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497 Calculo Diferencial e Integral IV
497 Calculo Diferencial e Integral IV
Diferencial
e Integral IV
Cálculo Diferencial
e Integral IV
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Camila Cardoso Rotella
Danielly Nunes Andrade Noé
Grasiele Aparecida Lourenço
Isabel Cristina Chagas Barbin
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisão Técnica
André Luís Delvas Fróes
Junior Francisco Dias
Editorial
Camila Cardoso Rotella (Diretora)
Lidiane Cristina Vivaldini Olo (Gerente)
Elmir Carvalho da Silva (Coordenador)
Letícia Bento Pieroni (Coordenadora)
Renata Jéssica Galdino (Coordenadora)
ISBN 978-85-522-0684-2
CDD 600
2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 1 | Séries 7
Séries
Convite ao estudo
Um engenheiro utiliza modelos matemáticos para estudar
fenômenos e projetos na sua rotina de trabalho. Os modelos
matemáticos permitem que o engenheiro simule a realidade,
adquirindo conhecimento sobre sistemas reais de forma muito
mais prática e barata. Tais modelos matemáticos podem ser,
por exemplo, funções matemáticas ou equações diferenciais.
Nesta unidade, você estudará séries, séries de potências,
Taylor, MacLaurin, séries de Fourier e como aplicar séries
de Fourier na resolução de uma determinada classe de
equações diferenciais.
Para relacionar os tópicos anteriores com a sua atividade
profissional, suponha que você foi contratado como consultor
para uma empresa que produz softwares técnico-científicos
para engenheiros. Neste projeto, você deverá apresentar
a fundamentação teórica para problemas de aproximação
numérica de funções por meio de séries e polinômios de Taylor.
Esse estudo teórico será utilizado para construir o código-
fonte do software. Em algumas situações práticas, o usuário
do programa deverá inserir uma precisão pré-especificada no
software, dentro da qual a aproximação numérica será válida.
Por exemplo, suponha que, no caso das funções
f ( x ) = sen( x ) , f ( x ) = cos( x ) ou f ( x ) = e x , queiramos determinar
o valor de algumas dessas em um determinado ponto x = x0 ,
com um determinado número de casas decimais corretas.
Como proceder? Esse é um tipo de problema que você
estudará nesta unidade.
Outro problema que você estudará é para obter a solução
aproximada por meio das séries de Fourier, para equações
diferenciais que modelam circuitos elétricos sujeitos a uma
força eletromotriz E (t ) .
Vejamos, a seguir, de forma sucinta, o que será tratado em
cada seção desta unidade.
Na primeira seção, apresentaremos a definição do que é
uma série e os principais testes para verificar se uma série é
convergente. Em seguida, estudaremos um tipo específico de
série: as séries de potências e, logo na sequência, as séries de
Taylor e de MacLaurin. Finalmente, na última subseção desta
primeira seção, trataremos dos polinômios de Taylor e o seu
uso na aproximação numérica de valores de funções com
uma precisão predefinida.
Na segunda seção desta unidade, estudaremos as séries de
Fourier: sua definição, sob quais condições elas convergem, a
determinação delas para funções pares, ímpares e periódicas.
Por fim, nesta seção, ainda estudaremos a forma complexa
das séries de Fourier.
Na terceira e última seção, veremos como aplicar o que
aprendemos sobre séries de Fourier para determinar a solução
de equações diferenciais bastantes usadas na engenharia.
8 U1 - Séries
Seção 1.1
Séries, séries de potências, séries de Taylor
e de MacLaurin
Diálogo aberto
Muitos problemas da engenharia e da tecnologia não possuem
uma “fórmula fechada” para a solução. Em matemática, quando não
temos uma fórmula fechada, é impossível obter a resposta para o
problema em questão simplesmente substituindo valores numéricos
em uma fórmula. Nós temos, obrigatoriamente, de utilizar métodos
de aproximação. Isso é bastante comum em equações diferenciais:
a maior parte das equações diferenciais só pode ser resolvida por
métodos aproximados.
Muitas vezes, os engenheiros, físicos, matemáticos ou economistas
modelam um problema usando uma equação diferencial. Contudo,
não é possível determinar uma fórmula fechada para indicar a solução
da equação diferencial. Assim, determinamos a solução apenas por
meio de aproximações com alguma ferramenta numérica. Uma das
ferramentas mais usadas desde os tempos primórdios do cálculo
diferencial e da integral são as séries. E, aqui, entramos na primeira
seção desta unidade.
Apresentaremos o que são as séries na primeira subseção e os
principais testes para decidir se uma série é convergente ou divergente:
teste da integral, da comparação, da raiz e da razão.
Na subseção seguinte, trataremos das séries de potências (um tipo
particular de série).
Continuando, na próxima subseção, apresentaremos as séries
de Taylor e MacLaurin. Estas formam a base teórica para tratar a
aproximação de funções em problemas de engenharia e física. Assim,
elas são particularmente importantes para o seu trabalho como
consultor da empresa de produção de softwares técnicos para o uso
de engenheiros.
Por fim, na última subseção, trataremos dos polinômios de Taylor
e o seu uso na determinação de valores numéricos de funções como
seno, cosseno, exponencial, raízes e outras.
U1 - Séries 9
Dentro do contexto do seu trabalho de consultoria para a empresa
que vai produzir o software científico a ser utilizado por engenheiros
e técnicos especializados, você foi incumbido de apresentar os
fundamentos teóricos de determinadas ferramentas matemáticas que
serão adotadas por esse software.
Neste momento, você foi encarregado de apresentar estudos
sobre aproximação de funções por séries de Taylor e MacLaurin.
Dada a importância das funções seno e cosseno em fenômenos
periódicos e problemas de condução do calor, a questão que você
deve investigar é: como determinar até qual valor de x podemos
aproximar a função sen ( x ) por um polinômio de Taylor de grau 5,
com um erro menor que 10-5 ?
Sugeriu-se que, para facilitar a visualização da convergência de
polinômios de Taylor em relação à função seno, você plotasse no
mesmo plano cartesiano os polinômios de Taylor de graus n = 1,
n = 3 , n = 5 , n = 7 e n = 9 e o gráfico da função seno. Para realizar
tudo isso, faz-se necessário o estudo de alguns conceitos que
veremos na sequência.
10 U1 - Séries
infinita. Assim, não há interesse nesses tipos de soma. Por outro lado,
você já efetuou somas de progressões geométricas, por exemplo, da
sequência an = 1n . Aplicando-se a fórmula da soma de PG´s infinitas,
2
1
¥
1 2
¥
temos que å an = å n = = 1.
n =1 2
1
n =1
1-
2
Interessa, portanto, estudar se a soma de infinitos termos de uma
sequência converge para um valor numérico ou não. Para isso, define-
se o que se chama de somas parciais de uma série.
Considere uma sequência a1 , a2 , a3 , ..., an , ... . Definimos as
somas parciais:
s1 = a1 , s2 = a1 + a2 , s3 = a1 + a2 + a3 , ... .
n
Em geral: sn = a1 + a2 + a3 + + an = å ai . A partir das somas
i =1
Assimile
Definição de convergência de séries, segundo Stewart (2006): seja a
¥ n ¥
åa i
e suas somas parciais sn = å ai . A série åa i será denominada
i =1 i =1 i =1
U1 - Séries 11
¥
Reflita
¥
1
A série harmônica ån
n =1
é divergente e é verdadeiro que
lim an = 0 . Por que essas duas afirmações verdadeiras não contradizem
n ®¥
o teorema anterior?
åa
i =1
i + bi e åa -b i i e vale que:
i =1
¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥
å ca i = c å ai , åa + b
i =1
i i = å ai + å bi e
i =1 i =1
åa -b = åa -åb .
i =1
i i
i =1
i
i =1
i
i =1 i =1
e bn ³ 0 .
Então:
¥ ¥
i) Se an £ bn e a série å a convergir, então a série å a também
n =1
n
n =1
n
será convergente.
12 U1 - Séries
¥ ¥
será divergente.
Assimile
Definição de série absolutamente convergente, segundo Stewart (2006):
¥ ¥
for convergente.
¥
Definição de série condicionalmente convergente: a série åa
n =1
n é
¥
condicionalmente convergente se a série åa
n =1
n for convergente, mas a
¥
série åa
n =1
n
não convergir.
¥
ii) Se K > 1 ou se K = ¥ , então a série å a é divergente.
n
n =1
U1 - Séries 13
¥
Teste da raiz (STEWART, 2006): seja a série åa e
n =1
n
K = lim
n ®¥
n an .
Três situações podem ocorrer:
¥
a 1, então você não deve tentar o teste da raiz, pois o limite K = nlim
®¥
n a
n
Assimile
14 U1 - Séries
¥
åx i
= 1+ x + x 2 + x 3 + x 4 + . Da fórmula para a soma infinita de
i =0
∞
1
uma PG, temos que ∑ x = 1+ x + x 2 + x 3 + x 4 + =
i
para x < 1. Ou seja, para x < 1 a série acima possui uma fórmula fechada
1
e pode ser escrita como a função f (x) = . Em outras palavras,
1- x
1 ¥
podemos escrever que f ( x ) = = å x i = 1+ x + x 2 + x 3 + x 4 + .
1 - x i =0
Uma série de potências pode convergir apenas em um único
ponto, pode convergir para todo x real ou, ainda, convergir em um
intervalo real. Associado a toda série de potências, existe um número
real R > 0 denominado raio de convergência. É o que veremos no
próximo resultado.
Teorema (convergência de série de potências), segundo Stewart
¥
i
(2006): considere a série de potência å ai ( x - x0 ) . Então pode ocorrer
i =0
Pesquise mais
No link a seguir, você encontrará videoaulas sobre séries de potências
apresentadas pelo Prof. Dr. Cláudio Possani do IME-USP. É um ótimo
complemento a esse assunto.
USP. Séries de Potências (Parte 1 de 5). Disponível em: <http://eaulas.usp.
br/portal/video.action?idItem=7017>. Acesso em: 8 ago. 2017."
U1 - Séries 15
Séries de potências podem ser derivadas ou integradas para
valores de x dentro do raio de convergência da série. Temos o
seguinte teorema.
Teorema (derivação e integração de séries de potências): suponha
¥
i
que a série de potências å a ( x - x ) tenha raio de convergência
i =0
i 0
¥
R > 0 . Então, a função f ( x ) = å ai ( x - x0 )i pode ser derivada termo a
i =0
¥
i -1
termo para todo x tal que x - x0 < R e vale que: f ´( x ) = å iai ( x - x0 ) .
i =0
¥
Também vale que a função f ( x ) = å ai ( x - x0 )i pode ser integrada
i =0
1 ¥
Seja a série de potências f ( x ) = = å x i = 1+ x + x 2 + x 3 + x 4 + .
1 - x i =0
16 U1 - Séries
Se f possui expansão em série de potências convergente para
x = x0 , costuma-se escrever:
¥ f ( n ) ( x0 ) f ´( x0 ) f ´´( x0 ) f ´´´( x0 )
( x - x0 ) .
n 2 3
f (x) = å ( x - x0 ) = f ( x0 ) + ( x - x0 ) + ( x - x0 ) +
n =0 n! 1! 2! 3!
de MacLaurin.
Exemplificando
Vejamos como obter a série de MacLaurin para f ( x ) = e x . Por ser uma série
de MacLaurin, então x0 = 0 . Todas as derivadas de ordem n de f ( x ) = e x
são iguais a f ( n ) ( x ) = e x . Tais derivadas calculadas em x0 = 0 são iguais a
f ( n ) (0) = e0 = 1. Então, a série de MacLaurin de f ( x ) = e será:
x
¥ f ( n ) (0) x n ¥
1× x n x x2 x3
ex = å =å = 1+ + + +.
n =0 n! n =0 n ! 1! 2! 3!
Assimile
U1 - Séries 17
A figura a seguir, desenvolvida no software GeoGebra (Disponível
em: <https://www.geogebra.org/>. Acesso em: 30 ago. 2017),
apresenta o gráfico da função seno e dos polinômios de Taylor para
x3 x3 x5
a função seno T1( x ) = x , T3 ( x ) = x - e T5 ( x ) = x - + . Conforme
3! 3! 5!
aumentamos o grau do polinômio de Taylor, a convergência fica cada
vez melhor para valores cada vez mais distantes de x0 = 0 . Por outro
lado, à medida que aumentamos o grau do Polinômio de Taylor, são
necessários mais cálculos. É mais trabalhoso calcular um polinômio de
grau 5 do que um polinômio de grau 3.
Figura 1.1 | Gráficos dos polinômios de Taylor para a função seno (f) de
graus 1 (g), 3 (h) e 5 (p).
Assimile
18 U1 - Séries
Teorema: sejam C e L Î . Suponha que seja válida a desigualdade
f ( x ) £ C para todo x tal que x - x0 £ L .Então, a função resto da série
( n +1)
C n +1
de Taylor de ordem n atende à desigualdade Rn ( x ) £ x - x0 para
(n + 1)!
todo x tal que x - x0 £ L .
Com esse teorema, podemos obter aproximações para uma função
com uma precisão prefixada.
Exemplificando
Neste exemplo, veremos como utilizar o teorema para a desigualdade
do resto da série de Taylor para obter uma aproximação de e (base dos
logaritmos neperianos) com quatro casas decimais de precisão. Para isso,
faremos a expansão em série de MacLaurin da função f ( x ) = e x .
Lembremos que a expansão em série de MacLaurin para f ( x ) = e é
x
¥ f ( n ) (0) x n ¥
1.x n x x2 x3 xn
ex = å =å = 1+ + + ++ + .
n =0 n! n =0 n ! 1! 2! 3! n!
U1 - Séries 19
Neste ponto do seu trabalho de consultoria, você deve mostrar
como determinarmos o maior valor de x para o qual podemos
substituir a função sen ( x ) por um polinômio de Taylor de grau 5, com
um erro menor que 10-5 . Para facilitar a visualização da aproximação
de uma função pelos seus polinômios de Taylor, também foi solicitado
que você apresentasse, em um mesmo plano cartesiano, os gráficos
de sen ( x ) e dos polinômios de Taylor de graus n = 1 , n = 3 , n = 5 ,
n = 7 e n = 9.
Para tratar essa situação, em primeiro lugar, precisamos dos
polinômios de Taylor da função seno dos graus solicitados.
Temos que as derivadas da função seno na origem são sen(1) (0) = 1,
(7) (9)
sen (3) (0) = -1 , sen (5) (0) = 1 , sen (0) = -1 e sen (0) = 1 .
O polinômio de grau n para a função seno é:
x3 x5 x7 x9
Pn ( x ) = x - + - + + .
3! 5! 7! 9!
Como a questão solicita que se forneça até qual valor de x podemos
substituir seno pelo polinômio de Taylor de grau 5 com erro menor que
10-5 , queremos determinar o valor de x que atende à desigualdade:
x7
£ 10-5
7!
Na desigualdade anterior, observe que o valor n+1 seria igual a 6.
Contudo, como neste exemplo específico que estamos tratando a
derivada é nula, passamos para o próximo termo da série.
Resolvendo a desigualdade anterior:
x 7 £ 7!10-5 Û x £ 7 7!10-5 = 7 0,0504 = 0,6526
Pesquise mais
Fica este objeto como sugestão para você consultar e manusear. Neste
link você poderá experimentar vários graus para os polinômios de Taylor
para a função seno. Vai facilitar muito a sua compreensão.
"GEOGEBRA. Discover Math with GeoGebra. Disponível em: <https://
www.geogebra.org/m/pyXKjfq2>. Acesso em: 13 set. 2017."
Neste vídeo, comenta-se sobre a construção de um objeto semelhante a
esse e é dado destaque à diferença entra a série e a função.
20 U1 - Séries
"APROXIMAÇÃO de sen(x) por polinômios de Taylor utilizando o GeoGebra.
Disponível em: <https://youtu.be/6cdRYPJ-uEg>. Acesso em: 19 set. 2017."
Figura 1.2 | Comparação entre a função sen(x) e polinômios de Taylor até grau 9
f ( x ) = sin ( x ) , g ( x ) = x , h( x ) = -
x3 x5 x3
+ x , p( x ) = - +x,
6 120 6
x7 x5 x3 x9 x7 x5 x3
q( x ) = - + - + x , r (x) = - + - +x.
5040 120 6 362880 5040 120 6
Avançando na prática
Usando o teste da razão com funções de Bessel
Descrição da situação-problema
Uma das principais aplicações de séries (e, em particular, séries
de potências) é na resolução de equações diferenciais ordinárias
para as quais métodos mais simples não podem ser aplicados. Um
dos exemplos históricos de resolução de equação diferencial com
uma série de potências é a equação diferencial de Bessel (p é um
número real):
x 2 y ´´+ xy ´+ ( x 2 - p 2 ) y = 0
U1 - Séries 21
Pode-se resolver essa equação diferencial com séries de potências,
obtendo-se as chamadas funções de Bessel. Essas equações diferenciais
são utilizadas para modelar fenômenos em diversas áreas da física e
da engenharia: eletromagnéticos, vibratórios, de condução de calor,
difusão e processamento de sinais, entre outros. A sua resolução em
série de potências produz uma função chamada função de Bessel de
primeira espécie, dada a seguir:
i
¥
(-1) æç x ö÷2n+m
Jm ( x ) = å
çç ÷÷
i =1 (i )! (i + m)! è 2 ø
.
i i 2i
¥
(-1) x 2i ¥ (-1) æ x ö÷
Se fizermos m = 0 , temos J0 ( x ) = å =å çç ÷ .
i =1 2 (i !)
2i 2
i =1 (i !)
2
èç 2 ø÷
22 U1 - Séries
Resolução da situação-problema
Dada a própria característica da função de Bessel, determinaremos
o seu raio de convergência usando o teste da razão. Fazemos
uso desse teste porque ele permitirá o cancelamento de fatores
comuns. Veja!
an+1
Para aplicar o teste da razão, devemos avaliar o limite K = nlim .
®¥ an
Se esse limite for nulo, então o raio de convergência será, por
definição, infinito e a série de potências para a função de Bessel
converge para todo x real. Substituindo a expressão dos coeficientes
da série de potências para a função de Bessel:
n +1
(-1) æç x ÷ö2(n+1)
2 ç ÷
a é(n + 1)!ù çè 2 ÷ø n
(-1) (-1) 2n
æ x ö÷ æ x ö÷ n!n!
K = lim n +1 = lim ë û = lim çç ÷ çç ÷ =
n ®¥ a n ®¥ n
(-1) æç x ö÷ 2n n ®¥ (n + 1) × n !(n + 1) × n ! çè 2 ø èç 2 ø÷
÷ n æxö
2n
n
(- 1) ç ÷
2 ç ÷ ççè 2 ÷ø÷
(n !) èç 2 ø÷
2
1 æ x ÷ö
= lim çç ÷ = 0 < 1 , para todo x real. Assim, mostramos
n ®¥ (n + 1)(n + 1) çè 2 ÷ø
que o raio de convergência é infinito.
Agora, basta você elaborar o texto conforme as necessidades expressas
anteriormente, pensando que ele será um texto apresentado ao usuário
do futuro software.
å (a
n =1
n +1 - an ) = lim an - a1 .
n ®¥
Por outro lado, se existir e for finito o limite lim an - a1 , então a série telescópica
n ®¥
será convergente. ¥
1 1
¥
3
å - å
Outros exemplos de séries telescópicas são: n=1 n n + 1 e n=1 (2n - 1)(2n + 1) .
U1 - Séries 23
¥
Considere a série å
n =1
n - n + 1 . Então, é correto afirmar que:
b) A série å
n =1
n - n + 1 é convergente, pois é uma série de potências.
¥ ¥
c) A série å n - n + 1 é divergente, pois vale que å n - n + 1 = lim 1- n + 1
n =1 n ®¥
n =1
e) Como nlim
®¥
n - n + 1 = 0 , a série å
n =1
n - n +1 é convergente.
¥ ¥
24 U1 - Séries
3. Avalie se a série é uma p-série.
4. Avalie se é possível efetuar o teste da Integral.
5. Avalie se os testes da razão ou da raiz são conclusivos.
6. Se a série for alternada, efetue o teste da série alternada.
Usando os testes para convergência de séries estudados nesta seção, assinale
a alternativa correta.
¥
æ n ö
a) A série å lnçççè n + 1÷÷ø÷ é divergente, pois
n =1
lim an ¹ 0.
n ®¥
n
¥
(-1)
b) A série alternada å é convergente pelo teste de Leibniz para séries
5n + 2 n =1
n
(-1)
alternadas, apesar de lim ¹0.
n ®¥ 5n + 2
¥
2-n
c) Usando o teste da comparação, podemos concluir que a série å n +1
n =1
é
¥
n =1 n +1
¥
sen(n )
d) A série å é condicionalmente convergente e absolutamente
n =1 n3
convergente.
¥
1
e) A série å 2
é convergente pelo teste da integral, pois é uma p-série
n =1 n 3
com p < 1.
U1 - Séries 25
3 5 7
a) 7 x 2 cos( x ) = 7 x - x + x - x + .
2! 4! 6!
4
7x 7x 6 7x8
b) 7 x 2 cos( x ) = 7 x 2 - + - + .
2! 4! 6!
5 7 9
c) 7 x 2 cos( x ) = 7 x 3 - 7 x + 7 x - 7 x + .
3! 5! 7!
2 4 6
d) 7 x 2 cos( x ) = 7 x - x + x - x + .
2 4 6
2 4 6
e) 7 x 2 cos( x ) = 7 x + 7 x - 7 x + .
1! 3! 5!
26 U1 - Séries
Seção 1.2
Séries de Fourier
Diálogo aberto
Nesta seção, você será apresentado às séries de Fourier. O
matemático francês Jean-Baptiste Joseph Fourier (1768-1830) foi
aluno de Lagrange, Laplace e Monge. Fourier publicou seu trabalho,
Théorie analytique de la chaleur (Teoria analítica do calor), em 1822.
Nesse trabalho, Fourier propõe que é possível representar uma função
por somas trigonométricas infinitas. Embora essa teoria apresente
deficiências de rigor (o que é compreensível historicamente), foram
justamente essas imprecisões e as investigações subsequentes, para
tratar de forma rigorosa as afirmações de Fourier, que conduziram a
extensas pesquisas com resultados altamente relevantes na atualidade
nas aplicações da engenharia e da física. As aplicações atuais do
trabalho iniciado por Fourier envolvem, além da condução do calor
em uma barra, equação da corda vibrante, oscilações forçadas em
sistemas mecânicos e em circuitos elétricos, música, equação da
onda, estudo da equação da membrana, processamento de sinais,
telecomunicações e cálculo numérico. Assim, não tenha a menor
dúvida: você está iniciando seus estudos em uma área histórica da
matemática e da engenharia.
Como as séries de Fourier são somas infinitas de senos e cossenos,
elas exigem, entre outros, os conceitos de periodicidade de funções e
a discussão sobre a convergência dessas somas infinitas. Além disso,
se soubermos que a função a ser representada pela série de Fourier
é par (ou ímpar), poderemos simplificar os cálculos utilizando certas
propriedades de integrais de funções pares (ou ímpares).
Você verá, nesta seção, algumas funções que são bastante
frequentes em aplicações da engenharia: as funções de onda quadrada,
onda triangular e funções do tipo “dente de serra”. Essas funções
aparecem, por exemplo, em circuitos elétricos ou processamento de
sinais. Daí sua relevância.
A obtenção de aproximações do p com cada vez mais casas
decimais sempre foi perseguida ao longo da história da Matemática.
U1 - Séries 27
Com o advento de computadores e calculadoras, não foi diferente.
Cada novo modelo de computador mais potente ou software com
novos algoritmos oferecia espaço para mais investigações acerca
da aproximação do p . Utilizam-se essas aproximações do p
para validar algoritmos e softwares científicos. Esse é o seu papel
nesta nova etapa do contexto que lhe apresentamos no início desta
unidade. Como você foi contratado para produzir o conteúdo teórico
para os fundamentos do software científico, a ser desenvolvido por
uma empresa prestadora de serviços de engenharia, você decidiu
utilizar esse aspecto histórico para apresentar como utilizar séries de
Fourier em aproximações numéricas.
O matemático francês Joseph Fourier desenvolveu as séries de
Fourier para resolver o problema da condução do calor em uma barra.
No entanto, os matemáticos, físicos e engenheiros, ao longo do tempo,
foram descobrindo inúmeros aspectos interessantes, surpreendentes e
aplicáveis dessas séries. Uma aplicação inicialmente inesperada para as
séries de Fourier é sua utilização na aproximação do p .
Como você poderia, utilizando séries de Fourier para a função
1 1 1 p2
f ( x ) = x 2 , 0 < x < 2p , mostrar que + + + = ?
12 22 32 6
28 U1 - Séries
A onda quadrada da Figura 1.4 é um exemplo de função periódica
descontínua. As funções seno e cosseno são exemplos de funções
periódicas contínuas. Fenômenos periódicos fazem parte da vida dos
engenheiros. A voltagem sobre um circuito elétrico pode consistir de
uma sequência de pulsos periódicos, como mostrado na Figura 1.4.
Fenômenos periódicos também aparecem em sistemas mecânicos
(a amplitude do ângulo de oscilação de um trem pode aumentar
com a velocidade se o sistema não foi cuidadosamente projetado ou
operado), em sistemas biológicos e também econômicos. Portanto,
precisamos definir claramente o que são funções periódicas.
Veja a definição a seguir.
Assimile
U1 - Séries 29
Figura 1.5 | Gráficos das funções f1 ( x ) e f2 ( x )
g1 ( x ) = sen (w x )
2π
Em geral, vale que o período da função é e
ω
2π
que o período da função g 2 ( x ) = cos (w x ) é
. Considere a função
ω
g 3 ( x ) = sen (ω x + φ ) . Na Figura 1.6, plotamos os gráficos das funções g1
π
e g3 com w = 2 e φ = . A constante f tem o efeito de deslocar o
2
gráfico da função g1 para à esquerda de f unidades. Ela não altera o
2π
período da função g1 . Assim, o período da função g 3 também é .
ω
Figura 1.6 | Gráficos das funções g1 e g3
Reflita
Use softwares como wxMaxima ou GeoGebra para fazer os gráficos das
funções g1 e g 3 com vários valores para w e f . Será que modificar f
altera o período de g1 e g 3 ?
30 U1 - Séries
2π
Observe que vale a identidade sen ω x + = sen (ω x + 2π ) = sen (ω x )
ω
2π
para todo x. Assim, é o período da função g1 ( x ) = sen (w x ) .
ω
Também vale a identidade semelhante para a função cosseno:
2π
cos ω x + = cos (ω x + 2π ) = cos (ω x ) .
ω
Pesquise mais
Você pode conhecer um pouco mais sobre J. B. Fourier consultando os
links indicados a seguir:
ALENCAR, M. S. de. A Análise de Fourier e o Aquecimento Global. Disponível
em: <http://www.difusaocientifica.com.br/artigos/Aquecimento_Global_
Fourier.pdf>. Acesso em: 9 set. 2017.
JEAN Baptiste Joseph Fourier (Traduzido pelo GooGle). Disponível em:
<https://goo.gl/vMbgFN>. Acesso em: 23 set. 2017.
Assimile
1 L np x 1 L np x
e an =
L ∫−L
f ( x ) cos
L
dx e bn =
L ∫
−L
f ( x ) sen
L
dx para n = 1, 2, 3,...
U1 - Séries 31
1 2p
Figura 1.7 | Gráficos para as funções fk ( x ) = sen k ⋅ x com k = 1, k = 3 ,
k T
k = 5, k = 7 e T =1
Pesquise mais
Para melhor compreensão do exposto na Figura 1.7, recomendamos que
você acesse o link indicado a seguir para experimentar outros valores para k
e observar o que ocorre com o gráfico das funções fk ( x ) = 1 sen k ⋅ 2p x .
k T
32 U1 - Séries
Fonte: elaborada pelo autor.
Pesquise mais
Para que sua experiência de visualização da Figura 1.8 seja mais completa,
recomendamos que você acesse o link apresentado a seguir.
GEOGEBRA. Séries de Fourier para aproximar a onda quadrada.
Disponível em: <https://www.geogebra.org/m/VwAvymzr>. Acesso em:
25 set. 2017.
U1 - Séries 33
1 1
f ( x+ ) + f ( x− ) , x ∈] − L, L[ e f (−L+ ) + f (L− ) , x = −L ou x = L .
2 2
Além disso, se f for contínua em qualquer intervalo fechado contido em
[-L, L] , a convergência será uniforme (BUTKOV, 1978).
Assimile
Definição função par: uma função f é denominada de função par se,
sempre que o domínio de f contiver o ponto x, ele também contiver o
ponto -x e valer que f (−x ) = f ( x ), ∀x ∈ Dom (f ) (BOYCE; DIPRIMA, 2015).
34 U1 - Séries
Definição função ímpar: uma função f é denominada de função ímpar
se, sempre que o domínio de f contiver o ponto x, ele também contiver o
ponto -x e valer que f (−x ) = −f ( x ), ∀x ∈ Dom (f ) (BOYCE; DIPRIMA, 2015).
Exemplificando
Reflita
L L
Por que a igualdade ∫ −L
f ( x ) dx = 2 ∫
0
f ( x ) dx é válida para funções pares?
par por função ímpar resulta em função ímpar, temos que a integral
U1 - Séries 35
1 L np x
bn =
L ∫−L
f ( x ) sen
L
dx = 0 . Portanto, a série de Fourier para uma
∞
a0 np x
função par é
2
+ ∑a
n =1
n cos
L
.
ímpar por função par resulta em função ímpar, temos que a integral
1 L np x
an =
L−L ∫
f ( x ) cos
L
dx = 0 . Portanto, a série de Fourier para uma
∞
np x
função ímpar é ∑ bn sen .
n =1 L
Em muitas situações práticas, temos uma função f definida apenas
para o intervalo ]0, L[ e queremos representar essa função por uma série
de Fourier de período 2L. Temos duas alternativas usuais: a extensão
par de período 2L da função f e a extensão ímpar de período 2L da
função f. A escolha de uma ou outra extensão é dada pelo problema
em particular que estivermos tratando.
Assimile
Extensão par de período 2L (BOYCE; DIPRIMA, 2015): a extensão periódica
f ( x ), 0 ≤ x ≤ L
par da função f é dada por: fPar ( x ) =
−f ( x ), −L < x < 0
36 U1 - Séries
Exemplificando
8 − 2 x, 0 < x ≤ 4
Exemplo adaptado de Boyce e Diprima (2015): seja f (x) =
.
0, 4 < x ≤ 8
A expansão em cossenos dessa função convergirá para a extensão
periódica par de f ( x ) cujo gráfico é dado pela Figura 1.9.
Figura 1.9 | Extensão periódica par de f ( x )
U1 - Séries 37
1
(an − ibn ), n > 0
2
1
cn = (an + ibn ), n < 0 , podemos reescrever a série de Fourier na sua forma
2
1
a0 , n = 0
2
∞ np x np x
i 1 L −i
complexa: f ( x ) = ∑ce
n =−∞
n
L
, com x ∈ [−L, L] e cn =
2L ∫
−L
f (x )e L dx
.
38 U1 - Séries
Como a função é par, a expansão em série de Fourier será uma
série em cossenos (ou seja, os coeficientes bn = 0, ∀n > 0 ). A seguir,
estão os cálculos dos coeficientes a0 e an :
2 1 2 2
a0 =
1 0 ∫
x dx =
3
Efetuamos integração por partes para determinar os an :
2 1 np x 4 n
an = ∫ x 2 cos dx = 2 2 (−1)
1 0 1 n p
n
a0 ∞
np x 1 ∞
4 (−1)
Então, f ( x ) =
2
+ ∑
n =1
an cos = +
1 3 ∑
n =1 n 2p 2
cos (np x ) .
n
1 ∞
4 (−1)
Fazendo x = 1 teremos 1 = +
3
2
∑
n =1 n 2p 2
cos (np ) , em que
n
p2 ∞
(−1)
6
= ∑
n =1 n2
cos (np ) .
p2 ∞
1 1 1 1
Finalmente:
6
= ∑n
n =1
2
= 1+ + +
4 9 16
+
Pesquise mais
O valor do p com muito mais do que dez casas decimais pode ser
obtido, por exemplo, no link indicado.
Disponível em: <http://www.geom.uiuc.edu/~huberty/math5337/groupe/
digits.html>. Acesso em: 23 set. 2017.
Para saber mais detalhes sobre a história do p , sugerimos a consulta ao
link apresentado.
WENDPAP, B. G.; BASTIANI, F. De ; GUZZO, S. M. Uma abordagem
histórico-matemática do número pi (π). Disponível em: <http://projetos.
unioeste.br/cursos/cascavel/matematica/xxiisam/artigos/19.pdf>. Acesso
em: 23 set. 2017.
U1 - Séries 39
Tabela 1.1 | Comparação pn e p - pn
10 3,049362 0,092231
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
Antes de iniciar os cálculos para determinar as expansões em série
de senos e de cossenos, seria interessante apresentar, por exemplo, os
gráficos de f ( x ) = x, 0 < x < 4 para cada um dos casos. Para a expansão
em série de senos, teremos a expansão periódica ímpar da função f e,
para a expansão em série de cossenos, teremos a expansão periódica
par de f.
40 U1 - Séries
Figura 1.12 | Expansão periódica ímpar de f
2 4 np x 1 4 np x
f ( x ) cos dx = ∫ x cos
4 ∫0
an = dx .
4 2 0 4
U1 - Séries 41
Efetuamos integração por partes:
2 4 np x 1 4 np x
an = ∫ f ( x ) cos dx = ∫ x cos dx ;
4 0 4 2 0 4
4
1 4 np x 1 4 np x 42 np x 1 16
xcos dx = x sen cos = cos (np ) − 1 ;
2 ∫0
an = +
4 2 np 4 n 2 p 2 4 0 2 n 2p 2
8
an = cos (np ) − 1 .
n 2p 2
Assim,
4 ∞
8 np x ∞
8 np x
f (x) = + ∑ 2 2 (cos (np ) − 1) cos
4
= 2 + ∑ 2 2 (cos (np ) − 1) cos
4
.
2 n =1 n p n =1 n p
Extensão ímpar:
42 U1 - Séries
b) Extensão par:
Extensão ímpar:
c) Extensão par:
Extensão ímpar:
d) Extensão par:
U1 - Séries 43
Extensão ímpar:
e) Extensão par:
Extensão ímpar:
44 U1 - Séries
2C
d)
C
+ sen p x + 1 sen 3p x + 1 sen 5p x + .
2 p 4 3 4 5 4
2C 1
e)
C
+ sen p x + 3 sen p x + 5 sen p x + .
2 p 4 1 4 3 4 5
apenas em cossenos.
Resultado análogo vale se as funções f e f’ são contínuas por partes no
intervalo ] - L, L[ e f for periódica ímpar de período 2L . Então a função f
possui série de Fourier apenas em senos.
5
+ x, −5 ≤ x ≤ 0
2
Considere a função f (x) =
. Considere a extensão periódica
5
− x, 0 ≤ x ≤ 5
2
desta função (você terá uma “onda triangular”).
Denote por f1 ( x ) a série de Fourier para f sobre todo o domínio de f; denote
5
por f2 ( x ) a série em senos de Fourier para a função g (x) =
2
− x, 0 ≤ x ≤ 5 e
5
por f3 ( x ) a série em cossenos de Fourier para a função g ( x ) = − x, 0 ≤ x ≤ 5 .
2
Então, é correto afirmar que:
a) f1 ( x ) possui expansão em série de Fourier dada por
∞
5 10 10 10
f (x) = ∑ 2 (1− cos (5np )) sen (np x ) = sen (p x ) + sen (3p x ) + sen (5p x ) +
n =1 (np ) p2 9p 2 25p 2
U1 - Séries 45
c) f3 ( x ) converge para a extensão periódica ímpar da função
5
g ( x ) = + x, 0 ≤ x ≤ 5 , cujo gráfico é dado por:
2
46 U1 - Séries
Seção 1.3
Aplicações das séries de Fourier
Diálogo aberto
Após estudar as séries de Fourier, chegou a hora de aplicá-las na
resolução de problemas de engenharia. É o que faremos nesta seção.
As séries de Fourier podem ser utilizadas para resolver um tipo
de equação diferencial chamado de equação a derivadas parciais
(costuma-se utilizar a abreviação EDP). Nesse tipo de equação
diferencial, temos a presença de derivadas parciais de uma função
desconhecida. Existem muitos problemas importantes na física e na
engenharia nos quais temos uma geometria específica: pode ser a
condução do calor em uma barra (que nos levará a um problema
em um retângulo) ou a vibração de uma membrana circular. Tais
configurações geométricas impõem condições sobre os valores da
função incógnita nos bordos da figura geométrica. Esses problemas
recebem, então, o nome de problemas de valores de contorno (abrevia-
se para PVC). É interessante você recordar que, quando estudamos as
equações diferenciais ordinárias (EDO´s), estudamos problemas de
condição inicial (precisamos informar os valores da função incógnita
para t = 0 ). Observe que temos agora uma mudança de “qualidade”
no tipo de problema que estamos estudando.
As séries de Fourier foram desenvolvidas, inicialmente, para
resolver equações diferenciais que modelam a condução do calor
em uma barra. Mas elas também podem ser utilizadas na resolução
de outras equações diferenciais, como equações diferenciais que
modelam uma viga, simplesmente, apoiada.
Além dessas aplicações, as séries de Fourier também podem
ser aplicadas para se obter a resposta de um circuito elétrico,
como apresentado na Figura 1.14, sujeito a uma força eletromotriz
periódica E(t).
U1 - Séries 47
Figura 1.14 | Circuito elétrico com força eletromotriz periódica
48 U1 - Séries
chamamos atualmente de séries de Fourier. Considere a Figura 1.16, a
função representa o calor em uma barra homogênea na posição x e
no instante t.
Figura 1.16 | Condução do calor em uma barra homogênea
Pesquise mais
A equação do calor não será deduzida nesse texto, mas você pode
consultá-la no apêndice A do capítulo 10 do seguinte livro:
BOYCE, William E.; DIPRIMA, Richard C. Equações diferenciais
elementares e problemas de valores de contorno. 7. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2002. 416 p.
A dedução está também disponível nas obras de Edwards e Penney (1999)
e Zill (2001).
U1 - Séries 49
Nessa classe de problemas, precisamos definir dois tipos
de condições:
i) Condições iniciais (ou seja, qual a temperatura inicial da barra).
ii) Condições de contorno (neste caso, quais são as temperaturas
nas extremidades da barra em qualquer instante de tempo, ou seja, em
x = 0 e x = L ).
A condição inicial é dada por uma condição do tipo u ( x,0) = f ( x ) .
Essa condição significa que, no instante inicial, t = 0 , a temperatura u
da barra é dada por uma função f ( x ) .
Já como condições de contorno, vamos assumir, por
enquanto, que, nas extremidades da barra, a temperatura é zero:
u (0, t ) = u (L, t ) = 0. Temos, então, o que é denominado de um problema
de valores de contorno, dado pelas equações:
∂u ∂ 2u
=k ,
∂t ∂x 2
u ( x,0) = f ( x ) ,
u (0, t ) = u (L, t ) = 0 ,
50 U1 - Séries
EDP. Mesmo assim, essa solução será escrita como uma série infinita
ou alguma integral não trivial. A vantagem de obtermos estas soluções
nessas situações especiais é que elas proporcionam um entendimento
e uma compreensão mais qualitativa das situações mais complexas.
Existem poucos métodos gerais para a resolução de EDP´s. Um desses
métodos é o método da separação de variáveis, que se baseia no
princípio da superposição. A aplicação do método de separação de
variáveis nos conduz às séries de Fourier.
Para aplicar o método, vamos supor que a solução do problema
∂u ∂ 2u
de valores de contorno, dado pelas equações =k , u ( x,0) = f ( x )
∂t ∂x 2
e u (0, t ) = u (L, t ) = 0 possui uma solução u ( x, t ) que possa ser escrita
na forma u ( x, t ) = X ( x )T (t ) , em que a função X depende apenas da
variável x e a função T depende apenas de t. Como a função X depende
∂u ∂u ∂ 2u
apenas da variável x, vale que ∂x
= X ′T e = XT ′ . Assim, = X ′′T .
∂t ∂x 2
Aqui, a notação X ¢¢ significa que estamos efetuando a derivada da
função X ( x ) duas vezes e, como ela é apenas função da variável x,
não é uma derivada parcial. Além disso, vamos assumir que as funções
X e T não sejam identicamente nulas. Substituindo as expressões para
∂u ∂ 2u ∂u ∂ 2u
= XT ′ e = X ′′T em =k , temos:
∂t ∂x 2 ∂t ∂x 2
X ( x )T ′ (t ) = kX ′′ ( x )T (t )
X (x) 1 T (t )
A equação = é válida para todo x ∈]0, L[, t > 0 .
X (x) k T (t )
Portanto, tem de ser igual a uma mesma constante. Vamos denominá-la
de constante de separação e representá-la pela letra grega -l
X ′′ �( x )
(veremos que é conveniente adotar o sinal negativo). Logo: = −l
X (x)
T ′ (t )
e T (t )
= −kl .
U1 - Séries 51
Como estamos supondo que T não é identicamente nula,
necessariamente devemos ter X (0) = X (L) = 0 . Assim, a função X satisfaz
ao problema de valor de contorno:
X ′′ ( x ) + l X ( x ) = 0 , X (0) = X (L ) = 0
Assimile
O problema de contorno apresentado em X ′′ ( x ) + l X ( x ) = 0 ,
recebe o nome de problema de autovalor. Para
X (0) = X (L ) = 0
cada solução não trivial em X ′′ ( x ) + l X ( x ) = 0 , X (0) = X (L) = 0 , temos
associados valores de l que recebem o nome de autovalores. As
soluções associadas a esses autovalores são denominadas autofunções.
Para apresentar a
solução do problema de autovalor
X ′′ ( x ) + l X ( x ) = 0, X (0) = X (L ) = 0,
consideraremos as três possibilidades
para l : positivo, negativo e nulo. Vejamos cada uma delas.
i) Se l = 0 , a equação diferencial do problema de autovalor
X ′′ ( x ) + l X ( x ) = 0 , X (0) = X (L ) = 0 reduz-se a X ′′ ( x ) = 0 , cuja
solução é X ( x ) = ax + b . Lembrando das condições de contorno
X (0) = X (L ) = 0 , forçosamente a = b = 0 , o que implica na
52 U1 - Séries
Voltando à equação T ′ (t ) + klT (t ) = 0 , temos que uma solução dessa
n 2 p 2t
np x −k
equação é T (t ) = e−klt . Temos então un ( x, t ) = sen L e L , n = 1, 2, 3,...
2
2 L np x
sobre séries de Fourier, temos que cn =
L ∫ 0
f ( x ) sen
L
dx .
U1 - Séries 53
externa. Vejamos, neste exemplo, o passo a passo desse procedimento.
Para determinar a função x (t ) , admitimos que tanto x (t ) quanto
f (t )
tenham desenvolvimento em série de Fourier, dados, a seguir, na
forma complexa:
∞ ∞
2π
f (t ) = ∑
n =−∞
αn e inωt e x (t ) = ∑ βn e inωt onde ω=
2L
.
n =−∞
∞
Derivando x (t ) termo a termo, temos x ′ (t ) = ∑ inωβn e inωt e
n =−∞
∞
x ′′ (t ) = ∑ −n
n =−∞
2 2
ω βn e inωt
.
∞ ∞
∑(
n=−∞
−an 2 ω 2 + binω + c βn e inωt =
) ∑αe
n =−∞
n
inωt
54 U1 - Séries
Um dos problemas no qual as séries de Fourier podem ser aplicadas
é a determinação da corrente elétrica I (t ) em um circuito elétrico RLC.
Nesse ponto, vamos particularizar nossa solução para a EDO
definida a partir do circuito apresentado na Figura 1.18:
Figura 1.18 | Circuito elétrico RLC
Comparando as equações ax ′′ + bx ′ + cx = f (t ) e
R 1 R 1
I ′′ (t ) +
L
I ′ (t ) +
CL
I (t ) = f (t ) , temos que a = 1, b= e c= .
L CL
1
Substituindo em βn = αn , temos:
(−an 2ω 2 + binω + c )
1
βn = α
n. Falta determinar os coeficientes da
−n 2 ω 2 + R inω + 1
L CL
U1 - Séries 55
1.3.3 Aplicação de séries de Fourier: condução do calor em
uma barra
Considere uma barra metálica de 80 cm de comprimento, aquecida
lateralmente a 40 °C ao longo da barra. As extremidades da barra
são mantidas a 0 °C para todo t > 0 . Determine a expressão para a
temperatura u ( x, t ) da barra ao longo do tempo.
No item 1 desta seção, vimos que a solução do problema de valor
∂u ∂ 2u
de contorno apresentado nas equações =k , u ( x,0) = f ( x )
∂t ∂x 2
∞
e u (0, t ) = u (L, t ) = 0 é dada por u ( x, t ) = ∑c u
n =1
n n ( x, t ) , em que
n 2 p 2t
2 L np x −k np x
cn =
L ∫ 0
f ( x ) sen
L
dx e un ( x, t ) = e L2 sen
L
, n = 1, 2, 3,... .
2 80 np x 80 np x 80
cn =
80 ∫ 0
40sen
80
dx = ∫ 0
sen
80
dx =
np
(1− cos (np )) .
160
, n ímpar
Logo, fica cn =
np .
0, n par
∞
Finalmente, a solução u ( x, t ) = ∑ cn un ( x, t ) será dada por:
n =1
n 2 p 2t
∞ −k
160 6400 np x
u ( x, t ) = ∑
n =1,3,5,...
np
e sen
80
56 U1 - Séries
Figura 1.19 | Sistema mecânico com força externa
Reflita
U1 - Séries 57
∞
nπ x
Substituímos as expressões para x part (t ) = ∑ α sen
n =1
n
2
e
6
∞
1− cos (np ) np x
f (t ) =
p ∑ n =1
n
sen
2
na equação diferencial mx ′′ + kx = f (t ) .
∞
n2π2 nπ x ∞
nπ x 6
∞
1− cos (np ) np x
m ∑− 4
αn sen
2
+ k ∑
αn sen
2
=
p ∑n =1
n
sen
2
n =1 n =1
∞ mn 2 π 2 nπ x ∞
6 1− cos (nπ ) nπ x
∑ k α
n =1
n −
4
αn sen
2
= ∑π
n =1
n
sen
2
58 U1 - Séries
1− e−inπ
αn = A = A 1− (cos nπ − i sen nπ ) = A , n ím
m par .
2inπ 2inπ inπ
A , n ímpar
Logo, fica αn =
inπ .
0, n par
1 0,04
Temos ainda: a0 =
0, 02 ∫
0
Adt = 2 A .
Avançando na prática
Equações diferenciais com oscilações
forçadas descontínuas ímpares
Descrição da situação-problema
Suponha que você esteja prestando serviços para um escritório
de engenharia que vem desenvolvendo análises para a indústria de
máquinas e equipamentos industriais. Para modelar tais situações, são
utilizados problemas de contorno do tipo:
mx ′′ + kx = F (t ) , 0 < t < L , x (0) = x (L) = 0 , em que F (t ) representa
uma força externa descontínua ímpar.
A
Considere que a função F (t ) = t, A > 0 seja periódica de período
L
2L, como vemos na Figura 1.20 a seguir.
U1 - Séries 59
Figura 1.20 | Força externa periódica
Resolução da situação-problema
A extensão periódica da função F (t ) é ímpar de período 2L. Os
coeficientes an da série de Fourier para F (t ) são todos nulos. Os
coeficientes bn para F (t ) são dados por:
2 L A npt
bn =
L ∫ 0 L
t sen
L
dt .
npt
Igualando os coeficientes de sen
L , temos:
∞ mn 2 p 2 npt ∞
2A npt
∑ − ∑ np (−1)
n +1
+ k cn sen = sen .
2
L L L
n =1 n =1
2 2
− mn p + k c = 2 A −1 n +1
Então: n ( ) .
L2 np
2A n +1
Podemos escrever os coeficientes cn : cn =
mn 2 p 2
(−1) .
np − + k
L2
∞
2A n pt
∑
n +1
Finalmente, temos que: x part (t ) =
mn 2 p 2
(−1) sen .
n =1 L
np − + k
L2
60 U1 - Séries
Faça valer a pena
1. A seguir, apresentamos, nos itens de (A) até (D), vários comprimentos de
barras, indicados por L (em centímetros), e a temperatura inicial da barra,
indicada por t0 (em graus Celsius). Nos itens identificados pelos algarismos
romanos de (I) até (IV), temos problemas de valores de contorno que
representam as condições dadas pelos itens (A) a (D).
2
(A) L = 120, t0 = 30 (I) ∂u = k ∂ u2
∂t ∂x
(B) L = 30, t0 = 120 u ( x,0) = 40
(C) L = 80, t0 = 40 u (0, t ) = u (80, t ) = 0
2
(D) L = 150, t0 = 75 (II) ∂u = k ∂ u2
∂t ∂x
u ( x,0) = 30
u (0, t ) = u (120, t ) = 0
∂u ∂ 2u
(III) =k 2
∂t ∂x
u ( x,0) = 120
u (0, t ) = u (30, t ) = 0
∂u ∂ 2u
(IV) =k 2
∂t ∂x
u ( x,0) = 75
u (0, t ) = u (150, t ) = 0
u (0, t ) = u (L, t ) = 0
U1 - Séries 61
Tabela 1.2 | Valores de difusividade térmica para materiais selecionados
2
Material k cm
s
Prata 1,71
Cobre 1,14
Alumínio 0,86
Tijolo 0,0038
Fonte: Boyce e Diprima, 2002.
n 2 p 2t
∞ −114
,
1600 4800 np x
b) u ( x, t ) = ∑
n =13
, ,5,...
np
e sen .
120
n pt
∞ −
1200 40 np x
c) u ( x, t ) =
n =13
∑
, ,5,...
np
e sen
80
.
n 2 p 2t
∞ −114
,
480 1600 np x
d) u ( x, t ) = ∑
n =13
, ,5,...
np
e sen
40
.
n 2 p 2t
∞ − 114
,
2400 3200 np x
e) u ( x, t ) = ∑
n =13
, ,5,...
2 2
n p
e sen
220 .
62 U1 - Séries
Dizemos que temos condições de contorno não homogêneas se o problema
de valores de contorno for dado pelas equações:
∂u ∂ 2u
=k 2 (2a)
∂t ∂x
u ( x, 0) = f ( x ), 0 < x < L (2b)
u (0, t ) = f1 (t ), t > 0 e u (L, t ) = f2 (t ), t > 0 (2c)
(B − A)
seno da função f ( x ) − v ( x ) = f ( x ) − A − x:
L
L
2 f ( x ) − A − (B − A) x sen np x dx .
cn =
L ∫ 0
L
L
Considere o problema
∂u ∂ 2u
=k 2
∂t ∂x
u ( x, 0) = 2, 0 < x < 6
u (0, t ) = 2, t > 0 e u (6, t ) = 5, t > 0
para x ∈]0, 6[, t > 0 .
Considere as afirmações a seguir: ∞ n2p2k
x − t np x
I. A solução deste problema é dada por u ( x, t ) = 2 + +
2 ∑ cn e 6 sen
6
,
6 cos (np ) n =1
em que cn = .
np ∞ n2p2k
5x − t np x
II. A solução deste problema é dada por u ( x, t ) =
6
+ ∑
n =1
cn e 6 sen
6
,
np 6
em que cn = 2 2 cos .
n p 6
∞ n2p2k
x − t np x
III. A solução deste problema é dada por u ( x, t ) =
5
+ ∑c e
n =1
n
3 sen
3
,
n2p2 np
em que cn = cos .
6 3
U1 - Séries 63
Agora, marque a alternativa correta:
a) Apenas a afirmação I é verdadeira.
b) Apenas a afirmação II é verdadeira.
c) São verdadeiras apenas as afirmações II e III.
d) São verdadeiras apenas as afirmações I e III.
e) As afirmações I, II e III são falsas.
64 U1 - Séries
Referências
ANTON, Howard; BIVENS, Irl; DAVIS, Stephen. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman,
2012. 1168 p. v. 2.
ARFKEN, George. Física Matemática: métodos matemáticos para Engenharia e Física. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2007. 900 p.
BOYCE, William E.; DIPRIMA, Richard C. Equações diferenciais elementares e problemas
de valores de contorno. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. 680 p.
BUTKOV, Eugene. Física Matemática. Rio de Janeiro: LTC, 1978. 724 p.
ÇENGEL, Yunus A.; III, William J. Palm. Equações Diferenciais. São Paulo: Porto Alegre,
2014. 600 p.
EDWARDS, C. H.; PENNEY, David. Equações diferenciais elementares: com problemas de
contorno. 3. ed. Rio de Janeiro: Prentice-hall do Brasil, 1995. 642 p.
EDWARDS, C. H.; PENNEY, David. Cálculo com Geometria Analítica. 4. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 1999. 216 p. v. 3.
FIGUEIREDO, Djairo Guedes. Análise de Fourier e equações diferenciais parciais. 2. ed.
Rio de Janeiro: CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)/
IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), 1977. 274 p.
GONÇALVES, Mirian Buss; FLEMMING, Diva Marilia. Cálculo B. 2. ed. São Paulo: Pearson,
2011. 435 p.
GUIDORIZZI, Hamilton Luiz. Um curso de Cálculo. 2. ed. Rio de Janeiro: Ltc, 1997. 481 p. v. 4.
SPIEGEL, Murray. Cálculo avançado. Rio de Janeiro: Mcgraw-hill, 1971. 400 p.
(Coleção Schaum).
STEWART, James. Cálculo. 5. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2006. 1164 p. v. 2.
THOMAS, George B. et al. Cálculo. 10. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2005.
570 p. v. 2.
WYLIE, C. Ray; BARRETT, Louis C. Advanced Engineering Mathematics. 5. ed. Singapore:
McGraw-Hill International Editions, 1985. 1103 p.
ZILL, Dennis. Equações diferenciais com aplicações em modelagem. 3. ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2016. 433 p.
ZILL, Dennis G.; CULLEN, Michael R. Equações diferenciais. São Paulo: Pearson Makron
Books, 2007. 380 p.
Unidade 2
Sistemas de equações
diferenciais ordinárias lineares
Convite ao estudo
Olá, estudante! Na primeira unidade você teve a oportunidade
de estudar as séries de Taylor e Fourier e suas aplicações. O foco
da Unidade 2 é fornecer as ferramentas matemáticas necessárias
para a resolução de sistemas de equações diferenciais ordinárias
lineares. Esses sistemas envolvem problemas contendo um vetor
de variáveis dependentes, no qual cada uma das componentes
depende de um conjunto de variáveis independentes, e essas
equações estão interligadas por alguns vínculos.
Como uma situação de aprendizagem, você será o
engenheiro de uma empresa que desenvolve projetos de
circuitos eletrônicos de acordo com a exigência do cliente. Essa
empresa tem vários setores e profissionais, de modo que cada
pessoa contribui com uma parte do processo até a concepção
do produto final. Nesse contexto, sua tarefa é analisar partes
específicas de três projetos diferentes que estão em andamento.
No primeiro, você deverá encontrar os autovalores e autovetores
de um circuito. Para o segundo projeto, será necessário resolver
um sistema de equações diferenciais ordinárias lineares por
meio do método da eliminação. Finalmente, no último projeto,
sua parte será resolver um sistema EDO linear utilizando o
método dos autovalores e autovetores.
Iniciaremos a Seção 2.1 apresentando o problema de autovalor
e autovetor de uma matriz, bem como sua solução. Na Seção
2.2, classificaremos e apresentaremos exemplos de sistemas de
equações diferenciais ordinárias lineares e um método simples de
solução. Na última seção, utilizaremos o método dos autovalores
e autovetores para resolver sistemas de equações diferenciais
ordinárias lineares.
Seção 2.1
Autovalores e autovetores
Diálogo aberto
Aprender e aplicar modelos físicos com soluções e técnicas
matemáticas conhecidas a problemas reais é uma tarefa que um
engenheiro realiza constantemente. Nesta seção, vamos descrever
técnicas de resolução de problemas de autovalores e autovetores. À
primeira vista pode parecer apenas uma técnica matemática. Porém,
com o passar das seções, você perceberá sua importância na solução
de sistemas de equações diferenciais, os quais são utilizados para
modelar problemas reais.
Lembre-se de que nesta unidade você é um dos engenheiros de
uma empresa que desenvolve circuitos eletrônicos de acordo com a
exigência do cliente. Um dos projetos que a empresa está desenvolvendo
consiste em modelar um trecho RLC paralelo do circuito. A Figura 2.1
mostra esquematicamente esse circuito, assim como os sentidos das
correntes, arbitrariamente escolhidos como positivos.
Figura 2.1 | Par de um circuito RLC
Assimile
Definição de autovalores e autovetores: seja A uma matriz n ´ n , x vetor
não-nulo em n e l um escalar. Se a seguinte equação é satisfeita:
Ax = lx .
Então, λ é autovalor de A e x é autovetor de A associado a λ.
Exemplificando
é2 1ù é1 2ù
Seja a matriz A = ê ú . mostre que u = ê ú é um autovetor de A.
êë2 3úû êë 1 úû
Resolução:
Multiplicando a matriz A pelo vetor u, temos:
é2 1ù é1 2ù é 2ù é1 2ù
Au = ê ú ê ú = ê ú = 4ê ú
êë2 3úû êë 1 úû êë 4úû êë 1 úû
(A - lI) x = 0 ,
na qual I é a matriz identidade n ´ n . Esse sistema só terá solução
não nula para x se, e somente se, o determinante de ( A - lI) for zero.
Assim, podemos escrever o seguinte teorema:
Assimile
Exemplificando
é2 1ù
Encontre os autovalores de A = êê ú.
ë2 3úû
Resolução:
é2 1ù é 1 0ù é 2 - l 1 ù
Primeiro, encontramos A - lI = ê ú -l ê ú=ê ú. Depois,
ê ú ê ú ê 3 - l úû
ë 2 3û ë0 1û ë 2
devemos calcular a equação característica, que é:
det( A - lI) = 0
2 -l 1
=0
2 3 -l
(2 - l)(3 - l) - 2 = 0 .
p (l)
é o polinômio característico de A e do Teorema Fundamental
da Álgebra, que possui exatamente n raízes e, portanto, A pode ter no
máximo n autovalores, que podem ser reais ou complexos. Faça você
é0 1 0ù
ê ú
mesmo o cálculo e verifique que os autovalores da matriz B = êê-1 0 0ú
ú
ê3 -12 6úû
ë
são as raízes de um polinômio de grau 3: l1 = 6 e l2,3 = ±i .
Assimile
Definição: Sendo A uma matriz n ´ n e a sua equação característica
det( A - lI) = 0 , os autovetores associados a um autovalor l é
um espaço solução de A, que é chamado de autoespaço de A
correspondente à l .
é2 1ù
Seguindo com a mesma matriz A = êê ú , cujos autovalores são
ú
ë 2 3û
l1 = 1 e l2 = 4 , vamos encontrar os autovetores associados. Seja o
éx ù 2 -l 1 é 0 ù éx ù é ù
vetor x = êê 1 úú , utilizando a relação (A - lI) x = 0 , temos êê ú ê 1ú = ê ú
x ë 2 3 - l úû ê x2 ú êë0úû
ë 2û ë û
e, substituindo l = 4 , ficamos com:
é-2 1 ù é x1 ù é0ù
ê ú ê ú = ê ú , que fica -2 x1 + 1x2 = 0 .
ê 2 -1ú ê x2 ú ê0ú
ë ûë û ë û
Exemplificando
é 0 0 -5 ù
ê ú
Encontre as bases do autoespaço da matriz B = ê 1 5 1 ú.
ê ú
ê1 0 6 ú
ë û
Resolução: para encontrar os autovalores de B, calculamos:
-l 0 -5 -l 0
det(B - lI) = 1 5 - l 1 1 5 -l = 0
1 0 6 -l 1 0
(5 - l)(l - 6l + 5) = 0 .
2
Assimile
Transformação de similaridade: se uma matriz quadrada B é similar a uma
outra matriz quadrada de mesma ordem A, então, existe uma matriz P e
sua inversa P-1 que satisfaça a seguinte transformação: B = P-1AP .
Reflita
O determinante e o traço de D são 25 e 11, respectivamente. Por que o
determinante e o traço de B também são 25 e 11, respectivamente?
Pesquise mais
Muitos problemas da engenharia envolvem sistemas de equações
diferenciais. Para resolver esses sistemas, é possível aplicar o conhecimento
de autovalor e autovetor juntamente com o cálculo. Pesquise mais sobre
esse assunto no Capítulo 5.4 da seguinte referência: HOWARD, A.; RORRES
C. Álgebra linear com aplicações. Tradução de Claus Ivo Doering. 10. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2012.
2
1 1 æ 1 ö÷ 4
l =- ± çç ÷
2 (4)(0,001) 2 çç(4)(0,001)÷÷ - (0,1)(0,001)
è ø
ìï l = -50
l = -125 ± 75 = ïí 1 .
ïïîl2 = -200
200 x1 + 10 x2 = 0 ® x2 = -20 x1
, chamando x1 = t ® x2 = -20t ,
-1000 x1 - 50 x2 = 0 ® x2 = -20 x1
æ 1 ö÷
e o autovetor associado ao autovalor l = -200 é x = t çç ÷.
çè-20÷ø÷
Resolução da situação-problema
Para responder a essa etapa da consultoria, você decidiu produzir
um pequeno relatório, e nele você organizou uma solução adequada
para o problema proposto da seguinte forma.
Inicialmente, sabemos que uma matriz quadrada 2 x 2 com
éa -bù
elementos reais, que tenha o formato ê ú , possui autovalores
êëb a úû
complexos l = a ± ib . Na forma polar, o autovalor complexo l pode
ser escrito como:
(-2) + 42 = 20 = 2 5 .
2
x' =
é 5 -4 ù
Seja a matriz A = ê ú , considere as seguintes afirmativas:
êë 4 5 úû
(I) Possui dois autovalores reais e distintos, pois satisfaz (i).
é-i ù
(II) Possui um autovalor igual a 5 + 4i correspondente ao autovetor x = ê ú .
ê 1ú
ë û
é -i ù
(III) Possui um autovalor igual a -5 + 4i correspondente ao autovetor x = ê ú.
êë-1úû
Encontre a alternativa que indica a sequência correta de verdadeiro (V) e falso
(F) referente às afirmativas.
a) V – V – V.
b) F – F – F.
c) V – F – V.
d) F – V – F.
e) F – F – V.
é1/ 2ù é 1ù é1ù
ê ú ê ú êú
b) l = 4 x=tê 1 ú; l=2 x = t ê0ú ; l=6 é x = t ê1ú .
ê ú ê ú êú
ê 0 ú ê 1ú ê1ú
ë û ë û ëû
é-1/ 2ù é 1ù é-1ù
ê ú ê ú ê ú
c) l = 3 x=tê 1 ú;
ê ú l =1 x = t ê0ú ;
ê ú l=8 é x=tê 1 ú.
ê ú
ê 0 ú ê 1ú ê-1ú
ë û ë û ë û
é-1/ 2ù é 1ù é-1ù
ê ú ê ú ê ú
d) l = -3 x=tê 1 ú;
ê ú l =1 x = t ê0ú ;
ê ú l = -8 é x=tê 1 ú.
ê ú
ê 0 ú ê 1ú ê-1ú
ë û ë û ë û
é1 7 3 9 4ù
ê ú
ê0 2 5 2 5ú
ê ú
3. A matriz A = êê0 0 3 1 8úú é uma matriz 5 ´ 5 , cujas entradas abaixo da
ê0 0 0 4 9úú
ê
ê0 0 0 0 5úûú
ëê
diagonal principal são todas nulas. Podemos dizer que:
I. A matriz é diagonalizável
PORQUE
II. Possui 5 autovalores distintos.
Indique a alternativa que apresenta a resposta correta com relação às
afirmações (I) e (II) e a relação entre elas.
a) Ambas as afirmações estão incorretas.
b) A afirmação (I) está correta, mas (II) está incorreta.
c) A afirmação (I) está incorreta, mas (II) está correta.
d) A afirmação (I) está correta, mas (II) não é uma justificativa.
e) A afirmação (I) está correta e (II) é uma justificativa.
y ( ) + an-1 ( x ) y (
n -1)
+ + a2 ( x ) y ¢¢ + a1 ( x ) y ¢ + a0 ( x ) y = R ( x )
n
x ¢¢ - x = 0 (não linear)
y ¢¢y + 2ty = 0 (não linear)
sen(t )x ¢¢ + cos(t )x = 0 (linear)
sen ( x ¢¢) + e x = et (não linear)
Para obter uma solução, o número de equações em um sistema
deve ser o mesmo número de incógnitas. Por exemplo, no sistema a
seguir, temos duas equações e duas incógnitas:
x + y =3,
2x - y = 2 .
Como existem duas incógnitas, precisamos de duas equações
que, ao serem resolvidas em conjunto, fornecem a solução x = 5 / 2
e y = 1/ 2 . No caso de sistemas de EDOs lineares, devemos ter duas
ou mais funções incógnitas dependentes de uma única variável
independente. Essa variável independente pode ser o tempo.
Para exemplificar, considere o sistema a seguir, que apresenta
funções incógnitas x e y e suas respectivas derivadas:
x ¢¢ = x ¢ + x + y ¢ + y
y ¢¢ = 3 x ¢ - 2 x + 2y ¢ - 3 y
Uma das formas de se resolver esse sistema é expandindo cada
equação de ordem n em n equações de primeira ordem. Desse
modo, podemos renomear as variáveis x e y do sistema e, em seguida,
derivando-as, temos:
x1¢ = x2
x2¢ = x 2 + x1 + x5 + x4
x 4 ¢ = x5
x5¢ = 3 x2 - 2 x1 + 2 x5 - 3 x4
Exemplificando
Utilize o método da eliminação para resolver o seguinte sistema de
equações diferenciais lineares não homogêneas:
x ¢ = 2x + 3y + 2
y ¢ = -2 x - 5 y - t .
Resolução:
Isolando a variável dependente y e em seguida considerando a primeira
derivada na primeira das equações anteriores, temos:
x ¢ 2x 2
y= - -
3 3 3
x ¢¢ 2 x ¢ .
y¢ = -
3 3
xg ¢¢ (t ) = Ae1×t + 16Be-4×t .
x1¢ = x1 + 2 x2 + m1 (t )
x2¢ = 3 x1 - x2 - 5 x3 - m2 (t )
x3¢ = 4 x2 - 2 x3 + m3 (t )
æv11 v 21 v n1 öæ C ö æ0ö
ç ÷÷çç 1 ÷÷÷ çç ÷÷÷
çççv ÷ ç
v 22 v n 2 ÷÷çC2 ÷÷ çç0÷÷
ççç
12
÷çç ÷ = çç ÷ , ou Ax = 0 ,
çç ÷÷÷çç ÷÷÷ çç ÷÷÷
çèçv1n v 2n v nn ÷øè ÷÷ççç ÷÷÷ ççç ÷÷÷
Cn ø è0ø
Assimile
O sistema Ax = 0 , em que A é uma matriz n ´ n ; cada coluna é
ocupada pelos n elementos dos vetores v1, ..., vn ; e x contém as
n constantes C1, ..., Cn , terá apenas a solução trivial. Ou seja, x = 0
(C1 = C2 = = Cn = 0) se:
det ( A) ¹ 0 ,
e, nesse caso, os n vetores serão linearmente independentes. Caso
contrário, serão linearmente dependentes.
Reflita
æ et ö÷ æ 0 ö÷ æ et ö÷
çç ÷÷ çç ÷ çç ÷÷
Por que os vetores v1 = ççç et ÷÷ , v 2 = ççe-2t ÷÷÷ e v 3 = ççç e-t ÷÷ são
çç -2t ÷÷÷ çç ÷ çç -2t ÷÷÷
çèe ø÷ çè 0 ø÷÷ èçe ø÷
linearmente dependentes?
Pesquise mais
Como referência sobre sistemas de equações diferenciais lineares, você
pode acessar o link disponível em: <http://www.ime.unicamp.br/~valle/
Teaching/2016/MA311/Aula14.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2017.
Mais detalhes sobre o método de eliminação podem ser conferidos
no capítulo 6 de ÇENGEL, Y.; WILLIAM, J. P. III. Equações diferenciais.
Tradução de Marco Elisio Marques. Porto Alegre: AMGH, 2014. 600 p.
dV dI
no qual usamos =V ¢ e = I¢ .
dt dt
V (t ) = -5 Ae-50t - 20Be-200t .
Que tipo de tendência apresentam essas soluções? Como apoio
para sua resposta, você pode conferir os gráficos dessas soluções em
<https://ggbm.at/Z925zgHR>. Acesso em: 27 out. 2017). Você resolveu
o problema e apresentou as soluções gerais do sistema do circuito RLC,
Avançando na prática
Simuladores de sistemas físicos reais
Descrição da situação-problema
Uma empresa decidiu desenvolver aplicativos simuladores de
situações reais. Como um primeiro protótipo, precisa encontrar uma
solução para um simples sistema de duas molas acopladas a duas
massas, como apresentado na Figura 2.5, mas sem forças externas.
Desse modo, a empresa lhe contratou para modelar esse problema.
Sua tarefa será produzir um manual contendo todos os passos
matemáticos até chegar à solução do problema que, nesse caso,
seria encontrar as posições das massas 1 e 2 em função do tempo.
Na primeira entrega, será necessário mostrar um sistema de equações
diferenciais ordinárias lineares que modela o problema e, em seguida,
transformá-lo em um problema que contenha apenas equações
diferenciais ordinárias lineares de primeira ordem.
Resolução da situação-problema
Para resolver esse problema de forma simples, supomos que
inicialmente as molas estão esticadas, que x2 > x1 e que no tempo
inicial o conjunto será liberado. Assim, a equação de movimento de
cada massa pode ser escrita da seguinte forma:
d 2 x1
m1 = k 2 ( x2 - x1 ) - k1x1
dt 2
d 2 x2
m2 = -k 2 ( x2 - x1 ) ,
dt 2
em que k1 , k 2 , m1 e m2 são as constantes de mola e as massas
envolvidas no problema (veja a Figura 2.5).
Devemos reescrever as equações de modo que a derivada de maior
ordem em cada equação fique multiplicada por 1:
k2 k
x1¢¢ = ( x2 - x1) - 1 x1
m1 m1
k2
x2¢¢ = - ( x2 - x1) .
m2
Aproveitamos para utilizar uma notação mais enxuta para
as derivadas em função do tempo com linhas. Nesse momento,
y1¢ = y 2
k2 k
y 2¢ = ( y 4 - y1 ) - 1 y1
m1 m1 ,
y 4¢ = y 5
k2
y 5¢ = - ( y 4 - y1 )
m2
ou seja, transformamos um sistema com duas equações de segunda
ordem em um sistema de quatro equações de primeira ordem. Para
facilitar a visualização, vamos escrever esse sistema na forma matricial:
æ 0 1 0 0ö÷
æ ¢ ö÷ çç ÷÷÷æ ö
çç y1 ÷ çç æ k + k ö
çç ÷÷ çç-çç 1 2÷ k2 ÷ y
÷ ÷÷ 0 0÷÷ççç 1 ÷÷÷
ççç y 2¢ ÷÷÷ ççç çèç m1 ø÷ m1 ÷÷ç y 2 ÷÷
çç ÷÷ çç = ÷÷÷çç ÷÷
çç y 4¢ ÷÷ çç 0 0 0 1÷÷çç y 4 ÷÷÷
çç ÷÷÷ çç ÷÷çç ÷
k2 k2 ÷çè y 5 ÷ø
çèç y ¢ ÷ø÷ çç
5 çèç 0 - 0÷÷÷
m2 m2 ø÷
y ( ) + an-1 (t ) y (
n -1)
+ + a2 (t ) y ¢¢ + a1 (t ) y ¢ + a0 (t ) y = R (t ) .
n
(5,25 Ae 0,25 t
- 2,25Be-7,25 t )
b) x (t ) = e y (t ) = Ae0,25t + Be-7,25t .
4
c) x (t ) = Ae0,5t + Be-14,5t e y (t ) =
(5,5 Ae 0,5 t
- 9,5Be-14,25t )
.
4
d) x (t ) =
(5,5 Ae 0,5 t
- 9,5Be -14,25 t
) e y (t ) = Ae + Be
0,5 t -14,5 t
.
4
e) x (t ) = Ae + Be
5t -10 t
e y (t ) =
(10 Ae 5t
- 5Be-10 t )
.
4
x ¢ = A (t ) x + m (t )
Assimile
Assimile
Teorema de Abel: se os elementos de uma matriz A (t ) são contínuos e as
soluções x1, x 2 , xn satisfazem o sistema linear homogêneo x ¢ = A (t ) x
para um intervalo de tempo t1 < t < t 2 :
i) Se o Wronskiano dos vetores solução é nulo em um tempo t0 no
intervalo de tempo, então, ele será nulo em todo o intervalo, e as soluções
serão linearmente dependentes.
ii) Se o Wronskiano dos vetores solução é não nulo em um tempo t0 no
intervalo de tempo, então, ele será não nulo em todo o intervalo, e as
soluções serão linearmente independentes.
æ1 7 ö÷
um autovetor da matriz A = çç ÷ associado ao autovalor l1 . Nesse caso,
çè1 -5÷ø÷
resolvemos a equação característica det ( A - lI) = 0 , para determinar
todos os autovalores:
1- l 7
=0
1 -5 - l
æ7ö
Nesse caso, a solução x1 fica x1 = w 1e 2t = çç ÷÷÷ e 2t , em que atribuímos z = 1
çè1÷ø
arbitrariamente.
Para l2 = -6 :
æ1 + 6
çç 7 ö÷çæw1 ÷ö æç0ö÷
÷ç ÷ = ç ÷
èç 1 -5 + 6ø÷÷èçw 2 ø÷÷ èç0÷ø÷
ì
ï7w1 + 7w 2 = 0
ï
í ,
ï
î1w1 + 1w 2 = 0
ï
ì1 = c1 7 + c2
ï
ï
í .
ï
î0 = c1 - c2
ï
Resolvendo a segunda equação do sistema anterior, temos c1 = c2 que,
substituindo na primeira equação, fornece c1 = c2 = 1/ 8 . Logo, a solução
geral fica:
ìï
ïï x1 = 7 e 2t + 1 e-6t
ïï 8 8
í .
ïïï x = 1 e 2t - 1 e-6t
ïïî 2 8 8
Exemplificando
Caso 2 – Autovalores complexos:
Encontre a solução do seguinte sistema de equações diferenciais lineares
de primeira ordem: æ ö
çç x1¢ ÷÷ æç 1 4ö÷æç x1 ö÷
çç ÷÷ = ç ÷÷ç ÷÷ .
çè x2¢ ÷÷ø çè-1 1÷øèç x2 ø÷
Resolução:
O sistema já está na forma matricial na qual identificamos a matriz A como
æ 1 4ö÷
çç ÷ . Portanto, a equação característica fica:
çè-1 1÷ø÷
1- l 4 2
= (1- l ) + 4 = 0 ,
-1 1 - l
-i 2w1 + 4w 2 = 0
,
-w1 - i 2w 2 = 0
Logo,
ææ0ö æ-2ö ö
Re (x) = et ççççç ÷÷÷ cos (2t ) - çç ÷÷÷ sen (2t )÷÷÷
çèèç1÷ø çè 0 ø÷ ø÷
ææ0ö æ-2ö ö
Im (x) = et ççççç ÷÷÷ sen (2t ) + çç ÷÷÷ cos (2t )÷÷÷ , que são soluções linearmente
çèèç1÷ø çè 0 ø÷ ø÷
independentes. Portanto, a solução x solução fica:
x solução = c1 Re (x) + c2 Im (x)
ææ0ö æ-2ö ö ææ0ö æ-2ö ö
x solução = c1et ççççç ÷÷÷ cos (2t ) - çç ÷÷÷ sen (2t )÷÷÷ + c2et ççççç ÷÷÷ sen (2t ) + çç ÷÷÷ cos (2t )÷÷÷ , em que c1 e c2
çèçè1÷ø çè 0 ø÷ ÷ø çèèç1ø÷ çè 0 ø÷ ÷ø
x 2 (t ) = w 1telt + v1elt ,
de modo que essa solução satisfaça o sistema x ¢ = Ax e o vetor v1
seja obtido por meio da relação ( A - lI) v1 = w 1 .
Exemplificando
Caso 3 – Autovalores repetidos:
Encontre a solução geral do seguinte sistema de equações diferenciais
lineares de primeira ordem:
ì
ï
ï
ï x1¢ = 10 x1 + 4 x2
í .
ï
ï ¢
ï x
î 2 = - 1x 1 + 6 x 2
Resolução:
Passando o sistema anterior para a forma matricial, temos:
æ ¢ ö÷ æ
çç x1 ÷ ç10 4ö÷æç x1 ö÷ æ10 4÷ö
÷= ÷ ÷ A = çç
çç ¢ ÷÷÷ èçç-1 6÷÷øèçç x ÷÷ø , do qual identificamos a matriz
÷.
çè x2 ø 2 èç-1 6ø÷÷
x 2 = wte 8 t + ve8 t ,
ïì2v1 + 4v 2 = -2
ï
í , que fica
ïï
î-1v1 - 2v 2 = 1
1v1 + 2v 2 = -1 .
Tomando v1 = 0 , temos v 2 = -1/ 2 , e a solução x 2 fica:
æ-2ö æ 0 ÷ö 8 t
x 2 = çç ÷÷÷ te8 t + çç ÷e .
çè 1 ÷ø çè-1/ 2÷÷ø
Reflita
Por que precisamos encontrar os autovalores e autovetores de uma
matriz que representa os coeficientes constantes de um sistema linear de
equações diferenciais lineares de primeira ordem?
Pesquise mais
Detalhes de soluções não homogêneas podem ser pesquisados no link
disponível em:
<http://www.ime.unicamp.br/~valle/Teaching/2016/MA311/Aula16.pdf>.
Acesso em: 09 nov. 2017.
Exemplos de sistemas com autovalores repetidos e soluções não homogêneas
podem ser conferidos no capítulo 7, especialmente nas páginas 391 a 402, de
ÇENGEL, Y.; WILLIAM, J. P. III. Equações diferenciais. Tradução de Marco Elisio
Marques. Porto Alegre: AMGH, 2014. 600 p.
æ-1 1 ö÷
da qual identificamos o sistema V ¢ = 1 AV + m , com A = ççç ÷
RC è 1 -2÷÷ø
æ 1ö
sendo uma matriz de elementos constantes e m = I ççç ÷÷÷÷ sendo o vetor
C è0ø
æV ö
não homogêneo do sistema com solução V = çç 1 ÷÷÷ .
çèV2 ÷ø
Primeiro resolveremos a parte homogênea, que deve possuir
soluções do tipo V = Welt , em que l é o autovalor da matriz A
associado ao autovetor W. Portanto, a equação característica fica:
æ 1 1 ÷÷ö
ççç- -l
RC RC ÷÷÷
det çç ÷÷ = 0
çç 1 2
çç - - l ÷÷÷
è RC RC ø
2
æ 1 öæ 2 ö æ 1 ÷ö
ççç- - l ÷÷÷çç- - l ÷÷÷ - çç ÷ =0
è RC ç
øè RC ø çè RC ÷ø
2
3l æç 1 ö÷
l2 + +ç ÷ =0,
RC çè RC ÷ø
1
-3 ± 5 .
e essa equação possui duas raízes reais e distintas: l1,2 =
2RC
( )
Substituindo os valores da resistência e da capacitância R = 100 W
e C = 0,01 F , respectivamente, temos os seguintes autovalores:
l1 = -0,38 e l2 = -2,62 .
æW ö
O autovetor W1 = ççç 1 ÷÷÷ associado ao autovalor l1 = -0,38 é calculado
èW2 ÷ø
ìï-0,62W1 + W2 = 0
ïí ,
ïïîW1 - 1,62W2 = 0
ìï1,62W1 + W2 = 0
ï
í
ïï
îW1 + 0,62W2 = 0
Escolhendo W2 = 1 , temos W1 = -0,62 . Portanto, a segunda
æ-0,62÷ö -1,62t
solução fica V2 = çç ÷e . Desse modo, a solução geral pode
èç 1 ÷÷ø
ser escrita como:
V = c1V1 + c2 V2
æ1,62ö÷ -0,38t æ-0,62ö÷ -1,62t
V = c1 çç ÷e + c2 çç ÷e
çè 1 ÷÷ø èç 1 ø÷÷
capacitância C = 0,01 F .
U2 - Sistemas de equações diferenciais ordinárias lineares 107
æv ö
Nesse caso, uma solução particular deve ser Vp = ççç p1 ÷÷÷ , que deve
èçv p 2 ÷ø
satisfazer o sistema V ¢ = AV + m p p
æ ¢ ö÷ æ
ççv p1 ÷ ç-1 1 ö÷æçv p1 ö÷ æç1ö÷
÷ ÷
ççç ¢ ÷÷÷ = çèç 1 -2÷÷ø÷ççèçv ÷÷ø + çèç0÷÷ø÷
çèv p 2 ø p2
ïìï0 = -v p1 + v p 2 + 1
í
ïï0 = v p1 - 2v p 2 + 0
î
A partir da segunda das equações anteriores, temos v p1 = 2v p 2 , que,
substituído na primeira equação, fornece v p 2 = 1 e, portanto, v p1 = 2 . A
æ2ö
solução particular resulta em Vp = çç ÷÷÷÷ . Assim, a solução geral deve ser
èç1ø
escrita como:
Vgeral = Vh + Vp
æ1,62÷ö -0,38t æ-0,62ö÷ -1,62t æ2÷ö
Vgeral = 0,45 çç ÷e - 0,45 çç ÷e + çç ÷÷ .
èç 1 ÷÷ø èç 1 ÷÷ø çè1÷ø
Ao terminar a resolução, você deve organizá-la em alguns slides
para apresentá-la para a sua equipe. Tente escrever a solução na forma
algébrica para visualizar as soluções para V1 (t ) e para V2 (t ) .
Avançando na prática
Solução de sistemas físicos reais pelo método
dos autovalores e autovetores
Descrição da situação-problema
O sistema de equações diferenciais de primeira ordem na forma
matricial a seguir representa um sistema físico de duas massas: m1
e m2 , e molas acopladas a molas com constantes elásticas k1 e k2 ,
similar ao apresentado na Figura 2.6. Na última seção, uma empresa
de aplicativos de simuladores lhe requisitou a apresentação do
sistema. A empresa aprovou seus métodos e lhe pediu que apresente
uma solução geral que poderá ser utilizada por seus programadores
nos aplicativos:
æ 0 1 0 0ö÷
æ ¢ ö÷ çç ÷÷÷æ ö
çç x1 ÷ çç æ k + k ö
çç ÷÷ çç-çç 1 2÷ k2 ÷ x
÷ ÷÷ 0 0÷÷ççç 1 ÷÷÷
ççç x2¢ ÷÷÷ ççç çèç m1 ÷ø m1 ÷÷÷çç x2 ÷÷
çç ÷÷ = çç ÷ç ÷÷
çç x3¢ ÷÷ çç 0 0 0 1÷÷÷çç x3 ÷÷÷
çç ÷÷÷ çç ÷÷çç ÷
k k ÷çè x4 ÷ø
ççè x4 ¢ ÷÷ø çç
çèç
2
0 - 2 0÷÷÷
m2 m2 ø÷
Resolução da situação-problema
Para resolver o problema, devemos procurar por soluções do
tipo x = welt , em que w é o autovetor associado ao autovalor l .
Substituindo os valores das constantes elásticas e das massas
fornecidos, chegamos à seguinte matriz de elementos constantes:
æ 0 1 0ö÷
0
çç ÷
çç-11 0 0÷÷÷
3
A = çç ÷
çç 0 0 1÷÷÷
0
çç ÷÷
çè 3 0 -3 0÷ø
Para encontrar os autovalores da matriz anterior, devemos resolver
a equação característica:
-l 1 0 0
-l 1 0 -l 1 0
-11 -l 3 0 3+4 3 +3
det ( A - lI) = = 1(-1) -11 -l 3 - l (-1) -11 -l 0
0 0 -l 1
3 0 -3 3 0 -l
3 0 -3 -l
= -1(-24 - 3l 2 ) - l (-11l - l 3 ) = 0
æw1 ö÷
çç ÷
ççw ÷÷
para determinar w 1 = çç 2 ÷÷÷ .
çççw 3 ÷÷÷
çèçw ÷ø÷
4
autovalor: a1 = 0 e b1 = 2 .
Como o autovalor e o autovetor são complexos, podemos utilizar
a seguinte relação para:
x1 (t ) = Re (x) = ea1t (a1 cos (b1t ) - b1sen (b1t )) e
x 2 (t ) = Im (x) = ea1t (a1sen (b1t ) + b1 cos (b1t )) ,
Logo,
æ-i 12 1 0 0 ÷÷öæw1 ö æ0ö
çç
çç ÷÷çç ÷÷ çç ÷÷
çç -11 -i 12 3 0 ÷÷ççw 2 ÷÷÷ çç0÷÷÷
çç ÷÷çç ÷÷ = çç ÷÷ .
çç 0 0 -i 12 1 ÷÷÷çççw 3 ÷÷÷ ççç0÷÷÷
çç ÷÷çç ÷÷ çç ÷÷
çè 3 0 -3 -i 12 ÷øèw 4 ø è0ø
12
Tomando w 3 = -1, w1 = 1, w 2 = i 12 e w 4 = -i , podemos
3
æ 1 ö÷ æç 0 ÷ö÷
çç ÷ ç
çç 0 ÷÷ çç 12 ÷÷÷
escrever o autovetor w 2 = a2 + ib2 = çç ÷÷÷ + i ççç ÷÷ , com as partes real
çç-1÷÷ ç 0 ÷÷÷
÷ ç
ççèç 0 ÷ø÷ ççç ÷÷÷
è- 12 / 3ø
( A - lI) v = w .
A segunda solução deve ter a forma x2 = wtelt + velt .
De acordo com os dados fornecidos no texto, encontre a solução x 2 .
æ-1÷ö 2t æ-1÷ö 2t
a) x 2 = çç ÷ te + çç ÷÷ e .
èç 0 ø÷÷ èç 1 ø÷
æ-1÷ö 2t æ-1÷ö 2t
b) x 2 = çç ÷ te - çç ÷÷ e .
çè 1 ÷÷ø çè 0 ÷ø
æ-1÷ö 2t æ-1÷ö 2t
c) x 2 = çç ÷ te + çç ÷÷ e .
èç 1 ø÷÷ èç 0 ø÷
æ-1÷ö 2t æ-1÷ö -2t
d) x 2 = çç ÷ te - çç ÷÷ e .
çèç 0 ÷ø÷ çè 1 ÷ø
Convite ao estudo
Nas unidades anteriores estudamos diversos métodos para a
solução de equações diferenciais e de sistemas de equações
diferenciais. Na presente unidade, estudaremos o cálculo vetorial
e um de seus principais objetivos, a determinação de fluxos.
α
Y P
Fonte: elaborada pelo autor.
∫ f ( x, y , z ) ds = lim
n →∞
∑ f ( x , y , z ) ∆s
i =1
*
i
*
i
*
i i
.
C
Uma interpretação importante para as integrais de linha é a
seguinte: se f ( x, y ) ≥ 0 , então a integral ∫ f ( x, y ) ds representa a
C
área da superfície desenhada na Figura 3.4. Observe que a base da
superfície é dada pela curva C e a altura, para cada ponto ( x, y ) , é
dada pelo valor f ( x, y ) .
Exemplificando
∫ (x y − 3) ds , onde C é a curva
2
Calcule a integral de linha
C
C : r (t ) = ti + 3tj , t ∈ [0, 2] .
∫ ( x y − 3) ds = ∫0 t 2 (3t ) − 3 10dt =
2
A integral fica
C
4 2
3t 3 − 3 10dt = 10 3t − 3t = 6 10 .
2
= ∫ 0
4
0
Reflita
∫ (x y − 3) ds ao longo da curva
2
Qual é o valor da integral
C
−C : r (t ) = (2 − t ) i + (6 − 3t ) j , t ∈ [0, 2] ?
∫ f ( x, y, z) dx = ∫ f ( x (t ), y (t ), z (t )) x ′ (t ) dt .
a
C
Define-se a integral de linha de f em relação a y ao
longo de C por
b
∫ f ( x, y , z ) dy = ∫ f ( x (t ), y (t ), z (t )) y ′ (t ) dt .
a
C
Define-se a integral de linha de f em relação a z ao
longo de C por
b
∫ f ( x, y , z ) dz = ∫ f ( x (t ), y (t ), z (t )) z ′ (t ) dt ”.
a
C
∫ f ( x, y, z) dx = −∫ f ( x, y , z)dx , ∫ f ( x, y, z) dy = −∫ f ( x, y, z)dy e
−C C −C C
∫ F ⋅ dr = ∫ F (r (t )) ⋅ r ′ (t ) dt ”.
C C
r ′ (t )
Se representarmos por T (t ) = o vetor tangente à curva
r ′ (t )
C, então a integral acima pode ser apresentada também na forma:
∫ F ⋅ dr = ∫ F ⋅ Tds .
C C
Cabe destacar ainda que pode-se escrever
∫ F ⋅ dr = ∫ f ( x, y, z) i + g ( x, y, z) j + h ( x, y, z) k ⋅ x ′ (t ) i + y ′ (t ) i + z ′ (t ) k dt =
C C
= ∫ f ( x, y, z) dx + g ( x, y, z) dy + h ( x, y, z) dz .
C
Exemplificando
Considere uma partícula, sob a ação do campo de forças
F ( x, y ) = x 2 i + 2yj , que deve ser deslocada ao longo da curva
C : ti + 2t 2 j , t ∈ [0,1] entre os pontos A = (0, 0) e B = (1, 2) .
Determine o trabalho efetuado por F ( x, y ) .
F (r (t )) = (t ) i + 2 (2t 2 ) j e r ′ (t ) = i + 4tj .
2
Resolução: temos
por ∇f ( x, y ) = ∂f i + ∂f j .
∂x ∂y
3
Se f : ® . Define-se o gradiente de f por
∂f ∂f ∂f
∇f ( x, y , z ) = i+ j+ k ”.
∂x ∂y ∂z
∫ ∇f ( x, y ) ⋅ dr = f ( x , y ) − f ( x , y
1 1 0 0 ) se f possui duas
C
variáveis e
∫ ∇f ( x, y, z) ⋅ dr = f ( x , y , z ) − f ( x , y , z )
1 1 1 0 0 0 se f
C
possui três variáveis”.
Reflita
final Q = (11
, ) para ambas as curvas?
α
Y P
Fonte: elaborada pelo autor.
Resolução:
X
ds
α
Y P
Fonte: elaborada pelo autor.
r (t ) = R cos (t ) i + Rsen (t ) j .
Então r ′ (t ) = −R sen (t ) i + R cos (t ) j = R .
a1
i r ′ (t ) dt Ki
A integral fica B = K ∫ = a1 , para cada um dos ângulos
0
R2 R
a = 30°, a = 45°, a = 60°, a = 90°, a = 150°, a = 180°, a = 270° e a = 360° .
α1 = 30° =
π:
B=
Ki p ; α2 = 45° = π : B = Ki p ; α3 = 60° = π
6 r 6 4 r 4 3
Ki p π Ki p 5π Ki 5p
: B= ; α4 = 90° = : B= ; α5 = 150° = : B= ;
r 3 2 r 2 6 r 6
Ki 3π Ki 3p
α6 = 180° = π : B = p ; α7 = 270° = : B= ; α8 = 360° = 2π
r 2 r 2
Ki
: B= 2p .
r
Conclusão: o campo magnético é máximo quando
α8 = 360° = 2π . Não se esqueça de organizar essas informações
no relatório técnico ao seu supervisor, apresentando a análise das
duas questões colocadas.
Avançando na prática
Trabalho realizado por um campo vetorial ao longo de uma
circunferência
Descrição da situação-problema
Q = (3, 9) .
Foi solicitado que você apresentasse os cálculos, usando
o teorema de Green, para a circulação desse fluido no perfil
de asa apresentado. Para isso você deverá calcular a integral
∫ 7 xydx + 4 x dy
2
sabendo que a curva C é a curva fechada
C
Resolução da situação-problema
∫ (3 x − x 3 ) dx =
3x
Então ∫ 7 xydx + 4 x 2dy = ∫∫ [8 x − 7 x ]dA = ∫0 ∫x 2
xdy dx =
∫
0
xy x2
dx =
0
2
C R
3
3 3x3 x 4 34
∫ (3 x
2
− x 3 ) dx = − = 33 − = 6, 75 .
0 3 4 0
4
Com essa solução em mãos, é possível dar andamento ao
projeto. Sua tarefa foi concluída com êxito.
a) V – V – V – F – V.
b) V – V – F – V – F.
c) F – V – F – V – F.
d) V – F – V – F – F.
e) F – F – F – V – V.
por t = 2 e t = 2 .
Considerando o campo de forças e a curva apresentada, o trabalho total
efetuado pelo campo no deslocamento dessa partícula entre os pontos
dados é:
a) 501 .
7
b) 219 .
13
c) 404 .
3
d) 303 .
5
e) 129 .
11
∫ 3 xydx + 2x dy ,
Usando o teorema de Green para calcular a integral 4
C
obtemos como resposta um valor maior que
1 .
10
II. Considere a região triangular do plano apresentada na figura a seguir.
∫ 5x
3
Figura | Caminho triangular para a integral ydx + 3 xdy
C
∫ 5x
3
A integral ydx + 3 xdy ao longo desse trajeto triangular, no
C
sentido anti-horário, é igual a 1.
2
III. A integral ∫ ( )
2 x + 6 y 2 i − 3 yzj + 5 xzk ⋅ dr entre os pontos
C
P = (0, 0, 0) e Q = (111
, , ) pela trajetória r (t ) = ti + t 2 j + t 3 k é igual
a 145 .
19
Agora, assinale a alternativa que apresenta a resposta CORRETA:
a) Somente a afirmativa III está correta.
b) As afirmativas II e III estão corretas.
c) As afirmativas I e III estão corretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) Somente a afirmativa II está correta.
Fonte: <http://img0.cptec.inpe.br/~rgrafico/portal_ondas/wwatch/global/altura/capa_glb_alt_m.png>.
Acesso em: 8 fev. 2018.
Reflita
Pesquise acerca da lei de Coulomb sobre a força elétrica exercida por
uma carga Q na origem sobre uma carga q na posição P ( x, y , z)
e responda: é possível estabelecer alguma analogia entre a lei de
gravitação e a lei de Coulomb?
F1 ( x, y ) = xi + 0 j
F2 ( x, y ) = xi + yj
−y x
F3 ( x, y ) = i+ j
2 2
x +y x + y2
2
Reflita
−y w xw
Imagine que o campo vetorial F3 ( x, y ) = 2 2
i+ j
x +y x + y2
2
Pesquise mais
Assista a duas videoaulas sobre campos escalares e campos vetorias:
Campos vetoriais. Disponível em: <https://youtu.be/1s7Fh86dOM0>.
Acesso em: 8 fev. 2018.
Campos escalares e campos vetoriais. Disponível em: <https://youtu.
be/04Ooy3IavRM>. Acesso em: 8 fev. 2018.
Assim: ∂h = 10 x 3 y , ∂g = −8 yz, ∂f = 3 x, ∂h = 15 x 2 y 2 , ∂g = 0, ∂f = 0 .
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
Portanto: rotF = (10 x y + 8 yz)i + (3 x − 15 x y ) j + 0k .
3 2 2
Reflita
−y x
Você se lembra do campo vetorial F3 ( x, y ) = i+ j
x2 + y 2 x2 + y 2
apresentado na Figura 3.10? Você pode visualizar que esse campo no
Geogebra e observar que ele representa rotações em torno da origem.
parciais
¶f , ¶g e ¶h . A divergência do campo F é
¶x ¶y ¶y
∂f ∂g ∂h
definida como divF = + + ”.
∂x ∂y ∂z
Exemplificando
∫ F ⋅ dr = ∫∫ rotF ⋅ kdA .
C S
∫ F ⋅ T ds = ∫∫ rot F ⋅ k dA
C S
∫ F ⋅ n ds = ∫∫ div F dA
C S
Assimile
∫ F ⋅ nds = ∫∫ divFdA .
C S
∂ (3 x ) ∂ (5 y 2 )
O divergente de F neste caso é div (F) = + = 3 + 10 y .
∂x ∂y
Substituindo na integral acima, teremos:
2 2 2
dy = .
2
∫ F ⋅ nds = ∫∫ divFdA = ∫ ∫ (3 + 10y ) dxdy = ∫ [3 x + 10 xy ] −2
C S −2 −2 −2
2 2 2
y2
= ∫ 3 ⋅ 2 + 10 ⋅ 2 ⋅ y − (3 ⋅ (−2) + 10 ⋅ (−2) ⋅ y ) dy = ∫ [12 + 40 ⋅ y ] dy = 12 ⋅ y + 40 ⋅ = 48
2 −2
−2 −2
3 3 3
y2
= ∫ 3 ⋅ 3 + 10 ⋅ 3 ⋅ y − (3 ⋅ (−3) + 10 ⋅ (−3) ⋅ y ) dy = ∫ [18 + 60 ⋅ y ] dy = 18 ⋅ y + 60 ⋅ = 108
2 −3
−3 −3
Para o segundo quadrado, o fluxo também é positivo.
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
A. F ( x, y ) = 0i + 5 j
B. F ( x, y ) = −3 xi − 3 yj
C. F ( x, y ) = 4i + 1j
D. F ( x, y ) = 3i + xj
( ) rotG = 0 .
( ) divF = 0 .
( ) A divergência de G no ponto (2, −3, −4) é igual a -8 .
a) ∫ F ⋅ nds = 6p e ∫ F ⋅ Tds = 4p .
C
C
b) ∫ F ⋅ nds = 3p e ∫ F ⋅ Tds = 7p .
C C
c) ∫ F ⋅ nds = 0 e ∫ F ⋅ Tds = 9p .
C C
d) ∫ F ⋅ nds = −1 e ∫ F ⋅ Tds = 1.
C C
e) ∫ F ⋅ nds = 12 e ∫ F ⋅ Tds = 4 .
C C
Exemplificando
Vamos mostrar que o campo
Cx Cy Cz
F ( x, y , z) = − 3
i− 3
j− 3
k , onde C é uma
(x 2
+ y 2 + z2 ) 2
(x 2
+ y 2 + z2 ) 2
(x 2
+ y 2 + z2 ) 2
constante, é conservativo.
C
Considere a função f ( x, y , z) = .
x + y 2 + z2
2
∂f ∂f ∂f
O gradiente de f ( x, y , z) é ∇f ( x, y , z) = i+ j+ k.
∂x ∂y ∂z
∂f Cx ∂f Cy
Como =− 3
, =− 3
e
∂x x 2 + y 2 + z 2 2 ∂y
( ) x 2 + y 2 + z2 2 ( )
∂f Cz
=− 3
, mostramos que ∇f ( x, y , z) = F ( x, y , z) .
∂z
(x + y 2 + z2 ) 2
2
Exemplificando
a) Considere o campo
F ( x, y ) = f ( x, y ) i + g ( x, y ) j = ( y 2 − 6 x 2 ) i + (3 + 2 xy ) j . Determine uma
P ( x, y ) = xy 2 − 2 x 3 + f1 ( y ) : P ( x, y ) = xy 2 − 2 x 3 + 3 y + C .
b) Considere o campo F ( x, y , z) = f ( x, y , z) i + g ( x, y , z) j + h ( x, y , z) k =
F ( x, y , z) = (2 xy + z 2 ) i + ( x 2 + 5 y ) j + (2 xz) k .
Reflita
∫ ∇f ( x, y ) ⋅ dr = f ( x , y ) − f ( x , y
1 1 0 0 ) (para o caso de f com duas
C
variáveis) e ∫ ∇f ( x, y, z) ⋅ dr = f ( x , y , z ) − f ( x , y , z )
1 1 1 0 0 0 (para o caso de f
C
com três variáveis).
i) O campo vetorial F ( x, y ) = f ( x, y ) i + g ( x, y ) j é
conservativo na região A.
Assimile
Dizer que as afirmações acima i), ii) e iii) são equivalentes significa
dizer que, se uma delas for verdadeira, então as outras duas também
são verdadeiras, e se uma delas for falsa, então as outras duas também
serão falsas.
Assimile
Compare os dois últimos teoremas: no teorema que apresenta as três
afirmações equivalentes entre si, vemos que F ser campo conservativo
é equivalente à integral ∫ F ⋅ dr ser independente de caminhos, além
C
Exemplificando
Vamos aplicar o teste para campos conservativos para verificar se o
( )
campo F ( x, y ) = x − y i + (3 y − 5 x ) j é conservativo para algum
2 2
conjunto aberto.
i j k
∂ ∂ ∂ ∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f ∂ 2f
rot (∇f ) = = − i + − j + − k .
∂x ∂y ∂z ∂y ∂z ∂z∂y ∂z∂x ∂x∂z ∂x∂y ∂y ∂x
∂f ∂f ∂f
∂x ∂y ∂z
2p −sen (t ) cos (t )
=∫ i+ j ⋅ −sen (t ) i + cos (t ) j dt = ,
0 cos (t ) + sen (t )
2 2
cos (t ) + sen 2 (t )
2
2p
=∫
0
[−sen(t )i + cos(t ) j] ⋅ [−sen(t )i + cos(t ) j] dt
2p
=∫ sen 2 (t ) + cos2 (t ) ⋅ dt = 2p ≠ 0 mostrando que F não é
0
conservativo.
Pesquise mais
No link a seguir você encontrará exemplos de uso do Maple no cálculo
de potenciais de campos conservativos:
Campos conservativos. Disponível em: <http://www.dma.uem.br/kit/
textos/conservativo/conservativo1.html>. Acesso em: 8 fev. 2018.
pontos P ( x0 , y 0 ) e Q ( x0 , y 0 ) .
∫ F ⋅ dr = ∫ ∇P ⋅ dr = P ( x , y ) − P ( x , y
1 1 0 0 ) = (5 x12 + 3 x1y12 − 4y13 ) −(5 x02 + 3 x0 y 02 − 4 y 03 )
C C
∫ F ⋅ dr = (5 ⋅ (3) ) ( )
2 2 3 2 2 3
+ 3 ⋅ (3)(−2) − 4 ⋅ (−2) − 5 ⋅ (−1) + 3 ⋅ (−1) ⋅ (2) − 4 ⋅ (2) =
C
Avançando na prática
Campos vetoriais conservativos no espaço
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
Como F ( x, y , z) = f ( x, y , z) i + g ( x, y , z) j + h ( x, y , z) k , onde
f ( x, y , z) = 2yz + 3, g ( x, y , z) = 2 xz + 3, h ( x, y , z) = 2 xy + 3 , a verificação
se deve ao fato de que rotF = 0 para campos conservativos.
P ( x, y , z) = 2 xyz + 3 x + 3 y + f2 (z) .
∂P
Derivamos este resultado com respeito a z e usamos = 2 xy + 3 :
∂z
∂P
= 2 xy + f2′ (z) = 2 xy + 3 ⇒ f2 (z) = 3z + C .
∂z
Substituindo esta expressão para f2 (z) = 3z + C em
P ( x, y , z) = 2 xyz + 3 x + 3 y + 3z + C , obtemos a função potencial.
W = (2 ⋅ 3 ⋅ 3 ⋅ 3 + 3 ⋅ 3 + 3 ⋅ 3 + 3 ⋅ 3) − (2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 + 3 ⋅ 2 + 3 ⋅ 2 + 3 ⋅ 2) = 81− 34 = 47 .
Dessa forma, você conclui sua tarefa com sucesso. Agora você
deve apresentar um relatório para toda a equipe com os fundamentos
teóricos e os resultados do seu trabalho.
conservativo.
No caso de um campo vetorial F ( x, y , z) = f ( x, y , z) i + g ( x, y , z) j + h ( x, y , z) k
3
no , sendo f, g e h funções com derivadas parciais de segunda
ordem contínuas, o teste para campos conservativos afirma que F será
conservativo se, e somente se, estão satisfeitas as igualdades
∂h ∂g ∂f ∂h ∂g ∂f .
= ; = ; =
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
( ) F ( x, y ) = (2 x − y ) i + (3 y − x ) j é conservativo.
( ) F ( x, y , z) = sen (z) e y i + ( xy − cos ( y ) e x ) j + (zy + 3 xe z ) k não é
conservativo.
( ) F ( x, y , z) = 5 yzi + 5 xzj + 5 xyk é conservativo.
a) 2.
2
b) 3.
3
c) 4.
d) 2.
e) 1.
Convite ao estudo
Esta é a última Unidade do nosso livro de Cálculo Diferencial
e Integral IV. Ao longo desse estudo, vimos conceitos
e técnicas matemáticas fundamentais do Cálculo para
resolver problemas envolvendo séries, sistemas de equações
diferenciais lineares, integrais de linha e campos vetoriais.
Nesta Unidade, realizaremos o cálculo vetorial envolvendo
superfícies e serão discutidos os Teoremas de Stokes e de
Gauss que são fundamentais, por exemplo, na Mecânica dos
Fluidos e no Eletromagnetismo. A tendência de rotação de um
fluido pode ser calculada por meio da circulação que está no
Teorema de Stokes, da mesma forma se um campo elétrico
é conhecido em um certo volume é possível encontrar
distribuição de cargas utilizando o Teorema da divergência.
Iniciaremos na Seção 1 abordando a parametrização de
uma superfície no espaço com base em dois parâmetros. A
partir dessa parametrização seremos capazes de encontrar
planos tangentes em pontos específicos da superfície. O
processo de parametrização será útil inclusive no cálculo
da área da superfície e também na integral de uma função
qualquer sobre a superfície. Na Seção 2, discutiremos o
Teorema de Stokes e será apresentado um significado físico
para um rotacional. Finalizaremos a Unidade na Seção 3 com
o Teorema da divergência ou da Lei de Gauss que estabelece
uma relação entre o fluxo de um campo vetorial através de
uma superfície com a divergência desse campo no volume
envolto pela superfície.
Para motivar a seção, você será um funcionário de uma
indústria automotiva que desenvolve novas tubulações
de fluido de freios. Essas tubulações serão instaladas na
próxima geração dos veículos da fábrica. Sua tarefa é realizar
simulações e cálculos para estabelecer critérios de qualidade
e segurança para o sistema tubulação + fluidos dos freios. Por
exemplo, como calcular a massa de um revestimento de uma
tubulação? Como averiguar o tipo de escoamento e o fluxo do
fluido nessa tubulação? Essas são questões que você deverá
responder ao final desta Unidade.
Em particular, num primeiro passo, você deverá calcular
a área de superfície de um revestimento de um tubo de freio
por meio de uma integral de superfície. Em seguida, você terá
de aplicar o teorema de Stokes e garantir o regime laminar do
fluido com o auxílio do Teorema de Stokes. Finalmente, você
terá a oportunidade de calcular o fluxo do fluido em um certo
volume da tubulação utilizando o Teorema de Gauss. Ao final
de cada tarefa, você precisará escrever um relatório para que
os outros funcionários possam consultar posteriormente.
Teremos um grande desafio pela frente, não se esqueça
de consultar a Unidade 3 sempre que necessário para rever
alguns conceitos do cálculo vetorial que serão também
utilizados aqui nesta Unidade. Para enfrentar esse desafio,
você precisará obter o conhecimento apresentado aqui, então
aproveite a leitura e bons estudos.
Seção 4.1
Integrais de superfícies
Diálogo aberto
Quando entramos em um supermercado, e observamos as
embalagens dos produtos regularmente dispostos nas prateleiras,
nos deparamos com bons exemplos de superfícies no espaço
cartesiano. Muitas garrafas, por exemplo, podem ser geradas a partir
de uma função y = f ( x ) rotacionada em torno do eixo-x. Nessa
seção veremos como parametrizar superfícies tridimensionais a
partir de dois parâmetros, o que será útil para descobrir a integral de
uma função qualquer f ( x, y , z) sobre a área da superfície.
Lembre-se que você e sua equipe estão desenvolvendo um
novo material de revestimento para uma tubulação de freio que
deve ser instalada em uma parte específica do sistema, como, por
exemplo, a conexão entre o tubo e a pinça de freio. Para essa etapa
do desenvolvimento do produto será necessário calcular sua massa.
A parte interessante do material é que sua densidade aumenta
linearmente em relação a sua posição ao longo do tubo.
Para efeitos de simulação e testes, suponha que o tubo esteja
orientado na direção do eixo-x, que ele possua um raio de 5 mm e
que esteja limitado pelos planos, x = 0 e x = 4 − 0, 5 y . Esse último
plano corta o final do tubo em um certo ângulo, que permite sua
conexão com outras partes do sistema. Sua tarefa é determinar
a massa do revestimento do tubo de acordo com os requisitos
apresentados anteriormente.
Agora você precisa aprender os conceitos de superfície
parametrizada e integral de superfície para poder completar o
desafio. Vamos começar?
A B
Fonte: elaborada pelo autor.
Exemplificando
Escreva a parametrização de uma superfície que é descrita por
f ( x, y ) = sen ( x ) ⋅ sen ( y ) .
Resolução:
Como a superfície é descrita por uma função z = f ( x, y ) , sua
parametrização fica:
x = x , y = y e f ( x, y ) = sen ( x ) ⋅ sen ( y ) .
Utilizando um software matemático e o domínio D: −p ≤ x ≤ p e
−p ≤ y ≤ p , podemos desenhar essa superfície como na Figura 4.4:
Figura 4.4 | Parametrização de uma superfície senoidal.
9 2 9 2 9
rθ × rϕ = i+ j + k , logo uma equação do plano
4 4 2
tangente fica:
9 2 3 9 2 3 9 3 2
x − + y − + z − = 0 . Você pode conferir
4 2 4 2 2 2
esse resultado no seguinte link <https://ggbm.at/ZQDTpe3s>,
(Acesso em: 22 dez. 2017) onde temos o plano, o ponto e uma
superfície esférica.
2 2 2
rθ × rϕ = (a sen θ) (cos
2 2 2
ϕ + sen2ϕ) + (a 2 senθ cos θ ) (sen2ϕ + cos2 ϕ)
2 2
rθ × rϕ = (a sen θ)
2 2
+ (a 2 senθ cos θ ) = a 2 sen2θ (sen2θ + cos2 θ )
2 2
rθ × rϕ = (a sen θ)
2 2
+ (a 2 senθ cos θ ) = a 2 senθ ,
∑ ∑ f (P ) ∆S
i =1 j =1
ij ij ,
∫∫ f ( x, y , z) dS = lim
m,n →∞
∑ ∑ f (P ) ∆S
i =1 j =1
ij ij
,
S
cujo lado direito pode ser reescrito em termos dos seus valores
no domínio D que nos permite calcular uma integral de superfície
em termos parâmetros u e v:
∫∫ f ( x, y , z) dS = ∫∫ f (r (u,v )) r u × rv dudv .
S D
Assimile
∫∫ f ( x, y , z) dS = ∫∫ f (r (u,v )) r u × rv dudv
S D
Exemplificando
òò y
2
Calcule a integral de superfície dS onde S é a superfície de uma
S
esfera de raio 3.
Resolução:
Primeiro precisamos encontrar os dois termos, bem como os limites
de integração do lado direito da expressão:
∫∫ f ( x, y , z) dS = ∫∫ f (r (u,v )) r u × rv dudv
S D
Tomando u = q e v = j teremos:
2
f (r (θ, ϕ)) = y 2 = (3senθsenϕ) ,
rθ × rϕ = 32 senθ ,
S 0 0
π 2π
81∫ 1
4 (1− cos 2θ )(1− cos 2θ) d θ ∫ 1
2 (1− cos 2ϕ) dϕ
0 0
π 2π
81∫ 1
4 (1− 2 cos 2θ + cos2 2θ) d θ ∫ 1
2 (1− cos 2ϕ) dϕ
0 0
π 2π
81∫ 1
4 (1− 2 cos 2θ + 21 (1 + cos 4θ)) d θ ∫ 1
2 (1− cos 2ϕ) dϕ ,
0 0
Observando que todos os termos em cosseno ao serem integrados
resultam em um termo seno que se anula devido aos limites de
integração, a integral fica bem mais simples de avaliar:
π
81 1 2π 81 3π 2π 243π 2 .
∫∫ y
2
dS = θ + θ 1
2 [ϕ ]0 = =
S
4 2 0 4 2 2 8
Pesquise mais
Ao longo da seção você visualizou várias superfícies interessantes. Elas
foram construídas a partir da parametrização de cada superfície em
questão utilizando um software gratuito chamado Geogebra.
Primeiro acesse <www.mat.ufrgs.br/~calculo/quadrica/elipso.htm>
(Acesso em: 10 dez. 2017) para lembrar o que é um elipsoide.
Em seguida, acesse o software Geogebra em <www.geogebra.org/>
(Acesso em: 10 dez. 2017), faça uma conta e procure pelo módulo
calculadora gráfica GeoGebra 3D.
No canto esquerdo da tela digite dois comandos em duas células
separadas:
u2 v 2
Cima = Superfície u, v , 2 1− − ,u, −3p, 3p, v , −3p, 3p
4 9
u2 v 2
Baixo = Superfície u, v , −2 1− − ,u, −3p, 3p, v , −3p, 3p
4 9
x = x , y = 5 cos q e z = 5senq ,
Avançando na prática
Enfeites de Natal
Descrição da situação-problema
Um artista plástico resolveu fazer um suporte para enfeite de
Natal, que seria uma cunha esférica apoiada por dois planos que a
tangenciam, como mostra a Figura 4.6. Sua ideia é enfeitar o suporte
com flores, frutas e velas:
Figura 4.6 | Enfeite de Natal.
Resolução da situação-problema
(rθ × rϕ )1 = 0 i + 1002 sen2 (120) sen (90) j + 1002 sen (120) cos (120)(1) k
2
3 3 1
(rθ × rϕ )1 = 0 i + 100 2 (1) j + 1002 2 − 2 k
2
(rθ × rϕ )2 = 0 i + 1002 sen2 (120) sen (−90) j + 1002 sen (120) cos (120)(1) k
2
3
(−1) j + 1002 3 − 1 k .
(rθ × rϕ )1 = 0 i + 1002
2 2
2
A equação do plano tangente a cunha no ponto P1 pode ser
escrita da seguinte forma:
Equação do Plano 1:
2
3 3 3
−100 y − 100
2
− 1002 (z + 50) = 0 .
2 2 4
Similarmente, a equação do plano tangente a cunha no ponto
P2 pode ser escrita da seguinte forma:
Equação do Plano 2:
2
3 3
2 3
−100 y + 100 − 1002 (z + 50) = 0 .
2 2 4
Você pode conferir a cunha, os pontos, bem como os planos
tangentes, no seguinte link: <https://www.geogebra.org/m/kQRPzYtZ>.
Agora que você preparou os planos, poderá enviar esse resultado para
uma oficina ou para uma impressora 3D. Assim, o decorador poderá ter
seus suportes, todos com as mesmas dimensões.
∫∫ F ⋅ ndS = ∫∫ F ⋅ dS
S S
∫ F ⋅ dr = ∫∫ rot F ⋅ dS ,
C S
Pesquise mais
A prova do Teorema de Stokes para um caso especial no qual a
superfície S é um gráfico z = f ( x, y ) pode ser conferida na página 1004
da obra a seguir:
STEWART, J. Cálculo Volume II. Trad. EZ2 Translate, São Paulo:
Cengage Learning, 2013. 664p.
Exemplificando
2 2
A Figura 4.11 mostra um cilindro x + y = 1 que é interceptado por
um plano x + z = 4 . A intersecção forma uma superfície S e uma curva
com orientação positiva C. Sabe-se que existe um campo vetorial
F ( x, y , z) = −y 3i + x 2 j + z 3k que atravessa C e S. Calcule ∫∫ rot F ⋅ dS
S
sobre a superfície S.
∫∫ rot F ⋅ dS = ∫∫ rot F ⋅ (r u × rv ) dA ,
S D
∫∫ (2x + 3y )k ⋅ (i + k) dA = ∫∫ (2x + 3y ) dA .
2 2
D D
Exemplificando
∫ F ⋅ dr = ∫∫ rotF ⋅ dS .
C S
r ′ (t ) = −senti + costj .
∫ F ⋅ dr =∫ F (r (t )) ⋅ r ′ (t ) dt =
C C
∫ (-sen t ⋅ 5 + cos t ⋅ 5) dt ,
2 2
0
para continuar essa integral, devemos realizar as substituições:
1− cos 2t
sen2t = e
2
1 + cos 2t , logo:
cos2 t =
2
2p 2p 2p
1− cos 2t 1 + cos 2t
F ⋅ dr =5 ∫ - + dt = 5 (cos 2t ) dt = 5 sen2t = 0
∫ 2
2
∫ 2
C 0 0 0
∫ F ⋅ dr = ∫∫ rotF ⋅ dS = 0 ,
C S
Assimile
O Teorema de Stokes afirma que a integral de superfície do rotacional
de um campo vetorial F sobre uma superfície S é igual a integral do
campo vetorial F em alguma curva de fronteira C da superfície:
∫ F ⋅ dr = ∫∫ rot F ⋅ dS ,
C S
Avançando na prática
Laudo sobre o escoamento de um rio.
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
a) ∫ F ⋅ dr = 4 .
C
b) ∫ F ⋅ dr = 2 + 4p .
C
c) ∫ F ⋅ dr = 4p .
C
d) ∫ F ⋅ dr = 2 + 2p .
C
e) ∫ F ⋅ dr = 2p .
C
b) 14p 2 .
∫∫ F ⋅ dS = 16
S
c) 7p 2 .
∫∫ F ⋅ dS = − 8
S
d) 14p 2 .
∫∫ F ⋅ dS = 32
S
e) 5p 2 .
∫∫ F ⋅ dS = − 8
S
1
(I) div v (P0 ) ⋅ n (P0 ) = lim 2 ∫ v.dr
a →0 pa
C
∫ F ⋅ dr = ∫∫ rot F ⋅ kdA e
C D
∫∫ F ⋅ dS ,
S
1 1 1 1
1 y 2 1
=2 ∫ ∫ x + y + 2 dxdy = 2∫ xy + 2
+ y dx =
2
0 0 0 0
1 1
1 1 x2 1 1 1 1 1
2 ∫ x + 2 + 2 dx = 2 2 + x + x = 2 + + = 3 .
2 2 0 2 2 2
0
Exemplificando
Utilize o Teorema da Divergência para mostrar a seguinte forma da Lei
de Gauss ∫∫ E ⋅ dS = 4πεQ , onde Q é uma carga localizada na origem
S2
3 3 (x 2 + y 2 + z2 )
div E = 3/2
− 5/2
= 0 . Ou seja, o divergente
x 2 + y 2 + z2 x 2 + y 2 + z2
do campo elétrico é nulo. Por meio desse resultado podemos escrever:
fornece:
∫∫ E ⋅ (n ) dS = ∫∫ E ⋅ (n ) dS .
2 1
S2 S1
eQ 2 eQ
∫∫ E ⋅ (n ) dS = ∫∫
2
x
4
x dS = ∫∫ x
2
dS ,
S2 S1 S1
2
como x = a temos:
2
eQ eQ
∫∫ E ⋅ (n2 ) dS =
a 2
dS = 2
a ∫∫ ∫∫ dS ,
S2 S 1 S1
∫∫ E ⋅ dS = 4πεQ .
S2
Assimile
O Teorema da Divergência afirma que se E é uma região simples
envolta por uma superfície S com orientação positiva para fora e F é
um campo vetorial no espaço tridimensional com componentes com
derivadas contínuas na região então:
∫∫ F ⋅ dS .
S
E −4 −4 0
4 4
e 4 x e−4 x
∫ 10 (e ) dx =10 (e − e ) x + 4 + 4 =
4 −4 4x −4 x 4 −4
−e +e −e
−4 −4
e 4(4) e−4(4) e 4(−4) e−44(−4)
−
10 (e 4 − e−4 )(4 − (−4)) + +
4 + 4 = 80 (e − e ) .
4 −4
4 4
Avançando na prática
Componentes eletrônicos.
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
Inicialmente podemos utilizar a aproximação do Teorema
da Divergência com o campo B, tomando, como exemplo, uma
pequena bola de volume Va e raio a em torno do ponto P0 . Nesse
caso, o Teorema fica:
1
Va ∫∫ B ⋅ dS ≈ div B (P ) .
0
Sa
a) p - 2 .
16 15
b) p - 4 .
8 15
c) - 8 .
p
4 15
d) p - 4 .
3
8 5
e) 5 p 4
- .
8 3