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OS LIVROS DIDÁTICOS DE GEOGRAFIA NO NOVO

ENSINO MÉDIO: UM BREVE RESUMO


Danieli Gomes Cordeiro

A princípio, podemos falar sobre a Reforma do Novo Ensino médio como algo que
começou a ser implantado e aprovado a partir de 2017. Desde então, nós professores das
áreas de ciências humanas e principalmente do ensino de Geografia, nos perguntamos:
Para onde vão o ensino de Geografia e os livros didáticos no Novo Ensino médio?

A discussão é clara e juntamente com o texto escrito por José Vitor Rossi Souza e
Gabriel Pinto de Bairro, nos mostra o quão precisamos de uma análise documental,
ancorada em legislações e livros didáticos sobre o contexto atual da educação brasileira e
seus descaminhos e perigos que podemos passar por essa nova etapa no Novo Ensino
Médio (SOUZA; BAIRRO, p.58. 2017).

Sabemos dos possíveis impactos na construção do conhecimento geográfico deste nível


de ensino justamente pela mudança da formação dos livros de geografia em especial,
que serão apenas juntamente com um compilado de outras matérias em “área de
ciências humanas e sociais aplicadas”.

Adiante, podemos ao observar o texto que, as ideias de flexibilização e


desenvolvimentos de competências no Ensino Médio se perpassa desde muito tempo
dentro das políticas educacionais brasileiras, mas que somente se passou a ser mais
debatida recentemente (SOUZA; BAIRRO, p.58. 2017).

O Ensino de Geografia e os livros didáticos no Novo Ensino médio nos fazem novamente
ressaltar a ideia e reforça um pensamento um pouco preocupante de como ficará o ensino
dos conteúdos em Geografia, pois como o próprio texto fala:

Recuperando o que coloca a medida provisória 746/2016, há a


obrigatoriedade do “conhecimento do mundo físico e natural e da
realidade social e política”, o que se relaciona com o ensino de
Geografia na escola (FERREIRA; RAMOS, 2018). Porém, os
únicos componentes que são expressos, de fato, como obrigatórios
nessa etapa são Matemática e Língua Portuguesa (SOUZA;
BAIRRO, p.59. 2017).
Podemos ver que, componentes curriculares essenciais para a formação do estudante
como uma pessoa crítica e observadora do espaço a sua volta são deixados de lado.
Podemos dizer que isso de fato é uma negação dos conhecimentos historicamente
acumulados para a produção não só do pensamento geográfico em si, mas também de
outras disciplinas colocadas como não obrigatórios pelo Novo Ensino médio.

Além disso, ao decorrer do texto, documentos sobre a criação da BNCC e todo o


processo seletivo da construção dos livros didáticos e como isso impacta o processo de
financiamento das políticas públicas para a formação do mesmo, além dos conteúdos e
suas mudanças como mostra no trecho a seguir:

Ao passar o escopo da análise para os editais, observa-se que as


normas e as formas físicas (ou seja, o “corpo” do livro didático em
sua materialidade), por mais que não se alterem significativamente
nos últimos anos, têm sido alvo de sucessivas mudanças quando
analisados os aspectos qualitativos dos conteúdos. Mesmo antes da
adesão e da formulação da BNCC e do Novo Ensino Médio,
entende-se que as discussões acerca dos conteúdos na área do
conhecimento geográfico, por exemplo, reverberavam nos
conteúdo dos livros didáticos de Geografia SOUZA; BAIRRO,
p.61. 2017).
Por fim, podemos dizer que o texto faz muitas referências e críticas aos novos livros
didáticos aplicados para esse método de ensino recente, além de abordar questões
importantíssimas sobre o mercado de produção do livro didático, a relação livro-
mercadoria, mercadoria-educação entre várias outras pautas. O que nos incentiva ainda
a mais estudar e relacionar o mercado de trabalho com a educação do novo ensino
médio, pautada em ferramentas de acumulação de capital. E, ao final, os autores ainda
nos apresentam a seguinte questão:

Ademais, verifica-se que o livro didático de Geografia no nível do


Ensino Médio apresenta modificações de caráter apriorístico com a
consolidação da BNCC enquanto currículo oficial. Se o livro
didático, possui suas formas prescritas pelo currículo, sua
materialidade só se concretiza a partir dele, descrevendo-o e
ampliando-o em alcance nas escolas brasileiras. Assim sua
capilaridade é, também, a capilaridade do currículo oficial. No caso
da BNCC do Ensino Médio, o livro didático de Geografia também
perde sua forma como é conhecido atualmente, diluindo-se dentro
de uma “grande área”. O conhecimento geográfico, já não mais
posto enquanto especificidade de área do saber escolar da
Geografia, garante-se apenas enquanto aplicação dos conteúdos,
em busca da garantia das habilidades e competências, mediadas
mais pelos materiais didáticos do que pelos professores,
necessárias ao cumprimento dos percursos individuais dos
estudantes (SOUZA; BAIRRO, p.67. 2017).

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