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DIREITOS HUMANOS: A

APLICABILIDADE DOS DIREITOS


HUMANOS AOS POLICIAIS
MILITARES
Priscila da Silveira Vieira*
Felipe Lazzari da Silveira**

RESUMO
Os Direitos Humanos dos policiais militares são um tema recente e muito
inovador, pois é um assunto pouco tratado. Contudo, tem uma impor-
tância ímpar na medida em que estamos falando de Direitos Humanos,
e o direito à vida é de todos os cidadãos, independente de profissão ou
qualquer outro meio discriminatório. O texto aborda os direitos humanos
aos policiais militares, no âmbito da profissão e dos resquícios dela em
seus dias como pessoa comum, sem ser o Estado. Tema de suma impor-
tância por lidar com a vida humana; bem jurídico tutelado pelo Estado.
Nesse ponto, procura-se demonstrar que a vida dos policiais é igual e
vale o mesmo que a dos demais cidadãos; que sua profissão é de suma
importância para que a sociedade possa fluir nos seus afazeres do dia a
dia. Nesta modalidade, a responsabilidade imposta a estes profissionais é
imensa e de grande valor; porém, só lhes sobram cobranças e imposições
sobre suas atitudes.
Palavras-chave: Direitos Humanos. Profissão Policial Militar. Valor da
Vida. Direito à Igualdade

* Graduanda do Curso de Bacharelado em Direito do Centro Universitário


Metodista – IPA.
** Orientador do artigo, Doutor em Direito e professor do Curso de Bacharelado
em Direito do Centro Universitário Metodista – IPA.

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Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

HUMAN RIGHTS: THE APPLICABILITY OF HUMAN RI-


GHTS TO MILITARY POLICE OFFICERS

ABSTRACT
The human rights of military police officers are a recent and very inno-
vative topic, as it is a poorly treated subject. However, it has a unique
importance in that we are talking about human rights, and the right to
life is for all citizens regardless of profession or any other discriminatory
means. The text addresses human rights to military police officers, within
the scope of the profession and the remnants of it in their days as an or-
dinary person, without being the State. An issue of great importance for
dealing with human life; legal right protected by the State. At this point, it
is tried to demonstrate that the life of the policemen is equal and is worth
the same as that of other citizens, that their profession is of paramount
importance so that the society can flow in their day-to-day affairs. In this
modality, the responsibility imposed on these professionals is immense
and of great value, however, they only have collections and impositions
on their attitudes.
Key words: Human rights. Occupation Military Police. Value of Life. Right
to Equality.

1 Introdução
O presente trabalho tem como tema os Direitos Humanos,
mais especificamente a aplicabilidade dos Direitos Humanos aos
policiais militares. No que tange a estes profissionais, a análise
buscará identificar e mostrar que tais direitos não são oferecidos
e nem tem a função de resguardá-los de quaisquer eventuais
transtornos inerentes ao serviço.
Considerando o contexto atual, onde muitos policiais tombam
em serviço seguidamente, sendo que os Direitos Humanos são na
maioria das vezes reclamados pelo senso comum apenas para o
criminoso ou para as vítimas de crimes, questiona-se: Os policiais
militares também não seriam titulares de Direitos Humanos?
Porque a sociedade, pelo menos no que tange ao pensamento
médio, não clama pelos Direitos Humanos dos policiais como
clama pelo dos delinquentes e das vítimas?

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DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

Entende-se que os policiais militares são sim titulares de


Direitos Humanos e que a sociedade não clama por tais direitos
em relação à classe diante de uma percepção distorcida da ati-
vidade do policial e do sistema de segurança pública, tendo em
vista, entender-se que eles têm mais deveres e menos direitos.
O contato com profissão Policial Militar fez crescer o inte-
resse pelo assunto, pois no dia a dia a autora deste artigo viven-
cia inúmeras situações decorrentes do turno de serviço onde a
dúvida paira sobre o questionamento se tais direitos protegem
estes profissionais.
O alto índice de policiais mortos no Brasil nos últimos anos é
alarmante, pois só no ano de 2016 foram 437 servidores e o Rio
Grande do Sul nesse ano ficou em 10º lugar com 11 mortos. Já
em 2017 caiu o número de vítimas fatais, sendo de 371 ao total
e nosso Estado caiu para a 12º posição com 6 policiais mortos. 1
No entanto, estes profissionais, antes de serem policiais, são
cidadãos; antes de ser o Estado, são pessoas, e infelizmente não
se vê repercussão ou alguém dos Direitos Humanos intervindo
nesses índices, tampouco mudanças em nós como sociedade para
valorizarmos essa profissão que é de suma importância.
E é isto que este trabalho fornecerá: incentivos teóricos para
que este tema seja motivo para novos trabalhos e principalmente
mostrar que o policial militar é um profissional, mas que isto
não significa que, se ele vir a morrer, não valeu de nada, visto
ser o ofício de seu trabalho, como se vivêssemos em guerra e sua
morte fosse normal.
Afinal, se não tivéssemos a segurança pública e os policiais no
dia a dia de serviço patrulhando e até mesmo prendendo os indiví-
duos em conflito com a lei, poderíamos sair à rua como hoje? Já se
perguntaram como seria os dias sem esses servidores trabalhando

1
ADORNO, Luís. UOL, São Paulo, 17/01/2019 15h00. Disponível em: https://
noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/01/17/policia-arma-
mento-mortes-folga-violencia.htm

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diuturnamente para a preservação da ordem pública? Tivemos um


episódio assim aqui no Brasil no Estado do Espírito Santo no ano
de 2017 e foi um verdadeiro caos, mas as pessoas esquecem disso,
pois para a grande parte da sociedade ela paga o salário desses
servidores e cobram-lhes como se fossem culpados de tudo de ruim
que acontece e muitas vezes pedem o fim da polícia.
Mas o mais intrigante dessas cobranças e repúdios por par-
te de uma porcentagem desta população que critica os policiais
militares é que, quando são eles que estão precisando de uma
viatura para atendê-los ou para socorrer algum ente familiar,
querem pressa e urgência, mas quando não são eles as vítimas,
falam mal, questionando a correria das viaturas ou o porquê de
troca de tiros com os criminosos.
Pois, enquanto nossa sociedade não evoluir, aprender a
pensar no próximo, deixar de ser tão egoísta e achar que seus
problemas são maiores do que os dos demais; abandonar este
pensamento de povo individualista, ela sempre verá somente o
que lhe convém, e nunca veremos a mudança social onde haverá
igualdade entre todos, sem qualquer tipo de discriminação.
A dissolução do espírito autoritário está diretamente ligada
ao exercício democrático e social de construção de uma visão de
mundo no qual predomina o pluralismo, um conceito que vem
se desenvolvendo lentamente2; tudo isso respeitados os limites
da legalidade, da cidadania, da solidariedade, da justiça social e
da dignidade humana.
A humanidade está acostumada a sobreviver e não a viver.
Enquanto ela buscava o progresso, conseguiu um regresso tão ili-
mitado que ameaça colocá-los sob uma catastrófica e irreversível
condição de barbárie, em razão de que na técnica antevia-se a
liberdade. Ela passa a converter-se em aprisionamento. Quanto
maior a progressão, maior a regressão.3

2
HELLER, Agnes Feher. A condição Política pós-moderna. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1998 p. 172.
3
BITTAR, Eduardo C.B. Democracia, Justiça e Direitos Humanos. São Paulo:
Saraiva, 2011. p. 146.

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Hoje em dia vemos muitas pessoas clamando por igualdade,


pedindo uma sociedade menos preconceituosa. Mas este clamor
de desigualdade é um pedido de proteção para essas minorias, e
esta defesa vem dos Direitos Humanos; porém, só vê-se reclama-
ção, principalmente, para os negros, homossexuais e até para as
mulheres. E sim eles precisam e devem ter este resguardo pela
lei e pelos Direitos Humanos, mas somente eles?
O impressionante é que não há clamor de proteção para os
servidores da segurança pública. Não vemos caminhadas, cartazes,
manifestações com avenidas trancadas, tampouco reportagens
nos jornais de televisão, pedindo justiça por um policial ter sido
morto em serviço ou em função dele.
O direito à igualdade material acompanha o direito à dife-
rença e o direito ao reconhecimento de identidades, única forma
de se evitar a universalização de estereótipos hegemônicos e o
sofrimento humano4. O espírito democrático deve, portanto, in-
centivar a tolerância, única forma de manifestação de um olhar
não exigente e voltado para a compreensão do outro.5
A nossa realidade hoje é que vivemos em um país onde há
o crime organizado, violência, desigualdade sociais, grupos de
extermínios, rebeliões carcerárias, entre outras barbáries. Isso é
apenas um sinal de uma sociedade ainda distante das condições de
realização das garantias democráticas6 e é por este motivo que os
Direitos Humanos são fruto de processos históricos de construção
e afirmação, colocados diante do desafio de seu recuo histórico.7
Existem diversas maneiras de reconhecer a importância dos
Direitos Humanos na vida em sociedade. Porém, ao mesmo tempo
em que o policial é um ser humano e tem sua dignidade garantida,

4
PIOVESAN, Flavia. Como fica a dignidade a humana diante da opressão
pelos fortes, Revista do Movimento do Ministério Público Democrático,
Outubro de 2008.
5
BITTAR, Eduardo C.B. Op.cit. 2011. p. 146.
6
HELLER, Agnes Feher. A condição Política pós-moderna. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1998 p. 173.
7
COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos direitos humanos.
São Paulo: Saraiva, 1999.

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ele é esquecido enquanto exerce seu ofício. Isso ocorre porque


as próprias atribuições do trabalho desempenhado por ele são
tidas como enfrentadoras das liberdades individuais.
É isso que este trabalho irá mostrar, que, por mais que os
policiais militares sejam detentores dos Direitos Humanos, eles
não os têm na prática, e isso não é apenas uma pesquisa didática
de um aluno acadêmico; é uma pesquisa de campo com infor-
mações extraídas de dentro desta instituição por uma policial
militar estudante de Direito que tem por objetivo demonstrar a
realidade do dia a dia destes servidores.
Afinal, uma boa formação humana permite a origem de bons
profissionais e nesse contexto mais ainda, pois a formação dos
policiais configura-se num dos requisitos essenciais para garantir
a todos uma segurança pública de qualidade. A seguranças dos
cidadãos é em si mesma uma questão que inclui os direitos e
garantias fundamentais e não o limite deles.8
Todavia, é de suma importância saber que é possível tratar
temas polêmicos como a violência que se mostra cada vez mais
contundente em nosso meio com a educação para a cidadania, a
segurança pública e os Direitos Humanos, cada qual ao seu campo
de atuação. Por isso a segurança pública, a educação e a formação
militar sempre estarão associadas, pois é bastante pertinente a
aproximação entre todas essas categorias de análise.9
Diante disso, primeiramente tem que se entender o que são
Direitos Humanos e como funcionam dentro do nosso ordena-
mento jurídico.

2 direitos humanos
2.1 Aspectos gerais
Os Direitos Humanos constituem o principal instrumento
de defesa, garantia e promoção das liberdades públicas e das
8
RAIMUNDO, Paulino Da Silva. Educação e Segurança Pública: uma perspec-
tiva de Cidadania e Direitos Humanos, Revista Espaço Acadêmico, Aracajú,
2011, p.90.
9
Idem 10.

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condições materiais essenciais para uma vida digna. E o Brasil só


poderá concretizar seu projeto de democratização prescrito pela
Constituição quando os Direitos Humanos alcançarem concreta-
mente o cotidiano dos indivíduos com plena força normativa.10
No âmbito internacional, os direitos humanos passaram a ter
maior relevância após a Segunda Guerra Mundial, em decorrência
da violência sofrida por inúmeros civis. A partir daí, foi criada
a Declaração Universal de Direitos Humanos, no ano de 1948,
trazendo a dignidade da pessoa humana como elemento central.11
No Brasil, houve um período em que os direitos foram dei-
xados de lado, em especial no regime militar, entre os anos de
1964-1985, quando era permitido o uso de violência, a fim de
garantir o controle político. Todavia, a partir do início da rede-
mocratização no Estado Brasileiro, mais especificamente com a
vigência da Constituição Federal de 1988, houve a normatização
dos direitos e garantis fundamentais. O art. 1º, da Constituição
Federal de 1988, traz, logo no início da Carta Magna, a dignidade
da pessoa humano como fundamento da República Federativa do
Brasil. Na sequência, há um Título específico tratando dos direitos
e garantias fundamentais, no qual consta um rol de direitos. 12 13
Os Direitos Humanos são inerentes ao ser humano e foram
criados como forma de assegurar a todas as pessoas uma vida

10
CUNHA, José Ricardo. Direitos humanos e justiciabilidade: pesquisa no Tri-
bunal de Justiça do Rio de Janeiro. Sur, Revista internacional de Direitos
Humanos, São Paulo, 2005, p. 139-172.
11
HONÓRIO, Christiane Alcanara. SILVA, Sullyvan Garcia da. Direitos Humanos
e Polícia Militar: percepções e significados para os policiais militares do 17º
BPM na cidade de Águas Lindas – Goiás. Revista Brasileira de Estudos de
Segurança Pública. V. 11, n. 1, 2018, p. 01.
12
HONÓRIO, Christiane Alcanara. SILVA, Sullyvan Garcia da. Direitos Humanos
e Polícia Militar: percepções e significados para os policiais militares do 17º
BPM na cidade de Águas Lindas – Goiás. Revista Brasileira de Estudos de
Segurança Pública. V. 11, n. 1, 2018, p. 01.
13
BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Constituição da República Federativa
do Brasil. Brasília. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em 04/06/2019.

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digna onde estas pudessem viver com o mínimo de respeito e


proteção. Contudo, muitos entendem que os Direitos Humanos
são aqueles elencados na Constituição Federal, a diferença que há
é em relação ao local em que ambos os direitos estão positivados.
Enquanto aqueles estão previstos em tratados internacionais
e surgiram com a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
estes estão positivados na Constituição Federal de 1988 e se
harmonizam com a concepção internacional de direitos humanos,
caracterizada pela universalidade de direitos, visando a dignidade
da pessoa humana. Isso ocorre em virtude de uma grande zona
de convergência entre tais direitos; afinal, os Direitos Fundamen-
tais, no caso brasileiro, são, em sua grande maioria, uma réplica
dos direitos e garantias assegurados por uma série de tratados
internacionais dos quais a República brasileira é signatária. Tal
processo, inclusive, ficou conhecido como constitucionalização
dos Direitos Humanos. 14
Autores como Alexandre de Morais e Paulo Bonavides ado-
tam, em suas obras, ambas as expressões de forma conjunta:
Direitos Humanos Fundamentais15. Um tratado é um acordo que
ocorre entre os Estados, onde eles se comprometem com regras
específicas, podendo ser pacto, carta, protocolo, convenções e
acordos, sendo que, após selados estes tratados, eles são legal-
mente vinculados entre os Estados que os tenham aceitado e
comprometeram-se com o que ali estava exposto fazendo assim
parte deste.
O Direito Internacional contemporâneo e internacionalizado
dos Direitos Humanos, ao reconhecer que os seres humanos têm
direitos protegidos pelo Direito Internacional garante respon-

14
TREVISAN, Mônica Dantas. SCHULTZ, Elisa Stroberg. Direitos Humanos
aplicados à atividade policial militar no Estado do Paraná. Disponível
em file:///C:/Users/Silvana%20Hirsch/Downloads/M%C3%B4nica%20
Dantas%20Trevisan%20-%20Artigo%20(2).pdf. Acesso em 08/06/2019.
15
FILHO, Napoleão Casado. Direitos Humanos Fundamentais. Saberes do
Direito. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 19-20.

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DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

sabilidade internacional aos Estados, independentemente da


nacionalidade das vítimas de tais violações16. Ao incorporar um
tratado internacional de proteção aos Direitos Humanos é lhe
atribuída uma condição hierárquica diferenciada, pois tem por
objetivo o ser humano, uma vez que são para melhorar a condição
dos indivíduos e garantir-lhes os direitos fundamentais.
Quando o Brasil compromete-se nas relações com base na
preponderância dos Direitos Humanos, ele reconhece que há
limites na soberania estatal, pois está submetido às regras jurídi-
cas, onde deve prevalecer sempre os Direitos Humanos, visto ser
exigência para que se torne um Estado Democrático de Direito.
Outro ponto muito importante destes direitos é que eles
são divididos por dimensões. Os de primeira dimensão são os
direitos políticos e civis, onde podemos elencar a liberdade de
opinião, a proibição da escravidão, etc. Os de segunda dimensão
são aqueles direitos econômicos, sociais e culturais que surgiram
após diversas reivindicações de classes trabalhadoras, buscando
a igualdade perante o Estado. Já os de terceira dimensão são
aqueles também chamados de direitos de fraternidade ou soli-
dariedade. Estes têm como titular o indivíduo, pois se destinam
à própria proteção do povo.
Estes direitos têm características importantes como a dig-
nidade das pessoas, a universalidade dos direitos onde todas as
pessoas serão tratadas sem discriminação ou diferenciação o
qual são aplicados igualmente não podendo ninguém abrir mão
e principalmente não perdendo nunca sua validade, pois eles são
imprescritíveis.
Diante da ligação e da vinculação direta que os Direitos
Humanos possuem com a dignidade humana, entende-se que
também são imprescritíveis, no sentido de que não deixam de ser

16
BUERGENTHAl, Thomas. Prólogo do livro de Antonio Augusto Cançado Trin-
dade, A proteção internacional dos direitos humanos, São Paulo: Saraiva,
1988. p. 31.

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exigíveis com o decorrer do tempo. Tal fato acontece em razão da


relevância de tais direitos e pela gravidade que a infração destes
possui, não só do ponto de vista individual, mas também para
toda a sociedade.
Tais direitos não foram criados para as relações entre os
iguais; pelo contrário, eles decorrem para a relação dos mais
fracos, da forma que os necessitados possuam proteção, pois são
os mais vulneráveis que carecem da evolução histórica para que
não haja exclusão.
Para que exista igualdade entre os desiguais é que há o
princípio da isonomia, o qual é chamado também de princípio da
igualdade, pois ele traz que os cidadãos devem ter um tratamento
justo e igualitário e que se devem tratar os iguais de forma igual
e os desiguais de forma desigual.
Os Direitos Humanos formam um sistema indivisível, inter-
dependente e complementar entre si. As normas sobre direitos
fundamentais complementam-se, garantindo, assim, a efetividade
plena que elas buscam alcançar. O fato de os Direitos Humanos
estarem consagrados em diferentes tratados não retira seu ca-
ráter de indivisibilidade. Por exemplo, de forma ampla e geral,
a Declaração Universal dos Direitos Humanos trata, em seu art.
14, sobre o direito que um perseguido tem de procurar e receber
asilo em outros países.17
Apesar de tal tema ter sido abordado na Declaração, também
existe um tratado específico denominado Tratado de Genebra de
1951, que versa sobre os refugiados. Ora, poder-se-ia entender
que ambas as normas são divisíveis e independentes por esta-
rem em documentos diferentes. Contudo, verifica-se que elas são
complementares e devem ser vistas como um só corpo que busca
um mesmo objetivo: garantir o direito ao refúgio e à dignidade
de quem se encontra nessa situação.

17
FILHO, Napoleão Casado. Direitos Humanos Fundamentais. Saberes do
Direito. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 24.

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DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

A quem confunda Direitos Humanos com Direitos Funda-


mentais; porém, eles são diferentes, pois, enquanto os primeiros
são considerados direitos básicos elementares das pessoas e são
reconhecidos no âmbito internacional, os fundamentais estão na
Constituição Federal sendo âmbito nacional.
Quando os Direitos Humanos são integrados à Constituição,
eles ganham prestígio de Direitos Fundamentais. É a partir dessa
incorporação que eles viram princípios e salvaguardam juridica-
mente o valor da dignidade da pessoa humana e os demais valores.
Direitos humanos fundamentais direcionam-se basicamente
para a proteção à dignidade humana em seu sentido mais amplo,
de valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta
singularmente na autodeterminação consciente e responsável da
própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte
das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável
que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente
excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos
direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária
estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos.18
Os Direitos Fundamentais são entendidos por Direitos
Humanos porque eles trazem os direitos básicos do homem,
que este possui pelo simples fato de ser pessoa, pela dignidade
que a ele é inerente, e estes são consagrados e garantidos pela
sociedade política.
Por meio dos Direitos Humanos, assegura-se o respeito à
pessoa humana e, por conseguinte, a sua existência digna, capaz
de propiciar-lhe o desenvolvimento de sua personalidade e de
seus potenciais, para que possa alcançar o sentido da sua própria
existência. Isso significa conferir liberdade no desenvolvimento
da própria personalidade.19

18
SILVA, Jane Granzoto Torres da (Coord.). Constitucionalismo social: Estu-
dos em homenagem ao Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello. São
Paulo: LTr, 2003. p. 229.
19
JAYME, Fernando Gonzaga. Direitos humanos e sua efetivação pela Corte
Interamericana de Direitos Humanos. Belo Horizonte: Del Rey, 2005. p. 9.

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Quando se ouve a expressão Direitos Humanos, já se associa


aos Direitos Fundamentais da pessoa humana, uma vez que tais
são considerados essenciais e é porque sem estes a pessoa não
consegue viver ou não é capaz de se desenvolver e existir como
ser humano.
Por serem reivindicações morais de uma sociedade, os Di-
reitos Humanos nascem quando devem e podem nascer. Segundo
Norberto Bobbio, os direitos humanos não nascem todos de uma
vez nem de uma vez por todas. Hannah Arendt, por seu turno, ce-
lebrizou-se por sua frase “os direitos humanos não são um dado,
mas um construído”. Assim, temos que os Direitos Humanos são
uma criação humana em constante mutação.20
Todas as pessoas desde que nascem devem ter asseguradas
as mínimas condições para que estas possam crescer e viver como
pessoa digna, tornando-se útil à sociedade e à humanidade, pos-
sibilitando-as de receber benefícios que a vida e a comunidade
possam proporcionar.
Outro ponto importante é analisar que, quando se trata de
Direitos Humanos, liga-se a liberdade e a igualdade das pessoas,
e estes estão positivados no plano internacional; já, ao analisar
os Direitos Fundamentais, vimos que estão positivados na Consti-
tuição Federal. Mas, mesmo eles estando positivados em lugares
diferentes, possuem a mesma essência.
Por ser signatário dos Direitos Humanos, de seus princípios
e tratados, o Brasil é considerado referência internacional, sem
contar que, ao incorporar tais Direitos Humanos em sua atual
Constituição que vigora até hoje no país, tornou-se inovador. A
Constituição de 1988 foi a primeira a incorporar os direitos so-
ciais, assim como os direitos civis e políticos e isso tudo porque
os incluiu nos Direitos Fundamentais, pois tais são individuais e
coletivos, sendo estes dotados de força.

20
FILHO, Napoleão Casado. Direitos Humanos Fundamentais. Saberes do
Direito. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 24.

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DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

Sendo o Brasil um país signatário da ONU, o mesmo sempre


procurou dispor de suas ações, possibilitando a efetividade des-
ses direitos, apresentando medidas, como o Estatuto da Criança
e do Adolescente, Brasil Sem Homofobia, Violência Doméstica e
Familiar Contra a Mulher, Trabalho Escravo, dentre outras ações.
Porém, cabe ressaltar que precisa melhorar muito suas ações na
efetivação desses direitos, pois, na prática, ainda tem marcan-
tes desigualdades tanto econômica como também socialmente,
ou seja, ainda existem várias pessoas e grupos de pessoas que
continuam a ter dificuldades em exercer sua cidadania, pois não
conseguem praticar seus direitos fundamentais.
Após sabermos o que são Direitos Humanos e como são apli-
cados no Brasil, no próximo tópico será apresentado a evolução
destes direitos ao longo dos anos.

2.2 Noções históricas sobre os direitos humanos


O tema dos direitos e garantias individuais está presente em
nosso ordenamento constitucional desde nossa primeira Cons-
tituição. Apesar disso, ao longo da história, sofremos períodos
de retrocesso, com ditaduras que ignoraram por completo tais
direitos. É o que veremos a seguir, ao observarmos a progressiva
aceitação e incorporação dos Direitos Humanos nas Constituições
de nosso país, desde a Constituição de 1824 até a nossa Consti-
tuição atual, vigente a partir de 1988.21
Estes direitos surgiram em 10 de dezembro de 1948 onde
a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Declaração
Universal dos Direitos Humanos; porém, podemos dizer que
começou muito antes, em 1776 na América do Norte, quando
surgiu a primeira Declaração de tais direitos, trazendo em sua
primeira cláusula “todos os homens são por natureza igualmente
livres e independentes”. Logo após veio a Assembleia Nacional

21
FILHO, Napoleão Casado. Direitos Humanos Fundamentais. Saberes do
Direito. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 54.

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Francesa em 1789 com a Declaração dos Direitos do Homem e


do Cidadão, o qual, devido à grande repercussão da Revolução
Francesa, influenciou muito a atual declaração. 22
A Declaração Universal dos Direitos Humanos DUDH,
traz em seu artigo 2º:

Todos os seres humanos podem invocar os di-


reitos e as liberdades proclamados na presente
Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente
de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de
opinião política ou outra, de origem nacional ou
social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer
outra situação. 23

Ao seguir lendo a DUDH veremos em seu artigo 7º que todos


são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, à
igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra
discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer
incitamento a tal discriminação. 24 25
A Declaração dos Direitos Humanos é caracterizada pela
universalidade e indivisibilidade destes direitos. Universalidade
porque clama pela extensão universal dos Direitos Humanos, sob
a crença de que a condição de pessoa é o requisito único para

22
SIMÕES, Roberto Carlos, história dos direitos humanos e seu problema
fundamental, Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/in
dex.php? n_link=revista _artigo s_leitura&ar tigo_id=176, acesso em 21/08/
2018.
23
FRANÇA. Declaração Universal dos Direitos Humanos, Palais de Chai-
llot, 1948. Disponível em MÃE, de Policial morto em confronto na Capital
morre de infarto, Disponível em https://nacoesunidas.org/wp-content/
uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso em 08/05/2019.
24
HELLER, Agnes Feher. A condição Política pós-moderna. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1998 p.174.
25
FRANÇA. Declaração Universal dos Direitos Humanos, Palais de Chai-
llot, 1948. Disponível em MÃE, de Policial morto em confronto na Capital
morre de infarto, Disponível em https://nacoesunidas.org/wp-content/
uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso em 08/05/2019.

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DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

a dignidade e titularidade de direitos. Indivisibilidade porque a


garantia dos direitos civis e políticos é condição para a obser-
vância dos direitos sociais, econômicos e culturais e vice-versa 26.
O Brasil evoluiu a sua proteção aos Direitos Humanos aos
longos dos anos e das Constituições brasileiras, desde a CF de
1824, onde o poder estava nas mãos do imperador, havia defesa
à alguns direitos como garantir a liberdade, a segurança e a pro-
priedade; porém, ainda havia escravidão.
A Constituição de 1824 precisa ser analisada como um do-
cumento de um regime monárquico, uma vez que foi outorgada
pelo Imperador D. Pedro I, insatisfeito com o Projeto ultraliberal
e revolucionário trazido pela Constituinte de 1823. A dissolução
desta Assembleia Constituinte, inclusive, ensejou o surgimento
de uma revolta de grande vulto, no Nordeste do Brasil, conhecida
como Confederação do Equador, com a importante participação
de Frei Caneca, em Pernambuco e na Paraíba.
As principais conquistas asseguradas pela Constituição de
1824 foram as seguintes: liberdade de expressão do pensamento,
inclusive pela imprensa, independentemente de censura; liberda-
de de convicção religiosa e de culto privado, contanto que fosse
respeitada a religião do Estado; igualdade de todos perante a
lei; abolição dos açoites, tortura, marca de ferro quente e todas
as demais penas cruéis; exigência de lei anterior e autoridade
competente, para sentenciar alguém; direito de prioridade;
liberdade de trabalho; instrução primária gratuita; direito de
petição e de queixa, inclusive o de promover a responsabilidade
dos infratores da Constituição.
Após a queda da monarquia, era necessária uma nova Cons-
tituição. O texto foi encomendado a uma comissão composta por
lideranças do movimento republicano, como Saldanha Marinho,

26
PIOVESAN, Flavia Temas de Direitos Humanos. 2.ed. 2003. Disponí-
vel em: https://www.saraiva.com.br/temas-de-direitos-humanos-2-edi-
cao-2003-420403.html. Acesso em: 21/08/2018.

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Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

Rangel Pestana e Antônio Luiz dos Santos Werneck, e revisado por


Ruy Barbosa, Ministro da Fazenda da época. Coube ao Congresso
apreciar e votar o texto definitivo da Constituição da República dos
Estados Unidos do Brasil, promulgada em 24 de fevereiro de 1891.
A partir de 1934, verifica-se maior inserção dos direitos
sociais (direitos de segunda geração) nas Constituições brasilei-
ras. Eles exigem do Estado mais participação para que pudessem
ser implementados, ou seja, há a necessidade de uma atuação
estatal positiva. Tais direitos estavam nos arts. 115 e seguintes
da Constituição.
Além disso, a Constituição de 1934, entre outras coisas, ex-
plicitou o princípio da igualdade perante a lei, estatuindo que não
haveria privilégios, nem distinções, por motivo de nascimento,
sexo, raça, profissão própria ou dos pais, riqueza, classe social,
crença religiosa ou ideias políticas; manteve o habeas corpus,
para proteção da liberdade pessoal, e instituiu o mandado da se-
gurança, para defesa do direito, certo e incontestável, ameaçado
de autoridade; vedou a pena de caráter perpétuo; proibiu a prisão
por dívidas, multas ou custas; criou a assistência judiciária para
os necessitados.
Até a atual Constituição Federal, passamos por diversas mu-
danças nos quesitos direitos e deveres, assim como no período
onde vigorou a ditadura militar muitos direitos ficaram suspensos e
infelizmente o cidadão não podia usufruí-los. Foi um período muito
conturbado para os Direitos Humanos. Mas com a promulgação
da Constituição Federal de 1988, houve grandes mudanças, e em
seu artigo 5º estão explícitos os direitos e deveres individuais e
coletivos. E traz em seu caput “Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...” 27.
27
BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Constituição da República Federativa
do Brasil. Brasília. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em 04/06/2019.

594
DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

Sendo assim, obedecendo nossa carta magna, vimos que não


deve haver distinção entre as pessoas as quais são detentoras
desses direitos, ou seja, todos independente da religião, raça,
opção sexual e até mesmo profissão devem ter a mesma proteção,
direitos e deveres.
Ao analisar os princípios constitucionais que incorporam as
exigências de justiça e dos valores éticos, veem-se em destaque
que o valor da dignidade da pessoa humana e o valor dos direi-
tos e garantias fundamentais são os alicerces destes princípios.
Lutar por um direito já foi uma tarefa muito difícil. Mas, após
a redemocratização, onde foram resgatados direitos suprimidos
mas principalmente reconhecidos novos direitos aos cidadãos
que ganharam espaço e desde então a luta democrática nunca
parou e nem pode parar, para que todos possam ser respeitados.
Em 1995 foi criada aqui no país a comissão de Direitos Humanos
através do projeto de resolução de nº 231. Estas comissões são
permanentes e constituídas de deputados com finalidades de
discutir e votar propostas de leis.
O Brasil tem a comissão de Direitos Humanos e é uma das
16 comissões permanentes da câmara dos deputados, sendo
constituída por 23 deputados membros titular com mais 23 de-
putados suplentes. Ela é dirigida por um presidente e três vice-
presidentes, teve sua constituição aprovada por unanimidade
do Plenário.
Uma das funções da CDH no país é trabalhar como autora
de projeto de leis, emendas, indicações requerimentos, além
de receber e encaminhar denúncia e fiscalizar os órgãos do
Estado. Segundo o Manual de Olho na Cidadania criado pela
Câmara dos Deputados na Comissão de Direitos Humanos, as
atribuições da CDH são:

Recebimento, avaliação e investigação de denun-


cias relativas à ameaça ou violação de direitos
humanos, fiscalização e acompanhamento de pro-

595
Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

gramas governamentais relativos a proteção dos


direitos humanos, colaboração com entidades
não-governamentais relativas â proteção dos di-
reitos humanos, colaboração com entidades não
governamentais nacionais e internacionais que
atuem na defesa dos direitos humanos, pesquisas
e estudos relativos à situação dos direitos huma-
nos no Brasil e no mundo inclusive para efeito de
divulgação pública e fornecimento de subsídios
para as demais comissões da Casa 28.

Quando se fala em globalização e na consagração dos Direi-


tos Humanos que foram consagrados nas declarações existentes
surgem discussões necessárias, pois quando se viola Direitos
Fundamentais baseando-se em reivindicações, como, por exemplo,
cultural, religiosas ou regionais, deve-se prestar mais atenção no
curso dessas fundamentações.
Independente do tamanho do Estado, se pequeno ou grande,
ele deve reconhecer e respeitar os Direitos Humanos, pois tais
não dependem do tamanho nem do poder aquisitivo deste, tam-
pouco do seu sistema social, e sim da prática e da aplicação dos
direitos para com seus cidadãos.
Um dos objetivos gerais do Estado brasileiro é que não
haja mais discriminação sejam elas originadas de sexo, raça,
cor ou qualquer outra forma de distinção, o que se busca é uma
sociedade livre, justa e solidária onde seja garantido o desen-
volvimento nacional.

2.3 Princípios norteadores dos direitos humanos


Começando pelo Princípio da inviolabilidade da pessoa
humana que nos traz um ponto muito importante, o qual se
relaciona perfeitamente com este artigo, este princípio diz que
não pode impor sacrifícios a um indivíduo em razão de beneficiar
outra pessoa. Quando se fala que toda pessoa é livre para fazer o

28
BRASIL Câmara dos Deputados Comissão de Direitos Humanos, De olho na
Cidadania, Brasília 2002. p 14.

596
DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

que quiser desde que não prejudique os demais, ou seja, terceiros,


estamos falando do princípio da autonomia da pessoa, pois ele
escolhe o que e como agir.
O princípio da Isonomia vem com o ideal de que a igualdade
é o indicativo da não discriminação, ou seja, igual tratamento
no que tange a lei, e de imparcialidade, pois haverá igual trata-
mento perante a lei. Assim, o princípio da isonomia não admite
tratamento diferenciado, senão amparado na regra da justiça.29
As pessoas têm o direito de serem iguais quando a diferença
as inferioriza, e o direito a ser diferentes quando a igualdade as
descaracteriza 30. Quando se fala na imparcialidade dentro do
princípio da isonomia, dirige-se aos Poderes Executivo e Judi-
ciário, pois se exige dos mesmos a aplicação do direito no caso
concreto equidade em face de seus destinatários.31
Já o princípio da Máxima Efetividade é a autorização para
a larga utilização da interpretação extensiva e da analogia, com
vistas a favorecer o máximo resultado normativo das regras e
princípios Constitucionais, ou seja, é a vinculação do legislador
aos direitos fundamentais.32
No entanto, o princípio da Imediata Aplicação, também
conhecido como o princípio jurídico no Brasil, trazida no artigo
5º em seu § 1º, da Constituição Federal de 1988, “As normas nas
definidoras dos direitos fundamentais têm aplicação imediata”. Ele
é um princípio metajurídico geral porque se constitui em regra
que admite exceções. 33 34 Essas exceções, que possuem expressa

29
JUNIOR, Nelson Nery. A Dignidade da Pessoa Humana, Revista De Direito
Privada. 2005. p. 243.
30
PIOVESAN, Flavia Temas de Direitos Humanos. 2.ed. 2003. Disponí-
vel em: https://www.saraiva.com.br/temas-de-direitos-humanos-2-edi-
cao-2003-420403.html. Acesso em: 21/08/2018.
31
Idem 32.
32
JUNIOR, Nelson Nery. Op.cit. 2005.p. 250.
33
JUNIOR, Nelson Nery. A Dignidade da Pessoa Humana, Revista De Direito
Privada. 2005. p. 250.
34
BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Constituição da República Federativa
do Brasil. Brasília. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em 04/06/2019.

597
Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

fundamentação Constitucional, possuem natureza transitória,


pois as normas que possuem natureza que consagram os Direitos
Fundamentais exigem imediata aplicação. 35
O princípio da dignidade da pessoa humana é, por sua vez,
o núcleo de todos os direitos fundamentais, pois identificamos
este princípio como uma fonte para que os cidadãos possam ser
tratados e julgados pelos seus atos e ter uma vida digna com seus
direitos, pelo simples fato de sua condição humana. No momento
em que a dignidade humana é respeitada, há uma efetivação dos
direitos humanos aos titulares destes direitos, os quais devem ser
reconhecidos e respeitados por seus semelhantes e pelo Estado.
Um ponto muito bem destacado e trazido sobre este prin-
cípio é que:

a dignidade da pessoa humana é violada sempre que


o indivíduo seja rebaixado a objeto, a mero instru-
mento, tratado como uma coisa, em outras palavras,
sempre que a pessoa venha a ser descaracterizada e
desconsiderada como sujeito de direitos36.

É por esse motivo que temos que sempre lembrar que, onde
não houver respeito pela vida e pela integridade física e moral
do ser humano, onde as condições mínimas para uma existência
digna não forem asseguradas, onde não houver uma limitação
do poder; enfim, onde a liberdade e a autonomia, a igualdade
em direitos e dignidade e os direitos fundamentais não forem
reconhecidos e assegurados, não haverá espaço para a dignidade
da pessoa humana.37

35
PIOVESAN, Flavia Temas de Direitos Humanos. 2.ed. 2003. Disponí-
vel em: https://www.saraiva.com.br/temas-de-direitos-humanos-2-edi-
cao-2003-420403.html. Acesso em: 21/08/2018.
36
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Funda-
mentais na Constituição Federal de 1988. 2.ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2002, p. 59.
37
Idem 38, p. 62.

598
DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

Sendo assim, dignidade da pessoa humana é:

a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser


humano que o faz merecedor do mesmo respeito
e consideração por parte do Estado e da comuni-
dade, implicando, neste sentido, um complexo de
direitos e deveres fundamentais que assegurem a
pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho
degradante e desumano, como venham a lhe ga-
rantir as condições existenciais mínimas para uma
vida saudável, além de propiciar e promover sua
participação ativa e co-responsável nos destinos da
própria existência e da vida em comunhão com os
demais seres humanos.38

A noção de segurança, sob a inspiração do princípio demo-


crático, estende seu âmbito de proteção também à segurança
dos Direitos Fundamentais, impondo ao Estado que encontre
caminhos que possibilitem a efetivação de todos os direitos
garantidos na Constituição. A democracia pressupõe segurança,
pois a insegurança pode levar a soluções contrárias ao ideal
democrático e até mesmo à falência da democracia, fragilizando
o próprio Estado e suas instituições. Opera-se uma mudança do
foco do Estado em direção ao indivíduo como ser humano e ci-
dadão, expandindo a concepção de segurança, tornando-a mais
complexa e abrangente e dotando-a de múltiplas dimensões.39
3 DA PROFISSÃO POLICIAL MILITAR
Inicialmente, cabe destacar que a Polícia Militar é um órgão
da Administração Direta do Estado, com previsão constitucional.
Por meio da Polícia Militar o Estado garante a segurança pública
e limita ações de indivíduos contra a ordem pública.40

38
JUNIOR, Nelson Nery. Op.cit. 2005. p. 251.
39
AVELINE, Paulo Vieira. Segurança Pública Como Direito Fundamental.
Porto Alegre, 2009, p.179.
40
TREVISAN, Mônica Dantas. SCHULTZ, Elisa Stroberg. Direitos Humanos
aplicados à atividade policial militar no Estado do Paraná. Disponível
em file:///C:/Users/Silvana%20Hirsch/Downloads/M%C3%B4nica%20
Dantas%20Trevisan%20-%20Artigo%20(2).pdf. Acesso em 08/06/2019.

599
Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

É possível compreender o que a polícia faz, como e quando


faz apenas a partir da análise dos registros que ela produz. É pre-
ciso ir além, compreendendo especialmente o que ele denomina
de poética da comunicação policial, que nada mais é do que as
demonstrações que os policiais produzem acerca do que fazem
e pensam sobre sua atividade de policiamento.41
Torna-se importante compreender como os policiais compor-
tam-se nos três estágios de sua interação com os cidadãos, quais
sejam: contato, processamento e saída. Cada etapa do contato
implica distintas ações, expressões e palavras que revelam, de
fato, o que a polícia, em sentido geral e o policial em especial,
pensam da situação. 42
O mandato policial, especialmente em sua dimensão de apro-
ximação e atendimento à comunidade, implica flexibilidade para
adaptar a lei às demandas e expectativas locais. Esse cenário de
fluidez normativa para adequar as demandas diferentes dos distin-
tos indivíduos, por sua vez, está em claro desacordo com o princí-
pio de tratamento igualitário dos homens. Nesse sentido, a questão
passa a ser como as organizações policiais equilibram essas duas
dimensões de maneira a garantir a aplicação da lei universal às
distintas identidades que se especificam no espaço público.
A polícia militar ganha esse nome após a Constituição de
1946, pois até então era chamada de guarda municipal. Ela foi
criada, segundo historiadores, muito antes, quando o Brasil ainda
era colônia e Dom João VI rei de Portugal veio para o país no ano
de 1809. Mas ao decorrer dos anos foi se tornando indispensável
para manter a ordem publica.

41
Nenhum original: “a questão do que a polícia faz, quão bem, por que e
quando não pode ser respondidas pelo que escolhem gravar e contabilizar.
Eles não têm responsabilidade deregistre tudo o que é visto, dito, ouvido ou
cheirado ”(MANNING, 2009, p. 455).
42
BAYLEY, David; BITTNER, Edgar. The tactical choices of police patrol officers.
Journal of Criminal Justice, New York, 1986, p. 329-348.

600
DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

No Rio Grande do Sul, a Polícia Militar é chamada de Brigada


Militar. E é o único Estado em que o nome é diferente e tem essa
denominação desde 1892; antes disso chamou-se Força Policial
(1837 e 1873), Corpo Policial (1841 e março 1892), Guarda Cí-
vica (1889 e junho de 1892), Brigada Policial (junho de 1892) e,
finalmente, BRIGADA MILITAR (outubro de 1892).
A Brigada Militar foi criada em 18 de novembro de 1837
devido à ação dos farroupilhas e à conturbação da província
de São Pedro do Rio Grande do Sul. Foi então que o presidente
Antônio Elzeário de Miranda e Brito promulgou a Lei Província
de nº 7, onde se formou a Força Policial.
No decorrer dos anos a polícia militar agregou outras fun-
ções além de só prender. Hoje os pilares da instituição são servir
e proteger, ou seja, agir na prevenção e não na repreensão. Tem
diversas patrulhas que atuam justamente nessa precaução; um
exemplo é o Proerd (programa educacional de resistência às
drogas e à violência nas escolas).
A Constituição Federal albergou o valor segurança como
supremo e fundamento condicionante da atuação e legitimador
do modelo de Estado democrático de direito por ela adotado.
Incluiu, ainda, a segurança entre os direitos fundamentais e os
direitos sociais, fazendo com que o direito à segurança seja visto
como uma espécie de cláusula geral, submetendo o Estado a um
dever de concretização e realização do direito fundamental à
segurança em suas diversas dimensões.
O dever de proteção e promoção do direito à segurança pú-
blica do Estado passa pela manutenção de uma ordem pública
democrática, conforme com a Constituição e assentada no res-
peito aos direitos fundamentais. A preservação da ordem pública
não constitui um fim em si mesmo, mas sim o meio pelo qual se
protege a pessoa. Em essência, a segurança pública, num regime
democrático, tem por finalidade última, embora não exclusiva,
proteger e promover a intangibilidade da pessoa enquanto

601
Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

membro de uma comunidade, da qual não pode prescindir para


a realização plena e efetiva de seus direitos fundamentais, cujo
livre exercício e fruição por todos e por cada um não prescinde
de uma convivência pacífica e ordenada.43
A Constituição Federal em seu artigo 144, caput, diz: “A
segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos”44, e cita em seus incisos todas as polícias: federal, civil,
rodoviária e militar.
Da análise do artigo 144, CF/88 e seus parágrafos, constata-
se que a norma legal atribui a cada órgão da polícia qual a sua
competência e traz que aos policiais militares cabem a polícia
ostensiva e a preservação da ordem pública, assim como são
subordinadas a seus governadores. 45
A polícia militar é considerada uma polícia administrativa,
possui como função predominante a preventiva. Excepcionalmen-
te, realiza a função repressiva, uma vez que seu maior objetivo
é promover a ordem pública, evitando perturbação em áreas.
Importante ressaltar que a atividade da polícia militar deve ser
orientada pelo princípios constitucionais, quais sejam: legalida-
de, moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência, todos
elencados no art. 5º, da CF/88. 46 47

43
AVELINE, Paulo Vieira. Segurança Pública Como Direito Fundamental.
Porto Alegre, 2009, p.181.
44
BRASIL. CONSTITUIÇÃO (1988). Constituição da República Federativa
do Brasil. Brasília. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em 04/06/2019.
45
BAYLEY, David; BITTNER, Edgar. The tactical choices of police patrol officers.
Journal of Criminal Justice, New York, 1986, p. 329-348.
46
Idem 47.
47
TREVISAN, Monica Dantas. Direitos Humanos aplicados a atividade po-
licial militar no Estado do Paraná. Disponível em https://pt.scribd.com/
document/401450703/direitos-humanos-Monica-Dantas-Trevisan-Artigo.
Acesso em 08/06/2019.

602
DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

A profissão destes servidores não é só regida pela Constitui-


ção Federal, Código Penal, Código de Processo penal como para
os demais cidadãos. Para eles, há o Código Penal Militar e Código
de Processo Penal Militar, sem contar o Estatuto dos Servidores
Militares, o RDBM (regulamento disciplinar da brigada militar)
e as NI (normas internas) que são para regular o efetivo serviço,
seja administrativo seja operacional de rua.
Os militares estaduais também estão sujeitos a uma tríplice
responsabilidade com relação aos atos ilícitos que venham a pra-
ticar. Ou seja, praticando uma conduta irregular, poderão sofrer
consequências na esfera penal, civil e administrativa, devendo
estas funcionarem de modo autônomo e harmônico.48
No artigo 1º da Lei 10990/97, estatuto dos servidores mili-
tares, diz: “Este Estatuto regula a situação, obrigações, deveres,
direitos e prerrogativas dos servidores militares do Estado”49, e
seu artigo 2º confirma o que já estava explícito no artigo 144,
caput, CF/88, onde diz:

A Brigada Militar, instituída para a preservação


da ordem pública no Estado e considerada Força
Auxiliar, reserva do Exército Brasileiro é instituição
permanente e regular, organizada com base na hie-
rarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema
do Governador do Estado.50

Os policiais geralmente são solicitados para atuarem em


ambientes sociais conturbados, complicados e exigem destes

48 TREVISAN, Monica Dantas. Direitos Humanos aplicados a atividade po-


licial militar no Estado do Paraná. Disponível em https://pt.scribd.com/
document/401450703/direitos-humanos-Monica-Dantas-Trevisan-Artigo.
Acesso em 08/06/2019.
49
RIO GRANDE DO SUL. Estatuto dos servidores militares da brigada mi-
litar, Porto Alegre. Lei 10990 de 1997.
50
SILVA, Jane Granzoto Torres da (Coord.). Constitucionalismo social: Estu-
dos em homenagem ao Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello. São
Paulo: LTr, 2003. p. 229.

603
Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

profissionais o respeito à dignidade da pessoa humana. Ele tem


que desempenhar suas atividades de forma correta, ética, e, prin-
cipalmente, em conformidade com as leis e a cidadania. Porém,
nessas situações, onde ocorre um tumulto e o policial é chamado
para intervir e resolver o conflito, a sociedade espera dele, ou
melhor, dizendo do Estado, uma solução pacífica. Contudo, não
havendo harmonia e paz naquele lugar, o Estado foi solicitado
para resolver o que o cidadão não conseguiu e precisou de ajuda.
O artigo 29, da Lei Complementar nº 10.990/1997 diz:

Os deveres policiais-militares emanam do con-


junto de vínculos que ligam o servidor militar à
sua corporação e ao serviço que a mesma presta
à comunidade, e compreendem: I - a dedicação ao
serviço policial-militar e a fidelidade à Pátria e à
comunidade, cuja honra, segurança, instituições e
integridade devem ser defendidas, mesmo com o
sacrifício da própria vida 51 52.

Os policiais são preparados para diversas situações, um dos


quesitos para entrar na brigada militar é passar no concurso e
ser aprovado no curso de especialização, pois quando o Estado
resolve abrir um concurso acrescentando efetivo a policia militar,
os possíveis candidatos passam por diversas fases. Entre elas
estão à prova escrita, aptidão médica, aptidão física, aptidão psi-
cológica e vida pregressa. Só após passar por essas 5 fases é que
o cidadão está apto a ingressar em um curso onde ele estudará
todas as leis, tanto em âmbito nacional quanto estadual.

51
AVELINE, Paulo Vieira. Segurança Pública Como Direito Fundamental.
Porto Alegre, 2009, p. 181.
52
RIO GRANDE DO SUL. Lei Complementar nº 10.990, de 18 de agosto de
1997. Dispõe sobre o Estatuto dos Servidores Militares da Brigada Militar do
Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. Disponível em http://
www.al.rs.gov.br/filerepository/repLegis/arquivos/10.990.pdf. Acesso em
08/05/2019.

604
DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

Sendo assim, o militar, quando se depara com ocorrências


conturbadas, ele está sim preparado para ajudar a resolver aquele
conflito, pois ele é um cidadão qualificado. Uma vez que ele é
porta voz do Estado, é ele quem está em contato com a população,
sendo a autoridade para construção social. O problema é que ele
é referência para o bem ou para o mal-estar da sociedade.
Quando o servidor militar adquire um grau de instrução
compatível com o perfeito entendimento dos seus deveres como
integrante da Brigada Militar, ele presta o seguinte dizer:

Ao ingressar na Brigada Militar do Estado, prometo


regular a minha conduta pelos preceitos da moral,
cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a
que estiver subordinado e dedicar-me inteiramente
ao serviço policial-militar, à manutenção da ordem
pública e à segurança da comunidade, mesmo com
o risco da própria vida.53

O policial é, antes de tudo, um cidadão e, na cidadania, deve


nutrir a sua razão de ser, zelando diligentemente pela segurança
pública, pelo direito de todos os cidadãos de ir e vir, de não ser
molestado, de não ser saqueado, de ter respeitada a sua integri-
dade física e moral. É um dever da polícia; um compromisso com
o rol mais básico dos direitos humanos, que devem ser garantidos
à imensa maioria dos cidadãos honestos e trabalhadores. Para
isso é que essa mesma polícia recebe dos cidadãos a unção para
o uso da força, quando necessário.54
Ou seja, quando um policial sai para trabalhar, ele sabe que
pode ser a última vez que vê sua família, pois ele fez um jura-

53
SILVA, Jane Granzoto Torres da (Coord.). Constitucionalismo social: Estu-
dos em homenagem ao Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello. São
Paulo: LTr, 2003. P. 229.
54
COSTA, João Carlos. Atividade Policial: Ética e direitos humanos. Disponível
em http://www.dpi.policiacivil.pr.gov.br/arquivos/File/Atividade_policial_eti-
ca.pdf. Acesso em 08/05/2019

605
Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

mento e que, se for preciso ele doar a vida dele para salvar a de
um estranho, ele fará, mesmo que para isso seus entes queridos
percam-no; afinal ele tem um dever perante a sociedade.
Muitas vezes com escala dobrada, esses profissionais têm de
passar do seu horário de trabalho, ficando horas na delegacia para
apresentar algum delinquente após algum delito cometido para
que se possa fazer o auto de prisão em flagrante, caso seja, ou
até mesmo apenas apresentar uma ocorrência, pois tal infração
não passará de um registro.
E se este tempo que ficaram na delegacia chegar perto ou
emendar no seu próximo turno de serviço, o mesmo irá traba-
lhar; afinal, tem uma escala para cumprir e um militar a menos
de serviço é uma viatura a menos para atender ocorrências e,
principalmente, para prevenir que tais ocorram.
A sociedade espera deste homem que ele resolva seu proble-
ma. E tanto ela quanto o Estado não estão nem ai se ele dobrou
o serviço, se conseguiu fazer ao menos uma refeição, se foi ao
banheiro, se está com sede; enfim, não se importam, tampouco
procuram saber, e isso é outro problema que se enfrenta no
decorrer de um turno de serviço. Somos vistos como robôs, es-
quecendo que debaixo da farda tem um homem ou uma mulher,
feita de carne e osso como todos os cidadãos, com as mesmas
necessidades fisiológicas que qualquer pessoa.
A violência aumentou e muito no nosso Estado. O Rio Gran-
de do Sul, segundo o anuário de segurança pública de 2018,
nos últimos dois anos o Estado atingiu os piores índices de sua
história contemporânea e Porto Alegre ingressou no ranking das
50 cidades mais violentas do mundo 55. E a crise vivida nesses
anos precisa deixar uma grande lição para quem ocupar o Palá-
cio Piratini em 2019: a Segurança Pública precisa ser a grande
prioridade de qualquer governo desde o seu primeiro instante,

55
Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2014 a 2017, edição especial 2018,
São Paulo.

606
DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

pois, sem segurança, todos os fundamentos de nossa sociedade


desfazem-se e não é possível pensar em saúde, educação, desen-
volvimento, liberdade e democracia.56
Infelizmente hoje em dia os bandidos andam melhor ar-
mados que a polícia. Enquanto um policial sai para a rua com
uma pistola e no máximo uma espingarda calibre 12, eles andam
com fuzis, armamento este que o próprio material de proteção
individual do militar não segura. Segundo a estatística feita no
ano de 2018, referente às armas apreendidas com esses delin-
quentes, enquanto a Secretaria de Segurança Pública apreendeu
no ano de 2016 a quantia de 7.351, em 2017 foram 9.477 armas
em poder dos bandidos.57
E há ainda quem defenda que os policiais devem pensar
antes de atirar, como um ser humano armado no exercício de
sua função aborda um indivíduo o qual aponta uma arma em sua
direção muito melhor que a sua, sabendo que seu colete não irá
segurar o disparo, caso seja efetuado contra ele, vai argumentar
e conversar, é dada uma ordem para ele virar de costas e largar
a arma. Agora, não havendo nenhum sinal de desistência, não há
o que fazer, ou um servidor será baleado ou um criminoso.
O Brasil é o país onde mais se matam policiais. Entre os anos
de 2009 a 2015, foram 2.572 mortos, número que não encontra
similar em nenhum outro país do mundo. Para efeito de com-
paração, o número de policiais mortos no Brasil em um ano é o
mesmo que as mortes de policiais na Inglaterra em 98 anos. Nos
EUA, morreram 41 policiais em serviço no ano de 2015, contra
103 no Brasil, ou seja, mais que o dobro.58
E quando se compara com países menores fica mais visível
ainda esta violência, como por exemplo, em Honduras, país mais

56
HELLER, Agnes Feher. A condição Política pós-moderna. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1998 p 198.
57
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, edição 2018, São Paulo.
58
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, edição 2016, São Paulo.

607
Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

violento do mundo e cuja taxa de homicídio atingiu a marca de


62,5 por grupo de 100 mil no último ano, a taxa de letalidade
policial é de 1,2. Já na África do Sul, país extremamente desigual
e que igualmente concentra altos indicadores de criminalidade
violeta (a taxa de homicídios, de 34,0 por 100 mil, também é
superior à registrada no Brasil), a letalidade da polícia é de 1,1,
enquanto no Brasil a taxa de letalidade das nossas polícias atinge
a marca de 1,6 .59
Importante ressaltar que, no exercício deste vasto rol apre-
sentado de atribuições do policial militar, deve-se considerar,
concomitantemente, a necessidade da preservação da vida e
da dignidade das pessoas, levando-se em consideração ainda a
obrigatoriedade de uma postura correta e com garbo, e soma-
do a isso, que seja ágil no atendimento. Não é tarefa fácil, mas
possível, desde que os valores e deveres profissionais sejam os
orientadores da atividade policial-militar.60
Antes que pensem que isso são apenas números, temos
casos reais aqui em nosso Estado com a nossa Brigada Militar,
como, por exemplo, o ocorrido com o Sd Eriston com 25 anos de
idade na data do ocorrido, que levou uma pedrada na cabeça que
ocasionou traumatismo craniano.
O fato supracitado ocorreu em 4 de outubro de 2012, no
Largo Glênio Peres, no centro de Porto Alegre, onde estava o mo-
numento do Tatu Bola, mascote da Copa do Mundo de 2014. Havia
manifestantes contrários ao evento futebolístico que ocorrera em
nosso país e, em razão disso, resolveram manifestar. O Sd Eriston
Mateus de Moura Santos, na época do ocorrido, servia no pelotão
de choque do 9ºBPM e foi atingido na cabeça por uma pedra. Foi
socorrido e passou 8 dias hospitalizado até retornar a trabalhar,
mas o soldado não era mais o mesmo; um colega durante o pa-
trulhamento noturno notou que ele mal falava e andava, então
59
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, edição 2016, São Paulo.
60
TREVISAN, Monica Dantas. Direitos Humanos aplicados a atividade po-
licial militar no Estado do Paraná, Disponível em:https://pt.scribd.com/
document/401450703/direitos-humanos-Monica-Dantas-Trevisan-Artigo.
Acesso em 08/06/2019.

608
DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

mais uma vez o militar voltou a ser hospitalizado.61


Não se sabe ao certo se foi a pancada na cabeça ou o trauma
do incidente, mas o jovem soldado desenvolveu uma síndrome
rara. Foi internado, ainda em dezembro, no Hospital da Brigada
Militar, onde era tratado como um caso de psiquiatria. Mas logo
o diagnóstico mudou. Depois de idas e vindas a médicos, Eriston
foi transferido para o Hospital Ernesto Dornelles. Os especialistas
descobriram que ele desenvolveu uma doença neurológica grave,
em que o corpo humano produz defesas em excesso.62
Cerca de um mês após o ocorrido, o policial começou a per-
der os movimentos dos braços e pernas. Atualmente, ele não fala
e só sai da cama com cadeira de rodas. Porém, o mais bizarro (e
que muita gente não sabe) é que o policial recebeu atendimento
especializado em casa somente por um ano; depois, o tratamento
foi simplesmente cortado. A justiça considerou que a doença dele
não teve relação direta com a pedrada durante a manifestação,
mesmo com a família, médicos e até o próprio pai do policial, Ari
Luz dos Santos, afirmando que o filho era uma pessoa sadia até
levar a pedrada.63
A família recorreu ao Tribunal de Justiça e quer que ele te-
nha direito à aposentadoria especial como tenente. Além disso,
cobra do Estado o pagamento dos gastos médicos do PM. O pai
afirma “Eu entreguei o meu filho apto para a Brigada Militar. No
papel dizia ‘apto’. Eles entregaram o meu filho em uma cadeira
de rodas para mim dentro de casa.”64

61
PM, ferido no tatu bola. Disponível em https://bandrs.band.com.br/noti-
cias/100000575973/pm-ferido-no-tatu-bola-luta-para-se-recuperar.
62
COSTA, João Carlos. Atividade Policial: Ética e direitos humanos. Disponível
em http://www.dpi.policiacivil.pr.gov.br/arquivos/File/Atividade_policial_eti-
ca.pdf. Acesso em 09/04/2019.
63
Policial fica tetraplégico, Disponível em: https://br.blastingnews.com/
sociedade-opiniao/2017/05/policial-fica-tetraplegico-apos-ser-atacado-por
-manifestante-001666313.html. Acesso em 09/04/2019.
64
FAMILIA, de PM Ferido em Protesto Recorre ao TJ-RS por tratamento. Dis-
ponível em http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2016/01/
familia-de-pm-ferido-em-protesto-recorre-no-tj-rs-por-tratamento.html.
Acesso em 04/03/2019.

609
Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

Hoje em dia, passados mais de 6 anos do ocorrido, o Sd


Eriston está em uma cadeira de rodas, tetraplégico, e em contado
com sua mãe, a Sra Belquis Santos, ela informou que apenas o
batalhão onde seu filho servia liga e vai visitá-lo. Quanto aos Di-
reitos Humanos ou algum representante deles, afirma que nunca
a procuraram ou a seu filho, tampouco prestaram algum tipo de
apoio ao longo desses anos.
Mas infelizmente esse não é o único caso. Em 04 de julho de
2016, o Sd Luiz Carlos Gomes da Silva Filhos, 29 anos, foi morto
durante uma abordagem policial na zona Sul de Porto Alegre. O
crime ocorreu quando o policial militar fazia a prisão de dois ho-
mens na Rua Florinha, no bairro Cavalhada65. Segundo o vídeo que
esta no link infracitado realizado por uma testemunha o policial
estava à paisana e na gravação aparece de camisa vermelha. Ele
aborda dois homens – um de camisa branca e outro com uma ca-
misa listrada. O homem de camisa branca reclama da abordagem
e diz “que loucura cara!” e “não faz isso comigo”. Em seguida, ele
dá a volta no carro, fecha um das portas e abaixa-se para pegar
uma arma. Em seguida, efetua os disparos.66
Diante disso e desta ocorrência onde mais um policial militar
tombou, o Comandante Geral da Brigada Militar, na época em que
ocorreu o fato, deu a seguinte entrevista:

As pessoas têm me perguntado se o PM não devia


ter adotado uma postura mais agressiva, mais
intimidatória na tarde de hoje. Eu acredito que
sim. Mas sei que ele deixou de adotar essa postura
em razão de todos aqueles que, de maneira ime-
diatista, sem compreensão de todo o risco que se
corre e de toda a complexidade que é um cenário

65
SOLDADO, da BM é Morto Durante Abordagem em Porto Alegre, Disponível
em http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2016/07/solda-
do-da-bm-e-morto-durante-abordagem-em-porto-alegre.html. Acesso em
04/03/2019.
66
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, edição 2016, São Paulo.

610
DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

de uma abordagem, de uma ação policial, julgam


e condenam um Policial Militar, uma Instituição.
A Brigadiana e o Brigadiano, esses profissionais
que diariamente colocam suas vidas em risco
pela de terceiros, e o fazem com uma tremenda
responsabilidade e coragem, têm que analisar e
decidir em segundos quando estão em um cenário
complexo, contrário. O PM se preocupa com a vida
e a integridade de terceiros. O PM se preocupa
que seu ato se revista de toda a legalidade. O PM
se preocupa em aguardar o momento certo para
agir – se o momento certo chegar e ele tiver tempo
de agir. O PM se preocupa em não ser julgado e
condenado por um punhado de “especialistas” e de
formadores de opinião. O PM se preocupa que, se
errar, sim, ele será condenado. O PM se preocupa.
Neste cenário, ele perdeu. Perdeu, mais uma vez,
uma família. Perdeu, mais uma vez, a Instituição.
Perdemos todos nós, pessoas do bem!! Ganhou a
IMPUNIDADE, causa maior do crime alimentado
pelas drogas. Certamente aqueles meliantes têm
imensa ficha criminal. Ganhou também a HIPO-
CRISIA ao NÃO acreditarmos, muitos de nós, que
um Policial Militar é muito mais bravo e valoroso
do que qualquer herói. E muito mais digno e hon-
rado do que qualquer um dos que o costumam,
de pronto, condenar. Com estes, o PM se preocupa
também. Talvez tenha sido este seu maior erro”67.
Coronel Alfeu Freitas Moreira Comandante-geral
da Brigada Militar.

O mais lastimoso após esse ocorrido é que a tristeza dessa


família não acaba por aí. Não bastasse a morte do filho, irmão,
neto, uma semana após esta perda, dia 12 de julho de 2016, após
enterrar o filho, a mãe do soldado da Brigada Militar Luis Carlos

67
COMANDANTE-GERAL, da Brigada Militar faz desabafo após morte de
soldado. Disponível em https://gauchazh.clicrbs.com.br/seguranca/noti-
cia/2016/07/comandante-geral-da-brigada-militar-faz-desabafo-apos-morte-
de-soldado-6382888.html. Acesso em 08/05/2019.

611
Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

Gomes da Silva Filho, 29 anos, morto por criminosos durante


abordagem a um veículo roubado no dia 4 de julho em Porto
Alegre morreu após sofrer uma parada cardíaca em casa, em
Cachoeira do Sul, região central do Estado. Silvarina de Azambuja
Silva tinha 67 anos.68
E eis que estamos diante de mais um crime, onde duas
pessoas inocentes morreram: uma envolvida diretamente com o
fato supracitado que é o caso do soldado; outra é sua mãe que
morreu de tristeza e, tirando o apoio vindo de seus familiares e
alguns colegas de farda de seu filho, não teve nenhum apoio da
comissão dos Direitos Humanos; mais uma vez ela não apareceu,
por quê? Se um ser humano foi morto de uma forma fria e brutal?
Por fim, cita-se mais um caso de policial militar. Neste, o
soldado não teve seus movimentos do corpo diminuídos, ficando
paraplégico ou tetraplégico, tampouco veio a falecer; neste, o
final foi feliz, venceu o bem, o trabalhador, ou o Estado, perdeu
o crime, a associação criminosa, quem perdeu foi o delinquente.
Em 16 de abril de 2018, em sua viagem de volta do interior,
o soldado Emannoel vinha de folga após ter passado o final de
semana ao lado de sua família em Santana do Livramento. O
mesmo relatou que o ônibus no qual trafegava pela BR 290,
quando suspeitou da velocidade do veículo e de que sacudia
muito, tentou olhar pela janela e viu que estava em uma rota
que não costumava vir.
O Militar então conta que foi até a cabine do motorista e viu
apenas um e, quando se aproximou, deparou-se com um indivíduo
armado com um fuzil calibre 556 e toca ninja. Como ele avistou-o
primeiro, conseguiu abordá-lo com êxito momento em que se
rendeu entregando o fuzil e tirando a toca ninja.

68
MÃE, de Policial morto em confronto na Capital morre de infarto, Disponível
em https://gauchazh.clicrbs.com.br/seguranca/noticia/2016/07/mae-de
-policial-morto-em-confronto-na-capital-morre-de-infarto-6565006.html.
Acesso em 08/05/2019.

612
DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

Mas mesmo tendo se rendido, avisou que havia mais dois


colegas na parte superior do ônibus roubando os passageiros e
que estes não se entregariam. O militar então algemou o indiví-
duo e, quando olhou para a saída da cabine, avistou um elemento
com o outro motorista rendido. Então o próprio, ao se assustar
do soldado, disparou a arma contra o motorista atingindo-o nas
costas perfurando o pulmão. Então o policial disparou contra o
indivíduo acertando-o e levando o mesmo a óbito no local.
Nesse momento, o outro assaltante assustou-se e saiu
correndo para a parte de cima do ônibus, disparando contra o
vidro parabrisa e pulando do veículo. Então o soldado viu que
havia um veículo acobertando um fiat línea prata com mais dois
indivíduos. Eis que o militar, vendo que corria perigo de vida,
saiu correndo em direção ao mato e só saiu quando viu que os
elementos já haviam fugido.
Ao retornar ao ônibus, socorreu o motorista alvejado e foi até
a parte superior para ver se havia alguém que pudesse ajudar nos
primeiros atendimentos. Então encontrou uma enfermeira que
foi de grande ajuda para salvar a vida do cidadão lesionado. Os
elementos não levaram nada dos passageiros, mas o que estava
algemado conseguiu fugir. O veículo dirigiu-se até Minas do Leão
para levar ao hospital o motorista e para registrarem ocorrência
na delegacia.
Mas por mais que tudo tenha dado certo nesta ocorrência,
10 dias após o ocorrido, o Sd Emannoel soube que estava sendo
seguido e correndo risco de vida, após levantamento da seção
de inteligência da Brigada Militar, pois como o elemento que foi
algemado havia tirado a toca, ele poderia reconhecer o mesmo
através de fotos e as investigações levando-o à quadrilha que
tentou cometer o crime.
Contudo, o soldado alega que, além dos colegas de unidade
que o procuraram para ajudar e ofereceram hospedagem em suas
casas, ninguém da comissão dos Direitos Humanos procurou-o

613
Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

para lhe oferecer proteção, e que para ele esses direitos são ape-
nas para os “vagabundos”, pois, além de seu comandante imediato
e da seção de inteligência do seu batalhão “P2”, não chegou até
ele nenhuma preocupação com sua vida ou de sua família que
estava no interior.
Diante desse relato e dos outros dois casos supracitados
neste artigo, fica evidenciado que os policiais militares não se
sentem protegidos nem contam com os tais Direitos Humanos,
pois, tirando seus colegas de batalhões e de farda que irão lhe
procurar para oferecer ajuda ou apoio a sua família, caso seja
necessário, não há ninguém mais, nem o Estado, nem a mídia
divulgara o ocorrido, apenas caindo no esquecimento. Por mais
que seja um ser humano detentor dos direitos fundamentais,
estes não se associam à profissão policial militar.

3.1 Da proteção aos militares


O que se veicula nos canais de comunicação, na maioria das
vezes, são as organizações de Direitos Humanos atuando em de-
fesa de sujeitos em contrariedade com a lei, arraigando a ideia de
que apenas pra proteger bandido servem esses órgãos. Ademais,
percebe-se a ausência desses agentes dos Direitos Humanos em
quartéis e centros de polícia, buscando assistir a profissionais de
segurança pública que ficaram incapacitados em combate, famí-
lias órfãs desamparadas pelo Estado, ou em situações geradas
por despreparo técnico e falta de acompanhamento psicológico
desses policiais em permanente condição de estresse. Neste mo-
mento, o policial afasta-se ainda mais da ideia de necessidade de
preservação dos direitos humanos.69
Em 15 de dezembro de 2010 foi criada a PORTARIA INTER-
MINISTERIAL SEDH/MJ Nº 2, onde o Ministro de Estado Chefe
da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

69
PAULA, Helena Cristina Aguiar, De que lado estão os Direitos Humanos,
Revista de Filosofia do Direito , dos Estados e da Sociedade, 2011, p. 2.

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DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

e o Ministro de Estado da Justiça, dentro das suas atribuições,


descreveram o seguinte: Art. 1º Ficam estabelecidas as Diretri-
zes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos
Profissionais de Segurança Pública, na forma do Anexo desta
Portaria. O anexo fala sobre direitos Constitucionais e partici-
pação cidadã e em seu artigo primeiro diz: “1) Adequar as leis e
regulamentos disciplinares que versam sobre direitos e deveres
dos profissionais de segurança pública à Constituição Federal de
1988”70. Ela traz várias proteções referentes ao militar, mas não
à sua função, inclusive assistência jurídica.
Firmar parcerias com Defensorias Públicas, serviços de
atendimento jurídico de faculdades de Direito, núcleos de ad-
vocacia pro bono e outras instâncias de advocacia gratuita para
assessoramento e defesa dos profissionais de segurança pública,
em casos decorrentes do exercício profissional, é uma das atri-
buições desta portaria.
Muito bonito no papel esta assessoria jurídica, mas, para
passar no exame da OAB não se estuda Direito Penal Militar,
tampouco Processo Penal Militar, como um defensor público
pode defender um militar se não conhece essa área? Estudaria
somente quando aparecesse o caso concreto?
Fica muito evidente que, se o militar procurasse uma advo-
cacia gratuita, quem o defenderia seria o mesmo que já foi seu
acusador, já esteve ao lado oposto defendendo um delinqüente.
Como um servidor vai deixar sua vida e sua carreira nas mãos
de quem nem sabe como funciona sua profissão.
Essa portaria tem vários direitos como constitucionais e
participação cidadã; valorização da vida; direito à diversidade;
saúde; reabilitação e reintegração; dignidade e segurança no
trabalho; seguros e auxílios; assistência jurídica; habitação; cul-
tura e lazer; educação; produção de conhecimentos; estruturas e
educação em direitos humanos e valorização profissional. Mas na
70
BRASIL, Portaria Interministerial SEDH/MJ nº 2 de 15 de dezembro de 2010

615
Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

prática isso não ocorre; não foi tirado do papel e posto na vida
dos policias, quem dera tivessem segurado e obtivessem auxílios
sem que precisassem pagar do próprio bolso para deixar a família
amparada, caso venha a acontecer alguma fatalidade; isso nem
se quer foi tentado pôr em prática. Afinal, para que aplicar os
direitos da portaria se os militares, pelo simples fato de serem
proibidos de fazer greve, vão trabalhar mesmo assim, vão para as
ruas tendo ou não direitos assegurados, pois a mesma sociedade
que aponta o dedo criticando sua atuação é quem cria as leis.
Nos últimos anos houve um aumento significativo de policiais
que morreram em serviço, não só aqui no Rio Grande do Sul como
em todo Brasil e, por isso, em 17 de fevereiro de 2017 foi criado
o Comitê Internacional de Direitos Humanos para Policiais, tendo
em vista a crise na Segurança Pública. A função desse comitê é
salvaguardar o direito dos policiais perante sua função e a sua
condição de pessoa humana que protege a sociedade. E este
não protegerá somente o servidor; sua família também estará
amparada, pois para os fundadores desta comissão eles são a
base dos policiais.
É preciso conscientizar os governantes de que o policial é
um agente a serviço do Estado que tem uma atividade de risco
altíssima e uma grande carga de estresse diário, sendo necessário
o acompanhamento psicológico ou psiquiátrico permanente e a
contento pela instituição ou governo, muito menos este mesmo
policial ficar desassistido clinicamente logo após um confronto
armado, onde houve vítimas, sejam elas policiais ou não. Isso é
o mínimo que o Comitê pretende fazer no Brasil.71
Mas até agora não foi posto em prática, assim como a por-
taria feita pelo Ministério da Justiça não chegou à realidade no

71
BRASIL, Comitê Internacional dos direitos humanos para policiais,
2017 Disponível em: http://fenapef.org.br/comite-internacional-de-direi-
tos-humanos-para-policiais-esta-sendo-implantado-no-brasil-2. Acesso em
15/10/2018

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DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

dia a dia dos servidores, e os mesmos continuam sem proteção


alguma, somente com deveres mediante a sociedade que os acusa
e os vê como o Estado e não como cidadãos.
Essa realidade só mudará quando a comunidade enxergar
pessoas embaixo da farda e ver que elas detêm os mesmo di-
reitos e prerrogativas que qualquer cidadão e, principalmente
que, ao invés de serem vistos como vilões e opressores, devem
ser considerados essenciais, pois eles estão disposto a dar suas
vidas pela sociedade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando um militar morre em serviço ou fica com alguma
deficiência a qual não lhe permite mais trabalhar, não se vê
ninguém dos Direitos Humanos procurando a família, assim
como não se vê a mídia dando importância ao ocorrido, falando
e acompanhando o andar das investigações. Já quando ocorre
uma fatalidade desta com um delinquente em confronto com a
lei, e esta resultou de enfrentamento com policiais, isso vira não
só manchete de primeira hora, como dura por muito tempo nos
canais de televisão, inclusive enfatizando que policiais tiraram a
vida de um cidadão.
Isso não ocorre somente com bandido. Dá-se também quando
a desgraça acontece com alguém de uma comunidade, principal-
mente se esta pessoa for negra; vira capa de jornais a atuação
militar, aparece defensores de todos os lados, criticando e que-
rendo justiça perante os policiais. O que faz transparecer que os
Direitos Humanos têm conotação política sim, pois somente se
vê sua manifestação quando a fatalidade ocorre com alguém que
dará repercussão perante a mídia. Afinal, quem se importaria
com a morte de um policial mesmo que tenha sido tirada por um
bandido, se não só sua família?
Pois nessa hora eles não os veem como cidadãos e sim como o
Estado, esquecendo que por debaixo da farda existe um homem ou

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Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
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mulher, pai/mãe de família que provavelmente sustenta sua casa


e que a cada turno de serviço há alguém esperando seu retorno.
Um exemplo disto é a policial que era negra, homossexual,
moradora da periferia e, ao ver um assalto durante sua folga
em um bar, resolveu intervir. O que ocorreu? Sumiram com ela,
torturaram e depois a mataram, mas isso não teve repercussão,
tampouco virou manchete ou capa de jornal; apenas caiu no
esquecimento.
Uma testemunha disse que, por volta das 3 horas, ao retornar
do banheiro, ela teria escutado alguém reclamar do sumiço de
um aparelho celular. Neste momento, “sacou a arma da cintura
e colocou sobre a mesa, dizendo que ninguém sairia do local até
que o celular aparecesse, identificando-se como policial”. Cerca
de 40 minutos depois, de acordo com as amigas que estavam com
Juliane, quatro homens invadiram o local, sendo três encapuzados,
portando armas de fogo. A policial, segundo o relato, foi baleada
duas vezes e levada pelos homens.72
Mas porque essa mulher que se encaixa no perfil da maioria
das pessoas que quando morrem são destaque em jornais e pro-
gramas de televisão, mulher, negra, homossexual e moradora da
periferia, é por que ela era policial, e mesmo na sua folga resolveu
intervir em um assalto? Mesmo com o risco da própria vida? Sim
por isso não teve importância; por esse motivo foi apenas mais
um que perdeu sua vida.
Afinal, para grande parte da população um policial, quando
atua durante o serviço, é o Estado e tem obrigação de agir e, se
algo ocorrer, é consequência de representá-lo. E se o fato ocorrer
durante a folga, o que mais se escuta é que a culpa é sua, pois
resolveu reagir ou se meter em ocorrência pelo simples fato de
estar armado.

72
POLICIA, encontra corpo de PM desaparecida em São Paulo. Disponível em:
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2018/08/06/policia-encontra-
corpo-de-pm-desaparecida-em-sp.ghtml. Acesso em 01/06/2019.

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DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

Mas o que desconhecem é que por de trás disso existe um


extinto de proteção por parte destes profissionais, sem contar
ser um dever, pois enquanto um cidadão pode agir, um policial
tem o dever de fazer, afinal assistir a um crime e não tomar as
devidas providencia, mesmo estando na sua folga, trará conse-
quências, para sua vida não só funcional como particular, pois
prevaricação é crime.
Há aqueles defensores dos Direitos Humanos que alegam que
policiais não devem andar armados, pois isto os torna perigosos
e fazem com que, ao se depararem com crimes, acabem reagindo,
sem citar que há quem diga que o indivíduo só cometeu tal delito
por precisar e que o policial não tinha o direito de reagir.
Contudo, se analisarmos essa postura da sociedade brasileira,
vemos que é aqui no Brasil que a polícia é tratada com desprezo
e esquecimento. Está na educação olhar para o policial como um
vilão ou um monstro, pois, quando crianças estão teimando e há
um militar por perto, é comum ouvir pais dizendo a seus filhos
“fica quieto se não ele vai te levar”, quando deveriam dizer que,
em caso de se perderem ou de medo, que confie nesses servidores
e que se dirijam a eles para buscar ajuda.
Nos Estados Unidos, por exemplo, quando policiais são mor-
tos, a população manifesta-se fazendo protesto, incluindo minuto
de silêncio antes dos jogos de futebol americano. Inclusive em
2014, quando um casal de policial militar foi morto a sangue
frio dentro da viatura o próprio presidente americano Barack
Obama, quando em férias no Havaí, ligou para o chefe de Polícia
de Nova Iorque para prestar condolências às famílias e pediu aos
americanos que “rejeitem a violência e as palavras que ferem”.73
Aqui no Brasil, entretanto, os moradores e toda sociedade em
geral ignoram solenemente quando policiais são mortos por cri-

73
População faz protesto pela morte de policiais...Nos Estados Unidos, Dis-
ponível em: http://sinpefms.org.br/noticias/v/6848_populacao_faz_protes-
to_pela_morte_de_policiaisnos_estados_unidos_, Acesso em 01/06/2019.

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Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

minosos. Esperar que moradores no Brasil vão ao local da morte


do policial depositar flores em memória da vítima, que antes de
um jogo de futebol faça-se um minuto de silêncio em memória
do policial morto, é ilusão. É a tal inversão de valores; é como
se a vida de um policial, que morre para proteger essa mesma
sociedade, não valesse nada. Covarde, a sociedade brasileira
aceita passivamente que um policial seja assassinado. O Brasil
vive mesmo uma barbárie.74
Ante o exposto, no que tange a proteção aos miliares, infe-
lizmente essa portaria interministerial que versa as diretrizes
nacionais de promoção e defesa dos Direitos Humanos dos pro-
fissionais de segurança publica não se concretizou na prática,
pois aqui no Rio Grande do Sul, por exemplo, não chegou até os
policiais militares.
Um dos projetos desta portaria é a assistência jurídica aos
servidores, contudo, o militar que necessite deste apoio, ficará sob
os cuidados de um advogado sem conhecimento militar, pois o di-
reito penal militar não faz parte da grade curricular das faculdade
nem aparece como cadeira eletiva, ou seja, o policial teria sua vida
e carreira aos cuidados de um leigo nesse assunto, com no muito
alguma especialização nesta área após o termino da faculdade.
Os atuais advogados após sua conclusão no curso de bacharel
em direito, e aprovação no exame da ordem, sempre buscam uma
especialização na área que irão atuar, mas como querer que um
policial militar que estudou e lutou para chegar a esta profissão,
vá por sua carreira nas mãos de um defensor publico que buscou
conhecimento fora, começando do zero, pois durante sua vida
acadêmica não viu nada de direito militar.
Esse é um dos motivos da portaria não ter ido para a vida
dos servidores da segurança, a defensoria publica para os poli-
ciais militares existe, esta localizada junto ao Tribunal de Justiça
Militar, mas muitos servidores não têm conhecimento, já os que
74
Idem 75.

620
DIREITOS HUMANOS: A APLICABILIDADE
DOS DIREITOS HUMANOS AOS POLICIAIS MILITARES

sabem da sua existência, acabam por ter receio de confiar suas


vidas a defensores públicos comuns, que prestaram o mesmo
concurso que os demais que defendem inclusive os delinquentes
em conflito com a lei.
Diante disso, a aplicabilidade dos Direitos Humanos aos
policiais militares, não existe, inclusive para confeccionar este
artigo foi muito difícil, tendo em vista que não há artigos ante-
riores que tragam os militares como detentores destes direitos, a
cada pesquisa realizada a única opção que se tinha era a atuação
destes policiais ligada a aplicação dos Direitos Humanos nas suas
abordagens e durante os turnos de serviços.
Se os direitos são universais e todas as pessoas devem ser
tratadas sem discriminação ou diferenciação, sendo aplicados
igualmente a todos não podendo ninguém abrir mão, já que são
irrenunciáveis e jamais perdem sua validade por serem impres-
critíveis, por que eles não chegam até os policiais? A Declaração
Universal dos Direitos humanos trás que esses direitos são uni-
versais pela sua extensão, e que a condição de pessoa é o único
requisito para a dignidade e titularidade dos Direitos Humanos.
Deste modo, sempre que uma pessoa for rebaixada a objeto,
a ponto de ser descaracterizada e desconsiderada como sujeito
de direitos ela terá sua dignidade humana violada, porém, se este
princípio é o núcleo de todos os direitos fundamentais, e ter uma
vida digna sendo respeitado pelo Estado e pela comunidade é
o significado de direitos e deveres fundamentais assegurados a
todos, o que falta a sociedade é apenas conscientização.
Por derradeiro, os policiais militares não veem a aplicabili-
dade dos Direitos Humanos nas suas vidas e profissões, por que a
sociedade não os olha como seres humanos, quando muitos vêm
a policia na rua é o Estado que enxergam, esquecem que por mais
que estes servidores estejam fazendo o serviço do próprio ente,
por ter deixado de aplicar até mesmo algum direito fundamental
da comunidade e estarem ali trabalhando, embaixo daquela farda
há um ser humano detentor e titular de Direitos humanos.

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Justiça & Sociedade, v. 4, n. 1, 2019
Revista do Curso de Direito do Centro Universitário Metodista – IPA

Só teremos aplicabilidade destes direitos aos servido-


res policiais militares quando a sociedade e o próprio Estado
acabarem com alguns pré-conceitos e passarem a ver a policia
como amiga, alguém que esta ali para ajudar e não prejudicar e
que a força sempre é a ultima opção de uso e se foi feita o uso
desta é por que não havia outra forma de resolver o conflito, mas
principalmente todos devem se conscientizar que policiais são
seres humanos e como tais possuem qualidades e defeitos e suas
necessidades são iguais as dos demais cidadãos.

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