessoais.

PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO: O QUE É?


Compreendem as atividades de monitoramento, orientação e atuação
preventiva acerca de possíveis infrações à Lei nº 13.709 (Lei Geral de
Proteção de Dados - LGPD). Assim, a sanção será aplicada em
conformidade com regulamentação específica, através de processo
administrativo sancionador, definido em Regulamento.

COMENTÁRIO LBCA:
As ações de fiscalização da ANPD abarcam atividades de
monitoramento, orientação e atuação preventiva. De acordo com a LGPD, a
Autoridade poderá atuar de forma provocada, a partir das reclamações
colhidas e realizar auditorias, ou determinar sua realização sobre o
tratamento de dados pessoais efetuado pelos agentes de tratamento,
incluído o poder público, de acordo com seu Artigo 55, inciso XVI . Cabe
salientar que as disposições da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que
regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Federal, aplicam-se subsidiariamente às previsões da Resolução, bem
como os princípios da legalidade,finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência.

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ALGUMAS DEFINIÇÕES

Para melhor entendimento da Resolução, adotam-se os seguintes termos:

PETIÇÃO DE TITULAR:
comunicação feita à ANPD pelo titular de dados pessoais de uma
solicitação encaminhada ao controlador e não solucionada no prazo
estabelecido em regulamentação;

OBSTRUÇÃO À ATIVIDADE DE FISCALIZAÇÃO:


ato, comissivo ou omissivo, direto ou indireto, da fiscalização ou de
seus pressupostos, que impeça, dificulte ou embarace a atividade de
fiscalização exercida pela ANPD;

PETIÇÃO DE TITULAR:
comunicação feita à ANPD pelo titular de dados pessoais de uma
solicitação encaminhada ao controlador e não solucionada no prazo
estabelecido em regulamentação;

AGENTES REGULADORES:
agentes de tratamento ou demais integrantes e interessados no
tratamento de dados pessoais;

DENÚNCIA:
comunicação à ANPD, que pode ser feita por qualquer pessoa,
natural ou jurídica, de suposta infração cometida contra a LGPD;

AUTUADO:

agente que tem processo administrativo sancionador contra si, uma


vez verificados indícios suficientes de conduta infratora;

REQUERIMENTO:

conjunto de tipos de comunicação, compreendendo a petição de titu-


lar e a denúncia.
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COMENTÁRIO LBCA:
A ANPD e os órgãos e entidades públicos responsáveis pela regulação de
setores específicos da atividade econômica e governamental devem
coordenar suas atividades, nas correspondentes esferas de atuação, com o
objetivo de assegurar o cumprimento de suas atribuições com a maior
eficiência e promover o adequado funcionamento dos setores regulados.
Acresce-se, no entanto, que a aplicação das sanções previstas na LGPD
compete exclusivamente à ANPD, de acordo com a própria Lei, e suas
competências prevalecerão, no que se refere à proteção de dados
pessoais, sobre as competências correlatas de outras entidades ou órgãos
da administração pública.
Cabe à Autoridade articular a atuação com outros órgãos e entidades
com competências sancionatórias e normativas relacionadas ao tema de
proteção de dados pessoais, sendo o órgão central de interpretação.
Até o momento, a ANPD já estabeleceu acordos de cooperação
com algumas instituições nacionais e internacionais, com destaque para a
Secretária da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE) .
O acordo com a Senacon prevê ações conjuntas nas áreas de proteção
de dados pessoais e defesa do consumidor e vão incluir intercâmbio de
informações, uniformização de entendimentos, cooperação quanto a
ações de fiscalização, desenvolvimento de ações de educação, formação e
capacitação e elaboração de estudos e pesquisas.
Com o CADE, o acordo foca na necessidade de coibir eventuais
ameaças provenientes de atos de concentração por agentes econômicos
que, eventualmente, tencionam mitigar a concorrência mediante a prática
de atividades lesivas à ordem econômica.

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DEVERES DOS AGENTES REGULADOS

Possibilitar que a ANPD tenha Fornecer cópia de


conhecimento dos sistemas documentos, dados e
de informação utilizados para informações relevantes
tratamento de dados pessoais; para avaliação das atividades
de tratamento;

Permitir acesso às instalações, Disponibilizar, sempre que


equipamentos, aplicativos, requisitado, representante apto
facilidades, sistemas, a oferecer suporte à atuação
ferramentas e recursos da ANPD, com conhecimento e
tecnológicos, documentos, autonomia para prestar dados
dados e informações e informações.
relevantes para a avaliação
das atividades de tratamento,
em seu poder ou de terceiros;

Manter os documentos, Submeter-se a auditorias


dados e informações durante realizadas ou determinadas
os prazos estabelecidos, bem pela ANPD;
como durante todo o prazo
de tramitação de processos
administrativos;

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Vale ressaltar que cabe ao agente regulado solicitar à ANPD o sigilo de
informações, dados e informações relativas à atividade empresarial, cuja
divulgação possa representar violação a segredo comercial ou industrial.
Caso não sejam cumpridos esses deveres por parte do agente regulado,
poderá ser caracterizada obstrução à fiscalização, sujeitando o infrator a
medidas repressivas, sem prejuízo à fiscalização por parte da ANPD.

COMENTÁRIO LBCA:

Empresas estrangeiras que realizem operações de tratamento no


território nacional, desenvolvam atividades que envolvam tratamento de
dados pessoais que tenham por objetivo a oferta ou o fornecimento de
bens ou serviços ou o tratamento de dados de indivíduos localizados no
Brasil ou ainda que os dados pessoais objeto do tratamento tenham sido
coletados no território território nacional poderão ser agentes regulados no
Brasil. Estes serão notificados e intimados de todos os atos processuais previstos
na LGPD, independentemente de procuração ou de disposição contratual ou
estatutária, na pessoa do agente ou representante ou pessoa responsável por sua
filial, agência, sucursal, estabelecimento ou escritório instalado no país.

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PRAZOS

Todos os prazos oficiais começam a correr a partir da ciência oficial e


são contados em dias úteis, excluindo o dia do começo e incluindo o
dia de vencimento;

Prazo para prática de ato será prorrogado para o primeiro dia útil
seguinte, caso no dia do vencimento não haja expediente na sede da
ANPD ou se este for encerrado antes do horário;

Prazo também poderá ser prorrogado em caso de comprovada


indisponibilidade do sistema eletrônico de peticionamento por
período superior a três horas, ininterruptas ou não, entre 6h00 e 23h00
ou caso ocorra entre 23h00 e 24h00.

COMUNICAÇÃO DOS ATOS

A expedição dos atos administrativos ocorrerá por determinação


motivada pela autoridade competente;

OS ATOS ADMINISTRATIVOS SERÃO COMUNICADOS POR INTIMAÇÃO, CONTENDO:

Identificação do intimado;

Finalidade da intimação e informação de continuidade do processo


independentemente de seu comparecimento;

Data, hora e local ou prazo para tomada da providência;

Informar se o intimado deverá comparecer pessoalmente;

Indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.

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PRÁTICA DOS ATOS

Serão realizados, preferencialmente, por meio eletrônico, podendo ser por


videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons
e imagens em tempo real. Excepcionalmente a ANPD poderá expedir
comunicação por suporte físico ou qualquer outro que garanta a ciência do
interessado

A COMUNICAÇÃO DA INTIMAÇÃO SERÁ CONSIDERADA EFETUADA,


COM CIÊNCIA OFICIAL:

Por meio eletrônico, Por edital, na data Por mecanismos


na data em que o de sua publicação; de cooperação
intimado realizar a internacional, na
consulta do doacumento forma estabelecida no
ou, caso não realizada Decreto nº 9.734 de 20
a consulta, dez dias de março de 2019.
úteis após o envio;

pessoalmente, na data Por outro meio, Por via postal, na data


da ciência do intimado, que assegure de recebimento do
seu representante ou certeza da ciência Aviso de Recebimento
preposto ou, no caso do interessado; (AR) ou documento
de recusa de ciência, na equivalente;
data declarada pelo
servidor que efetuar
a intimação;

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Frustrada a tentativa por via postal, a intimação deverá ser feita por
edital publicado no Diário Oficial da União.Além disso, o interessado deve
informar, na primeira oportunidade, endereço eletrônico válido em que
receberá as comunicações.

COMENTÁRIO LBCA:
Em alinhamento com a Lei 9784/99, que regulamenta o processo
administrativo, devem ser objeto de intimação os atos do processo que
resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou
restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza,
de seu interesse. Ainda, caso haja o desatendimento da intimação não im-
porta o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito.

QUEM SÃO OS INTERESSADOS


NO PROCESSO?

Pessoas naturais ou jurídicas, que o iniciem como titulares de direitos,


com interesses individuais ou no exercício do direito de representação;

Aqueles que têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela
decisão a ser adotada;

Organizações e associações representativas, no tocante a direitos e


interesses coletivos;

Pessoas ou associações legalmente constituídas quanto a direitos ou


interesses difusos, incluindo instituições acadêmicas.

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COMENTÁRIO LBCA:
A Resolução, em consonância com o art. 9º, da Lei 9784/99, aponta quem
são as partes interessadas no processo administrativo, que deverão
ser comunicadas das movimentações e decisões que sejam proferidas,
assim como terão legitimidade para se manifestar no processo. A
institucionalização da divulgação oficial dos atos processuais
administrativos poderá ser condição para assegurar o direito ao exercício
da legitimação processual administrativa, de que trata a Resolução, em
acordo ao previsto na Lei 9784/99. Tanto a Resolução (art. 13), como a Lei
(art. 9º), preveem que é interessado no processo administrativo, aqueles que
“sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser
afetados pela decisão a ser adotada” (inciso II), as “organizações e
associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos”
(inciso III), e “as pessoas ou as organizações legalmente constituídas
quanto a direitos ou interesses difusos” (inciso IV).

ATENDIMENTO PRIORITÁRIO

A prioridade na tramitação dos processos será conferida sempre


que requerida pelo interessado e comprovado o atendimento aos
requisitos aplicáveis.

COMENTÁRIO LBCA:

A Resolução aponta a prioridade prevista na legislação aplicável, ou seja,


no Código de Processo Civil. O artigo 1.048, do CPC, elenca o rol das
pessoas que possuem direito à prioridade de tramitação, sendo que no
caso em questão, falamos das pessoas com idade igual ou superior a 60
anos; portadoras de doenças graves na forma do art. 6º, inc. XIV, da Lei
7.713; ou, crianças ou adolescentes.

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PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO

Atividades de monitoramento, orientação e prevenção no processo de


fiscalização serão adotadas pela ANPD e esta poderá iniciar a
atividade repressiva (art. 15). Levantamentos de dados e informações
relevantes para subsidiar a tomada de decisões pela ANPD, além de
orientação com métodos e ferramentas que almejam a promover a
orientação, conscientização e a educação dos agentes de tratamento e dos
titulares de dados pessoais, bem como atividade preventiva e
repressiva, a fim de evitar ou remediar situações que possam acarretar risco
ou danos aos titulares de dados pessoais e a outros agentes de tratamento,
no primeiro caso e à punição dos responsáveis mediante a
aplicação das sanções previstas no artigo 52 da LGPD, por meio de
processo administrativo sancionador, no caso de medida repressiva.

São meios de atuação da fiscalização de ofício, em decorrência de


programas periódicos de fiscalização, de forma coordenada com órgãos
e entidades públicas ou em cooperação com autoridades de proteção de
dados pessoais de outros países, de natureza internacional ou
transnacional. Além disso, a promoção de políticas públicas e medidas de
segurança, de forma a disseminar boas práticas.

O processo de fiscalização observará as premissas de


alinhamento com o planejamento estratégico, com os instrumentos
de monitoramento das atividades de tratamento de dados e com a
Política Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da
Privacidade, com atuação baseada em evidências e
riscos regulatórios, atuação integrada com órgãos e entidades da
Administração Pública, atuação de forma responsiva, estímulo de
promoção da cultura de proteção de dados pessoais, mecanismos de
transparência, retroalimentação e autorregulação, prestação de contas
pelos agentes de tratamento e incentivo a responsabilização. Além
disso, o estímulo à conciliação e a mínima intervenção na imposição de
condicionantes administrativas.

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COMENTÁRIO LBCA:
A ANPD deverá adotar três comportamentos antes de uma ação
repressiva. Trata-se do monitoramento (levantamento de
informações e subsídios para tomada de decisão), da orientação (utilização
de métodos e ferramentas de conscientização e educação dos
agentes de tratamento e dos titulares) e da prevenção (construção conjunta
de soluções e medidas para conduzir o agente de tratamento à plena
conformidade, visando evitar ou mitigar ações de risco aos titulares).
Além disso, a atuação da ANPD poderá ser de ofício; mediante
a implementação de um programa de fiscalização dos
agentes de tratamento; em parceria com órgãos públicos; ou, em
cooperação com autoridades de proteção de dados de outros
países.

É importante observar que a ANPD e a Senacon (Secretaria


Nacional do Consumidor) firmaram acordo de cooperação técnica, visando
o intercâmbio de informações e experiências, que prevê a realização
de ações conjuntas nas áreas de proteção de dados pessoais e defesa
do consumidor, além da uniformização de entendimentos, cooperação
quanto a ações de fiscalização, desenvolvimento de ações de
educação, formação e capacitação e elaboração de estudos e pesquisas.
Com uma expertise acumulada por vários anos em decorrência da atuação
nos processos de fiscalização e controle nas relações de consumo, a
parceria entre os dois órgãos pretende auxiliar na identificação das
causas relacionadas aos incidentes que geram o comprometimento
da confidencialidade, integridade e disponibilidade de dados pessoais.

Como paralelo, as fiscalizações ocorridas na esfera das relações de


consumo estão disciplinadas pelo Decreto nº 2181/97, que em seu art.
33 estabelece como peça inaugural do processo administrativo o ato da
autoridade competente (de ofício), o auto de infração e a reclamação (de
consumidor). Além disso, o regulamento prevê a possibilidade de uma
investigação preliminar em que haverá a requisição de informações.

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ATIVIDADE DE MONITORAMENTO

A Coordenação-Geral de Fiscalização realizará o monitoramento das


atividades de tratamento de dados pessoais, além de planejar e
subsidiar a atuação fiscalizatória, analisar a conformidade dos agentes de
tratamento no tocante a proteção de dados pessoais, considerar o risco
regulatório em função do comportamento dos agentes de tratamento e alocar
recursos compatíveis ao risco, prevenir práticas irregulares e fomentar
a cultura de proteção de dados, além de atuar na busca da correção de
práticas irregulares e minimizar eventuais danos. Considerando,
portanto, o Relatório de Ciclo de Monitoramento como instrumento de
prestação de contas e planejamento da atividade de fiscalização a ser el
aborado anualmente, podendo ser estabelecido prazo superior por decisão
do Conselho Diretor.

COMENTÁRIO LBCA:

A Coordenação-Geral de Fiscalização é o
órgão integrante da estrutura administra-
tiva da ANPD que ficou responsável por
realizar o monitoramento das atividades
de tratamento respeitando os limites
impostos nos artigos 3º e 4º, tendo o
Relatório de Ciclo de Monitoramento e
o Mapa de Temas Prioritários como os
principais documentos a serem produzidos.

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RELATÓRIO DE CICLO DE MONITORAMENTO

O Relatório avaliará as atividades de fiscalização realizadas no ciclo de


monitoramento, direciona a estratégia de atuação orientativa, preventiva
e repressiva e as medidas a serem adotadas, inclusive ao longo do ciclo
seguinte e consolida as informações obtidas a partir de requerimentos e
comunicações de incidentes e será submetido à deliberação do Conselho
Diretor ao final do ciclo e poderá indicar outras necessidades de atuação
da ANPD.

COMENTÁRIO LBCA:
Embora a Resolução informe sobre a elaboração do Relatório
pela Coordenação-Geral de Fiscalização, não traz um modelo do
documento ou elementos mínimos que deverão ser levados em
consideração no momento da sua elaboração. No entanto, é importante
salientar que a Resolução aponta os objetivos que são almejados pela
elaboração do aludido documento, os quais irão avaliar as atividades de
fiscalização, direcionar a estratégia de atuação durante o ciclo e consolidar as
informações obtidas para apreciação pelo Conselho Diretor. É um
documento de avaliação e prestação de contas, sendo que o primeiro
Ciclo de Monitoramento terá início em janeiro de 2022.

DO MAPA DE TEMAS PRIORITÁRIOS

O Mapa de Temas Prioritários será bianual e estabelecerá os temas


prioritários que serão considerados pela ANPD para fins de estudo e
planejamento da atividade de fiscalização no período e utilizará como
critérios o risco, a gravidade, a atualidade e a relevância e engloba a
memória do processo decisório do qual decorreu a seleção e priorização
dos temas, os objetivos a serem alcançados, cronograma de sua execução
e a indicação da necessidade de interação com outros entes ou órgãos da
administração pública ou cooperação de outros países

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COMENTÁRIO LBCA:
A ideia é que o Mapa seja um documento bianual e que traga o
planejamento das ações de monitoramento que serão executadas pela
Autoridade, como os temas de estudo e as atividades de fiscalização.
Estas ações poderão ser alteradas caso haja a identificação de fatos
novos e urgentes, mesmo após a aprovação pelo Conselho Diretor.

DO RECEBIMENTO DE REQUERIMENTOS
A ANPD estabelecerá os meios para o recebimento
dos requerimentos e a sua admissibilidade será realizada pela
Coordenação Geral de Fiscalização, que verificará a competência, a
identificação do requerente, sua legitimidade, a identificação do suposto
agente de tratamento e a descrição do fato certo. Além disso, a petição de
titular deverá ser acompanhada de comprovação de que foi previamente
submetida ao controlador e não solucionada no prazo estabelecido em
regulamentação, admitida a autodeclaração do titular quando não for
possível apresentar outro meio de prova.

COMENTÁRIO LBCA:
A Resolução indica que os requerimentos devem conter a
identificação do solicitante e a evidência de que, antes de comunicar à
ANPD, submeteu a sua solicitação para atendimento perante o
Controlador e não foi solucionado no prazo que ainda será
regulamentado. Todavia, a ANPD aceitará a autodeclaração do titular como
um elemento de prova, o que certamente demandará uma cautela
maior da Autridade para não permitir a abertura de procedimentos aos
agentes de tratamento sem obter a confirmação de que foram demandados
e ficaram inertes. Além disso, em alguns casos, a depender da temática do
requerimento é possível que haja uma solicitação anônima, desde que haja
verossimilhança das alegações nela constantes e não for necessária a
identificação do denunciante para a apuração dos fatos.

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DA ATIVIDADE DE ORIENTAÇÃO

A ANPD promoverá medidas visando à orientação,


à conscientização e à educação dos agentes de tratamento, dos titulares
de dados pessoais e dos demais integrantes ou interessados. As medidas
de orientação consistem na elaboração e disponibilização de guias de boas
práticas e de modelos de documentos, realização de treinamentos e cursos,
elaboração e disponibilização de ferramentas de autoavaliação de
conformidade e de avaliação de riscos, divulgação das regras de boas
práticas e de governança e a recomendação de padrões técnicos que
facilitem o controle pelos titulares de seus dados, implementação de
Programa deGovernança em Privacidade e a observância de códigos de
conduta e de boas práticas estabelecidas por organismos de certificação
ou outra entidade responsável.

COMENTÁRIO LBCA:
Importante ressaltar que as medidas de orientação não constituem como
sanção ao agente regulado, mas como um indicativo de como deverá
ocorrer a atividade de tratamento. São várias opções que poderão ser
adotadas pela ANPD para a realização da atividade de orientação, como
a elaboração de guias de boas práticas (como já houve o lançamento de
material para agentes de tratamento e para o encarregado). Da mesma
forma, a Autoridade poderá recomendar a utilização de medidas que
aumentem o nível de segurança da informação de acordo com o contexto
de cada atividade de tratamento. Os agentes de tratamento, por sua vez,
poderão sugerir a adoção de outras medidas de orientação não previstas
nesta Resolução.

DA ATIVIDADE PREVENTIVA

A atividade preventiva visa reconduzir o agente de tratamento à plena


conformidade ou evitar ou remediar situações que acarretem risco ou
dano aos titulares de dados pessoais. Sendo consideradas medidas
preventivas a divulgação de informações, aviso, solicitação de regularização ou
informe e plano de conformidade.

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COMENTÁRIO LBCA:
Da mesma forma que as medidas de orientação, as ações preventivas não
constituem como sanção ao agente regulado. A Resolução elenca as ações
preventivas e ainda informa que poderão ser adotadas outras medidas,
desde que sejam compatíveis com o teor deste documento.

DA DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES

A ANPD poderá divulgar informações e dados setoriais, como a taxa de


resolução de problemas e pedidos de titulares atendidos, bem como
poderá determinar ao agente regulado a divulgação das informações e
dados setoriais agregados

COMENTÁRIO LBCA:
Da mesma forma que as medidas de orientação, as ações preventivas não
constituem como sanção ao agente regulado. A Resolução elenca as ações
preventivas e ainda informa que poderão ser adotadas outras medidas,
desde que sejam compatíveis com o teor deste documento.

DO AVISO
O aviso conterá a descrição da situação e informações suficientes para
identificar as providências necessárias.

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COMENTÁRIO LBCA:
O aviso descreverá a situação irregular para que o agente de tratamento
identifique as providências necessárias que deverão ser adotadas para dar
conformidade à atividade de tratamento.

DA SOLICITAÇÃO DE REGULARIZAÇÃO E DO
INFORME

Destinam-se a situações em que a regularização deva ocorrer em prazo


determinado e cuja complexidade não justifique a elaboração de plano de
conformidade e será usado quando ocorrer infração em decorrência do
tratamento de dados pessoais por órgãos públicos. Além disso, conterá
a descrição da situação e informações suficientes para que o agente de
tratamento tenha como identificar as providências necessárias, devendo
comprovar a regularização dentro do prazo determinado.

O agente de tratamento poderá requerer ainda, a prorrogação do


prazo uma única vez por igual período, desde que sejam apresentadas as
justificativas que ensejaram a não regularização da situação dentro do
prazo determinado. Lembrando que o não atendimento da solicitação
de regularização ou do informe será considerado agravante caso seja
instaurado o processo administrativo sancionador.

COMENTÁRIO LBCA:
A solicitação de regularização e o informe serão emitidos pela ANPD
para que a regularização da atividade de tratamento ocorra em um prazo
determinado, que será fixado pela ANPD e que poderá ser prorrogado
uma única vez, mediante justificativa a ser encaminhada pelo agente de
tratamento. Além disso, esta medida será aplicada nos casos cuja
complexidade não justifique a elaboração de um plano de
conformidade, sendo o informe utilizado quando a infração
decorrer de tratamento de dados pessoais por órgãos públicos
.

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DO PLANO DE CONFORMIDADE
O plano de conformidade deverá conter o objeto, prazos, ações
previstas para a reversão da situação identificada, critérios
de acompanhamento e trajetória de alcance dos resultados esperados.
Lembrando, que o plano de conformidade não
exime o agente de tratamento do cumprimento das
obrigações previstas na regulamentação e caberá ao agente de
tratamento comprovar o atendimento ao resultado esperado. O
não cumprimento do plano de conformidade enseja a progressão da
ANPD para a atuação repressiva e será considerado agravante caso seja
instaurado procedimento sancionador.

COMENTÁRIO LBCA:
A medida visa a reversão de irregularidades mais complexas e deverá
conter, pelo menos, o objeto, o prazo, as ações para reversão, critérios
de acompanhamento e a trajetória de alcance dos resultados. É dever do
agente de tratamento a comprovação de que realizou as atividades de
reversão dentro do prazo estabelecido, sendo que caso não haja o
cumprimento do plano, a ANPD poderá adotar medidas repressivas,
bem como considerará o descumprimento como agravante em eventual
procedimento sancionador.

ORIENTAÇÃO DA ANPD

A ANPD proverá orientação, informações, conscientização e educação dos


agentes de tratamento, titulares de dados pessoais e demais interessados
no tratamento de dados pessoais.

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COMO O PROCESSO ADMINISTRATIVO
SANCIONADOR SERÁ FEITO E QUAIS SUAS
FASES?

O processo administrativo sancionador tem como destino a apuração


de infrações à legislação de proteção de dados e tal processo pode ser
instaurado:

De ofício pela Em decorrência Diante de


Coordenação-Geral do processo de requerimento;
de Fiscalização; monitoramento;

O despacho de instauração do processo não aceita recurso


administrativo e, na condução dos processos administrativos, a
ANPD obedecerá aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência, dentre outros.

COMENTÁRIO LBCA:
A instauração do processo administrativo poderá ocorrer por três
formas: (i) de ofício; (ii) em decorrência de processo de monitoramento; e
(iii) diante de requerimento. Ainda, de acordo com a normativa, não há
possibilidade de recurso administrativo contra o despacho que autoriza a
abertura do processo. Importante salientar que, na condução do processo, a
ANPD deverá respeitar aos princípios processuais e constitucionais, além dos
critérios dentre os quais o de interpretação da norma administrativa da
forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige,
vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

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PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO
A Coordenação-Geral de Fiscalização poderá, mediante procedimento
preparatório, efetivar averiguações preliminares, quando os indícios da
prática de infração não forem suficientes. Esse procedimento preparatório
tramitará em sigilo. Ao fim desse procedimento, poderá ser arquivado ou
instaurado um processo administrativo sancionador.

ATENÇÃO: o processo administrativo sancionador poderá ser instaurado


independentemente de procedimento preparatório.

COMENTÁRIO LBCA:
No tocante às fases do processo administrativo sancionador, a
Resolução CD/ANPD nº 1, prevê um procedimento preparatório, sendo
um meio para efetuar investigações preliminares. Assim, logo após as
análises preliminares poderá ocorrer o arquivamento ou a instauração do
processo administrativo sancionador.
Cabe destacar que, em 2018 o Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios (MPDFT), instituiu a Unidade Especial de Proteção de Dados
e Inteligência Artificial (Espec), dedicada exclusivamente à proteção dos
dados pessoais e da privacidade dos brasileiros. Dentre as atribuições da
Espec, está a possibilidade de promover a instauração de procedimento
preparatório, inquérito civil público e procedimento administrativo.
Assim, o MPDFT pode instaurar procedimento preparatório com base
na Resolução n. 66, de 17 de outubro de 2005, do Conselho Superior do
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, a fim de melhor
apuração dos fatos.Ainda, sobre a Resolução CD/ANPD nº 1, um ponto
importante, diz respeito à possibilidade de instauração de imediato do
processo administrativo sancionador pela ANPD, no qual poderá
ocorrer sem que seja necessário observar o procedimento preparatório
ou da adoção de medidas de orientação e prevenção, em razão da
gravidade e da natureza das infrações, dos direitos pessoais afetados, da
reincidência, do grau do dano ou do prazo de prescrição administrativa
aplicável.
Nesse sentido, conforme determina o artigo 52, § 1º, da LGPD, as
sanções serão aplicadas após procedimento administrativo que possibilite
a oportunidade da ampla defesa, de forma gradativa, isolada ou
cumulativa, de acordo com as peculiaridades do caso concreto e
considerados os parâmetros e critério estabelecidos na lei, como por
exemplo: a gravidade e a natureza das infrações e dos direitos pessoais
afetados, a boa-fé do infrator, o grau do dano, entre outros.
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LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO
O processo administrativo sancionador será instaurado
pela Coordenação-Geral de Fiscalização e garantirá ao acusado o
contraditório e a ampla defesa. Caso o auto de infração seja firmado,
conterá os seguintes elementos:

Identificação da pessoa natural ou jurídica infratora;

Enunciação da suposta conduta ilícita imputada ao autuado, com a


indicação dos fatos a serem apurados; e

Dispositivo legal ou regulamentar relacionado à suposta infração.

Em caso de decisão de lavratura do auto de infração, o agente de


tratamento será intimado pela Coordenação-Geral de Fiscalização para
apresentar defesa no prazo máximo de dez dias úteis, o que será indicado
na intimação.

CABERÁ À ANPD
Realizar diligências e juntar novas provas aos autos,
independentemente do prazo de defesa do autuado;

Se julgar necessária a prestação de informações ou a apresentação


de provas adicionais pelo autuado, expedir intimações específicas
para este fim;

Caso a intimação não seja atendida, poderá suprir de ofício a omissão


mas não se eximindo de proferir a decisão;

Ainda, poderá admitir a utilização de prova produzida em outro


processo, administrativo ou judicial, mesmo que por autoridades de
proteção de dados de outros países mas atribuindo-lhe o valor que
considerar adequado;

O poder de solicitar ou admitir a participação de interessado com


representatividade adequada na condição de terceiro interessado.

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SOBRE A PERTINÊNCIA DA PARTICIPAÇÃO
DE UM TERCEIRO INTERESSADO

Será avaliada considerando a relevância da matéria, a especificidade


do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia
em análise no processo administrativo sancionador;

A admissibilidade e, em caso de deferimento, os poderes do terceiro


interessado e os prazos para sua manifestação, serão definidos por
decisão administrativa irrecorrível;

O terceiro interessado receberá o processo no estado em que se


encontra e terá acesso apenas aos documentos e peças processuais
públicas.

SOBRE A DEFESA DO AUTUADO

Caberá ao mesmo a prova dos fatos que alegar;

Qualquer que seja a fase do processo, nele poderá intervir o revel, sem
direito à repetição de qualquer ato já praticado.

Os pedidos de produção de prova serão analisados pela


Coordenação-Geral de Fiscalização e poderão ser indeferidos.

Na hipótese de deferimento da produção de prova pericial, os peritos


prestarão compromisso, observando-se o seguinte:

A Coordenação-Geral de Fiscalização definirá os requisitos


relevantes para a instrução processual e os quesitos a serem
respondidos pelo perito;

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O autuado poderá formular quesitos suplementares e requerer
esclarecimentos ao perito;

A perícia poderá ser realizada:

Por autoridade ou servidor da ANPD, especificamente designado para


este fim pelo Conselho Diretor, ou de qualquer órgão público;

Por profissional objeto de Termo de Cooperação previamente


celebrado;

Por profissional especialmente contratado para tal fim, sendo possível


ao interessado a indicação de assistente técnico.

Para o direito a alegações finais é facultado prazo de dez dias úteis para
manifestação do autuado antes da elaboração do Relatório de instrução,
se entre a defesa e a instrução processual forem produzidas novas provas.

SOBRE O RELATÓRIO DE INSTRUÇÃO

Transcorrido o prazo de defesa, independentemente da sua


apresentação, será elaborado relatório de instrução que
subsidiará a decisão de primeira instância e o processo será concluso à
Coordenação-Geral de Fiscalização para decisão;

O relatório de instrução encerra a fase de instrução, exceto se a


análise processual indicar que o processo não se encontra
suficientemente instruído, neste caso será emitido despacho
determinando as diligências a serem realizadas.

27
COMENTÁRIO LBCA:
A fase de instauração e de instrução, é apresentada na Resolução de
forma a garantir ao autuado o contraditório e a ampla defesa, princípio
assegurado pelo artigo 5º, inciso LV da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 (CF). Tal dispositivo constitucional, na prática,
garante a oportunidade do autuado poder se manifestar e apresentar os seus
argumentos e contra-argumentos.
Conforme previsto na Resolução, o autuado poderá juntar as provas que
julgar necessárias à sua defesa, sendo indicado o prazo de 10 (dez) dias
para apresentação de defesa, tendo início com a expedição de intimação.
Frisa-se que o texto da Resolução não trouxe nenhuma distinção quanto à
contagem do prazo para os casos em que há o envolvimento de mais de
um autuado, por exemplo: controlador e operador envolvidos.
Nesta fase, destaca-se que, a Autoridade Nacional de Proteção
de Dados poderá solicitar ou admitir a participação de terceiro interessado.
Tal participação será conferida àqueles que comprovem a sua
legitimidade e interesse na causa.
Já durante a fase de defesa, na hipótese de deferimento da produção
de prova pericial, o autuado poderá formular quesitos suplementares e
requerer esclarecimentos ao perito. Tal ponto merece destaque, uma vez
que o texto da Resolução não menciona como ocorrerá o processo de
escolha dos peritos, bem como o prazo para a formulação dos quesitos
pelo autuado.

DA FASE DE DECISÃO PELA


COORDENAÇÃO-GERAL DE FISCALIZAÇÃO

Assim que finalizada a instrução processual, a Coordenação-Geral de


Fiscalização proferirá a decisão de primeira instância, cujo
resumo será publicado no Diário Oficial da União. A decisão
será motivada, com indicação dos fatos e dos fundamentos
jurídicos, e quando cabível a sanção será aplicada, seguindo os
parâmetros e critérios definidos no §1º do art. 52 da LGPD e na
regulamentação expedida pela ANPD.

28
No caso de decreto da sanção administrativa na primeira instância, a
intimação, prevista no art. 58, determinará o cumprimento da
sanção pelo autuado e o prazo para a execução. Transitada em julgado a
decisão e transcorrido o prazo para cumprimento da sanção administrativa
pecuniária sem a sua respectiva comprovação, o processo será remetido
para cobrança e execução, observado o disposto no art. 67.

Ainda ressalta que é possível o julgamento conjunto dos processos que


possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias
caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles, seja na
fase de decisão em primeira instância ou recursal.

COMENTÁRIO LBCA:
A decisão de primeira instância será proferida pela Coordenação-Geral de
Fiscalização, órgão específico singular da ANPD que exerce o ofício de
verificação do cumprimento das normas e regulamentos relativos à Lei
Geral de Proteção de Dados, como também de eventuais infrações à
proteção de dados pessoais.
As decisões administrativas devem ser motivadas formalmente, por
princípio. Nesse sentido, o trecho decisório deve vir encabeçado de
uma fundamentação e, nos casos em que couber, sanções poderão ser
aplicadas neste momento. O autuado terá dez dias úteis para cumprir a
decisão ou interpor recurso. O autuado poderá recorrer das decisões em
diferentes instâncias.

DA FASE DE RECURSO RECURSO AO


CONSELHO DIRETOR DA ANPD
Após a decisão, o autuado será intimado para cumprir a decisão de
primeira instância ou interpor recurso administrativo, sendo que este
deverá ser dirigido à autoridade que proferiu a decisão e deverá ser
protocolizado na forma indicada na intimação, ao Conselho Diretor, como
a instância administrativa máxima, no prazo de dez dias úteis, contados da
intimação da decisão. Os terceiros interessados habilitados no processo

29
administrativo. O recurso administrativo terá efeito suspensivo limitado
à matéria contestada da decisão, com exceção às hipóteses de fundado
receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução
da decisão recorrida.

O RECURSO NÃO SERÁ CONHECIDO


QUANDO INTERPOSTO

Fora do prazo;
Por quem não seja legitimado;
Após exaurida a esfera administrativa;
Por ausência de interesse recursal;
Contra atos de mero expediente ou preparatórios de decisões,
bem como em face de análises técnicas e pareceres ou decisões
irrecorríveis

Porém o não conhecimento do recurso não impede a ANPD de rever de


ofício o ato ilegal

COMENTÁRIO LBCA:
O autuado terá dez dias úteis para cumprir a decisão ou interpor recurso
e poderá recorrer das decisões em diferentes instâncias.
Cabe ao autuado, usufruindo do seu direito constitucional ao
contraditório e ampla defesa, pleitear uma revisão do ato decisório, este
deverá ser realizado conforme indicado na intimação e direcionado à
autoridade que proferiu a decisão.
Ainda, o texto da presente resolução aborda que o recurso terá efeito
suspensivo limitado à matéria contestada da decisão, trazendo exceções
aos casos em que haja receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação
decorrente da execução da decisão recorrida. A resolução aborda também
as hipóteses de não conhecimento do recurso.

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JUÍZO DE RECONSIDERAÇÃO

Uma vez recebido o recurso administrativo, a Coordenação-Geral de


Fiscalização poderá reconsiderar sua decisão, de forma fundamentada.
Seguindo as seguintes diretrizes:

Mantida ou reconsiderada No caso da reconsideração


parcialmente a decisão, a resultar na exoneração total da
Coordenação Geral de Fiscalização sanção originalmente aplicada, a
remeterá o processo ao Conselho nova decisão proferida estará
Diretor para prosseguimento; sujeita a reexame necessário pelo
Conselho Diretor.

Uma vez deferida uma nova Em caso de reconsideração parcial,


decisão, esta terá efeito substitutivo a decisão deve explicitar a parte
em relação à decisão recorrida e reconsiderada, bem como a
o autuado deverá ser intimado da ratificação dos demais termos da
nova decisão; decisão recorrida;

Do exercício do juízo de
reconsideração não poderá
resultar agravamento da sanção
originalmente aplicada;

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COMENTÁRIO LBCA:
O regulamento traz o juízo de reconsideração por parte da
Coordenação-Geral da Fiscalização, que, quando exercido, não poderá
agravar a sanção originalmente aplicada.
Nos casos em que a reconsideração resultar decisão de não aplicação de
sanção, esta deverá passar pelo reexame necessário do Conselho Diretor.

RELATORIA

O procedimento de distribuição e processamento do recurso seguirá as


regras do Regimento Interno da ANPD e o Diretor relator poderá remeter o
processo à Assessoria Jurídica ou a outros órgãos da ANPD para análise e
manifestação, nos termos do Regimento Interno.

JULGAMENTO DO RECURSO

Para a deliberação do Conselho Diretor, o Diretor Relator se


manifestará sobre a admissibilidade e sobre o provimento total ou parcial,
ou indeferimento do recurso, fundamentando seu voto e, em seguida, os
demais Diretores votarão conforme os fundamentos legais e
regulamentares.

Caso a apreciação do recurso puder decorrer gravame à situação do


recorrente, este deverá ser intimado antes da decisão para formular suas
alegações no prazo máximo de dez dias úteis
A decisão do Conselho Diretor será publicada na forma da lei, intimando-se
os interessados para fins de ciência e cumprimento da decisão, conforme
o caso.

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COMENTÁRIO LBCA:
O recurso será julgado pelo Conselho Diretor, que poderá se valer de
Assessoria Jurídica ou de outros órgãos da ANPD. A manifestação será
proferida pelo Diretor Relator, este poderá admitir, ou não o recurso, dá
provimento total ou parcial, fundamentando o seu voto, em ato contínuo,
os demais Diretores votarão.
Esta decisão poderá ser mais gravosa do que aquela proferida pela
Coordenação-Geral de Fiscalização, por esse motivo, o recorrente será
intimado, antes da decisão final, para formular suas alegações em dez dias
úteis.

CUMPRIMENTO DA DECISÃO E DA
INSCRIÇÃO NA DÍVIDA ATIVA

O processo administrativo será encaminhado para a


Coordenação-Geral de Fiscalização para que seja acompanhada a
decisão e a Coordenação adotará providências necessárias para a
companhamento do cumprimento da decisão.

Após o cumprimento da decisão e não havendo outras providências,


os autos serão arquivados.

Havendo sanção pecuniária não paga até a data do vencimento, o devedor


será intimado sobre a existência do débito e informado de que, no prazo de
setenta e cinco dias contados desta intimação, será feita sua inscrição no
Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal e
seu débito será encaminhado para inscrição na Dívida Ativa da União.

Caso ainda reste débito vencido e não pago, o processo será


encaminhado ao órgão competente da Advocacia-Geral da União.

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COMENTÁRIO LBCA:
Importante ressaltar que, em processos administrativos, as
condenações que resultam sanções, mesmo as transitadas em julgado,
podem ser objeto de revisão, nos casos em que surjam fatos novos ou
circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da
sanção aplicada.

O pedido de revisão não suspenderá os efeitos da sanção aplicada por


decisão administrativa transitada em julgado, este será recebido como
novo procedimento.
Da revisão do processo sancionador não poderá resultar agravamento da
sanção.

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

O primeiro ciclo de monitoramento terá início a partir de janeiro de 2022.É


facultado ao Conselho Diretor a edição de Portaria estabelecer instruções
complementares ao disposto na Resolução.

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