www.manhoodbrasil.com.br Sobre a obra: Neste ensaio em formato de e-book, o médico e filósofo capixaba Alessandro Loiola apresenta uma visão pragmática dos Impostos, comparando a realidade brasileira à de outros países enquanto debate a própria natureza, eficiência, necessidade e financiamento do Estado e dos governos.
“ENSAIO SOBRE A MORALIDADE DOS IMPOSTOS”, lançamento
exclusivo de ManhoodBrasil Edições, oferece a chance de um passeio recheado de estatísticas e evidências por ideias profundamente relevantes para professores, educadores, formadores de opinião, influenciadores digitais, gestores públicos e qualquer cidadão com interesse genuíno em atualizar-se sobre o tema.
O presente título é disponibilizado com o objetivo de disseminar o
conhecimento para uso em pesquisas e estudos acadêmicos. Caso tenha interesse em conhecer outros conteúdos produzidos por ManhoodBrasil, teremos o maior prazer em receber sua visita em nosso site e redes sociais: Site: www.manhoodbrasil.com.br Facebook: https://web.facebook.com/manhoodbrasil/ Instagram: https://www.instagram.com/manhoodbrasil/ Para contato com o autor: Email: alessandroloiola@gmail.com Facebook: https://web.facebook.com/alessandro.loiola.9 Índice 1. Introdução
2. Financiar ou Não Financiar?
3. Errado versus Improdutivo
4. Reciprocidade versus Valores Absolutos
5. Renda versus Consumo
6. Revolta versus Realidade
7. Conclusão 1. INTRODUÇÃO
No distante raiar do Neolítico, quando começamos a nos organizar em
comunidades, decidimos abdicar de fatias de nossa liberdade para abrir espaço para um monstro que cuidaria da segurança das fronteiras, diminuiria o medo de coações externas e garantiria a ordem e o progresso. Com a chegada do monstro, descobrimos com algum pesar que dar-lhe espaço não era suficiente: ele deveria ser alimentado periodicamente. Então pegamos o que restava de nossa liberdade e a fatiamos mais uma vez dentro de unidades de tempo, e dentro destas unidades trabalhamos com suor redobrado para produzir o suficiente para suprir nossas necessidades e confortos e sustentar o monstro. Ao monstro, demos o nome de Estado; e à cota compulsória de alimentos, o nome de Impostos. Os impostos foram criados a partir da crença Moral de que os mais afortunados deveriam ajudar de alguma maneira os menos afortunados, subindo e descendo uma escada de valores sociais, tendo o Estado como intermediário “neutro” deste auxílio. Isto tornaria os impostos o principal instrumento através do qual o sistema político poderia colocar a justiça econômica em prática e preservar os ditames de convívio. Rapidamente, alguns passaram a considerar o monstro um oportunista disposto a profanar cada uma de nossas vulnerabilidades, e traduziram o auxílio arbitrário como um sinônimo de Roubo. Na infância de minha racionalidade, eu costumava concordar com estes últimos – de que “imposto é roubo” – por considerar a cobrança de impostos injustificável. Entretanto, refletindo com um pouco mais de maturidade e Razão, percebi que existe uma grande diferença entre dizer que algo é Moralmente Errado e que algo é Economicamente improdutivo. Quando você diz “sexo fora do casamento é errado” ou “sexo é sujo”, você não está enunciando fatos lógicos e objetivos, mas recitando princípios Morais. Nenhuma dessas atividades é intrinsecamente “improdutiva”: elas apenas são o que são. Pois bem: cobrar impostos é um roubo tanto quanto sexo é sujo ou um pecado. Impostos são uma maneira de a sociedade financiar o Estado que ela mesma engendrou para cuidar de assuntos que ou estão acima da capacidade resolutiva de um único indivíduo isoladamente ou lhe são simplesmente desinteressantes. Muitas pessoas compartilham a visão de que o papel do Estado é proteger os interesses de seus cidadãos – dentre eles o interesse à propriedade privada – e de que os impostos são um assalto a esta propriedade e, portanto, nada têm a ver com a proteção de seus interesses individuais, consistindo em mais uma violação da liberdade de cada um de nós. Os argumentos neste sentido em geral são extraordinariamente eloquentes – e igualmente pueris.
2. FINANCIAR OU NÃO FINANCIAR?
Suponha que você mora em um lugar onde não existe Estado ou
governo de qualquer espécie. Um sujeito que mora por perto, um ex-militar armado com 1,95m de altura, sólidos 100 kg de peso e um fuzil semi- automático carregado, resolve oferecer proteção para a vizinhança. Porém, como irá se dedicar integralmente a esta atividade, ele solicita que você e seus vizinhos lhe ofereçam algum tipo de assistência – incluindo dinheiro para comprar munição e manter um padrão de vida similar à média do restante do bairro. No seu quarteirão, todos os moradores concordam, menos um (sempre existe um anarquista por perto...). Seria Moralmente correto se os vizinhos dissessem ao anarquista: “pague sua parcela ou mude-se de bairro”? Ou você estaria disposto a dividir com os demais a quota daqueles vizinhos que recusaram o custo da proposta, mas que esperam receber proteção assim mesmo? Esta é a situação do governo. O problema central do discurso “imposto é roubo” está em que ele assume que não existe uma diferença Moral entre um indivíduo sob alguma forma de governo e um indivíduo sem governo algum. É óbvio que este raciocínio é falho e que os impostos algumas vezes são Moralmente corretos, caso nosso relacionamento com o restante da sociedade tenha esperança de ser minimamente razoável. Quando questionamos a Moralidade dos impostos, estamos na verdade questionando a Moralidade da aplicação destes impostos – ou a ética de sua reciprocidade. Os gastos do governo e os investimentos do Estado deveriam ser uma expressão do acúmulo das prioridades que a Sociedade considera importantes como parte do bem comum; e a distribuição do dinheiro arrecadado deveria obedecer às leis naturais governadas pelas necessidades, habilidades e méritos dos cidadãos. Entretanto, isto nem sempre ocorre como planejado e o princípio distributivo raramente obedece este padrão. Assim, o debate sobre impostos não consiste em uma simples discussão de aritmética orçamentária, mas em um debate complexo da relação Moral entre o Estado e a Sociedade. Não existe Liberdade dentro de um Estado, seja ele democrático ou não. Qualquer Estado nasce da concordância coletiva em limitar certas Liberdades em nome de segurança, controle, estabilidade e prosperidade. Os direitos e as ideias de justiça que aceitamos para estabelecer o convívio em sociedade baseiam-se na premissa de que cada um de nós precisa ser protegido da agressividade das ganâncias alheias. Esses direitos e ideias, portanto, são conceitos de tutela. Novamente, como no caso do brutamonte armado que faz a segurança da vizinhança, esta tutela possui custos. Se você vive em sociedade, por menores que sejam estes custos, eles sempre existirão. Quem irá arcar com eles?
3. ERRADO VERSUS IMPRODUTIVO
O debate sobre impostos não trata de uma violação ilegítima da
liberdade, da propriedade privada e da autonomia dos cidadãos, mas de um juízo econômico sobre a improdutividade do Governo. Para tornar este argumento ainda mais claro, considere o seguinte: o Brasil tem uma carga tributária equivalente a 34% do PIB nacional. Para efeito de comparação, saiba que este é mesmo valor médio dos 35 países que compõem a OCDE e aproximadamente o mesmo índice observado na Bulgária, na República Tcheca, em Malta, na Nova Zelândia, na Polônia, na Sérvia e no Reino Unido. Nos EUA, a carga tributária corresponde a aproximadamente 26% do PIB. No grupo dos 15 Países Mais Democráticos do Mundo (Noruega, Islândia, Suécia, Nova Zelândia, Dinamarca, Irlanda, Canadá, Austrália, Finlândia, Suíça, Holanda, Luxemburgo, Alemanha, Reino Unido e Áustria), esta carga equivale a 38,7% do PIB. No grupo dos 10 Países com Maior IDH do Mundo (Noruega, Suíça, Austrália, Irlanda, Alemanha, Islândia, Hong Kong, Suécia, Singapura e Holanda) equivale a 33% do PIB – variando desde os módicos 13% de Hong Kong até os quase inacreditáveis 47,9% da Suécia. Que tipo de retorno os Estados destes países oferecem pelo “alimento” que a sociedade lhes dá? O grupo dos 15 Países Mais Democráticos apresentam um IDH médio de 0,919. Em uma regra de três simples, se a carga tributária de 38,7% deles é capaz de sustentar um IDH de 0,919, os nossos 34% deveriam produzir um IDH de 0,807 – e não os atuais 0,754. Obviamente, a cantilena sedutora deste raciocínio esbarra no equívoco básico de desconsiderar o valor absoluto da produtividade de cada uma dessas nações: 34% do PIB nacional de um país com um PIB nominal per capita de US$ 50.000 não significa a mesma quantidade de dinheiro nas mãos do Estado que 34% de um país com PIB nominal per capita de US$ 25.000. Os 15 Países Mais Democráticos possuem um PIB nominal per capita de US$ 53.806 por ano; nos 10 Países com Maior IDH, este valor sobre para US$ 54.140; e, nos sete países citados que possuem uma carga tributária na casa dos 34%, corresponde a US$ 20.764. No Brasil, o PIB nominal per capita médio é de US$ 13.670 por ano (ou 35% menor que o valor dos sete países com carga tributária na casa dos 34%). Isso significa que os 34% de impostos sobre o nosso PIB equivalem a cerca de US$ 0,36 trilhões por ano. Nos EUA, a carga tributária de 26% sobre o PIB corresponde a US$ 6,54 trilhões por ano. Em média, os 15 Países Mais Democráticos investem 10% do PIB em saúde – o equivalente a US$ 5.400 per capita por ano. Destes países, apenas seis (Noruega, Islândia, Suécia, Finlândia, Canadá e Reino Unido) possuem sistemas de saúde públicos e universais sem custos adicionais como o nosso SUS. O Brasil investe cerca de 7% do PIB em saúde – o equivalente a US$ 780 per capita por ano. Ou seja: em termos de saúde, investimos quase 7 vezes menos por cabeça e esperamos ter um sistema de saúde tão bom quanto os demais, apenas pelo fato de estarmos em faixas aproximadas de taxação sobre o PIB. De maneira semelhante, os 15 Países Mais Democráticos investem em média 8,6% do PIB em educação básica e fundamental, o que equivale a uma média de US$ 11.380 per capita por ano. No Brasil, repassamos 5,9% do PIB para educação, o que equivale a uma média de US$ 3.800 per capita por ano. Em termos de educação, investimos quase 3 vezes menos por cabeça e esperamos desfrutar de um sistema de educação tão bom quanto os demais – novamente – apenas porque estamos em faixas aproximadas de taxação em relação o PIB. A insistência neste tipo recorrente de ingenuidade, que afirma que já recolhemos muito sobre o PIB, não se trata apenas de um equívoco aritmético inocente, mas de uma metanarrativa Relativista que visa torcer a Verdade substantiva dos fatos completos em nome de discursos ideológicos míopes. Não é um argumento fundado em Lógica, mas uma armadilha doutrinára de dissonância cognitiva que procura esconder a incompetência de nossa produtividade. Sim, pagamos um porcentual alto sobre o PIB. Sim, este porcentual atua dificultando a eficiência dos mecanismos produtores. Mas não, esta não é a única explicação para a indolência econômica que permeia a mentalidade brasileira. Não produzimos menos por causa de impostos. Produzimos menos por causa da cultura assistencialista que se tornou hereditária em nosso país: o brasileiro típico sonha com um emprego, não um trabalho.
4. RECIPROCIDADE VERSUS VALORES ABSOLUTOS
Tanto no caso da saúde quanto no caso da educação, a reciprocidade
Moral dos Impostos tem uma relação prática com a reduzida produtividade do trabalhador brasileiro e no baixíssimo valor agregado daquilo que produzimos, que geram um PIB nominal medíocre, de onde deriva então o financiamento para a saúde pública e para a educação, entre outros. Os impostos se tornam "caros" e imorais quando a serventia não é qualitativamente proporcional ao que foi recolhido. Mas, em um mundo globalizado e em mentes realistas, esta serventia deve ser calculada em valores absolutos dos custos totais e não considerada emocionalmente quando observamos apenas o porcentual recolhido em relação ao PIB. Ainda que alguns se queixem do volume de impostos cobrados no Brasil, e ainda que uma parcela considerável desta revolta resida no retorno que o governo oferece pelos impostos cobrados, é impossível negar que nossa baixa produtividade econômica faz com que a carga tributária não pareça apenas mais dolorida, mas seja também mais insuficiente: em um ranking organizado pelo Fundo Monetário Internacional envolvendo 185 países, ocupamos a 50ª posição no PIB nominal per capita, perdendo para países como Lituânia, Antígua, Seicheles, Omã, Uruguai, Barbados, Palau, Chipre, Israel e Macau. Sim, impostos consistem em forçar que as pessoas dêem parte do dinheiro que produziram ao Estado. E os impostos são necessários e até certo ponto desejáveis, pois sustentam o Estado organizado que, por sua vez, gerencia o funcionamento de vários serviços básicos como a Lei, a justiça, a segurança das fronteiras, a manutenção de estradas, a iluminação pública e a coleta de lixo, entre outros. Uma vez que estas faculdades precisam ser financiadas, o Governo rateará seu custeio entre aqueles que se abrigam à sua sombra.
5. RENDA VERSUS CONSUMO
Nos EUA, 49% da arrecadação de impostos advem da tributação da
renda. No Brasil, 48% advem da tributação do consumo. Muitos afirmam que a opção brasileira por tributar o consumo e não a renda decorre da alta concentração de renda em nosso país, mas a verdade é que a baixa produtividade do trabalhador brasileiro, associada à leniência do Estado, permite que mais de 80% da população seja dispensada da obrigação de pagar o Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF): em média, apenas 3% da população total (ou 6% das pessoas que participam da População Economicamente Ativa) estão na faixa de recolhimento do IRPF. Apesar de o IRPF representar míseros 3,63% da arrecadação total anual do governo em impostos, a carga tributária sobre salários no Brasil supera a de países como Suíça, Coreia do Sul, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Irlanda, Chile, Dinamarca, Chile e Nova Zelândia. A opção por priorizar a tributação sobre o consumo é mais uma daquelas soluções estúpidas típicas do Estado brasileiro. Ainda que os justiceiros sociais reclamem que este método sobrecarregue as pessoas de baixa renda, esta conclusão tem cheiro e cor de falácia: dado o volume de consumo, são as pessoas mais ricas que movimentam e recolhem boa parte do financiamento que sustenta as escolas públicas, a saúde pública e a segurança pública. Insatisfeitas com o retorno que obtém, os 3% da população brasileira que recolhem IRPF autotributam-se triplamente ao recomprar de particulares os serviços que pagaram ao Estado em tributações sobre sua renda e seu consumo. Temos um número imenso de cidadãos desempregados e de baixa renda que sobrevive de auxílios do governo; uma classe média em menor número, que se luta para manter seus compromissos fiscais em dia pela força de seu suor; e uma classe alta em ainda menor número, que essencialmente custeia a maior parte da arrecadação do Estado por meio do seu alto consumo. À dinâmica torta do sistema de arrecadação brasileiro, deve-se somar ainda o alto volume dos gastos do Estado: apenas nossos Ministérios possuem um custo operacional de 400 bilhões de reais por ano. É óbvio que a falência por fadiga torna este modelo insustentável no longo prazo: quando o Estado – paquidérmico, obeso e ineficiente – deixa de estimular o autopertencimento e passa a distribuir obstáculos para o empreendedorismo e a inovação, a tendência é que a classe que responde pela maior faixa de arrecadação pouco a pouco diminua ou abandone as atividades produtivas, ou simplesmente mude seu local de produção ou o destino de seus lucros e de seu consumo, e este movimento, cedo ou tarde, estrangulará o financiamento e conduzirá todo o conjunto ao colapso. Atualmente, este é o caminho tributário onde nos encontramos. Segundo a ordem natural da Moralidade tradicional, o trabalho duro, a paciência e a prudência tendem a gerar prosperidade e, por isso, são considerados virtudes. A preguiça, a indisciplina e a impaciência por outro lado, tendem a resultar em pobreza e sofrimento, e são considerados vícios de caráter. Quando o governo rompe com esta ordenação, taxando a criatividade e incentivando o vitimismo, ele compromete seu próprio funcionamento. Ao subverter o senso de justiça e contribuir para o surgimento de fissuras no tecido social, o Estado deixa de ser uma parte da solução e torna-se uma fração considerável do problema. A corrupção tende a diminuir a percepção Moral que temos do Estado, da política e do governo, aumentando a evasão de taxas e reduzindo o volume de impostos arrecadados: em um ambiente onde a Moralidade dos impostos é açoitada pelos desvios de caráter dos governantes, as pessoas passam a se questionar se deveriam realmente pagar tudo que o Estado lhes cobra – e terminam não pagando mesmo. Quando isto ocorre, recuperar a economia torna-se uma tarefa bem mais simples que recuperar a confiança na ética do Estado e na Moralidade das taxas do governo.
6. REVOLTA VERSUS REALIDADE
A lista das revoluções cobrando redução de impostos é imensa, indo
desde os Zelotes judeus no século I antes de Cristo até os tumultos na Nicarágua em 2018, passando por manifestações em Constantinopla em 1197, na Alemanha em 1524, na Holanda em 1543, na França em 1597; a Guerra Civil Inglesa, as revoltas na Itália e na Escócia no século XVII; a Revolução Americana no séxculo XVIII; e dezenas de outros protestos violentos nos séculos seguintes em inúmeros países. No Brasil, em junho de 2013, os protestos contra um aumento de 20 centavos de real nas tarifas de passagens de ônibus urbanos se transformaram em uma onda de manifestações que varreram o país de norte a sul. Coroadas por uma crise fiscal e econômica sem precendentes, o processo culminou com a cassação do mandato da presidente Dilma Roussef em 31 de agosto de 2016. Ao longo da história mundial, os cidadãos sempre se queixaram de que recolhiam muitos impostos e que os valores recolhidos eram mal empregados. Esta é uma reclamação milenar com poucas chances de ser resolvida. Quando o governo taxa um cidadão, isso significa que o Estado o está ameaçando de alguma forma, e ameaças habitualmente resultam em protestos. Por exemplo: como resposta à sua ameaça de inadimplência, o Estado protesta avisando que você pode perder sua liberdade e ir preso se não pagar seus impostos. Como isto também é uma ameaça de violência, você toma a vez e protesta contra o Estado. Ainda que o governo utilize o dinheiro arrecadado em uma boa causa, isso não exime os impostos de representar uma forma de prestação compulsória – ou roubo, se preferir este termo. Entretanto, os cidadãos que vivem sob um Estado concordaram em pagar impostos: esta é uma parte do contrato que existe entre a Sociedade e o Estado. Quando você utiliza serviços do Estado como polícia, garantias de propriedade privada e do cumprimento de contratos, está indicando que aceita o pacto. 7. CONCLUSÃO
A única maneira de viver sob um Estado e tentar refutar a Moralidade
dos impostos é utilizar argumentos que utilizem nada de Lógica ou maturidade. Como defender "zero-impostos" e ao mesmo tempo exigir que alguém (que fatalmente será um Estado ou algo no seu molde efetivo) garanta o cumprimento das transações, dos direitos e dos deveres? Como escreveu Milton Friedman em seu clássico ensaio sobre política econômica publicado em 1975, “Não existe essa coisa de um almoço grátis”, e o "alguém-garantidor dos contratos" terá que ser financiado. De que maneira isso ocorrerá? Voluntariamente? Quando anarquistas e libertarianos dizem que “imposto é roubo”, eles deveriam se dispor também, por uma questão de honra e plausibilidade, a abandonar qualquer forma de Estado ou governo financiada por estes impostos. Se cobrar impostos é injusto, condenar os impostos e ao mesmo tempo usufruir daquilo que estes impostos proporcionam é no mínimo um contrassenso hipócrita. Se você ainda considera que os impostos são um roubo, a despeito das vantagens que viver sob um Estado lhe oferece, então qual seria a saída? Abolir todos os impostos? Alguns roubos podem ser justificados: se você precisa roubar um pão para literalmente escapar de morrer de fome, ainda que isso seja errado, o ato pode ser justificado. De maneira similar, o governo pode justificar os impostos como uma maneira de evitar desdobramentos terríveis – como a disrupção da ordem social, por exemplo. Se o governo tornasse os impostos realmente uma questão de escolha Moral, de que serviriam as Leis? Os impostos são um confisco do dinheiro dos cidadãos para custear as atividades do Estado. Sem impostos, sem Estado. Sem Estado, retrocederíamos à Lei da Selva. Se você discorda disto, recomendo que viaje para zonas de guerra e veja como as massas de animais humanos sobrevivem harmoniosamente quando abolimos o Estado de suas vidas.