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Engenharia de Telecomunicações (1º Ano – 2º Semestre)

ISUTIC - Instituto Superior para as


Tecnologias de Informação e
Comunicação

Disciplina de Cálculo

Numérico
Instituto Superior para Tecnologias de Informação e Comunicação - ISUTIC

ÍNDICE

Capítulo 1 – ERROS
Capítulo 2 – ZEROS DAS FUNÇÕES
Capítulo 3 – SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES – SELA`s
Capítulo 4 – INTERPOLAÇÃO
Capítulo 5 – AJUSTE DE CURVA
Capítulo 6 – INTEGRAÇÃO NUMÉRICA

Disciplina de Cálculo Nunérico – 1º Ano – 2º Semestre 1


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CAPÍTULO 1
ERROS

1.1 – INTRODUÇÃO

A obtenção de uma solução numérica para um problema físico por meio de métodos numéricos nem
sempre fornece valores dentro de limites razoáveis. Esta afirmação é correta mesmo quando se aplica um
método adequado e os cálculos são efetuados de uma maneira correta.
Esta diferença é chamada erro e é inerente ao processo, não podendo, em muitos casos, ser evitada.

Exemplo 1: O modelo matemático que descreve o estudo do movimento de um corpo sujeito a uma
aceleração constante é:

1 2
distância x = x o + vo t + at tempo
2
percorrida
aceleração
distância velocidade
inicial inicial

Um engenheiro quer determinar a altura do edifício do prédio central. Para isso dispõe apenas de
uma bolinha de metal, cronômetro e a fórmula acima. Ele sobe no edifício, solta a bolinha e mede o
tempo que a bolinha gasta para tocar o solo: 3 segundos.

1 2
x = x o + vo t + at
2
1
x = 0 + 0× t + × 9,8 × 32 = 4,9 × 9 = 44,1 m
2
No modelo matemático não foram consideradas outras forças: resistência do ar, velocidade do vento,
peso da bolinha, etc.
Outro fator: precisão da leitura do cronômetro. Uma pequena variação devido a uma imprecisão do
experimentador no momento da leitura do dado, como por exemplo, se t = 3,5 s , a altura do prédio seria:

1
x = 0 + 0 × 3,5 + × 9,8 × 3,5 2 = 60 m
2
Ou seja, uma variação de 17% na leitura do tempo acarreta 36% de variação na distância percorrida.

Exemplo 2: A variação no comprimento de uma barra de metal sujeita a certa variação de temperatura é
dada pela seguinte fórmula:

Variação do ∆l = l o ( α t + β t 2 )
comprimento Constantes específicas para cada
material

Comprimento inicial
Temperatura

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Um físico quer determinar a variação no comprimento de uma barra de metal quando sujeita a uma
variação de temperatura de 10ºC, sendo:

l o = 1m
α = 0,001253
Obtidos experimentalmente
β = 0,000068

Então:

∆l = 1 . (0,001253 . 10 + 0,000068 . 10 2 ) = 0,019330 m

Como os valores de α e β foram obtidos experimentalmente com a precisão da ordem de 10 −6 ,


tem-se:

0,001252 < α < 0,001254


0,000067 < β < 0,000069

Então:

∆l > 1 . (0,001252 . 10 + 0,000067 . 10 2 ) = 0,019220 m


∆l < 1 . (0,001254 . 10 + 0,000069 . 10 2 ) = 0,019440 m

Logo:

0,019220 < ∆l < 0,019440 m

Ou, ainda:

∆l = 0,0193 ± 10 −4 m

OBS: Veja que uma imprecisão na sexta casa decimal de α e β implicou numa imprecisão na quarta
casa decimal de ∆l .
Neste caso temos uma imprecisão dos dados de entrada.

O processo de uma solução numérica de um problema físico por meio da aplicação de métodos
numéricos é representado segundo o diagrama:

PROBLEMA modelagem MODELO resolução SOLUÇÃO


FÍSICO MATEMÁTICO

Constrói-se um
Através de um dado Obtém-se a
problema físico solução com a
Instrumentos de cálculo que aplicação de
Raramente se tem uma necessitam que sejam feitas métodos
descrição correta desse certas aproximações numérico
fenômeno

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Os erros são cometidos em todos os passos do esquema:

MODELAGEM: erros iniciais ou inerentes


RESOLUÇÃO: erros de arredondamento e truncamento

É de vital importância conhecer os tipos de erros a que estão sujeitos os métodos numéricos para
identificá-los, quantifica-los, evita-los, minimiza-los e controla-los.

Na engenharia, muitas vezes:

MODELOS Conduzem PROBLEMAS CUJA SOLUÇÃO EXATA


MATEMÁTICOS DEMANDA MUITO ESFORÇO PARA SER
DETERMINADA OU SIMPLESMENTE NÃO
PODE SER DETERMINADA

Usam-se métodos que forneçam uma aproximação da


solução dentro de um grau de precisão desejado

Método numérico: todo algarismo composto de uma lista de instruções envolvendo apenas operações
com números: operações aritméticas elementares, cálculo de funções, consulta a tabela de valores,
arbitramento de um valor, que tem por objetivo determinar um valor aproximado da solução exata dentro
de uma precisão estabelecida.

Número aproximado: é aquele cuja representação se difere do número exato.

1.2 – ERRO ABSOLUTO

É a diferença, em módulo, entre o valor exato de um número X e de seu valor aproximado X’.

EA ( X') = X − X'

Exemplos:

1) Qual é o erro absoluto cometido ao substituirmos 2 por 1,41?

EA ( x ' =1, 41) = 2 − 1,41 = 1,4142135.... − 1,41 = 0,0042135......

2
2) Ao substituirmos = 0,66666..... por 0,66 cometemos o seguinte erro absoluto:
3

EA (0,66) = 0,6666...... − 0,66 = 0,0066.....

OBS: Quando não se conhece o valor exato X, o erro absoluto é indeterminado.

1.3 – COTA SUPERIOR DE ERRO ABSOLUTO

Seja c > 0 um valor tal que,

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EA ( X ') = X − X' < c

−m
Onde c = 0,5 × 10 . O valor de m indica que a aproximação X’ do valor exato X possui pelo
menos as m primeiras casas decimais corretas.

Exemplo: se tomarmos a aproximação 3,1428 para o número irracional π = 3,141592.... , o erro


absoluto cometido nesta aproximação é da ordem de:

EA (3,1428) = π − 3,1428 = 0,001207 < 0,5 × 10 −2 m=2

A aproximação π ' de π possui somente as duas primeiras casas decimais corretas.

1.4 – ERRO RELATIVO

O erro relativo é definido como:

EA (X') X − X'
ER ( X ' ) = =
X' X'

Erro percentual relativo é:

EPR = 100 × ER

Exemplos:

X = 0,00006 EA (X') = 0,00001


X' = 0,00005 ER (X ') = 0,2 => 20%

Y = 100500 EA (Y ') = 500


Y' = 100000 ER (Y ') = 0,005 => 0,5%

Qual foi a aproximação mais precisa?

EA (X ') < EA (Y ') => a aproximação utilizada para X é mais precisa que Y
ER (X') > ER (Y') => Y é mais preciso

OBS: Quanto menor for o erro relativo maior será a precisão do resultado da equação.

1.5 – ERROS DE ARREDONDAMENTO

Erro cometido quando se assume uma representação decimal finita para um número real que admite
representação infinita, através do abandono das casas decimais de mais baixa ordem.

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De modo a limitar esse erro a meia unidade da última casa decimal conservada, adota-se o critério
universal de arredondamento.

• 1º algarismo decimal a ser eliminado <5, o último algarismo conservado fica como está.
• 1º algarismo decimal a ser eliminado ≥ 5 , o último algarismo conservado é aumentado de uma
unidade.

Exemplos:

1) Valor exato: 3 = 1,7320508.... Valor aproximado: 1,732

2) Valor exato: π 2 = 1,5707963.... Valor aproximado: 1,571

1.6 – ERROS DE TRUNCAMENTO

Erros provenientes da utilização de processos que deveriam ser infinitos (ou grandes) para a
determinação de um valor e que, por razões práticas, são truncados. Essa interrupção gera o erro de
truncamento.
Esses processos são utilizados na avaliação de funções matemáticas: exponenciação, logaritmos,
funções trigonométricas, etc.

Exemplos:

x3 x5 x7
1) sen ( x ) = x − + − + ....
3! 5! 7!

x 2 x3
2) ex = 1+ x + + + .......
2! 3!

1 1 1 1
3) e = 1 + + + + + .....
1! 2! 3! 4!
1.7 - ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS

Na matemática aplicada, algarismos significativos são utilizados para monitorar os erros


ao se representar números reais na base 10.
Diz-se que uma representação tem n algarismos significativos quando admite-se um erro
no algarismo seguinte da representação.

Exemplos:

1/7 = 0,14 com dois algarismos significativos (já que o erro está na terceira casa decimal:
1/7 = 0,142857142857...).

1/30 = 0,0333 com três algarismos significativo (erro na quinta casa decimal).

Dada uma representação decimal:

1. os algarismos zero que correspondem às ordens maiores não são significativos.

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Exemplos: em 001234,56 os dois primeiros zeros não são significativos; em 0,000543 os quatro
primeiros zeros não são significativos.
2. os algarismos zero que correspondem às menores ordens, se elas são fracionárias, são
significativos.
Exemplo: em 12,00 os dois últimos zeros são significativos .
3. os algarismos de 1 a 9 são sempre significativos.
4. zeros entre algarismos de 1 a 9 são significativos.
Exemplo: em 1203,4 todos algarismos são significativos.
5. Se existir uma vírgula decimal, todos os zeros à direita da vírgula decimal são significativos (ex:
1,000 e 33,30 possuem 4 algarismos significativos).

Exemplos:

157,0 4 algarismos significativos.


157 3 algarismos significativos.
0,00157 3 algarismos significativos.
1,3800 5 algarismos significativos.
35,6 3 algarismos significativos.
3,56 3 algarismos significativos.
0,356 3 algarismos significativos.
0,00356 3 algarismos significativos.

Exemplos com potência de 10:

3200 ou 3,2 x 103 2 algarismos significativos


3200, ou 3,200 x 103 4 algarismos significativos
3200,0 ou 3,2000 x 103 5 algarismos significativos
32.050 ou 3,205 x 104 4 algarismos significativos
0,032 ou 3,2 x 10-2 2 algarismos significativos
0,03200 ou 3,200 x 10-2 4 algarismos significativos

OBS: A posição da vírgula não influi no número de algarismos significativos, por exemplo, o
comprimento de 0,0240m possui três algarismos significativos e pode ter a posição da vírgula
alterado de várias formas usando uma potência de dez adequada, e sem alterar o seu número
de algarismos significativos. Veja abaixo:

0,0240 m = 0,240 × 10 −1 m = 0,240 dm


0,0240 m = 2,40 × 10 −2 m = 2,40 cm
0,0240 m = 24,0 × 10 −3 m = 24,0 mm

Observe que o número de algarismos significativos é sempre três, independentemente da


forma que o número foi escrito e da posição de sua vírgula. Outro ponto importante é que o
valor da medida é sempre a mesma, visto que:
0,0240m = 0,240dm = 2,40 cm = 24,0mm.

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EXERCÍCIOS

1) Se A = 3876,373 e só desejarmos a parte inteira A’, qual será o erro absoluto e a cota superior
de erro absoluto cometidos nesta aproximação?

2) Seja o número x = 2113 representado por x ' = 2112,9 e seja o número y = 5,2 representado
por y' = 5,3 . Pode-se dizer que ambos os números estão representados com a mesma precisão?
h3
3) Qual a cota superior de erro absoluto da aproximação sen(h) = h − para h = −0,5 ?
3!

4) Suponhamos que o valor y' = 0,6640 é um valor aproximado de Y=2/3. Das 6 afirmativas
abaixo, estão corretas:

a) o valor aproximado tem 5 algarismos significativos;


b) o valor aproximado só tem 4 algarismos significativos;
c) o valor aproximado só tem 3 algarismos significativos;
d) só tem 3 algarismos significativos corretos;
e) só tem 2 algarismos significativos corretos;
f) só tem 1 algarismo significativo correto.

5) Arredonde e trunque cada um dos números abaixo para 4 algarismos significativos:

a) 85,432431 b) 0,003134499 c) 998,075414

6) Para o número arredondado para 4 algarismos significativos do exercício 5-a), determine o erro
absoluto, a cota superior de erro absoluto, o erro relativo e o erro percentual relativo.

7) Determine o erro relativo cometido no cálculo do valor numérico de y ( x) = 3 x 2 + 2 x − 5 ,


sendo x = 3,16 e o erro absoluto cometido nesta medida igual a 0,001 .

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CAPÍTULO 2
ZEROS DE FUNÇÕES

2.1 – INTRODUÇÃO

Em muitos problemas de Ciência e Engenharia, há necessidade de se determinar um número α para


o qual uma função f(x) seja zero, ou seja, f (α ) = 0 . O número α é chamado raiz da equação f ( x ) = 0
ou zero da função f(x).

Para a determinação aproximada de uma raiz, têm-se duas etapas: ETAPA DE ISOLAMENTO e
ETAPA DE REFINAMENTO.

1 – Etapa de Isolamento: achar um intervalo [a,b], o menor possível, que contenha uma e somente uma
raiz da equação f ( x ) = 0 .

Enumerar – localizar

2 – Etapa de Refinamento: melhorar o valor da raiz aproximada, isto é, refiná-la, através de métodos
iterativos até o grau de exatidão requerido.
Calcular seus valores, se não exatos, aproximados

2.2 – ETAPA DE ISOLAMENTO

Utilizam-se dois métodos distintos para separar as raízes reais de uma função:

- Método do TABELAMENTO
- Método GRÁFICO

2.2.1 – Método do Tabelamento

Nós intervalos em que f(x) for contínua e mudar de sinal enquanto sua derivada f’(x) mantiver seu
sinal constante, tem-se garantida a existência de uma única raiz real.

Equações Algébricas: quando nas expressões que definem f(x), a variável independente x estiver
( b
submetida apenas às operações fundamentais da álgebra +, −, ×, /, a , . )
5
Ex: f ( x ) = x 4 − x 3 + 3x + 4
3
f ( x ) = 3x + 1 + 4 x 2 − 3x

Equações Transcendentes: quando nas expressões que definem f(x), a variável independente x estiver
submetida às operações logarítmicas, exponenciais, trigonométricas e suas inversas.

Ex: f ( x ) = e x − senx − 2
f ( x ) = arctg( x ) + 2

Algumas equações algébricas de 1º e 2º graus, certas classes de 3º e 4º graus e algumas equações


transcendentes podem ter suas raízes computadas através de métodos analíticos.

Para polinômios de grau maior que 4 e para a grande maioria das equações transcendentes o
problema de se calcular as raízes só pode ser resolvido através de métodos que aproximam as soluções.
NÃO SE TEM UMA FÓRMULA PARA ACHAR AS RAÍZES.

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Embora estes métodos não forneçam raízes exatas, elas podem, a menos de limitações de máquinas,
serem calculadas com a exatidão que o problema requeira, desde que certas condições sobre f sejam
satisfeitas.

2.2.2 – Teorema da Existência e Unicidade – T.E.U

I – Seja uma função contínua no intervalo [a,b].

OBS: Continuidade:

Dizer que uma função é contínua em x = c significa que o gráfico de f(x) não tem interrupções em
c.
f(x)

f(c)

x
c
Uma função é descontínua quando:

1 – A função não está definida em x = c.


2 – O limite de f(x) não existe em x = c.
- comportamento ilimitado
- comportamentos diferentes à esquerda e à direita (saltos)
3 – O limite de f(x) existe em x = c, mas não é igual a f(c).

f(x)

x
c1 c2 c2 c3
II – A função assume valores com sinais diferentes (opostos) nos pontos extremos do intervalo [a,b] , ou
seja, f (a ) . f(b) < 0 . Neste caso, a função corta o eixo das abscissas uma vez ou um número ímpar de
vezes.
f(x)
f(x)

a b
x x
α1 b a α1 α2 α3 α4

III – A derivada de 1ª ordem de f ( x ) existe e não muda de sinal dentro do intervalo [a,b], ou seja,
f ' ( x ) > 0 ou f ' ( x ) < 0 para a < x < b .

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f(x) f(x)

a b
x x
α2 b
a
α2
f ' ( x ) > 0, ∀x ∈ [a, b] f ' ( x ) < 0, ∀x ∈ [a, b]

* Com a prova do TEU fica garantida a existência de apenas uma raiz real no intervalo [a,b].

* O atendimento apenas de II e III não garante a existência de uma única raiz no intervalo [a,b].
f(x)

crescente
crescente
x

* O atendimento apenas de I e II não garante a existência de uma única raiz no intervalo [a,b].
f(x)

b
a α1 α2 α3 α4 α5 x

Exemplo: Localizar as raízes da função f (x) = e x + x 2 − 4


f ' (x ) = e x + 2x

x −∞ -10 -3 -2 -1 0 1 2 10 ∞
f (x ) + + 96 +5 + 0,13 − 2,6 −3 − 0,28 + 7,38 + 22,1 +
f ' (x) - - - − 3,8 − 1,6 +1 + 4,71 + 11,3 + +
Decrescente Crescente

Logo, podemos concluir que em cada um dos intervalos [ −2,−1] e [1,2] existe apenas uma única
raiz.

2.2.3 – Método Gráfico

Para a análise gráfica da função f ( x ) , ou seja, na análise de f ( x ) = 0 podemos usar um dos


seguintes processos:

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1º) Consiste em plotar o gráfico de y = f ( x )


Uma raiz real de uma função é o ponto onde a função f(x) toca o eixo dos x’s.

f(x)

x
a α1 α2 α3 α4 b

α1 , α 2 , α 3 e α 4 são raízes de f(x) no intervalo [a,b].


f (α1 ) = f (α 2 ) = f (α 3 ) = f (α 4 ) = 0

2º) Consiste em substituir f(x) por duas funções g(x) e h(x) equivalentes a f(x), ou seja,

f (x) = g(x ) − h(x )


f (x) = 0
g(x ) − h ( x ) = 0
g( x ) = h ( x )

α → f (α ) = 0 → g (α ) = h (α ) => funções que têm a mesma raiz.

As raízes reais de f(x) corresponderão às abscissas dos pontos de interseção do gráfico de g(x) com o
gráfico de h(x)

f(x)
g(x) h(x)

α1
x
a α3 α3 b

α1 , α 2 e α 3 são raízes reais de f ( x ) = g ( x ) − h ( x ) no intervalo [a,b].

No 2º processo, representar a função em análise através da subtração de duas componentes e não


realizar operações na determinação dessas componentes para não alterar a definição da função original,
pode-se perder raízes ou surgir raízes “estranhas”.

Exemplos:

f (x) = 0 => g(x ) − h ( x ) = 0 => g( x ) = h ( x )

1) f ( x ) = x 3 − 2 x 2 − 20 x + 30 = 0 2) f ( x ) = e x − sen ( x ) − 2 = 0

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g( x ) = x 3 − 2 x 2 g(x ) = e x
h ( x ) = 20 x − 30 h ( x ) = sen ( x ) + 2

3) f ( x ) = log( x 2 ) + sen ( x ) 4) f ( x ) = x − x +1
g( x ) = log( x 2 ) g( x ) = x
h ( x ) = −sen ( x ) h (x ) = x − 1

OBS:
f ( x ) = log( x 2 ) + sen ( x ) = 0 f (x ) = x − x + 1 = 0
log( x 2 ) = −sen ( x ) x = x −1
2 log( x ) = −sen ( x ) x = ( x − 1) 2
log( x ) = −0,5 sen ( x ) x = x 2 − 2x + 1
? ? ? ?
Perda de raiz Aparecimento de uma raiz

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Exemplo Aula: Encontrar as raízes da função f ( x ) = x 3 − 9 x + 3 , usando os dois métodos gráficos:

1º Método:

f (x ) = x 3 − 9x + 3
f ' ( x ) = 3x 2 − 9
f ' (x ) = 0 ⇒ x = ± 3

x f(x) f’(x)
−4 − 25 39
−3 3 18
− 3 13,3923 0

−1 11 -6
0 3 -9
1 −5 -6
3 − 7,3923 0
2 −7 3 α1 ∈ [−4,−3]
3 3 18 α 2 ∈ [0,1]
α 3 ∈ [2,3]

2º Método:

f (x ) = x 3 − 9x + 3
g(x ) = x 3
h (x ) = 9x − 3

α1 ∈ [−4,−3]
α 2 ∈ [0,1]
α 3 ∈ [2,3]

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2.3 – ETAPA DE REFINAMENTO

O método do ISOLAMENTO é uma aproximação inicial da raiz exata α . Esta aproximação é


grosseira e precisa ser refinada.

Os métodos de aproximação da raiz exata são iterativos.

Um método iterativo consiste em uma sequência de instruções que são executadas passo a passo,
algumas das quais são repetidas em ciclos (iterações).

Os resultados obtidos em cada iteração do processo dependem dos valores calculados na iteração
anterior.

Principais Métodos:

Método da Bissecção (dicotomia) – divisão ao meio


- Método das Partes Proporcionais (da falsa posição)
- Método da Iteração Linear
Método de Newton-Raphson
- Método das secantes

Torna-se necessário estabelecer critérios de parada para esses processos iterativos, porque em
alguns casos você realiza infinitas iterações e não determina o valor exato.

2.3.1 – Método da Bissecção

- Simples: fácil de aplicar


- Seguro: inexistência de descontinuidade no intervalo [a,b]
- Pouco eficiente: de convergência lenta, muitas iterações até que seja atingida a precisão desejada
do valor aproximado da raiz (leva à raiz muito lentamente).
- Estrutura baseada no TEU: ter uma única raiz real contida no intervalo de análise [a,b]

Consiste em, obtido um intervalo contendo uma única raiz, ir dividindo-o ao meio, sucessivamente,
mantendo a raiz enquadrada (num intervalo) até aproximar-se suficientemente dela.

Método:

f ( x ) => contínua no intervalo [a,b]


f (a ) . f(b) < 0 => número ímpar de raízes
f ' ( x ) < 0 ou f ' ( x ) > 0 em [a,b] => uma única raiz
Divide-se [a,b] ao meio, obtém-se xo e tem-se dois subintervalos [a,xo] e [xo,b]:

• Se f ( x o ) = 0 → a raiz α é xo (exato)
• Senão, ela estará no subintervalo onde a função tem sinais opostos nos pontos extremos.
• Se f (a ) . f(x o ) < 0 , α ∈ [a , x o ]
• Senão se f (a ) . f(x o ) > 0 , α ∈ [ x o , b]

O novo intervalo [a1 , b1 ] que contém α é dividido ao meio e obtém-se x1 e o processo se repete até
que se obtenha uma “boa” aproximação para a raiz exata α .

Interpretação geométrica do Método da Bissecção:

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f(x)

a x1 x 2 x
xo b

α ∈ [a , b ]
α ∈ [a , x o ]
α ∈ [x1 , x o ]
α ∈ [x 2 , x o ]
M

O processo se repete até que se obtenha uma boa aproximação para a raiz exata α . (atenda-se a tolerância
ε)
Número mínimo de iterações necessárias para se alcançar a tolerância pré-fixada:

ln[(b − a ) / ε)]
n≥ −1
ln 2

OBS: Se o intervalo inicial é tal que b − a >> ε , a convergência será muito lenta, pois, o numero de
interações tende a um número muito grande.
−7
Por exemplo, se b − a = 3 e ε = 10 => n = 25

Exemplo Aula: Encontrar a raiz da função f ( x ) = x 3 − 9 x + 3 , que se encontra no intervalo


I 2 = [0,1] com erro de ε < 10 −2 . Usar quatro casas decimais.

ln[(1 − 0) / 10 −2 )]
Número de interações: n≥ −1 => n ≥ 5,64 => n =6
ln 2
n an + bn - xn f(xn) ε
0 0 1 0,5 -1,3750 0,5
1 0 0,5 0,25 +0,7656 0,25
2 0,25 0,5 0,375 -0,3223 0,125
3 0,25 0,375 0,3125 +0,2180 0,0625
4 0,3125 0,375 0,3438 -0,0536 0,0313
5 0,3125 0,3438 0,3282 +0,0816 0,0157
0,0078 < 10−2
6 0,3282 0,3438 0,3360 0,0139

Então, α = x 6 = 0,3360

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Exemplo 1: Calcular a raiz da equação f ( x ) = x 3 − 10 , com ε < 0,1 e α ∈ [2,3] . Usar quatro casas
decimais.

Teste do TEU:
1) Contínua no intervalo definido.

2) f ( a ) = f ( 2) = − 2 f (a ) . f(b) < 0
b−a
f (b) = f (3) = 17 ε=
2
3) f ' ( x ) = 3x 2
f ' (2) = 12 + Crescente
f ' (3) = 27 +
f ' (2,5) = 3 . 2,5 +

Número de interações: Se o intervalo é [2,3] e ε < 0,1

ln[(3 − 2) / 0,1)]
n≥ −1 => n ≥ 2,32 => n =3
ln 2
n an - bn + xn f(xn) ε
0 2 3 2,5 +5,625 0,5
1 2 2,5 2,25 +1,3906 0,25
2 2 2,25 2,125 -0,4043 0,125
3 2,125 2,25 2,1875 +0,4675 0,0625

α ≅ x 3 = 2,1875

2.3.2 – Método de Newton-Raphson

- Validas todas as condições do TEU


- As derivadas f ' ( x ) (f ' ( x ) ≠ 0) e f ' ' ( x ) devem também ser contínuas e preservarem o sinal do
intervalo.
- Método mais rápido (processo leva à raiz mais rapidamente).
- O método pode divergir.

O método de Newton-Raphson é equivalente a substituir um pequeno arco de curva y = f ( x ) por


uma reta tangente, traçada a partir de um ponto da curva.

Observação:

f(x) Derivada de 1ª ordem de uma função:

Traçar uma reta tangente à curva y = f ( x ) num ponto é obter


4
y = 2x a inclinação da curva neste ponto (a tangente do ângulo que esta
reta faz com o eixo x é a inclinação)
2
cateto oposto 4
tgθ = = =2 => y' ( x ) = 2
θ cateto adjacente 2
x
1 2

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Interpretação geométrica do método:

Para se obter uma melhor aproximação x1 da raiz α , traça-se uma reta tangente à curva y = f ( x ) a
partir do ponto Bo [ x o , f ( x o )] que intercepta o eixo x no ponto x1.

- Do ponto B1[ x1 , f ( x1 )] traça-se outra tangente à curva que corta o eixo x no ponto x2, obtendo-
se uma melhor aproximação da raiz.
- O processo se repete até encontrar x n ≅ α com a exatidão requerida.

Portanto,

f (x o ) f ( x1 )
tgα = = f ' (x o ) tgβ =
x o − x1 x1 − x 2
f (x o ) f ( x1 )
f ' (x o ) = f ' ( x1 ) =
x o − x1 x1 − x 2
f (x o ) f ( x1 )
x o − x1 = x1 − x 2 =
f '(x o ) f ' ( x1 )
f (x o ) f ( x1 )
x1 = x o − x 2 = x1 −
f ' (x o ) f ' ( x1 )

Generalizando tem-se:

f (x n )
x n +1 = x n − p/ n = 0, 1, 2, ..... Fórmula do Método de Newton
f '(x n )

ε = x n − x n −1

Condições e observações para a convergência do método de Newton-Raphson (de Fourier:


estabelecem duas condições para garantir a convergência)

1ª) f ' ( x ) e f ' ' ( x ) com sinais constantes no intervalo [a,b].

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 18


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f ' ' ( x ) não deve se anular no intervalo.


Se f ' ' ( x ) = 0 , então f ( x ) sofre mudança de concavidade no intervalo.

f(x) f ''(x) = 0
As tangentes podem conduzir a
aproximações fora do intervalo.

a
x
x1 b x2

f(x) f ''(x) = 0

Aproximações repetidas.

x
a = x1 b = x '1

2ª) A escolha de xo

A má escolha pode causar divergência no método.


xo deve ser o ponto extremo de [a,b] onde a função f(x) apresenta o mesmo sinal de f’’(x).

f ( x o ) . f' ' (x o ) > 0


+ + >0
ou
− − >0
1º Caso:
f(x)
f (a ) < 0
f (b) > 0
a f ' ' ( x ) > 0 (concavidade para cima)
x
x1 b
Em qual extremo f ( x ) . f' ' (x ) > 0 ?
f (b) . f' ' (b) > 0 => x o = b

Tangente que diverge

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 19


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2º Caso:

f(x) f (a ) < 0
f (b) > 0
f ' ' ( x ) < 0 (concavidade para baixo)
a x1 x f (a ) . f' ' (a ) > 0 => x o = a
b

3º Caso:

f(x)
f (a ) > 0
f (b) < 0
f ''(x) > 0
b
a x1
x f (a ) . f' ' (a ) > 0 => x o = a

Tangente que diverge

4º Caso:

f(x) f (a ) > 0
f (b) < 0
f ''(x) < 0
x1 b x f ( b) . f' ' (b) > 0 => x o = b
a

Exemplo 1: Calcular a raiz α ∈ [0,5 , 1,5] de f ( x ) = x 3 − 5x 2 + x + 3 com ε ≤ 10 −3 ≅ 0,001


TEU: 1) contínua => OK

f (a ).f (b) < 0


2) => OK
+ . − <0
3) f ' ( x ) < 0 no intervalo => OK

f ( x ) = x 3 − 5x 2 + x + 3
f ' ( x ) = 3x 2 − 10 x + 1
f ' ' ( x ) = 6 x − 10

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f (0,5) = 2,375 ( + )
f (1,5) = −3,375 ( − )

f ' (0,5) = −3,25 ( −)


f ' (1,5) = −7,25 ( −)
f ' (1) = −6 ( −)

f ' ' (0,5) = −7 ( − )


f ' ' (1,5) = −1 ( −)

Escolha de xo

f (b).f ' ' (b) > 0 f (x n )


=> x o = b x n +1 = x n − e ε = x n − x n −1
− − >0 f ' (x n )

n xn f (x n ) f ' (x n ) ε
0 1,5 - 3,3750 - 7,2500 ----
1 1,0345 - 0,2093 - 6,1344 0,4655
2 1,0004 - 0,0024 - 6,0016 0,0341
3 1,0000 0
α = x3 = 1
(neste caso a raiz é exata)

Não se deve usar esse método quando f(x) próxima do ponto de interseção com x é quase horizontal
( f ' ( x ) ≈ 0 → f(x)/f' (x) = ??? ).

Exemplo Aula: Considerando a função f ( x ) = x 3 − 9 x + 3 , determinar a raiz que está no intervalo


I 2 = [0,1] com erro de ε = 10−2 .

TEU: 1) contínua => OK

f (a ).f (b) < 0


2) => OK
+ . − <0
3) f ' ( x ) < 0 no intervalo => OK

f (x ) = x 3 − 9x + 3 => f ' ( x ) = 3x 2 − 9 => f ' ' ( x) = 6x

f (0) = +3 (+) f ' ( 0) = −9 ( − ) f ' ' ( 0) = 0 muda concav.


f (1) = −5 ( −) f ' (1) = −6 ( −) f ' ' (1) = 6

x 0 0,2 1
f(x) +3 1,208 −5
f'(x) −9 − 8,88 −6

Podemos reduzir o intervalo I=[0,2 , 1]

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f (0,2) = 1,208 ( + ) f ' (0,2) = −8,88 ( −) f ' ' (0,2) = 1,2 ( + )


f (1) = −5 ( −) f ' (1) = −6 (−) f ' ' (1) = 6 (+)

Escolha de xo

f (a ).f ' ' (a ) > 0 f (x n )


=> x o = a = 0,2 x n +1 = x n −
+ + >0 f ' (x n )

n xn f (x n ) f ' (x n ) ε
0 0,2 1,208 − 8,88 ----
1 0,33604 0,01359 − 8,66123 0,13604
2 0,33761
− 9,04 × 10−6 − 8,65806 0,00157

α = x 3 = 0,33761

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EXERCÍCIOS

1) Isolar todas as raízes da função pelo método do tabelamento.

f ( x ) = x 3 − 2 x 2 − 20 x + 30

Tabela de valores de f(x):


x -10 -8 -5 -4 -2 -1 0 1 2 3 4 5 10
f(x) -970 -450 -45 14 54 47 30 9 -10 -21 -18 5 630

2) Localizar as raízes da função contínua pelo método do tabelamento.

f ( x ) = x 4 + 2 x 3 − 7,5x 2 − 20 x − 11

Tabela de sinais de f(x) e f’(x):


x -6 -4 -3 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 2 3 4
sinais
f(x) + + + - - + + - - - - - - +
f’(x) - - - - + + - - - - - + + +

3) Faça a tabela de valores da função f ( x ) = x 3 + 3x − 1 e indique o(s) intervalo(s) em que houver


zeros reais.
1
4) Ao estudar as raízes reais da função f ( x ) = + sen ( x ) , foi montada a seguinte tabela de sinais:
x
x (em radianos) -12 -10 -4,5 -2 1 3 10 12
sinal de f(x) + + + - + + - -

E chegou-se à conclusão que esta função possui raízes reais únicas nos intervalos [-4,5 , -2],
[-2, 1] e [3, 10]. Verifique se esta conclusão é verdadeira justificando sua resposta.

5) Localize pelo método do tabelamento as raízes das equações a seguir:

2x
a) 4 cos( x ) − e =0
b) 1 − x ln( x ) = 0

6) Localize graficamente as raízes das equações a seguir:

x
a) 2 − 3x = 0
3
b) x + x − 1000 = 0

7) Calcular, usando o método da bissecção, o valor aproximado da raiz pertencente ao intervalo [0,5,
4 3
1] da função f ( x ) = x + 2 x − x − 1 sabendo-se que esse valor aproximado deverá ter 2 casas
decimais corretas.
2
8) Calcular pelo método da bissecção a raiz da equação f ( x ) = x + ln( x ) com є ≤ 0.01 no
intervalo [0,5 , 1,0].

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5 10 3 5
9) O polinômio p( x ) = x − x + x tem cinco zeros reais, todos no intervalo [-1,1].
9 21
Encontre pelo método da bissecção a maior raiz negativa com є ≤ 10-5.

10) Achar pelo método de Newton-Raphson a raiz de f ( x ) = 2 x 3 + ln(x ) − 5 , com є ≤ 10-7 no


intervalo [1, 2].

11) Calcular a raiz negativa pelo método de Newton-Raphson de f ( x ) = x 3 − 5x 2 + x + 3 com є ≤


10-5.

12) Use o método de Newton-Raphson para obter a menor raiz positiva das equações a seguir com
precisão є ≤ 10-4:

a) x − tg ( x ) = 0
2
x
b) 2 cos( x ) = e
2
5
c) x −6 = 0

13) Aplique o método de Newton-Raphson à equação x 3 − 2 x 2 − 3x + 10 = 0 com x0=1,9.


Justifique o que acontece.

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CAPÍTULO 3

SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES – SELAs

3.1 – DEFINIÇÃO

Um sistema de equações lineares com n equações e n incógnitas na forma

a11x1 + a12 x 2 + a13 x 3 + .......... + a1n x n = b1



a x + a x + a 23 x 3 + ......... + a 2 n x n = b 2
s =  21 1 22 2
M
a n1x1 + a n 2 x 2 + a n 3 x 3 + ......... + a nn x n = b n

n
s n = ∑ a ij x j = b i p / i = 1,2,3,..., n
j=1

Onde,

a ij → Coeficientes das incógnitas


x j → Incógnitas
b i → Termos independentes

Pode ser colocado sob a forma

 a11 a12 L a1n   x1   b1 


a     
 21 a 22 L a 2n  ×  x 2  =  b 2  Vetor dos termos independentes
 M   M   M 
     
a n1 a n 2 L a nn   x n  b n 

Matriz de coeficiente Vetor das incógnitas

O sistema pode ainda ser colocado sob a forma matricial mais compacta => A.X = b

 a11 a12 L a1n b1 


a b 2 
Matriz ampliada ou matriz aumentada  21 a 22 L a 2n
 M 
 
a n1 a n 2 L a nn bn 

 x1 
 
x2
Vetor solução x= 
 M 
 
 x n 

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3.2 – CLASSIFICAÇÃO

Natureza dos coeficientes e termos independentes:


• Reais: todos os coeficientes e termos independentes são números reais.
• Complexos: pelo menos um coeficiente ou termo independente for número complexo.

Valor dos termos independentes:


• Homogêneo: todos os termos independentes são nulos (b = 0).
• Heterogêneo: pelo menos um termo independente não é nulo.

Número de soluções:
• Possível e Determinado: uma única solução.
• Possível e Indeterminado: infinitas soluções.
• Impossível /Incompatível: não possui soluções.

Exemplo 1: Seja o sistema:

x1 + x 2 = 0 → x1 = − x 2
 1 2
x1 − x 2 = 0 → x1 = x 2
2
Qual é a solução do sistema?

Um ponto comum entre as retas.


Possui uma única solução: (0,0) => origem 1

OBS: De acordo com a Regra de Cramer, se o det( A ) ≠ 0 , o sistema é possível e determinado.

1 1 1 1
A=  => det(A ) = = −1 − 1 = −2 ≠ 0
1 − 1 1 −1

Logo, o sistema é real, homogêneo, possível e determinado.

Exemplo 2: Seja o sistema:

x1 + x 2 = 0 → x1 = − x 2 1

2x1 + 2x 2 = 0 → 2x1 = −2 x 2
x1 = − x 2 2

Qual é a solução do sistema?

Retas coincidentes => infinitas soluções 1


2

OBS:

1 1  1 1
A=  => det(A) = = 2−2 =0
2 2 2 2

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1 0  1 0
AI =   => det( A I ) = = 0−0 = 0
 2 0 2 0

Det(AI) => substitui-se a i-ésima coluna de A pelo vetor coluna dos termos independentes.

Se o det(A) = det(A I ) = 0 , o sistema é possível e indeterminado

Logo, o sistema é real, homogêneo, possível e indeterminado.

Exemplo 3: Seja o sistema:

x1 + x 2 = 0 → x1 = − x 2 1

x1 + x 2 = 1 → x1 = 1 − x 2 2

Qual é a solução do sistema?

Retas paralelas => não têm ponto em comum


=> não tem solução 2
1

OBS:
1 1 1 1
A=  => det(A) = = 1 −1 = 0
1 1 1 1

1 0 1 0
AI =   => det(A I ) = = 1− 0 = 1
1 1 1 1

Se o det(A ) = 0 e o det(A I ) ≠ 0 , o sistema é impossível.

Logo, o sistema é real, heterogêneo e impossível.

3.3 – SISTEMA TRIANGULAR SUPERIOR

Um sistema é chamado triangular superior se é da forma

a11x1 + a12 x 2 + a13 x 3 + .......... + a1n x n = b1


 a 22 x 2 + a 23 x 3 + ......... + a 2n x n = b 2

s= a 33 x 3 + ......... + a 3n x n = b3
 M

 a nn x n = b n

e é chamada triangular inferior se é da forma

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a11x1 = b1
a x + a x = b2
 21 1 22 2
s = a 31x1 + a 32 x 2 + a 33 x 3 = b3
M

a n1x1 + a n 2 x 2 + a n 3 x 3 + ......... + a nn x n = b n

Exemplo 1: Resolver o sistema linear triangular abaixo:

3x1 + 4x 2 − 5x 3 + x 4 = −10  1
 x 2 + x 3 − 2 x 4 = −1 − 1

s= x= 
 4 x 3 − 5x 4 = 3  2
  
2x 4 = 2  1

2x 4 = 2 4 x 3 − 5x 4 = 3 x 2 + x 3 − 2x 4 = −1
3x1 + 4x 2 − 5x 3 + x 4 = −10
x4 = 1 4x 3 − 5(1) = 3 x 2 + 2 − 2(1) = −1
3x1 + 4(−1) − 5(2) + 1 = −10
x3 = 2 x 2 = −1 x1 = 1

Exemplo 2:

3x1 + 4 x 2 − 5x 3 + x 4 = −10  1 + 4α 
 − 3 
 x 3 − 2x 4 = 0  
s= x= α 
 4 x 3 − 5x 4 = 3  2 
 2x 4 = 2  1 
 

2x 4 = 2 4 x 3 − 5x 4 = 3 0x 2 + x 3 − 2 x 4 = 0
3x1 + 4x 2 − 5x 3 + x 4 = −10
x4 = 1 4x 3 − 5(1) = 3 0x 2 + 2 − 2(1) = 0
3x1 + 4α − 5(2) + 1 = −10
1 + 4α
x3 = 2 0x 2 = 0 → x 2 = α x1 = −
3
Obs: x2 pode assumir qualquer valor. É uma variável livre (ou independente)
Exemplo 3:

3x1 + 4x 2 − 5x 3 + x 4 = −10

 x 3 − 2x 4 = − 1
s=
 4 x 3 − 5x 4 = 3
 2x 4 = 2

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2x 4 = 2 4 x 3 − 5x 4 = 3 0x 2 + x 3 − 2x 4 = −1
x4 = 1 4x 3 − 5(1) = 3 0x 2 + 2 − 2(1) = −1
x3 = 2 0x 2 = −1 → Nenhum valor de x2 satisfaz a equação

O sistema é impossível (ou incompatível).

3.4 – SISTEMA INSTÁVEL

Em um sistema instável, uma pequena alteração em um dos coeficientes provoca uma grande
alteração na solução do sistema.

x1 + x 2 = 2 0,99.x1 + x 2 = 2
S= S=
x1 + 1,01.x 2 = 2,01 x1 + 1,01.x 2 = 2,01

1 − 100 
x=  x= 
1  101 
Para verificar se um sistema é instável, calcula-se a grandeza do determinante da matriz A. O
sistema será instável se det(norm( A )) ≅ 0 .

det( A )
det( norm ( A )) =
α1 .α 2 .....α n

onde,

α i = (a i1 ) 2 + (a i 2 ) 2 + ..... + (a in ) 2 p / i = 1,2,..., n

Para o exemplo anterior:

α1 = (a11 ) 2 + (a12 ) 2 = 12 + 12 = 2
α 2 = (a 21 ) 2 + (a 212 ) 2 = 12 + 1,012 = 2,0201

1,01× 1 − 1× 1 0,01
det(norm(A)) = = ≅ 0,005
2 . 2,0201 2,01

Logo, o sistema é instável, pois, comparando este resultado com a unidade, det(norm(A )) ≅ 0

3.5 – RESTOS OU RESÍDUOS

Restos ou Resíduos da solução de Sistemas Lineares é definido como:

R = B − A.X

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 r1   b1   a11 a12 L a1n   x1 


 r   b  a a 22 L a 2 n   x 2 
R =  2  =  2  −  21 ×
M  M   M M M M  M
       
rn  b n  a n1 a n 2 L a nn   x n 

Se todas as componentes forem nulas, o vetor solução será a solução exata do sistema.
Se todas forem aproximadamente zero, tem-se que a solução corresponde a uma boa aproximação da
solução exata (em sistemas estáveis)

3.6 – SISTEMAS EQUIVALENTES

Dois sistemas são equivalentes se possuem a mesma solução, ou seja,

s ≈ s' ⇒ x ≈ x'
Dado um sistema s, pode-se obter um sistema equivalente s’ realizando sobre s uma ou mais das
operações abaixo:

- Trocar a ordem de duas equações do sistema.


- Multiplicar uma equação do sistema por uma constante não nula.
- Substituir uma equação pela combinação linear desta com outra equação do sistema.

s → compatível s’ → compatível
s → determinado s’ → determinado
s → indeterminado s’ → indeterminado

3.7 – MÉTODOS DE RESOLUÇÃO DE SELA’s

DIRETOS Eliminação Gaussiana Permitem a solução de um sistema a


Pivotação partir de um número finito de
operações aritméticas lementares.

ITERATIVOS Jacobi Partem de uma aproximação inicial


Gauss-Seidel utilizam sucessões infinitas de aproximações
Através da aplicação de um algoritmo.

3.8 – ELIMINAÇÃO DE GAUSS

Consiste em operar com transformações elementares sobre as equações do sistema, a fim de anular
certos coeficientes, até que obtenha um sistema triangular superior equivalente. Em seguida, resolve-se o
sistema triangular por substituições retroativas cuja solução também é solução do sistema dado.

Exemplo: Resolver o sistema abaixo pelo método da eliminação de Gauss. Verifique o resultado.

2x1 + 3x 2 − x 3 = 5

s = 4x1 + 4x 2 − 3x 3 = 3
2x − 3x + x = −1
 1 2 3

1a etapa: escrever a matriz aumentada do sistema.

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 30


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2 3 −1 5
A oA = 4 4 −3 3
2 − 3 1 − 1

2a etapa: Montar um sistema triangular equivalente, ou seja, eliminar todos os coeficientes abaixo da
diagonal principal.
OBS: É impossível realizar uma eliminação quando o pivô for nulo (trocar linhas de posição para evitar o
pivô nulo)
Multiplicador: o pivô é o termo a11 = 2
o

ao 4
M o21 = − 21 = − = −2
o 2
a11
o
o a 31 2
M 31 = − = − = −1
o 2
a11
Faz-se as seguintes transformações elementares sobre as linhas de AA

L11 = Lo1 2 3 −1 5
A1A 
= 0 − 2 − 1 − 7
L12 = Lo2 + M o21 × Lo1 = Lo2 − 2 × Lo1
L13 = Lo3 + M 31
o
× Lo1 = Lo3 − 1 × Lo1 0 − 6 2 − 6

O novo pivô é o termo a122 = −2

a132 −6
M132 =− =− = −3
a122 −2

L21 = L11 2 3 −1 5
L22 = L12 A 2A = 0 − 2 − 1 − 7

L23 = L13 + M132 × L12 = L13 − 3 × L12 0 0 5 15 


Como o det A = 2 × −2 × 5 = −20 ≠ 0 (produto dos coeficientes da diagonal principal), o sistema
é possível e determinado

 2 x1 + 3 x 2 − x 3 = 5

s' =  − 2 x 2 − x 3 = −7 ≈ s
 5x 3 = 15

x3 = 3 − 2x 2 − 3 = −7 2x1 + 3× 2 − 3 = 5
− 2x 2 = −4 2x1 + 3 = 5
x2 = 2 2x1 = 2
x1 = 1

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 31


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1 
 
Logo, a solução do sistema será x = 2
 
 3
Verificação:

2 × 1 + 3 × 2 − 3 = 5 5 = 5
 
4 × 1 + 4 × 2 − 3 × 3 = 3 3 = 3 OK
 2 × 1 − 3 × 2 + 3 = −1  − 1 = −1
 

3.9 – MÉTODO DA PIVOTAÇÃO

Parte de x1 e em cada etapa seleciona-se como linha pivotal aquela cujo coeficiente da incógnita que
se elimina tenha módulo máximo.

- Evita pivô nulo


- Minimiza erros de arredondamento

Exemplo: resolver o sistema abaixo usando o método da Pivotação. Verificar o resultado.

 x1 − x 2 + 3x 3 = 16

s = 4 x 1 + x 2 − x 3 = 2
4 x + 3 x + x = 6
 1 2 3

1 − 1 3 16 4 1 − 1 2 
A oA =  4 1 − 1 2  A oA = 1 − 1 3 16
 4 3 1 6   4 3 1 6 

ao 1 ao 4
M o21 = − 21 = − o
M 31 = − 31 = − = −1
o 4 o 4
a11 a11

L11 = Lo1
4 1 −1 2 
1  13 31
L12 = Lo2 + Mo21 × Lo1 = Lo2 − × Lo1 A1A = 0 −
5
4 4 2
0 24 2 4 
L13 = Lo3 + M31
o
× Lo1 = Lo3 − 1× Lo1 

4 1 −1 2 

A A = 0
1
2 2 4
 5 13 31
0 − 4 4 4 

a1 5 1 5
M132 = − 32 = × =
1
a 22 4 2 8

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 32


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L2 = L11 4 1 − 1 2 
 
L22 = L12 A 2A = 0 2 2 4
5  9 
L23 = L13 + M132 × L12 = L13 + × L12 0 0 18
8 2 

Logo a solução deste sistema equivalente, que é a mesma solução do sistema original é:

 2
x =  − 2
 4 
Verificação:

2 − ( −2) + 3 × 4 = 16 16 = 16
 
4 × 2 − 2 − 4 = 2 2 = 2 OK
 4 × 2 + 3 × ( −2 ) + 4 = 6 6 = 6
 

3.10 – MÉTODO DE JACOBI

Os métodos iterativos consistem de algoritmos que a partir de um vetor aproximação inicial xo


produzem uma série de aproximações (x1, x2, ....., xn) da solução exata do sistema.

Para garantir a convergência do método de Jacobi, a matriz deve ser estritamente diagonalmente
dominante, ou seja,

n
a ii > ∑a
j=1
ij , i = 1,2,..., n
j≠ i

Exemplo: Resolver o sistema abaixo, pelo método de Jacobi, com ε ≤ 10 −1 ou k >5 (k é o número de
o 0 
iterações) e x =   . Verificar o resultado.
0 

2x − x = 1 2 − 1
s= 1 2 A= det A = 4 + 1 = 5 (única solução)
2 
=>
x1 + 2x 2 = 3 1
Gerar as equações iterativas explicitando x1 na 1a equação, x2 na 2a equação e assim por diante.

 k +1 1 + x k2
 x1 =
 2
 p/ k = 0, 1, 2, ....
 k +1 3 − x1k
x 2 = 2

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 33


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Para k = 0, tem-se:

 1 1+ 0
x1 = 2 = 0,5 0,5
 x1 =  
x1 = 3 − 0 = 1,5 1,5 
 2 2
Para k = 1, tem-se:

 2 1 + 1,5
x1 = 2 = 1,25 1,25
 x2 =  
x 2 = 3 − 0,5 = 1,25 1,25
 2 2
Para, k = 2 tem-se:

 3 1 + 1,25
x = = 1,13
 1 2  1,13 
 x3 =  
 x 3 = 3 − 1,25 = 0,88 0,88
 2 2

ε ≥ x1k +1 − x1k ε ≥ x 2k +1 − x k2
k
x1k x k2
0 0,00 0,00 --- ---
1 0,50 1,50 0,50 1,50
2 1,25 1,25 0,75 0,25
3 1,13 0,88 0,12 0,37
4 0,94 0,94 0,19 0,06
5 0,97 1,03 0,03 0,09
≤ 10 −1
0,97 
A solução será: x =  
1,03 
Verificação:

2 × 0,97 − 1,03 = 1 0,91 ≅ 1


  OK
0,97 + 2 × 1,03 = 3 3,03 ≅ 3

3.11 – MÉTODO DE GAUSS-SEIDEL

- Possui convergência mais rápida. O método de converge se a matriz for estritamente diagonalmente
dominante.
k
- Para calcular x i , utiliza-se todos os valores que já foram calculados na iteração atual, mais os
valores calculados na iteração anterior.
- Critério de parada é o mesmo do método de Jacobi => ε ≥ x ik +1 − x ik

Exemplo: Resolver o sistema abaixo pelo método de Gauss-Seidel. Verificar o resultado.

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 34


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2x − x = 1 0 
s= 1 2 , com xo =   e ε ≤ 10 −1
x1 + 2x 2 = 3 0 

As equações iterativas são:

 k +1 1 + x k
 x1 = 2
 2
 p/ k = 0, 1, 2, ....
 k +1 3 − x1k +1
x 2 = 2

 1 1+ 0
x1 = 2 = 0,5
1a iteração: 
x1 = 3 − 0,5 = 1,25
 2 2

ε ≥ x1k +1 − x1k ε ≥ x 2k +1 − x k2
k
x1k x k2
0 0,00 0,00 --- ---
1 0,50 1,25 0,50 1,25
2 1,13 0,94 0,63 0,31
3 0,97 1,02 0,16 0,08
4 1,01 1,00 0,04 0,02
≤ 10 −1
1,01
A solução será: x= 
1,00
Verificação:

2 × 1,01 − 1,00 = 1 1,02 ≅ 1


  OK
1,01 + 2 × 1,00 = 3 3,01 ≅ 3

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 35


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EXERCÍCIOS

1) Classificar os sistemas abaixo e resolvê-los por substituições retroativas ou progressivas:

2x1 = 4
x + 3x = 2
 1 2
a) 
 x1 − x 2 + 2 x 3 = 0
2x1 + 4x 2 − x 3 + x 4 = 2

3x1 + 4x 2 − 5x 3 + x 4 = −10
x − 2x = −1
 3 4
b) 
4x 3 − 5x 4 = 3
2x 4 = 2

2) Determinar o vetor solução dos sistemas lineares abaixo:

 x1 = 1
x + x = −1
 1 2
a) 
 x1 + x 2 + x 3 = 3
x1 + x 2 + x 3 + x 4 = 3

x1 = 1

x1 + x 2 = −1
b) 2 x1 + x 2 + 3x 3 = 0
 x + x + x = −1
 1 2 3
x1 − x 2 + x 3 − x 4 + x 5 = 3
3) Determinar o vetor solução do sistema linear através do método de eliminação de Gauss:

x1 + x 2 + 2x 3 + 4x 4 = 7,12

x1 + x 2 + 5x 3 + 6x 4 = 12,02
a) 
2x1 + 5x 2 + x 3 + 2x 4 = 14,90
4x1 + 6x 2 + 2x 3 + x 4 = 20,72

4) Resolver pelo método da Pivotação os sistemas:

x1 + x 2 + 2 x 3 = 4

a) 2 x 1 − x 2 − x 3 = 0
 x − x − x = −1
 1 2 3

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x1 + 2x 2 + 3x 3 + 4x 4 = 10

2x1 + x 2 + 2x 3 + 3x 4 =7
b) 
3x1 + 2x 2 + x 3 + 2x 4 =6
4x1 + 3x 2 + 2x 3 + x 4 =5

5) Determinar o vetor solução dos sistemas lineares abaixo, através do método de Jacobi, com no
máximo 10 iterações:

a ) Com [ ] T
x ( 0) = 0 0 0 0 e E ≤ 10 −2

x1 − 0,25x 2 − 0,25x 3 = 0



− 0,25x1 + x 2 − 0,25x 4 = 0

− 0,25x1 + x 3 − 0,25x 4 = 0,25
− 0,25x 2 + x 4 = 0,25

b) Com [ ] T
x ( 0) = 1 3 1 3 e E ≤ 10 −2

5x1 − x 2 + 2x 3 − x 4 = 5

x1 + 9x 2 − 3x 3 + 4x 4 = 26

3x 2 − 7 x 3 + 2x 4 = −7
− 2x1 + 2x 2 − 3x 3 + 10x 4 = 33

6) Determinar o vetor solução dos sistemas lineares abaixo, através do método de Gauss-Seidel, com
no máximo 10 iterações:

a) Com [ ]
x ( 0) = 0 0 0 0 e E ≤ 10 −2
T

x1 − 0,25x 2 − 0,25x 3 = 0



− 0,25x1 + x 2 − 0,25x 4 = 0

− 0,25x1 + x 3 − 0,25x 4 = 0.25
− 0,25x 2 + x 4 = 0,25

b) Com [
x ( 0) = 0 0 0 0 0 e E ≤ 10 −2 ] T

10 x1 + 4 x 2 − x 3 + 3x 4 = 2
 − 8 x − 2 x + x − 3x = 5
 2 3 4 5
2 x1 − 4 x 2 + 7 x 3 = 13
− x + 2 x − 3x − 10 x + 2 x = 4
 1 2 3 4 5
2 x1 − x 2 − x 3 + x 4 − 7 x 5 = 7

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CAPÍTULO 4

INTERPOLAÇÃO

4.1 – INTRODUÇÃO

Muitas funções são conhecidas apenas em um conjunto finito de pontos de um intervalo [a, b] e não
se dispõe de sua forma analítica.

xi a = xo x1 x2 x3 ...... xn

f (x i ) f (x o ) f (x1) f (x 2 ) f (x 3 ) ...... f (x n )

A interpolação consiste em, a partir desses dados tabelados, aproximar f(x) para qualquer x ∈ [a, b]
por meio de outra função g(x) que satisfaça a condição:

f ( x i ) = g( x i ) para todo i = 0,1,2,3,..., n

As funções que substituem as funções dadas podem ser de tipos variados, tais como: exponencial,
logarítmica, trigonométrica e polinomial.
Estudaremos as funções polinomiais.

Por exemplo, para n = 3 , indicamos graficamente:

g(x)

f(x)

x
a = xo x1 x2 x3 = b

A necessidade de se obter a função interpoladora g(x) surge pelas situações:

1) Quando a expressão analítica de f(x) é muito complicada e exige muito esforço no seu manuseio
(ex: operações de integração e diferenciação);

2) Quando realmente só se conhecem os valores de f(x) para o conjunto de n pontos e é necessário


calcular o valor aproximado desta função em qualquer outro ponto x ≠ xi com x ∈ [a, b] (ex:
tabela de pontos obtida a partir de resultados experimentais).

Seja a função y = f ( x ) . Deseja-se determinar f ( x ) onde,

a) x ∈ [x o , x 3 ] e x ≠ x i para i = 0,1,2,3
Devemos fazer uma interpolação, ou seja, determinar um polinômio interpolador que é uma
aproximação da função tabelada.

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 38


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b) x ∉ [x o , x 3 ]
Devemos realizar uma extrapolação, ou seja, a função interpoladora não garante boa
aproximação.

4.2 – INTERPOLAÇÃO LINEAR

Dados dois pontos distintos de uma função y = f ( x ) : (x o , y o ) e (x1, y1 ) . Deseja-se calcular o


valor de y para um determinado valor de x entre x o e x1 .
O grau do polinômio interpolador é uma unidade menor que o número de pontos conhecidos. Neste
caso, o polinômio interpolador tem grau 1 (dados 2 pontos).

p1 ( x ) = a o + a1x

onde ao e a1 devem ser calculados de forma que se tenha:

p1 ( x o ) = f ( x o ) = y o
p1(x1) = f (x1) = y1

a o + a1x o = y o
 ao e a1 são incógnitas
a o + a1x1 = y1

1 x o 
A=  matriz dos coeficientes
1 x1 

O det A ≠ 0 , pois x o ≠ x1 (pontos distintos) solução única

Exemplo: Seja a função y = f ( x ) definida pelos pontos (0; 1,35) e (1; 2,94) , determine
aproximadamente o valor de f (0,73) .

p1 ( x o ) = a o + a1.0 = 1,35 a o = 1,35


p 2 ( x1 ) = a o + a1.1 = 2,94 1,35 + a1 = 2,94 a1 = 1,59

Logo, p1(x) = 1,35 + 1,59x

Então, p1(0,73) = 2,51

4.3 – INTERPOLAÇÃO QUADRÁTICA

Se, de uma função são conhecidos 3 pontos distintos, o polinômio interpolador será:

P2 (x ) = a o + a1x + a 2 x 2

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 39


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a o + a1x o + a 2 x o2 = y o 1 x o
 x o2 
 2  
a o + a1x1 + a 2 x1 = y1 A = 1 x1 x12  DetA≠ 0 (pontos distintos)
 2 1 x x 22 
a o + a1x 2 + a 2 x 2 = y 2  2 

Exemplo: Determine o polinômio que interpola os pontos da tabela dada a seguir. Calcule f ( 0,5) .
Verifique o resultado.

xi -2 0 2
f(xi) 18 4 6

Expressão do polinômio interpolador: P2 (x ) = a o + a1x + a 2 x 2

P2 (x o ) = a o + a1 (−2) + a 2 (−2) 2 = 18
P2 (x1 ) = a o + a1(0) + a 2 (0) 2 = 4
P2 (x 2 ) = a o + a1 (2) + a 2 (2) 2 = 6

− 2a1 + 4a 2 = 14
a o − 2a1 + 4a 2 = 18 
 4 − 2a1 + 4a 2 = 18 + 2a1 + 4a 2 = 2
a o = 4 
a + 2 a + 4 a = 6 4 + 2a1 + 4a 2 = 6 8a 2 = 16
 o 1 2
a2 = 2

2−8
2a1 + 4 × 2 = 2 a1 = a1 = −3
2

Logo, P2 ( x ) = 4 − 3x + 2 x 2
Então, P2 (0,5) = 3

Verificação:

Para x = −2 → P2 (−2) = 4 − 3 × ( −2) + 2 × (−2) 2 = 18 → 18 = 18


Para x = 0 → P2 (0) = 4 − 3 × (0) + 2 × (0) 2 = 4 → 4 = 4 OK

Para x = 2 → P2 (2) = 4 − 3 × (2) + 2 × (2) 2 = 6 → 6 = 6

4.4 – INTERPOLAÇÃO POLINOMIAL

As interpolações lineares e quadráticas são casos particulares da interpolação polinomial. Sendo


dados n + 1 pontos distintos, será determinado o polinômio interpolador de grau menor ou igual a n.

n
p n (x ) = a o + a1x + a 2 x 2 + ..... + a n x n ou p n (x ) = ∑ a i x i
i =0
Logo,

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a + a x + a x 2 + ..... + a x n = y
 o 1 o 2 o n o o
a + a1x1 + a 2 x1 + ..... + a n x1 = y1
2 n
s= o
M
 2 n
a o + a1x n + a 2 x n + ..... + a n x n = y n

ao, a1, a2, ......, na são as incógnitas, resolvendo-se o sistema tem-se o polinômio pn(x).

4.5 – ERRO DE TRUNCAMENTO PARA A INTERPOLAÇÃO POLINOMIAL

f ( n +1) ( x )
E T ( x ) = (x − x o )(x − x1 ) ..... (x − x n )
( n + 1)!
ou

E T (x) = f ( x) − p n (x)

Na interpolação linear, p( x ) = a o + a1x , aproxima a função f(x) para uma reta que passa pelos
pontos ( x o , y o ) e (x1, y1 ) , como mostra a figura abaixo:

p(x)
y1 f(x)
Et

yo

xo x x1
O erro de truncamento no ponto x depende de sua localização. Se x coincidir com x o ou x1 o
erro é nulo, pois,

f ( n +1) ( x )
E T ( x ) = (x o − x o )(x − x1 ) ..... (x − x n )
0 ( n + 1)!

Exemplo: Seja a função f ( x ) = senx , calcule p1(π / 2) e Et ( π / 2) pelas duas fórmulas.

Dados:
xi yi
p1(x) = 0,77 + 0,07x
1 0,84
2 0,91 p1(π / 2) = 0,88

1) Et = f (x) − p1(x) Et = f (π / 2) − p1(π / 2) = 1 − 0,88 = 0,12

Et ( x ) = (x − x o )(x − x1 )
f ' ' (x)
2)
2!

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 π   π  π  (−sen(π / 2))  1
Et  =  − 1 − 2  = (0,57).(−0,43). −  Et ( x ) = 0,12
 2   2  2  2  2

4.6 – INTERPOLAÇÃO DE LAGRANGE

Com o intuito de evitar resolução do sistema de equações lineares durante a determinação do


polinômio interpolador, pode-se representar pn(x) da seguinte maneira:

p n ( x ) = y o L o ( x ) + y1 L1 ( x ) + ....... + y n L n ( x )
ou
n
p n ( x ) = ∑ yi Li ( x )
i =0

Onde, Li(x) é um polinômio qualquer de grau menor ou igual a n com n + 1 pontos distintos conhecidos
(alguns coeficientes podem se anular).

( x − x o ).(x − x1 ).(x − x 2 )......(x − x i −1 ).(x − x i +1 )......(x − x n )


Li ( x ) =
( x i − x o ).(x i − x1 ).(x i − x 2 )......(x i − x i −1 ).(x i − x i +1 )......(x i − x n )
ou
n
∏ (x − x j )
j = 0, j ≠ i
Li (x ) =
n
∏ (x i − x j )
j= 0, j≠ i

logo

n n (x − x j )
p n (x ) = ∑ yi ∏ ( x
i=0 j= 0 i − x j)
j≠ i

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 42


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Exemplo: Determinar o polinômio interpolador de Lagrange para a função conhecida pelos pontos
tabelados abaixo e calcule p (1,5) . Verificar o resultado.

xi yi 3 3 (x − x )
∑ yi ∏ (x
j
0 4 p3 (x) =
1 2 i=0 j= 0 i − x j)
2 0 j≠ i
3 -6

( x − x1 ).(x − x 2 ).(x − x 3 ) ( x − x o ).(x − x 2 ).(x − x 3 )


p3 ( x ) = y o + y1 +
( x o − x1 ).(x o − x 2 ).(x o − x 3 ) ( x1 − x o ).(x1 − x 2 ).(x1 − x 3 )

( x − x o ).(x − x1).(x − x 3 ) ( x − x o ).(x − x1 ).(x − x 2 )


+ y2 + y3
( x 2 − x o ).(x 2 − x1 ).(x 2 − x 3 ) ( x 3 − x o ).(x 3 − x1 ).(x 3 − x 2 )

( x − 1).( x − 2).( x − 3) ( x − 0).( x − 2).( x − 3) ( x − 0).( x − 1).( x − 2)


p3 ( x ) = 4 +2 +0−6
(−1) (−2) (−3) (1) (−1) (−2) (3) (2) (1)

4
p3 ( x ) = − ( x 2 − 3x + 2)(x − 3) + x ( x 2 − 5x + 6) − x ( x 2 − 3x + 2)
6

4
p3 ( x ) = − ( x 3 − 3x 2 − 3x 2 + 9 x + 2x − 6) + x 3 − 5x 2 + 6x − x 3 + 3x 2 − 2x
6

2
p3 ( x ) = − ( x 3 − 6x 2 + 11x − 6) − 2x 2 + 4x
3

2 22
p3 ( x ) = − x 3 + 4x 2 − x + 4 − 2x 2 + 4x
3 3

2 10
p3 ( x ) = − x 3 + 2 x 2 − x + 4
3 3

p3 (1,5) = 1,25

Verificação:

2 10
p 3 (0) = − × 03 + 2 × 0 2 − × 0 + 4 = 4 → 4 = 4
3 3
2 10
p 3 (1) = − ×13 + 2 ×12 − ×1 + 4 = 2 → 2 = 2 OK
3 3
2 10
p 3 ( 2) = − × 2 3 + 2 × 2 2 − × 2 + 4 = 0 → 0 = 0
3 3
2 10
p 3 (3) = − × 33 + 2 × 32 − × 3 + 4 = −6 → − 6 = −6
3 3

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 43


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4.7 - INTERPOLAÇÃO COM DIFERENÇAS DIVIDIDAS (FÓRMULA DE NEWTON)

O polinômio pn (x) de grau menor ou igual a n que interpola f(x) em n + 1 pontos distintos pode
ser obtido através da expressão:

p n ( x ) = d o + d1 ( x − x o ) + d 2 ( x − x o )( x − x1 ) + ....... + d n ( x − x o )( x − x1 ).....( x − x n −1 )

Os coeficientes dk, com k = 0,1, 2,...., n são as diferenças divididas.

Tem-se que:
d o = f [x o ]
d1 = f [ x o , x1 ]
M
d n = f [ x o , x1, x 2 ,......, x n −1, x n ]

f[x o ] = f ( x o ) = yo

f[x ] = f ( x1) = y1
ORDEM 0 ⇒  1
M
f[x n ] = f ( x n ) = y n

 f ( x1 ) − f ( x o )
f[x o , x1 ] = x1 − x o

 f ( x 2 ) − f ( x1 )
f[x1, x 2 ] =
ORDEM 1 ⇒  x 2 − x1
M

 f ( x n ) − f ( x n −1 )
f[x n -1 , x n ] = x n − x n −1

 f [ x1, x 2 ] − f [ x o , x1 ]
f[x o , x1, x 2 ] = x2 − xo

 f [ x 2 , x 3 ] − f [ x1, x 2 ]
f[x1, x 2 , x 3 ] =
ORDEM 2 ⇒  x 3 − x1
M

 f [ x n −1, x n ] − f [ x n − 2 , x n −1 ]
f[x n - 2 , x n -1, x n ] = x n − x n −2

f [ x1, x 2 ,..., x n ] − f [ x o , x1,...., x n −1 ]


ORDEM N : f[x o , x1,....., x n −1, x n ] =
xn − xo

Assim,

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x ORDEM ORDEM 1 ORDEM 2 ORDEM 3


0
f ( x1 ) − f ( x o ) f [ x1, x 2 ] − f [ x o , x1 ] f [x o , x1 , x 2 , x 3 ] =
f [x o , x1 ] = f [x o , x1 , x 2 ] =
xo f (x o )
x1 f ( x1 ) x1 − x o x2 − xo f [ x1 , x 2 , x 3 ] − f [ x o , x1 , x 2 ]
x3 − xo
f ( x 2 ) − f ( x1 )
f [x1 , x 2 ] =
x2 f (x 2 )
x 2 − x1

f (x 3 ) − f ( x 2 ) f [ x 2 , x 3 ] − f [ x1 , x 2 ]
f [x 2 , x 3 ] = f [x1 , x 2 , x 3 ] =
x3 f (x 3 )
x3 − x 2 x 3 − x1

Exemplo: Construir a tabela das diferenças divididas e obter, pela fórmula de Newton, o polinômio
interpolador dos pontos dados na tabela abaixo. Verifique o polinômio encontrado.

xi -2 0 2
f(xi) 18 4 6

Na tabela tem-se n + 1 = 3 pontos conhecidos, logo n = 2 . O polinômio interpolador de f(x), pela


fórmula de Newton será dado por:

p 2 ( x ) = d o + d1 ( x − x o ) + d 2 ( x − x o )( x − x1 )

p 2 ( x ) = d o + d1 ( x + 2) + d 2 ( x + 2)( x − 0)

p 2 (x ) = d o + d1 (x + 2) + d 2 (x 2 + 2x )

Quando se tem n + 1 pontos conhecidos, pode-se calcular n diferenças divididas de 1ª ordem, n −1


de 2ª ordem e assim sucessivamente, até uma diferença dividida de ordem n.

n +1 = 3 2 dd de 1ª ordem
n=2 1 dd de 2ª ordem

x ORDEM 0 ORDEM 1 ORDEM 2


x o = −2 d o = f (−2) = 18 4 − 18 d 2 = f [x o , x1 , x 2 ]
d1 = f [x o , x1 ] = = −7
x1 = 0 f (0) = 4 2 1 − (−7) 8
d2 = = =2
x2 = 2 f ( 2) = 6 6−4 2+2 4
f [x1 , x 2 ] = =1
2

O polinômio será: p 2 (x ) = 18 − 7( x + 2) + 2( x 2 + 2x ) = 18 − 7 x − 14 + 2x 2 + 4x

p 2 (x ) = 2x 2 − 3x + 4
Verificação:
p 2 (−2) = 2(−2) 2 − 3(−2) + 4 = 18 → 18 = 18
p 2 (0) = 2(0) 2 − 3(0) + 4 = 4 → 4=4 OK

p 2 (2) = 2(2) 2 − 3(2) + 4 = 6 → 6=6

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EXERCÍCIOS

1) Calcule o número aproximado de habitantes de Belo Horizonte em 1975 usando os valores dados
pela tabela abaixo para os anos de 1970 e 1980.

Número de habitantes de Belo Horizonte nos censos de 1950, 1960, 1970 e 1980:

ANO 1950 1960 1970 1980


Habitantes 352.724 683.908 1.235.030 1.814.990

3) Dada a tabela abaixo:

xi 0 π/6 π/4 π/3 π/2


f(xi) 0,00 0,33 0,56 0,74 0,78

a) Determine uma função quadrática interpoladora e ache f(π/5).


b) Determine f(11π/18).

3) Utilizando os valores da função f ( x ) = x 2 − 3x + 1 , dados na tabela abaixo:

xi 0,5 1,0 1,5


f(xi) − 0,25 −1 − 1, 25

a) Determinar f(1,2) usando interpolação linear e calcular o erro de truncamento.


b) Determinar f(1,2) usando interpolação quadrática e calcular o erro de truncamento.

4) Calcular um valor aproximado de e 0,25 usando os valores abaixo e calcular o erro de


truncamento.

x 0,1 0,2 0,3 0,4


1,105 1,221 1,350 1,492
ex
a) usando interpolação linear.
b) usando interpolação quadrática

5) Obtenha o polinômio interpolador da função dada pela tabela.

xi 0 1 2 3
yi 4 2 0 -6

6) Determine o polinômio interpolador de Lagrange de acordo com a tabela.

xi 1 2 3
f(xi) 1 2 3

7) Determine o polinômio interpolador de Lagrange de acordo com a tabela.

xi -2 0 2
f(xi) 18 4 6
8) Construa a tabela de diferenças divididas e obtenha o polinômio interpolador da função
dada na tabela.

xi 0 1 2 3
f(xi) 4 2 0 -6

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9) Calcule pelo método de Newton o valor interpolado de f(1.26), usando um polinômio de


grau 2 e a tabela abaixo.

xi 0.5 0.7 0.9 1.1 1.3


f(xi) 4,0 3,0 4,5 3,5 5,0

10) Ajuste os pontos da tabela abaixo a uma parábola.

xk -2 -1 0 1 2 3
yk -3 -2 0 4 8 11

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CAPÍTULO 5

AJUSTE DE CURVA

5.1 – INTRODUÇÃO

O Ajuste de curva consiste no traçado de uma curva c mais próxima quanto possível do sistema de
pontos pi ( x i , yi ) com i = 1, 2,3,..., n .

y
c

y2

y1 yn
y3
x
x1 x2 x3 xn

k
A obtenção de uma função f ( x i ) que seja uma “boa aproximação” para os valores tabelados e que
permita extrapolar com certa margem de segurança é conhecida como função de ajuste.

Interpolação: a função interpoladora tem que coincidir com os pontos tabelados.

Ajuste: não é necessário que os pontos tabelados coincidam com a função ajuste, mas que a diferença
entre o valor de ajuste e o tabelado seja pequena.

5.2 – MÉTODO DOS MÍNIMOS QUADRADOS

Defini-se como resíduo do ajuste para cada ponto:

R k = f k (x k ) − f (x k ) p / k = 1,2,3,.... , n

O mmq determina que a função que melhor se ajusta aos m pontos dados é aquela para a qual a soma
dos quadrados dos resíduos seja mínima:

∑ [f k (x k ) − f (x k )] 2 → 0
m
R=
k =1

5.3 – AJUSTE A UM POLINÔMIO DE GRAU N

Para ajustar f(x) por um polinômio de grau n ≥ 1 , a função de ajuste deverá ter a seguinte expressão:
f k (x ) = a o + a1x + a 2 x 2 + .... + a n x n

Os coeficientes a o , a1, a 2 ,...., a n podem ser obtidos a partir da resolução do seguinte sistema:

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 m
 ∑ xk ∑ x 2k L ∑ x nk  a o   ∑ y k 
 
∑ x k ∑ x 2k ∑ x 3k L ∑ x nk +1   a1  ∑ x k .y k 
 
∑ x nk + 2  . a 2  = ∑ x k .y k 
2
∑ x k ∑ x 3k ∑ x 4k
2
L
 M M M M  M   M 
   
∑ x nk +1 ∑ x nk + 2 ∑ x k  a n  ∑ x k .y k 
  n
∑ x k
n 2n
L

Onde m é o número de pontos da tabala dada.

5.3.1 – Ajuste Linear

Exemplo: A tabela abaixo mostra o desempenho de um torno de parafusos em função de sua idade. Faça a
projeção anual de 5 até 8 anos.

t (anos) 1 2 3 4
p (parafusos/dia) 240 200 180 150

Fazendo um diagrama com os pontos dados, verifica-se que uma reta é um bom ajuste para a função
tabelada. Logo,
y
250
200
150
f k ( x) = a o + a1x
100
50
x
2 3 4
Construindo a tabela,1tem-se:

k xk x 2k yk xk.yk
1 1 1 240 240
2 2 4 200 400
3 3 9 180 540
4 4 16 150 600
∑ 10 30 770 1780

 m ∑ x k  a o   ∑ yk   4 10 a o   770 
 x 2.  =   10 30 .  a  = 1780
∑ k ∑ x k   a1  ∑ x k .yk     1  

4a o + 10a1 = 770



10a o + 30a1 = 1780
a o = 178 − 3a1
4(178− 3a1) + 10a1 = 770 712 − 12a1 + 10a1 = 770 − 2a1 = 58

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a1 = −29
f k ( x ) = 265 − 29 x
a o = 178 − 3(−29) a o = 265

Projetando a produção, tem-se:

t (anos) 5 6 7 8
p (parafusos/dia) 120 91 62 33

5.3.2 – Ajuste Para Casos Não Lineares

Em alguns casos, a função escolhida para ajuste pode não ser a polinomial. Para se aplicar o método
dos mínimos quadrados é necessário efetuar uma linearização através de algumas transformações
convenientes (substituição de uma ou mais variáveis por funções destas variáveis).

Exemplo 1: Ajuste Exponencial

y = a.e bx sendo y>0 y


20

ln y = ln a + ln e bx ln y = ln a + bx

Fazendo: z = ln y , a o = ln a e a1 = b 15

Tem-se a função linearizada: z = ao + a1x


10
Ajustar uma curva para os pontos da tabela

xk -1 0,1 1,5 3,3 4,5 5


yk 3,8 5,9 8,8 12 19,8

-1 1 2 3 4 5 x

O gráfico sugere um ajuste exponencial f * ( x ) = y = a.e bx .

Linearizando o modelo tem-se:

ln y = ln a + bx z = ao + a1x

xk -1 0,1 1,5 3,3 4,5


z = ln yk 1,34 1,77 2,17 2,48 2,99

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Para obter ao e a1, tem-se:

k xk zk
x 2k xk .zk
1 -1 1 1,34 -1,34
2 0,1 0,01 1,77 0,18
3 1,5 2,25 2,17 3,26
4 3,3 10,89 2,48 8,18
5 4,5 20,25 2,99 13,46
∑ 8,4 34,40 10,75 23,74

5 8,4  a o  10,75
8,4 34,40 ×  a  = 23,74
   1  

5a o + 8,4a1 = 10,75 a o = 1,68


 
8,4a o + 34,40a1 = 23,74 a1 = 0,28
Levando estes valores nas expressões deduzidas para o caso linear tem-se:

a o = ln a = 1,68 → a = e1,68 → a = 5,37


a1 = b = 0,28

Logo, f * ( x ) = 5,37 e0,28x

Exemplo 2: y = a.c bx sendo y > 0 , c > 0 e c ≠1

logc y = logc (a.c bx ) logc y = logc a + logc c bx

log c y = log c a + bx z = log c y



↓ ↓ ↓ a o = log c a
z ao a1 a = b
 1
Função linearizada: z = ao + a1x

Exemplo 3: y = a.b x sendo y>0

ln y = ln(a.b x ) ln y = ln a + ln b x

ln y = ln a + x. ln b z = ln y
↓ ↓ ↓ 
a o = ln a
z ao a1 a = ln b
 1

Função linearizada: z = ao + a1x

Exemplo 4: y = a.x b sendo y>0 e x>0

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ln y = ln(a.x b ) ln y = ln a + ln x b

ln y = ln a + b. ln x z = ln y
a = ln a
 o
↓ ↓ ↓ ↓ 
z ao a1 t a1 = b
t = ln x

Função linearizada: z = a o + a1t

1
Exemplo 5: y=
a + bx

1  1
y
= a + bx z = y

↓ ↓ ↓ a o = a
z a o a1 a = b
 1


Função linearizada: z = ao + a1x

Exemplo 6: y = a + b. cos x

y = a + b. cos x z = y
a = a
 o
↓ ↓ ↓ ↓ 
z a o a1 t a1 = b
t = cos x

Função linearizada: z = a o + a1t

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EXERCÍCIOS

1) Ajuste os dados da tabela ao modelo y = a.10 bx .


xk -1 0.1 1.5 3.3 4.5
yk 3.8 5.9 8.8 12 19.8

2) O número de bactérias (Y) por unidade de volume em cultura após (X) horas é apresentado na
tabela a seguir.

xi 2 3.5 6 8
yi 8.4 13 19 24

Ajuste os dados à curva y = a.x b e determine a quantidade de bactérias para x=10 horas.

3) Para a tabela abaixo, ajuste pelo método dos mínimos quadrados uma fórmula do tipo y = a.e kx .
xk 1 2 3 4 5
yk 7 11 17 27 41

4) Para os dados da tabela abaixo, ajustar pelo método dos mínimos quadrados uma fórmula do tipo
y = a.x b .
xi 2 3 3.5 4
yi 65 60 55 50

5) Ache a curva trigonométrica do tipo y = a + b cos( x ) pelo métodos dos mínimos quadrados para
a tabela abaixo.

xk 0.1 0.2 0.5 0.7 0.9 1.3


yk 2.31 2.29 2.24 2.17 2.10 1.95

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CAPÍTULO 6

INTEGRAÇÃO NUMÉRICA

6.1 – INTRODUÇÃO

Se uma função f(x) é contínua em um intervalo [a,b] e sua primitiva F(x) é conhecida, então a
integral definida desta função neste intervalo é dada por:

b
∫ f (x ) dx = F(b) − F(a) , onde F' ( x ) = f ( x )
a

Por exemplo:

3
2 x3
∫ x dx = 9 , pois, F( x ) = é uma função cuja derivada é f ( x ) = x
2

0
3

3
2 33 03
Assim, ∫ x dx = F(3) - F(0) = 3

3
=9
0

Em alguns casos o valor dessa primitiva F(x) não é conhecido ou é de difícil obtenção e, em situações
práticas, nem sempre se tem a função a ser integrada definida por uma fórmula analítica (mas definida por
tabela de pontos). Assim é necessária a utilização de métodos numéricos para calcular o valor da integral
definida f(x).
A seguir estudaremos dois métodos numéricos de integração: Método dos trapézios e Método de
Simpson.

6.2 – REGRA DO TRAPÉZIO

Consiste em substituir a função integrando f(x) por um polinômio interpolador de grau 1 que a
interpole nos extremos do intervalo de integração [a,b].

6.2.1 – Interpretação Geométrica

f (x)
P1(x)
f (x1)

f (x o )

a = xo b = x1
b = x1

IT = ∫ P1 ( x) dx =
h
[ f ( xo ) + f ( x1 )] = h ( yo + y1 ) área do trapézio da geometria
a = xo
2 2

A integral do polinômio interpolador é a área do trapézio de altura h e bases f(xo) e f(x1).

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6.2.2 – Erro de Truncamento

A diferença entre a integral exata de f(x) e a integral aproximada (trapézio) é o erro de integração:

h3
ET = − f " (c) , a ≤ c ≤ b
12
OBS:
a) f " (c) deve ser o maior valor de f " ( x ) , no intervalo [a,b].

b) Se f " ( c ) > 0 o erro na integração é por excesso e se f " ( c ) < 0 o erro na integração é por falta.

6.2.3 – A Integral pela Regra do Trapézio

A integral resultante da Regra do Trapézio será dada pela expressão:

3
I = IT + E T =
h
[f ( x o ) + f ( x1)] − h f "(c)
2 12

3,6
dx
Exemplo: Calcular, pela regra do trapézio o valor de I = ∫
3,0
x
1o) cálculo de IT:
xi f(xi)
1
f (x ) = 3,0 0,3333
x 3,6 0,2778

h = x1 − xo = 3,6 − 3,0 = 0,6

IT =
h
[f ( x o ) + f ( x1)] = 0,6 [0,3333 + 0,2778] = 0,18333
2 2
2o) cálculo de ET:

f ( x ) = x −1 f ' ( x ) = − x −2 f ' ' ( x ) = 2 x −3 xi f’’(xi)


3,0 0,074
3,6 0,043
h3 h3 2 0, 6 3 2
ET = − f " ( c) = − . 3 = − . = −1,333 × 10 − 3
12 12 x 12 27
3o) cálculo de I:

I = IT + ET = 0,1833 − 1,333 × 10−3 = 0,1820

Pelo cálculo integral (analiticamente):

3,6
dx
I= ∫ = ln(3,6) − ln(3,0) = 0,18232
3,0
x

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 55


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6.3 – METODO DOS TRAPÉZIOS REPETIDOS OU FÓRMULA COMPOSTA DOS


TRAPÉZIOS

Podemos constatar que quanto maior for o intervalo de integração, maior será o erro cometido pelo
método dos trapézios. Uma forma de se melhorar o resultado obtido (minimizar o erro) é subdividir o
intervalo [a,b] em n intervalos de amplitude h (partes iguais) e a cada subintervalo aplica-se a regra dos
trapézios.

f (x)

x o x1 x 2 x3 x4 x5 x6 x7 x8 x9 x10 L x
Somando a área dos n trapézios temos:

I TR =
h
[f ( x o ) + 2f (x1 ) + 2f ( x 2 ) + ... + 2f (x n −1 ) + f ( x n )]
2
O erro total cometido é a soma dos erros cometidos na aplicação da fórmula dos trapézios a cada
subintervalo.

ETR = E1 + E2 + ...+ En

(b − a )3
E TR = − f " (c )
12 .n 2

Assim: I = ITR + ETR


OBS: Quanto maior o número de subintervalos, menor será o erro.

Exemplo:

Calcular a integral abaixo utilizando a regra dos trapézios composta subdividindo o intervalo [a,b] em
6 subintervalos.

3,6
dx b − a 3,6 − 3,0
I= ∫ h= = = 0,1 xi f(xi)
3,0
x n 6 3,0 0,3333
3,1 0,3226
3,2 0,3125
1o) cálculo de ITR:
3,3 0,3030
3,4 0,2941
1 1 1
f (x ) = f ' (x) = − f ' ' (x) = 2 3,5 0,2857
3,6 0,2778
x x2 x3

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 56


Instituto Superior para Tecnologias de Informação e Comunicação - ISUTIC

I TR =
h
[f (x o ) + 2f (x1) + 2f (x 2 ) + 2f (x 3 ) + 2f (x 4 ) + 2f ( x 5 ) + f (x 6 )]
2

0,1
ITR = [0,3333+ 2.0,3226+ 2.0,3125+ 2.0,3030+ 2.0,2941+ 2.0,2857+ 0,2778] = 0,18235
2
2o) cálculo de ETR:

(b − a ) 3 (3,6 − 3,0) 3 2
E TR = − f " (c) = − × = −3,704 × 10 −5
12.n 2 12 × 6 2 27

3o) cálculo de I:

I = I TR + E TR = 0,18235 − 3,704 × 10 −5 = 0,182313

OBS: A precisão deste resultado é superior ao do método anterior.

6.4 – REGRA DE SIMPSON

Consiste em substituir a função integrando f(x) por um polinômio interpolador de grau 2


(parábola), que a interpole em 3 pontos igualmente espaçados xo, x1 e x2, onde, x o = a , x1 = a + h e
x2 = a + 2h = b .

f (x)

f (x1)
f (x o ) P2 (x)

a = xo x1 b = x2
h h

Is =
h
[f (x o ) + 4f (x1 ) + f (x 2 )]
3

h5
Es = − f ' ' ' ' (c )
90

I = Is + Es

3,6
dx
Exemplo: Calcular pela regra de Simpson o valor de I = ∫ .
3,0
x
xi f(xi)
3,0 0,3333
3,3 0,3030
3,6 0,2778

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 57


Instituto Superior para Tecnologias de Informação e Comunicação - ISUTIC

b−a
h= = 0,3
2

IS =
h
[f (x o ) + 4f (x1 ) + f (x 2 )] = 0,3 [0,3333 + 4 × 0,3030 + 0,2778] = 0,18232323
3 3

1 1 2 6 24
f (x ) = f ' (x) = − f ' ' (x) = f ' ' ' (x) = − f ' ' ' ' (x) =
2 3 4
x x x x x5

h5 0,35 24
ES = − f ' ' ' ' ( c) = − × = −2,6667 × 10 −6
90 90 3 5

I = IS + ES = 0,18232323− 2,6667×10−6 = 0,1823206

6.5 – REGRA DE SIMPSON REPETIDA

Deve-se substituir o intervalo de integração [a,b] em n subintervalos (n par) iguais de amplitude h


e a cada par de subintervalos aplicar a regra de simpson simples:

Área do 1o par de subintervalos:


h
[f ( x o ) + 4f ( x1 ) + f (x 2 )]
3
Área do 2o par de subintervalos:
h
[f (x 2 ) + 4f (x 3 ) + f ( x 4 )]
3
M
Área do último par de subintervalos:
h
[f ( x n −2 ) + 4f ( x n −1 ) + f (x n )]
3
Somando as áreas temos:

ISR =
h
[f (x o ) + 4f (x1) + 2f (x 2 ) + 4f (x 3 ) + 2f (x 4 ) + L + 2f (x n −2 ) + 4f ( x n −1 ) + f (x n )]
3

E SR = −
(b − a )5 f ' ' ' ' (c)
180 n 4

I = ISR + ESR

Exemplo: Calcular o valor da integral I aplicando a regra de Simpson repetida. Usar


n = 4.

2
I = ∫ ( x 2 + 2x + 1) dx
1 xi f(xi)
1,00 4,0000
1,25 5,0625
1,50 6,2500
1,75 7,5625
2,00 9,0000

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 58


Instituto Superior para Tecnologias de Informação e Comunicação - ISUTIC

b − a 2 −1
h= = = 0,25
4 4

ISR =
0,25
[4 + 4 × 5,0625 + 2 × 6,2500 + 4 × 7,5625 + 9] = 6,333333
3

f (x ) = x 2 + 2x + 1 f ' (x) = 2x + 2 f ' ' (x) = 2 f ' ' ' (x ) = f ' ' ' ' (x ) = 0

E SR = −
(b − a )5 f ' ' ' ' (c) = 0
180 n 4

I = ISR + ESR = 6,3333333

Analiticamente, o valor desta integral será:

2 2
x3
I = ∫ ( x + 2x + 1) dx =
2
+ x 2 + x = 6,333333
1
3
1

Referências Bibliográficas
RUGGIERO, M. A. G. e LOPES, V. L. R. - Cálculo Numérico: Aspectos Teóricos e Computacionais,
2. ed. Makron Books: São Paulo, 1997.

SPERANDIO, D., e outros. Cálculo Numérico: Características Matemáticas e Computacionais dos


Métodos Numéricos. Prentice Hall: Sao Paulo, 2003.

Créditos: Inatel – Instituto Nacional de Telecomunicações


Professora: Karina Perez Mokarzel

Disciplina de Cálculo Numérico – 1o Ano – 2º Semestre 59

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