ÓPTICA APLICADA

Mário F. S. Ferreira

Universidade de Aveiro
Ano Lectivo de 2022/2023
 PROGRAMA DA DISCIPLINA
1. A NATUREZA DA LUZ
2. ÓPTICA GEOMÉTRICA – TEORIA MATRICIAL
3. INTERFERÊNCIA E INTERFEROMETRIA
4. DIFRACÇÃO
5. FIBRAS ÓPTICAS
6. LASERS
7. HOLOGRAFIA
8. ÓPTICA NÃO-LINEAR
Bibliografia fundamental

“Óptica – Incluindo 100 Problemas Resolvidos e 100 Problemas

Propostos”, Mário F. S. Ferreira, UA Editora (2022)
“Óptica e Fotónica”, Mário F. S. Ferreira, Lidel (2003)

Bibliografia Complementar

“Nonlinear Effects in Optical Fibers”, Mário F. S. Ferreira, John Wiley &

Sons (2011)
“Modern Optics”, R. D. Guenther, John Wiley & Sons (1990)
“Optics”, Hecht & Zajac, Addison-Wesley (1979)
“Coherent Optics”, W. Lauterborn, T. Kurz, M. Wiesenfeldt, Springer
(1995)
“Optics”, M. V. Klein e T. E. Furtak, John Wiley & Sons (1986)
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1. A NATUREZA DA LUZ
Euclides (300 a.C.)
Hero de Halexandria (Século I a.C.)
Cláudio Ptolomeu (100-170)
Alhazen (965-1039)
Galileu Galilei (1564-1642)
Willebrord Snell (1591-1626)
René Descartes (1596-1650)
Isaac Newton (1642-1727)
Christian Huygens (1629-1695)
Thomas Young (1773-1829)
Augustin Fresnel (1788-1827)
Jean Foucault (1791-1868)
James Clerk Maxwell (1831-1879)
Heinrich Hertz (1857-1894)
Albert Michelson (1852-1931)
Max Planck (1858-1947)
Albert Einstein (1879-1955)
Louis de Broglie (1892-1987)
2.TEORIA ELECTROMAGNÉTICA DA LUZ

A luz pode ser encarada como um fenómeno

electromagnético, sendo, por isso, descrita com base
nos mesmos princípios teóricos que governam todas
as formas de radiação electromagnética.

As frequências ópticas ocupam no espectro

electromagnético uma banda relativamente estreita,
que se estende desde o infravermelho até ao
ultravioleta.

A radiação electromagnética propaga-se na forma de

dois campos vectoriais ondulatórios mutuamente
acoplados: o campo eléctrico e o campo magnético.
 Equações de Maxwell

As características das ondas electromagnéticas

podem ser descritas a partir das famosas
equações de Maxwell, dadas por:
  (1)
D = 

 
B = 0 (2)

   
 E = − B (3)
t
    
 H = J + D (4)
t

E campo eléctrico,

D deslocamento eléctrico,

H campo magnético,


B indução magnética,

J vector densidade de corrente e

 densidade de carga.
O deslocamento eléctrico relaciona-se com o campo
eléctrico na forma:

  (5)
D = E
onde  é a permitividade ou constante dieléctrica do
meio.

O campo magnético relaciona-se com a indução

magnética na forma:
 
B = H (6)

onde  é a permeabilidade magnética.

No caso do vazio, as constantes  e  assumem os
valores:

−7 −1
 = 0 = 4 10 Hm (7)

10−9 −1
 = 0 = Fm
36 (8)

As Eq.s (1) e (2) correspondem às leis de Gauss para a

electricidade e para o magnetismo, respectivamente,
enquanto que a Eq. (3) corresponde à lei de Faraday e
a Eq. (4) corresponde à lei de Ampere, modificada por
Maxwell
Equação de Onda para o Campo
Electromagnético

No caso de um meio liberto de fontes, tem-se J = 0 e

 = 0. Aplicando o rotacional a ambos os membros da
Eq. (3), tem-se:
         
  (  E ) =    − B  = − (  B) (9)
 t  t
Usando a identidade:

       
  (  E ) = (  E ) −   E (10)

e atendendo às Eq.s (1) e (5) com  = 0, tem-se:

     
  (  E ) = −  E = − E
2 (11)
A Eq. (9) fica então

   
−  E = − (  B )
2
(12)
t

Utilizando as Eq.s (4) - (6), e passando tudo para o

membro esquerdo na Eq. (12), obtém-se:
  2 
 2 E −  2 E = 0 (13)
t
De um modo semelhante, pode-se obter a seguinte
equação para o campo indução magnética:

  2 
 2 B −  2 B = 0
t (14)
A velocidade de propagação da onda, v, relaciona-se
com o produto  na forma

1
v= (15)

A razão entre a velocidade da luz no vazio, c, e a
velocidade da luz num dado meio, v, define o índice de
refracção, n, desse meio:

c 
n= =
v  0 0 (16)
Ondas Electromagnéticas
As Eq.s (13) e (14) têm soluções na forma de ondas
planas harmónicas, dadas por:

 i ( t −k .r + )
E = Re E0e  (17)

B = ReB e 
  
i ( t − k r + ) (18)
0
 
onde E 0 e B 0 são vectores, representando a amplitude
das oscilações,  é a frequência angular, k é o vector
de onda e Re indica a parte real. Não escreveremos a
seguir, de modo explícito, o “Re”.
Considerando as Eq.s (1) (com  = 0), (5) e (17) tem-
se:
   
  E = −ik  E = 0 (19)
De modo semelhante, usando as Eq.s (2), e (18), tem-
se:
   
  B = −ik  B = 0 (20)
 
As Eq.s (19) e (20) mostram que os campos E e B são
perpendiculares à direcção de propagação, indicada
pelo vector de onda.

Assumindo os campos na forma indicada pelas Eq.s

(17) e (18), a Eq. (3) fica:
  
ik  E = iB (21)
 1   1  
B = (k  E ) = (k  E ) (22)
 vk
Pode escrever-se a Eq. (22) na forma:
 1 
B = ( sˆ  E ) (23)
v

onde ŝ = k / k


A Eq. (23) condensa três aspectos importantes das
B

ondas electromagnéticas:
 
i) B é perpendicular a E
 
ii) B está em fase com E

iii) as grandezas dos dois campos relacionam-se na

forma B = E/v.
 
B

Propagação de uma onda electromagnética

plana.
Densidade e Fluxo de Energia

A densidade de energia associada com os campos

eléctrico e magnético é dada, no vazio, por:

1   1  
U =  0 E  E + B  B (24)
2 0 

Como
  1    
B  B = 2 E  E =  0 0 E  E (25)
c
  2
U = 0E  E = 0 E (26)
A densidade do fluxo de energia na direcção de
propagação é definida pelo chamado vector de
Poynting:
 1    
S= ( E  B) = E  H (27)
0

No caso da propagação de ondas planas no vazio,

tem-se
   
E = E0 cos   = t − k 0  r +  (28)

  1  
B = B0 cos = (k0  E0 ) cos (29)
ck0
Deste modo, o vector de Poynting é dado por:

 1  1    2
S= E0  (k 0  E 0 ) cos  =  0 c E 0 sˆ cos 2 
2
(30)
0 ck 0

Devido à rápida variação dos campos eléctrico e

magnético, a grandeza do vector de Poynting varia
também rapidamente com o tempo.

A média temporal da grandeza do vector de Poynting

é dada por:

  0c  2 (31)
I S = E0
2
 A grandeza I é conhecida por densidade de fluxo
radiante (W/m2) e corresponde à emitância ou à
irradiância, consoante esse fluxo se afasta ou incide,
respectivamente, numa dada superfície.

Para uma onda no vazio, a densidade de energia vem

dada a partir da Eq. (26) na forma:
 2
U =  0 E0 cos 2 
(32)
e apresenta uma média temporal

0  2
U = E0 (33)
2
que se relaciona com a densidade de fluxo I na forma:

I =cU (34)