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De memórias públicas e narrativas orais: um estudo relacional sobre Toledo-PR (1950-2010)

JIANI FERNANDO LANGARO*

1. Introdução

Memória e cidade, um binômio que marca o tempo presente, em que diferentes urbes
brasileiras se organizam para recuperar suas histórias, seja por meio de políticas culturais ou da
ação de seus cidadãos. Neste texto, temos como objetivo discutir a dinâmica mnemônica da
cidade de Toledo, no estado Paraná. Para tanto, refletimos sobre os resultados de projetos de
pesquisa desenvolvidos sobre a cidade desde 2008.1Em termos teórico-metodológicos, a
investigação realiza aquilo que o Grupo Memória Popular (2003) chama de estudo relacional.
Trata-se de um contraponto entre memórias públicas e populares. As primeiras envolvem as
reminiscências circulantes na “esfera pública” (HABERMAS, 1984) ao passo que, entre as
demais, estão as lembranças provenientes da história oral produzida com grupos populares.
Toledo, por seu turno, é uma cidade de mais de cem mil habitantes, polo agrícola e
agroindustrial da região Oeste do Paraná. Foi fundada em 1946, tendo sido emancipada em
1952, em meio a projetos privados de colonização do imediato pós-Estado Novo, ainda em
meio a um forte imaginário social da Marcha para o Oeste. É uma cidade com forte tradição
memorialística, materializada em publicações ufanistas quanto ao passado local, veiculadas
tanto por meio da imprensa quanto de livros de história (LANGARO, 2012).
Tais versões, por seu turno, não ficam circunscritas a um público letrado restrito da
cidade, mas circulam amplamente pela sociedade local, atingindo os mais diferentes grupos
sociais. O trânsito de memórias é intenso, uma vez que os textos memorialísticos são, em grande
parte, construídos com base em história oral. Por outro lado, os moradores da cidade têm acesso
às memórias públicas do lugar e reproduzem ou reelaboram muitos de seus temas e clichês.
Importante observarmos, no entanto, que as memórias públicas da cidade privilegiam a
presença dos chamados pioneiros, pessoas que teriam se deslocado para o local durante as

* Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, mestre em
História Social pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU e doutor em História Social pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Professor adjunto da Faculdade de História e membro do corpo
docente permanente do Programa de Pós-Graduação em História – PPGH e do Mestrado Profissional em Ensino
de História – PROFHISTÓRIA da Universidade Federal de Goiás – UFG.
1
Entre os projetos citamos aquele que gerou nossa tese de doutorado (LANGARO, 2012) e os desenvolvidos
institucionalmente na UFGD (LANGARO, 2014) e na UFG (LANGARO, 2016). Os resultados desses dois últimos
projetos se constituem em artigos e capítulos de livros veiculados em diferentes publicações acadêmicas, todos
disponíveis para acesso em: https://ufg.academia.edu/JianiFernandoLangaro.
2

décadas de 1940 e 1950, oriundos do próprio Sul do país, pretensamente descendentes de


europeus e proprietários de algum capital para investir na compra de terras ou no comércio
local. Destacadamente, as narrativas sobre o pioneirismo focam nos homens, em especial
aqueles que eram sócios ou estiveram à serviço (nos altos cargos) das companhias
colonizadoras que atuaram na região.
Entretanto, notamos toda uma movimentação nas memórias locais – tanto públicas
como populares – que visam alargar os tempos e os grupos sociais considerados pioneiros.
Mesmo em bairros periféricos, criados nas décadas de 1970 e 1980, é comum encontrarmos
moradores que se intitulam “pioneiros do bairro”.
Todavia, a pesquisa nos relevou algo mais que o deslocamento de conceitos cristalizados
– provenientes dos enredos de pioneirismo das memórias públicas locais – para interpretar
outras experiências históricas. Ao longo do trabalho, principalmente com o uso da história oral,
constatamos a análise crítica de certos moradores sobre as versões do passado oficiais da cidade
e até a elaboração de enredos alternativos.

2. História local, autodidatismo e publicação de livros

Segundo afirmamos, a cidade de Toledo conta com uma intensa rotina de publicação de
livros de história local.2 O tema é muito presente no espaço público da cidade e, em geral, essas
obras buscam enaltecer a fundação do lugar, tratada por vezes como ação de reforma agrária
(NIEDERAUER, 2004), embora tenha consistido em uma colonização privada, cujo
empreendimento visava a venda de terras. Existem ainda intensas disputas pelo passado do
município, muitas das quais motivam novas publicações. Famílias e indivíduos que se
consideram “pioneiros” travam conflitos para definir quem tem direito à alcunha, quais temas,
espaços e tempos devem ser focalizados, quem deve ser reconhecido como fundador o
município, dentre outras questões.
Essas disputas não são fortuitas, mas revelam as dimensões políticas que cercam o
passado local. Ao eleger um conjunto de cidadãos como “pioneiros”, tornando-os heróis da
fundação do lugar, hierarquizou-se a cidadania3 na cidade, dando-se mais direitos a alguns que
aos demais. Em função disso, integrar esse seleto rol de cidadãos locais tornou-se objeto de
desejo e de reivindicação de muitos moradores, pertencentes a distintos grupos sociais.

2
As obras de história local analisadas foram: SILVA; BRAGAGNOLLO; MACIEL (1988), NIEDERAUER
(2004), GRONDIN (2007), BEAL (2009) e YOSHIDA (1988).
3
Algo nesse sentido já havia sido apontado por: LAVERDI (2005, p. 15).
3

Uma das disputas mais presentes nessa narrativa é a de “pioneiros” pobres,


trabalhadores que não se tornaram proprietários rurais ou urbanos, tampouco estiveram à frente
da gestão das companhias colonizadoras privadas. Eles, muitas vezes, reclamam de terem sido
esquecidos e reivindicam o direito de também figurar ao grupo “pioneiro”.4
Outro objeto de disputa é a cronologia do tempo “pioneiro”. O Museu Histórico “Willy
Barth” de Toledo reconhece como “pioneiros” somente os estabelecidos no local entre 1946 e
1952 (SANTOS, 2010: 106). Entretanto, outras referências temporais são correntes na imprensa
e chegam a ser mencionados em obras de história local, que estendem esse período até a década
de 1960 ou mesmo de 1970.5
As relações entre campo e cidade também pontilham essa produção historiográfica. Na
década de 1980 as populações dos distritos – conhecidos em algumas regiões do Brasil como
bairros rurais – reivindicaram a publicação de obras específicas sobre suas localidades. Era um
tempo em que o governo municipal organizava projetos culturais para a escrita de livros de
história local. Em tal contexto, não se deixou de atender às demandas das comunidades rurais
por uma escrita da história que lhes desse maior visibilidade e atendesse melhor suas
particularidades (SCHELLE, 1988: 9).
Em específico, mesmo as narrativas que focam as ações da principal empresa
colonizadora a atuar no município, a Maripá, precisam lidar com uma cisão existente entre as
famílias consideradas “pioneiras”. Essa empresa imobiliária contou com duas gestões locais,
cada uma delas dirigida por um encarregado diferente. As famílias aportadas na cidade com a
primeira gestão, entre 1946 e 1949, reivindicam um status especial no interior do “pioneirismo”,
e já chegaram a ser denominados “pioneiríssimos” (GRONDIN, 2007: 118) em uma das obras
de história local por nós analisada.
Tais famílias reivindicam ainda o reconhecimento público do primeiro gestor local,
Alfredo Paschoal Ruaro, como fundador da cidade. Esse título é contestado por remanescentes
da segunda gestão da empresa colonizadora – e outros interessados em história local –, que
reconhecem outros sujeitos como fundadores do município (GRONDIN, 2009: 243-262). O
grupo aportado ao local a partir de 1949, por sua vez, trabalha para manter vivas as memórias
enaltecedoras ao segundo administrador local, Willy Barth. Ele chegou a ser prefeito da cidade
e faleceu precocemente, em 1962, quando disputava o cargo de suplente de senador (SILVA;
BRAGAGNOLLO; MACIEL, 1988: 84).

4
Esse aspecto está muito presente em: BEAL (2009).
5
A esse respeito, ver: COSTA (2002: 28-29, 45, 50, 56, 66, 71-72, 77, 123, 169, 171, 182, 218 e 224).
4

Por meio das obras de história local, percebemos ainda que algumas famílias querem
ser reconhecidas como parte dos “colonizadores”. Dessa forma, tentavam deixar claro não
terem sido “simples colonos” (PIZZATO, 2009: 35), buscando uma diferenciação social frente
aos demais agentes reconhecidos como “pioneiros”.
Existe, portanto, uma rotina de publicações na cidade, que se intensificou a partir dos
anos 1980. Uma obra dialoga com a outra, respondem de maneira diferente a uma série de
questões e discordam umas das outras, formando um circuito de comunicações (DARNTON,
1990: 110-131). Nessas publicações, temos a monumentalização (LE GOFF, 1994) das
memórias de fundação do município, com a construção dos enredos de “pioneirismo”. Como
eles geralmente focam em apenas alguns sujeitos, principalmente os migrantes sulistas de
pretensa ascendência europeia portadores de algum capital, existem lutas para que novos grupos
sejam incluídos no rol de “heróis” locais.

3. Imprensa e história local em Toledo

A imprensa local também desempenha um papel importante no processo de construção


de memórias públicas desde, pelo menos, a década de 1950, segundo constatamos. Pouco tempo
após a emancipação já se fundava o jornal O Oéste. Com a chegada das emissoras de rádio à
região, todavia, ocorreu um período de ausência de imprensa escrita na cidade (SANTOS, 2010,
pp. 47-48). Tal quadro mudaria nos anos 1970, quando novamente abriu-se espaço para jornais
impressos na localidade. Seus temas eram muito focados na pauta local e regional, uma
característica dessa imprensa que possivelmente foi reforçada pela censura da ditadura civil-
militar.6
Nesses materiais, as memórias da “colonização” e do “pioneirismo” são presenças
marcantes, principalmente em 14 de dezembro, data em que se comemora a emancipação de
Toledo. Nesse dia costuma-se publicar sínteses históricas do município. Elas não se constituem
em mera divulgação do que circula publicado nos livros de história local, embora trechos de
suas narrativas sejam amplamente citados. Existem também esforços da imprensa em construir
novas narrativas e até mesmo suprir lacunas deixadas pelas publicações bibliográficas.7
De maneira geral, constatamos que o passado “pioneiro” serve de inspiração para
tempos de crise, quando se recorda que Toledo foi construída em meio a muitas dificuldades e

6
Dentre os títulos da imprensa periódica analisados na pesquisa se destacam: O Oéste, A Voz do Oeste, Tribuna
D’Oeste, Jornal do Oeste e Gazeta de Toledo. A esse respeito, ver: LANGARO (2012, pp. 279-334; 448-460).
7
Uma delas é a elaboração de narrativas de história econômica para o município, como pode ser visto em:
INDÚSTRIA E... (2002).
5

com pouco apoio do Estado. Também serve como apelo para a coesão e impulso para a luta por
determinadas obras de infraestrutura para a cidade e a região. A imprensa também faz uso
desses enredos para construir uma imagem ufanista da cidade, geralmente apresentada como
uma urbe rica e plena de qualidade de vida para todos (QUALIDADE DE... 2002). Nesses
enredos, o passado “pioneiro” aparece como parte do ufanismo local, sendo usado para explicar
todo o trabalho coletivo, realizado com muito esforço, em meio a sérias adversidades, para
edificar um próspero município.
De maneira geral, percebemos que a imprensa é um lugar muito importante para a
reflexão de elementos centrais às memórias do “pioneirismo”. É também nela que se questiona
a cronologia do tempo “pioneiro” e se proclama novos sujeitos como integrantes do grupo. Sua
relação com a escrita de histórias locais também é intensa, uma vez que, muitas vezes, os autores
dos livros de história local são também articulistas da imprensa (LANGARO, 2012: 279-334).

4. Cultura material e memórias públicas

A cultura material também faz parte desse processo de construção de memórias públicas
na cidade de Toledo-PR. Na pesquisa realizada, tomamos quatro espaços rememorativos como
objeto de nossa análise, o Museu Histórico “Willy Barth” de Toledo, a Praça Willy Barth –
central na cidade –, o Largo São Vicente de Paulo e o Parque dos Pioneiros. Segundo
constatamos, esses lugares da cidade participam das disputas pelo passado envolvendo as
famílias “pioneiras”.
O Museu Histórico “Willy Barth” de Toledo, como o próprio título já sugere, é devotado
às memórias da “colonização” e do “pioneirismo” instituídas no âmbito da segunda gestão local
da companhia Maripá. Foi construído com base na estatização de um museu privado, criado por
Ondy Hélio Niederauer (SANTOS, 2010: 104). Ele havia sido contador da empresa e articulista
da imprensa. Também atuava na cidade como historiador autodidata, sendo um admirador
devoto de seu falecido chefe, Willy Barth. Toda sua obra se configura em uma exaltação da
figura de Barth, não sendo diferente a perspectiva do museu.
O espaço congrega a sala de exposição e um arquivo histórico. Todas as temáticas da
cultura material exposta são remissivas ao tempo da “colonização”. Muitos dos bens culturais
móveis expostos são instrumentos de trabalho utilizados pela agricultura que existia na região
antes da “modernização” do campo. Vale frisar que é muito comum na região a confusão entre
o tempo “pioneiro” e o período anterior à década de 1970, quando o trabalho no campo não era
mecanizado. Também faz parte do acervo uma pele de onça – produto das caçadas que eram
6

empreendidas na região nesse período –, que grande admiração causa nas crianças das escolas
que visitam o museu em suas aulas de história local, como chegamos a testemunhar. A onça
simboliza, no museu e nas narrativas da “colonização”, os perigos corridos pelos “pioneiros”,
bem como sua bravura e disposição para enfrentar dificuldades (LANGARO, 2012: 337-345).
Por fim, o museu dedica uma sala temática a Willy Barth, tratado nas memórias públicas
locais como o grande “herói” de Toledo. Nela estão expostas roupas e objetos pessoais do
falecido segundo diretor local da “colonização” promovida pela Maripá. Dessa forma, se
individualiza esse sujeito histórico, decalcando sua experiência das demais que compuseram o
tempo de fundação da cidade, de maneira a personalizá-la (LANGARO, 2012: 337-345).
O acervo do arquivo anexo ao museu é composto pelos documentos de duas empresas
colonizadoras que atuaram no município, a Maripá S/A e a Pinho e Terras Ltda., com destaque
para a primeira. Também compõe esse acervo uma expressiva hemeroteca, com acervos
completos de jornais locais desde a década de 1950. Outras duas tipologias documentais que o
museu preserva são a coleção de fotografias do tempo da “colonização” e o fundo documental
composto por entrevistas orais realizadas com “pioneiros” (LANGARO, 2012: 337-345).
Como se pode notar, trata-se um espaço devotado às memórias da fundação do lugar, à
“colonização” e ao “pioneirismo”. Nele se destacam as narrativas elogiosas a Willy Barth e à
segunda gestão local da Maripá, embora se confira algum espaço para outros grupos
reconhecidos como “pioneiros”.
A praça Willy Barth, por seu turno, se configura em um lugar em que as esculturas
urbanas disputam as memórias fundacionais de Toledo.8 Nesse espaço se destacam três tipos
de esculturas. A primeira é o busto de Willy Barth (MONUMENTO, 1968), erigido em sua
memória ainda na década de 1960, poucos anos após seu falecimento. Outra escultura
homenageia a família de Alfredo Paschoal Ruaro, em uma tentativa de fixá-la como fundadora
da cidade (BELLO, 1999). Trata-se de uma obra encomendada pela própria família e instalada
na praça com autorização do poder púbico municipal. Por fim, temos um conjunto de pilares
em concreto com fotografias impressas em chapas de metal cobertas por estruturas de vidro.
Essas imagens fazem referência ao histórico da praça, desde o período fundacional da cidade
até o momento de reinauguração do local, em 2007 (PILARES, 2008). A praça central da
cidade, portanto, é outro espaço devotado ao “pioneirismo”, entretanto, nela se destaca a disputa
entre os grupos e famílias ligados à primeira e à segunda gestão local da Maripá.

8
Para uma análise mais detida das esculturas urbanas de Toledo remissivas ao “pioneirismo”, ver: LANGARO
(2012: 355-386).
7

O Parque dos Pioneiros é outro espaço de disputas de memórias da fundação da cidade.


Foi criado na década de 1990, como parte das políticas ambientais do município (PIONEIROS
IRÃO..., 1995). Nesse espaço temos uma escultura devotada ao Padre Antônio Patuí, primeiro
pároco local e ícone do grupo de “pioneiros” ligados à primeira gestão da Maripá (ESTÁTUA,
1996). Também existe uma escultura representativa da família “pioneira”, com um casal de
gaúchos tendo em seus braços um bebê (BELLO; BUCALÃO, 1996).9
Ali foi instalado, na década de 2000, um “marco zero”, para assinalar o local “exato” de
fundação de Toledo (MARCO, 2004). Nele constam como fundadores os trabalhadores à
serviço da Maripá que se encontravam a bordo do primeiro caminhão a chegar em Toledo, para
iniciar os trabalhos. Na escultura se nega a Alfredo Paschoal Ruaro o título de fundador da
cidade, uma vez que se atribui tal condição ao seu irmão, Zulmiro Antônio Ruaro – mestre de
obras e chefe dos trabalhos – e aos demais trabalhadores presentes naquele momento.
Como se pode perceber, o Parque dos Pioneiros também está envolvido em disputas
pelas memórias do tempo “pioneiro”. Elas, por seu turno, não estão imunes aos conflitos
travados entre os grupos ligados às duas gestões locais da empresa colonizadora Maripá.
Por fim, O Largo São Vicente de Paulo apresenta um monumento em homenagem ao
que seria a totalidade de “pioneiros” de Toledo (PILARES, 2012). Inaugurado em 2012,
configura-se em um conjunto de pilares em concreto com chapas de metal contendo os nomes
de todos que moraram no local entre 1946 e 1952. Possivelmente foi uma resposta ao livro de
Vitor Beal, publicado em 2009, que contém várias queixas de pessoas que se consideravam
“pioneiras”, mas reclamavam da falta de reconhecimento público desse título.
Entretanto, entendemos que o monumento está longe de colocar fim à disputa pelo
passado local. Diversas comunidades rurais do município apenas começavam a ser
“colonizadas” em 1952 (YOSIDA, 1988). Além disso, a Associação de Pioneiros de Toledo –
APITO (2006), trabalha com outra cronologia, que se estende até 1954. Portanto, as datas
adotadas pelo poder público municipal estão longe de serem consensuais.

5. História oral e as muitas memórias da cidade

Para realizar o “estudo relacional” (GRUPO MEMÓRIA POPULAR, 2004: 286),


focamos não apenas nas “memórias públicas”, mas também naquilo que os autores denominam
de “memórias privadas”. Optamos, porém, por evitar esse termo, pensando a “memória

9
Sobre Aldo Bello e Nelson B. Bucalão, ver: LANGARO (2012: 375).
8

popular” como aquela emergente das narrativas construídas pelos grupos populares –
notadamente das entrevistas orais –, mas não como produto exclusivo da vida privada.
Para tanto, produzimos 60 entrevistas orais com 58 pessoas diferentes.10 São histórias
de vida que lançam luz sobre a diversidade cultural e a desigualdade social que marcou a
trajetória da cidade. Não fizemos distinção entre “pioneiros” e moradores que se fixaram no
local em tempos recentes ou entre migrantes sulistas, sudestinos e nordestinos. Pelo contrário,
tentamos dialogar com o conjunto mais heterogêneo possível de habitantes, a fim de buscar as
“muitas memórias” e histórias (FENELON et al., 2004) de Toledo.
Como nosso intuito era buscar uma memória popular da cidade, evitamos realizar
entrevistas com aqueles sujeitos sócios das antigas colonizadoras ou ligados às grandes
corporações presentes em Toledo, como o Grupo BRF. Entendíamos que a voz deles já estava
registrada nos livros de história local, na imprensa e nas demais fontes utilizadas na pesquisa.
Como resultado, produzimos entrevistas que apresentavam trajetórias múltiplas, de
sujeitos aportados na cidade desde a década de 1940. Entre eles estão filhos de famílias de
migrantes sulistas, proprietários rurais ou comerciantes, mas também aqueles trabalhadores
pobres que migraram para atuar nos serviços de colonização. Também desenvolvemos
narrativas orais com filhos de famílias “paraguaias” e “caboclas”,11 que se mudaram para
Toledo ainda na década de 1940, a fim de trabalhar no setor madeireiro.
Outro enredo marcante nessas entrevistas foi o dos “nortistas”, trabalhadores vindos do
Sudeste e do Nordeste do Brasil. Eles eram presença marcante na zona rural de Toledo, tendo
fundado distritos – que hoje são municípios – e continuam presentes principalmente nas
periferias urbanas da cidade.
Matizaram também a pesquisa as narrativas de trabalhadores que deixaram o campo a
partir da década de 1970, na maioria das vezes – mas não exclusivamente – em função do
fechamento de postos de trabalho rurais, em decorrência da “modernização” do campo. Os
narradores, longe de se apresentarem como vítimas desse processo, revelam sua potência em se
reinventar como operários urbanos, bem como ressaltam seus papéis na construção dos novos
bairros fundados em Toledo, nesse período. Muitos desses lugares, inclusive, reproduziam
diversos elementos que compunham as comunidades rurais do município.
Nas narrativas orais produzidas na pesquisa, os conflitos no campo, a pobreza e até
mesmo a fome são temas presentes. Eles revelam como a realidade vivida pelos moradores de

10
A lista completa de entrevistas orais consta em: LANGARO (2012: 461-465).
11
É preciso frisar que, no entanto, muitas dessas populações tratadas como “paraguaias” ou “caboclas” eram
indígenas.
9

Toledo não foi nenhum idílio. A desigualdade social, assim como a diversidade étnico-racial e
as relações de gênero marcaram a formação do município e se traduziram, em diversos
momentos, em relações conflituosas, permeadas por preconceitos e lutas por espaços.
A potência dos grupos populares da cidade também foi impactante nas entrevistas. Por
meio delas descobrimos que, nos anos 1980 e 1990, não houve em Toledo tão somente a
construção de políticas públicas de diálogo entre o governo municipal, os bairros e os distritos.
Parte das políticas municipais, orientadas pela concepção de democracia participativa, foi
produto de movimentos sociais urbanos (LANGARO, 2014).
Esses movimentos, de maneira geral, reivindicavam infraestrutura urbana, redes de água
e de energia elétrica, transporte público, asfaltamento de vias urbanas, escolas, dentre outros
equipamentos urbanos. Foram organizados com base nas igrejas católicas, com o auxílio de
religiosos ligados à Teologia da Libertação. Depois foram criadas as associações de moradores
que, embora não tenham mantido as mobilizações ativas, existem até hoje. Conforme
constatamos, o poder público não concedeu dádivas aos moradores, mas reconheceu seus
direitos, após muita pressão e organização.
A pesquisa revelou, no entanto, outras experiências de urbanização, realizadas ainda na
vigência da ditadura civil-militar. Nesses locais não havia a carência apenas de infraestrutura
urbana, mas da própria titulação dos terrenos. Esse foi um processo marcado por uma “cultura
política” diferente daquela dos anos 1980, tendo sido pontilhada pelo personalismo e
clientelismo político (LANGARO, 2022).
Entretanto, como pudemos notar, as lutas por direitos não se limitaram aos anos 1980 e
princípios dos anos 1990. Elas se arrastam até o presente, não sem mudanças, evidentemente.
Muitas vezes essas lutas por direitos emanam não de movimentos sociais propriamente ditos,
mas de uma sociedade que se movimenta por meio de pessoas que se mobilizam – de forma até
mesmo silenciosa e quase invisível – na vida cotidiana.
Uma dessas movimentações dizia respeito à violência urbana de Toledo, tema que as
entrevistas orais deram conta. No período em que as narrativas foram realizadas, a violência
contra jovens estava muito alta na cidade e envolvia o narcotráfico na fronteira (Torres, 2015).
As narrativas, longe de apresentarem uma visão meramente fatalista da situação, mostram como
os moradores demandavam políticas públicas e sugeriam medidas para reverter tal quadro.
Foi nessa perspectiva que nos deparamos com entrevistas orais em que os narradores
revelam novas demandas sociais. Uma delas é pela completude da inclusão social dos
moradores da periferia da cidade. Uma das críticas que encontramos dizia respeito ao fato de
os jovens desses bairros ainda serem vistos como apenas aptos a servirem de mão-de-obra às
10

indústrias locais. Delineava-se, dessa forma, demandas para que eles também pudessem se
empregar nos escritórios e em funções menos ligadas a trabalhos manuais, mais qualificadas e
que os remunerassem melhor (GENESSI, 2010).
Outras demandas que se apresentavam eram pelo acesso às artes e aquilo que se
convencionou chamar de “cultura”. Nesse aspecto, se criticava os valores cobrados por
espetáculos e se via com bons olhos a instituição de um “vale cultura”, pelo governo federal.
Nesse aspecto, víamos entre os setores populares de Toledo o desejo de também ter um melhor
acesso à fruição cultural (DILACIR, 2010). Trata-se, visivelmente, de uma demanda mais
ampla por inclusão social, que não se limita às necessidades mais imediatas de sobrevivência.
Essa questão demonstra um amadurecimento da consciência desses trabalhadores quanto ao seu
“direito à cultura” (CHAUÍ, 2006), e um avanço com relação às décadas passadas, quando eles
ainda tinham que lutar por um mínimo de infraestrutura urbana.
As entrevistas orais, portanto, conformam um conjunto rico e fértil de memórias e
trajetórias de vida. Elas revelam não uma história única e linear da cidade, mas as muitas
memórias e histórias das pessoas que habitam a cidade. Nesse aspecto, a linearidade e os clichês
dão lugar a histórias vivas, que revelam uma urbe repleta de diversidade, desigualdade, lutas
por direitos, contradições e processos de consciência.

6. Lutas pelo direito à memória e escritas populares de história local

Uma das questões que salta aos olhos, ao consultarmos o acervo de história oral que
nossa pesquisa construiu, envolve as lutas pelo “direito à memória” (PAOLI, 1992).
Praticamente todos os narradores tentaram enquadrar suas trajetórias pessoais ou familiares no
enredo de “pioneirismo” que marca a história local. Alguns lembravam do “pioneirismo”
familiar em algum distrito municipal ou em outras cidades paranaenses, enquanto outros
reivindicavam-se como “pioneiros” de bairros. Entendemos esse movimento como decorrente
de uma concepção hegemônica de que história local é sinônimo de narrativas de “colonização”
e de “pioneirismo”. Em função disso, as pessoas não se conformavam em não fazer parte do rol
de cidadãos especiais do município e lutavam para se inserir nesse tipo de categorização.
Vale frisar que a hierarquização da cidadania promovida pela alcunha de “pioneiro” não
é meramente simbólica. Ela resulta no empoderamento desses indivíduos, que adquirem peso
maior que os demais cidadãos na hora de definir certas políticas públicas. Tal questão fica muito
perceptível em audiências públicas para tratar de determinadas obras de urbanização de Toledo
(REVITALIZAÇÃO DE..., 2005).
11

Entretanto, as disputas pela memória não se limitam à reivindicação do título de


“pioneiro” para si e para a família, pois a dinâmica dessas lutas vai muito além disso. Ao longo
da pesquisa, encontramos debates muito interessantes envolvendo a intersecção entre memórias
locais e lutas por direitos. Uma delas dizia respeito a um projeto da câmara de vereadores para
entregar ao Grupo Sadia (atual BRF) parte da avenida Senador Attílio Fontana, via pública que
cortava ao meio a planta industrial desse grupo. Os terrenos dessa indústria separam o centro
da cidade de bairros como os jardins Panorama e São Francisco. Por isso a importância de a
avenida cruzá-los ao meio. Com a sessão da via pública, a avenida deixaria de ser a principal
do Jardim Panorama, o que afetaria sobremaneira o comércio local.
Em entrevista com Gentil (2009), líder comunitário e representante do Jardim Panorama
na associação comercial, ele nos informou sobre como os comerciantes locais alegaram que a
avenida Senador Attílio Fontana não poderia mudar seu traçado, por ser patrimônio histórico e
cultural do município, muito embora ela não fosse tombada. Defendia-se que a avenida Maripá
e a rua São João – da qual o trecho entre o centro da cidade e o final do Jardim Panorama foi
renomeado como avenida Senador Attílio Fontana – foram as primeiras vias públicas a serem
abertas em Toledo. Nesse aspecto, percebemos que o passado “pioneiro” foi utilizado como
argumento para resguardar a localização privilegiada dos estabelecimentos dos
microempresários do Jardim Panorama.
Outros narradores fizeram críticas à história local, nas formas como ela era apresentada
nas “memórias públicas” do município. Orildo (2009) criticou o fato de muitas vezes ter sido
procurado por interessados na história local, em função de sua família ter se mudado para
Toledo ainda na década de 1940. Seu pai quebrava pedras na ferrovia de Santa Maria, no Rio
Grande do Sul, quando aceitou a oferta de emprego da Maripá. A família era devidamente
reconhecida como “pioneira” do município, onde existia, inclusive, uma escola em homenagem
ao progenitor de Orildo. Entretanto, o narrador se queixava que muitas pessoas o entrevistavam
não para compreenderem a agricultura e a vida no campo, onde residiu e trabalhou até se
aposentar, mas para obter informações sobre as ações empreendidas pelas empresas
colonizadoras. Nesse caso, suas queixas se voltavam a uma prática de pesquisa que usa
narradores apenas como fonte de informação sobre sujeitos e processos históricos alheios à sua
experiência social mais imediata, que, por fim, acaba por ser desvalorizada.
Amâncio (2009, 2010), por seu turno, criticou as disputas existentes no interior dos
enredos de “pioneirismo”, citando uma exposição realizada na “Casa da Cultura”, a qual visitou.
Ele elabora uma narrativa histórica alternativa sobre a fundação de Toledo. Em sua visão, um
amigo seu, “Mundo Novo”, apelido de Alcides Parahyba dos Santos, trabalhador gaúcho negro
12

à serviço da Maripá, era o “verdadeiro” fundador de Toledo. Atribui a ele características sobre-
humanas e o apresenta como um grande herói, que teria enfrentado a floresta, os animais
selvagens e desenvolvido o trabalho de desmatamento para abertura de estradas e patrimônios
completamente sozinho. Mundo Novo – um trabalhador braçal negro – certamente era alguém
bem mais próximo culturalmente de Amâncio – um trabalhador da construção civil nordestino,
nascido no Piauí – que os membros das famílias de pretensa origem europeia candidatos ao
título de fundadores do lugar e/ou postulantes a “heróis” da “colonização”.
Por fim, notamos essas disputas também no ato de redigir manuscritos de história local,
empreendido por lideranças comunitárias que entrevistamos. Tal prática revela, portanto, como
as memórias populares não estão circunscritas às narrativas orais. Gentil escreveu uma síntese
da história do Jardim Panorama, com dados e informações que julgava importantes sobre o
local. Ele guardava consigo esse documento, digitado e impresso, e nos forneceu para
reprodução (CORREA, 1999[?]).
Maria (2010) realizava algo semelhante. Sua família esteve à frente da associação de
moradores do Jardim América, da qual ela participou ativamente. Foi catequista e liderança
comunitária na Igreja Católica local, na comunidade Sagrado Coração de Jesus. Maria escreveu
um manuscrito contendo a história dessa comunidade, que confunde a trajetória do grupo
católico com a do bairro. O documento era redigido de forma manuscrita, em um livro de
registro de atas. Na folha de rosto, a autora colou uma imagem do Sagrado Coração de Jesus,
como forma de dar-lhe o aspecto de um livro impresso (CHAVES, 2003). Seu sonho, segundo
nos contou, era que alguém publicasse um livro didático com a história do bairro, para ser usado
na escola do Jardim América.
Conforme constatamos, as lutas pelo “direito à memória” dos trabalhadores e demais
integrantes dos grupos populares de Toledo não ficaram apenas no campo das reivindicações.
Empoderados, essas pessoas se sentiram no direito de – elas próprias – elaborarem novas
versões para o passado local e até mesmo redigirem sínteses históricas. Suas demandas não
paravam por aí, uma vez que esperavam a publicação de obras que dessem maior visibilidade
aos enredos locais, dos bairros.

7. Considerações finais

A pesquisa realizada revelou toda uma dinâmica em torno das inúmeras memórias e
histórias de Toledo. Longe desse dado apenas apresentar uma diversidade de lembranças, nos
deparamos com um intenso campo de disputas pelo passado da urbe. Esses conflitos, por sua
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vez, não estão limitados a um confronto entre “memórias públicas” e “memórias populares”,
embora eles também existam, como demonstrou o estudo relacional.
As memórias públicas também são clivadas pelo choque entre diferentes versões do
passado local e estão envoltas em disputas empreendidas até mesmo pelos grupos com maior
visibilidade em seus enredos. Essas versões são ainda confrontadas pela população local, a
quem as memórias públicas chegam de diferentes formas, pelos meios de comunicação, pelos
espaços da cidade ou mesmo pela leitura de livros de história local, inclusive os didáticos.
Embora os enredos do “pioneirismo” sejam hegemônicos no município e tema
privilegiado quando o assunto é história local – mesmo entre pessoas que não participaram da
“colonização” de Toledo –, os moradores questionam essas histórias. Mais que isso, eles
reivindicam seus direitos de figurar nas memórias e narrativas do passado do lugar e se dedicam
a elaborar outras versões sobre a trajetória do município.
Como pudemos perceber, a história local não é monolítica. Não existe uma memória
única para a cidade e sim muitas memórias, que redundam em muitas histórias diferentes.
Diversos agentes, nesse contexto, lutam para manter essas diferentes narrativas vivas no
cotidiano da cidade. Assim, embora há décadas se tente construir uma narrativa homogênea e
consensual para a cidade, estamos muito longe de ver isso acontecer. Tal dado não é negativo,
ao contrário, garante uma história mais plural para Toledo.
Nessas histórias, o ufanismo local, que trata Toledo como um lugar rico e desenvolvido,
pleno de qualidade de vida, disponível para toda a sua laboriosa população nem sempre é
questionado. Entretanto, sempre se indaga quem construiu a cidade nesses termos e como ela
deveria, de fato, colocar sua riqueza, qualidade de vida e demais benefícios à disposição de
todos. Tal aspecto revela que, embora seja hegemônica nesses enredos uma perspectiva
“heroicizante” da história local, ela não é imune a tendências mais críticas e reflexivas.

8. Referências

AMÂNCIO, pedreiro aposentado, morador do Jardim Porto Alegre de Toledo-PR. A entrevista


foi realizada em 24 de janeiro de 2009, quando ele possuía 79 anos de idade.
AMÂNCIO, pedreiro aposentado, morador do Jardim Porto Alegre de Toledo-PR. A entrevista
foi realizada em 07 de março de 2010, quando ele possuía 80 anos de idade. (Segunda entrevista
efetuada com a mesma pessoa).
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BEAL, Vitor. Tempo de Heróis. História de Toledo, oeste do Paraná: a parte esquecida que o
tempo não conseguiu apagar. Toledo: GFM Gráfica e Editora, 2009.
BELLO, Aldo. Sem título. 1999. 1 estrutura em homenagem à família Ruaro, em madeira e
metal, nas cores marrom e preto, que reproduz um tronco e um machado.
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BELLO, Aldo e BUCALÃO, Nelson B. Sem título. 1996. 1 estrutura em concreto e metal, nas
cores verde e marrom, que reproduz um casal com uma criança de colo, esculpida como
homenagem à “família pioneira”. 1 escultura.
CHAUÍ, Marilena. Cidadania cultural: o direito à cultura. São Paulo: Ed. Fundação Perseu
Abramo, 2006.
CHAVES, Maria. [H]istória da comunidade Sagrado Coração de Jesus: Fé e vida em
comunidade. Ano e mês 10-08-2003. Toledo/PR: Manuscrito, 2003.
CORREA, Gentil Bueno. Histórico do bairro. Toledo: Datiloscrito, 1999[?]. (Documento
contendo histórico do Bairro Panorama, de Toledo-PR).
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Sul Gráfica, 2002.
DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
DILACIR, autônoma, moradora do Jardim Pansera de Toledo-PR. A entrevista foi realizada em
09 de janeiro de 2010, quando ela possuía 46 anos de idade.
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Yara Aun. (orgs.). Muitas memórias, outras histórias. São Paulo: Olho d’Água, 2004.
GENESSI, dona de casa, moradora do Jardim Europa de Toledo-PR. A entrevista foi realizada
em 30 de janeiro de 2010, quando ela possuía 39 anos de idade.
GENTIL, aposentado e microempresário, morador do Jardim Panorama de Toledo-PR. A
entrevista foi realizada em 21 de janeiro de 2009, quando ele possuía 53 anos de idade.
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