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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS


CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
DISCIPLINA: GEOGRAFIA ECONÔMICA
PROFESSOR THAIS DE LOURDES CORREIA

Aluno: Fábio José da Silva

Estudo dirigido

Terceira Revolução Industrial e Revolução 4.0.

O presente estudo pretende discorrer sobre alguns momentos históricos para


a sociedade, relacionados ao processo de industrialização mundial ao longo dos
tempos. Inicialmente pretende-se abordar de forma bastante sucinta as principais
mudanças que ocorreram no período moderno ligados a este tema.
Neste sentido, o texto abordará de forma mais efetiva os dois últimos
momentos relacionados aos avanços industriais no mundo, conhecidos como “a
terceira revolução industrial” e a “indústria 4.0” fazendo uma interligação entre as
mudanças ocorridas no mercado de trabalho mundial e seus impactos na sociedade
contemporânea.
Por fim, o intuito é trazer uma abordagem comparativa dos períodos históricos
discutidos aqui no texto, com os exemplos sugeridos na disciplina de Geografia
Econômica, que trata da modernização da fábrica Fiat de Betim - MG e da instalação
da Fábrica da Jeep em Goiana-PE.
Inicialmente é importante citar o grande Geógrafo Milton Santos (1926-2001)
que deixou como um dos seus principais legados teóricos, a noção de meio
técnico-científico-informacional, correspondente à evolução dos processos de
produção e reprodução do meio geográfico.
Segundo o autor, o meio natural seria o estágio inicial do processo de
produção das atividades humanas. Nesse longo período que marcou o início e a
formação das primeiras civilizações, bem como o avanço de todas as sociedades
pré-industriais, as práticas sociais eram inteiramente dependentes do meio natural.
Neste período a interferência do ser humano sobre o ambiente era de pouco
impacto, ou seja, utilizavam apenas para fins de sobrevivência, desta forma, a
natureza se recompunha de forma rápida e natural. Posteriormente o autor afirma
que o período técnico vê a emergência do espaço mecanizado. Os objetos que
formam o meio não são, apenas, objetos culturais; eles são culturais e técnicos, ao
mesmo tempo. Neste período os objetos técnicos e o espaço maquinizado são locus
de ações "superiores", graças à sua superposição triunfante às forças naturais.
Nesta perspectiva, pode-se entender que a noção de meio técnico na obra de
Milton Santos se mostra na ascensão industrial no mundo, durante o período de
transição do sistema feudal para um sistema capitalista. Este momento ficou
conhecido como a Primeira Revolução Industrial, a qual aconteceu a partir de
1760 com o desenvolvimento das máquinas a vapor na Inglaterra, utilizadas
principalmente na indústria têxtil e nos trens de ferro, representou um período de
inúmeras transformações econômicas e sociais na Europa e no mundo,
revolucionando o trabalho manual, aumentando a produtividade e acelerando o
processo de urbanização das cidades.
Em um mundo onde o capitalismo se fortalecia e as mudanças técnicas
visavam o aumento da capacidade produtiva tanto da velocidade de produção
quanto da lucratividade, surge na segunda metade do século XIX a Segunda
Revolução Industrial, caracterizada pelo surgimento de novas indústrias e o uso de
novas fontes de energia para produção, agregando diversas e novas tecnologias
para as fábricas e residências, com o desenvolvimento da indústria química,
aeronáutica e das fontes de energia elétrica, nuclear e do petróleo.
Seguindo a visão de Milton Santos, pode-se afirmar que o período
técnico-científico, se distingue dos anteriores, pelo fato da profunda interação da
ciência e da técnica, período também marcado pela maior presença das descobertas
científicas e das tecnologias da informação. Essa união entre técnica e ciência vai
dar-se sob a respaldo do mercado. Mercado esse que devido justamente aos
avanços da ciência e da técnica, torna-se mais adiante importante para a
consolidação do capitalismo no mundo.
Inicia-se então a chamada Terceira Revolução Industrial, onde suas
primeiras consequências ocorreram na segunda metade do século XX após o fim da
Segunda Guerra Mundial, quando houve uma série de descobertas e evoluções no
campo tecnológico.
Com o rápido avanço do capitalismo, principalmente a partir da década de
1970, o mundo parece estar entrando em uma época de “não retorno”, neste
sentido, Castells afirma que;

A revolução da tecnologia da informação foi essencial para a implementação de


um importante processo de reestruturação do sistema capitalista a partir da
década de 1980. No processo, o desenvolvimento e as manifestações dessa
revolução tecnológica forma moldados pelas lógicas e interesses do capitalismo
avançado. (CASTELLS, 1999 p.50)

Conforme pode-se observar neste período, a nova maneira de produzir


estava vinculada à inserção de uma enorme quantidade de tecnologias e crescente
volume informacional, através de incremento da informática, robótica,
telecomunicações, entre outros, e consequente proliferação no mundo globalizado.
Com a terceira revolução industrial a velocidade da informação e da inovação
tecnológica força as pessoas a estarem em permanente atualização. A exclusão
digital torna-se um empecilho para a conquista de postos de trabalho, já tão difíceis
devido ao avançado processo de mecanização e digitalização dos processos fabris.
Neste sentido, é fato que o processo tecnológico informacional não foi
equânime entre todas as nações. Portanto, mesmo em uma sociedade globalizada,
há um grande contingente de pessoas excluídas digitalmente, o que impacta nos
mercados de trabalho já tão competitivos, contribuindo para aumento do
desemprego e da pobreza a nível mundial.
Atualmente, na Quarta Revolução Industrial, temos a Indústria 4.0, a qual
também é denominada de indústria da internet das coisas, e ocorre em um momento
de grande desenvolvimento de novas tecnologias, o que possibilita a utilização
conjunta para o aprimoramento dos métodos de produção. É neste período que
destaca-se a transmissão de dados via wi-fi, o Big Data, e a inteligência artificial.
A internet das coisas possibilita a comunicação entre as máquinas, a qual é
facilitada pelo uso do wi-fi. A transmissão de dados sem fio facilita a atualização de
máquinas, a adaptação de layouts de fábricas, dando uma maior flexibilidade para
as novidades e diminuindo os custos com infraestrutura. O Big Data e suas análises
possibilitam a otimização da produção, e a inteligência artificial disponibiliza
informações a quem gerencia a produção e opera de forma autônoma.
Nesta perspectiva a revolução 4.0 vem causando mudanças extremas no
mercado de trabalho, pois a redução dos postos de trabalho principalmente no
setor secundário da economia. O que empurra uma grande massa de trabalhadores
para o setor terciário e consequentemente para as atividades informais.
Pode-se observar que a indústria manufatureira está sendo totalmente
automatizada, onde as fábricas tendem a se ajustar às necessidades, resolvendo
problemas e adaptando os volumes de produção com a mínima interferência
humana.
Contudo, pode-se elencar a dificuldade de mão de obra especializada e
qualificação profissional como alguns desafios que o mercado de trabalho deverá
enfrentar com o advento dos novos processos e tecnologias ocasionadas pela
chamada 4ª revolução industrial.

Cada um dos três séculos passados foi marcado por um tipo principal de
caracterização da técnica. O século XVIII foi a era dos grandes sistemas mecânicos
acompanhado da 1ª Revolução Industrial. O século XIX foi a da máquina a vapor. Os
séculos XX e XXI têm sido denominados como sendo a era da informação.
Diante dos fatos, ao analisar o caso concreto objeto deste estudo, será
descrito a seguir informações a respeito das fábricas da FIAT em Betim-MG e da
Jeep em Goiana-PE.
A Fiat Automóveis Instalada em Betim (MG), desde 1976, tem
aproximadamente 12 mil funcionários, com capacidade produtiva de 800 mil veículos
por ano. A empresa está concluindo um importante ciclo de investimentos de R$ 7
bilhões, que modernizou a fábrica de Betim.

A fábrica da FIAT foi concebida durante a terceira revolução industrial o que


conta com grande automatização dos seus processos, e com altos índices anuais de
produção de automóveis. Esta fábrica vem acompanhando os processos evolutivos
desencadeados com o advento das inovações tecnológicas originadas da quarta
revolução industrial.
Em relação a Fábrica da Jeep em Goiana-PE, é fato que sua instalação no
polo industrial da Cidade de Goiana em Pernambuco foi favorecido por um grande
apoio estatal, no sentido de favorecer sua implantação através de isenções de
impostos.
A fábrica da Jeep já nasceu durante a chamada indústria 4.0 absorvendo
todas as inovações e se utilizando dos processos mais modernos disponíveis no
mercado.
A Jeep chegou ao Brasil em 2015 trazendo um projeto arrojado e ousado.
Construímos não só uma fábrica de automóveis, mas trouxemos um parque de
fornecedores com 16 empresas dentro do complexo. Não paramos por aí. Seguimos
com o objetivo de fortalecer a cadeia automotiva na região. A meta ousada nos

garante um índice de nacionalização de componentes de mais de 60%.


Neste contexto, pode-se concluir que, inevitavelmente, a indústria 4.0 vem
trazendo avanços importantes para o setor industrial, com a implementação de
novas tecnologias na produção. No entanto, uma das áreas mais afetadas por essa
nova revolução é o mercado de trabalho. Isso porque toda a tecnologia disponível
hoje para a indústria 4.0 pode ser usada para substituir a mão de obra humana em
diversas tarefas.

Referências

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. A era da informação: economia, sociedade


e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

SANTOS, Milton. Por uma geografia nova. São Paulo: Hucitec, 1978.
______. Técnica, espaço, tempo. 4ª ed. São Paulo: Hucitec, 1998.
______. Modo de produção técnico-científico e diferenciação espacial. Revista
Território. Rio de Janeiro, ano IV, nº 6, 1999.
______. A natureza do espaço. 4ª ed. São Paulo: Edusp, 2004.

https://www.fiat.com.br/institucional.html

https://www.jeep.com.br/fabrica.html

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