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Formol ou Formaldeído
Sinônimos: formaldeído, formalina, metil aldeído, metileno glicol, oxido de metileno, metanal,
formalida 40, morbicida, BFV, formalite, aldeído fórmico, Yde, Ivalon, Karsan, Lysoform, Oxometano,
Oximetileno.
CAS 50-00-0
Comparado a outros países, o Brasil é um médio produtor de formaldeído, mas essa produção tem
experimentado um grande incremento, principalmente a partir da década de 90. Chama atenção a
produção dos Estados Unidos que excedeu a 2000 toneladas nos quatro períodos analisados
(Quadro 1) e a do Japão, que excedeu a 1.000 toneladas a partir de 1986. No Canadá, em 1996, a
produção de formaldeído foi de aproximadamente 222.000 toneladas (Environment Canadá,
1997b), tendo aumentado em mais de duas vezes em um período curto de 6 anos.
Atualmente existe uma política de redução dos níveis de formol pela utilização de resinas que
liberam menos formaldeído acoplado a sistemas de ventilação eficientes (IARC – vol88, 2004 -
annoucements). No passado, a exposição era muito maior, principalmente durante processos de
trabalho como o envernizamento de móveis e pisos de madeiras, acabamentos têxteis e tratamento
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de peles. Nessas circunstâncias, as medidas dos níveis de formol chegavam a ser de 2-5 ppm. Há
relatos que embalsamadores, patologistas, trabalhadores da indústria de papel, eram expostos a 3
ppm ou mais em curtos períodos. Da mesma forma, quem trabalhava com produção de resinas e
produtos plásticos (IARC – monographs/vol.88 in preparation).
Um outro grupo bastante exposto é o de professores e estudantes da área de saúde que manipulam
espécimes biológicas conservadas com formol ou formalina (OSHA, 2002).
O Departamento de Segurança Ocupacional e Administração de Saúde dos Estados Unidos (OSHA,
2002), estabeleceu normas com o objetivo de proteger os trabalhadores expostos ao formol. O
limite máximo permitido para o formol nos locais de trabalho é de 0,75 ppm em 8h. Um segundo
limite é de 2 ppm para exposições curtas de 15 minutos. No Brasil, o patamar de exposição
ocupacional é de 1,6 ppm (2g/m3) até 48h/semana (NR – 15, 1978- Portaria 3214; IARC, vol. 88,
2002).Exposições Ocupacionais
Nos últimos anos, no Brasil, os salões de beleza têm utilizado extensivamente o formol como
alisante capilar nas denominadas escovas progressivas – método de alisamento que para alcançar o
efeito desejado deve ser feito múltiplas vezes. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa
proibiu o seu uso com essa função, mas a técnica continuou sendo utilizada por muito tempo, por
profissionais de beleza, pois como não há produtos com formol autorizados com a função de alisar
os cabelos, supõe-se que o mesmo vem sendo adicionado aos cabelos a critério de cada
especialista.
A Anvisa estabeleceu que o uso do formol é permitido apenas como conservante na concentração de
0,2% e como endurecedor de unhas na concentração de 5% (RDC nº 162 de 11 de setembro de
2001). A Anvisa proibiu também o uso do formol em produtos de limpeza (detergentes,
desinfetantes, alvejantes e demais materiais saneantes – RDC nº 35, de 03 de junho de 2008),
baseados no artigo 5º da Resolução nº 184 de 22 de outubro de 2001, que proíbe o uso de
substâncias carcinogênicas, terotogênicas e mutagênicas nas formulações de produtos saneantes.
Em 17 de julho de 2009, outra Resolução foi publicada no Diário Oficial da União - RDC No- 36.
Proíbe a exposição, a venda e a entrega ao consumo de formol ou de formaldeído (solução a 37%)
em drogaria, farmácia, supermercado, armazém e empório, loja de conveniência e drugstore.
Discorre ainda sobre a adição de formol: “Art. 2º A adição de formol ou de formaldeído a produto
cosmético acabado em salões de beleza ou qualquer outro estabelecimento acarreta riscos à saúde
da população, contraria o disposto na regulamentação de produtos de higiene pessoal, cosméticos e
perfumes e configura infração sanitária nos termos da Lei no- 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem
prejuízo das responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis.”
A finalidade dessa Resolução foi de restringir o acesso da população ao formol, coibindo o desvio de
uso do formol como alisante capilar, protegendo a saúde de profissionais cabeleireiros e
consumidores. Dados recebidos pela Anvisa mostram que as notificações de danos causados por
produtos para alisamento capilar triplicaram no 1º semestre de 2009 em comparação com todo o
ano de 2008, sendo que na maioria dos casos há suspeita do uso indevido de formol (e também de
glutaraldeído) como substâncias alisantes.
No Estado do Rio de Janeiro, no dia 18 de março de 2009, o governador Sérgio Cabral sancionou
uma lei (5.409/09) que obriga os salões de beleza do Estado do Rio de Janeiro a informar em cartaz
afixado em local de fácil visualização, o seguinte texto: “O uso de formol nos tratamentos capilares
é proibido e causa males à saúde. Comissão de Defesa do Consumidor da Assembléia Legislativa do
Rio – telefone 0800 282 7060”.
Existem substâncias ativas específicas com propriedades alisantes como o ácido tioglicólico,
hidróxido de sódio, hidróxido de potássio, hidróxido de cálcio, hidróxido de lítio e hidróxido de
guanidina alumínio que são permitidos pela legislação brasileira. Devido a semelhança química com
o formol, o glutaraldeído vem sendo utilizado sem permissão da Anvisa com a finalidade de alisante,
mas que apresenta os mesmos riscos e restrições (Anvisa, 2009).
Alguns processos de moagem de papel produzem produtos especiais que são cobertos com fenol,
uréia ou resinas melamínicas tendo como base o formaldeído. Agentes de revestimentos e outros
químicos utilizados na moagem do papel podem conter também formaldeído como bactericida
(IARC, vol88 completo, 2006).
A exposição ao formol pode ocorrer por profissionais que trabalham em fundições, na indústria de
fibra vítrea sintética, na produção de plásticos. Pode ainda ocorrer por profissionais que trabalham
nas ruas devido às emissões veiculares, por bombeiros, por trabalhadores de prédios públicos
(museus, casas geriátricas, etc) (IARC, vol88 completo, 2006).
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No ambiente
Embora o formaldeído seja um componente natural presente no ar, fontes antropogênicas
usualmente contribuem para o aumento desses níveis. Concentrações de formaldeído em áreas
urbanas são mais variáveis e dependem das condições locais. Geralmente variam de 1-20 g/m3.
Em condições de tráfico pesado ou durante inversões severas podem se estender para acima de 100
g/m3, como o que foi registrado no Brasil, em Salvador-Bahia (de Andrade et al, 1998).
Cosméticos
A população pode entrar diretamente em contato com produtos que contém formol, formalina e/ou
paraformaldeído pelo uso de shampoos e outros cremes para o cabelo; desodorantes, produtos de
banho, cremes e loções para a pele. O contato pode se dar nos olhos (máscara e maquiagem), na
mucosa oral (refrescantes bucais), na mucosa vaginal (desodorantes vaginais) e nas unhas
(removedores de cutícula, cremes e loções de unhas). O uso de aerossóis pode resultar numa
potente fonte de inalação do formol (Cosmetic Ingredient Review Expert Panel, 1984).
Alimentos
O formaldeído ocorre naturalmente nos alimentos, e esses também podem estar contaminados por
fumigantes (ex. grãos), durante o cozimento (como produto da combustão) e pela liberação de
resinas de formaldeído a partir da louça. Tem sido também utilizado como agente bacteriostático em
alguns alimentos como queijos (na Itália é permitido o uso controlado como agente bacteriostático)
(Restani et al, 1992). Frutas e vegetais tipicamente contém de 3-60 mg/kg, leites e produtos
lácteos contém cerca de 1mg/kg. Carnes e peixes contêm 6-20mg/kg e moluscos contém 1-
100mg/kg. A água para consumo geralmente contém menos de 0,1mg/kg (WHO, 1989). É utilizado
na indústria para inibir o crescimento bacteriano durante a produção de sucos (ATSDR, 1999).
Tabagismo
Concentrações de 60-130 mg/m3 tem sido medido na corrente principal da fumaça do cigarro. Uma
pessoa que fuma 20 cigarros/dia, expõe-se ao equivalente de 1 mg/dia (WHO, 2001).
Toxicidade
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Fonte: Adaptado World Health Organization (1989); IARC (1995); WHO Regional Office for Europe (1987).
Inalação: fortes dores de cabeça, tosse, falta de ar, vertigem, dificuldade para respirar e edema
pulmonar. Pode causar ainda irritação nos olhos, nariz, mucosas e trato respiratório superior. Em
altas concentrações pode causar bronquite, pneumonia ou laringite.
Ingestão: causa imediata e intensa dor na boca e faringe; dores abdominais com náuseas, vômito e
possível perda de consciência. Também podem ser observados sintomas como proteinúria, acidose,
hematemesis, hematúria, anúria, vertigem, coma e morte por falência respiratória.
Ocasionalmente pode ocorrer diarréia (com possibilidade de sangue nas fezes), pele pálida, fria e
úmida além de sinais de choque como dificuldade de micção, convulsões, e estupor. A ingestão
também pode ocasionar inflamação e ulceração /coagulação com necrose na mucosa gastrintestinal,
colapso circulatório e nos rins. Podem ocorrer danos degenerativos no fígado, rins, coração e
cérebro.
Pele: O contato com o vapor ou com a solução pode deixar a pele esbranquiçada, áspera e causar
forte sensação de anestesia e necrose na pele superficial. Longos períodos de exposição podem
causar dermatite e hipersensibilidade, rachaduras na pele (ressecamento), ulcerações,
principalmente entre os dedos.
Algumas avaliações feitas pela IARC - International Agency for Research on Cancer da Organização
Mundial da Saúde sobre o formaldeído foram concluídas em 1987 (Suplemento 7) que classificou o
formaldeído no grupo 2A - provável cancerígeno em humanos - e manteve essa classificação
também em 1995 (Volume 62). Em 2003, foi montado um grupo de trabalho com cientistas da
mesma Agência, que reavaliaram os resultados de estudos existentes e optaram pela reclassificação
do formaldeído quanto ao seu potencial cancerígeno. Desta forma a partir de julho de 2004, a IARC
classificou este composto como carcinogênico (Grupo 1), tumorogênico e teratogênico por produzir
efeitos na reprodução para humanos e em estudos experimentais demonstraram ser também, para
algumas espécies de animais.
De nasofaringe
A mortalidade por câncer de nasofaringe apresentou um aumento estatisticamente significativo em
um estudo de coorte dos Estados Unidos (EUA) em trabalhadores de industrias expostos ao
formaldeído, e em dois outros estudos de coorte dos EUA e Dinamarca. Cinco de sete estudos caso-
controle estudados, também acharam o risco elevado para exposição de formaldeído. O Grupo de
trabalho considerou que era "inverossímil que todos os casos positivos poderiam ser explicado por
viés ou por fatores de confundimento desconhecidos" e concluiu que existe evidência suficiente em
humanos que o formaldeído causa câncer de nasofaringe.
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A neoplasia maligna de nasofaringe é um evento raro, porém apresenta um dos piores prognósticos
dentre os tumores malignos de cabeça e pescoço, pela proximidade da base de crânio e de outras
estruturas vitais, pela natureza invasiva do tumor e por causar sintomas tardios e a dificuldade no
exame da nasofaringe.
Leucemia
Existe "forte, mas não suficiente evidência para uma associação causal entre leucemia e exposição
profissionais a formaldeído".
Adenocarcinoma nasal
Existe evidência limitada em humanos de câncer nasal causado por formaldeído.
Genotoxicidade e citotoxicidade do formol
O formaldeído é genotóxico em modelos in-vitro, animais e humanos. A genotoxicidade e
citotoxicidade têm papéis importantes na carcinogênese do formaldeído em tecidos nasais
Considerações:
- Existe uma legislação no país que estabelece limites de exposição ao formaldeído em ambientes
de trabalho. O patamar de exposição ocupacional permitido no Brasil é de 1,6 ppm (2mg/m3) até
48h/semana e o dos Estados Unidos, por exemplo, que é de 0,75 ppm em 8h ( 1mg/m3) em 1 dia
de trabalho. Embora os níveis permitidos aqui são inferiores a norma americana (OSHA, 2002), há
de se questionar o cumprimento da mesma pelos órgãos de fiscalização, a informação e
compreensão por parte dos trabalhadores de que se trata de agente cancerígeno. O estabelecimento
e cumprimento dos limites de exposição são importantes para evitar/reduzir o quadro de intoxicação
aguda por formol.
Em relação ao câncer, ressalta-se que não há limites seguros de exposição a agentes cancerígenos.
- Apesar das leis que proíbem o uso de formol como alisante de cabelos, essa prática continua
sendo utilizada amplamente por salões de beleza no Brasil, mesmo porque a procura pelos efeitos
do uso de formol nos cabelos continua crescente.
- Os cabeleireiros fazem parte de uma força de trabalho que por si só, constituem uma
circunstância de risco para o desenvolvimento de câncer, por trabalharem com inúmeras tintas,
misturas e produtos já classificados como cancerígenos. Adicionando-se a manipulação do formol,
que para essa finalidade, parece ser uma particularidade do nosso país, o risco tende a crescer.
- A Agência Nacional de Vigilância Sanitária vem aos poucos, elaborando leis cada vez mais
restritivas ao uso do formol e propondo substituição desse agente em vários produtos. No entanto,
empenhos devem ser feitos em relação a fiscalização dos ambientes de trabalho.
- Embora no Rio de Janeiro, haja uma lei específica, sobre a obrigatoriedade de informar ao cliente
que freqüenta salões de beleza de que o uso do formol está proibido por lei, essa prática não tem
sido observada na prática.
- Embora no Brasil, o uso do formol tem ganhado mais atenção pela mídia, dado o uso como
alisante de cabelos, não deve ser esquecido o seu uso em outras categorias profissionais como em
técnicos de laboratório e patologistas, que geralmente trabalham em locais fechados.
Links:
Agency for Toxic Substances and Disease Registry
Divison of Toxicology / e-mail: atsdric@cdc.gov
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