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O TENENTISMO

Aluno Iniciação Científica Rômulo da Silva Diniz


Orientadora Marly Vianna

A participação dos militares foi de suma importância no processo de


organização e estruturação do Brasil desde período colonial, na qual sua
missão durante três séculos de dominação lusa foi resumida em assegurar a
empresa da colonização, caracterizada por três aspectos: apossar-se do
território, manter o território e expandir a conquista territorial, e mais tarde, já na
Regência, a criação da Guarda Nacional (fiel representação dos grupos de
renda mais alta do país) em 1831 para manter a base física herdada da fase
colonial e assegurar o exercício da autoridade central em toda a extensão
daquela extensa base física. Mais cumprir essa missão não era fácil, devido à
extensão territorial, a diversidade das regiões, e as enormes distâncias que
separavam uma das outras. A ausência de meios materiais compatíveis com a
missão estabelecida e as contradições profundas que afloravam por toda parte
afetavam a composição das Forças Militares, portanto, com esses diversos
obstáculos tornava-se a missão ampla e totalmente difícil de cumpri-la.

O Exército enquanto instituição começou a ser organizado a partir da Guerra


do Paraguai, que:

...alterariam profundamente na estrutura social do


Exército. Não teria sido possível, realmente, desenvolver
as longas operações no exterior, durante cinco anos a
base da tropilha irregular gaucha e a base do
voluntariado a força que se arregimentava nas unidades
de linha. Em janeiro de 1865, pois, o governo imperial
atendeu as novas e impositivas necessidades do
Exército com a lei que previu a organização dos corpos
1
Voluntários da Pátria [...]

O ideal republicano se propagou por toda Instituição insatisfeita contra o


sistema colonial, ocasionando o medo no Estado monárquico constitucionalista.
A divulgação dos ideais e liberdade entre os homens da sociedade,

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SODRÉ, Nelson Werneck. História Militar do Brasil. 2° edição. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, p.143, 1968.
principalmente entre a unidade militar por novo pensamento e com maior poder
político contrariava a Monarquia e seus ministros agidos por seus interesses
individuais.

A República não teve nada de acidental; muito ao contrário, resultou de


desenvolvimento progressivo de condições que, no penúltimo decênio do
século, tinham se agravado consideravelmente. A Proclamação originou- se a
partir da dialética de dois grupos divergentes da instituição: Bacharéis de
Fardas adeptos ao pacifismo positivista e os Tarimbeiros compostos de oficiais
mais velhos, quase todos ex-combatentes da Guerra do Paraguai. Com a fusão
destes dois grupos, os jovens entravam com as idéias e os velhos com a
corporação, deixando de lado suas divergências e prevalecendo o espírito de
corpus.

A Guarda Nacional foi extinta a partir dos atos legislativos de 1915 e de


1918, na qual o Exército foi reformado passando a constituir o Exército de 2°
linha, em conseqüência, a jurisdição do ministério da Guerra. Pós- 1° Guerra
Mundial grupos de jovens oficiais organizados e vinculados a uma nova visão,
batem-se por reformas profundas da instituição militar, motivados pelo longo
período de estagnação, em que o Exército fora relegado a segundo plano e
praticamente liquidado como instituição organizada.

O ambiente dos quartéis era de madorna: “Não havendo


instrução continuada e metódica, só a administração e a
disciplina ocupavam os comandantes de subunidade; daí
o costume de afastar os oficiais subalternos do convívio
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dos soldados.

Trançando uma análise sociológica da organização Militar, abordo a


evolução do Exército brasileiro, aspectos internos, envolvimento na política
brasileira e seus vieses no processo político-ideológico, para compreender e
entender o que significavam as Forças Armadas e qual o papel político do
Exército Brasileiro? , contribuindo com uma análise abrangente para a

2
SODRÉ, Nelson Werneck. História militar do Brasil. 2° edição. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1968, p.199.
historiografia brasileira, pois esse tema tem merecido pouca importância em
nossas pesquisas sobre o militarismo no Brasil, tendo sido uma pesquisa
quase que periférica.

Partindo dessas questões, busco abordar a conjuntura que motivou o


movimento Tenentista, e limitar se nos Levantes ocorridos em 1935, pois para
entender o pensamento político-ideológico temos que traçar uma linha de
análise de História Militar.

Minha abordagem do tenentismo vai se basear, num primeiro momento,


nos autores: Nelson Werneck Sodré, Edmundo Campo Coelho, Marly Vianna e
José Murilo de Carvalho.

Meu trabalho abarca o período de 1922, com a revolta do Forte de


Copacabana, a 5 de julho, rebelião que deu início ao chamado movimento
tenentista e 1935, data considerada por alguns autores, como Vianna e Sodré,
como a da última manifestação tenentista.

No Período de 1922 a 1930 um grupo de jovens militares influenciados


pelo o positivismo de Conte se opôs ao sistema de alianças que sustentavam a
ordem. Três figuras presidenciais marcaram essa época fervorosa, foram eles:
Arthur Bernardes (governou de 1922 a 1926), Washington Luiz (1926 a 1930) e
Finalmente apoiado por uma parte dos militares que participaram do
movimento tenentista, o Golpe do Estado Novo por Getúlio Vargas. A
participação desses militares no governo de Getulio era de cargos importantes,
como ministros, interventores em estados e municípios, secretário de Estado,
comandante de unidades militares e chefes da policia de vários estados. Mais
em suma darei enfoque na luta armada de 1922, na qual os tenentes lutaram
por uma democratização política, contra o voto de cabresto e traçando uma
linha de análise sobre o impacto e a influência que o Movimento Tenentista
teve no levante de 1935- Insurreição Comunista e o importante personagem de
nossa História Luiz Carlos preste, ex. comandante da coluna Preste, foi
presidente de honra da ANL, já como membro do partido comunista. È bom
lembrar que Preste não fez parte dos membros que apoiaram o governo de
Vargas.

Tenho como objetivos:

- Analisar a organização e a estrutura da instituição militar durante a 1°


República.

- Analisar o processo que ocasionou o Movimento Tenentista e entender sua


atuação no contexto político.

- Verificar a influência do Tenentismo no Levante de 1935

- Produzir um trabalho monográfico sobre o Tenentismo.

Quanto ao quadro teórico, no desenvolvimento desta pesquisa apoio-me em


conceitos de vários autores conceituados em análises sobre o militarismo no
Brasil: Nelson Werneck Sodré, José Murilo de Carvalho e Marly Vianna.

Tenho como indagações:

Por que o Exército começou a se interessar pela política e como se construiu


esse pensamento político - ideológico?

Por que o Movimento Tenentista e os Levantes de 35 não tiveram a


participação ativa da sociedade?
BIBLIOGRAFIA:

SODRÉ, Nelson Werneck. História militar do Brasil. 2° edição. Rio de


Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

SODRÉ, Nelson Werneck. A Coluna Prestes. Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira, 1978.

COELHO, Edmundo Campos. Em Busca de Identidade. Record, 2000.

VIANNA, Marly Almeida. Revolucionários de 1935. São Paulo: Expressão


Popular, 2007.

VIANNA, Marly Almeida. Política e Rebelião nos Anos 30. 2° edição. São
Paulo: Moderna, 1995.

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