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Lei da sobrevivência no âmbito tributário

Integridade, Compliance, ética, sobrevivência são temas que aparentemente poderiam ser
apenas filosóficos.

A história mostra que com todos os percalços humanos, a coletividade acaba buscando sempre
um jeito melhor de viver. No começo dos tempos caçávamos solitariamente. Logo descobriu-
se que viver em coletividade seria mais vantajoso.

Dessa concepção a humanidade foi construindo modos de viver das mais diferentes formas
sendo certo que chegamos aos dias de hoje.

Os tributos são frutos não do sentimento nobre de coletividade, não na sua essência. Esse
conceito é recente. Talvez romântico, e só o futuro comprovará. Origem dos tributos é a
IMPOSIÇÃO do mais forte contra o mais fraco.

Reis, déspotas, cobravam tributos para sustentar suas vidas.

Há duas formas essenciais de se cobrar algum valor de alguém. Ou pela força ou pelo
convencimento.

Até hoje, parece que a força é o meio adotado pela humanidade, já que os tributos são
imponíveis, obrigação legal que surge com a ocorrência do fato gerador.

Assim, é impossível dissociar tributo de algo nefasto, de uma cobrança injusta. Nem mesmo
quem advoga ou vende a ideia marketeira de que os tributos cumprem função social.

Mas, ainda que se aceite a tese de que o tributo seja digno de ser visto como um ato virtuoso
de contribuir com o bem social, é nítido que os próprios políticos não agem conforme esse
nobre conceito.

Haja vista as guerras fiscais internas dos países e as internacionais.

Nesta semana participei do IX Congresso Internacional de Direito Tributário Internacional,


promovido pelo IBDT.

Apesar de ter tido a oportunidade de aprender com feras do mundo tributário nacional e
internacional, também constatei que a sanha arrecadatória, o viés de dominação através da
política arrecadatória é praticado pelos países mais ricos em detrimentos dos países em
desenvolvimento. Por ter sido apenas uma percepção minha, através das falas dos
palestrantes, mas o fato é que a lei da sobrevivência fala mais alto.

Agora, se os países ricos, se os Estados e Políticos possuem o direito de lutar pelo que
acreditam ser justo para seu povo, para seus ideais e ideologias, porque o próprio povo não
pode fazer o mesmo.

O conceito de República e de Democracia, a meu ver, alicerçam o direito individual da


sobrevivência, ainda que para tanto tenha que lutar contra os mais ricos, os mais fortes, os
Estados e Nações.
Assim, é fundamental que o contribuinte tenha o direito assegurado de exercer sua luta pela
sobrevivência. Ter o direito de contestar tributos que são escorchantes, que são irracionais,
que sustentam um Estado inchado e que ao fim e ao cabo objetiva apenas a sua própria
sobrevivência, sustentando burocratas que só fazem criar teorias para se manterem no poder.

Nesse contexto, ganha relevância, no Brasil, o artigo 5º da Constituição Feral, bem como seus
princípios mais caros como o da dignidade da pessoa humana, da legalidade do acesso ao
judiciário para defender-se de abusos.

Além disso, o Legislativo deveria trabalhar para o povo. O capítulo das limitações ao poder de
tributar deveria ser respeitado desde no nascimento das leis.

Fazendo um paralelo, o Estado vem imposto ao cidadão princípios de ética através do


Compliance e da Lei de Proteção de Dados consagrando a ideia de que deste o projeto de
realização de fatos já se pense na integridade, na proteção.

Não é possível e não é crível que o Legislativo crie leis inconstitucionais e somente depois de
décadas o Supremo Tribunal Federal venha a afastar da ordem jurídica vigente a referida
norma inconstitucional. É contraproducente.

Mais, conflita com o princípio da moralidade, da eficiência dentre outros tantos que estão lá
na constituição federal.

Assim, como na revolução francesa, é preciso que o contribuinte lute para lançar luzes na
sociedade, para além de lutar infindáveis no judiciário transformem em uma luta no
nascimento das leis, uma luta para que a sobrevivência do sistema democrático, racional, legal
continue a levar a sociedade a um patamar de crescimento e estabilidade.

O judiciário, a Suprema Corte, deveriam ser a última alternativa, e não a primeira.

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