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A paz é o elemento fundamental e norteador para que os países possam alcançar o seu

desenvolvimento sustentável. A Justiça é um dos componentes que promovem a paz, uma vez
que evita que as pessoas busquem fazer a justiça com “as próprias mãos” elevando o nível de
violência na comunidade em que vivem. A sensação de insegurança, por sua vez, afeta as
relações de confiança entre os cidadãos, fazendo com que busquem apoio, muitas vezes, em
grupos armados como milícias, facções e outras organizações criminosas. Muitos países onde
as pessoas não podem contar com o Estado de Direito, ou seja, não podem contar com um
sistema de justiça imparcial e igualitário, ou ainda, não podem se apoiar em leis justas, a
qualidade de vida é bastante prejudicada, especialmente para quem tem menor poder
aquisivo.
No Brasil, por exemplo, o acesso ao Poder Judiciário ainda reflete a enorme desigualdade
social existente. A implementação das Defensorias Públicas, que tem por objetivo garantir que
todo cidadão ou cidadã possa ingressar com a sua reclamatória na Justiça e ser assistido por
um advogado de forma gratuita, é recente, passando a existir após 1950. Até hoje, inúmeros
municípios ainda não possuem uma Defensoria Pública ou possuem de forma bastante
precária. Quem dispõe de recursos financeiros pode ingressar com a sua ação na Justiça
comum, sendo representado por um advogado ou vários advogados e custear todos os
recursos de que a justiça possibilite, logrando assim, maior êxito em seus litígios. Conforme o
advogado especialista em Direitos Humanos Antônio Escrivão, no Brasil há aproximadamente
100 milhões de ações tramitando na Justiça, mas há apenas um pequeno grupo de litigantes
que, de forma geral, são sempre os mesmos. Isto significa que o sistema judicial é bastante
acessado no país, porém, por poucos, e conforme as razões expostas acima, estes poucos são
os mesmos que compõem o topo da pirâmide social no Brasil.
Eu mesma sofri um golpe pela internet que me gerou uma dívida com meu banco no valor de
R$ 5mil. Busquei o Juizado Especial Cível e solicitei a gratuidade, que me foi negada pelo fato
de eu ser uma funcionária pública com nível superior. Mesmo demonstrando que não tenho
recursos suficientes para pagar as custas da ação e honorários advocatícios, meu pedido não
foi atendido, fazendo com que eu tivesse que desistir da ação, pois o valor que eu gastaria nela
seria superior à indenização do banco, se houvesse ganho da causa. Portanto, dependendo do
seu prejuízo, do dano que lhe foi causado, não vale a pena buscar a Justiça e, desta forma, a
sensação de injustiça é algo notório na nossa sociedade. Além disso, a Justiça brasileira é
elitista, uma vez que a linguagem utilizada é erudita, necessitando de um advogado para
“traduzir o juridiquês”. E não apenas isso. Em 2007, um agricultor foi retirado de uma
audiência pelo juiz porque usava chinelos, alegando que o calçado atentava contra a dignidade
do Judiciário.
A Defensoria Pública é a porta de entrada de pessoas mais simples e não tem o formalismo e o
elitismo observado nos Foros e Tribunais, embora a ação acabe tramitando necessariamente
para estes órgãos ao avançar do processo. Todos os municípios da minha região (Porto Alegre,
Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada, Esteio) possuem este serviço. No Rio Grande do Sul,
o órgão ainda dispõe da “Defensoria Itinerante”, com veículos que levam os servidores da
defensoria para comunidades mais afastadas e mais economicamente vulneráveis. Outra ação
importante realizada pela Defensoria do RS são os mutirões, quando são verificados muitos
casos de um mesmo problema. No início de abril, por exemplo, após a denúncia de um
sindicato de agricultores, a Defensoria promoveu um mutirão de atendimento de 40 idosos
que sofreram o “golpe da selfie” no município de São Vicente do Sul. Os golpistas exigiram que
os idosos tirassem fotos e enviassem pelo celular e, de posse delas, faziam empréstimos
consignados em nome das vítimas.
Como vimos, apesar de algumas iniciativas como a Defensoria Pública e suas ações, o acesso à
Justiça no Brasil ainda é muito limitado, demonstrando a urgência da adoção do Objetivo de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes. A precariedade do
sistema de justiça vai de encontro com o que o filósofo, professor de Filosofia Política de
Harvard, John Rawls defendia: para que uma sociedade seja justa, é preciso que estejam
submetidos ao “véu da ignorância”, ou seja, para que haja igualdade de tratamento, é preciso
que todos sejam tratados na sua posição original, como um ser humano, sem diferenças. O
filósofo reconhece que há desigualdades na sociedade, mas que devem ser dadas as mesmas
oportunidades para todos, para que estas desigualdades sejam superadas pelo
desenvolvimento das potencialidades de cada um.

4. Ao final, relacione o direito ao acesso à justiça a partir dos conhecimentos do seu curso de
graduação. (1,0 ponto)

2. Agora, observando a sociedade brasileira, investigue de que forma a desigualdade no acesso


à justiça se apresenta. Você pode pesquisar e expor notícias ou informativos. Lembre-se de
referenciar corretamente. (1,0 ponto)

3. Por fim, analise de que forma se dá o acesso à justiça na sua cidade/região. Verifique se na
sua região há serviço de defensoria pública ou não. Se houver, explique o seu papel e se este
serviço oferecido atende à demanda da população. Se não houver, analise a importância de
sua existência e registre a relevância deste serviço para a sua cidade/região. (1,0 ponto)
1. Faça uma pesquisa e explique o real motivo da inserção do objetivo do
desenvolvimento sustentável número 16, em especial, a meta 16.3 – promover o
Estado de Direito, em nível nacional e internacional, e garantir a igualdade de acesso à
justiça para todos. (0,5 ponto)

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