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Helio de Oliveira Silva


2017
1

Todos os Dias,
até o Fim
Devocionais matinais em Atos

Helio de Oliveira Silva


2017
2

Dados da publicação

Copyright 2017 - Hélio de Oliveira Silva

Editora – //

Diagramação
Helio de Oliveira Silva

Revisão
Corretor do Word.

Capa
Hélio de Oliveira Silva
Foto da capa: Internet – Shutterstock.

CIP – Brasil – Catalogação

DIREITOS RESERVADOS

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2017 - pdf
3

Dedicatória:

Para você Ednéia,


porque muitas vezes quando acordei de manhã
a encontrei lendo a Bíblia.
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Índice

Prefácio ----------------------------------------------------------------------------------- 5

Introdução ------------------------------------------------------------------------------- 6
Na Dinâmica Missionária do Espírito Santo (Atos 1.8).
 Atos 1: Expectativas ----------------------------------------------------------------- 8
 Atos 2: Cumprimento ---------------------------------------------------------------10
 Atos 3: Nem Ouro Nem Prata, Jesus Cristo -------------------------------------12
 Atos 4: Por Causa do Nome de Jesus -------------------------------------------- 14
 Atos 5: O Que é Meu? ------------------------------------------------------------- 16
 Atos 6: Diáconos -------------------------------------------------------------------- 18
 Atos 7: Martírio --------------------------------------------------------------------- 20
 Atos 8: Perseguição e Hipocrisia ------------------------------------------------- 22
 Atos 9: Por Que Me Persegues? -------------------------------------------------- 23
 Atos 10: Prontos Para Obedecer -------------------------------------------------- 25
 Atos 11: Cristãos! ------------------------------------------------------------------- 26
 Atos 12: Oração Incessante ------------------------------------------------------- 28
 Atos 13: Enviados Pelo Espírito Santo ------------------------------------------ 29
 Atos 14: Convertidos Das Coisas Vãs ------------------------------------------- 31
 Atos 15: Controvérsias ------------------------------------------------------------- 33
 Atos 16: Tu e Tua Casa ------------------------------------------------------------ 34
 Atos 17: Três Cidades Diferentes ------------------------------------------------ 36
 Atos 18: Fala e Não Te Cales ----------------------------------------------------- 38
 Atos 19: Mais Tempo, Mais Mudanças ------------------------------------------ 40
 Atos 20: Pastoreai o Rebanho de Deus ------------------------------------------ 42
 Atos 21: Faça-se a Vontade de Deus --------------------------------------------- 44
 Atos 22: Até Essa Palavra --------------------------------------------------------- 46
 Atos 23: Coragem! Até o Fim ---------------------------------------------------- 47
 Atos 24: Causa Adiada ------------------------------------------------------------- 48
 Atos 25: Sem Palavras ------------------------------------------------------------- 50
 Atos 26: Persuasão ----------------------------------------------------------------- 51
 Atos 27: Naufrágio, Todos Salvos ----------------------------------------------- 53
 Atos 28: Mudando de Parecer ----------------------------------------------------- 54
Só Mais Uma Palavrinha ---------------------------------------------------------- 56
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Prefácio

Esse livro é fruto de um trabalho de doutorado aplicado pelo Dr. Elias


Medeiros com parte dos requisitos da matéria de Plantação e Revitalização
ministrada a cada dois anos no CPAJ em São Paulo. O Dr. Elias ensina com
muito amor e paixão pela obra missionária, nunca perdendo a oportunidade de
nos incentivar a falar de Jesus onde estivermos. Seu objetivo com esse trabalho
era demonstrar nossa dependência de Deus sempre e colocar em relevo a
importância do compromisso que líderes cristãos devem manter em suas vidas e
ministérios sempre; um compromisso piedoso e submisso a Deus.
Depois as devocionais foram ampliadas para serem publicadas no Boletim
semanal da Igreja Presbiteriana Jardim Goiás no ano de 2017. Sou grato ao Rev.
Dyeenmes Procópio de Carvalho, pastor efetivo da Igreja, por permitir a
execução desse projeto sem qualquer questionamento. Ele tem sido um
verdadeiro pastor para nós ali.
Agora essas pastorais são repassadas às suas mãos com a esperança que
despertem no seu coração uma ardente paixão missionária pela obra de Deus
confiada à suas mãos e aquele senso de urgência na execução da tarefa
profundamente presente naqueles que fazem a obra de Deus com amor.
Um outro propósito límpido dessas devocionais é mostrar Jesus Cristo
exaltando sua presença constante, fiel e pastoral, como prometeu que seria.
Lucas é sutil, mas intencional ao fazer isso em Atos, fazendo com que o cicio
suave da presença de Cristo à frente de sua obra missionária, seja como um
vento impetuoso que invade nossas almas.
A forma de escrever é simples e sucinta, indo direto ao ponto de cada
capítulo deixando as escrituras pastorear o coração.
Boa leitura!
6

Introdução

Pastoral:
Na Dinâmica Missionária do Espírito Santo (Atos 1.8)1
O propósito da doação do poder do Espírito é o testemunho do nome de
Cristo ao mundo, e não um equipamento para a nossa satisfação pessoal. Logo,
Devemos testemunhar a Cristo a partir de onde estamos, indo para
frente. Jesus fala: Jerusalém, abrindo para a Judéia e Samaria, indo até os
confins da terra. Aqui onde estamos hoje é o nosso ponto de partida. O desejo de
Deus é que cada um de nós e todos juntos como igreja local nos envolvamos na
tarefa da Grande Comissão. A visão missionária da nossa igreja não pode ser
apenas voltada para abrir mais uma igreja no próximo bairro, mas deve ser
comprometida com a evangelização da nossa cidade, do Brasil e do mundo
também.
O testemunho implica em simultaneidade de ação. Uma outra questão
levantada por Jesus é que o nosso compromisso missionário deve ser
simultâneo. Não podemos pensar em evangelizar primeiro Goiânia, depois o
Brasil e por fim um país após o outro, até chegarmos na última casa. Devemos
fazer isso tudo ao mesmo tempo! Note as expressões escolhidas por Jesus:
“Tanto em... como em... e até...” Devemos pregar onde estamos, devemos
investir recursos e enviar pessoas para onde não estamos.

Como fazer parte dessa dinâmica?


1º. Indo = de Jerusalém para frente. Todos fomos chamados a pregar onde
estamos! Todos somos missionários onde estamos! Todos somos missionários a
partir de onde estamos e para onde Deus nos mandar, seja em função das
missões por si, ou por causa de um novo emprego em um outro lugar.

2º. Orando = Mateus 9.38 nos conclama a rogar por mais trabalhadores para a
ceara. Um problema não é a falta de campo, mas a disposição para ir abrir os
campos. Queremos trabalhar em campos já abertos e com segurança e
estabilidade. Outro problema são as orações dos pais por seus filhos, tentando
convencer a Deus de não chamá-los para o ministério. É nosso dever orar pelos
países do mundo e pelos povos não alcançados, especificamente os da janela
10/40. É tempo de nossa Igreja assumir essa tarefa com mais responsabilidade!

3º. Contribuindo financeiramente com os nossos dízimos e ofertas


voluntárias. Muitas e tantas vezes reclamamos que tudo está tão difícil, mas não
deixamos de comprar bens materiais para nossas casas e fazer novas dívidas
como investimento em bens materiais e segurança para o futuro; ou até mesmo
1
Hélio O. Silva. Pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana Jardim Goiás, Goiânia-GO, Bel. Em Teologia pelo
Seminário Presbiteriano Brasil Central (SPBC-1990) e Mestre em Teologia Histórica pelo Centro de Pós-
Graduação Andrew Jumper (CPAJ-2004). Doutorando em Ministério (DMin.) pelo CPAJ. Professor de História
da IPB, História do Pensamento Cristão, História de Missões e Homilética no SPBC.
7

num sonho passageiro de uma viagem turística no exterior. É também nosso


dever investir planejada e financeiramente no reino de Deus. Quem tem feito
isso, tem testemunhado do cuidado providente de Deus na sua vida e até mesmo
para com as suas coisas e bens!
O texto não diz que é fazer uma coisa e deixar de fazer a outra. Lembre-se
que a dinâmica missionária do Espírito Santo em Atos 1.8 é a simultaneidade.
Todos devem ir; todos devem orar e todos devem contribuir financeiramente!

Conclusão: Como a nossa igreja vai participar? Só há uma resposta aceitável,


que é entrar nessa dinâmica missionária do Espírito Santo cooperando com a
simultaneidade da missão. Com a graça de Deus colheremos muitos frutos do
envolvimento integral. Devemos fazê-lo, porém, cientes que tudo é alimentado
pelo poder do Espírito como expressão de nossa fé na promessa de Cristo. O
fato é que aceitar o desafio missionário, tem um custo a ser pago; sacrifício e
consagração. Mudança de comportamento e submissão a Cristo. Se não
quisermos pagar o preço, nada acontecerá, e seremos apenas mais uma igreja
fria e sem visão da obra mundial de Deus. Por outro lado, se aceitarmos o
desafio de sermos de fato igreja de Deus onde estamos plantados, certamente
colheremos os frutos de Deus para as nossas vidas e seremos instrumentos úteis
nas suas mãos na evangelização mundial.
Nossa responsabilidade é participar da continuação da tarefa missionária
dada à Igreja por Cristo. Nosso tempo tem sido muito mais agraciado para a
completação da tarefa do que as gerações anteriores, tanto em termos
tecnológicos, como em termos de oportunidades. O que deve nos entusiasmar é
a verdade de que estamos muito mais próximos do término do que as gerações
anteriores a nós.
É certo que muitas portas estão fechadas, mas se contarmos com o poder
do Espírito, veremos que Deus é capaz de abrir portas fechadas da noite para o
dia, pois ele sempre trabalha por trás das portas e nos bastidores da história! Ele
providenciará tudo o de que precisarmos: Recursos, pessoas, visão e
oportunidades!
O joio e o trigo crescerão juntos, sejamos realistas, contudo, não deixemos
de ver o crescimento do trigo no meio do joio! Esse é o nosso trunfo! Que o
poder do Espírito venha sobre nós! Com amor; Pr. Hélio O. Silva (29/11/2003).

 Atos 1: Expectativas
8

Quero convidar aos irmãos para embarcarmos numa caminhada pelo livro
de Atos em 2017, visto que esse livro aponta para a nossa vocação de sermos
testemunhas vivas de Jesus onde estivermos. Vamos publicar no boletim uma
meditação para cada capítulo a fim de aprendermos a olhar para nossas vidas a
partir da Palavra de Deus.
Atos é a continuação do Evangelho de Lucas (o primeiro livro), mas
também é a continuação da obra de Jesus por meio do Espírito Santo
conduzindo sua igreja liderada pelos apóstolos, porque narra “as coisas que
Cristo começou a fazer e a ensinar” (v.1).

Expectativas quanto ao que vem


Atos 1 pinta um quadro de expectativas para a igreja quanto ao que virá
depois. Cristo está aqui entre nós; não mais morto, mas ressuscitado; não um
fantasma, mas alguém que come com os discípulos e os ouve (v.4); não calado,
mas falando das coisas concernentes ao reino de Deus (v.3); não oculto, mas
aparecendo aos discípulos durante quarenta dias. Ele dizia para que esperassem
em Jerusalém o cumprimento da promessa de Joel 2. O Espírito de Deus seria
derramado e todos seriam batizados por Cristo com o Espírito Santo. Por isso,
olhemos para o ano que vem com a expectativa de quem aguarda e confia na
Palavra de Deus. Ela sempre se cumprirá conforme ele diz.

Nossas expectativas precisam ter foco ajustado


O verso 6 é a deixa para Jesus Cristo ajustar o foco das expectativas de
seus discípulos. Eles continuavam vendo nele um Messias político, mas o seu
reino é diferente. Atos 1.8 é o esboço da obra de Cristo narrada em Atos. Eles
receberiam poder para serem testemunhas de Cristo simultaneamente em
Jerusalém, Judéia e Samaria, e até aos confins da terra! Para a igreja,
testemunhar a Cristo é mais prioritário que qualquer outro projeto. Nada tem
sentido para nós se o nome de Cristo não for o primeiro e ele receba todo o
louvor e toda a glória por tudo!
O que vai acontecer depois? Cristo foi elevado às alturas até desaparecer
da vista dos seus olhos! Precisamos ser alertados de que Deus se fará presente
sempre, todos os dias, como prometeu (Mt 28.18-20), mas não como será antes
(2 Co 5.14-17). Precisamos estar conscientes de que como ele se foi, também
voltará. Diante dos olhos dos seus discípulos foi para o Pai, diante dos olhos dos
discípulos voltará da parte do Pai (v.11 – Ap 1.7). Nossas esperanças e
expectativas estão focalizadas no que ele fez, faz e fará, pois, o nosso socorro
vem do Senhor que fez o céu e a terra, não permitirá que vacilemos e nos
guardará por todo caminho (Sl 121).

Nossas expectativas nos levam à preparação.


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Entre a ascensão do Senhor e o derramamento do Espírito no dia de


Pentecostes há um lapso de tempo de dez dias. Nesse intervalo de tempo a igreja
estava em Jerusalém, perseverando unânime em oração. Eles oravam; não para
que a promessa se cumprisse, mas porque a promessa iria se cumprir. Mas não
somente oravam, preparavam-se. A escolha de Matias (eleição) se deu nesse
período. A igreja busca entender, com base no Antigo Testamento, o caso de
Judas Iscariotes, e estabelece e usa pela primeira vez o critério da apostolicidade
(para ser apóstolo é necessário ser testemunha ocular de Cristo desde o batismo
de João até a ascensão de Cristo – v.21,22).
Desde o começo, a expectativa se concentra no final. A finalidade de
nossas vidas é estar com Cristo onde ele estiver. Para isso o aguardamos, para
isso vivemos nossa história aqui!
Com amor, Pr. Helio.
10

 Atos 2: Cumprimento
Um fato é fundamental quanto às promessas de Deus na Bíblia; elas se
cumprem como e quando ele anunciou. Os discípulos deveriam esperar em
Jerusalém porque a promessa seria cumprida, eles esperaram e ela se cumpriu.
Eles esperaram em oração e colocando em ordem as primeiras coisas. Então o
dia chegou!

É preciso perguntar pelo significado das coisas


Chama-me a atenção que ninguém se ausentou da reunião no dia de
Pentecostes. Não faltou nenhum! Não houve vento, mas o som de vento. As
línguas não eram estranhas, mas estrangeiras, idiomas falados entre as nações
conhecidas por todos os presentes (v.6). Os sentimentos são interessantes:
perplexidade (v.6), atônitos e admiração (v.7), que levavam a uma pergunta
chave: “Que quer isto dizer?” (v.12).
Deus é sábio, ele alvoroça o coração para nos conduzir a um ponto de
decisão. Mesmo assim, Lucas deixa claro que muitos “outros” ignoram os fatos
completamente.
Um esboço simples do sermão de Pedro: (1) Não estamos embriagados –
v.14-15; (2) Cumpriu-se a profecia de Joel – v.16-21; (3) O significado da
ressurreição de Cristo é que Deus o fez Senhor e Cristo! – v.22-36. Quando
Deus aplica a sua Palavra ao coração, ele é compungido e deseja mudar (v.37).

Sabendo das coisas é preciso tomar decisão.


Depois de saber o significado (v.12), é preciso saber o que fazer (v.37).
Todos os que aceitaram a palavra receberam esclarecimentos adicionais e foram
batizados (v.40).
Se cada apóstolo batizou 250 pessoas por aspersão, porque por ali não
tinha nem rio nem piscinas; e gastou três minutos para cada um, e se os doze
batizaram ao mesmo tempo, então é possível que tenham gasto uma hora e meia
batizando as três mil pessoas e o culto de pentecostes tenha terminado por volta
das quinze ou dezesseis horas. Nem imagino como seria se fosse por imersão!

Depois de tomar a decisão certa, é preciso perseverar!


O que vem a seguir é perseverança; na doutrina, na comunhão, no partir
do pão e nas orações. Essa perseverança era diariamente, embebida de
unanimidade, temor, fé, solidariedade, alegria e singeleza de coração, louvor a
Deus. Como a igreja de nosso tempo precisa conhecer a combinação disso, para
que as portas da simpatia popular enriqueçam a evangelização!
Esse texto é muito didático, pois nos ensina a perguntar pela razão das
coisas, exorta-nos a decidirmos positivamente em favor daquilo que
11

compreendemos pela exposição das escrituras, e finalmente, nos convida à


perseverança, que nos dá mais experiência e mais esperança (Rm 5.3,4).
Com amor, Pr. Helio.
12

 Atos 3: Nem Ouro Nem Prata, Jesus Cristo!


Qual é foco de nossa fé? Qual a base de sustentação da vida cotidiana da
igreja? A base e o foco é Cristo sempre. Como curar um paralítico sem ter
dinheiro? Quanto seria necessário para custear pernas que funcionam? Pedro
deve ter pensado nisso enquanto “fitava” o paralítico pedinte (v.4). A fé cristã
não é fé cega e não pode se esquivar dos necessitados e suas necessidades. Mas
é um fato que não temos recursos suficientes para socorrer a todos com os quais
nos deparamos pelo caminho. A lição do texto é que devemos dar o que temos e
sempre colocar o foco no fato de que Cristo é quem suprirá nossas necessidades
bem como nos capacitará a socorrer àqueles que precisarem de nós.
Por outro lado, quem pede tem a expectativa de, pelo menos, “receber
alguma coisa” (v.5). Muitos vêm às igrejas querendo receber alguma coisa
movidos por interesses pessoais e outros por puro desespero mesmo. Muitos
vêm procurar recursos materiais para satisfazer suas necessidades, mas Deus nos
enviou para oferecer algo melhor, o Evangelho. Nem todos que abraçam o
evangelho receberão cura física, mas é fato que muitos a receberam, e ainda
outros vão receber. Se atentarmos bem para o caso desse homem coxo, é claro
que ele nem pensava na cura, que sua enfermidade era até sua forma de ganhar a
vida. Ele queria apenas alguma coisa, alguma esmola!
A igreja sempre oferecerá Cristo (v.6). Pedro se lembrou da experiência
da multiplicação dos pães (Jo 6) e de outros milagres de Cristo. Por isso,
ofereceu Cristo, o único capaz de dar as duas coisas: Salvação e cura! Quem
recebe dele a primeira, terá a cura garantida, ainda que seja somente na
ressurreição, mas a terá. Quem recebe só a segunda, a terá só para essa vida!
Pois não conhecerá a vida eterna, e sem imperfeições, com Deus. Oferecer a
Cristo não é somente orar e pronto, mas significa procurar socorrer, dar auxílio,
e contar com a intervenção divina naquilo que não pudermos fazer.
Não é o nosso próprio poder e piedade que nos move, mas Cristo (v.12).
O foco é tirado do milagre em si para aquele que o realizou e por que. A própria
fé que recebe a cura “vem por meio de Jesus” (v.16). Pedro, consciente de qual é
o foco principal da fé cristã, introduz a mensagem do evangelho e convoca a
todos ao arrependimento (v.19).
Muitas igrejas já perderam o foco. Não pregam a Cristo, mas pregam a
cura e a si mesmos como os únicos veículos de Deus para uma vida boa na terra.
Não pregam o sangue de Cristo, mas o seu próprio sangue numa toalha como o
meio de Deus abençoar materialmente os interessados em bênçãos materiais e
prosperidade financeira aqui na terra.
Nem ouro, nem prata, nem nada! Somente Cristo. Ele é o único capaz de
curar e salvar. Ele é o único que deve receber todo o crédito. Quando fitarmos as
pessoas necessitadas temos de lembrar disso para não oferecer um evangelho
mentiroso e cioso pela oportunidade do marketing às custas do próximo. O lucro
13

do evangelho é a salvação que vem pelo arrependimento aos pés da cruz, não a
ascensão social e a propaganda dos próprios méritos. Exaltar a igreja é pura
vaidade que Deus condena. Oferecer Cristo é tudo que realmente importa.
Com amor, Pr. Helio.
14

 Atos 4: Por Causa do Nome de Jesus


Atos 4 descortina para os cristãos uma lição que devemos aprender cedo na
caminhada da fé. O mundo odeia os seguidores de Cristo. Cristo já havia
avisado aos discípulos que como o mundo o odeia, odiará a sua igreja também
(Jo 15.18,19). Por que é assim? O mundo odeia a Cristo porque ele dá
testemunho de suas obras más (Jo 7.7). O mundo odeia a igreja, porque ela
pertence e ama a Cristo (Jo 15.19). Atos 4 é a ilustração prática de como isso
acontece e quando.

Tudo o que a igreja faz é por causa e em nome de Jesus (v.10).


Há uma estreita relação entre as obras de Cristo e as obras da igreja. Essa
relação não pode jamais ser escondida ou camuflada. Pedro deixa claro que
tanto a motivação como a realização da cura do paralítico foi Jesus Cristo e para
a glória dele. A preocupação de Pedro é testemunho e não propaganda. Jesus
Cristo é a pedra angular da igreja que foi rejeitada pelo mundo religioso, cultural
e intelectual. Quem se posiciona ao lado de Cristo está “contra mundum”. Isso é
um fato histórico e teológico. Quando nos tornamos cristãos assumimos essa
posição, pois não salvação em nenhum outro debaixo do céu (v.12 – decore esse
verso!).

Tudo o que a igreja sofre é por causa do nome de Jesus (v.21,27). A


igreja cura, prega e cuida; a igreja é presa, sofre ameaças e oposição. Talvez não
conheçamos o sofrimento e a perseguição como nossos irmãos no Oriente
Médio conhecem, mas somos solidários a eles na condição de recebermos
oposição por causa do evangelho. O mundo tolerante nos considera intolerantes.
O mundo Eclético (conciliador de várias doutrinas) nos considera alienados,
incômodos. Quem conhece as Escrituras sabe que o que está por vir não é
refresco!

No final, o propósito soberano de Deus se realiza por meio de Jesus


(v.28) e tomamos consciência de que o nosso papel nisso tudo é anunciar o
evangelho com intrepidez (v.29). Pregar com intrepidez é uma concessão divina
que precisa tramitar nas nossas orações coletivas. Oramos por tantas coisas
particulares a nós. Precisamos orar juntos pela pregação do evangelho do lado
externo do templo. Pregar do púlpito é algo agradável e seguro. Lá fora é que
está o verdadeiro desafio! Por isso precisamos orar juntos pela pregação.

Enquanto Deus realiza sua obra e o nome de Jesus triunfa (v.30). O


que chama a atenção no verso 31 é que tremeu o lugar! Mas o que deveria
chamar a atenção mesmo é que TODOS eles ficaram cheios do Espírito Santo e
pregavam a Palavra com intrepidez. Pedimos a Deus intrepidez para os nossos
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pregadores, mas deveríamos pedir intrepidez para todos! Anunciar a Palavra é


uma tarefa simples, que significa dizer o que aconteceu; transmitir uma notícia.

A notícia que transmitimos é a boa notícia (evangelho = boa nova) de que


Deus em Cristo tratou do perdão de nossos pecados na cruz do Calvário e agora
nos chama a recebê-lo como nosso único, pessoal e suficiente salvador. Único
porque não há outro (v.12); pessoal porque ele salva a cada um de nós (1 Tm
1.15) e suficiente, porque não precisamos de nada mais, de ninguém mais, nem
de acrescentar mais nada ao que ele já fez por nós.

Faça assim: 1) Ore pela igreja perseguida; procure saber a respeito. 2) Ore
pela pregação do evangelho dentro e fora do templo. 3) Ore pelo seu testemunho
pessoal do Evangelho.
Com amor, Rev. Helio.
16

 Atos 5: O Que é Meu?


Atos 5 começa em 4.32. A doação do Espírito Santo produz tanto
intrepidez na pregação como também generosidade no coração. A fé não era
imposta por uma pregação agressiva e violenta, mas conquistava o coração pelo
comportamento altruísta motivado pela gratidão a Deus. Por essa razão, dentro
da igreja deve haver desprendimento do materialismo secular para nos
ocuparmos do serviço de Deus e cuidarmos uns dos outros. Essa liberalidade
não foi imposta, mas acontecia voluntariamente: “Ninguém considerava
exclusivamente sua nenhuma das coisas que possuía” (4.32). Bondade
voluntária é o mesmo princípio ensinado por Paulo a Filemom no caso da
alforria de Onésimo da escravidão (Fm 14). O consumismo nos escraviza
impondo o conceito do apego exagerado às coisas e aos bens; o cristianismo nos
liberta propondo a prática de uma bondade agradecida e de um desapego
generoso para servir aos outros por amor a Deus. Consumismo e bondade não
combinam no cristianismo. O primeiro impõe a cobiça do egoísmo; o segundo
propõe o desapego pelo amor altruísta.
A doação de Barnabé é um exemplo positivo disso; enquanto que o caso
de Ananias e Safira é um exemplo do risco que se corre de mentir sobre isso. Na
vida cristã existirão “entretantos” (5.1) que precisarão receber disciplina; não
por causa da obrigatoriedade, mas por causa da hipocrisia mentirosa (5.4). A
disciplina é um expediente da vida interna da igreja para manter a pureza de sua
consagração; a transparência de suas intenções e a honestidade de suas ações.
Lucas chama a nossa atenção ao fato de que pecados não acontecem
somente inadvertidamente, pois alguns deles são planejados minunciosamente.
Foi o que fez esse casal; planejou mentir e se dar bem quanto ao seu status
dentro da igreja. Não pode ser assim. Não podemos permitir que se instale no
seio da igreja o mesmo tipo de inveja que motiva os inimigos de Deus a agirem
contra o evangelho que a igreja prega (5.17). A instrução de Deus é que a igreja
persevere na sua tarefa de anunciar “as palavras desta Vida” sem arredar o pé
(5.20) sem deixar de cuidar dos que precisam de socorro.
Tudo é de Deus e nosso deve ser o arrependimento e a remissão dos
pecados pela concessão de Deus em Cristo (5.31). Não podemos agregar
qualquer tipo de status possuído ou pretendido à nossa consagração, pois ao
fazê-lo podemos perder o rumo da história e sermos encontrados lutando contra
Deus (5.39), que é quem realmente governa todas as coisas. Nossa verdadeira
alegria é viver, ensinar e pregar a Cristo sem medo das afrontas ao seu nome
(5.42).
No final das contas, o que é meu, então? Tudo que tenho é
estrategicamente meu e nada do que tenho é exclusivamente meu; tudo é de
Deus, mas eu posso usar e também desfrutar. Posso usar criteriosamente, a fim
de poder socorrer o próximo, o irmão, quando ele precisar. Todavia, essa é uma
17

consciência que só aprenderemos se conhecermos a graça de Jesus Cristo, que


sendo rico, se fez pobre por amor de nós, para que pela sua pobreza, nós nos
tornássemos ricos (2 Co 8.9).
Com amor, Pr. Helio.
18

 Atos 6: Diáconos
A diaconia e o diaconato surgiram em função da necessidade de a igreja
organizar-se melhor a fim de servir melhor.
A igreja precisa encontrar um princípio de razoabilidade que não permita
menos dedicação à pregação da Palavra, ao mesmo tempo em que não permita
discriminação no serviço a ser prestado ao povo de Deus. Tanto a Palavra
quanto as necessidades precisam receber o devido suprimento.
A solução é fortalecer e diversificar a liderança. Mas os diáconos não
serão apenas porteiros e “garçons”, também estarão envolvidos com a pregação
da Palavra. Estevão é o exemplo bíblico do ministério diaconal. Lucas não foi
desatento ao mostrar que o ministério de Estevão era profundamente
evangelístico, pelo contrário, tudo o que a igreja faz desemboca no testemunho
de Jesus Cristo!
Analisando a história da igreja nas Institutas, Calvino aponta para o fato
de que os diáconos administram o cuidado devido aos pobres. Para isso
recebiam as ofertas diárias dos fiéis e os proventos anuais da igreja, destinando-
as ao seu verdadeiro fim, isto é, uma parte para o sustento dos ministros e outra
para os pobres, prestando contas anuais do que foi entregue à sua administração
(Inst.IV.V,5). Nesse ministério ainda cabia aos diáconos administrar as rendas,
as propriedades, os utensílios e as esmolas diárias. Eles faziam a leitura do
evangelho, a exortação do povo por ocasião das orações e a distribuição dos
elementos da ceia nos cultos (Inst. IV.V,5).

O diaconato da igreja de Genebra administrava duas instituições criadas


para o cuidado dos pobres da cidade.
(1) O Hospital Geral. Os diáconos se reuniam bem cedo aos domingos,
para analisar o funcionamento do Hospital e deliberar sobre a assistência a
famílias carentes específicas. A administração diária do Hospital estava confiada
ao hospitaleiro, que residia no próprio local e supervisionava o programa de
assistência aos muitos necessitados que ali residiam, tais como órfãos, menores
abandonados, deficientes físicos e anciãos. O hospitaleiro organizava equipes de
cozinheiros que faziam pão e vinho para os internos. Seus outros auxiliares eram
um professor para as crianças, um barbeiro-cirurgião e um farmacêutico que
prestavam assistência médica e serventes encarregados de tarefas mais simples.
(2) o Fundo para os Estrangeiros Franceses Pobres (Fundo Francês).
Criado em 1545, para angariar fundos junto aos refugiados ricos e utilizá-lo para
dar assistência aos refugiados carentes.

Nas Ordenanças Eclesiásticas, Calvino preocupa-se em que os diáconos


sejam munidos de recursos suficientes para a execução de seu ofício junto aos
necessitados e que se houver falta, sejam feitos os ajustes necessários conforme
19

a necessidade. Calvino tem o ofício diaconal em alta conta, pois grande parte do
pensamento social de Calvino tem origem nas suas considerações sobre o
diaconato praticado em Genebra.
O ministério diaconal não aparece como outros ministérios aparecem na
liturgia da igreja, mas a sua importância é um dos esteios do amor cristão de uns
para com os outros na igreja.
Com amor, Pr. Helio.
20

 Atos 7: Martírio
O primeiro mártir da igreja não foi nem um apóstolo e nem um presbítero,
foi um diácono. O ofício diaconal não é um estágio preparatório para o
presbiterato ou pastorado; nem um berçário onde estes são formados, já dizia
Calvino nas Institutas. A diaconia é, antes de tudo, o ofício do cuidado fraternal
da igreja para com os necessitados, doentes, carentes e marginalizados. A
diaconia da igreja são os seus braços amorosos cuidando do povo de Deus. Os
diáconos existem na igreja como líderes que atuam no governo da igreja no que
diz respeito ao suprimento de necessidades emergentes que atentam contra a
integridade do testemunho cristão. Por isso o ofício diaconal precisa ser
considerado em alta conta por todos nós, e desempenhado com criterioso zelo
pelos que foram eleitos pela igreja!
O testemunho e a defesa de Estevão são cristocêntricos e cristológicos.
Não importam reputação e protocolos. Diante da imperiosa tarefa de sermos
testemunhas de Cristo a única alternativa é anunciá-lo, testemunhá-lo e colocá-
lo no centro.
As falsas acusações contra Estevão eram as mesmas levantadas contra
Jesus Cristo perante o mesmo Sinédrio. A resposta à capciosa pergunta do sumo
sacerdote “porventura, é isto assim?” (v.1) só poderia ser a reafirmação da
história da redenção centralizada no cumprimento das profecias bíblicas em
Jesus Cristo.
Diante da morte iminente apenas uma atitude: Testemunho firme. Note-se
que dessa vez o Sinédrio nem se preocupou em buscar a permissão de Pilatos
para executar esse diácono da igreja.
Em meio à dor excruciante do apedrejamento Estevão recebe de Deus
uma visão consoladora: Ele vê a Cristo de pé ao lado trono de Deus. Consola-
nos saber que o Espírito nos encherá diante da morte e que atrás e acima dela
estará o Salvador de pé nos esperando para nos receber. Na hora da morte o
Salvador nos capacitará a enfrentá-la sem medo, porque nossa esperança de
salvação é garantida por ele, e ele pessoalmente cuida de todos os que confiam
nele e nas suas promessas que não falham.
Estevão não buscou o martírio, mas com ele testemunhou a sua fé! Na
história posterior do cristianismo, o martírio tornou-se um valor e uma virtude
que podiam expressar tanto a consagração quanto o oportunismo de muitos. Por
isso a igreja entendeu que o martírio digno não é aquele que é buscado, mas
aquele que nos alcança. A igreja entendeu que morrer por causa da fé não é
vergonha, mas privilégio; e que o sofrimento por causa do nome de Jesus
sempre acompanhará a igreja enquanto formos fiéis no testemunho cristão.
Tertuliano, no segundo século, cunhou uma frase que define o valor do
martírio para a igreja: “O sangue dos cristãos derramado nas arenas é a semente
21

do evangelho. Quantos mais cristãos forem mortos nas arenas, mais pessoas
serão convertidas nas arquibancadas”. Foi o que aconteceu.
Paulo disse que os diáconos que desempenarem bem o seu ministério são
dignos de receber a honra e a justa proeminência e muita intrepidez na fé em
Cristo (1 Tm 3.13), porque os diáconos sempre comporão a linha de frente do
testemunho cristão. Honremos adequadamente os nossos diáconos, eles cuidam
de nós!
Com amor, Pr. Helio.
22

 Atos 8: Perseguição e Hipocrisia


Lucas traçou um plano bem definido para organizar o seu relato da
história inicial da igreja para seu amigo Teófilo (1.1). Ele subdividiu a narrativa
em três partes bem distintas: O evangelho em Jerusalém (1-7); O evangelho na
Judéia e Samaria (8-12) e o evangelho até aos confins da terra (13-28). Os
versos um a quatro são uma conclusão necessária da primeira parte e uma
transição adequada para a segunda seção de Atos (8.4-12.25). Também introduz
uma personagem muito importante na história da igreja: Saulo. Saulo inicia a
sua jornada como um insolente perseguidor da igreja (1 Tm 1.13), mas a
terminará como uma de suas mais fiéis testemunhas.

A perseguição em Jerusalém propiciou a evangelização do resto da Judéia


e de Samaria. A igreja sempre enfrenta dois inimigos persistentes: Perseguição e
a fé hipócrita, movida por interesses, como a de Simão, o mágico. A perseguição
é um inimigo externo, mas a hipocrisia é sempre um inimigo interno, a
perseguição prova nosso valor, mas a hipocrisia, prova a nossa integridade.
O valor da fé é fortalecido na perseverança e na paciência com que
enfrentamos o sofrimento. Atravessar provações firmes na fé aumenta nossa
maturidade e esperança (Rm 5.3,4). A integridade expõe transparentemente a
força vibrante da fé verdadeira. Sem integridade nosso testemunho não tem nem
força e nem valor!

A integridade é espelhada no ministério cristocêntrico de Filipe. Ele é


ousado, atuante, sem ser ativista; e fiel à palavra sempre. Na evangelização do
Eunuco etíope, Filipe começa por Isaías e apresenta o evangelho de Cristo com
segurança e precisão. Mas o contexto também mostra que o único foco de seu
ministério é anunciar a Cristo.
Chama a atenção, mais uma vez, o ministério evangelístico de um
diácono. Embora o ofício diaconal não tenha como exigência o ensinar, o
testemunhar e o evangelizar não lhe são subtraídos. A diaconia não é apenas
serviço social misericordioso, é também proeminentemente evangelístico!
Na história e na vida da igreja, todos são missionários e por isso todos
devem evangelizar. A evangelização tem dois fatores básicos, a proclamação da
palavra e o testemunho. Testemunhar é falar o que Cristo fez por nós e como nos
conquistou pessoalmente para o Evangelho. Proclamar é ensinar e explicar a
Palavra para que entendam o evangelho que salva. Testemunho e proclamação
andam juntos. Experiência real com Deus associada ao conhecimento e estudo
da palavra estão unidos na evangelização, no anúncio da boa nova de salvação
para todo aquele que crê (Jo 3.16) e que recebeu a Cristo como Senhor de sua
vida (Jo 1.12).
Com amor, Pr. Hélio.
23

 Atos 9: Por Que Me Persegues?


Como é possível conhecer tanto das escrituras e não conhecer o Senhor?
Como é possível ser religiosamente consagrado e ainda assim permanecer na
perdição? Como é possível perseguir a verdade tentando servir à própria
verdade? Talvez, a pergunta do Senhor a Saulo gravite em torno dessas
ponderações. Saulo respira ameaças contra o evangelho e movido por elas o
persegue. Seu zelo religioso é a prova de que os méritos não só não nos salvam
como podem nos afastar ainda mais dela!
Saulo não conhecia o Evangelho dentro da Lei, e, por isso, não conhecia a
salvação pela graça somente. Muitos acreditam que a relação do evangelho com
a Lei nas Escrituras é antagônica: Lei X Graça. Entretanto o ensino correto das
escrituras é outro: Lei e Evangelho. Eles não se anulam, nem competem entre si
por nossa salvação. Eles são complementares. Lei e Evangelho se completam a
nosso favor. O propósito da Lei era prioritariamente apontar o evangelho e
tornar clara a nossa necessidade de um mediador perfeito, sem pecado, aprovado
por Deus. Esse mediador é Jesus Cristo, o único nome dado entre os homens
pelo qual importa que sejamos salvos (Atos 4.12; Jo 14.6). A salvação sempre
foi pela graça somente, tanto na dispensação da Lei quanto na dispensação da
graça.
Quantos andam como Saulo nas igrejas contemporâneas! Todavia, A
graça quebra irresistivelmente qualquer grilhão que escraviza; qualquer um! O
Evangelho faz do perseguidor, perseguido por amor a Cristo; traz ao paralítico
uma nova esperança e devolve à vida quem já estava morto. A conversão do
perseguidor, a cura do enfermo crônico e a ressurreição da serva, são milagres
inexplicáveis, incompreensíveis, mas igualmente maravilhosos! Não posso
perseguir nem negar um evangelho assim, só abraçá-lo e proclamá-lo.
O caminho de Damasco pois fim à insolência e à ignorância blasfematória
de Saulo. Depois disso, por vários séculos, aquele caminho representou o
caminho da mudança e da conversão. Hoje, muito tempo depois, o caminho de
Damasco é a caricatura da desolação e de novo se tornou o caminho da
insolência, da blasfêmia e da ignorância.
A Síria clama pela experiência da conversão e da mudança. Ela precisa de
novos missionários que atravessem aquela estrada outra vez. Para levar o perdão
ao coração de pessoas que nasceram e cresceram longe do evangelho e da graça;
que foram educadas desde pequenas a odiar o evangelho e seus seguidores.
A Síria precisa se tornar novamente a porta pela qual o Evangelho brilhará
no oriente médio outra vez. Ore por isso, viva para isso!

Oração: Senhor, suplicamos o teu favor pela Síria e seu povo. Rogamos
que tu ponhas fim à guerra, ao ódio e à exploração do pobre e necessitado.
Pedimos que teu evangelho alcance aquele povo outra vez e que o Senhor nos
24

desperte para sermos teus instrumentos para que isso aconteça. Pedimos-lhe que
a experiência de Saulo se repita naquele caminho várias vezes e com muitas
pessoas que transitam por ali.
Desperta-nos como despertaste a Saulo. Converta-nos como o converteste;
convença-nos como o convenceste e usa-nos como o usaste. Em nome de Jesus
Cristo. Amém.
Com amor, Pr. Helio.
25

 Atos 10: Prontos Para Obedecer


Deus prepara as circunstâncias e as pessoas (v.33); ele realiza a sua
própria obra a seu próprio modo. Ele prepara os que vão ouvir e os que vão
falar. Na plantação de igrejas, os métodos considerados mais eficazes
empalidecem quando a graça é derramada irresistivelmente. Quem conhece o
Deus da Bíblia e de Jesus Cristo já aprendeu que o improvável ou o impossível
são parte de uma linguagem apenas nossa, não dele. Não barreiras para o seu
santo intento de salvar pecadores, pois seu evangelho penetra o impenetrável
(Hb 4.12).
Pode haver confusão da nossa parte a princípio, mas Deus mesmo se
encarrega de acertar as coisas e ensinar a correção de sua Palavra. Ele não faz
acepção de pessoas (v.34), por isso devemos atender o seu chamado
prontamente (v.29). O Evangelho não é um produto que controlamos, pois ele é
que deve nos controlar; levando e trazendo; ouvindo e falando, alcançando e
salvando. Critérios como fatores populacionais; densidade demográfica, índice
de desenvolvimento humano (IDH), riqueza, pobreza; periferia ou centro
urbano, embora possam ser considerados, não podem ser absolutamente
determinantes na evangelização. A razão para isso é muito simples e
biblicamente clara. Cristo não agiu assim e seus discípulos também não.
Em Cesaréia, o evangelho rompe finalmente a barreira racial entre judeus
e gentios. Essa é a razão porque a experiência do dom de línguas é igual: A
unidade da igreja ultrapassa toda e qualquer barreira racial. A experiência é a
mesma de Atos 2 porque o evangelho é o mesmo, não foi modificado. Mais uma
vez o foco é a morte e ressurreição de Cristo, que quebra as barreiras e
estabelece a paz (v.36) fazendo a unidade.
O evangelho diz respeito a Jesus de Nazaré, cheio do poder do Espírito
Santo, que andou por toda parte fazendo o bem e curando os oprimidos do
diabo, porque Deus era com ele (v.38). Nós somos suas testemunhas, para dizer
ao mundo que Deus o constituiu juiz de vivos e mortos (v.42) e que, por meio
dele, todo aquele que crê recebe o perdão de seus pecados (v.43). Não cabe a
nós escolher nosso público, pois Deus nos mandou pregar ao povo (v.42); não
cabe a nós decidir quem pode ou não pode ouvir; não cabe a nós decidir
culturalmente ou estrategicamente as nossas próprias prioridades. Ele mandou
pregar e nós devemos prontamente obedecer.
Com amor, Pr. Hélio O. Silva.
26

 Atos 11: Cristãos!


A igreja não está imune às influenciais culturais, raciais e econômicas de
seu tempo. Ela tem de lidar com tudo isso e manter seu testemunho fiel a Cristo.
A conversão da família de Cornélio narrada no capítulo anterior trouxe
novamente suspeita e dificuldades dentro da igreja de Jerusalém. Havia na igreja
grupos que defendiam suas ações cristãs a partir de sua raça, cultura e condição,
por isso questionaram a ação de Pedro em Cesaréia. Todavia, o testemunho
ordenado de Pedro apaziguou o coração da igreja em Jerusalém demonstrando
que a ação de Deus por meio do Espírito Santo supera todas essas coisas. Raça,
cultura, economia, status social; tudo isso deve se submeter à proclamação da
boa nova salvadora do Evangelho. Sem ignorar essas coisas, o evangelho as
reorganiza para o serviço cristão.
Nesse contexto acontece a plantação da igreja gentílica de Antioquia da
Síria. Os plantadores dessa igreja não vieram de Jerusalém, mas de Cirene e
Chipre. Logo, a proclamação do evangelho e a plantação de igrejas não é uma
questão de hegemonia ou hierarquia, mas da “ocasionalidade” da graça, ou seja,
nem sempre é a estratégia que determina a ocasião e o investimento, mas é a
ocasião que define a oportunidade, a estratégia e o investimento! Embora uma
coisa não exclua a outra, nem uma nem outra devem ser superestimadas e nem
subestimadas, mas avaliadas em conjunto. O que determina o surgimento e o
crescimento de uma igreja é a ação de Deus na vida daqueles que foram
transformados pelo evangelho e o testemunham por passam e escolhem viver.
Os apóstolos enviaram para ver as coisas um conterrâneo dos fundadores,
Barnabé, natural de Chipre (At 4.36). Ele sonda, se alegra, trabalha e busca
ajuda apropriada. Interessante ele se lembrar de Saulo depois de alguns anos!
(Gl 1.17-24). Como é bom saber que Deus não deixa no esquecimento aqueles
que Ele quer usar, por isso, busca-os onde estiverem!
O fruto do pastoreio por meio do ensino correto produz mobilizações,
ativa o testemunho e provoca reações. Agora temos alcunha, somos “cristãos”,
ou melhor, “pequenos cristos”. Não importa se é pejorativo ou vise desdenhar da
fé, o fato é que cai bem para aprendizes comprometidos com o seu professor.
Ser chamados de cristãos nos liga diretamente àquele em quem cremos e que
nos salvou perdoando os nossos pecados. Ser um “pequeno cristo” é um
privilégio visto do ponto de vista de quem se rendeu ao salvador que carregou
sua cruz por nós!
Lucas termina esse capítulo falando de fome e de socorro. A medida de
nossa participação no socorro e na comunhão com outros cristãos são as nossas
posses (11.29). E quem recebe e administra os donativos são os presbíteros da
igreja (11.30). Esse evento aconteceu no tempo do imperador Cláudio (41-54
dC) e de Herodes Agripa I (41-44 dC) [11.28 e 12.1]. A igreja vive na história e
participa dela ajudando como pode em obediência ao mesmo amor divino que a
27

conquistou e lhe deu o exemplo, isso é o que nos faz ser cristãos (Jo 3.16; 1 Jo
4.19).
Com amor, Pr. Helio.
28

 Atos 12: Oração Incessante


Tiago é morto e Pedro é preso. Isso agrada aos que não amam a Cristo.
Por isso a igreja é chamada a orar (v.5,12). A oração incessante por parte da
igreja contrasta com o fato inegável de que a prisão está bem guardada. O Deus
que ouve orações surpreende a fé despreparada da igreja libertando, a seu
pedido, o seu pastor.
Para a igreja a oração é tanto uma dádiva como uma tarefa. Orar é ter o
privilégio de aproximar-se de Deus e falar com ele; ao como o Deus distante que
não nos conhece e nem a ele, mas com o Deus que inclina os seus ouvidos para
nos ouvir, como o Pai atento às necessidades de seus filhos pequenos. Orar
também é um mandamento, como um meio pelo qual Deus nos dispensa graça e
amor. Deus nos convoca à sua presença e obedecemos à sua convocação pela
oração.
A oração inclui tanto a petição quanto a adoração. A igreja suplica por
suas necessidades e pela proteção divina diante da perseguição e da tribulação,
mas ela também reconhece o governo soberano da vontade divina sobre todos os
eventos, situações e circunstâncias.
As ações de Deus relacionadas à oração são sempre surpreendentes.
Deixam-nos atônitos e como que “fora de si”; parecem-nos loucura e delírio e
por fim resultam em alegria e gratidão. Quem é semelhante a deus quando ouve
orações de pecadores como nós?
Chama a atenção, que Tiago, um dos companheiros mais próximos de
Cristo, foi o primeiro dos apóstolos a glorificar a Cristo com sua morte! Ele era
um líder, mas Deus dispõe de nós como acha melhor, e, o nosso maior
privilégio, é estar no centro de sua vontade trabalhando por pouco tempo ou por
muito tempo.
Achamos um desperdício enviar alguém para m campo missionário
perigoso para depois recebermos a notícia de sua morte. Como podemos medir o
chamado de Deus na vida de seus servos? Tiago ouviu e presenciou tantas
maravilhas quando esteve com Cristo que, para nós, deveria ser poupado de uma
exposição mais excessiva que o colocasse em perigo. Mas viver o evangelho não
é assim. Somos um exército de iguais sem hierarquia de precaução.
Sempre estaremos na linha de frente quando Deus decidir nos colocar lá.
Viver ou morrer não são variantes relevantes para quem vive ou morre pela
promessa da vida eterna garantida no sangue derramado de Jesus Cristo numa
cruz por nós.
Nossa vida e nossa oração será sempre viver para Deus e morrer para
Deus! Confiaremos sempre no seu direcionamento para nossas vidas.
Com amor, Pr. Helio.
29

 Atos 13: Enviados Pelo Espírito Santo


A partir de Atos 13 indo até o final do capítulo 14 temos a primeira
viagem Missionária de Paulo e o início da terceira e maior sessão do livro de
Atos, que trata do tema da pregação do Evangelho até os confins da terra. Paulo
e Barnabé foram os primeiros missionários enviados pela igreja de Antioquia.
Eles são separados pelo Espírito Santo (v.2); São enviados pelo Espírito
Santo (v.4); pregam o Evangelho cheios do Espírito Santo (v.9), e no fim, os
discípulos transbordam de alegria e do Espírito Santo (v.52). Atos 13 é a
primeira estratégia planejada de missões por parte de uma igreja local iniciada
pelo próprio Espírito Santo. A igreja envia, e depois receberá de volta aos que
enviou com relatório do que a graça de Deus realizou através deles. Isso
acontece enquanto a igreja está servindo (leitourgia – prestando culto) ao
Senhor (v.2); O Espírito escolhe (chama) dela o seu melhor (Paulo e Barnabé); a
igreja jejua, ora e investe de autoridade (impondo as mãos) os escolhidos por
Deus. Então envia. Deus faz através de nós, mas fica claro que é Ele quem faz.
A obra só pode progredir se a fizermos cheios do Espírito. É o Espírito
quem identifica o falso e o expurga. Paulo só poderia enfrentá-lo e vencê-lo pelo
poder do Espírito. O sermão de Paulo é muito parecido, em sua estrutura e
conteúdo, com o sermão de Pedro no cenáculo em Jerusalém (At 2). O centro da
mensagem é Cristo, as promessas do Antigo Testamento se cumprem nele e a
aliança se completa nele. Serão salvos todos os que foram “destinados para a
vida eterna” (v.48); quanto aos instigadores da maldade, sacudido deve ser o pó
dos nossos pés a fim de prosseguirmos no caminho (v.51).

A grande pergunta é a seguinte: Como nossa igreja local pode fazer parte
dessa dinâmica missionária operada pelo Espírito Santo na sua igreja?

1º) Servindo ao Senhor todos os dias no culto e na vida.

2º) Estando atentos ao ensino da Palavra praticado em todos os cultos e


reuniões da igreja, estando prontos para obedecer à palavra de Deus acima de
tudo.

3º) Estando prontos para nos oferecer a Deus completamente obedecendo


ao seu chamado. Observe que o chamado do Espírito Santo acontece quando e
enquanto a Igreja o serve cultuando a Deus.
Observe também a expressão “separai-me” (v.2). Quem for separado para
o trabalho missionário o será para estar e servir diretamente ao Espírito Santo. A
obra não é nossa, mas o privilégio de servir a Deus sempre é acompanhado por
uma maior aproximação de Deus, da mesma maneira como foi com os
30

discípulos que Jesus chamou para estarem com ele e para enviá-los a pregar (Mc
3.14).
O chamado de Deus e a intimidade com Deus é dispensada àqueles que se
envolvem e trabalham na obra de Deus, mas nunca para meros assistentes e
frequentadores descompromissados que só desejam ganhar e nunca contribuir
(seja espiritualmente, financeiramente ou socialmente).
Por isso, envolva-se! Disponha-se! Participe! Contribua!
Com amor, Pr. Hélio.
31

 Atos 14: Convertidos das Coisas Vãs


O Evangelho chega à província Romana da Galácia, atingindo quatro
cidades do Sul dessa região populosa e multirracial: Antioquia da Psídia, Icônio,
Listra e Derbe.
A partir de Listra, o foco dos missionários se volta para os gentios, ainda
que a principal estratégia continue sendo começar pela sinagoga. Assim, a
pregação do Evangelho passa a lidar com um elemento novo e externo: As
crendices e misticismos populares das religiões pagãs. O conteúdo da pregação
continua o mesmo e também o foco. Todavia, a mensagem é apresentada
indutivamente a partir da criação, dirigindo-se para o evangelho, a fim de
apontar pontos comuns que possam atrair a atenção para a mensagem cristã e
retirar as pessoas de seu culto a coisas vãs.
A mensagem não é diluída num sincretismo permissivo, nem mudada ao
sabor das novidades, menos ainda diminuída no seu significado redentor, pelo
contrário, o esforço dos missionários é apresentá-la com fidelidade, de forma
relevante e contextualizada. É evidente que contextualizar a mensagem não
significa mudar seu conteúdo acrescentando ou diminuindo elementos externos
à sua essência.
Chama a atenção os versos 21-23. Há quatro gerúndios que nos
apresentam o procedimento e as razões de se ter igrejas organizadas. As igrejas
precisam ser organizadas e ter liderança capacitada:

(1º) Para que as almas dos discípulos sejam fortalecidas (v.22),


confirmando a fé e dando-lhe mais firmeza.

(2º) Para que sejam estimulados a permaneceram firmes na fé (v.22). A


perseverança precisa constantemente de estímulo, exortação fraternal e amistosa,
incentivos baseados no companheirismo e fraternidade cristãos.

(3º) Para que vivam sua fé de forma realista (v.22). A palavra “mostrar”
não aparece no original, mas foi acrescentada pelo tradutor a fim de esclarecer a
presença da palavra “tribulação” no texto. A vida cristã jamais será um mar de
rosas, ainda que vitoriosa, porque quem quiser viver piedosamente será
perseguido por causa de sua fé (2 Tm 3.2).

(4º) E para que tenham liderança que lhes proporcione esse respaldo à sua
fé (v.23). A eleição de presbíteros era necessária para que o fortalecimento, a
perseverança e o realismo da fé pudessem ser implementados em cada igreja a
fim de que crescessem e não se perdessem, diluindo-se nas muitas curvas,
encruzilhadas e becos da secularidade cultural e pagã ao seu redor afastando-se
da pureza do Evangelho. A liderança tem como tarefa dar continuidade à missão
32

e levar cada igreja local ao compromisso missionário do Espírito Santo de levar


o Evangelho até aos confins da terra!

O capítulo 14 termina com um relatório da primeira viagem missionária.


Missionários não são francos atiradores independentes; eles precisam retornar à
sua base de envio e prestar contas de tudo. Eles não foram enviados para pregar
o seu próprio modo de entender o Evangelho, mas para pregar fielmente a
Palavra da Graça de Deus em Cristo.
Fomos enviados ao mundo para anunciar o favor gracioso de Deus para
com a humanidade a fim de se converta de suas crenças vãs; de suas idolatrias
pomposas e ilusórias; de sua religiosidade desfocada e sem rumo! Em Cristo,
Deus nos oferece o caminho de volta para a casa do Pai que só pode ser trilhado
por meio de Cristo (Jo 11.25; Jo 14.6; Jo 15.1-5).
Com amor, Pr. Helio.
33

 Atos 15: Controvérsias


O capítulo 15 de Atos começa e termina com controvérsias (v.2, 39). As
palavras contenda, discussão (v.2) e desavença (v.39) fazem a nossa fé tremer
por dentro! A primeira tinha a ver com a doutrina, mas a segunda tinha a ver
com a administração dos relacionamentos dos missionários e de suas
qualificações para a obra. A primeira foi resolvida por meio de um concílio que
tomou uma decisão doutrinária e normativa. A segunda foi resolvida somente
em parte, pelas as evidências da história posterior.
O Concílio de Jerusalém reporta a maneira de se tratar as controvérsias na
igreja. O assunto precisa ser bem esclarecido, ainda que o debate seja grande e
os posicionamentos apresentados com força. O parecer final deve ser o que
agrada ao Espírito Santo (v.28) e à liderança da igreja com a anuência da mesma
(v.22,25). Eles buscaram e encontram um acordo pleno e foi isso que trouxe
alegria às igrejas locais (v.31), ainda que depois ficasse evidente que nem todos
obedeceram ao definido como doutrina da igreja! A decisão e como foi
transmitida trouxe consolo e fortalecimento à igreja de Deus (v.32).
Mas nem todas as controvérsias se resolvem conciliarmente ou
conciliatoriamente. Paulo e Barnabé entraram em desacordo quanto à companhia
e utilidade de Marcos no trabalho missionário e não conseguiram o consenso,
pois a desavença foi superlativizada pelo advérbio de intensidade na expressão
“tal desavença”, que tem sua raiz na palavra “cisma” e demonstra um grau
elevado de irritação entre os disputantes.
Precisamos aprender a sabedoria que deva dirigir as nossas palavras tanto
nos concílios da igreja, quanto nas questões pessoais menores relacionadas ao
trabalho cristão. Paulo só reconhecerá seu zelo exagerado mais tarde quando
elogiar Marcos no fim de seu ministério. O fato é que Paulo e Barnabé, embora
grandes amigos, não voltaram a trabalhar juntos na missão.
Por outro lado, a controvérsia pessoal entre eles não prejudicou o trabalho,
mas o diversificou e ainda introduziu Silas na missão, que foi um ganho sem
precedentes; e Barnabé ajudou Marcos a tornar-se um missionário de valor! Nas
controvérsias, existirão coisas que não conseguiremos resolver, mesmo se
voltássemos ao passado, por isso, o melhor é aprendermos o máximo possível
com elas a fim de minimizarmos seus efeitos nefastos e visualizarmos as ações
da graça divina por detrás delas.
Com amor, Pr. Helio.
34

 Atos 16: Tu e Tua Casa


O capítulo 16 de Atos faz parte da sessão que vai de 15.36 a 18.21 e
compreende a narrativa que Lucas faz da segunda viagem missionária de Paulo.
Podemos dizer que estamos entrando no coração do livro de Atos. A segunda
viagem de Paulo é bem mais longa e abrangente que a primeira, sendo coroada
de muitos frutos. Alguns fatos precisam ser pontuados: A riqueza da experiência
missional de Paulo fundando várias igrejas importantes; o primeiro olhar do
Evangelho na direção do ocidente acontece a partir de Atos 16 com a fundação
da primeira igreja europeia (Filipos); o aumento das perseguições; a formação
de equipe missionária com a inclusão de Timóteo, Lucas e Tito; a participação
de Priscila e Áquila, bem como a conversão e atuação de Apolo. De muitas
formas, essa seção de Atos é tanto desafiante quanto impactante.
O Espírito Santo não só impulsiona o trabalho, como às vezes também o
impede, redirecionando-o (v.6,7). A ferramenta do Espírito Santo foi tanto as
circunstâncias como a “visão de Paulo à noite”. Também é o Senhor quem abre
o coração das pessoas para que ouçam e creiam no Evangelho (v.14). Uma
mulher rica (Lídia), uma escrava e um carcereiro. Pessoas de camadas sociais
diferentes unidas pelo evangelho para formarem e conviverem numa mesma
igreja com suas famílias. A diversidade experimentando a unidade em Cristo.
Isso deveria ser fundamental nas nossas estratégias missionárias. Será que não
foi por isso que Lucas gastou mais tempo descrevendo a experiência da
pregação do Evangelho em Filipos?
Por outro lado, a igreja precisa também fazer bom uso da lei secular a
favor do Evangelho, exigir o respeito dos poderes constituídos não é desrespeito
e nem insubordinação, mas um direito justo. A base da relação igreja/Estado,
segundo as Escrituras, é a justiça, e não o favorecimento. A igreja nunca deve
pleitear o favor do Estado, mas a liberdade de crer e anunciar o evangelho sem
restrições injustas.
A perseguição é uma realidade para a igreja não porque ela sonega
impostos; se vende por propinas ou “viraliza” sua intolerância por meio de
intrigas com outros cultos ou outras religiões. A perseguição é uma realidade
porque a igreja prega o evangelho que impõe mudanças morais na vida das
pessoas por causa da santidade de Deus. As exigências morais do evangelho vão
de encontro com todas as conveniências sociais que perpetuam a exploração do
próximo pelo mais rico, pelo mais poderoso e pelo mais esperto. A perseguição
acontece porque amamos mais a Deus que ao mundo (1 Jo 2.15-17) Porque o
mundo odeia a Cristo e seu evangelho o mundo sempre odiará a igreja também.
Em Atos 16, Lucas nos mostra, acima de tudo, que o evangelho não é uma
experiência intimista e solitária, mas uma benção para ser experimentada por
você e sua família e que quando um da família crê, a porta se abre para a família
toda se unir ao evangelho. Embora, em alguns casos, o evangelho divida
35

famílias, na maioria das vezes ele não só as une como fortalece ainda mais o
vínculo familiar elevando-o da condição sanguínea para o da eternidade por
meio da cruz.
Com amor, Pr. Hélio.
36

 Atos 17: Três Cidades Diferentes


Tessalônica. A fundação da igreja em Tessalônica é impressionante! Em
apenas três semanas uma igreja foi plantada ali, e se tornou modelo para todas as
igrejas da Macedônia e Acaia em apenas seis meses! Paulo simplesmente lhes
expunha as Escrituras e arrazoava (respondia e fazia perguntas) com eles
centralizando tudo em Cristo; na sua morte e na sua ressurreição dentre os
mortos. A exposição da Palavra de Deus transformou suas vidas e repercutiu
porque foi pregada no poder do Espírito e com convicção (1 Ts 1.5). Em
Tessalônica, a fé se tornou operosa, o amor mostrou-se abnegado e a esperança
construiu alicerce firme (1 Ts 1.2); fatos que tornam possível o reconhecimento
público e notório de nossa eleição (1 Ts 1.4). Nessa cidade fomos chamados de
“aqueles que têm transtornado o mundo!” (v.6).

Beréia ficou conhecida por sua nobre disposição de estudar as Escrituras.


Eles ouviam à Palavra com avidez e examinavam as Escrituras todos os dias a
fim de conferirem o conteúdo da pregação. Isso levou muitos à fé. Chamou a
atenção de Lucas o grande número de conversões entre os homens e a conversão
de mulheres de alta posição (v.12). Aqui aprendemos que o estudo diário das
Escrituras enobrece a nossa fé e nos torna mais atentos à verdade! Aprendemos
também que o tempo investido no conhecimento das Escrituras traz de volta
dividendos espirituais incalculáveis por causa da profundidade em que
estabelecemos os nossos alicerces.

Em Atenas temos o discurso mais acadêmico de Paulo em todo o livro de


Atos. O Evangelho é apresentado, confronta e é confrontado no centro
intelectual do Império. É importante observar que nas cidades mais
intectualizadas é que a idolatria se torna mais aparente e tanto mais dominante e
revoltante (v.16). Mais uma vez, a doutrina da ressurreição é o divisor de águas
entre a fé e o racionalismo incrédulo. Houve poucas conversões, mas elas
ocorreram, pois, a salvação é pela graça e não pelo conhecimento. Um
funcionário público importante, Dâmaris e outros mais. Fica evidente que a
apologética cristã não pode ser ingênua ao ponto de crer que basta a robustez
intelectual da verdade para conduzir os estudiosos à fé, pois a fé é tanto histórica
quanto sobrenatural e somente aqueles nos quais a graça trabalhar
sobrenaturalmente é que se renderão a Cristo e abraçarão o evangelho. Nossos
argumentos intelectuais mais robustos em favor do evangelho sempre
dependerão da ação irresistível da graça de Deus operada pelo poder
sobrenatural do Espírito Santo!
Cidades diferentes com reações diferenciadas ao Evangelho. Nas duas
primeiras a perseguição veio dos judeus, o que não ocorreu em Atenas. Ali
houve desdém, indiferença e menosprezo por parte da intelectualidade. Nada de
37

novo para nós do século XXI. O que importa é continuar lançando as redes e
pescando peixes de todas as espécies!
Com amor, Pr. Helio.
38

 Atos 18: Fala e Não Te Cales


A segunda viagem missionária chega a seu ponto alto em Corinto. Dois
fatos são importantes:

(1) Paulo se entrega ao trabalho missionário de tempo integral após um


tempo trabalhando com Priscila e Áquila fazendo tendas (v.5). O trabalho
missionário poderá exigir de nós adaptações a fim de que a obra do Senhor
prossiga e progrida. A manutenção diária nunca será uma tarefa fácil para quem
atendeu ao chamado para ir adiante levando o evangelho da graça. Notemos, no
entanto, que essas adaptações devem ter caráter temporário, pois a dedicação de
tempo integral é o determinado por Deus. Precisamos estar precavidos e
conscientes de que o temporário não venha a se tornar definitivo. Ainda que
Fazedores de Tendas seja uma estratégia válida e necessária na concretização do
trabalho missional, não é o ideal para o trabalho pastoral posterior quando a
igreja já estiver estabelecida.

(2) Paulo se volta integralmente ao trabalho dentre os gentios (v.6). A


partir de Corinto é que Paulo se torna de fato o Apóstolo aos gentios, levando o
evangelho de forma convicta e ousada ao mundo fora dos contornos judaicos.
Nesses tempos de tolerância intolerante aos cristãos é importante conscientizar-
se de que as demandas da obra evangelística não diminuem porque o mundo se
tornou mais cínico para com o trabalho missionário cristão. Os portões de
bronze e as trancas de ferro sempre estiveram adiante de nós; todavia, entre nós
e estes está o Espírito Santo que nos capacita com poder para sermos
testemunhas de Cristo aonde quer que formos enviados! (Atos 1.8).
Corinto exigiu bastante tempo, pois houve muita oposição, mas também
houve muitos frutos. Devemos atentar para que os tumultos da plantação de uma
igreja não se tornem características da personalidade dessa mesma igreja por
associação. A agitação da sociedade coríntia parece ter contaminado a igreja
com uma agitação que sempre gerou preocupação com aquela igreja (Paulo no
Novo Testamento e Clemente de Roma no período pós-apostólico).

Por outro lado, a oposição não pode silenciar a evangelização. A escassez


de recursos não deve paralisar o trabalho. Dificuldades e oposição não definem
se um trabalho é promissor ou não, pelo contrário, são fatores determinantes da
nossa perseverança, pois Deus é o provedor do sucesso da sua obra!
Deus disse a Paulo: “Não temas; pelo contrário, fala e não te cales;
porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito
povo nessa cidade” (Atos 18.9,10).
Dois missionários presbiterianos pregaram o evangelho numa cidade do
interior de São Paulo por vários dias sem muito sucesso, conseguindo apenas
39

vender 20 Bíblias para algumas famílias. Na saída da cidade, um deles bateu


seus pés no chão a fim de sacudir a poeira da cidade. O outro retrucou
imediatamente: “Não podemos ignorar uma cidade onde há 20 Bíblias
trabalhando”. Algum tempo depois, outros missionários voltaram àquela cidade
e uma igreja foi definitivamente plantada ali para a glória de Deus!
Com amor, Pr. Helio.
40

 Atos 19: Mais Tempo, Mais Mudanças


A terceira viagem missionária tem seu principal foco no tempo de Paulo
em Éfeso. Em Corinto foi um ano e meio; em Éfeso foram quase três anos. A
permanência prolongada de Paulo em Éfeso deu ensejo “a que todos os
habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor” (v.10). Sua permanência
prolongada também causou efeito mais profundo com muitas implicações
sociais. Isso deve nos fazer refletir em pastorados mais longos a fim de que a
influência do Evangelho seja mais duradoura e o trabalho de discipulado seja
mais profícuo e eficaz.

O que se pode fazer num pastorado mais longo?


1º: Estabelecer uma base doutrinária mais correta para a fé (v.1-7). Aqui
fica evidente a necessidade de correção doutrinária para se viver corretamente a
fé cristã. Se há deficiência na forma de crer haverá deficiência na forma de
praticar a fé. Um pastorado mais longo pode identificar as deficiências e corrigi-
las pelo ensino correto.

2º: Estabilizar o trabalho pastoral e planejar melhor a ação missionária


(v.8-10). Um pastorado mais longo promove o debate esclarecido e a persuasão
racional mais que emocional. Conversar sobre a fé amadurece a crença e faz
bem para a igreja. O debate aberto e cortez promove o trabalho missionário. A
preocupação com a doutrina correta não é empecilho às missões, pelo contrário,
é um de seus mais convincentes promotores, pois dá ocasião a que muitos outros
ouçam a pregação do evangelho.

3º: Evidenciar a diferença e a profundidade da fé cristã frente às expressões


religiosas culturais (v.11-20). Muitos querem lucrar com o evangelho e por
meio dele se engrandecer sobre os demais. Um pastorado mais longo possibilita
identificar essa prática e desmascará-la trazendo mais temor ao rebanho e
protegendo-o da divisão baseada em preferências, disputas ou ações maliciosas.

4º: Estabelecer uma base de envio missionário (v.21,22). A estabilidade de


um pastorado mais longo faz com que novas Antioquias apareçam e contribuam
com a obra missionária. A partir de Éfeso, as sete igrejas da Ásia Menor
surgiram e se desenvolveram. Estabilidade consagrada gera promoção, não
apatia, nem comodismo.

5º: Testemunhar in loco o fator contracultural do Evangelho frente ao


paganismo secular (v.23-41). O Evangelho é uma cosmovisão cultural
diferente e oposta à cosmovisão secular. A crença em um só Deus gera inúmeras
implicações sociais e morais; a crença em vários deuses e em deuses falsos gera
41

inúmeras implicações sociais e morais. O enfraquecimento do paganismo frente


ao cristianismo produz convulsão social. O mesmo acontece com o
enfraquecimento do cristianismo frente ao neopaganismo. A lição de Éfeso é
límpida para que não abandonemos a clareza da fé cristã nesses tempos de
insensatez de novas idolatrias.
Com amor, Pr. Helio.
42

 Atos 20: Pastoreai o Rebanho de Deus


O rebanho é de Deus, mas os presbíteros devem pastoreá-lo em seu nome
e para a sua glória somente. A principal forma de fazê-lo é sendo modelos no
comportamento (v.18), servindo com humildade (v.19); anunciando e ensinando
somente o proveitoso e de várias formas (v.20); centralizando o arrependimento
sem acepção de pessoas (v.21); ensinando todo o desígnio de Deus (v.27);
conscientes de quem é o rebanho e seu pastor (v.28); atentos à intromissão dos
lobos (v.30,31); sempre cientes da autoridade da qual fomos investidos (v.32);
nunca agindo por cobiça ou interesse (v.33); servindo com contentamento (v.34)
e priorizando aos que necessitam mais de cuidado pastoral (v.35).
Observe que Paulo se dirige aos presbíteros da igreja Éfeso como
comumente os presbitérios se dirige aos pastores no dia de sua ordenação ao
sagrado ministério. A razão é muito simples e bíblica. Os presbíteros são tão
pastores quanto os apóstolos o eram naquele tempo.
Observe ainda que os conselhos, recomendações e determinações de
Paulo aos presbíteros apontam seu ministério na direção do cuidado, supervisão
e pastoreio do rebanho.
Uma tentação muito comum e constante para os presbíteros é verem a si
mesmos como supervisores do trabalho dos pastores e administradores da igreja.
Por causa disso, somado ao abuso de muitíssimos pastores que não se
consagram ao serviço para o qual foram designados e ordenados; bons
presbíteros acabam por ceder a esse tipo de tentação:

(1) a tentação de se verem como patrões dos pastores e não seus co-
pastores e companheiros no ministério; a tentação;

(2) a tentação de se verem hierarquicamente superiores aos demais irmãos


e dessa forma turvar o significado verdadeiro do sacerdócio de todos os crentes;

(3) a tentação de decidirem pela igreja sem conhecerem de fato as


necessidades dela;

(4) a tentação de se verem politicamente como representantes de grupos


de eleitores dentro do rebanho a fim de representar seus interesses no Conselho
da igreja.

Paulo os exorta a resistir a esse tipo de tentação e serem pastores,


cuidadores do rebanho.

(1) Servindo lado a lado com os pastores que são seus pastores e dos quais
são pastores também.
43

(2) Servindo como iguais e como servos no meio de servos.

(3) Servindo com conhecimento de causa tanto pela visitação quanto pelo
aconselhamento fiel de suas ovelhas.

(4) Servindo como representantes de Deus eleitos por seu povo a fim de
supervisionar e superintender a vida cristã sem intromissões desmedidas e sem
ingerências desnecessárias na vida alheia.
Paulo deixa claro que os exorta porque ama a Deus; ama ao rebanho e
ama os presbíteros que formou e que a igreja elegeu pelo voto de uma
assembleia reconhecendo sua santa vocação.
Essa conversa com os presbíteros terminou em oração e lágrimas de
despedida. Eles oraram com humildade, pois se ajoelharam diante de Deus. Em
breve vamos eleger presbíteros outra vez, e aqui Paulo explicita um breve, mas
importante, manual para a sua conduta no pastoreio da igreja.
Cabe a nós, os presbíteros atuais, nos perguntarmos se temos lido e
seguido esse manual. Cabe-nos também a instruirmos os novos que se juntarão a
nós pela eleição, se estão dispostos a lê-lo e segui-lo junto conosco. Cabe à
igreja segui-lo na hora da eleição. Mas a todos nós cabe eleger de joelhos para
que Deus, O Senhor da igreja nos governe a todos com amor.
Com amor, Pr. Helio.
44

 Atos 21: Faça-se a Vontade do Senhor!


Paulo deseja ir a Jerusalém e de cidade em cidade é avisado do perigo de
seu intento. A ação do Espírito Santo não era para impedi-lo, mas para alertá-lo
a fim de que se preparasse (v.4 e 11). Paulo estava consciente disso.
Ele não foi para Antioquia como das outras vezes, mas para Jerusalém.
Todas as precauções tomadas não foram suficientes para impedir o alvoroço que
eclodiu em torno dele. Todos que são piedosos e sérios na sua fé enfrentarão
polêmicas em seu ministério. Existem embates que podem e devem ser evitados,
mas também existem outros que não podem e não devem ser evitados. Não é
possível para a igreja chegar à maturidade se não enfrentar efetivamente e
eficazmente suas polêmicas internas. Não podemos viver ajeitando as coisas e
pondo panos quentes sobre assuntos desagradáveis.
Por isso a vontade de Deus e como respondemos a ela deve ser o
referencial de nossa conduta quanto a situações inadiáveis na vida eclesiástica.
Assim como Paulo estava consciente do perigo, também estava igualmente
pronto para enfrentá-lo e suportá-lo. Sua consciência estava tranquila na
presença de Deus (v.13).
Quando os problemas surgem precisamos escolher nossa própria postura,
e precisamos estar certos de que não serão baseadas em suposições ou pura
presunção (v.29). Embora, nem sempre a agitação seja baseada em falsidades,
não se pode negar que muitas vezes é. Agitadores não primam pela verdade, mas
por conveniências sociais ou pela quebra da ordem. Sua intenção sempre gravita
em torno da imposição. Ainda que aparente zelo pela verdade, o que se vê é
somente agitação.
Justiça e como praticá-la é algo difícil de fazer, especialmente em meio a
polêmicas que envolvem interesses e tradições. Dizer a verdade em dias como
os nossos pode nos angariar reprovação e até mesmo perseguição. As pessoas
escolhem uma ideologia para seguir mais que a verdade de Deus, por isso seu
discurso é comprometido com a secularidade e o que essa aprova, poucas vezes
deixando evidente a lucidez que se espera de quem proclama conhecer a Palavra
de Deus!
Os judeus abraçaram uma religião ideologizada que sufocava a verdade da
Palavra de Deus. Temos de cuidar para a nossa religiosidade não andar nesse
caminho também. A vontade de Deus é a nossa santificação (1 Ts 4.8) de modo
que tudo que nos afasta disso e nos aproxima da mundanidade nunca será a
vontade de Deus para nós.
Paulo enfrentou um turbilhão de problemas em Jerusalém. Procurou agir
com cautela e sem provocações. Tudo isso porque queria cumprir a vontade de
Deus. Mesmo assim só encontrou tumulto, agitação e incompreensão. É difícil
ver a vontade de Deus em tudo, mas ela se manifestou em cada momento, cada
45

passo e em cada ação. Apesar de toda agitação e empurra-empurra, Deus


protegeu o seu servo e sua vontade foi feita.
Com amor, Pr. Helio.
46

 Atos 22: Até Essa Palavra


Atos 22 é o testemunho bíblico a respeito da intolerância dos intolerantes.
As construções sociais de nosso tempo se organizam de tal modo a anular
qualquer raciocínio contrário ao politicamente correto, culturalmente
comercializado; filosoficamente idolatrado ou ideologicamente proposto.
A prisão de Paulo e seu interrogatório público colocam em relevo a
pressão e a opressão sobre o que é culturalmente contrário.
Paulo falou ao povo em hebraico. Ele sabia o que estava fazendo e por
que. Apresentou sua defesa (apologia – v.1) convicto de estar articulando a
verdade. A razão da polêmica em torno dele era a sua conversão cristã,
considerada uma traição na opinião dos judeus. Ele conta a história do caminho
de Damasco; ele conta a respeito de seu encontro real com Cristo mais de uma
vez no início de sua fé; ele conta a respeito de inesperada, mas drástica mudança
em seus planos por causa da intervenção de Deus na sua vida.
Chama a atenção o conteúdo da conversa com Ananias no verso 14. Cristo
escolhera a Paulo para que o conhecesse, vendo-o pessoalmente e conversasse
com ele. O testemunho de Ananias é a essência do conceito bíblico de
apostolicidade. Cristo o fizera ali apóstolo aos gentios pessoalmente,
presencialmente. Uma verdade bíblica ignorada pelos autodeclarados apóstolos
de nosso tempo.
Ser apóstolos aos gentios era sua vocação, seu chamado, o sentido de sua
existência. Paulo teria escolhido ficar em Jerusalém e reparar o erro de suas
atitudes anticristãs passadas, mas o próprio Cristo o enviara para longe, aos
gentios (v.21). Sua justificativa era sua vocação. A mudança operada por Deus
em sua vida e cosmovisão era seu argumento e testemunho. O Evangelho, seu
conteúdo e fundamento.
Como convencer quem não quer ouvir? É difícil compreender a
intolerância quando o pecado está do outro lado, ou seja, por que os judeus
estavam sendo intolerantes contra Paulo, até mesmo judeus convertidos a Cristo,
quando eles mesmos não guardavam a Lei nos seus requerimentos mais
básicos?! Como parece fácil justificar o ódio usando a Escritura, quando não se
obedece a própria Escritura!
Os que querem a morte de Paulo não diferentes dos que querem a morte
intelectual da Igreja e exigem seu silêncio nas academias, nas repartições e até
mesmo nas praças. Dói nos ouvidos falar de nossas incoerências diante de Deus.
Dói nos ouvidos ter de responder ao testemunho da verdade.
Será que a voz do povo é a voz de Deus? Nunca foi, nunca será.
Com amor, Pr. Hélio.
47

 Atos 23: Coragem! Até o Fim


A estratégia de Paulo perante um Sinédrio indigno de sua posição foi a de
instilar a celeuma e a confusão. Tudo para que ficasse clara a incoerência de sua
posição de oposição ao evangelho. A causa básica da controvérsia dos judeus
contra os cristãos, era, no fim das contas, um assunto sobre o qual eles mesmos
mantinham controverso entre si há séculos, a ressurreição dos mortos. O que
para eles era um tema de controvérsia doutrinária, para os cristãos era a base e a
certeza esperançosa de sua fé. Cristo ressuscitou, não havia controvérsia entre os
cristãos sobre esse assunto!
O verso 11 é maravilhoso! Cristo em pessoa se coloca ao lado de Paulo na
prisão; encorajando-o, instruindo seu coração e lhe dando esclarecimento sobre
o que o Senhor pretende com tudo aquilo. As palavras de Jesus não são nem de
reprovação nem de reparação. São de consolo e fortalecimento, exortando seu
missionário a seguir firme em frente, pois Roma precisa ouvir da boca de Paulo
o mesmo testemunho que o Sinédrio não quis escutar. Cristo deixa evidente que
a sua aprovação é o único valor importante quando o assunto é ser sua
testemunha até aos confins da terra.
Coragem! É tudo que precisamos para enfrentar crises difíceis. Muitas
vezes o que nos falta não é o conhecimento nem a capacidade, mas apenas
coragem; aquela decisão de prosseguir a qualquer custo, de enfrentar qualquer
obstáculo, e não retroceder. É preciso ir até o fim. A única informação que
precisamos saber é que o Senhor está ao nosso lado e nós do lado dele. As
palavras de Deus a Josué e a Gideão ecoam do passado como uma nuvem de
testemunhas para nos fortalecer até o fim! (Js 1.9; Jz 6.12,16)
As experiências pessoais de Paulo com Cristo são marcantes e decisivas.
Lucas relata esses encontros como prova de que a promessa de Cristo de estar
conosco todos os dias até o fim é verdadeira e real. Na caminhada cristã e no
avanço do Evangelho haverá muitos dias escuros e de sombria solidão. Nesses
momentos nossa fé será provada e amadurecerá, tornando-se consolidada e
firme!

Saber quem Cristo é significa maturidade! Quando Cristo se manifesta


e o reconhecemos, não ousamos sequer perguntar nada, pois ficamos saciados e
seguros; e somos lembrados e sabemos quem somos a partir dele. Então: O que
você vai fazer depois? Você pode desistir de testemunhar e esperar Cristo chegar
para tentar voltar a ser como era antes; ou seguir, testemunhando Cristo a fim de
conhecê-lo pessoalmente e proclamá-lo fielmente.
Com amor, Pr. Helio.
48

 Atos 24: Causa Adiada


Por que Felix adiou o julgamento de Paulo? (v.22) Ele desejava receber
propina da parte de Paulo (v.26) e, depois, intentava receber apoio político dos
judeus (v.27). Justiça e misericórdia não são valores absolutos para as
autoridades do poder secular, mas dinheiro e poder político são. As causas não
são julgadas pelo que são em si, mas pelo que utilitariamente podem render em
termos de poder e influência. Habilidades e cargos não sevem à justiça, mas aos
interesses daqueles que os ocupam.
Por essa razão, causas sem fim são adiadas em todas as áreas da
sociedade, e infelizmente, até mesmo nas religiosas. Todavia, isso não significa
que podemos perder tempo. Paulo utilizou todo esse tempo para ser útil e
testemunhar o evangelho (v.25). É o que todos nós deveríamos fazer.
Todas as semanas somos tomados de polêmicas novas levantadas na
mídia e muitas delas são exploradas visando interesses não mencionados,
defendendo causas bem definidas. Essa semana, por exemplo, ganhou corpo nas
mídias sociais a polêmica em torno da proclamada “cura gay”, que ganhou esse
nome para desmoralizar os setores mais conservadores da sociedade, inclusive
os cristãos.
Poucos se deram ao trabalho de ler o teor completo da decisão judicial que
permitia a homossexuais arrependidos o direito de buscar tratamento psicológico
e psiquiátrico para se reencontrarem sexualmente. Na Globo News a matéria foi
apresentada em comparação com um caso na China em que uma família obrigou
um rapaz a tratar-se. Os articulistas do canal fechado chamaram cristãos e
conservadores de retrógrados e motivados por ódio a homossexuais. Mas
ninguém apresentou a matéria com a lisura e a imparcialidade necessárias a
jornais de circulação nacional. A desinformação associada à apresentação
distorcida da matéria provocou reações e novos debates que adiam a matéria e
sua resolução.
No congresso, mais uma vez se adiou a leitura da denúncia contra nosso
presidente, porque os políticos estão negociando com o presidente apoio para
recusar a denúncia. O plenário fica vazio e ninguém trabalha, mas recebe o
salário pelas horas não trabalhadas e pelas matérias não votadas. Não se discute
o mérito da questão, mas o troca-troca de valores e cargos por apoio. A verdade
sequer é mencionada, pois não importa.
Quando todos comparecermos ante o tribunal de Cristo não haverá nada
disso e todos os atos ocultos, todas as palavras sussurradas, todas as negociatas
firmadas com apertos de mãos e discursos inflamados ruirão diante da
verdadeira e onisciente justiça de Deus.
O que cabe a nós é o testemunho em favor da verdade, não de interesses;
nem os nossos particulares ou religiosos, mas os interesses justos e santos de
49

Deus. Diante dele não há favorecimentos nem negociatas, mas justiça. Ele não
adiará o seu veredito quando o Dia do Senhor chegar!
Com amor, Pr. Helio.
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 Atos 25: Sem Palavras


A palavra traduzida por “razoável” no verso 27 é “alogos”, que pode ser
traduzida literalmente por “sem palavras”. Festo não tinha nenhum argumento
para justificar o envio de Paulo a Roma a fim de atender ao pedido feito por ele
no verso 11. Quem está nas mãos daqueles que negociam princípios por votos,
ou apoio político, não está em mãos seguras (v.9,11). Primeiro Felix, agora
Festo; mudam-se os governos, mas se não muda o coração, a mesma prática
corruptora mostrará sua cara como uma praga sem cura!
Nossas razões para fazermos o que fazemos devem ser sustentadas por
fatos reais e pela verdade, porque não podemos admitir que a verdade do
Evangelho sirva a joguetes interesseiros nem a manobras políticas avessas à
natureza do evangelho. Essas práticas retiram a razoabilidade dos intentos e do
comportamento público de muitos políticos. O razoável é marcado pela sensatez,
moderação e aceitabilidade; o espúrio, duvidoso e escuso caracterizam o que se
faz à margem, separado do bom senso. Quando, por causa do evangelho,
tivermos de lidar com essas práticas, precisamos manter lúcidas nossas ações e
intenções para não nos deixar contaminar com o mal cheiro que elas exalam.
Fazemos o que fazemos e proclamamos o que proclamamos jamais para
forjar motivos e palavras, mas para que as pessoas sejam alcançadas pela
verdadeira graça do Evangelho e tenham suas vidas transformadas por seu
conteúdo límpido.
Nossa país precisa que sejamos firmes e lúcidos ao mesmo tempo.
Precisamos entender o movimento das jogadas no tabuleiro para saber como
agir. Perceber o movimento das peças não significa dançar conforme a música e
nem mesmo buscar na esperteza nosso jeito de ser e de fazer. Nossas armas são
espirituais e comprometidas com a verdade, com a justiça e com o respeito.
Embora não sejamos do mundo, não capitulamos diante da luta difícil e nem nos
retiramos do campo de batalhas. Se tentarmos fazer o certo do jeito errado não
teremos a aprovação de Deus.
Paulo, embora desanimado com as fragilidades da liderança humana, sabe
conscientemente que é Deus quem move as peças para que ele possa
testemunhar em Roma. Salta aos olhos como a humanidade se recusa a crer na
ressurreição de Cristo, e no seu trato com os cristãos, sempre partem do
pressuposto de que militamos em nome de um homem morto (v.19). As pessoas
não praticam e não temem a justiça dos homens porque não conhecem e não
temem a justiça de Deus.
Para eles nossa fé é pura ilusão e teimosia, entretanto, sabemos que Deus
conduz soberanamente todos os acontecimentos. Os governantes não têm
palavras acusatórias ou positivas para nos apresentar em seus tribunais (v.
26,27), todavia, a batata está quente em suas mãos. O que fazer? O que dizer?
Cada um terá de responder pessoalmente perante Deus.
51

 Atos 26: Persuasão


A defesa construída por Paulo é seu próprio testemunho de conversão.
Deus nos fez suas testemunhas e a essência de nossa mensagem e defesa perante
toda e qualquer acusação é testemunhar Cristo. Cristo é a razão de tudo. Ele nos
persuadiu com seu amor e se revelou a nós na nossa conversão.
Paulo foi persuadido na estrada de Damasco e sua vida foi mudada de
rumo completamente (v.14-16). O seu testemunho quase persuadiu o rei Agripa
(v.26) e Paulo confessa seu intento de persuadir a todos os seus ouvintes ali
naquele momento (v.29). Seu testemunho é totalmente intencional, visa defender
sua integridade, mas, mais que isso, visa apresentar Cristo e levar os ouvintes à
fé cristã.
Essa é a terceira vez em Atos que Lucas narra a conversão de Paulo (caps.
9, 22 e 26). No verso 14 ele acrescenta uma frase que o Senhor disse a Paulo que
está ausente nos relatos anteriores: “Dura coisa é recalcitrares contra os
aguilhões”, mostrando que o condutor final de nossas vidas e da história é Deus.
Ele havia conduzido Paulo até à estrada de Damasco, e dali para a concretização
de seu ministério e tudo o que fez na proclamação do evangelho por toda parte
que pôde ir.
A soberana vocação é como um aguilhão de boiadeiro que espeta o gado
que resiste em se deixar conduzir, assim como é uma mão que aperta o coração,
constrangendo-o, apertando-o de todos os lados com o amor de Deus, o amor da
cruz (2 Co 5.14)!
Deus é quem nos leva consigo (separai-me [separem para mim] – At
13.2). Para sermos seus e para fazermos a sua obra. Nunca nos envia sozinhos,
mas sempre vai conosco como o pastor que conduz e cuida de suas ovelhas;
como o boiadeiro que positivamente conduz seu gado pelos caminhos mais
apropriados, sem deixar escapar os mais rebeldes.
O aguilhão que conduz a história não está nas mãos dos homens mais
poderosos, nem dos mais sábios e muito menos dos mais ricos. Poder bélico,
poder econômico e poder de persuasão humanos não são páreos para aquele que
tem nas mãos todo o poder. Todos os poderes humanos quedam aos pés daquele
que está acima de tudo e de todos!
Por outro lado, nosso poder de persuasão não parte da opressão que obriga
os demais a curvarem-se. Nossa persuasão vem do amor que nos conquistou por
sua verdade e veracidade, singeleza e simplicidade, pureza e santidade. Quando
nossos olhos são abertos para o fato de Deus não é obscuro em suas ações, mas
tem propósitos santos e justos a nosso respeito, quebranta-se o nosso coração;
uma vez que não usa de expedientes opressivos para nos convencer, mas
somente o poder constrangedor de seu obstinado amor por nós.
Nossa persuasão procede daquele que nos amou e se ofereceu
graciosamente por nós sem reclamar da ignomínia que isso significaria para ele.
52

Por seu amor, salvou-nos da escuridão. Essa é a nossa sabedoria, a nossa força e
a nossa riqueza.
Com Amor, Pr. Hélio.
53

 Atos 27: O Naufrágio: Todos Salvos!


A narrativa da viagem de Paulo para Roma conforme Lucas a descreve
aqui é exuberante e ao mesmo tempo cativante. Segundo os estudiosos a
narrativa de Lucas é gramaticalmente precisa e minuciosa, não perdendo
detalhes e mostrando a vivacidade de alguém que estava presente a tudo! Essa
narrativa é considerada um clássico da literatura antiga!
Paulo embarca para Roma com mais duzentas e setenta e cinco pessoas
(v.37) numa viagem perigosa e difícil em função de tempestades com vento
forte. Aparentemente ele é levado como um prisioneiro, mas sabemos que por
trás da história há outra mão que a tudo conduz e a tudo controla: Deus.
Paulo está seguro do propósito e da condução de Deus por todo seu
percurso, por isso se mantém sereno, seguro e confiante. Um anjo de Deus
esteve com ele tranquilizando sua alma (v.23) e lhe assegurou a obra da graça
naquele navio, pois todos seriam duplamente salvos (v.24), do naufrágio e da
perdição. Na sua soberania, Deus cria as condições que preparam os corações
para receberem o Evangelho. Ninguém conhece a estrutura do homem como
Deus, seu criador e Senhor. Essa constatação nos acalma em nossas aflições e
nos anima em nossas tarefas cristãs.
Paulo não perde a oportunidade de intencionalmente compartilhar o
evangelho da graça. Ele fala, aconselha, orienta e avisa. Ele exorta, anima e dá
exemplo de serenidade. O vento pode soprar forte e o mar tornar-se
incontrolavelmente agitado, mas o nosso coração goza paz quando descansamos
e confiamos em Deus. Entregar-se ao desespero na hora da tribulação é perder
de vista todas as ferramentas da graça para vencer as tempestades.
Reconheçamos que perdemos muito tempo com ansiedades e preocupações
desnecessárias, que nos tomam tempo e sobriedade. Ver claramente como agir
em meio às tempestades é algo que aprendemos com as operações graciosas do
espírito Santo em nossos próprios corações.
Deus conduz tudo até nas suas menores minúcias. As ações e reações de
todos são conduzidas pelo poder que não se vê, mas age de forma extraordinária
pelas estruturas ordinárias. As palavras trocadas, as decisões tomadas, a
disposição dos objetos e destroços do navio, a cronologia das ondas e sua força.
Não é o acaso que determina os acontecimentos, mas a soberania divina. No fim
das contas, “e foi assim que todos se salvaram em terra” como Paulo havia dito,
como Deus havia lhe prometido quatorze dias antes (v.22,25,27,31,34). E Lucas,
presente no navio acompanhando tudo, registrou para nós (v.37).
Confiemos na providente ação graciosa de Deus a nosso favor e
descansemos nas suas promessas e orientações.
Com amor, Pr. Helio.
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 Atos 28: Mudando de Parecer


Os bárbaros viram Paulo ser picado por uma víbora, e, de forma
determinista, disseram: “Salvo do mar, a justiça não o deixa viver”. Os judeus
ouviram Paulo e inicialmente disseram: “Nada ouvimos de mal a seu respeito”.
Os Bárbaros mudaram seu parecer tão logo o veneno da víbora não fizera
qualquer efeito sobre Paulo, e, mais uma vez, a porta se abriu à proclamação do
evangelho na ilha de Malta.
Quanto aos judeus, a divisão se instalou entre eles como por toda parte
onde Paulo tinha passado pregando a Cristo e sua ressurreição. Recado
eloquente das Escrituras a respeito daqueles que são movidos pela incredulidade
e pela presunção, mas não mais pela fé. A incredulidade pode azedar o coração e
os sentimentos e não mais inspirar, mas matar a fé. O que sobra é aparência,
formalismo, partidarismo e confusão.
Os pareceres das pessoas mudarão onde a graça for dispensada, mas isso é
algo que nós não controlamos, pois somente a soberania divina governa sobre
tudo e tem acesso aos corações das pessoas. Cabe a nós aproveitar
oportunidades abertas e criar oportunidades que Deus administrará conforme o
seu preceito.
Nós devemos pregar com intrepidez, vencendo nossos medos, confusões,
hesitações e obstáculos. Devemos aproveitar as oportunidades para ensinar as
coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo (v.31). Devemos seguir nossa vocação,
confiantes de que o Senhor estará de fato conosco todos os dias e em todos os
lugares onde tivermos que ir ou chegar. Precisamos ter consciência de que ele
conduz a nossa história dentro da grande história secular e redentiva.
Precisamos nos dispor a mudar nosso parecer a fim de ajustá-lo ao
evangelho e nunca para tomarmos o caminho errado da discussão, da confusão
ou da dissensão. Precisamos e carecemos de estar em sintonia com a direção que
Deus, o Espírito Santo soprar, deixando-nos conduzir confiantemente por ele.

Conclusão:
Durante esse ano lemos o texto de Atos devocionalmente, pensando na
perspectiva global abrangente de Lucas a partir de Atos 1.8, mas procurando ler
o texto para nós mesmos e para o nosso ministério pessoal dentro do corpo de
Cristo, a Igreja. É sempre bom olharmos o texto de forma panorâmica, a fim de
não nos perdermos do fio que guia a história, por isso, assim como colocamos
títulos em cada meditação, precisamos colocar títulos em nossas decisões
espirituais que determinarão nossa caminhada cristã. Mas, devemos nos lembrar,
que devemos ser guiados o tempo todo pelo Espírito e pela Sua Palavra; nunca
confusos, nunca contraditórios, nunca incoerentes.
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Ainda que já tenhamos lido Atos mais de vinte e cinco vezes, é sempre
bom e proveitoso reler as Escrituras e nelas meditar para o nosso próprio
crescimento espiritual, enriquecimento da fé e revitalização do nosso amor.
Procure reler essas 28 pastorais conferindo com as Escrituras para ver se
de fato as coisas são mesmo assim e assuma posições de crescimento intencional
na sua vida cristã. Engaje-se, participe, caminhe nessa graça fiel, caminhe para
frente sem retroceder, sem esmorecer e não desista, pois, o prêmio da soberana
vocação está à frente, preparado para os que perseveraram até o fim. Amém!
Com amor, Pr. Hélio.
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Só mais uma palavrinha

Li o texto devocionalmente, pensando na perspectiva de Lucas em Atos


1.8, mas procurando ler o texto para mim e para o meu ministério pessoal.
Tentei olhar o texto de forma panorâmica, a fim de não produzir um texto muito
longo, por isso coloquei títulos em cada meditação. Mas, não quis escrever
frases muito objetivas e técnicas.
Já tinha lido Atos mais de vinte e cinco vezes; foi muito bom lê-lo
novamente para a revitalização de meu coração. Amém!
Que seja assim com você também! Amém.

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