perdi o horário,

não li as correspondências,
fechei a cortina,
queimei o arroz.
desliguei a rádio pop,
acendi um cigarro,
olhando pro nada,
preso na página 82.
roupas jogadas no chão,
cinzas em todos os cantos,
dois dedos de bebida,
em um copo plástico.
do sofá pra cama,
tropeçando nos tapetes.
cantando aos anjos,
blues da piedade,
covardes e caretas,
não sabem amar,
amor é loucura.
paredes que falam,
telefone que toca,
uma alma que espera.
batidas na porta,
o tempo congela,
não repare a bagunça,
o pouco tempo que ficaste
bagunçaste toda uma vida.