Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

ANGRA DOS REIS

RELATÓRIO SOBRE O TRABALHO:


UMA ABORDAGEM SOBRE O PAPEL DA DEFENSORIA PÚBLICA NA GARANTIA DOS DIREITOS
HUMANOS NO ÂMBITO DA CIDADE DE ANGRA DOS REIS.

Gabriel Alexandre Precioso, Alícia Silva Ferreira, João Francisco Fontes Melo da Silva,
Carlos Eduardo Silva dos Santos, Cássia Batista de Azevedo e Pedro Henrique Nunes
Ramos.
Aimée Schneider

2023
Angra dos Reis/RJ
RELATÓRIO FINAL

A Defensoria Pública possui, como fundamento, a cidadania e a dignidade da pessoa


humana e, como objetivos, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a
erradicação da pobreza e da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais e
a promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação¹. Trata-se de uma instituição importantíssima no acesso à
justiça da população, posto que os fundamentos de existência e objetivo do Estado brasileiro
e, por conseguinte, de uma instituição pública essencial à uma das funções do Estado, qual
seja a jurisdicional, são preceitos inerentes à Defensoria Pública. Num trabalho cotidiano, às
vezes especializado e concentrado, mas, na maioria das vezes, difuso e geral, milhões de
cidadãs e cidadãos brasileiros tiveram seus direitos garantidos através da atuação de
defensoras e defensores públicos comprometidos ideológica e funcionalmente com os direitos
humanos².
À prestação jurisdicional se soma, a bom juízo, a efetividade de uma defesa bem mais
ampla que abarque, sob o signo da solidariedade, a promoção da justiça social. À vista disso,
é fácil constatar que a Defensoria Pública está intrinsecamente relacionada com os Direitos
Humanos, uma vez que, sem esta, uma parcela considerável da sociedade brasileira, se não a
parcela majoritária, estaria condenada à mais execrável sorte de marginalização social e
econômica, haja vista que dificilmente conseguiriam ter acesso à justiça com pouco ou
nenhum recurso financeiro para tal. O acesso à justiça deve ser encarado como o requisito
fundamental – o mais básico dos direitos fundamentais – de um sistema jurídico moderno e
igualitário que pretenda garantir, e não apenas proclamar os direitos humanos. Logo, sem o
exercício da Defensoria Pública, instituição essa que é a responsável por democratizar o
acesso à justiça e à busca por uma prestação jurisdicional isonômica aos cidadãos que não
possuem condições financeiras para tal, é impossível que na sociedade brasileira se realize o
Estado de Direito.
A cidade de Angra dos Reis, assim como o restante do Estado do Rio de Janeiro,
apresenta índices preocupantes de violência e de desigualdade social, o que demanda a
atuação eficiente da Defensoria Pública na proteção dos Direitos Humanos e na promoção da
justiça social. Por conseguinte, constata-se que a desinformação da população e a falta de
busca dos titulares dos direitos em conhecer seus próprios direitos têm um impacto
significativo no acesso à justiça e, sobretudo, na prevalência e efetividade dos direitos
humanos pelos cidadãos e cidadãs de Angra dos Reis. É necessário o investimento em
programas de educação jurídica e conscientização na comunidade em geral, a fim de evitar a
inércia daqueles que possuem direitos, mas que, talvez por desconhecimento ou por más
condições financeiras, não o exercem. A falta de informação é, sem dúvidas, a principal causa
da vulnerabilidade jurídica e limitação do acesso à justiça.
A Constituição Federal ao instituir o direito fundamental à assistência jurídica, colheu
inspiração no Direito Internacional dos Direitos Humanos, mais precisamente nos
instrumentos universais de proteção desses direitos, entre os quais destacam-se a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, que reconheceu da dignidade inerente à todos os membros
da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis⁴, os Pactos Internacionais de
Direitos e a Convenção Americana de Direitos Humanos, em cujos enunciados se funda o
ideal da acessibilidade da Justiça, extensivo a todas as pessoas, indistintamente, em particular
às que carecem de meios para contratar um advogado particular e de assumir os gastos de um
processo, sem prejuízo para sua subsistência e de sua família, mas confiam na disposição do
Estado de lhes prover uma atenção apropriada³. Tais instrumentos universais, assim como a
Constituição Federal, são primordiais e servem como base para a construção dos Direitos
Humanos abarcados pelo ordenamento jurídico brasileiro, entretanto, o seu conteúdo é pouco
conhecido pela sociedade em geral, resultando na diminuição do exercício dos direitos
fundamentais dos cidadãos e na conseqüente vulneração do Estado Constitucional e
Democrático de Direito.
Sendo assim, torna-se nítido a necessidade de um combate mais assíduo contra a
desinformação, disseminando e ampliando o acesso às informações aos angrenses e,
sobretudo, à sociedade em geral, acerca de seus direitos protegidos pelo Estado Democrático
de Direito. Isso inclui, entre outras soluções, a utilização de mídias sociais, rádios, televisões
e de outros meios de comunicação locais aptos à divulgar os serviços oferecidos pela
Defensoria Pública, no papel de instituição patrona da defesa dos Direitos Humanos,
assegurando aos que comprovarem insuficiência de recursos, o acesso pleno e irrestrito à
justiça. Conclui-se, portanto, que a promoção, proteção e defesa dos direitos humanos, bem
como a reparação das violações cometidas, devem se dar todos os dias, em todas as nossas
ações, em todas as instâncias⁵, e por isso é essencial que a população mais carente possua
cada vez mais acesso à Defensoria Pública e à informação acerca dos seus mais diversos
direitos, os defendendo sempre que forem lesados.
NOTAS

¹Trecho de LEITE, Maffezoli Antonio José. A atuação da Defensoria Pública na


promoção e defesa dos direitos humanos, inclusive perante o sistema interamericano de
direitos humanos. In: RÉ, Aluísio I. M. R.; REIS, G. A. S. dos (org.). Temas aprofundados
Defensoria Pública, v. II. Salvador, Juspodivm, 2014, p. 567-595.
²Trecho de LEITE, Maffezoli Antonio José. A atuação da Defensoria Pública na
promoção e defesa dos direitos humanos, inclusive perante o sistema interamericano de
direitos humanos. In: RÉ, Aluísio I. M. R.; REIS, G. A. S. dos (org.). Temas aprofundados
Defensoria Pública, v. II. Salvador, Juspodivm, 2014, p. 567-595.
³Trecho de LEAL, César Barros. A defensoria pública como instrumento de efetivação
dos direitos humanos. Themis: Revista da ESMEC, Fortaleza, v. 6, n. 1, p. 15-26, jan. 2008.
⁴Trecho de ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos
Direitos Humanos, 1948.
⁵Trecho de LEITE, Maffezoli Antonio José. A atuação da Defensoria Pública na
promoção e defesa dos direitos humanos, inclusive perante o sistema interamericano de
direitos humanos. In: RÉ, Aluísio I. M. R.; REIS, G. A. S. dos (org.). Temas aprofundados
Defensoria Pública, v. II. Salvador, Juspodivm, 2014, p. 567-595.

Você também pode gostar