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Faculdade de Engenharia
Métodos Numéricos
2 o Nível, 2o Semestre
Discentes:
Docente:
Faculdade de Engenharia
Métodos Numéricos
2 o Nível, 2o Semestre
Discentes:
Objetivo Geral:
➢ Apresentar de forma clara e detalhada o processo de construção de polinômios
interpoladores na forma de Lagrange.
Objetivos Específicos:
➢ Explicar o conceito de interpolação e sua importância na matemática e na ciência.
➢ Apresentar a fórmula geral de um polinômio interpolador na forma de Lagrange.
➢ Demonstrar como calcular os polinômios de Lagrange associados a pontos de
interpolação.
➢ Mostrar como combinar os polinômios de Lagrange para criar um polinômio
interpolador preciso.
➢ Fornecer exemplos práticos de construção de polinômios interpoladores de Lagrange.
➢ Destacar as aplicações e a utilidade dessa técnica em campos diversos.
1. Interpolação
1.1 Introdução
A interpolação é outra das técnicas bem antigas e básicas do cálculo numérico. Muitas funções
são conhecidas apenas em um conjunto finito e discreto de pontos de um intervalo [a, b], como,
por exemplo, a tabela abaixo que relaciona calor específico da água e temperatura:
𝑋𝑖 𝑥0 𝑥1 𝑥2 𝑥3 𝑥4 𝑥5 𝑥6 𝑥7
Temperatura(° 20 25 30 35 40 45 50 55
C)
Calor 0.9990 0.9985 0.9982 0.9981 0.9982 0.9984 0.9987 0.9991
específico 7 2 6 8 8 9 8 9
Tabela 1 – Calor específico da água.
A interpolação tem o objetivo de nos ajudar na resolução deste tipo de problema, ou em casos
em que possuímos um conjunto de valores obtidos através de alguns experimentos.
Interpolar uma função f(x) consiste em aproximar essa função por uma outra função g(x),
escolhida entre uma classe de funções definida a priori e que satisfaça algumas propriedades.
A função g(x) é então usada em substituição à função f(x).
A necessidade de se efetuar esta substituição surge em várias situações, como por exemplo:
a) quando são conhecidos somente os valores numéricos da função por um conjunto de pontos
(não dispondo de sua forma analítica) e é necessário calcular o valor da função em um ponto
não tabelado (como é o caso do exemplo anterior).
b) quando a função em estudo tem uma expressão tal que operações como a diferenciação e a
integração são difíceis (ou mesmo impossíveis) de serem realizadas. Neste caso, podemos
procurar uma outra função que seja uma aproximação da função dada e cujo manuseio seja bem
mais simples.
As funções que substituem as funções dadas podem ser de tipos variados, tais como:
polinomiais, trigonométricas, exponenciais e logarítmicas. Nós iremos considerar apenas o
estudo das funções polinomiais.
1.1.1 Conceito de Interpolação
Seja a função 𝑦 = 𝑓(𝑥), dada pela tabela 1. Deseja-se determinar 𝑓(𝑥̅ ), sendo:
a) 𝑥̅ ∈ (𝑥0 , 𝑥7 ) e 𝑥̅ ≠ 𝑥𝑖 , 𝑖 = 0,1,2, … ,7
b) 𝑥̅ ∉ (𝑥0 , 𝑥7 )
Para resolver (𝑎) tem-se que fazer uma interpolação. E, sendo assim, determina-se o polinômio
interpolador, que é uma aproximação da função tabelada. Por outro lado, para resolver (𝑏),
deve-se realizar uma extrapolação.
A forma de interpolação de 𝑓(𝑥) que veremos a seguir consiste em se obter uma determinada
função 𝑔(𝑥) tal que:
𝑔(𝑥0 ) = 𝑓(𝑥0 )
𝑔(𝑥1 ) = 𝑓(𝑥1 )
𝑔(𝑥2 ) = 𝑓(𝑥2 )
⋮ ⋮
𝑔(𝑥𝑛 ) = 𝑓(𝑥𝑛 )
Graficamente teremos:
𝑃𝑛 (𝑥) = 𝑎𝑜 + 𝑎𝑖 𝑥 + 𝑎2 𝑥 2 + ⋯ + 𝑎𝑛 𝑥 𝑛 𝑜𝑢 𝑃𝑛 (𝑥) = ∑ 𝑎𝑖 𝑥 𝑖
𝑖=0
𝑎0 + 𝑎1 𝑥0 + 𝑎2 𝑥02 + ⋯ + 𝑎𝑛 𝑥0𝑛 = 𝑦𝑜
𝑎0 + 𝑎1 𝑥1 + 𝑎2 𝑥12 + ⋯ + 𝑎𝑛 𝑥1𝑛 = 𝑦1
⋯⋯⋯⋯⋯⋯⋯⋯⋯⋯⋯⋯⋯⋯⋯
{ 𝑎0 + 𝑎1 𝑥𝑛 + 𝑎2 𝑥𝑛2 + ⋯ + 𝑎𝑛 𝑥𝑛𝑛 = 𝑦𝑛
Resolvendo o sistema acima, determina-se o polinômio 𝑃𝑛 (𝑥). Para provar que tal polinômio é
único, basta que se mostre que o determinante da matriz 𝐴, dos coeficientes das incógnitas do
sistema, é diferente de zero. A matriz 𝐴 é:
1 𝑥0 𝑥02 ⋯ 𝑥0𝑛
2 𝑛
𝐴 = [ 1 𝑥1 𝑥1 ⋯ 𝑥1 ]
⋯⋯⋯⋯⋯⋯⋯
1 𝑥𝑛 𝑥𝑛2 ⋯ 𝑥𝑛𝑛
= (−1)(2)(3)(1)(2)(−1) = 12
1 1 1 1
[1 0 0 0]
1 3 9 27
1 2 4 8
Obtenção da Fórmula
Será mostrado, agora, a dedução da fórmula de interpolação de Lagrange.
0 𝑠𝑒 𝑘 ≠ 𝑖
𝐿𝑘 (𝑥𝑖 ) = { 𝑒, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑖𝑠𝑠𝑜, 𝑑𝑒𝑓𝑖𝑛𝑖𝑚𝑜𝑠 𝐿𝑘 (𝑥𝑖 ) 𝑝𝑜𝑟
1 𝑠𝑒 𝑘 = 𝑖
𝑃𝑛 (𝑥𝑖 ) = ∑ 𝑦𝑘 𝐿𝑘 (𝑥𝑖 ) = 𝑦𝑖
𝑘=0
𝑃𝑛 (𝑥) = ∑ 𝑦𝑘 𝐿𝑘 (𝑥)
𝑘=0
(𝑥−𝑥𝑗 )
Onde 𝐿𝑘 (𝑥) = ∏𝑛𝑗=0 (𝑥
𝑘 −𝑥𝑗 )
𝑗≠𝑘
(𝑥−𝑥𝑗 )
𝑃𝑛 (𝑥) = ∑𝑛𝑘=0 [𝑦𝑘 • ∏𝑛𝑗=0 (𝑥 ] , é a fórmula da interpolação lagrangeana
𝑘 −𝑥𝑗 )
𝑗≠𝑘
Exemplo: temos dois pontos distintos: (𝑥0 , 𝑓(𝑥0 ))𝑒 (𝑥1 , 𝑓(𝑥1 )) com n igual a 1.
a) Pontos utilizados:
(𝑥 − 𝑥1 )
𝐿0 (𝑥) =
(𝑥0 − 𝑥1 )
(𝑥 − 𝑥0 )
𝐿1 (𝑥) =
(𝑥1 − 𝑥0 )
(𝑥−𝑥1 ) (𝑥−𝑥0 )
Assim, 𝑃1 (𝑥) = 𝑦0 (𝑥 + 𝑦1 (𝑥
0 −𝑥1 ) 1 −𝑥0 )
Que é exatamente a equação da reta que passa por (𝑥0 , 𝑓(𝑥0 ))𝑒 (𝑥1 , 𝑓(𝑥1 ))
c) Polinómio interpolar
(𝑥−1) (𝑥−0)
𝑃1 (𝑥) = 1.35 (0−1) + 2.94 (1−0) = −1.35𝑥 + 1.35 + 2.94𝑥 = 1.59𝑥 + 1.35
Exercícios.
𝑖 𝑥1 𝑦1
0 0 0
1 1 1
2 2 4
Resolução:
𝑖 𝑥1 𝑦1
0 -1 4
1 0 1
2 2 1
3 3 16
Resolução:
𝑃3 (𝑥) = 𝑥 3 − 4𝑥 + 1
Exercício 3: seja 𝑦 = 𝑓(𝑥), determinar a polinómio que interpola uma função dada nos pontos
a seguir e o valor aproximado da função no ponto de abscissa 𝑥 = 2.8, utilizando 3 casas
decimais.
𝑖 𝑥1 𝑦1
0 1 2
2.5 3 3.5
0.503 0.806 1.192
Resolução:
𝑥 2 − 6.5𝑥 + 10.5
𝐿0 (𝑥) = = 2𝑥 2 − 13𝑥 + 21
0.5
𝐿2 (𝑥) = 2𝑥 2 + 11𝑥 − 15
𝐿(𝑥) = 0,503 ∗ (2𝑥 2 − 13𝑥 + 21) + 0,806 ∗ (−4𝑥 2 + 24𝑥 − 35) + 1,192 ∗ (2𝑥 2 + 11𝑥
− 15)
𝐿(2,8) = 0,674
Conclusão
A construção de polinômios interpoladores na forma de Lagrange é uma técnica poderosa que
desempenha um papel fundamental na interpolação de dados e na aproximação de funções
desconhecidas. Ao longo deste trabalho, exploramos o processo de criação de polinômios de
Lagrange, demonstrando como eles podem ser usados para criar polinômios interpoladores
precisos que passam por um conjunto específico de pontos. A utilidade dessa abordagem é
evidente em uma ampla gama de campos, desde a engenharia até a análise de dados,
proporcionando uma maneira elegante e eficaz de estimar valores desconhecidos.
Referencia bibliográfica
SANTOS, Vitoriano R. B., Curso de Cálculo Numérico, 4a edição, LTC, 1982.