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R$ 15
SOCIOAMBIENTAL
RACISMO:
INSTRUMENTO DE
DOMINAÇÃO DAS ELITES
p. 08
1
CARTA
ABERTA
Esses últimos meses ficarão marcados na história pela pandemia do novo coronavírus e pela fragilidade
de ações do governo federal tanto no combate à doença quanto no enfrentamento da crise econômica.
As poucas ações voltadas para a população focam nos cidadãos chamados de “invisíveis” pelo próprio
governo federal que os desconhecia até então: são os brasileiros sem recursos, sem conta bancária, sem
cadastros, que se encontram à margem de direitos que deveriam ser garantidos pelo Estado.
À POPULAÇÃO Até agora, mais de 120 milhões de brasileiros já recorreram à Caixa - principal banco público do País -
em busca do auxílio emergencial, seguro desemprego e para saques do FGTS. A fim de atender mais da
metade da população do Brasil, o banco posicionou o seu grande trunfo na linha de frente: os empregados
da Caixa. Para eles, essa população nunca foi invisível porque é parte integrante
de sua função social desde a sua fundação.
calamida
São 159 anos de conhecimento acumulado, experiência e trabalho. O que seria do País, nessa calamida-
de, se a Caixa não tivesse se mantido pública ao longo de tantos anos? Se seus empregados, de ontem e
de hoje, ao lado das entidades que os representam, não lutassem para impedir a venda e privatização da
instituição? Quem, neste momento, estaria efetuando tão árdua tarefa?
É neste contexto que os empregados da Caixa estão expostos à pandemia de forma exponencial por
conta das aglomerações, apesar da adoção de medidas protetivas negociadas com os movimentos de
representação. Eles se desdobram a cada dia, inclusive nos finais de semana, enfrentando riscos diários
de sua contaminação, e de seus familiares, para garantir que nossa população tenha condições de
sobrevivência durante o período de pandemia.
Apesar disso, os empregados da Caixa são alvo de agressões, críticas e ofensas indevidas que decorrem,
sobretudo, de falhas no sistema de pagamento. As agressões sofridas na ponta pelo bancário da Caixa
refletem a falta de respeito da direção do banco que submete seus empregados a jornadas estafantes de
atendimento, pressão, cobrança por metas absurdas e utilização de um sistema que que tem aumentado o
tempo de atendimento, causando transtorno à população que já não pode mais esperar.
Ainda assim, os empregados da Caixa já atenderam mais da metade da população brasileira, demonstran
demonstran-
do ser imprescindível como banco público e primordial em sua ação social. Defender a Caixa, como banco
público, passa também pelo reconhecimento de seus empregados e pela defesa de melhores condições
de trabalho. Os empregados da Caixa necessitam de condições dignas para trabalhar.
Enquanto você lê esta carta, milhões de brasileiros estão sendo atendidos por empregados da Caixa. São
eles que, desde o início da pandemia, mostram a força desse banco público. São eles que hoje formam a
maior e mais efetiva frente de auxílio à população. Eles merecem respeito, reconhecimento e valorização.
O empregado da Caixa é essencial para o Brasil seguir em frente. Nós reivindicamos condições dignas de
trabalho e respeito aos empregados e prestadores de serviço. Defendemos atendimento digno à popula-
ção. E lutaremos de forma intransigente por uma Caixa cada vez mais pública e social.
COMITÊ NACIONAL
2 3 EM DEFESA DA CAIXA
EDITORIAL
Este é o tema da matéria de Capa desta Xapuri número 70. De forma ampla, o assunto
COLABORADORES/AS - AGOSTO é abordado por muitas facetas, inclusive a das quotas raciais em universidades e outras
medidas afirmativas. É mais que evidente, após anos de avaliação, que essa política não
Altair Sales Barbosa – Arqueólogo. Carlos Durigan – Geólogo. Eduardo Pereira – Sociólogo. Emir
tem a capacidade de acabar com o racismo, mas consegue mitigar erros que vêm desde a
Bocchino – Designer Gráfico. Emir Sader – Sociólogo. Francisco F. Xavier Filho – Biólogo. Iêda
libertação dos escravos, no Império.
Leal – Professora. Iêda Vilas-Bôas – Escritora. Jaime Sautchuk – Jornalista. Janaina Faustino
– Gestora Ambiental. José Ribamar Bessa Freire – Escritor. Leonardo Boff – Ecoteólogo. Lúcia
Um tema mais que oportuno, pois, pela sua atualidade. Mas a Xapuri tem, neste
Resende – Professora. Manoel de Barros – (in memoriam) Escritor. Reinaldo Filho Vilas Bôas
momento, que agradecer a seus leitores e colaboradores pelo sucesso da campanha S.O.S.
Bueno – Escritor. Zezé Weiss – Jornalista.
Xavante, com gestos de solidariedade e amor ao próximo. A finalidade dessa campanha
é adquirir equipamentos de saúde e equipar os postos de atendimento das aldeias desses
índios, no Mato Grosso.
CONSELHO EDITORIAL Também ganhou nova dinâmica a Loja Xapuri, com camisetas temáticas, muito bem
Jaime Sautchuk – Jornalista. Zezé Weiss – Jornalista. Agamenon Torres Viana – Sindicalista.
recebidas pelo público. São formas de ajudar na luta pela contenção desse vírus maligno
Ailton Krenak – Escritor. Altair Sales Barbosa – Arqueólogo. Ana Paula Sabino – Jornalista. Andrea
que afeta toda a humanidade, mas se apresenta com ainda mais crueldade quando ataca
Matos – Sindicalista. Ângela Mendes – Ambientalista. Antenor Pinheiro – Jornalista. Cleiton Silva
o indígena distante, nos sertões. As doações são feitas pela Internet e vão cair numa conta
– Sindicalista. Elson Martins – Jornalista. Emir Sader – Sociólogo. Fernando Neto – Advogado.
exclusiva.
Gomercindo Rodrigues – Advogado. Graça Fleury – Socióloga. Jacy Afonso – Sindicalista. Jair
Pedro Ferreira – Sindicalista. Júlia Feitoza Dias – Historiadora. Kleitton Morais – Sindicalista. .
Ao mesmo tempo, neste agosto de 2020, entrou em operação a Xapuri e-Books, uma
Iêda Leal – Educadora. Iêda Vilas-Bôas – Escritora. Lucélia Santos – Atriz. Rosilene Corrêa Lima
editora virtual voltada à difusão de temas de interesse socioambiental. O primeiro livro
– Jornalista. Trajano Jardim – Jornalista.
editado é Réquiem para o Cerrado, do antropólogo Altair Sales Barbosa, lançado em debate
nas redes sociais, no dia 3 de agosto.
Sim, mas vale lembrar que esta revista que começamos a folhear nos traz muitos assuntos
de interesse, sempre muito bem ilustrados. Destaque a um deles, que relembra a obra de
solidariedade nos deixada pelo querido Betinho.
Boa leitura!
EXPEDIENTE
Xapuri Socioambiental: Telefone: (61) 99967 7943. E-mail: contato@xapuri.info. Razão Social: Xapuri Socioambiental
Comunicação e Projetos Ltda. CNPJ: 10.417.786\0001-09. Endereço: BR 020 KM 09 – Setor Village – Caixa Postal 59
– CEP: 73.801-970 – Formosa, Goiás. Edição: Zezé Weiss, Jaime Sautchuk (61) 9 8135 6822. Revisão: Lúcia Resende.
Produção: Zezé Weiss. Jornalista Responsável: Thais Maria Pires - 386/ GO. Marketing e Responsabilidade Social:
Janaina Faustino (61) 9 9611 6826. Mídias Sociais: Eduardo Pereira. Tiragem: 5.000 exemplares. Circulação: Revista
Impressa - Todos os estados da Federação. Revista Web: www.xapuri. info. Distribuição – Revista Impressa: Todos os
estados da Federação. ISSN 2359-053x.
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Mensagens pra Xapuri
69
AGO 20
contato@xapuri.info
SOCIOAMBIENTAL
Vou lendo o blog Xapuri aos poucos, homeopaticamente... Fiquei encantado com
“Ticê – A deusa brasileira do sagrado feminino”. O texto ainda fala em Anhangá, personagem
CAPA CONJUNTURA
“suavizado” em meu livro infantil Guardiões do Cerrado, em que animais do bioma e Anhangá se
unem para enfrentar os produtores de soja. Cada dia mais fã da Xapuri. Parabéns a vocês.
Racismo: instrumento de A essência do governo
dominação das elites é o neoliberalismo
Evandro Valentim de Melo – Brasília – DF.
Xapuri – Palavra herdada do extinto povo indígena Chapurys, que habitou as terras
banhadas pelo Rio Acre, na região onde hoje se encontra o município acreano de
Xapuri. Significa: “Rio antes”, ou o que vem antes, o princípio das coisas.
Boas-Vindas!
GASTRONOMIA
Chico Balanceado
44 SAGRADO INDÍGENA
A humanidade que pensamos ser
46 SUSTENTABILIDADE
Van Gogh fala do amor
@revistaxapuri
35 LITERATURA necessário
De cachorros
48 UNIVERSO FEMININO
36 PERFIL Obá: a deusa que vence
Marque suas melhores fotos do Rosilene Corrêa:
qualquer batalha!
mestra de tanta luta
Instagram com a hashtag
#revistaxapuri
Sua foto pode aparecer AQUI!
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CAPA
RACISMO: C
om frequência, ouvimos dizer ou lemos em
algum lugar que o povo brasileiro é fruto de
uma diversidade racial gerada pelo índio
nativo, os portugueses de Cabral em diante
e o negro africano que por aqui aportaram.
Do amálgama daí decorrente teria surgido um
INSTRUMENTO DE
povo com características muito próprias, de origem
tricontinental, de cor mestiça, com uma única língua
e morador de um mesmo território.
Entretanto, a realidade é bem diferente disso, como
comprova a enorme desigualdade socioeconômica
existente em nosso país. O indígena que não foi morto
8 9
CAPA CAPA
10 11
CAPA CAPA
Já as elites brancas estão em bairros nobres de Sua mãe e os irmãos vieram logo depois. Conseguiu
grandes cidades, onde negros e negras só entram pra vaga no Colégio Elefante Branco, à época referência
trabalhar. Nessas áreas há serviços públicos de todas em ensino e em agitação cultural e política na Capital.
as modalidades, com destaque à mobilidade urbana Para o sustento da família, arranjou emprego na
e, de novo, à segurança pública, só que agora pra gráfica do jornal Correio Braziliense, como compositor
defender as populações ricas e seu patrimônio. de textos. Lia, pois, boa parte do jornal do dia seguinte.
Em 1908 chegou ao Brasil um navio com uma Em 1973, por “presente de Deus”, arranjou emprego
primeira leva de imigrantes japoneses, com 781 na respeitada Gráfica do Senado, também como
pessoas, que foram encaminhados a fazendas de café, compositor. Transpunha para o Diário do Congresso
carentes de mão de obra após o fim da escravidão. os discursos de gente como Afonso Arinos, Paulo
Dificuldades de adaptação, porém, acabaram Brossard e tantos outros – “verdadeiras aulas”.
mudando o rumo desses trabalhadores, que foram A decisão do presidente Lula fazia parte de sua
morar em cidades. Um século depois, a comunidade política de ações afirmativas – ou racismo positivo – tão
originária daquele país, em solo brasileiro, já somava polêmica quanto a cota de negros em universidades
cerca de dois milhões de pessoas, com forte influência públicas. Esse seria, segundo ele, a único caminho
na vida nacional. capaz de mitigar o erro histórico de libertação dos
Já a imigração de árabes, bastante acentuada, escravos sem uma estratégia de encaminhamento
teve início na segunda metade do século XIX, de modo dessas pessoas na vida, com igualdade de condições.
espontâneo, principalmente por vários portos do Sul Hoje, podemos observar os efeitos dessas medidas, mas
e Sudeste. Na maioria, vinham do Líbano e da Síria e, como modo de atenuar um mal, não de erradicá-lo.
ao chegarem aqui, eram conhecidos como “turcos”, por O fato é que o racismo vai muito além de posições
virem de regiões que, à época, estavam sob domínio políticas localizadas, pois está impregnado em todos os
da Turquia. Atuavam principalmente no comércio aspectos da vida, do legal ao econômico, do cultural ao
ambulante, como caixeiros-viajantes ou mascates religioso, do musical ao noticioso. O antropólogo Sílvio
e percorriam os mais remotos rincões, em especial Almeida afirma, em seu livro Racismo Estrutural que:
do Centro-Oeste, levando roupas, calçados e outros “O significado das práticas discriminatórias pelas
produtos e notícias das capitais, vendendo a prazo, na quais o racismo se realiza é dado pela ideologia. Nossa
confiança. Dados do Itamaraty indicam a presença de relação com a vida social é mediada pela ideologia, ou
7 a 10 milhões de descendentes de árabes no Brasil. seja, pelo imaginário que é reproduzido pelos meios de
comunicação, pelo sistema educacional e pelo sistema
AFIRMAÇÃO de justiça em consonância com a realidade.”
ocidental outros movimentos e outros líderes do Lumumba mal se sentou na cadeira e já se deparou
mesmo matiz. Entre exemplos mais clássicos estavam com uma verdade africana, da qual Nkrumah fala
Julius Nyerere, da Tanzânia, Sekou Toure, da Guiné, em um de seus livros (Luta de Classes na África).
Tom Mboia, do Quênia. Ele diz que a burguesia que detinha o poder antes
A estratégia do colonialismo e do imperialismo, por das independências era a mesma que solapava os
outro lado, era evitar que a África se desenvolvesse, novos regimes, em conluio com os ex-colonizadores
A ARIRAMBA
Na sua formação política, Lumumba teve forte detém, disputa a vaga de país mais pobre do mundo.
influência de Kwame Nkrumah, líder marxista que O fato é que o movimento pan-africanista vinha
foi primeiro-ministro e presidente de Gana, desde a ganhando vulto. A influência da União Soviética
libertação da Inglaterra, em 1957, até 1966, quando poderia frutificar por ali. O colonial-imperialismo
foi deposto por um golpe de Estado. Ele não morreu resolveu, então, dar um corte na história e pegou
porque estava em viagem a Hanói, Vietnã do Norte, e Lumumba como exemplar. Afinal, o Congo já tinha
exilou-se na Guiné, onde faleceu em 72. uma indústria mineradora de cobre, ouro e diamante
Já em 1958, Lumumba foi eleito presidente da e uma classe operária bem organizada.
União dos Trabalhadores do Congo. Naquele mesmo O mesmo ocorria em Gana, onde a agricultura em
ano, Nkrumah promoveu em Gana o 6º Congresso larga escala, a indústria minero-metalúrgica e de Thiago de Mello
Pan-Africano. Os outros cinco tinham sido realizados construção, cresciam com as escolas e hospitais. Foi Caboclo bom não padece de falsa modéstia.
em países europeus, com apoio não governamental. Nkrumah que construiu, por exemplo, a hidrelétrica de Digo contente que sou ariramba. É o nome de uma
Este, por ser em solo africano, fortaleceu a ideia da Akosombo, no rio Volta, que formou o que era, então, o ave azulada, peito branco, bico comprido, célere
libertação e do socialismo. Dois anos depois, a Bélgica maior lago artificial do mundo. Ele costumava dizer que de voo. Manhã de sol intenso, ela fica mais azul.
teve que aceitar a independência da sua colônia. “precisamos acabar com o tribalismo, não com as tribos”. Voa rasteira e faz ninho num buraco de barranco.
A negociação final foi em Bruxelas. Mas os Quem nasce em Barreirinha, pátria minha,
negociadores congoleses exigiram a presença de o povo da floresta chama de ariramba. Os de Thiago de Mello –
Lumumba, que estava preso em Leopoldville (hoje Poeta maior da Amazônia e do Brasil,
Manicoré, como o querido Coriolano Lindoso, são em Amazonas – Águas, Pássaros, Seres
Kinshasa). Os belgas o colocaram em um avião e chamados de bacurau, pássaro noturno. e Milagres. Editora Salamandra, 1998.
tiveram que engolir o jovem líder como primeiro-
ministro. Sua fala, na posse, bateu forte e irritou
ainda mais os belgas.
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O CAPITALISMO É RACISTA!
Ainda no século 19, durante a crise de 1873, que diretoria, vice-presidência e presidência ocupados
colocou a Europa em um estado de estagnação por quem é de cor preta ou parda.
econômica, a pseudociência do Darwinismo O racismo estrutural, que é praticamente
Social criou a base que traria paz de espírito aos uma base do capitalismo, dificulta o acesso à
violentos conquistadores que buscariam fora de formação, o que impacta na empregabilidade.
suas terras as riquezas necessárias para garantir No entanto não para por aí, uma vez que
a recuperação do crescimento inexistente à se mantém até hoje de forma velada a
época graças à superacumulação do capital. O crença de superioridade racial que pautou o
imperialismo, estabelecido à época, segundo o imperialismo. Quando se fala sobre ascensão
historiador argentino, residente no Brasil, Osvaldo em qualquer carreira, o caráter subjetivo das
Coggiola, foi uma solução criada sobre um alicerce chamadas análises de perfil, sempre presentes
eurocêntrico de progresso. Os povos da África nos processos seletivos, acabam por refletir o
precisavam ser “salvos de seu atraso natural”. Isso atraso real da opinião pública e condenar ao
justificou assassinatos, pilhagem e trabalho escravo ostracismo quem quer que pertença a alguma
no continente (mesmo depois da abolição nas rotulada minoria. Destaque para a palavra
nações colonizadoras). Houve apoio até mesmo de rotulada. Da última vez que eu chequei, 55,8%
setores da Internacional Socialista com seu discurso ainda eram maioria. É um conhecimento
de obra civilizadora. Nesse período se usou o termo passado em cada casa deste país que a cor
raça como ferramenta para se classificar as pessoas da sua pele e o tipo do seu cabelo vão definir
em categorias físicas e mentais específicas. quanto esforço você precisa fazer pra sair de
Não há necessidade de discorrer sobre o um ponto e chegar a outro ponto qualquer da
desdobrar dessa cultura formada no mundo pirâmide social. No entanto, nos bancos, parece
capitalista durante as duas grandes guerras que nenhum esforço é grande o bastante se a
e a crise de 1929. Até porque, mesmo durante sua cor é negra. Mas isso é tão fácil de entender
o período do desenvolvimento da ideia do quanto difícil de resolver: o banco é fundamental
estado social keynesiano, ou estado de bem- ao capitalismo, e o capitalismo é racista.
estar social, o acesso aos direitos sociais não
foi simétrico e a desigualdade permanece
uma constante do sistema.
Sabemos que o banco é uma das instituições SOS XAVANTE
fundamentais da terceira fase do capitalismo, o
capitalismo financeiro. E eu repito: o capitalismo “Um salve a todos os povos indígenas
é racista! e aos e às indigenistas
Dados do IBGE de 2018 mostram que 55,8% da que labutaram e labutam
população se declara preta ou parda. No entanto, em defesa da população indígena brasileira.”
segundo os dados do Censo da Diversidade da
Febraban, em 2014 (a última pesquisa aconteceu Hugo Meireles Heringer – Indigenista
em 2019, mas infelizmente os dados ainda não
foram publicados) apenas 24,7% dos bancários do
Bancários e Bancárias junto com o povo
país eram pretos e pardos. Mas não para por aí.
Já parou pra pensar em quantas vezes você, que Xavante na luta para salvar vidas!
está lendo este artigo, recebeu atendimento em
uma agência bancária por uma pessoa negra?
Quantas pessoas negras já te prestaram um serviço Edson Ivo Moreira Martins –
Secretário de Combate à Discriminação
gerencial? Te parece que uma a cada 4 pessoas no Sindicato dos Bancários Df
na linha de frente de um banco são negras? Os
Foto: divulgação
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AMAZÔNIA AMAZÔNIA
Entra ano e sai ano e sempre nesta época de quebra calçadas. Elas dependem destes espaços naturais
das águas, como se diz para o início da vazante dos rios onde se alimentam nas flores e ainda encontram
na Amazônia, ou início do chamado verão amazônico no abrigo para o seu descanso.
mês de julho, nos deparamos com inúmeras e coloridas Apesar da beleza, há quem diga ainda que,
panapanás. Panapaná é um termo de origem tupi que quando esta concentração se avoluma, é sinal de
se refere a um bando de borboletas. verão forte ou ainda que elas prenunciam tempos
Especialmente este ano de 2020, um ano de seca e queimadas e por isso as vemos também
particularmente trágico e triste para quem vive na se concentrarem sobre áreas queimadas em áreas
Amazônia, seja em razão da pandemia de Covid-19, abertas para agricultura. Nos últimos anos, com
que nos atinge tão fortemente, seja pelo aumento tempos secos extremos e grandes queimadas,
da degradação e destruição ambiental que vêm observamos as panapanás mais frequentes e mesmo
aumentando significativamente nos últimos dois anos, frequentando áreas urbanas, algo que poderia ser
estamos testemunhando grandes panapanás por toda explorado como um potencial indicador de extremos
a Manaus, o que para muitas pessoas é um alento, traz na mudança do clima na Amazônia.
boas energias e inunda nossos sentidos de beleza. Fiquemos, pois, atentos às panapanás,
Este fenômeno sazonal é observado em quase apreciando-as; mas, ao mesmo tempo, que elas nos
toda a Amazônia. É justamente nesta época de sirvam de alerta para cuidarmos melhor de nossas
início da vazão das águas dos rios amazônicos florestas em tempos de verão.
que diversas espécies de borboletas começam a se
expor nas margens e praias formando ambientes
atrativos. Elas se juntam numa verdadeira procissão
rumo a locais onde já existam solos ou bancos de
areia expostos, onde podem encontrar sais minerais
essenciais para o desenvolvimento e reprodução.
Nestes grandes agrupamentos predominam
espécies de borboletas amarelas, do gênero
Phoebis, mas também vemos grande quantidade
de indivíduos de Marpesia, borboletas alaranjadas,
TEMPO DE PANAPANÁS
Silvestre).
Nas grandes cidades amazônicas como Manaus,
Francisco F. Xavier Filho – Biólogo e
um fator importante para a sobrevivência destas entomólogo do Instituto Nacional de Pesquisa
borboletas em sua passagem pelo ambiente da Amazônia.
urbanizado são os fragmentos florestais, assim Fonte desta matéria:
Carlos Durigan – Francisco F. Xavier Filho como os quintais e mesmo as árvores em praças e https://amazoniareal.com.br/tempo-de-panapana-
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CONJUNTURA CONJUNTURA
A ESSÊNCIA DO GOVERNO
Nesse aspecto, há continuidade entre os encontrando nele quem reivindicasse sua
governos de Temer e de Bolsonaro. Paulo ação no passado da história brasileira, na
Guedes mantém a mesma política econômica contramão da reconstrução da democracia
de Meirelles, mais além das declarações no Brasil. E foram ocupando cada vez mais
ideológicas ultra neoliberais, que não afetam cargos no governo –calcula-se de 3 a 6 mil
É O NEOLIBERALISMO
a política econômica. cargos –, incluindo postos-chave no próprio
Quais as diferenças entre os governos Temer Palácio do Planalto e a ocupação militar do
e Bolsonaro? São, antes de tudo, governos da Ministério da Saúde, em plena pandemia.
direita brasileira, cujos objetivos são tirar o PT O apoio do grande empresariado, pela
do governo e estabelecer políticas neoliberais. política econômica neoliberal, e a presença
Fernando Collor, FHC, Temer, Bolsonaro – são dos militares são elementos estruturais, sem
Emir Sader
distintas expressões políticas disso. os quais o governo não se manteria. Mas o
Temer e Bolsonaro assumiram no processo estilo de governo, a linguagem agressiva,
de ruptura da democracia, segundo a não são indispensáveis. O apoio que tem
estratégia da guerra híbrida. A diferença do grande empresariado e do jornalismo
vem de que Temer assumiu imediatamente econômico é indispensável e tem no
quando foi consumado o golpe contra a Dilma. neoliberalismo seu eixo de apoio.
Não teve que concorrer em eleições. Isso separa o que é essencial, indispensável
A modalidade da guerra híbrida viola a no governo, e o que pode ser mudado, sem
democracia, pela judicialização da política, que sua natureza seja alterada. O Bolsonaro
supõe a manutenção de certo grau de serviu como candidato, mas tem atitudes e
institucionalidade, porque trata de afirmar linguagem que podem ser dispensados.
que não rompe com a democracia. Tiveram O fundamental é que o Paulo Guedes, ou
então que manter o calendário eleitoral e as outro neoliberal, mantenha o modelo em
eleições de 2018. funcionamento. Assim como um governo
Mas, como os governos neoliberais não anti Bolsonaro tem que ser um governo
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CONSCIÊNCIA NEGRA CONSCIÊNCIA NEGRA
Já se vão 42 anos desde que, em 7 de julho de Contra esse cotidiano de relações raciais
1978, as escadarias do Teatro Municipal de São tão desiguais, o MNU travou e trava batalhas
Paulo foram ocupadas por um ato de lançamento fundamentais para a vida de negros e negras. Ajudou
público do Movimento Negro Unificado (MNU). a derrubar o mito da democracia racial; promoveu a
Em plena ditadura militar, o MNU foi criado em luta contra o extermínio da juventude negra, a defesa
reação à tortura e ao assassinato pela polícia militar das mulheres negras, o fortalecimento da identidade
do jovem negro Robson Luiz Ferreira da Luz, que negra, das comunidades de matrizes africanas; lutou
havia sido preso, acusado de roubar frutas numa pela criminalização do racismo (Lei Caó); defendeu
feira em Saulo Paulo, e ao assassinato do operário o estudo da história da África e do povo negro
Newton Lourenço, morto pela polícia na Lapa, no nas escolas (Lei 10.639/03), o direito à terra das
Rio de Janeiro. Os militantes protestaram, também, comunidades quilombolas; lutou contra a violência
contra a discriminação racial do Clube Regatas do policial, lutou por cotas raciais (Lei Nº 12.711/12),
Tietê a quatro jovens negros jogadores de vôlei que por políticas públicas de saúde da população negra;
foram impedidos de entrar no clube. denunciou e denuncia a discriminação no mercado
No primeiro ato público, Abdias Nascimento, de trabalho, o ataque às religiões de matriz africana;
Hamilton Cardoso, Lélia Gonzalez, Milton defende condições dignas de vida no campo, na
Barbosa, Lenny Blue, Neusa Pereira e José Adão cidade e nas florestas para a população negra; luta
de Oliveira – fundadores (as) do MNU –, com em defesa da comunidade LGBTQI+; combate a
milhares de negros e negras, gritavam à nação violência contra a mulher negra. E, neste momento, o
brasileira: BASTA DE RACISMO! MNU se levanta contra o governo de extrema direita
No dia seguinte, os jornais estampavam e racista que retira direitos e mantém uma política
manchetes como “Os negros estão nas ruas” (J. genocida contra a população negra.
Versus) e “Negros protestam em praça pública” O MNU não se retira da luta enquanto houver
(Folha). O ato foi uma declaração política contra as racismo. Segue em marcha e resistindo e, a cada
péssimas condições de vida da população negra e ato de racismo, uma nova convocação: REAJA
de denúncia aos crimes raciais. A manifestação foi À VIOLÊNCIA RACIAL! Uma chamada à nação.
um marco importante da história recente da luta Exatamente, também, para quem, no conforto de
do negro no país, que teve início na época do Brasil sua branquitude, só consegue reagir ao racismo – à
colonial com as insurgências e revoltas de toda morte – para além das fronteiras. Aqueles que só
ordem promovidas pelos africanos escravizados. enxergam o racismo debaixo dos pés (malditos) com
No fim dos anos 1970, a criação do MNU, entidade raízes na KKK (Ku Klux Klan), mas são incapazes de
de caráter nacional, abalou a estrutura da falsa se manifestarem contra o que ocorre debaixo do
democracia racial da sociedade brasileira. nariz, pelos pés e mãos dos racistas daqui.
Em carta aberta, lida no ato de lançamento, No Brasil, um jovem negro é assassinado a cada 23
o MNU declarou importantes posições. “Hoje minutos, policiais que deveriam proteger arrastam
estamos nas ruas numa campanha de denúncia! mulheres para a morte pelo assalto, metralham negros
Campanha contra a discriminação racial, contra nas ruas com 80 tiros. Na calada da noite, metralham
a opressão policial, contra o desemprego e a nossa jovem negra liderança, atiram para matar em
marginalização. Estamos nas ruas para denunciar crianças dentro de suas casas, conduzem sorrindo
as péssimas condições de vida da Comunidade crianças à morte, apertam o botão do elevador. E,
Negra. Hoje é um dia histórico. Um novo dia começa neste momento, o povo negro é o que mais morre pela
a surgir para o negro! Estamos saindo das salas Covid-19, situação que reflete as péssimas condições
de reuniões, das salas de conferências e estamos de moradia e a falta de acesso ao atendimento à
indo para as ruas. Um novo passo foi dado contra saúde a que está submetida a população negra.
o racismo”, dizia a carta aberta do MNU, datada O MNU, nos seus 42 anos, reafirma o grito da
de 1978 e publicada no livro Lugar de Negro, de sua Carta de Princípios: POR UMA AUTÊNTICA
Lélia Gonzalez e Carlos Hasenbalg. DEMOCRACIA RACIAL! PELA LIBERTAÇÃO DO
Desde sua fundação, em 1978, o MNU segue POVO NEGRO! É MNU na resistência!
sua trajetória de luta, articulando o povo negro
e conscientizando a sociedade brasileira para
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Por amor.
Pela vida.
Pela família.
DIGA NÃO
O
ao RETORNO
PRESENCIAL
nas ESCOLAS
O Governo do Distrito Federal quer autorizar o
retorno das atividades pedagógicas nas escolas
públicas. Com mais de 114.000 casos confirmados
e 1.572 mortes no Distrito Federal, dados do dia
4 de agosto de 2020, a possibilidade de retorno
presencial preocupa professores(as), estudantes e a
sociedade em geral.
26 27
CULTURA CULTURA
de 1500 ao litoral deste território, numa enseada que não somente os brasileiros, mas muitos outros
batizada com o nome de Bahia de Todos os Santos, povos incorporaram no seu viver cotidiano elementos
cerca de 25 gerações se passaram. Naquela época, que os indígenas lhes legaram.
os meus ancestrais indígenas já estavam na região Assim aconteceu com o feijão, por exemplo, tão
dos grandes sertões há pelo menos 550 gerações. apreciado como alimento desde o Brasil até o Texas;
Quando eles chegaram ao centro do que hoje é o Esse vegetal é uma planta da família leguminosae
Brasil, uma sensação estranha lhes tomou conta: que foi domesticada pelos meus ancestrais da mesma
Pensaram ter descoberto o paraíso, tal a opulência forma que domesticaram o abacate, o abacaxi, o
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CULTURA HOMENAGEM
tomate, o pimentão e a pimenta, plantas estas que Também domesticaram batatas, inhames e mais
foram muito disseminadas mundo afora. de trezentas raças de mandioca, que hoje é alimento
Também domesticaram o tabaco, planta da família importante na vida de muita gente. Ensinaram a
solanácea e a usavam em rituais para amenizar as consumi-la cozida ou assada e a processá-la na
dores e situações de estresse, da mesma forma que forma de tapioca, polvilho, crueira, puba, beijus,
meus irmãos do altiplano andino usavam e ainda e dela fizeram o primeiro alimento desidratado da
usam a coca para amenizar efeitos da altitude e história da humanidade: a farinha.
evitar a labirintite causada pela escassez de oxigênio. Ensinaram aos novos colonizadores a
A sociedade que se formou, cujos valores são consumirem muitas plantas nativas para
modelados pela conhecida civilização ocidental de saciarem a fome e curarem certas doenças. Assim,
origem europeia e arábica, aproveitou essas plantas a sociedade aprendeu a consumir a Mangaba, o
e deu a elas outras formas de uso. Caju, o Pequi etc., a beber o chá da Douradinha
Os irmãos mexicanos criaram o milho, cruzando e da Congonha-do-Campo, e a curar a malária
dois tipos de gramíneas nativas. Este cereal irradiou usando a entrecasca do Quinino.
com tamanha força e sucesso entre todos os meus Muitos outros segredos vegetais conseguiram
ancestrais das Américas. E hoje, movimenta parte da ensinar ao novo colonizador que hoje os incorporou
economia mundial. na farmacopeia universal. Entretanto, muitos
Um par de sandálias
Cupuaçu, as Castanhas do Pará, do Caju, do Baru, Este é o resumo da minha e da nossa trajetória
do Pequi, dos Amendoins etc. fazem parte de uma indígena. Não sei quantas línguas desapareceram.
imensa listagem dessa contribuição. Sei somente que sou o único sobrevivente de um
Um dos nossos cremes ficou tão famoso que o grande massacre que ainda fala a antiga língua
mundo até esquece sua origem indígena. Trata-se que era do meu povo Akroá. Vivo refugiado,
para o peregrino
do creme da amêndoa do cacaueiro, planta nativa solitário nas escarpas de uma serra. Era jovem
das florestas equatoriais, cujo doce hoje em dia é o quando os mensageiros de Jurupari chegaram à
mais apreciado da Terra, isso porque os europeus minha aldeia. Não pude suportar tamanha dor e saí
se apossaram desse creme e nele adicionaram correndo feito um caititu espantado. Quando olhei
o leite taurino, dando origem ao chocolate. Os para trás, ainda pude enxergar por entre os galhos,
indígenas ensinaram ao mundo a usar o látex da minha graciosa rede de buriti. Pedro Tierra
seringueira, planta nativa do ecótono Amazônia Os meus outros irmãos indígenas, que hoje tentam
e Cerrado. Hoje essa matéria prima movimenta viver em aldeias, devem ter organizado mais de uma Um par de sandálias para o peregrino. Buscam o martírio? O martírio não se busca,
desde os corpos das pessoas, pelos solados dos vez a sua sociedade e a sua cultura com os restos que Seja quem for o peregrino que nos vem. se vive. Como se vive
sapatos, até caminhões e aviões, pelos pneus. salvaram do impacto, readaptando-os de acordo Um par de sandálias para proteger-lhe “la muerte que da sentido a mi vida...”
com as novas condições e necessidades. os pés da áspera pedra dos caminhos. Percorrerão o pó dos caminhos,
Tudo que meus irmãos indígenas ensinaram aos Rústicas. Recortadas em couro e utopias. a vasta geografia do drama urdido
mensageiros de Jurupari eram coisas verdadeiras Trabalhadas pelas mãos de perseguidos pelos filhos de êxodo e da miragem.
e úteis. Em contrapartida, quase tudo que nos que lavram, na sombra, a frágil matéria dos dias.
falaram e prometeram eram falsidades e mentiras. Por nossas mãos que trabalharam
Digo quase tudo, porque sei que nem todos são (Na larga história do tempo o couro, a borracha, as fivelas,
mensageiros de Jurupari. a noite, sem saber, foi condenada a fugitiva parcela de sonhos que cultivamos.
Apenas uma verdade eu e meus irmãos aprendemos ao círculo perfeito da agonia: As sandálias do peregrino vão palmilhar
com os mensageiros e que, por incrível coincidência, mãe e coveira da manhã anunciada.) os desertos da alma, a impossível alegria do povo
se assemelha à história que meu povo contava sobre para oferecer o bálsamo da palavra
Jurupari e que pode ser resumida numa única frase: Recolhemos sonhos, dores, esperanças, e, quem sabe, os leites minados da lua
o Diabo, quando não vem, manda o secretário. polimos penas, tormentos, fúrias para nutrir como seiva
e o impulso elementar de liberdade a esperança que nos mantém pulsando.
que orientam os passos desse estranho peregrino. E para repetir com ele:
“me atengo a lo dicho: la esperanza”.
Altair Sales Barbosa - Pesquisador do CNPq. (Poema recuperado de
Pesquisador da Unievangélica de Anápolis. uma carta manuscrita
Membro Titular do Instituto Histórico e a meu irmão fr. Airton
Pereira OP. Provavelmente
Geográfico de Goiás. Membro do Conselho enviada do Carandiru,
Editorial da Revista Xapuri 1974). Pedro Tierra.
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PLANALTO CENTRAL
Não foi mito, nem lenda, foi história. Sumé tentou a paz, quis fazer acordo. Chamou
Oré ‘angar-aûsup-a (ba)-pe T-ur-i (Por amar caciques de outros povos e propôs receber os
nossa alma veio). invasores com amizade, mas que tivessem
Aqui, no Centro-Oeste, no coração do país, vivia desconfiança. Sumé Goyá fez sua passagem. Foi
um povo valente, digno e destemido, os GOYÁ, de feita uma bela despedida com cantos fúnebres e
quem herdamos o nome do nosso estado Goiás e o rituais, e ele foi colocado numa grande urna de
adjetivo pátrio goiano. barro e enterrado ao pé da Serra das Araras.
De repente, chegaram! As Bandeiras e seus cruéis Seu filho, Apú Goyá, desobedeceu às ordens do
bandeirantes, colocando fogo em álcool, iludindo falecido Sumé. Fez alianças com outros povos. Casou-
os povos originários, dizendo que iam colocar fogo se com uma moça muito bonita de uma tribo inimiga
nos rios... lá pelos anos 1600. Chegaram buscando e selou um pacto de guerra contra os forasteiros.
trabalho escravo, ouro e pedras preciosas. Apú foi deposto do cargo de cacique dos Goyá, e
O Anhanguera (Bartolomeu Bueno da Silva) trouxe assumiu seu lugar o outro filho: Goiá; este fez o que
também a coisa que cuspia fogo, que abria buraco o pai pediu: recebeu Anhanguera dentro da linha
nos Goyá, que sangrava e matava. de amizade e muita coisa aconteceu.
Muitas luas se passaram e Goiá foi morto em
“Anhanguera é o Diabo Velho emboscada por tribos inimigas, sua esposa se
Caratonha verde-crua, casou com o traidor e começou a misturança: Pedro
Que tem um olho de sol Juraci, mameluco, deixado por Anhanguera para
E outro, branco, como a lua.” dar informes, assumiu a liderança. Essa falsa
amizade custou muito ao povo Goyá. Suas terras
Sumé era o cacique e enfrentava, juntamente foram tomadas, os jovens escravizados, as moças
com seu povo, os bandeirantes e outros povos violentadas, os anciãos deixados à própria sorte.
indígenas. Era uma guerra contra os homens Essa história serve para lembrar a todos nós que
brancos e barbados que matavam com seu trovão. precisamos adquirir coragem e resistência. Que a
Sumé estava velho e prestes a fazer a viagem, mas força de Arandu Arakuaa nos dê sabedoria e garra,
relutava contra a morte, pois via a perseguição porque o Povo Goyá se findou, mas outros povos
que os povos indígenas enfrentavam. indígenas enfrentam o atual Anhanguera: O Covid-19.
O sertão já não era mais seguro, o povo Goyá
primeiro adentrou para o norte e fez paragens por Iêda Vilas-
estas terras formosas (Formosa-Goiás). Entretanto, Bôas –
Escritora.
aqui também chegaram os bandeirantes e houve
guerra entre tribos diferentes pela ocupação de
espaço. Assim, os Goyá fugiram em direção ao grande Este texto foi escrito tendo por base o livro: NAVARRO,
lago salgado, mas ali também seu povo foi alcançado. E. A. Dicionário de Tupi Antigo: a Língua Indígena Clássica
do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 448.
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GASTRONOMIA LITERATURA
CHICO
BALANCEADO
Lúcia Resende
Doce
6 bananas
1 ½ xícara de açúcar
3 xícaras de água
MODO DE FAZER
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PERFIL PERFIL
foi seguida de tristeza e desencanto num ranchinho de adultos, que explode de alegria ao ver que
de taipa nas paredes e sapê na cobertura, com sabia escrever seu próprio nome e o nome de seu
chão de terra batida e sem luz elétrica, no distante filho, num processo de aprendizagem muito rico,
município de Niquelândia, nortão goiano. pois, nessa idade, ele sente que não sabia e está
Por um bom período, o pai de Rosilene a levava até aprendendo, diferente das crianças, que estão
a cidade à noite, pra que ela seguisse seus estudos num processo normal de aprendizado.
com turmas de adultos. Um ano e pouco e nem isso Ainda na juventude, em 1988, Rosilene foi morar
deu mais pra seu pai fazer, de modo que ela passou a em Taguatinga, no Distrito Federal. Acabou se
ficar em casa, sem estudar. Foi ela mesma, contudo, fixando em Santo Antônio do Descoberto, ali perto,
quem sugeriu a possibilidade de ir morar com uma mas em território goiano, pois ela, aos 23 anos de
tia em Anápolis, onde voltaria a estudar e arranjaria idade, já era funcionária concursada do governo
serviços pra auxiliar no seu sustento. estadual, como professora. Logo depois, houve
Com 13, então, ela foi morar em Anápolis, com uma greve do magistério estadual e ela acabou
a tia, voltando a estudar à noite, em turmas de liderando o movimento ali, sob a coordenação do
adultos. Seus irmãos ficaram na roça, na colheita de sindicato de Luziânia.
feijão e outros serviços sazonais. Ela dedicava seus Mas logo ela ficou grávida de sua filha e se
dias a serviços domésticos, em que tirava dinheiro transferiu pra Cidade de Goiás, antiga capital,
pra comprar roupas, material escolar e sobreviver, onde fez o parto e engravidou novamente, o que
enfim. Ainda na casa dos pais, coletou restos de a manteve afastada das escolas e sindicatos. Mas
feijão e vendeu em litros, o que viabilizou a compra acabou indo bater de novo, de malas e cuias,
do primeiro caderno de dez matérias. no Distrito Federal, e logo fez um concurso da
Assim, pensando no lado profissional, em turma só Secretaria de Educação local. Aprovada, assumiu
de mulheres, cursou Magistério, mas logo pegou gosto a função de professora em 1993, e por ali ficou.
pela profissão, a ponto de hoje dizer que “se eu não Logo em seguida entrou numa chapa e virou
fosse professora, eu seria professora”. E a educação já diretora do Sindicato dos Professores do DF
estava incrustrada na sua vida, pois foi este o caminho (SinproDF), o que a levou, também, à direção da
que lhe foi aberto pra que buscasse uma vida menos Confederação Nacional dos Trabalhadores em
sofrida do que aquela do sítio de Niquelândia. Educação (CNTE). No Sinpro, acaba se envolvendo
O fato é que, assim, ao decidir encarar um dos em atividades de todo o DF, pois a entidade é
poucos cursos superiores que havia na cidade, então, uma referência dos movimentos populares e, por
optou por Pedagogia, consolidando a escolha pela isso, demandada a todo instante. Mas Rosilene
profissão. Aos 18 anos foi morar com outra tia em acha isso muito bom, pois faz parte da luta pela
Alexânia, cidade que fica no meio do caminho dali a Educação gratuita a todos.
Brasília, mas todas as noites ia de ônibus até Anápolis. É crítica severa das recentes políticas federais
E logo aprendeu, também, que a escola chega relacionadas à Educação, a começar pela medida do
muito além daqueles muros e paredes que costuma governo de Michel Temer, que assumiu após o golpe
ter, pois “é o espaço mais vivo e mais alegre que de 2016, que congela os recursos da Educação por
a gente pode ter”. E arremata: “É impossível ser 20 anos. “Isso é um absurdo, congelar investimentos
ROSILENE CORRÊA:
educadora se não tiver uma relação intensamente de um setor que já vinha com dificuldades”, reclama
humanizada com seus alunos, porque você ela. E diz que o atual governo federal resolveu jogar
acompanha, você trabalha o ano inteiro com as pesado pra reduzir os investimentos no ensino
mesmas pessoas, o que vai além da escola. Mesmo superior e assim retirar os pobres das universidades.
sem conhecer pessoalmente a família, você acaba Após 34 anos de serviços, Rosilene está
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MEMÓRIA MEMÓRIA
SÉRGIO RICARDO
Não me entrego ao capitão lhe lembrava sua filha Marina, da mesma idade, de
quem confessou estar morrendo de saudades.
Eu me entrego só na morte de
parabelo na mão.” VOU RENOVAR
NO TEATRO AMAZONAS COM THIAGO DE MELLO Convivemos alguns dias. Com o poeta Luiz Bacellar
Sérgio Ricardo e Glauber Rocha: e a jornalista Ana Helena, mãe do Thiaguinho,
Deus e o Diabo na Terra do Sol servimos de “cobaia” no ensaio realizado no palco
Foi um dia qualquer de fevereiro de 1978. O poeta do Teatro Amazonas, um teste para ver o que
José Ribamar Bessa Freire
Thiago de Mello, que acabara de chegar a Manaus, veio funcionava e o que devia ser modificado.
almoçar em minha casa na Rua 3 da Cohab-Am do Tudo funcionou naquela noite de gala do Teatro
Parque Dez, trazendo a tiracolo o cantor Sérgio Ricardo. Amazonas. O espetáculo, uma manifestação artística
Os dois, em turnê pelo país, iriam apresentar no e política de resistência à ditadura, foi dedicado ao
Teatro Amazonas o show Faz Escuro Mas Eu Canto, ex-ministro da Educação do governo Goulart, Darcy
que havia estreado no Teatro Opinião do Rio sob a Ribeiro, ali presente em carne e osso. Foi uma feliz
direção de Flávio Rangel. Um declamava e o outro coincidência ele estar de passagem por Manaus,
cantava aquelas canções de protesto que haviam ministrando um curso a indigenistas e agentes de
conseguido burlar a censura. pastoral. Em um camarote de honra – lugar, aliás,
Com Thiago, havíamos atravessado juntos a que adorava ocupar –, Darcy foi ovacionado pelo
fronteira do Uruguai rumo ao exílio. Mas o Sérgio público. Saudades dos tempos em que um ministro
Ricardo eu não conhecia pessoalmente, só de fama. da Educação tinha a dita cuja, além de experiência
Ele era o autor de músicas admiráveis, especialmente no ramo e compromisso com os saberes.
das trilhas sonoras do filme de Glauber Rocha Deus e O público formado em sua maioria por estudantes
o Diabo na Terra do Sol e da peça de Joaquim Cardoso e ex-estudantes foi particularmente caloroso e
Coronel de Macambira, encenada por Amir Hadad no acompanhou o show com entusiasmo. Thiago
Teatro Universitário Carioca do Rio. Além de alcançar recitou seus poemas intercalados por músicas
certa “celebridade” no Festival da Record, ao quebrar cantadas por Sérgio Ricardo, algumas que ficaram
o violão no palco e atirá-lo na plateia, na minha lembrança: Sina de Lampião, Semente,
Na época não se usava ainda o verbo tietar, Canto Americano e Calabouço, inspirada no
mas já se tietava, Tive de me conter e disfarçar o estudante paraense Edson Luís, assassinado numa
deslumbramento, ao ver entrar em minha casa, passeata no Rio de protesto contra o fechamento
num bairro periférico de Manaus, o cantor e cineasta do restaurante estudantil:
Foto: divulgação
Foto: divulgação
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MEMÓRIA DICA ECOLÓGICA
ORQUÍDEAS:
Foto: divulgação
NADA DE VENENO, USE CANELA!
Lúcia Resende
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SAGRADO INDÍGENA SAGRADO INDÍGENA
A HUMANIDADE
a gente desestabilizar esse padrão, talvez a nossa
mente sofra uma espécie de ruptura, como se
caíssemos num abismo. Quem disse que a gente
não pode cair? Quem disse que a gente já não caiu?
Houve um tempo em que o planeta que chamamos
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SUSTENTABILIDADE SUSTENTABILIDADE
VAN GOGH FALA DO quem não ama não compreende, quem não ama se
enfraquece e acaba caindo. O amor vigia sempre e
até dorme sem dormir… Só quem ama compreende o
um impulso de criar laços novos, pela afinidade que
emerge espontaneamente e que produz o deleite. É
o advento do amor.
AMOR NECESSÁRIO
amor” (livro III, capítulo 5). Desta forma, a força do amor atravessa todos
Em momentos dolorosos em que vivemos e os estágios da evolução e enlaça todos os seres
sofremos, precisamos resgatar o mais importante dando-lhes irradiação e beleza.
e que verdadeiramente nos humaniza: o simples O amor universal realiza o que a mística
Leonardo Boff amor. Quase todos nos sentimos carentes dele. sempre intuiu acerca da gratuidade da beleza: “a
Mas sem ele nada de grande, de memorável e de rosa não tem por quê. Ela floresce por florescer.
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UNIVERSO FEMININO UNIVERSO FEMININO
Deusa guerreira e justiceira, que pune os homens do segredo, sob o risco de ser punido por Obá com a
que maltratam mulheres, seguindo sua conhecida perda da própria vida.
mitologia como uma Orixá africana. É reconhecida Um dia, Xangô ouviu o gargalhar e murmurinho
dentro da fé por atuar na busca pelo equilíbrio de mulheres e se aproximou para ver a cena.
OBÁ:
e defender a justiça, sempre e, ainda primeiro, Percebeu que era um ritual conduzido pela enérgica
protegendo as mulheres. Seu nome homenageia o Obá e imediatamente encantou-se com a beleza
importante rio Oba, na Nigéria. Existe um lado que madura e rara de Obá.
conta que ela foi a primeira esposa de Xangô, outro Naquele envolvimento mágico, Xangô foi pego
Orixá conhecido por ser justiceiro. de surpresa pelas mulheres e levado à presença
É a energia flecheira de mulher, caçadora, da Orixá Obá.
Ilustração: divulgação
valente e guerreira, escolhe ser cultuada nas cores Obá comunicou a Xangô que ele havia cometido
vermelho e branco, usa escudo, arco e flecha (no falta grave ao espiar o segredo do Elekô e que sua
Candomblé chamado de Ofá) e é a dona da energia punição seria com sua morte, mas ao ver aquele
de todas as armas. guerreiro com olhos de puro amor, justa, pois ao
Obá representa as águas doces revoltas dos rios. coração, deu-se novas regras: o homem que violasse
QUALQUER BATALHA!
a guerreira que encanta, como as águas, e que tudo o coração de Obá.
supera e vence, também como as águas. Obá é a própria representação da fúria que
Ela também controla o barro, água parada, quando despertada transborda, agitando-se inteira.
Iêda Vilas-Bôas lama, lodo. Trabalha junto com Nanã. De certo modo É a senhora da sociedade Elekô. É a Orixá do mistério
Reinaldo Filho Vilas Boas Bueno representa também a força do vento pela forma de e do segredo. É o que se sabe, pois.
atuação deste na planície de águas. Representa É cultuada como a grande Deusa protetora do
também o aspecto dual e andrógeno de gênero poder e do sagrado feminino ancestral. É a protetora
representado em mulheres (fisicamente). das mulheres que buscam por força e proteção, pois
Além do mais, é farta e rege a transformação dos ela é a mãe que entende as dores do coração e age
alimentos de crus em cozidos. Neste aspecto, Obá é com destemida valentia para corrigir injustiças.
considerada a Rainha da cozinha e simbolicamente Obá, a representante suprema da descendência
representa a maleabilidade da transformação. O feminina, é festejada nas religiões de matriz africana
vapor sempre foi um elemento poderoso de energia, do Brasil no dia 30 de maio, o dia da semana
a magia da água a queimar transforma. dedicado a ela é quarta-feira, exerce seu domínio no
É também a dona da roda. É ela quem faz a limpeza amor e sucesso profissional. Recebe como oferenda:
da gira com sua força e aura dada pelo seu rodar. Obá acarajé, aberém, feijão fradinho, amalá (caruru de
representa uma energia feminina temida e forte, que quiabos) e várias sortes de folhas e aparatos de luta.
encanta e vence a guerra; considerada mais forte que No sincretismo religioso, Obá corresponde a Santa
muitos Orixás masculinos – a considerar a mitologia e Joana D’Arc, ambas representam mulheres de
os estereótipos carregados nela. Segundo as lendas, força, guerreiras que lutaram e defenderam o que
Obá lutou contra inúmeros Orixás, derrotando vários acreditavam, sem se importarem com os olhares
deles, como Exu, Oxóssi, Obatalá, Oxumarê, Omolu e opressores e com as opiniões alheias.
Orunmilá, e tornou-se respeitada por todos os deuses. Neste período em que temos de lutar contra
Apenas uma batalha teria um final diferente do injustiças, incertezas, perda de direitos, racismo,
suposto: a que foi travada contra Obá por Ogum. genocídio, doenças e tantas perturbações, podemos
Este vencera a deusa guerreira, mas após a luta, evocar seu arquétipo de força e energia, para que
admirando sua destreza, força e poder, tomou-se de Obá nos ajude a vencer qualquer batalha.
perdidos amores por ela e se tornaram esposos.
Um dia houve em que Ogum teve de lutar contra Oba Xireé! (Rainha Poderosa!)
Xangô, e Obá, ao ver o lutar magistral de Xangô,
encantou-se pelo oponente de seu esposo. Teve de
ouvir seu coração e se entregar a Xangô. Aos olhos de
Obá, Xangô era parceiro perfeito e ideal e par a par:
ele era tudo o que ela também era para si, em outro. Iêda Vilas-
Dessa união e desmedido amor nasceu Opará, que é Bôas –
sintetizada como Oxum. Escritora.
Obá era a líder de culto nos arredores da cidade de
Elékò (atual cidade de Lagos, Nigéria). Uma sociedade
restrita, onde apenas mulheres podiam participar Reinaldo Filho
dos rituais. Obá foi fundadora dessa sociedade que Vilas Boas
cultuava a ancestralidade feminina individual. Bueno – Escritor.
Nenhum homem poderia sequer assistir ao ritual
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Uma avalanche virtual nas redes sociais, resultado da mobilização da
CNTE e demais entidades da educação, assegurou a aprovação integral
do parecer da PEC 15/2015, que cria o Fundeb como mecanismo perma-
nente de financiamento da educação básica pública.
A educação
• Derrubamos a tentativa de inclusão do programa assistencial Renda Brasil
na complementação ao FUNDEB
VENCEU!
• Derrotamos a proposta de repassar os recursos do Fundo na forma de
vouchers às escolas particulares (apesar disso, foi aprovado repasse às
creches comunitárias, filantrópicas e confessionais);
#FUNDEBPERMANENTE
Agora a pressão será no Senado para aprovar integralmente a PEC do
Fundeb Permanente, sem destaques, e seguir a trajetória de avanços
pela educação pública de qualidade.
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XAPURI
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