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TAMBOR DE MINA – DOUTRINA I

ORIGEM DO TAMBOR DE MINA


Tambor de Mina é a denominação de uma manifestação religiosa de africanos Minas originários
do antigo reino de Daomé, que, na primeira metade do século XIX, foram transferidos para São Luiz,
no Maranhão. As organizações de caráter religioso receberam o nome de Casa das Minas Jeje e Casa de
Nagô. O termo Mina tem origem no nome do forte português São Jorge da Mina, localizado na África
Ocidental, atual país de Gana. Mina também se refere aos grupos de africanos embarcados neste porto
e que viviam próximos ao reino de Daomé.
As Casas das Minas Jeje e as Casas de Nagô são de caráter matriarcal. A primeira é considerada
única, não havendo outros terreiros filiados, e a segunda implantou uma forma de organização que
orientou a fundação de outras casas por seus membros frequentadores.
As entidades manifestadas, que podem ser voduns ou encantados (espíritos), vêm à terra para
dançar em cerimônias públicas denominadas tambor. As entidades são assentadas (fixadas em artefatos
sacros) e recebem sacrifício, com oferta de animais, comidas, bebidas e outros presentes. Segundo
tradição africana que se manteve no Brasil, cada humano pertence a um vodum, sendo para ele
ritualmente consagrado em cerimônias iniciáticas, como ocorre no candomblé dos orixás
Além dos orixás, outras divindades foram trazidas da África para o Brasil, pelos africanos: os
inquices dos povos bantos, que foram sendo aos poucos esquecidos e substituídos pelos orixás nagôs
nos candomblés bantos, e os voduns trazidos pelos povos ewê-fons, de região do antigo Daomé.
Os orixás cultuados nas casas de vodum são igualmente chamados de voduns, às vezes com a
referência de que se trata de um vodum nagô, e não jeje. A Casa das Minas Jeje é um terreiro onde os
voduns são cultuados, e não há manifestações de orixás e/ou caboclos em seus rituais. Porém, é a Casa
de Nagô que imprime um modelo para a maioria das casas de Tambor de Mina em São Luís e em outras
cidades do Maranhão. Nesta Casa, os iniciados dançam com orixás e caboclos.
A Casa de Nagô, de origem iorubá, cultua voduns, orixás e encantados ou caboclos, que são
espíritos de reis, nobres, índios, turcos etc. Desta casa originaram-se muitos terreiros, proliferando-se
por toda São Luís e outras localidades da região um modelo de tambor-de-mina bastante baseado nessa
concepção religiosa de culto a voduns e encantados, encantados que em muitos terreiros têm o mesmo
status de divindade dos voduns, com eles se misturando nos ritos em pé de igualdade.

O TAMBOR DE MINA NAGÔ DO PARÁ OU AMAZÔNICO


A matriz afrorreligiosa que representa tradicionalidade nos estados do Maranhão e Pará refere-
se ao Tambor de Mina. Sendo a primeira religião africana a chegar em Belém por volta do século XIX
trazida pelos povos escravizados vindos do Daomé (República Popular do Benin). No Pará só existia
uma "pajelança negra” que se formara a partir dos cultos e rituais amerídios paraenses e dos negros
escravizados. Durante a migração de maranhenses, em meio ao apogeu da extração da borracha, a matriz
religiosa que existia– a Mina – era então conhecida pela nomenclatura de “Batuque”.
A migração do Maranhão para Belém, que teve duas fases: a primeira migração que faz
referência aos afrorreligiosos que saíram do estado do Maranhão para trabalharem nos seringais no Pará
e com isso trouxeram “suas folhas” para as águas do Pará e abriram as primeiras casas de santo de
tradição mina em Belém do Pará. E posteriormente nas décadas de 70 e 80 constituiu-se outro
seguimento de migração, caracterizado como “mineiros de segunda migração”, grupo formado por
religiosos paraenses que foram a São Luís do Maranhão para se iniciarem ou “fazerem o santo” em
busca de legitimidade religiosa.

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Não ecistem registros e realtos precisos acerca das “raízes” do tambor de mina no Pará, no
entanto, estudos antropológicos, e a garipagem de dicumentos antigos, no ano de 2003 um artigo
intitulado “Os Cultos Afros do Pará” no livro Contando a História do Pará (2003), mostra que apesar
dos poucos dados coletados pela narrativa oral, foi possível, depois de um processo de garimpagem
documental e bibliográfico, construir duas genealogias. A primeira delas liga Manuel Teu Santo à
Benedito Saraiva – Pai Bené - e a segunda estabelece um elo entre a africana Massinokô-Alapong, do
Terreiro do Egito e Orlando Machado da Silva – Pai Bassu. Pelas palavras da pesquisadora: “Manuel
Teu Santo era um nigeriano de Noite (...) que morava em São Luís e era casado com dona Filoca, uma
dançante da Casa de Nagô que recebia Badé (...). Foi no terreiro desse babalorixá que mãe Anastácia
“caiu”, dançou pela primeira vez e se iniciou no santo para depois fundar o Terreiro Fé em Deus ou
Terreiro da Turquia” (Santos, 1986 e Ferreira, 2000 apud Vergolino e Silva, 2003:18). Essa religiosa
esteve muitas vezes em Belém, visitou diversos terreiros,e iniciou um “filho-de-santo” chamado Manuel
Colaço Veras, que viveu em Belém durante os anos 60 e 70 e fundou o Terreiro de Nagô Fé em Deus,
situado na antiga travessa Itororó – Atual Enéas Pinheiro – no famoso bairro da Pedreira4 , onde hoje é
a sede da FEUCABEP5 (Vergolino e Silva, 2003). A terceira geração descendente do nigeriano é
formada já pelo paraense, natural de Curuçá – Benedito Saraiva Monteiro – segundo consta, o único
“filho-de-santo” iniciado por Manuel Colaço – que fundou o Terreiro de Nagô de Santa Bárbara e hoje
possui mais de uma dezena de descendentes. A outra genealogia foi iniciada pela africana Massinokô-
Alapong, fundadora do Terreiro do Egito, que iniciou Margarida Mota e esta, por sua vez, Orlando
Machado, o Bassu.

RESUMO RITUALISTICO DO TAMBOR DE MINA NAGÔ DO PARÁ OU


AMAZÔNICO
O panteão do Tambor de Mina do Pará divide-se em duas grandes categorias, que são as
divindades e os encantados.
Categorias de Divindades:
Voduns e Orixás
Categorias de Encantados:
Caboclos, Boiadeiros, Baianos, Marinheiros, etc.
As divindades são tanto os orixás (panteão iorubano) quanto os voduns (panteão jeje), que ou
representam as forças da natureza, ou são ancestrais negros, são as “entidades” máximas dentro da
hierarquia do panteão no terreiro de mina.
Os encantados são entidades não africanas que pertencem a diversas nacionalidades, são os
ancestrais, europeus, turcos, índios brasileiros etc, que na maioria das suas histórias de fundamento, não
morreram. Os encantados são descritos como seres (pessoas, bichos, entidades) que viveram, mas que
não passaram pela experiência da morte. Saíram deste mundo de forma fantástica e passaram a habitar
as encantarias que se localizam em lugares geográficos específicos, como matas, rios, praias, formações
rochosas etc.

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