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A construção do mito
Não é de hoje que a figura do bandeirante tem sido revista na história brasileira. Se
antes eram exaltados como heróis, agora estão situados em seus devidos lugares, como
homens que exploraram várias partes do país, principalmente em busca de ouro e na captura
de escravizados fugidos e indígenas. Entre os mais conhecidos estão Antônio Raposo
Tavares, Domingo Jorge Velho, Fernão Dias Pais, Jerônimo Leitão e Manuel Borba Gato –
este último teve a estátua em sua homenagem, na Zona Sul de São Paulo, incendiada ano
passado.
Para atender a estes ‘mecenas’ da época, são visões consideradas racistas, pois não
valoriza a importância de indígenas e negros, além de sexistas, porque as mulheres não são
visualizadas. Entre os bandeirantes homenageados logo de início, estão duas enormes
esculturas de Raposo Tavares e Fernão Dias, feitas pelo italiano Luigi Brizzolara. Elas foram
encomendadas pelo governo do Estado de São Paulo – em uma época em que se pensava
que estes nomes eram os grandes benfeitores do país – e confeccionadas em mármore
carrara. Tavares, por exemplo, é colocado com traços europeus, observando o horizonte em
referência ao seu papel de conquista ao território. Junto aos seus pés tem ramos de café,
símbolo da riqueza de São Paulo quando as obras foram feitas.
É importante dizer que em nenhum momento, quando se faz a visita ao museu, estes
nomes são colocados como heróis, como no século passado. Os educadores e curadores
que podem ser abordados no local situam seus reais papéis nesse contexto, inclusive
trazendo a visão crítica de suas atuações.