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Governo do Estado de Santa Catarina

Secretaria de Estado da Saúde


Superintendência de Vigilância em Saúde
Diretoria de Vigilância Epidemiológica
Gerência de Doenças Infecciosas Agudas e Imunização

APOSTILA DO
CURSO DE AÇÕES
BÁSICAS EM
IMUNIZAÇÃO

Santa Catarina
1ª edição - 2022
IMPORTANTE

Este material deve ser utilizado exclusivamente para fins educacionais, como base do Curso de Ações Básicas em
Imunização. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, bem como a
impressão para outros fins, sem a permissão prévia da Gerência de Doenças Infecciosas Agudas e Imunização (GEDIM), da
Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE), vinculada à Superintendência de Vigilância em Saúde (SUV), da Secretaria
de Estado da Saúde de Santa Catarina.
Governo do Estado de Santa Catarina
Secretaria de Estado da Saúde
Superintendência de Vigilância em Saúde
Diretoria de Vigilância Epidemiológica
Gerência de Doenças Infecciosas Agudas e Imunização

APOSTILA DO CURSO
DE AÇÕES BÁSICAS EM
IMUNIZAÇÃO

Florianópolis - SC
1ª edição - 2022

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EXPEDIENTE

Governador do Estado de Santa Catarina


Carlos Moisés da Silva
Vice-governadora do Estado de Santa Catarina
Daniela Cristina Reinehr
Secretário de Estado da Saúde (SES)
Aldo Baptista Neto
Superintendente de Vigilância em Saúde (SUV)
Eduardo Marques Macário
Diretor de Vigilância Epidemiológica (DIVE)
João Augusto Brancher Fuck
Gerente de Doenças Infecciosas Agudas e Imunização (GEDIM)
Arieli Schiessl Fialho

Apostila do Curso de Ações Básicas em Imunização


Revisão e atualização (2022):
GEDIM/DIVE/SC
Arieli Schiessl Fialho
Chaiane Natividade de Souza Gonçalves
Jessika Angela Freitas de Oliviera
Josiane Vieira
Josiane Verdi Schaade
Daniela Aparecida Marques

Produção:
Núcleo de Comunicação DIVE/SC
Supervisão: Patrícia Pozzo
Revisão: Amanda Mariano
Diagramação: Alex Martins
Ilustração: Any Kayuri Okasawara

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO................................................................................................................................................................................6

MÓDULO I: Boas-vindas à capacitação................................................................................................................................7


Unidade 1: Apresentação da capacitação.......................................................................................................................................................................7

MÓDULO II: Vigilância Epidemiológica...............................................................................................................................9


Unidade 1: Importância da Vigilância Epidemiológica.............................................................................................................................................9

MÓDULO III: Sistema imunológico.......................................................................................................................................19


Unidade 1: Sistema imunológico........................................................................................................................................................................................19

MÓDULO IV: Calendário básico de vacina......................................................................................................................36


Unidade 1: Vacinar para romper a cadeia epidemiológica das doenças..................................................................................................36
Unidade 2: Contraindicações e falsas contraindicações.....................................................................................................................................85
Unidade 3: Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI).......................................................................87
Unidade 4: Erros de imunização.......................................................................................................................................................................................89

MÓDULO V: Rede de Frio............................................................................................................................................................90


Unidade 1: A conservação de vacinas na sala de vacinação...........................................................................................................................90
Unidade 2: Sistema de refrigeração..............................................................................................................................................................................102

MÓDULO VI: Organização, limpeza e resíduo da sala..........................................................................................108


Unidade 1: Preparando o ambiente...............................................................................................................................................................................108
Unidade 2: Procedimento de limpeza na sala de vacinação............................................................................................................................111
Unidade 3: Cuidados com o lixo da sala de vacinação.........................................................................................................................................112

MÓDULO VII: Administração de imunobiológico........................................................................................................116


Unidade 1: Administração de imunobiológicos - técnicas de preparo, vias e locais de administração................................116
Unidade 2: Vacinas....................................................................................................................................................................................................................118
Unidade 3: Vias e locais de aplicação das vacinas injetáveis.............................................................................................................................119

MÓDULO VIII: Supervisão, cobertura vacinal, sistema de informação...................................................126


Unidade 1: Supervisão............................................................................................................................................................................................................126
Unidade 2: Cobertura vacinal............................................................................................................................................................................................127
Unidade 3: Sistema de informação................................................................................................................................................................................130

ANEXO: Portaria nº1.332, de 08 de dezembro de 2022.......................................................................................132

BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................................................137

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APRESENTAÇÃO

Essa apostila é produto do trabalho da revisão e da atualização de normas e rotinas em vacinação.


Foi elaborada com o intuito de ampliar o número de profissionais com conhecimento no processo de
imunização no estado de Santa Catarina.

Desde a implantação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) houve a introdução de diversas vacinas
no calendário de vacinação de rotina e, atualmente, o programa disponibiliza mais de 20 vacinas nas
Unidades Básicas de Saúde (UBS). As novas introduções de vacinas, bem como as ampliações das faixas
etárias para alguns imunobiológicos, resultam em desafios para os profissionais de saúde. Um destes
desafios é manter-se atualizado perante o calendário vacinal para que tenha o conhecimento necessário
para manter as coberturas vacinais elevadas, conforme preconizado, a fim de evitar o aparecimento e/
ou ressurgimento de doenças imunopreveníveis.

Manter os níveis adequados das coberturas vacinais não é responsabilidade somente do vacinador. É um
trabalho em conjunto que envolve todos os profissionais de saúde e a população. Desta maneira, é dever
de todos os profissionais de saúde indicar, estimular e encaminhar o indivíduo até a sala de vacina para
verificar o esquema vacinal preconizado pelo PNI.

Reforçamos que, o ato de vacinar a população, protegendo-a de diversas doenças e agravos, vai além da
prática de aplicação de um imunobiológico, sendo este intramuscular, intradérmico, subcutâneo ou oral
e envolve diversos fatores, como: conhecimento do calendário vacinal, idade ideal para as aplicações
de vacinas, intervalo entre as doses, compreensão sobre quais vacinas podem ser utilizadas no mesmo
período, registro e aprazamento das próximas doses e monitoramento da cadeia de frio.

Esperamos que todos os profissionais de saúde possam durante a capacitação:

• refletir sobre o processo de vacinação e seus objetivos;

• ampliar os conhecimentos sobre vacinação;

• identificar mecanismos que poderão favorecer o trabalho de vacinação, obtendo assim coberturas
vacinais elevadas e homogêneas e a redução ou a erradicação de doenças imunopreveníveis;

• sentir-se corresponsável em manter e/ou buscar elevadas coberturas vacinais no município de


atuação.

Bons estudos!

Coordenação Estadual de Imunização/SC/2022.

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MÓDULO I
BOAS-VINDAS À CAPACITAÇÃO

Unidade 1: Apresentação da capacitação


As ações de vacinação constituem-se em procedimentos de melhor custo/benefício no setor da Saúde
Pública. A vacina é o único meio para interromper a cadeia de transmissão de algumas doenças
imunopreveníveis, porém, só se torna possível se as coberturas alcançarem valores preconizados e de
forma homogênea para todos os grupos da população.

Para viabilizar esse processo, contamos com profissionais como você, que fazem a diferença no
atendimento à população catarinense.

Você sabia que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi criado em 1973 e o primeiro calendário
básico de vacinação contava apenas com quatro vacinas? Pois é, hoje temos disponíveis mais de 20 tipos
de vacinas que protegem contra mais de 25 doenças. No decorrer desta capacitação, vamos conhecer
cada uma dessas vacinas.

Outro fato importante para o PNI foi ter-se mantido na agenda de prioridades do Ministério da Saúde
(MS). O orçamento do Ministério para a aquisição de vacinas vem crescendo continuadamente e isso
possibilitou a ampliação do calendário nacional de vacinação. Relacionamos abaixo as introduções/
ampliações mais recentes:

• 1973: instituição do Programa Nacional de Imunizações (PNI);

• 1977: instituição do primeiro calendário básico de imunização - BCG, VOP, DTP e sarampo;

• 1994: implantação da vacina contra hepatite B na região Oeste e Meio Oeste para crianças até 14 anos,
sendo posteriormente ampliada para todo o Estado, alcançando outros grupos etários de forma
gradativa. A vacina encontra-se disponível atualmente para indivíduos de até 49 anos e para grupos
de risco para a doença, independentemente da faixa etária;

• 1998: introdução da vacina dupla adulto (toxóide tetânico e diftérico) em substituição à vacina contra
o tétano;

• 1999: introdução da vacina contra o Haemophilus influenzae b (Hib) para menores de dois anos de
idade; realização das campanhas nacionais de vacinação contra a gripe, inicialmente para pessoas a
partir de 65 anos, ampliadas progressivamente para outros grupos a partir de 2010;

• 2002: introdução da vacina tetravalente (DTP + Hib) no calendário básico para menores de um ano;

• 2003: substituição da vacina contra o sarampo (nove meses) pela vacina tríplice viral (sarampo,
caxumba e rubéola) aos 12 meses;

• 2006: introdução da vacina oral contra o Rotavírus humano (VORH);

• 2008: Campanha Nacional de Vacinação para a eliminação da rubéola para homens e mulheres na
faixa etária de 20 a 39 anos;

• 2010: introdução das vacinas pneumocócica 10-valente e meningocócica C (conjugada) para menores
de dois anos;

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• 2012: introdução da vacina pentavalente (DTP+Hib+HB) para crianças com menos de sete anos e da
vacina contra a poliomielite inativada (VIP), em substituição às duas primeiras doses da vacina oral
(VOP);

• 2013: implantação da tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola, varicela), em substituição à segunda


dose da vacina tríplice viral aos 15 meses;

• 2014: introdução das vacinas contra hepatite A (um ano), HPV (para adolescentes de 11 a 13 anos) e
dTpa (tríplice acelular bacteriana) para gestantes e profissionais de saúde;

• 2015: ampliação da faixa etária para a vacina contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos e até 26 anos
para mulheres convivendo com HIV/Aids;

• 2016: introdução da terceira dose de VIP no esquema básico;

• 2017: introdução da vacina HPV para meninos de 11 a 14 anos e para pessoas até 26 anos vivendo
com HIV/Aids, imunodeprimidos por câncer e transplantados de órgãos sólidos e medula óssea;
ampliação da vacina contra a meningite C para adolescentes de 12 a 13 anos; e da segunda dose da
vacina tríplice viral para pessoas até 29 anos; febre amarela para crianças com nove meses de idade
em todo país; e meningocócica C (conjugada) para adolescentes de 11 a 14 anos;

• 2019: introdução da vacina dTpa para todos os profissionais de saúde;

• 2020: ampliação da faixa etária para a vacina tríplice viral (uma dose para adultos de 30 a 59 anos
de idade); introdução do reforço da vacina febre amarela aos quatro anos de idade e introdução da
vacina ACWY para adolescentes de 11 e 12 anos de idade;

• 2021: Campanha Nacional contra a Covid-19;

• 2022: ampliação da vacina HPV para meninos de 9 a 14 anos.

As dificuldades encontradas e a superação de problemas que ainda existem não devem servir de
obstáculos. Os desafios são contínuos e permanentes, mas nosso objetivo é continuar trabalhando com
compromisso, disponibilidade e abertura para aprender.

“Aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende."
Leonado da Vinci

BOM TREINAMENTO A TODOS!

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MÓDULO II
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Unidade 1: Importância da Vigilância Epidemiológica


A Vigilância Epidemiológica (VE) é definida pela Lei n° 8.080/90 como “um conjunto de ações que
proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes
e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas
de prevenção e controle das doenças ou agravos”. Tem por objetivo promover a detecção e prevenção de
doenças e agravos transmissíveis à saúde e seus fatores de risco, bem como a elaboração de estudos e
normas para as ações de vigilância epidemiológica.

Agravo: qualquer dano à integridade física ou mental do indivíduo, provocado por circunstâncias
nocivas, tais como acidentes, intoxicações por substâncias químicas, abuso de drogas ou lesões
decorrentes de violências interpessoais, como agressões e maus tratos, e lesão autoprovocada.

Doença: enfermidade ou estado clínico, independente de origem ou fonte, que represente ou possa
representar um dano significativo para os seres humanos.

As doenças, agravos e eventos de saúde pública no território nacional são notificados às autoridades em
saúde, esse processo é chamado de notificação compulsória. A notificação compulsória é normatizada
pela Portaria nº 204, 17 de fevereiro de 2016.

A notificação compulsória é uma comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos


médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados,
sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, agravo ou evento de saúde pública, podendo
ser imediata (24 horas) ou semanal (em 7 dias) ou negativa (zero notificações na semana).

A tomada de decisão em tempo oportuno é primordial para a saúde da população e, por isso, a realização
da notificação compulsória dentro dos prazos estipulados é de extrema importância para que as ações
de controle sejam tomadas o mais rápido possível, visando o restabelecimento da saúde da população.

Com base nas notificações compulsórias os órgãos competentes geram os dados da situação
epidemiológica local e com esses dados traçam ações de saúde pública visando a promoção, a prevenção
e o controle de ações para a comunidade, município, estado e país.

No estado de Santa Catarina, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) está vinculada à


Superintendência de Vigilância em Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina. A DIVE
tem como missão o desenvolvimento de ações para a promoção da saúde na prevenção e controle de
doenças e agravos, contribuindo na melhoria das condições de saúde da população catarinense.

Dentre as competências da VE no estado está a de gerir e apoiar a operacionalização do Programa Nacional


de Imunizações, contribuindo para o controle, eliminação e/ou erradicação de doenças imunopreveníveis,
utilizando estratégias básicas de vacinação de rotina e de campanhas anuais desenvolvidas de forma
hierarquizada e descentralizada.Todas as ações da VE necessitam da integração da Atenção Primária de
Saúde, visando troca de informações e efetividade nas ações propostas.

A vacinação configura-se como ação passiva, com as demandas espontâneas das salas de vacinas, e
como ação ativa, que consiste na busca de pessoas não vacinadas.

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TEXTO 1 - RELAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS1
As plantas e os animais se distinguem entre si. As plantas são capazes de sobreviver usando material do
solo e a energia do sol para produzirem todas as substâncias que necessitam, ou seja, não precisam se
alimentar de outros seres vivos. Por isso, são chamadas de produtores e constituem a base das cadeias
alimentares.

A reprodução e a dispersão das espécies dependem igualmente de relações mútuas com o meio
ambiente. As plantas precisam de insetos para a sua fecundação; os pássaros, que se alimentam de
frutas, espalham suas sementes; as fezes de herbívoros (animais que comem capim) servem de adubo
ao pasto. Nenhum ser vivo é capaz de sobreviver e se reproduzir independentemente dos outros ou
ignorando as condições do ambiente.

Nesse coexistir, os seres estabelecem vários tipos de relação. O tipo de relação que nos interessa
sobremaneira é o parasitismo. A relação entre o hospedeiro e o parasita é o resultado de uma longa
adaptação. O hospedeiro deve viver um tempo suficiente para que o parasita complete o seu ciclo reprodutivo.
O parasita que mata rapidamente seu hospedeiro corre o risco de morrer antes de se reproduzir.

Causar doenças graves também cria alguns problemas ao parasita (agente infeccioso), porque as lesões
graves, em geral, provocam uma forte reação de defesa do hospedeiro, que pode levar à eliminação do
organismo infectante. O parasita melhor sucedido é, então, aquele que consegue tudo o que necessita
para sobreviver, causando um mínimo de injúria ao hospedeiro.

Outras formas de relacionamento entre seres vivos são o comensalismo, a simbiose e a predação. Na
simbiose, o benefício é mútuo e há vantagens para os dois seres que se relacionam. As bactérias do
tubo digestivo do homem são um exemplo deste tipo de associação, pois se alimentam de substâncias
ingeridas pelo homem, facilitando o processo de digestão. O comensalismo é uma relação em que as
vantagens são para um dos seres sem que o outro seja prejudicado. A predação caracteriza-se quando
um animal de maior porte se alimenta de outro. Exemplo: gatos e ratos ou onças e pacas.

Como as doenças transmissíveis são causadas por seres vivos, elas são exemplos de relação entre
estes seres. Assim como os homens se relacionam entre si de diversas maneiras, pacificamente ou não,
harmonicamente ou não (em uma relação de cooperação ou de exploração), os animais também se
adaptam ao meio ambiente e convivem com outras espécies, para atender às suas necessidades básicas
de alimentação e de reprodução.

Os agentes de doenças infecciosas como parasitas


Uma doença transmissível ou infecciosa é aquela que pode ser levada de uma pessoa ou de um animal a
outra pessoa ou animal. Todas as doenças infecciosas são causadas, obrigatoriamente, por seres vivos,
denominados agentes infecciosos. Estes organismos vivos pertencem a diversos grupos: bactérias, vírus,
fungos, vermes etc.

As bactérias, os vírus, os fungos e outros microrganismos estão em todas as partes: sobre a roupa,
sobre a pele humana, no intestino, nas plantas, na água, no solo; não há um só lugar onde eles não
estejam presentes. Felizmente, a grande maioria desses microrganismos é inofensiva, e, às vezes, útil. O
homem faz uso dessas espécies não só para se manter vivo como para se proteger. São exemplos: (i) a
produção de cerveja, de coalhada, de pão, de sabão, que utiliza a capacidade de fermentação de alguns
microrganismos; (ii) alguns antibióticos, que combatem as bactérias de algumas doenças infecciosas,
são produzidos a partir de substâncias extraídas de fungos.

1. Adaptado do Manual do Treinando. Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação. Ministério da Saúde, p. 36 a 38, 2001.

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Somente algumas (entre as milhares de espécies de bactérias, fungos e protozoários) são patogênicas,
ou seja, poucas provocam sérias infecções. Portanto, somente algumas espécies são parasitas e podem
prejudicar o ser humano por meio de diferentes mecanismos de ação. Veja o exemplo:

• Ação tóxica: quando a espécie produz substâncias que prejudicam os tecidos do hospedeiro (bactérias
do tétano e da difteria);

• Ação espoliativa: quando a espécie absorve elementos nutritivos e até mesmo o sangue do hospedeiro
(o ancilóstomo, por ex., que produz anemia ao sugar o sangue da parede do intestino);

• Ação inflamatória local: quando a espécie produz irritação no local parasitado ou lesiona diretamente
tecidos em que se alojam (amebas e lombrigas no intestino).

Não há uma separação total entre os microrganismos maléficos ao homem e os que lhe são inofensivos.
Muitas das bactérias que vivem normalmente no intestino humano, em uma situação de comensalismo,
podem provocar uma infecção bastante prejudicial se chegarem a atingir as vias urinárias. Em outras
circunstâncias, as amebas tipo coli, que são geralmente inofensivas vivendo no intestino, podem causar
doença em pessoas debilitadas e sem resistência.

Existem inúmeros microrganismos patogênicos que habitam normalmente a boca, a faringe e o tubo
digestivo. Porém, muitos desses microrganismos não chegam a prejudicar o organismo humano porque
a quantidade é pequena e também porque existem formas de defesa e de barreiras que protegem o
corpo contra uma possível agressão.

Os agentes infecciosos no meio ambiente


As doenças transmitem-se pela passagem dos agentes infecciosos do corpo de uma pessoa para outra,
de um animal para outro animal ou para outras pessoas. Estes são os elementos básicos da cadeia de
transmissão das doenças infecciosas: (i) indivíduo doente; (ii) indivíduo são; (iii) agente infeccioso e (iv)
ambiente. Eles são determinados, influenciados e ativados por fatores geográficos, ecológicos e sociais.

VIAS DE ELIMINAÇÃO
Os agentes infecciosos, após penetrarem no hospedeiro, instalam-se nos tecidos, cavidades ou órgãos
que possam melhor beneficiá-los. Eles se multiplicam e depois saem ou eliminam formas infectantes
(larvas, ovos e cistos). Para isso, utilizam-se das seguintes portas de saída ou vias de eliminação:

a) Boca – via digestiva: os agentes infecciosos saem com as fezes, pela via digestiva, através do ânus.
Estes são normalmente aqueles agentes que penetram por via oral (boca), localizando-se, geralmente,
na faringe e órgãos do aparelho digestivo (principalmente nos intestinos). Como, por exemplo: o vírus
da hepatite A e as bactérias causadoras de diarreias (Entamoeba coli, Salmonella, Shigella), febre
amarela, febre tifoide, cólera, toxoplasmose, cisticerco de Taenia sp., ovos de S. mansoni, A. lumbricoides,
Enterobius (oxiúros) e Trichuris, cistos de amebas e giárdias e larvas de Strongyloides. São eliminados
pela saliva, entre outros, os vírus (herpes, raiva, poliomielite) e bactérias (difteria).

b) Nariz e boca – via respiratória: os agentes infecciosos são expelidos por intermédio de gotículas
produzidas pelo mecanismo da tosse, do espirro, de escarros, secreções nasais e expectoração.
Geralmente, os agentes infectam os pulmões e a parte superior das vias respiratórias. Temos como
exemplos as seguintes doenças transmissíveis: sarampo, caxumba, rubéola, catapora, meningite,
pneumonia e tuberculose. Muitas vezes, os agentes que se utilizam das vias respiratórias vão para
outros locais, causando diferentes manifestações clínicas. É o caso do Streptococcus pneumoniae,
causador da pneumonia, que também pode provocar sinusite e otite.

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c) Pele e mucosa – via transcutânea: normalmente a pele descama-se como resultado da ação do
meio ambiente em função das atividades físicas, como nos exercícios, e no ato de vestir-se e despir-
se. Os agentes infecciosos eliminados pela pele são os que se encontravam alojados nela e que
geralmente são transmitidos por contato direto e não pela liberação no meio ambiente. Através da
pele, ocorre a saída de vírus (herpes, varicela, verrugas) e bactérias, como as que causam furúnculos,
carbúnculos, sífilis e impetigo. Também utilizam a pele como porta de saída: leishmanias responsáveis
por úlceras e o Sarcoptes scabiei, responsável pela sarna.

d) Vagina e uretra – via urogenital: os agentes infecciosos são geralmente eliminados por via vaginal
e uretral – durante a relação sexual ou contato com líquidos corpóreos contaminados: pelo sêmen
(HIV, herpes, sífilis, gonorreia e Trichomonas vaginalis), pelas mucosas (fungos) ou urina (febre tifoide
e febres hemorrágicas; a leptospirose, transmitida pela urina de ratos e cães infectados).

e) Eliminação pelo leite: como o leite é produzido por uma glândula da pele, podemos aqui considerar os
microrganismos eliminados por meio dele. O leite humano raramente elimina agentes infecciosos, mas
isto pode vir a acontecer com os seguintes (entre outros) agentes: vírus da caxumba, da hepatite B, HIV
e o HTLV-1. Com o leite de cabra e de vaca a eliminação é mais frequente, principalmente nos casos de
brucelose, tuberculose, mononucleose, Staphylococcus-sp., e outros agentes capazes de causar diarreia
no homem.

f) Eliminação pelo sangue: existem muitos agentes infecciosos que têm preferência por viver no
sangue e, desta maneira, acabam sendo expelidos quando ocorre um sangramento (acidentes e/ou
ferimentos) ou até mesmo na realização de punção com agulhas de injeção, transfusões ou ainda
picadas de vetores (insetos). Ressalta-se que, ao picarem o homem para se alimentar, os mosquitos
adquirem adicionalmente muitos agentes infecciosos que serão posteriormente levados para outros
indivíduos quando voltarem a se nutrir.

VIAS DE PENETRAÇÃO
As portas de entrada de um hospedeiro são os locais do corpo por onde os agentes infecciosos penetram.
As principais vias são:

a) Boca – via digestiva: os agentes infecciosos penetram na boca através de alimentos, da água ou
pelo contato das mãos e objetos contaminados levados diretamente à boca. Isso acontece com os
ovos de alguns vermes (lombriga), cistos de protozoários (amebas, giárdias), bactérias (cólera), vírus
(hepatite A, poliomielite) e fungos.

b) Nariz e boca – via respiratória: os agentes são inalados com o ar, penetrando no corpo através do
nariz e/ou boca, pelo processo respiratório. Como exemplo: vírus da gripe, do sarampo e da catapora;
bactérias responsáveis pela meningite, tuberculose e difteria (crupe).

c) Pele e mucosa – via transcutânea: geralmente, os agentes infecciosos penetram na pele ou na


mucosa dos hospedeiros por meio de feridas, picadas de insetos, arranhões e queimaduras, raramente
em pele íntegra. Como exemplo: dengue, doença de Chagas e malária.

d) Vagina e uretra – via urogenital: os agentes infecciosos penetram nos hospedeiros pelos órgãos
genitais, por meio de secreções e do sêmen, nos contatos e relações sexuais.

12
TRANSMISSÃO
Os elementos básicos da cadeia de transmissão das infecções parasitárias são: o hospedeiro, o agente
infeccioso e o meio ambiente. No entanto, em muitos casos temos a presença de vetores. Isto é, insetos
que transportam os agentes infecciosos de um hospedeiro parasitado a outro até então sadio (não
infectado). É o caso da febre amarela, da leishmaniose e outras doenças. Para cada infecção parasitária
existe uma cadeia de transmissão própria. Por exemplo, o Ascaris lumbricoides tem como hospedeiro
somente o homem, mas precisa passar pelo meio ambiente, em condições ideais de temperatura,
umidade e oxigênio, para evoluir até encontrar um novo hospedeiro.

a) Transmissão direta de pessoa a pessoa: é a transmissão causada por agentes infecciosos que
saem do corpo de um hospedeiro parasitado (homem ou animal) e passam rapidamente para outro
hospedeiro são ou para si mesmo (caso em que recebe o nome de autoinfecção). Nesse modo de
transmissão, os agentes infecciosos são eliminados dos seus hospedeiros já prontos, desenvolvidos
ou com capacidade de infectar outros hospedeiros. As vias de transmissão direta de pessoa para
pessoa podem ser entre outras, fecal-oral, gotículas, respiratória e sexual. Na transmissão fecal-oral,
o agente infeccioso é transmitido por meio da ingestão de alimento ou água contaminados com fezes
de uma pessoa doente.

b) Transmissão indireta com presença de hospedeiros intermediários ou vetores: ocorre quando o


agente infeccioso passa por outro hospedeiro (intermediário) antes de alcançar o novo hospedeiro
(definitivo), caso da esquistossomose e da teníase (solitária). A ingestão de carne bovina ou suína
crua ou mal cozida, contendo as larvas da tênia, faz com que o indivíduo venha a ter solitária, a qual,
ressalte-se, não é passada diretamente de pessoa para pessoa. A forma indireta também ocorre
quando o agente infeccioso é transportado por meio da picada de um vetor (inseto) e levado até o
novo hospedeiro, caso da malária, filariose (elefantíase) e leishmaniose.

c) Transmissão indireta com presença do meio ambiente: Nesse tipo de transmissão, o agente
infeccioso já possui uma forma resistente que o habilita a manter-se vivo por um tempo no ambiente
quando deixa o hospedeiro. Contamina, assim: o ar, a água, o solo, os alimentos e os objetos, a espera
de um novo vetor. Os cistos são formas resistentes não visíveis a olho nu. Como não percebemos,
podem estar em qualquer lugar – daí a importância de sempre mantermos a correta higiene das
mãos e de realizarmos a adequada limpeza de nossas casas. Os vetores mecânicos como as moscas,
baratas e outros insetos podem transportar os agentes (cistos, ovos, bactérias) de um lugar para o
outro, contaminando os alimentos e o ambiente. Por isso, devemos proteger os alimentos, mantendo-
os sempre cobertos e bem embalados e lavar muito bem as frutas e alimentos ingeridos crus, antes
de consumi-los.

d) Transmissão vertical: também conhecida como materno-infantil, é a transmissão de doenças de


uma geração para seus descendentes, podendo ser transmitidas quando se encontram no período de
gestação, no nascimento e/ou mesmo nos primeiros anos de vida por intermédio do leite materno.
Doenças como a rubéola, as hepatites B e C, a sífilis congênita, a Aids e a toxoplasmose possuem
esse tipo de transmissão. A transmissão vertical é a principal forma de infecção em crianças pelo
HIV. Sendo responsável, por exemplo, no Brasil por mais de 80% do total de casos em menores de
13 anos entre 1983 e 1999; e por mais de 90%, se considerarmos apenas o período de 1998 a agosto
de 1999. Os casos de transmissão vertical correspondem a 2,7% do total geral de casos notificados
até agosto de 1999.

13
CONTAMINAÇÃO
Fala-se que um meio (água, ar, solo) está contaminado ou poluído quando suas características estão
alteradas e os fatores que podem ser mensurados apresentam valores superiores ou inferiores
aos habituais. Por esta razão, considera-se que um lago está contaminado quando nele tenha sido
derramado um tóxico, mas também se o oxigênio escassear em suas águas ou se a sua temperatura
estiver anormalmente alta, por causas não naturais. São considerados contaminadores todos os fatores
do meio que representem algum perigo para os seres vivos. Os contaminadores podem ser de origem
natural (gases expelidos por um vulcão), mas a maioria deles é produzida pela atividade humana, motivo
pelo qual são chamados antropogênicos.

Podem-se distinguir vários tipos de contaminadores:

a) Físicos: o calor, o ruído ou as radiações;

b) Químicos: os pesticidas, o petróleo e os metais pesados;

c) Biológicos: micróbios causadores de doenças (patogênicos).

Alguns produtos da atividade humana podem ser decompostos por serem biodegradáveis, como
restos de alimentos ou papel. Se a quantidade de matéria despejada ou abandonada for superior a
que os decompositores podem transformar, ela irá acumular-se e produzirá contaminação. A matéria
nos ecossistemas passa dos organismos produtores (plantas verdes) para os consumidores (animais e
fungos). Os restos de todos eles são transformados pelos organismos decompositores em moléculas
simples, que são novamente utilizadas pelas plantas, na fotossíntese, para elaborar a matéria orgânica.
Determinados materiais fabricados pelo homem não podem ser alterados pela ação dos organismos
decompositores, razão pela qual se diz que eles não são biodegradáveis. Esses materiais se acumulam
no meio ambiente e oferecem um grave perigo para a sobrevivência dos seres vivos.

TEXTO 2 - DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS E AGENTES CAUSADORES2

O enfoque epidemiológico

Epidemiologia: É o estudo da frequência e distribuição dos eventos de saúde e dos seus


determinantes nas populações humanas e a aplicação deste estudo na prevenção e controle dos
problemas de saúde.

No passado, as doenças transmissíveis constituíam a principal causa de morte no mundo. Alguns efeitos
da industrialização, tais como as melhorias da nutrição, moradia, saneamento, água potável e drenagem,
bem como o desenvolvimento dos antibióticos, vacinas e o estabelecimento de sistemas de vigilância
epidemiológica, permitiram o controle relativo dessas doenças. Isso, com a menor mortalidade infantil e
a promoção da saúde, nos levou a um aumento da expectativa de vida.

Atualmente, as causas mais importantes de morte são as doenças cardiovasculares e as neoplasias


malignas, enquanto as doenças transmissíveis, como a pneumonia ou influenza, são responsáveis por
uma reduzida proporção de óbitos.

2. Adaptado do Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades (MOPECE),


Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), p. 11 a 14, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/modulo_principios_
epidemiologia_2.pdf

14
Essas mudanças de perfil tiveram efeitos sobre a forma de resposta dos serviços de saúde. O termo
“epidemia” aplica-se agora a uma frequência pouco comum de qualquer doença à saúde ou dano,
transmissível ou não.

A caracterização epidemiológica das doenças permite conhecer sua natureza e comportamento e decidir
o tipo de resposta necessária para o seu controle. [...] as doenças transmissíveis costumam ser agudas e
as não transmissíveis costumam ser crônicas.

Na perspectiva ampla do modelo de determinantes da saúde, reconhece-se a natureza multicausal


das doenças. Ao fazer referência em nível individual, fica claro que as doenças transmissíveis têm um
agente etiológico infeccioso ou biológico e, as não transmissíveis, um agente não biológico. No entanto,
longe de constituir uma fronteira definida, diversos estudos epidemiológicos e laboratoriais apresentam
sugestiva evidência sobre o possível papel causal de agentes infecciosos na patogênese de certas
doenças “crônicas” (como exemplificado a seguir).

Quadro 1. Exemplos selecionados de “doenças crônicas” nas quais demonstrou-se o papel


suspeito de um ou mais agentes infecciosos.

Doença "crônica" Agente infeccioso suspeito

Câncer cervical Vírus do papiloma humano

Carcinoma hepatocelular Vírus da hepatite B; vírus da hepatite C

Úlcera péptica Helicobacter pylori

Carcinoma gástrico Helicobacter pylori

Fonte: Adaptado do Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades, 2010.

Observou-se que ainda naquelas doenças “crônicas” onde o papel de um agente infeccioso está mais
claramente definido, como no câncer de colo uterino e no de fígado, a infecção não leva invariavelmente
à doença. Nessas doenças, assim como nas clássicas doenças agudas infecciosas, as características do
hospedeiro humano e de seu entorno social e ambiental são determinantes da produção ou não de dano
à saúde.

Os avanços do conhecimento e do controle das doenças transmissíveis tiveram como resultado


uma redução notória de sua morbidade e mortalidade em todo o mundo, especialmente nos países
desenvolvidos e, principalmente, nos grupos de população em risco, beneficiados com os programas de
saúde pública.

No entanto, o espectro das doenças transmissíveis também está evoluindo rapidamente em relação ao
conjunto de fortes mudanças sociais e ambientais contemporâneas. O crescimento populacional, com
expansão da pobreza e migração urbana, juntamente com a globalização da tecnologia, são mudanças
que afetam a suscetibilidade ao risco de exposição a agentes infecciosos.

Doença transmissível: é qualquer doença causada por um agente infeccioso específico ou seus
produtos tóxicos. A doença se manifesta pela transmissão deste agente ou de seus produtos, de
um reservatório a um hospedeiro suscetível, seja diretamente, no caso de uma pessoa ou animal
infectado ou indiretamente, por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou
animal, de um vetor ou do meio ambiente inanimado.

15
Um fato relevante em tempos recentes é o aparecimento de novas doenças transmissíveis e desconhecidas
e o ressurgimento de outras que já estavam - ou que se acreditava – estarem controladas. Essas doenças
transmissíveis são chamadas emergentes e reemergentes. Muitos fatores ou interações de fatores
podem contribuir para a emergência de uma doença transmissível. As novas doenças transmissíveis
emergentes podem ocorrer por mudanças ou evolução dos organismos existentes. As doenças conhecidas
podem propagar-se para novas áreas que estejam experimentando mudanças ecológicas (por exemplo,
desmatamento ou reflorestamento), que aumentam a exposição humana a insetos, animais ou fontes
ambientais que albergam agentes infecciosos novos ou não usuais.

Doença emergente: é uma doença transmissível cuja incidência em humanos vem aumentando
nos últimos 25 anos do século XX ou que ameaça aumentar em um futuro próximo.

É importante diferenciar as doenças emergentes aparentes, cuja incidência aumenta como consequência
de nossa habilidade para detectar o agente que as causa, das doenças emergentes reais, cuja incidência
aumenta pela mudança na interação entre as populações e o ambiente.

Doença reemergente: é uma doença transmissível, previamente conhecida e que reaparece como
problema de saúde pública após uma etapa de significativo declínio de sua incidência e aparente
controle. As doenças transmissíveis podem reemergir devido à resistência dos agentes infecciosos
aos antibióticos convencionais e aos de nova geração, como no caso da gonorreia, da malária e do
pneumococo.

Também podem reemergir por aumento da suscetibilidade do hospedeiro imunodeprimido e por fatores
tais como a desnutrição ou a presença de outras doenças, como o câncer e a Aids, que reduzem sua
resistência a infecciosos (bacilo tuberculoso e leishmania). Outra causa que explica as doenças emergentes
é a debilidade das medidas de saúde pública, adotadas para infecções previamente controladas. Por
exemplo: a malária, a coqueluche e a tuberculose.

Os agentes causadores de doenças transmissíveis


Para ocorrer uma doença transmissível é necessário que um agente infeccioso penetre no corpo de um
indivíduo e se desenvolva nos seus tecidos. Esses agentes são seres vivos e muitos deles são tão pequenos
que não podem ser vistos sem a ajuda de um microscópio. Popularmente, são chamados de micróbios
ou germes, mas existem também os vermes, que são seres maiores e facilmente reconhecíveis.

Vejamos os principais tipos de agentes infecciosos e algumas das doenças que provocam:

a) Bactérias (micróbios pertencentes ao Reino Monera): causam a tuberculose, a difteria, o tétano, a


coqueluche, certas diarreias, a sífilis, a hanseníase, meningite etc;

b) Protozoários (micróbios pertencentes ao Reino Protista): causam a malária, a doença de Chagas, a


amebíase, o calazar, a giardíase;

c) Metazoários (micróbios pertencentes ao Reino Animal): causam a esquistossomose (barriga-


d’água), ascaridíase etc;

d) Fungos: causam a impingem, o pano-branco, as micoses, o sapinho, as “frieiras”, pneumonias,


diarreias etc;

16
e) Vírus (micróbios menores que as bactérias que não são vistos pelos microscópios comuns): causam
o sarampo, a catapora, a gripe, a rubéola, a poliomielite, a hepatite, a herpes, a raiva, a meningite, a
febre amarela etc.

Um homem que porta um desses agentes de doença chama-se hospedeiro. Quando o agente chega ao
hospedeiro, desenvolve-se e multiplica-se em seus tecidos, ocorre uma infecção. Por isso, essas doenças
são, também, denominadas de infecciosas. Grande parte dessas doenças infecciosas são transmissíveis
e chamadas doenças contagiosas (doença que se transmite de um ser para outro). Podemos deduzir que
todas as doenças contagiosas são infecciosas, porém nem todas as doenças infecciosas são contagiosas,
como, por exemplo, o tétano.

Assim, o hospedeiro é uma pessoa ou animal (inclusive aves e insetos) em que se aloja e subsiste um
agente infeccioso. Quando este agente sai do hospedeiro e infecta outra pessoa ou animal, o hospedeiro
passa a ser uma fonte de infecção.

Porta de entrada, localização do agente no organismo e porta de saída


Os agentes infecciosos penetram no corpo humano por meio de uma porta de entrada e localizam-se
em determinados órgãos até serem eliminados por meio de uma porta de saída. As principais portas de
entrada dos agentes infecciosos são as seguintes:

a) Via digestiva (os agentes penetram através da boca, com os alimentos e a água): vírus da
poliomielite, ovos de lombrigas, ovos de tênia (solitária), bactérias da diarreia infecciosa, vírus da
hepatite A, poliomielite, cistos de amebas e outros;

b) Via respiratória (os agentes infecciosos são inalados pelo nariz, penetrando no corpo, portanto,
por meio do processo de respiração): bactéria da tuberculose pulmonar, vírus da gripe, do sarampo,
da catapora e da poliomielite, bactéria da coqueluche e da difteria (crupe) e outros;

c) Pele (os agentes infecciosos penetram também devido ao contato da pele com o solo ou água
que os contenham; pela picada de insetos; de injeções e transfusão de sangue ou do contato direto
com a pele de outra pessoa doente): larvas de ancilóstomos e de esquistossomose, o carrapato da
escabiose (sarna), os protozoários da malária e da doença de Chagas, os vírus da hepatite B, da Aids,
da febre amarela, da dengue, da raiva e outros;

d) Vias genital e urinária (os agentes infecciosos penetram pelos órgãos sexuais): bactérias da sífilis
e da gonorreia, vírus da hepatite B, Aids e outras infecções urinárias.

Em geral, os agentes infecciosos que penetram pela boca acabam por se localizar na faringe e nos
diversos órgãos do aparelho digestivo, especialmente nos intestinos. Os que penetram pela respiração
vão se localizar na laringe, brônquios e pulmões.

Os agentes que infectam os pulmões e a parte superior das vias respiratórias são expelidos pelas
pequenas gotas produzidas pelos mecanismos de tosse e espirros, como também são expulsos na
expectoração. A porta de saída é, portanto, a própria via respiratória.

Os que se alojam no tubo digestivo saem, em geral, nas fezes. Os que circulam pelo sangue saem quando
se realiza uma punção (por uma agulha de injeção ou picada de inseto).

Os que se localizam na pele são expelidos devido a lesões (feridas abertas) ou contato direto com objetos
e a pele de outra pessoa. Finalmente, os que se encontram nas vias genitais e urinárias são eliminados
mediante o contato sexual ou pela urina.

17
Figura 1 – Cadeia epidemiológica

MEIO AMBIENTE MEIO AMBIENTE


1
AGENTE CAUSAL
ESPECÍFICO

6
2 SUSCETIBILIDADE
RESERVATÓRIO

5
PORTA DE
3 ENTRADA NO
PORTA DE NOVO
SAÍDA HOSPEDEIRO
4
MODO DE
TRANSMISSÃO
DO AGENTE

MEIO AMBIENTE
Fonte: Adaptado do Manual do Treinando – Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação, 2001.

18
MÓDULO III
SISTEMA IMUNOLÓGICO

Unidade 1: Sistema Imunológico

TEXTO 3 - SISTEMA IMUNOLÓGICO: OS DEFENSORES3


Milhões de células vivem para matar qualquer invasor que ameace a saúde do ser humano. Em caso de
perigo iminente, esse exército se lança a uma guerra sem quartel, em que ninguém faz prisioneiros. O
nome dessa tropa de elite é sistema imunológico.

Um leve corte no dedo, tão superficial que mal assustaria uma criança. Indigno de merecer mais do que
um “ai”. Afinal, ninguém morre por causa de um corte no dedo, pelo menos em 99,9% dos casos. Não que
um corte não possa matar, se mais não mata é graças a uma tropa de elite, em permanente prontidão
para ir à luta pela vida. É uma guerra secreta: enquanto uma dorzinha no lugar é praticamente tudo o
que a pessoa retém do acidente, dentro do organismo reina grande agitação e todas as atenções se
voltam para a vizinhança do pequeno corte; ali a batalha poderá começar a qualquer momento. A tropa
de elite—o sistema imunológico—está preparada para o que der e vier.

A mesma dor que avisa uma pessoa que ela se machucou faz soar um outro alarme, destinado às células
de defesa. Aí começa o corre-corre. A circulação sanguínea transporta rapidamente batalhões inteiros
dessas células ao local atingido, onde passam a ocupar posições estratégicas, entrincheiradas entre os
tecidos. Toda essa movimentação é apenas uma medida de segurança. Pode ser que o pequeno corte
seja apenas um machucado sem consequências e que as células de defesa logo possam se dispersar
sem ter disparado um tiro. Aliás, essa tropa é tão precavida que pega em armas diante de qualquer
ameaça: por menor que seja uma lesão física, desencadeia o alerta. Até mesmo quando se leva um tapa,
o sistema imunológico fica a postos.

As células de defesa já estão se dispersando quando soa de novo o alarme. Na verdade, trata-se da
liberação das substâncias químicas produzidas pela pele ferida e também pelos invasores. Isso porque,
até um pequeno arranhão abre uma grande brecha para a ação de micróbios solertes, toxinas perversas,
partículas exóticas. Ao segundo alarme, os soldados da infantaria, que os cientistas chamam granulócitos,
se lançam à batalha, sem perda de tempo, valendo-se do alto grau de preparo que os tornam ágeis e
dinâmicos. Muitos deles vão tombar em combate e, junto com os restos mortais do inimigo derrotado,
formarão o pus que aparece nas feridas.

Então se aproxima a artilharia dos macrófagos, células mais fortes, cujos canhonaços pulverizam não
só os invasores—vivos ou mortos—como os próprios granulócitos eliminados no começo da batalha.
Tamanha é a quantidade de macrófagos, comprimidos nos espaços entre as células, que são uma das
causas do inchaço no local machucado. Granulócitos e macrófagos usam armas fabricadas há muito
tempo, tanto que foram encontradas nos arsenais de espécies primitivas, como as esponjas. Graças a
esse material bélico, de comprovada eficiência, as enzimas existentes em seu interior, engolem, trituram
e digerem os inimigos. Outras enzimas, produzidas por diversos órgãos, como o estômago, podem ajudar,
perfurando a membrana de micróbios e parasitas feito balas de canhão.

3. Extraído da Revista Superinteressante, 1988. Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/sistema-imunologico-os-defensores/

19
Chamadas de fagocitárias, essas células reconhecem os invasores (conhecidos antígenos) por meio das
substâncias químicas que Ihes são comuns. Não é difícil a identificação, pois tais substâncias inexistem
no organismo, ou seja, o uniforme do inimigo é inconfundível. Certas bactérias, como as pneumoniae da
pneumonia, ao longo da evolução, aprenderam a se camuflar e a passar despercebidas. Contra isso, os
vertebrados inventaram há 400 milhões de anos uma resposta formidável, as células linfócitos B. Assim
que uma bactéria da pneumonia tenta invadir o corpo pelo pequeno corte, os linfócitos B disparam seus
mísseis teleguiados que se encaixam na molécula da bactéria ou de qualquer outro invasor infeccioso,
bloqueando-a para que não contamine outras células do organismo.

Essas proteínas são os tão falados anticorpos. Sua função principal é típica dos serviços de
contraespionagem: desmarcar os inimigos camuflados. A técnica funciona às mil maravilhas ao
combinar-se com o odiado antígeno. O anticorpo chama a atenção do macrófago para a presença do
estranho. O inimigo, então, fica encurralado. “Além de tornar o antígeno reconhecível, os anticorpos
ajudam os macrófagos a ingeri-los”, explica o professor de Imunologia Momtchillo Russo, da USP.

Os linfócitos B, em geral, são os soldados mais especializados do exército de defesa. Nas aves, são
treinados para o ataque na Bursa de Fabricius (daí a letra B), que fica na cloaca, a ponta do canal intestinal.
Já no homem, que não tem bursa, essas células nascidas na medula óssea são treinadas em tecidos
como os do baço, intestino, amídalas, fígado. Dali, vão navegar na corrente sanguínea, prontas para a
luta, onde quer que se localize o teatro de operações. Se todas as células da pele humana são idênticas, o
mesmo não acontece com os linfócitos B. Faz sentido, afinal, eles precisam especializar-se na produção
de anticorpos de tamanhos e formatos diversos, para se encaixar como peças de quebra-cabeça numa
infinidade de inimigos. Calcula-se que entre o trilhão de linfócitos B do organismo, haja cerca de 1 milhão
de tipos diferentes.

No curso de uma infecção, algumas células B adquirem o que os cientistas chamam memória: a
propriedade que Ihes permite estudar detalhadamente as táticas do invasor, de maneira que, se ele
infectar o corpo uma segunda vez, haverá células B especializadas no seu combate e capazes de agir
mais rapidamente do que no ataque anterior. Quando um linfócito B se encontra, porém, face a face com
o seu antígeno, não se põe a disparar anticorpos imediatamente, como um amador. Espera a ordem de
atacar dada por uma substância, a interleucina enviada pela célula T auxiliar. A T auxiliar é um dos três
tipos de células que rumam da medula óssea para o timo (daí a letra T), uma glândula atrás das costelas,
na altura do coração. Sua função é controlar todo o sistema imunológico.

Como não produz anticorpos, embora seja especializada num único invasor, não se sabe até hoje quais
são seus receptores. Isto é, como ela se encaixa e percebe o inimigo, ativando, a partir daí, tanto as células
B como os macrófagos. Além das interleucinas, a T auxiliar tem uma segunda arma: a interferona, que
funciona como um gás paralisante nas células infectadas e dificulta a propagação do antígeno.

Quem nasce sem timo não sobrevive, por falta de células T para organizar suas defesas. Quando tais
células são destruídas pelo vírus da Aids por exemplo, o mesmo acontece. Não seria então o caso
de simplesmente injetar interleucina no organismo dos pacientes para suprir a produção natural
prejudicada? A resposta infelizmente é negativa. “Lançada na circulação, a interleucina ativaria todo o
sistema imunológico em vez de estimular apenas o lifócito B necessário”, esclarece o professor Russo,
da USP. “O sistema muito ativado é tão nefasto quanto o deficiente, causando febres, dores, coagulação
do sangue. Enfim, pode levar à morte”.

Quem corrige os lamentáveis, mas nem sempre evitáveis excessos da repressão e ao mesmo tempo dá
a ordem para o recuo é um segundo tipo de célula T, a supressora. Ela envia uma substância que inibe
a ação da célula T auxiliar e, por tabela, de todas as outras células. Na verdade, cientistas desconhecem
como essas duas células, a auxiliar e a supressora, mantêm o equilíbrio do sistema imunológico. Como
será que sabem quando é hora de parar? Essa é a grande questão que a Imunologia busca responder. O

20
terceiro e último tipo de célula T, ao contrário de suas irmãs, não dá ordens, mas nem por isso é menos
importante. Trata-se da célula citotóxica, uma espécie de assassino profissional. Daí a sua alcunha em
inglês: killer (assassina). Enquanto as demais células do sistema reconhecem apenas os antígenos
(substâncias estranhas), a killer perscruta os tecidos do próprio organismo, os quais vive espionando.
Se estiver faltando algo, como nas células cancerosas que degeneram, ou se houver algo a mais, como
nas células infectadas que retiveram em suas membranas partículas de um vírus invasor, ela se ativará.
Então, aproxima-se da célula doente e, como se Ihe desse o beijo da morte, transmite-lhe uma substância
tóxica destruidora. Se a killer destrói as células defeituosas, por que então se morre de câncer? Quando
se tem trilhões de células, como no organismo humano, é normal que no decorrer da vida, um certo
número delas comece a apresentar defeitos. Portanto, a pergunta correta deveria ser: por que se pode
viver sem câncer? E a resposta é: graças ao controle exercido pela killer. O problema aparece quando
ela se ausenta, como na Aids, em que o doente logo padece de tipos raros da enfermidade ou quando já
não existem killers em número suficiente, como em pessoas idosas. “Com o passar dos anos, o sistema
imunológico se enfraquece”, esclarece o imunologista Antonio Lauro Coscina, do Hospital Albert Einstein.

Apesar das vastas zonas de sombra que ainda desafiam os imunologistas, avanços importantes têm
ocorrido. Nos Estados Unidos, pesquisadores conseguiram isolar em laboratório as interleucinas
específicas para ativar as células T que combatem determinado tipo de câncer. Também se descobriu
que, em alguns casos, quando a célula cancerosa é contaminada por bactérias, as células killer vão
ao ataque mais rapidamente. Por isso, os cientistas estão inoculando essas bactérias em tumores de
pele, com resultados positivos. Sem dúvida, porém, uma das descobertas mais significativas foi a dos
anticorpos monoclonais, no início dos anos de 1980: são anticorpos específicos, desenvolvidos em
laboratório, marcados com substâncias radioativas.

Eles não só identificam células cancerosas, mas também o tipo de câncer, permitindo o diagnóstico
precoce da doença. Às vezes, no lugar de estimular o sistema de defesa, a ciência deve colocar-lhe freios.
É o que ocorre nas doenças autoimunes, quando algo faz com que as células de defesa passem a tratar
as células do próprio corpo como inimigas. Suspeita-se que algumas doenças, como úlceras estomacais
e intestinais, artrite reumatóide, problemas de tireoide e esclerose múltipla, sejam autoimunes. O
conceito existe desde a década de 50, mas até hoje pouco se sabe sobre os seus mecanismos. Há
três hipóteses que não se excluem necessariamente: 1) as doenças autoimunes são provocadas em
tecidos de cuja existência o sistema de defesa não teve conhecimento prévio e, por isso, não estaria
capacitado a reconhecer. Há casos de esterilidade masculina produzida por anticorpos que aniquilam os
espermatozoides; 2) determinada infecção poderia alterar a aparência das membranas celulares de um
órgão qualquer, tornando suas células estranhas para o sistema de defesa; 3) desequilíbrio nas funções
das células T supressoras e auxiliares que controlam o sistema inteiro. Cientistas americanos, que
testaram o sangue de portadores de doenças autoimunes, constataram que nele havia menos células T
supressoras do que normalmente.

Atualmente, essas doenças têm sido tratadas com drogas chamadas imunossupressoras que inibem
o sistema imunológico. São os mesmos medicamentos usados em casos de transplante, para evitar a
rejeição do órgão. Mas, evidentemente, essas drogas tem a grande desvantagem de diminuir a eficiência
do sistema como um todo. As pesquisas mais recentes voltam-se para a produção de anticorpos que
anulem os anticorpos fabricados pelo organismo contra si próprio. O professor Coscina acredita que
no futuro a solução será ainda melhor: “A Imunologia daqui a alguns anos será a Imunogenética”, diz.
“Manipulando os genes se poderá ter sistemas de defesa mais eficientes e sanar os problemas das
doenças autoimunes.”

21
TEXTO 4 - HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA4
A história natural da doença é o curso da doença desde o início até sua resolução, na ausência de intervenção.
Em outras palavras, é o modo próprio de evoluir de toda doença ou processo, quando se deixa seguir seu
próprio curso. O processo se inicia com a exposição de um hospedeiro suscetível a um agente causal e termina
com a recuperação, deficiência ou óbito. Na Figura 2 é apresentado o modelo tradicional da história natural da
doença e sua relação com os níveis de prevenção propostos por Level e Clark.

Na figura está claramente delimitado o período pré-patogênico. O primeiro deles, antes da doença,
representa o momento da interação do agente com o ambiente e o hospedeiro. O período patogênico
mostra as mudanças que se apresentam no hospedeiro uma vez realizado um estímulo efetivo. O
horizonte clínico marca o momento em que a doença é aparentemente clínica. Nesse modelo, é remarcada
a importância das diferentes medidas de prevenção que podem ser realizadas dependendo do momento
em que se encontre a doença e, deste modo, as atividades de prevenção primárias são efetuadas no
período pré-patogênico e são encaminhadas para promover a saúde e a proteção específica (por meio
de vacina, por exemplo). Na prevenção secundária, as ações são o diagnóstico precoce, o tratamento
imediato, a limitação do dano e a prevenção terciária focada na reabilitação.

Figura 2 - História natural da doença

ANTES DA DOENÇA CURSO DA DOENÇA NO HOMEM


Óbito
Interação do:
Agente Hospedeiro Defeito ou dano Estado
crônico

Sinais e
HORIZONTE sintomas
CLÍNICO

Mudança tissular

Ambiente
Período de latência

Estímulo Interação - Estímulo Hospedeiro Reação do hospedeiro

PERÍODO PRÉ-PATOGÊNICO PERÍODO PATOGÊNICO

Promoção Proteção Diagnóstico precoce e Limitação


Reabilitação
à saúde tratamento imediato do dano

PREVENÇÃO
PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
TERCIÁRIA

NÍVEIS DE PREVENÇÃO

Fonte: Adaptado de Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades, 2010.

4. Adaptado do Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades (MOPECE), Organização Pan-Americana de Saúde
(OPAS), p. 22 a 44, 2010.

22
Na Figura 3, mostra-se outro modelo da história natural da doença. Esse modelo assume que os casos
clínicos da doença passam por uma fase pré-clínica detectável e que, na ausência de intervenção, a maioria
dos casos pré-clínicos evoluem para a fase clínica. Como foi mencionado anteriormente, os períodos de
tempo de cada etapa são importantes para a detecção, triagem (ou rastreamento) e intervenção com
medidas preventivas e terapêuticas sobre os fatores do agente, hospedeiro e ambiente (Gordis, 1996).

Nas doenças transmissíveis, o período de latência é o tempo que transcorre desde a infecção até que
a pessoa se torne infectada. O período de incubação é o tempo que transcorre desde a infecção até a
apresentação dos sintomas. No caso das doenças não transmissíveis, a terminologia difere um pouco e
se considera que o período de latência corresponde ao período que transcorre entre o desenvolvimento
da doença subclínica até a apresentação de sintomas (Rothman, 1986).

Figura 3 - História natural da doença

Período de latência Período infeccioso

Período de incubação Período sintomático

Exposição Mudança patológicas Sinais e sintomas

Diagnóstico
usual

Recuperação, deficiência,
Suscetível Doença subclínica Doença clínica imunidade, estado do
portador ou óbito

Fonte: Adaptado de Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades, 2010.

A CADEIA EPIDEMIOLÓGICA
Para entender as relações entre os diferentes elementos que levam ao aparecimento de uma doença
transmissível, o esquema tradicional é a denominada cadeia epidemiológica, também conhecida como
cadeia de infecção. O esquema procura organizar os chamados elos que identificam os pontos principais
da sequência contínua da interação entre o agente, o hospedeiro e o meio (Figura 4).

23
Figura 4 - A cadeia epidemiológica

1
AGENTE CAUSAL
ESPECÍFICO

6
SUSCETIBILIDADE 2
DO HOSPEDEIRO RESERVATÓRIO

5
PORTA DE 3
ENTRADA NO PORTA DE
NOVO SAÍDA
HOSPEDEIRO DO AGENTE
4
MODO DE
TRANSMISSÃO
DO AGENTE

Fonte: Adaptado de Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades, 2010.

AGENTE CAUSAL
Um agente é um fator que está presente para a ocorrência de uma doença. De modo geral, um agente é
considerado uma causa necessária, porém, não suficiente para a produção de uma doença.

Agente: É um fator que pode ser um microrganismo, substância química ou forma de radiação,
cuja presença, presença excessiva ou relativa ausência é essencial para a ocorrência da doença.

Os agentes podem ser divididos em biológicos e não biológicos. Os agentes biológicos são organismos
vivos capazes de causar uma infecção ou doença no ser humano e nos animais. As espécies que
ocasionam doença humana são denominadas patogênicas. Entre os agentes não biológicos, encontram-
se os químicos e físicos, como se pode ver na Figura 5.

24
Figura 5 - Agentes causais

Artrópodos: Sarcoptes scabiei, Phthirus pubis, Peiculosis sp.


Metazoários: N. americanus, T. soliu, A. lumbricoides
Protozoários: E. hystolitica, G. lambia, P. falciparum
Fungos: C. albicans, H. capsulatum, C. neoformans
Micoplasmas: Mycoplasma pneumoniae, M. genitalium.
BIOLÓGICO Clamídias: C. trachomatis, C. pneumoniae, C.psittaci.
Rickettsias: R. typhy, R. prowazeki
Bactérias: V. cholarae, S. aureus, Y. pestis, M. tuberculosis
Vírus: Sarampo, HIV, Ebola, Dengue, Raiva
Príons: CJD (encefalotopia espongiforme subaguda), Kuru

Pesticidas
Aditivos de alimentos
Químicos
Fármacos
Insdustriais

NÃO BIOLÓGICO
Força mecânica
Calor
Físicos Luz
Radiações
Ruído

Fonte: Adaptado de Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades, 2010.

PROPRIEDADES DOS AGENTES BIOLÓGICOS


As propriedades dos agentes biológicos são aquelas que dizem respeito a sua perpetuação como espécie,
as que regem o tipo de contato com o hospedeiro humano e as que determinam a produção da doença
a partir desse contato. Também têm grande importância epidemiológica certas características úteis para
a classificação e identificação dos agentes específicos. As propriedades intrínsecas dos microrganismos
são a composição química e a morfologia (tamanho, forma e estrutura).

Uma característica dos agentes microbianos relacionada ao hospedeiro é a habilidade de induzir imunidade
específica, que também é denominada antigenicidade ou imunogenicidade. Os agentes podem diferir
no que diz respeito a quantidade de antígeno produzido durante a infecção. O lugar de multiplicação
do agente e o grau de disseminação no hospedeiro são também fatores importantes. Assim como
ocorre com o vírus da influenza, que se multiplica somente nas células epiteliais que recobrem a árvore
traqueobronquial ou com o vírus do sarampo e da febre amarela que são disseminados através da
corrente sanguínea, multiplicando-se em numerosas partes do corpo. A imunidade é muito mais efetiva
e mais duradoura no caso destes últimos.

Outra propriedade importante do agente é a sua vulnerabilidade ao ambiente, às substâncias químicas,


a agentes físicos e terapêuticos. As populações (cepas) de espécies microbianas estão sujeitas a
mudanças imprevisíveis, o que leva à seleção natural de formas (seja por mutação ou por mudanças
nos equilíbrios da população microbiana) que podem sobreviver e as quais, com frequência, resultam
em cepas resistentes aos medicamentos.

25
Hospedeiro: é uma pessoa ou animal vivo, incluindo as aves e os artrópodes. Em circunstâncias
naturais, permite a subsistência e o alojamento de um agente infeccioso.

A entrada do agente biológico ou não biológico no hospedeiro inicia o processo de infecção ou o período
de latência nas doenças não transmissíveis.

Infecção: é a entrada, o desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no organismo


de uma pessoa ou animal.

Somente a presença de agentes infecciosos vivos (nas superfícies do corpo, em peças de roupas, em
brinquedos e outros objetos, em substâncias como água, leite ou os alimentos) não constituem infecção,
senão a contaminação dessas superfícies. O desenvolvimento sobre o corpo de agentes patogênicos
(por exemplo, piolhos) chama-se infestação.

Infectividade: é a capacidade do agente infeccioso de alojar-se e multiplicar-se dentro de um


hospedeiro.

A medida básica de infectividade é o número mínimo de partículas infecciosas que são necessárias para
produzir uma infecção (dose infectante mínima). Para um agente microbiano determinado, esse número
pode variar muito de um hospedeiro para outro e dentro de uma mesma espécie, de acordo com a
porta de entrada, a idade e outras características do hospedeiro. As comparações exatas e diretas de
infectividade podem ser feitas somente em animais, sob condições laboratoriais.

O sarampo e a varicela são exemplos de máxima infectividade; a caxumba e a rubéola, de infectividade


intermediária; e a hanseníase de infectividade relativamente baixa. A infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana (HIV) e pelo vírus da hepatite B (VHB) representam outro exemplo de diferentes
graus de infectividade. Quando uma pessoa suscetível se expõe ao HIV ao se espetar com uma agulha
contaminada, sua possibilidade de infecção é de aproximadamente 4 em 1.000; quando se expõe dessa
forma ao VHB, sua probabilidade é mais alta, de 1 em 7.

Patogenicidade: é a capacidade de um agente infeccioso produzir doença em pessoas infectadas.

A capacidade de produzir doenças depende de uma variedade de fatores, tais como a rapidez e o grau do
dano tissular causado pela multiplicação do agente, além do fato de que este possa produzir uma toxina
específica, como fazem os bacilos da febre tifoide e do tétano.

No entanto, qualquer que seja o mecanismo para a produção da doença, a medida da patogenicidade
é simplesmente a proporção de sujeitos infectados que desenvolvem a doença. De forma análoga à
infectividade, também se pode estabelecer graus de patogenicidade.

Os agentes da raiva, Aids e varicela são altamente patogênicos, no sentido de que praticamente cada
infecção em um indivíduo suscetível resulta em doença. Os rinovírus (resfriado comum) ocupam também
um lugar de destaque na escala, já que cerca de 80% das infecções produzem doença. A caxumba e a
rubéola caem para um lugar intermediário, com 40 a 60% das infecções com manifestações clínicas
características. Em nível inferior de patogenicidade, encontra-se o polivírus com uma baixa proporção de
doentes a partir dos infectados; mais de 90% dos infectados com o polivírus são assintomáticos.

26
A capacidade dos agentes para infectar e produzir doenças nos seres humanos depende também da
suscetibilidade do hospedeiro. Nem todas as pessoas igualmente expostas a um agente infeccioso são
infectadas. Das infectadas, algumas não apresentam sintomas, nem sinais clínicos no curso da infecção
(infecção inaparente ou subclínica). Enquanto que outras apresentam sintomas (infecção aparente ou
clínica), podendo ser também de duração e grau variáveis. A importância e a intensidade de uma infecção
aparente são medidas em termos de sua morbidade e letalidade.

Infecção inaparente: é a presença de um agente infeccioso em um hospedeiro sem que apareçam


sinais ou sintomas clínicos manifestos. Só podem ser identificados por métodos de laboratório
ou pela manifestação de reatividade positiva nos testes cutâneos específicos (sinônimo: infecção
subclínica, assintomática ou oculta).

No espectro de uma doença infecciosa segundo sua história natural, a gravidade pode ser representada
de forma esquemática como segue:

INFECÇÃO

APARENTE
INAPARENTE
MODERADA GRAVE FATAL

a b c d

Aplicado a diferentes doenças:

TUBERCULOSE

TÉTANO

RAIVA HUMANA5

A medida da virulência é o número de casos graves e fatais em proporção ao número total de casos
aparentes.

Virulência: é a capacidade do agente infeccioso de produzir casos graves e fatais.

A letalidade é uma característica frequentemente usada para descrever a gravidade de uma epidemia.
A medida da letalidade é o número de casos fatais em proporção ao número total de casos aparentes
(usualmente os diagnosticados no mesmo período).

Letalidade: é a capacidade do agente infeccioso de produzir casos fatais.

5. A primeira cura comprovada da doença no Brasil ocorreu em 2009, em um adolescente do sexo masculino que após ter sido mordido por um
morcego obteve o diagnóstico de raiva. Seu tratamento foi feito através do Protocolo de Milwaukee.

27
A diferença entre patogenicidade, virulência e letalidade pode ser entendida através do esquema de
espectro de gravidade da doença infecciosa:

INFECÇÃO

APARENTE
INAPARENTE
MODERADA GRAVE FATAL

a b c d

b+c+d Casos de doença aparente


Patogenicidade = =
a+b+c+d Total de infectados

c+d Casos graves e fatais


Virulência = =
b+c+d Total de infectados

d Casos Fatais
Letalidade = =
b+c+d Total de casos aparentes

RESERVATÓRIO
Os germes, patogênicos ou não, habitam, multiplicam-se e mantêm-se em nichos naturais específicos. O
habitat normal em que vive, se multiplica e/ou cresce um agente infeccioso é denominado reservatório.

Reservatório de agentes infecciosos: é qualquer ser humano, animal, artrópode, planta, solo ou
matéria inanimada onde normalmente vive e se multiplica um agente infeccioso, e do qual depende
para sua sobrevivência, reproduzindo-se para que possa ser transmitido a um hospedeiro suscetível.

• Reservatórios humanos: O fato de uma doença ou grupo de doenças ter o ser humano como
reservatório de grande importância prática, já que as medidas de controle que se adotam podem
circunscrever-se ao mesmo ser humano. Por exemplo, se uma doença pode ser tratada com um
antibiótico adequado, a ação direta é exercida sobre o sujeito como paciente e como reservatório.
O reservatório principal de doenças como as de transmissão sexual, lepra, coqueluche, sarampo e
febre tifoide é o ser humano.

• Reservatórios extra-humanos: os animais podem ser infectados e também servir de reservatórios


para várias doenças do ser humano. São exemplos disso a brucelose, a leptospirose, a peste, a
psitacose, a raiva e o tétano.

Também é importante identificar os reservatórios animais e, sempre que possível, adotar medidas
de proteção das espécies, particularmente, para os animais domésticos suscetíveis. Medidas como a
vacinação antirrábica canina e a antiencefalítica equina, também protegem indiretamente o ser humano.

Zoonose: é uma infecção ou doença infecciosa transmissível que, em condições naturais, ocorre
entre animais vertebrados e o homem.

28
Existem alguns microrganismos capazes de adotar formas esporuladas ou, simplesmente, de resistir às
condições adversas do ambiente. O bacilo de Koch (tuberculose humana) é capaz de resistir meses no
pó de um cômodo. O esporo do bacilo carbuncoso ou do bacilo tetânico pode resistir por anos no solo.
Nesses casos, ainda que o reservatório original seja um ser vivo, constituiu-se um reservatório adicional
no solo e em outros lugares de muito difícil acesso ou de controle impossível. A situação está presente
também em várias doenças parasitárias, em que formas larvárias encontram-se no solo, na água e
em outros lugares (por exemplo, ancilostomose e esquistossomose). Muitos dos agentes de infecção
micótica, como histoplasmose e coccidioidomicose, vivem e se multiplicam no solo.

Fonte de infecção: pessoa, animal, objeto ou substância de onde o agente infeccioso transmite a
um hospedeiro.

A fonte de infecção deve distinguir-se claramente da fonte de contaminação, por exemplo, aquela
causada por um cozinheiro infectado ao preparar uma salada ou a que produz o derrame de uma fossa
séptica no abastecimento de água.

O ser humano age como fonte de infecção a partir de casos clínicos agudos e a partir de portadores. Na
tuberculose, quando alguém é diagnosticado doente pela tuberculose, provavelmente já infectou em
média 5 pessoas. Por isso, a importância da pesquisa nos pacientes sintomáticos respiratórios.

As pessoas infectadas e que não apresentam sintomas constituem um grande risco de transmitir e manter
a doença na população, pois abrigam o agente infeccioso e mantêm seus contatos normais na comunidade.
Esses indivíduos são denominados portadores e essa condição é chamada de “estado de portador”.

Portador: é um indivíduo (ou animal) infectado, que abriga um agente infeccioso específico de uma
doença, sem apresentar sintomas ou sinais clínicos e constitui uma fonte potencial de infecção
para o ser humano.

O estado de portador pode ocorrer em um indivíduo de diversas formas: portador assintomático


(ou sadio), durante o curso de uma infecção subclínica; portador em incubação, durante o período de
incubação; e portador convalescente, na fase de convalescência e de pós-convalescência das infecções
que se manifestam clinicamente. Em todos os casos, o estado de portador pode ser breve (portador
transitório ou temporal) ou prolongado (portador crônico).

Quanto mais forem conhecidas as características das doenças, mais fácil será conhecer a condição de
produzir portadores e de que tipo serão. É fácil intuir a importância da relação entre a presença de
portadores, a permanência e a propagação da doença na população.

O portador, ao não perceber a presença da infecção, não tomará medidas de precaução para prevenir a
transmissão da doença a outras pessoas. Uma situação similar pode acontecer depois da identificação
pelo laboratório, pois, geralmente, o portador assintomático pode experimentar dificuldades para aceitar
sua condição. Com isso, este portador pode deixar de seguir as recomendações e conselhos que lhe
forem dados pelo pessoal da saúde, principalmente se os mesmos criarem tensões e restrições no seu
âmbito de trabalho, se for motivo de discriminação ou segregação social ou acarretar dificuldades em
diferentes aspectos de sua vida familiar e comunitária.

Na meningite meningocócica, por exemplo, pode-se demonstrar a presença do germe nas secreções
nasais e faríngeas desde o início da infecção bacteriana. No líquido cefalorraquidiano, pode-se isolar o
meningococo a partir de 72 horas após a infecção. O índice de portadores pode atingir 25% ou mais em
períodos epidêmicos.

29
Os estudos sobre a transmissão humana na hepatite viral do tipo A, assim como a informação
epidemiológica, indicam uma infectividade máxima durante a segunda parte do período de incubação
(por volta de 30 dias), continuando alguns dias depois do início da icterícia. No entanto, são muitos os
casos sem icterícia: em crianças, por exemplo, para cada caso de hepatite com icterícia, podem existir
dez ou mais casos subclínicos.

Período de transmissibilidade ou infeccioso: é o intervalo de tempo durante o qual o agente


infeccioso pode ser transferido direta ou indiretamente de uma pessoa infectada a outra pessoa,
de um animal infectado ao ser humano ou de um ser humano infectado a um animal, inclusive
artrópodes.

Na maioria das doenças infecciosas existe a possibilidade de transmissão durante o período de incubação,
principalmente antes de apresentar os sintomas e sinais que permitem fazer o diagnóstico. Há casos
extremos em que o estado de portador em período de incubação pode ter uma longa duração. Por
exemplo, na hepatite do tipo B, o sangue da pessoa infectada pode ser infectante até três meses antes
do início da icterícia e, no caso da Aids, a pessoa infectada pode ser infectante por anos. No caso da raiva,
o vírus pode estar presente na saliva do cão até quase cinco dias antes de apresentar sinais da doença.
Isso permitiu determinar o período de 7 a 10 dias para manter em observação o animal agressor. Se o
animal não desenvolver sinais de raiva nesse intervalo, é possível concluir que não estava doente.

Período de incubação: é o intervalo de tempo que transcorre entre a exposição a um agente


infeccioso e o surgimento do primeiro sinal ou sintoma da doença.

A transmissão de uma doença, portanto, pode começar antes que seja evidenciada na pessoa ou animal,
mas também pode seguir por algum tempo depois da recuperação clínica do doente.

Como regra geral, a maioria das doenças não é transmissível durante a fase inicial do período de incubação
nem depois do completo restabelecimento do doente.

Período de latência: é o intervalo de tempo que transcorre desde o momento em que se produz a
infecção até que a pessoa se torne infecciosa.

Em algumas doenças, como na meningite e nas infecções estreptocócicas, o período de transmissibilidade


é contado desde o momento da primeira exposição à fonte de infecção até o microrganismo infectante
desaparecer das membranas mucosas atingidas. Isto é, antes de aparecerem os sintomas prodrômicos até
ser finalizado o estado de portador. Nas doenças como tuberculose, sífilis e gonorreia, a transmissibilidade
pode ser intermitente durante a evolução da doença.

Nas doenças transmitidas por vetores, como malária, dengue e na febre amarela, o período de
transmissibilidade é aquele no qual o agente permanece de forma infectante no sangue ou em outros
tecidos da pessoa afetada em quantidade suficiente para infectar o vetor. Os artrópodes também
apresentam um período de transmissibilidade. Isto é, tempo em que o agente infeccioso permanece em
seus tecidos a ponto de ser transmissível.

30
MODO DE TRANSMISSÃO DO AGENTE
O modo de transmissão é a forma em que o agente infeccioso se transporta do reservatório ao hospedeiro.
Os principais mecanismos são os seguintes:

Transmissão direta: é a transferência direta do agente infeccioso por uma porta de entrada para que
se possa efetuar a infecção. É denominada também de transmissão de pessoa a pessoa. Isso pode
acontecer através da dispersão de gotículas (gotas de flügge ou perdigotos) nas conjuntivas ou nas
membranas mucosas do nariz ou da boca ao espirrar, tossir, cuspir, falar ou cantar; e pelo contato direto,
como tocar, beijar, ou ter relações sexuais. No caso das micoses sistemáticas, a transmissão ocorre por
exposição direta de tecido suscetível a um agente que vive normalmente sob a forma saprófita no solo.

Transmissão indireta:

a. Mediante veículos de transmissão ou fômioes: através de objetos ou materiais contaminados, tais como
brinquedos, lenços, instrumentos cirúrgicos, água, alimentos, leite, produtos biológicos, incluindo soro e
plasma. O agente pode ou não ter se multiplicado ou se desenvolvido no veículo antes de ser transmitido.

b. Por meio de um vetor:

Vetor: um inseto ou qualquer portador vivo que transporta um agente infeccioso, desde um
indivíduo ou seus excrementos até um indivíduo suscetível, sua comida ou seu ambiente imediato.
O agente pode ou não se desenvolver, propagar ou se multiplicar dentro do vetor.

Mecânico: é o simples traslado mecânico do agente infeccioso por meio de um inseto terrestre ou
voador, seja por contaminação de suas patas ou tromba ou pela passagem em seu trato intestinal,
sem multiplicação ou desenvolvimento cíclico do microrganismo.

Biológico: o agente necessariamente deve propagar-se (multiplicar-se), desenvolver-se ciclicamente


ou ambos (ciclopropagação) no artrópode-vetor antes que possa transmitir a forma infectante ao
ser humano. O artrópode torna-se infectante somente depois do agente passar por um período de
incubação (extrínseco) depois da infecção. O agente infeccioso pode ser transmitido em forma vertical
(transmissão transovariana) às gerações sucessivas do vetor, bem como aos estágios sucessivos do
ciclo biológico (transmissão transestadial) do vetor, como a passagem da crisálida à fase adulta.
A transmissão pode ocorrer através da saliva durante a picada (como na malária, dengue e febre
amarela), por regurgitação (como na peste) ou ao depositar sobre a pele os agentes infecciosos com
a defecação do artrópode vetor (como na doença de Chagas e no tifo exantemático e murino), que
podem entrar pela ferida da picada ou ao coçar-se.

c. Através do ar: é a disseminação de aerossóis microbianos transportados por uma porta de entrada
apropriada, geralmente o trato respiratório. Os aerossóis microbianos são suspensões aéreas de
partículas constituídas total ou parcialmente por microrganismos. As partículas com diâmetro de 1 a 5
micros chegam facilmente aos alvéolos do pulmão e lá permanecem. Também podem permanecer em
suspensão no ar durante longos períodos de tempo; algumas mantêm sua infectividade e/ou virulência
e outras a perdem. As partículas de tamanho maior se precipitam, o que pode dar origem a uma
transmissão direta.

31
AS PRINCIPAIS PARTÍCULAS SÃO:
Núcleos goticulares: são os pequenos resíduos da evaporação de gotículas de flügge ou perdigotos
emitidos por um hospedeiro infectado. Esses núcleos goticulares também podem formar-se por aparelhos
borrifadores diversos, por exemplo: em laboratórios microbiológicos, em abatedouros industriais, salas
de autópsias etc. e geralmente se mantêm em suspensão no ar durante um tempo prolongado.

Pó: pequenas partículas de dimensões variáveis que podem proceder do solo (geralmente inorgânicas
ou esporos de fungos separados do solo seco pelo vento ou agitação mecânica), vestidos, roupas de
cama e pisos contaminados.

PORTAS DE ELIMINAÇÃO OU DE SAÍDA DO AGENTE


O caminho pelo qual um agente infeccioso sai do seu hospedeiro é, geralmente, denominado como porta
de saída. As principais são:

Respiratórias: as doenças que utilizam esta porta são as de maior difusão e as mais difíceis de controlar
(tuberculose, influenza, sarampo etc).

Geniturinárias: leptospirose, sífilis, Aids, gonorreia e outras doenças de transmissão sexual.

Digestivas: próprias da febre tifoide, hepatite A e E, cólera e amebíase.

Pele: através de contato direto com lesões superficiais, como na varicela, herpes zoster e sífilis. Através de
picadas, mordidas, perfuração por agulha ou outro mecanismo que tenha contato com sangue infectado,
como na sífilis, doença de Chagas, malária, leishmaniose, febre amarela, hepatite B etc.

Placentária: em geral, a placenta é uma barreira efetiva de proteção do feto contra infecções da mãe;
no entanto, não é totalmente efetiva para alguns agentes infecciosos como os da sífilis, rubéola,
toxoplasmose, Aids e doença de Chagas.

PORTAS DE ENTRADA NO HOSPEDEIRO


As portas de entrada de um germe no novo hospedeiro são basicamente as mesmas usadas para a
saída do hospedeiro prévio. Por exemplo, nas doenças respiratórias, a via aérea é utilizada como porta
de saída e porta de entrada entre as pessoas. Em outras doenças, as portas de saída e de entrada podem
ser diferentes. Como exemplo, nas intoxicações alimentares por estafilococos, o agente é eliminado
através de uma lesão aberta da pele e entra no novo hospedeiro através de alimentos contaminados
com secreção da lesão.

ASPECTOS ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS


A pele intacta e as membranas mucosas proporcionam ao corpo uma camada impermeável a muitos
parasitas vivos e agentes químicos. As membranas mucosas são mais facilmente penetráveis que a pele
intacta e servem com frequência de porta de entrada a vários agentes patógenos.

Os reflexos como a tosse e o espirro, por exemplo, representam um esforço para limpar as vias
respiratórias de substâncias nocivas. As secreções mucosas, como as lágrimas e a saliva têm uma ação
limpante simples e podem também conter anticorpos específicos contra micróbios patógenos.

32
Outros mecanismos de defesa são as secreções gástricas (acidez gástrica), o peristaltismo e os
anticorpos inespecíficos. Um germe que penetra na capa protetora do corpo enfrenta uma variedade
de mecanismos de defesa imunológica, tanto do tipo celular (linfócitos T, macrófagos e outras células
que apresentam antígenos) como do tipo humoral (linfócitos B, anticorpos e outras substâncias). Os
micróbios extracelulares estimulam geralmente o desenvolvimento de inflamação no lugar da invasão.
A presença inicial de anticorpos, gerados previamente por infecção natural ou vacinação, poderia prevenir
ou limitar a invasão do hospedeiro (memória imunológica).

A deterioração imunológica, como no caso do vírus da Aids, o uso de drogas imunossupressoras ou


doenças crônicas, facilitam a multiplicação de outros germes, como o da tuberculose ou até mesmo
de agentes oportunistas, como o Pneumocistis carinii. Outro exemplo mais comum é a ocorrência de
broncopneumonia bacteriana como episódio terminal em pessoas com doença crônica não infecciosa.

A idade é um fator de grande importância, visto que a ocorrência e a gravidade das doenças
variam conforme a idade do hospedeiro. As doenças eruptivas da infância são exemplos de como a
idade influencia na ocorrência das doenças contagiosas. A infecção e subsequente doença atacam
predominantemente as crianças pequenas, as que têm maior risco devido a sua alta suscetibilidade
(pela ausência de memória imunológica) e alto grau de exposição. A tuberculose, a esquistossomose na
sua forma crônica e alguns tipos de acidentes, são exemplos de problemas que atingem mais os adultos.
Na velhice, predominam afecções como as doenças degenerativas, a hipertensão e o câncer, bem como
uma maior suscetibilidade às infecções. As diferenças de suscetibilidade devido intrinsecamente ao
sexo são mais difíceis de demonstrar. No entanto, sabe-se, por exemplo, que a suscetibilidade a certas
infecções de transmissão sexual, como a gonorreia ou a clamídia é maior nas mulheres do que nos
homens, em parte devido a considerações anatômicas, fisiológicas e a presença de coinfecções (duas ou
mais infecções simultaneamente). As variações na ocorrência da doença, de acordo com o sexo, refletem
com frequência em graus diferentes de exposição à riscos distintos entre homem e mulher devido as
ocupações e/ou estilos de vida diferentes.

Nas mulheres, a gravidez predispõe claramente à infecção das vias urinárias e pode agravar várias
condições patológicas preexistentes. Por outro lado, algumas doenças crônicas e outros eventos são
mais comuns entre mulheres, por exemplo, a tirotoxicose, o diabetes mellitus, a colecistite, a colelitíase,
a obesidade, a artrite e a psiconeurose. No entanto, a úlcera péptica, a hérnia inguinal, os acidentes, o
câncer de pulmão, o suicídio e a cardiopatia arterioesclerótica são mais frequentes nos homens.

O grupo étnico e o grupo familiar são também características relevantes do hospedeiro. Os membros
de um grupo étnico compartilham muitos traços geneticamente determinados que podem incluir, além
das características físicas óbvias (o fenótipo), um aumento na suscetibilidade ou resistência aos agentes
específicos da doença. Esse conceito é fácil de compreender, porém, demonstrar que as diferenças na
incidência da doença são geneticamente determinadas é mais difícil, já que se deve levar em consideração
o efeito de todos os fatores ambientais e socioeconômicos associados. Um exemplo é a resistência à
tuberculose, que positivamente é maior nas populações europeias do que nas indígenas.

Tão importante como o componente genético associado a uma etnia é o seu componente cultural. Os
padrões culturais de grupos étnicos moldam e determinam estilos de vida e percepções específicas
da realidade influenciando diretamente suas condutas frente ao risco e, portanto, no seu potencial de
exposição a fatores causais de doença.

Assim como ocorre com os grupos étnicos, os indivíduos que integram um grupo familiar podem diferir
entre si em relação à suscetibilidade a doenças geneticamente determinadas.

33
Na realidade, aceitou-se desde há muito tempo que fatores hereditários podiam contribuir para a
incidência da doença e o desenvolvimento atingido pela genética nas últimas décadas corroborou com
aquela suposição. No entanto, deve-se reconhecer as múltiplas influências sociais e ambientais que
atingem a família como grupo, incluindo seu nível socioeconômico, dieta, nível educacional, grau de
coesão social e a exposição comum a agentes infecciosos.

Os efeitos do estado nutricional e as infecções estão intimamente relacionados, e, com frequência, são
potencializadas entre si. A desnutrição grave provoca uma deterioração na resposta imune e isto leva ao
aumento da suscetibilidade às doenças bacterianas.

Quando uma criança sofre de desnutrição proteico-calórica, aumenta a probabilidade de que algumas
doenças surjam na sua forma mais grave, acentuando, assim, o risco de complicações sequelas e
deficiência permanente.

A epidemia de neuropatia em Cuba, no início dos anos noventa, ilustra as consequências da supressão
brusca de nutrientes e o papel dos macrodeterminantes socioeconômicos na produção de doenças na
população, bem como a utilidade da epidemiologia para controlar oportunamente os problemas de
saúde. Além disso, problemas nutricionais como a obesidade são considerados fatores do hospedeiro
que o tornam mais suscetível às doenças crônicas como a hipertensão arterial, doenças cardiovasculares,
diabetes e a redução da esperança de vida.

SUSCETIBILIDADE E RESISTÊNCIA
No âmbito das doenças transmissíveis, as consequências da interação entre o hospedeiro e o agente são
extremamente variáveis e é importante considerar, além do que foi ressaltado, outras características do
hospedeiro que contribuem para essa grande variabilidade. Entre elas, a suscetibilidade e a resistência
consideradas de especial relevância.

Suscetível: é qualquer pessoa ou animal que não possui suficiente resistência contra um determinado
agente patógeno que possa protegê-lo de uma doença, caso tenha contato com esse agente.

A suscetibilidade do hospedeiro depende de fatores genéticos, de fatores gerais de resistência às


doenças e das condições de imunidade específica para cada doença.

Os fatores genéticos, que são denominados imunidade genética, constituem uma “memória celular”
herdada através de gerações. Isso facilitaria a produção de anticorpos, enquanto que naqueles grupos
humanos carentes desta experiência, não se produziria reação específica diante de determinada doença.
São bem conhecidos os exemplos acerca do impacto que tiveram a varíola, o sarampo, a tuberculose e
a influenza naqueles grupos indígenas que se mantiveram isolados das populações e civilizações onde
essas doenças ocorreram através de gerações.

IMUNIDADE
A pessoa imune possui anticorpos protetores específicos e/ou imunidade celular, como consequência de
uma infecção ou imunização anterior. Desse modo, ela pode estar preparada para responder eficazmente
à doença, produzindo anticorpos suficientes.

Imunidade: é o estado de resistência geralmente associado à presença de anticorpos e citocinas


que possuem ação específica sobre o microrganismo responsável por uma doença infecciosa
específica ou sobre suas toxinas.

34
Uma classificação muito usada da imunidade indica dois tipos: imunidade ativa e imunidade passiva
(Figura 6).

Figura 6 - Tipos de imunidade

Natural (Doença)
Ativa
Artificial (Vacina)
IMUNIDADE
Natural (Transplancentária)
Passiva
Artificial (Soros)

Fonte: Adaptado de Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades, 2010.

A imunidade passiva, de curta duração (de alguns dias a vários meses) obtida naturalmente por
transmissão materna (através da placenta) ou artificialmente por inoculação de anticorpos protetores
específicos (soro de convalescente ou de pessoa imune ou soroglobulina imune humana, soro antitetânico,
soro antidiftérico, gamaglobulina etc).

A imunidade ativa, que costuma durar anos, é adquirida naturalmente como consequência de uma infecção,
clínica ou subclínica, ou artificialmente por inoculação de frações ou produtos de um agente infeccioso, ou
até mesmo agente morto, atenuado ou recombinado a partir de técnicas da engenharia genética.

A acumulação de suscetíveis é uma parte importante do processo da doença na população. Logicamente, a


proporção de suscetíveis em uma comunidade varia com as condições de vida e saúde dessa comunidade,
assim como com cada tipo de doença.

O indivíduo não pode se desligar do coletivo humano, motivo pelo qual é importante considerar o
fenômeno de resistência e suscetibilidade da comunidade em seu conjunto. Ainda assim, sem levar em
conta o tipo de agente patógeno ou a fonte de infecção, a proporção de suscetíveis em uma população
é um fator determinante da incidência da infecção e doença, principalmente nas situações onde ocorre
transmissão de pessoa a pessoa. Quando a proporção da população imune é alta, o agente tem menor
probabilidade de disseminação.

Essa propriedade se aplica às populações tanto humanas como de animais vertebrados e se denomina
imunidade de massa ou no caso de animais, “imunidade de rebanho”. Desde o ponto de vista do controle
de doenças específicas, como o sarampo no ser humano ou a raiva no cão, seria desejável saber
exatamente que proporção da população deve ser imune para que a disseminação de uma infecção
seja altamente improvável. Ainda que não seja fácil contar com informação precisa a esse respeito, se
dispõe de estimativas razoáveis para algumas doenças. Por exemplo, estima-se que, para interromper
a transmissão da difteria na população, se requer 75 a 85% de população imune. Essa informação é
de grande valor para os programas de eliminação e erradicação de doenças, como a poliomielite, o
sarampo, o tétano neonatal, entre outros.

Por outro lado, essa característica populacional ilustra o conceito dinâmico e interativo que tem a presença
ou ausência da doença na população. Os modelos matemáticos e a análise de epidemias demonstram
que a proporção da população imune não precisa ser de 100% para que a disseminação da doença na
população se detenha ou seja evitada.

35
MÓDULO IV
CALENDÁRIO BÁSICO DE VACINA

Unidade 1: Vacinar para romper a cadeia epidemiológica das doenças


As vacinas são substâncias biológicas que têm como propósito a proteção de algumas doenças. As vacinas
ativam o sistema imunológico, preparando o organismo para reconhecer e combater vírus e bactérias
em futuras infecções. São compostas por agentes semelhantes aos microrganismos que causam as
doenças, por toxinas e componentes desses microorganismos ou pelo próprio agente agressor.

A vacina quando é composta pelo próprio agente agressor pode ser atenuadas ou inativada.

VACINAS ATENUADAS (VÍRUS OU A BACTÉRIA ENFRAQUECIDOS)


Constituídas de microrganismos atenuados - obtidos pela seleção de cepas naturais e atenuados por
passagens em meios de cultura especiais. Essas vacinas provocam infecção similar à natural, têm, em
geral, grande capacidade protetora, conferem imunidade em longo prazo e são utilizadas em menor
número de doses que as vacinas inativadas.

Exemplos: vacinas caxumba, febre amarela, poliomielite oral, rotavírus, rubéola, sarampo e varicela.

VACINAS INATIVADAS
As vacinas inativadas são obtidas de diversos modos: microrganismos inteiros inativados por meios físicos
ou químicos, produtos tóxicos dos microrganismos, subunidades ou fragmentos de microrganismos,
engenharia genética, polissacarídeos extraídos da cápsula de microrganismos invasivos, vacinologia
reversa. Algumas das vacinas inativadas são imunógenos potentes e conferem proteção de longa
duração.

Exemplos: vacinas poliomielite (inativada), dupla adulto, influenza, hepatite B.

As vacinas podem ser: vacinas únicas, vacinas combinadas, vacinas conjugadas e vacinas recombinantes.

VACINAS ÚNICAS
Feitas com antígeno de apenas um agente infeccioso.

VACINAS COMBINADAS
São aquelas que oferecem proteção para mais de uma doença com a aplicação de uma única injeção.
São exemplos: a tetraviral, que protege do sarampo, caxumba, rubéola e varicela; a penta bacteriana,
que oferece proteção para a Hepatite B, difteria, tétano, coqueluche e Haemophilus; a tríplice viral, que
protege do sarampo, da caxumba e da rubéola; a tríplice bacteriana, contra difteria, tétano e coqueluche,
entre outras.

36
VACINAS CONJUGADAS
Vacina que combina antígeno polissacarídeo (cadeia de açúcares) a uma proteína para aumentar sua
capacidade de induzir resposta imunológica no vacinado. Por exemplo: vacina pneumocócica 10 valente
(conjugada), vacina meningocócica C (conjugada), vacina Haemophilus influenzae b (conjugada) e vacina
pneumocócica 23 valente (conjugada).

VACINAS RECOMBINANTES
São vacinas obtidas por engenharia genética como por exemplo as vacinas de Covid DNA e RNA.

O Programa Nacional de Imunizações disponibiliza nas Unidades Básicas de Saúde mais de 20 vacinas.
Segue abaixo o calendário básico de vacinação:

Quadro 2. Calendário básico de vacinação

IDADE/GRUPO VACINA ESQUEMA DE DOSES

BCG Dose única


Ao nascer
Hepatite B Uma dose

Pentavalente (DTP+Hib+HB) 1ª dose

Inativada contra pólio (VIP) 1ª dose


2 meses
Pneumo 10 1ª dose

Rota 1ª dose

3 meses Meningo C 1ª dose

Pentavalente (DTP+Hib+HB) 2ª dose

VIP 2ª dose
4 meses
Pneumo 10 2ª dose

Rota 2ª dose

5 meses Meningo C 2ª dose

Pentavalente (DTP+Hib+HB) 3ª dose

VIP 3ª dose

6 meses Dose campanha (seis meses a


menores de cinco anos de idade)
Influenza
Duas doses para menor de nove anos
em primovacinados

37
IDADE/GRUPO VACINA ESQUEMA DE DOSES

9 meses Febre amarela 1ª dose

Tríplice viral (VTV) Dose única

12 meses Pneumo 10 Reforço

Meningo C Reforço

Tríplice bacteriana (DTP) 1º reforço

Oral contra pólio (VOP) 1º reforço


15 meses
Tetra viral Dose única

Hepatite A Dose única

Tríplice bacteriana (DTP) 2º reforço

Oral contra pólio (VOP) 2º reforço


4 anos
Febre Amarela Reforço

Varicela 2º dose

HPV
Duas doses: 0, 180 dias após a primeira
9 anos Meninos e meninas:
dose.
09 a 14 anos.

Meningo ACWY
11 anos Meninos e meninas: Uma dose (ou reforço)
11 e 12 anos

38
IDADE/GRUPO VACINA ESQUEMA DE DOSES

Masculino: 09 a 45 anos
(imunodeprimidos
oncológicos,
transplantados de
medula óssea ou
órgãos sólidos e
pessoas com HIV/Aids).
HPV Três doses: 0, 60, 180 dias
Feminino: 09 a 45 anos
(imunodeprimidos
oncológicos,
transplantados de
medula óssea ou
órgãos sólidos e
pessoas com HIV/Aids)

Hepatite B Três doses

Duas doses: até 29 anos, 11 meses


VTV e 29 dias.
ADULTOS 1 dose: 30 a 59 anos

dT Três doses

Febre amarela Dose única

Uma dose a cada gestação/puerpério


dTpa
até 45 dias

GESTANTE
E PUÉRPERA Uma dose a cada gestação/puerpério
Influenza
até 45 dias

Hepatite B Três doses

Hepatite B Três doses

IDOSO dT Três doses

Influenza Dose anual

39
IDADE/GRUPO VACINA ESQUEMA DE DOSES

Hepatite B Três doses

dT Três doses

Influenza Dose anual

Febre Amarela Dose única

VTV Duas doses

PROFISSIONAL Uma dose e reforço a cada


dTpa (para profissionais)
DE SAÚDE 10 anos

Varicela (profissionais
de saúde não vacinados
e que trabalham na área
assistencial, especialmente Duas doses
em contato com pessoas
imunodeprimidas e os da
área de pediatria).

Fonte: Adaptado de Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Vacinação, 2022.

O que é um soro (homólogo e heterólogo)? Como é produzido?

Soro é um produto farmacológico constituído de anticorpos obtidos a partir do plasma de animais


imunizados. Os anticorpos de origem animal também são chamados de imunoglobulinas heterólogas.

O que é uma imunoglobulina? Como é produzida?

Imunoglobulina são anticorpos obtidos através de plasma de pessoas imunizadas. Os anticorpos de


origem humana também são chamados de imunoglobulinas homólogas.

40
TEXTO 5: INFORMAÇÕES SOBRE AGENTES IMUNIZANTES E CARACTERÍSTICAS
GERAIS DAS DOENÇAS IMUNOPREVENÍVEIS6
A prática de vacinação envolve diversos aspectos científicos e técnico-operacionais que dizem respeito
aos agentes imunizantes e a pessoa a ser imunizada:

Agentes imunizantes
• Natureza: A vacina é produto farmacêutico que contém um ou mais agentes imunizantes (vacina
monovalente ou combinada) em diversas formas biológicas, quais sejam: bactérias ou vírus vivos
atenuados; vírus inativados e bactérias mortas; componentes purificados e/ou modificados dos agentes
causadores das doenças contra as quais a vacina é dirigida.
• Composição: O produto final elaborado pode conter, além do agente imunizante, proteínas ou outros
componentes originados dos meios de cultura ou da cultura de células utilizados no processo de
produção da vacina, bem como outros componentes, como líquido de suspensão, conservantes,
antibióticos e outras substâncias especificadas a seguir:
o Líquido de suspensão: É constituído geralmente por água destilada ou solução salina fisiológica;
o Conservantes e antibióticos: Representados por pequenas quantidades de substâncias necessárias
para evitar o crescimento de contaminantes (bactérias e fungos), tais como mercuriais (timerosal)
e antibióticos (neomicina). São utilizados em frascos de multidoses;
o Estabilizantes: São substâncias que auxiliam na proteção das vacinas em condições adversas,
como: congelamento, calor, alterações do pH (tampões) e para obtenção de isotonicidade (NaCl).
Também são utilizados para formar volume, quando a vacina contém quantidades mínimas de
imunógenos, como, por exemplo, a vacina contra o Haemophilus influenzae tipo B, que contém
apenas 10 mcg do antígeno PRP. Os estabilizantes mais usados são: açúcar (sacarose e lactose),
proteínas derivadas de animais (gelatinas porcina ou bovina) ou de humanos (soroalbumina
humana), tampões (fosfato) e sais (NaCl). As proteínas de alto peso molecular, como gelatina
parcialmente hidrolisada, apresentam maior risco de desencadear reações de hipersensibilidade.
o Adjuvantes: São substâncias que aumentam a resposta imune de vacinas que contêm microrganismos
inativados ou seus componentes (por exemplo, os toxoides tetânicos e diftéricos). Não são utilizados
em vacinas que contêm microrganismos vivos. Os sais de alumínio são os adjuvantes mais utilizados
de forma isolada (hidróxido de alumínio, fosfato de alumínio, sulfato potássico de alumínio) ou mista.
Os adjuvantes podem causar eventos adversos locais, como formação de granuloma. Manifestações
alérgicas podem ocorrer se a pessoa vacinada for sensível a um ou mais dos componentes das vacinas.
• Origem dos produtos: Laboratórios nacionais e internacionais fornecem as vacinas para o país. Embora
a maioria dos produtos seja obtida a partir de cepas iniciais padronizadas, provenientes de instituições
de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS), e os meios ou células de cultura também estejam
padronizados, existem particularidades no processo de produção de cada laboratório. Mesmo substâncias
químicas acessórias (adjuvantes; conservantes; estabilizantes ou outras), podem ser diferentes. Estes
fatores eventualmente contribuem para que as vacinas variem discretamente no seu aspecto (presença
de floculação) ou coloração (exemplo: vacina tríplice viral – contra o sarampo, a caxumba e a rubéola –
que, após a reconstituição, por vezes, se apresenta com tonalidades que vão do róseo ao amarelo).
• Controle de qualidade: Realizado pelo laboratório produtor, deve obedecer aos critérios padronizados
estabelecidos pela OMS. Os lotes vacinais, após aprovação nos testes de controle do laboratório
produtor, são submetidos à análise pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS),
do Ministério da Saúde. Depois, a vacina é liberada para uso, garantindo a segurança, a potência
adequada e a estabilidade do produto final.

6. Adaptado do Curso de atualização para o trabalhador da sala de vacinação: manual do aluno, Ministério da Saúde, 3ªed., p. 51-52, 2014.

41
• Conservação: Todos os agentes imunizantes devem ser mantidos em temperatura adequada.

Características gerais das doenças imunopreveníveis

Quadro 3. Características gerais da tuberculose

Agente etiológico Bacilo de Koch ou Mycobacterium tuberculosis e M. Bovis.

Reservatório O indivíduo infectado, especialmente o bacilífero.

O paciente que elimina grandes quantidades de bacilos no escarro


Fonte de infecção
(bacilífero)*. O gado bovino e outros mamíferos.

De pessoa para pessoa, pelas gotículas de Wells eliminadas pela tosse


Modo de transmissão
de pacientes bacilíferos.

Variável (entre a infecção e a doença pode ou não haver um período de


Período de incubação
latência de anos).

Enquanto o doente eliminar os bacilos selvagens, ou seja, sem o efeito


Transmissibilidade
da quimioterapia.

Universal (maior em desnutridos, alcoólatras e indivíduos


Suscetibilidade
imunodeprimidos).

A infecção, doença e a vacina BCG conferem imunidade relativa e de


Imunidade
duração variável.

* Um paciente bacilífero (sem tratamento) infecta, nestas condições, aproximadamente entre cinco e dez pessoas
por ano e se mantém bacilífero geralmente por dois anos – até a recuperação espontânea, morte ou cronificação,
situação em que continuará eliminando bacilos por alguns anos. Iniciado o tratamento, o doente deixa de ser
bacilífero em aproximadamente 15 dias.

Quadro 3.1. Vacina BCG (Bacilo de Calmette Guérin)

Tipo de vacina Suspensão de bacilos atenuados.

Número de doses Uma (1) dose ao nascer, o mais precoce possível.

Ao nascer, podendo ser realizada até 4 anos, 11 meses e 29 dias. Em


Idade recomendada
adultos, apenas para contatos de hanseníase.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C Observar o prazo de validade do produto.


Conservação Não pode ser exposta à luz solar direta ou
Regional +2°C a +8°C difusa, mesmo por curto período.
Após diluição, a vacina só poderá ser
Local +2°C a +8°C utilizada dentro de um período de 6 horas.

42
Intradérmica, na altura da inserção inferior do músculo deltoide do
Via de administração braço direito. Para o comunicante de hanseníase, a dose extra deverá ser
administrada 1 cm abaixo da cicatriz vacinal.

• Laboratório FAP: 0,1 mL via intradérmica.


• Laboratório Serum Institute of India: 0,05 mL em crianças recém-
Dose
nascidas até 11 meses e 29 dias e 0,1 mL para pessoas a partir de 1
(um) ano de idade, via intradérmica

Cerca de 80% contra as formas graves, como meningite e tuberculose


Eficácia esperada
miliar.

Contraindicações de caráter geral. Ressalta-se a imunodeficiência


Contraindicações adquirida (Aids). Não é recomendável a aplicação da BCG em crianças
com menos de 2kg de peso, devido à escassez do tecido dérmico.

Lesão local, de evolução lenta e benigna, que se inicia por mácula, evolui
Evolução normal para pápula, crosta e úlcera, durando em geral dois meses e deixando
da lesão cicatriz plana. O enfartamento ganglionar axilar não supurado faz parte
da evolução normal e desaparece espontaneamente sem tratamento.

O evento adverso resulta em geral de técnica incorreta: aplicação


Eventos adversos profunda ou inoculação de dose excessiva. As mais comuns são
abscessos, úlceras ≥ a 1cm, gânglios flutuantes e fistulizados.(*)

Menores de 1 (um) ano de idade:


Não vacinados: administrar 1 (uma) dose de BCG;
• Comprovadamente vacinados que apresentem cicatriz vacinal: não
administrar outra dose de BCG.
• Comprovadamente vacinados que não apresentem cicatriz vacinal:
Uso em comunicantes administrar 1 (uma) dose de BCG 6 (seis) meses após a última dose.
de hanseníase
A partir de 1 (um) ano de idade:
• Sem cicatriz: administrar 1 (uma) dose;
• Vacinados com 1 (uma) dose: administrar outra dose de BCG, com intervalo
mínimo de 6 (seis) meses após a dose anterior;
• Vacinados com 2 (duas) doses: não administrar outra dose de BCG.

Não administrar a BCG. Tratar a criança com medicação recomendada pelo


protocolo da TB por 3 meses e após este período fazer o PPD. Se o resultado
Casos de RN nascidos
do PPD for ≥ 5mm, a quimioprofilaxia deverá ser mantida por mais três
de mãe bacilífera
meses; caso contrário, interrompe-se o uso da medicação e vacina-se com
BCG.

(*) Tratamento: isoniazida (hidrazida) – 10mg/kg de peso por dia até a regressão da lesão. O paciente com evento
adverso deve ser avaliado pelo médico do Programa de Pneumologia Sanitária ao qual caberá instituir o tratamento.

43
Quadro 4. Características gerais da hepatite B

Agente etiológico Vírus da hepatite B

Reservatório O homem

• Pelo sangue: transfusão, contaminação de ferida, lacerações, uso de


seringas contaminadas e secreções vaginais;
Modo de transmissão
• Pelo sêmen: atividades sexuais;
• Da mãe para o filho: no período perinatal ou no útero.

Período de incubação 45 a 160 dias, mas, em média, é de 60 a 90 dias.

De dois a três meses antes dos sintomas, durante a fase aguda da


Transmissibilidade doença, podendo persistir por vários anos até o resto da vida, no caso
do portador crônico.

Suscetibilidade Geral

• Pela infecção natural;


Imunidade • Pela vacina;
• Pela imunoglobulina (temporária, + ou - 28 dias).

Quadro 4.1. Vacina contra a hepatite B

Tipo de vacina Recombinação de ADN (ácido desoxirribonucleico) – engenharia genética.

• Três doses com intervalo de 0 – 1 – 6 meses;


Número de doses e
• Quatro doses com intervalo de 0 – 1 – 2 – 6 a 12 meses, para as
intervalo entre as
situações especiais do CRIE;
doses
• Dose com volume dobrado para hemodialisados e imunodeprimidos.

Idade recomendada A partir do nascimento, o mais cedo possível.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Conservação Prazo de validade após frasco aberto:
Regional +2°C a +8°C Até 15 dias: Lab. Butantan
Até 28 dias: Lab. LG Chemical e SERUM.
Local +2°C a +8°C

44
Intramuscular no músculo anterior da coxa, região ventroglútea
Via de administração
(Hochstetter), lateral da coxa ou deltoide, dependendo da idade do receptor.

Para Butantan e SERUM: 0,5ml até 19 anos 11 meses e 29 dias de idade e


1ml em indivíduos a partir de 20 anos. Para LG Life Sciences 0,5ml até 15
Dose
anos 11 meses e 29 dias e 1 ml em indivíduos a partir de 16 anos. Dose com
(volume)
volume dobrado em imunodeprimidos. No entanto, observar outras reco-
mendações, a depender do laboratório produtor.

Eficácia esperada Superior a 95% (após a 3ª dose)

Duração da imunidade Prolongada

• Para todos os indivíduos sem limite de faixa etária;


Indicações • Caso haja atraso da segunda dose, a terceira deverá aguardar pelo
menos dois meses após a segunda dose.

Contraindicações Anafilaxia em dose anterior

Eventos adversos Febre, cefaleia, reações locais leves, mal-estar e, raramente, anafilaxia.

Doses e volume das vacinas hepatite B Laboratório Butantan, SERUM, e LG Life Science
Nas indicações para imunodeprimido, hemodialisado, pré-diálise, HIV, transplantado de órgão sólido,
paciente com neoplasia ou que necessite quimioterapia, radioterapia ou corticoterapia:
• Em menores de 20 anos de idade para vacina Butantan e SERUM (até 19 anos, 11 meses e 29 dias) e
em menores de 16 anos para vacina LG Life Science (até 15 anos, 11 meses e 29 dias): administrar via
intramuscular, 1,0 ml de suspensão injetável; esquema de 04 doses (momento 0, 1, 2 e 6);
• Com 20 anos ou mais de idade para vacina Butantan e SERUM e em maiores de 15 anos (16 anos e
mais) para vacina LG Life Science: administrar via intramuscular 2,0 ml de solução injetável; esquema
de 4 doses (momento 0, 1, 2 e 6);
• Recém-nascido filho de mãe HIV positivo: administrar via intramuscular, 0,5 ml de suspensão
injetável; esquema de 4 doses (momento 0, 2, 4 e 6 meses de idade), conforme o calendário vacinal
de rotina (doses de 2, 4 e 6 meses feitas com penta). Aos 15 meses, aplicar mais uma dose de
vacina penta (1º ref. com penta e não com DTP). Aos 18 meses, se a criança tiver resultado para HIV
reagente, realizar sorologia para anti-HBS. Caso o resultado do anti-HBS seja < 10UL, aplicar um novo
esquema de 4 doses de hepatite B monovalente, dose dobrada para a faixa etária (1ml) nos tempos
0,30,60,180.

Nas indicações para imunocompetentes:


• Em menores de 20 anos de idade para vacina Butantan e SERUM (até 19 anos, 11 meses e 29 dias) e
em menores de 16 anos para vacina LG Life Sciences (até 15 anos, 11 meses e 29 dias): administrar via
intramuscular, 0,5 ml de suspensão injetável; esquema de 3 doses (momento 0,1 e 6);

45
• Com 20 anos ou mais de idade para vacina Butantan e SERUM e para maiores de 15 anos, 11 meses
e 29 dias (com 16 anos e mais) para vacina LG Life Sciences: administrar via intramuscular, 1,0 ml de
solução injetável; esquema de 3 doses (momento 0, 1 e 6);
• Recém-nascido filho de mãe HBsAg reagente: administrar as doses segundo o calendário (ao nascer
com HB mono e com volume normal e aos 2, 4 e 6 meses com penta) e aplicar simultaneamente à
primeira dose, em local diferente da vacina, a imunoglobulina humana hiperimune contra hepatite B
até o 7º dia de vida. Sorotestar no nono mês e caso seja não reagente, aplicar mais um esquema de
3 doses normais (0,30,180);
• RN de baixo peso: aplicar 04 doses com volume normal (0,5ml) seguindo a rotina: ao nascer com HB
monovalente e aos 2, 4 e 6 meses com a vacina penta. Se menor de 31 semanas e/ou 1000gr a primeira
dose pode ser feita com a vacina DTPa + Hib monovalente, desde que solicitadas ao CRIE;
• Transplantado de TMO: aplicar esquema de 03 doses (0,30,180) com volume normal para a faixa
etária.

Quadro 5. Características gerais do tétano, da difteria, da coqueluche


e do Haemophilus influenzae conjugado tipo B

TÉTANO

Agente etiológico Clostridium tetani – bacilo gram-positivo anaeróbico.

Reservatório Trato intestinal do homem e animais domésticos, especialmente o cavalo.

Neonatal Contaminação do coto umbilical com esporos do C. tetani.

Contaminação de ferimentos (às vezes insignificantes,


Modo de transmissão
embora as queimaduras e tecidos necrosados favoreçam
Acidental
especialmente o desenvolvimento do bacilo anaeróbico);
não se transmite pessoa a pessoa.

De 2 a 21 dias, variando com a natureza, extensão e localização da ferida.


Período de incubação
Quanto menor o tempo de incubação, pior o prognóstico.

Transmissibilidade Não se transmite de um indivíduo para outro.

Suscetibilidade Universal (maior letalidade em recém-nascido).

• Pela vacina – duração de dez anos, após três doses;


• Por anticorpos maternos – imune ao tétano neonatal;
Imunidade • Pela imunoglobulina homóloga ou heteróloga antitetânica –
imunidade transitória;
• A doença não confere imunidade.

46
COQUELUCHE

Agente etiológico Bacilo da coqueluche: Bordetella pertussis.

Reservatório O homem

Pessoa a pessoa, pelas secreções nasofaríngeas, especialmente na fase


Modo de transmissão
catarral (início da doença).

Período de incubação 6 a 14 dias

Maior transmissibilidade durante a fase catarral, diminuindo nas três


Transmissibilidade
semanas seguintes, quando já é insignificante.

Universal (maior em menores de cinco anos, mais grave em menor de um


Suscetibilidade
ano).

• Pela doença
Imunidade
• Pela vacina

DIFTERIA

Agente etiológico Corynebacterium diphtheriae, bacilo gram-positivo.

Reservatório O homem, sendo frequente o portador assintomático.

Contato com doente ou portador (exsudato e secreções das mucosas do


Modo de transmissão nariz, faringe ou lesões cutâneas ou com objetos contaminados por suas
secreções).

Período de incubação Um a seis dias.

• Enquanto houver bacilos virulentos nas secreções e lesões;


• Em geral duas a quatro semanas;
Transmissibilidade
• Com quimioterapia adequada, a transmissibilidade cessa 24 a 48
horas após iniciado o tratamento.

Suscetibilidade Universal (maior em menores de seis anos).

• Pela vacina;
• A infecção natural, em geral, não confere imunidade permanente;
Imunidade • Por anticorpos maternos. Filhos de mães imunes apresentam
imunidade nos primeiros meses de vida;
• Pelo soro antidiftérico – temporário e de curta duração.

47
Haemophilus influenzae B

Agente etiológico Forma capsulada da bactéria Haemophilus influenzae B (Hib).

Reservatório O homem

Modo de transmissão Transmissão direta – por gotículas e secreções nasofaríngeas.

Período de incubação De dois a quatro dias.

Enquanto a bactéria estiver presente no organismo, 24 a 48 horas após o


Transmissibilidade
início da antibioticoterapia.

Suscetibilidade Universal

A imunidade aumenta com a idade, podendo ser induzida por vários


cocos, Streptococcus pnemoniae, algumas cepas da Escherichia coli e
Imunidade
outras bactérias, promovendo imunidade cruzada. Portanto, a partir de
três anos, a suscetibilidade vai diminuindo.

* As principais infecções causadas pelo Haemophilus influenzae b são: meningite, septicemia, pneumonia, celulite,
artrite séptica, osteomielite e pericardite.

Quadro 5.1. Vacina contra o tétano, a difteria, a coqueluche – DTP (tríplice bacteriana).
Vacina contra tétano e difteria dT (dupla adulto).

• DTP – toxoide diftérico + toxoide tetânico + bactéria da coqueluche;


Tipo de vacina
• dT – toxoide diftérico + tetânico (tipo adulto).

• DTP: duas doses de reforço, uma aos 15 meses e outra aos 4 anos. O
intervalo entre a terceira dose (com penta) e o reforço com DTP e entre
as duas doses de reforço com DTP é no mínimo de 06 meses. Manter
reforços de 10 em 10 anos com a vacina (dT) dupla adulto;
• dT: A partir dos 7 anos de idade, para aqueles indivíduos ainda não
vacinados ou com esquema incompleto. São adotados dois esquemas
no Brasil:
Número de doses e o três doses com intervalo de 60 dias (mínimo de 30 dias).
intervalos entre as • Gestantes: devem ser vacinadas contra o tétano como estratégia de
doses eliminação do tétano neonatal; nestes casos o esquema deve ser iniciado,
terminado ou complementado com uma dose da vacina dTpa;
• No caso de ferimentos graves, o reforço deverá ser antecipado para 05
anos;
• Criança com 6 anos sem nenhuma dose de reforço, administrar o 1º
reforço. Na impossibilidade de manter o intervalo de 6 meses entre as
doses de reforço, agendar dT para 10 anos após esse primeiro reforço.
Neste caso, essas crianças ficam liberadas do segundo reforço da DTP.

48
• DTP: reforço aos 15 meses e 4 anos. Pode ser utilizada até 6 anos, 11
Idade recomendada meses e 29 dias;
• A partir de sete anos: usar a dupla adulto (dT).

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C Observar o prazo de validade e conservação


do produto;
Conservação Regional +2°C a +8°C
Prazo de validade após frasco aberto:
Até 15 dias: Lab. Butantan
Até 04 semanas: Serum Institute of India
Local +2°C a +8°C
ou Biofarma ou a depender do laboratório
produtor.

Via de administração Intramuscular profunda

Dose 0,5ml (ou de acordo com o laboratório produtor)

• Difteria: 80 a 90% (após 3ª dose);


Eficácia esperada • Coqueluche: em torno de 75 a 80% (após 3ª dose);
• Tétano: aproximadamente 100% (após 3ª dose).

Duração de • Coqueluche e difteria – alguns anos;


imunidade • Tétano – acima de 10 anos.

• Indivíduos com doença neurológica em atividade.


• Indivíduos que tenham apresentado os seguintes sintomas ou patologias
após a(s) aplicação(ões) de dose(s) anterior(es):
a) Convulsão nas primeiras 72 horas;
b) Encefalopatia nos primeiros sete dias;
c) Episódio hipotônico-hiporresponsivo;
Contraindicações d) Neuropatia periférica;
e) Reação de Arthus;
f) Síndrome de Guillain-Barré;
g) Anafilaxia (choque anafilático).

Notas:
Nas situações acima (itens a, b, c), em face da contraindicação para o uso da
vacina tríplice (DTP), utilizar a vacina dupla tipo infantil (DT) ou DTP acelular.

• Leves: dor, vermelhidão e enduração locais, febre, mal-estar geral e


irritabilidade nas primeiras 24 ou 48 horas;
Eventos adversos
• Graves: convulsão e episódio hipotônico-hiporresponsivo, anafilaxia e
encefalopatias.

49
Quadro 5.2. Vacina contra o tétano, a difteria e a coqueluche acelular tipo adulto - dTp acelular
(uso adulto e infantil a partir de 4 anos)

• Vacina inativada composta por toxoides diftérico, tetânico e pertussis;


• Adsorvida em hidróxido e fosfato de alumínio;
Tipo de vacina
• Forma de apresentação: suspensão em frasco, seringa monodose com
0,5ml.

• A vacina é indicada para as gestantes, a cada gestação, a partir da


vigésima semana (20ª). Importante vacinar o mais precocemente
possível, dentro da indicação do período de gestação, pelo risco de
intercorrências, por exemplo, do parto prematuro.
• A vacina é indicada para profissionais de saúde e parteiras tradicionais.
Indicação Observação: Segundo o Ministério da Saúde parteira tradicional é
aquela que presta assistência ao parto domiciliar baseada em saberes
e práticas tradicionais e é reconhecida pela comunidade como parteira.
• Administrar uma dose de dTpa para todos os profissionais de saúde,
considerando o histórico vacinal de difteria e tétano.
• Em casos de gestantes que não receberam a vacina durante a gestação,
a dTpa pode ser feita até 45 dias de puerpério.

Para gestante: O esquema recomendado da vacina tipo adulto-dTpa é uma


dose a cada gestação;
Número e intervalo A depender da situação vacinal encontrada, administrar uma dose da vaci-
entre as doses na dTpa para iniciar esquema vacinal, completar ou como dose de reforço.
Para profissionais de saúde: administração de uma dose de dTpa e reforço
a cada dez anos com dTpa (em detrimento da dT) caso continue na mesma
função no trabalho.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Conservação Observar o prazo de validade e conserva-
Regional +2°C a +8°C ção do produto; após a abertura do frasco
utilizar o conteúdo imediatamente.
Local +2°C a +8°C

Via de administração Intramuscular profunda na região ventroglútea ou deltoide

Dose 0,5ml (ou de acordo com o laboratório produtor)

50
A efetividade da vacina na prevenção da doença em lactentes até os três
meses de idade foi estimada em 91%, quando a vacina é aplicada até 28
dias antes do parto. Posteriormente, a proteção conferida pela mãe é
Eficácia esperada progressivamente menor, sendo de 38% se a vacina é aplicada na última
semana de gravidez. Após a administração de dTpa, é necessário um mínimo
de duas semanas para gerar uma resposta imune máxima para os antígenos
da vacina.

Anafilaxia e eventos neurológicos subsequentes à administração de dT e


Contraindicações
dTpa e a seus componentes.

• Locais: dor, hiperemia e enduração


Eventos adversos • Sistêmicos: febre > ou = a 40ºC, convulsão febril, episódio hipotônico-
hiporresponsivo (raro).

Quadro 5.3. Vacina contra o tétano, a difteria, a coqueluche, o haemophilus influenzae tipo b,
hepatite B, vacina pentavalente

DTP +Hib +HB– toxoide diftérico + toxoide tetânico + bactéria da coqueluche


Tipo de vacina + proteína da cápsula do Haemophilus influenzae b (PRP) + vírus inativado
(engenharia genética) da hepatite B

Número de doses e
Três doses: aos 2, 4 e 6 meses, com o intervalo de 60 dias entre as doses
intervalos entre as
(intervalo mínimo de 30 dias)
doses

• 2 meses, 4 meses, 6 meses, podendo ser utilizada, quando necessário,


até 6 anos, 11 meses e 29 dias (idade em que as crianças ainda podem
Idade recomendada
receber a DTP de célula inteira)
• A partir de sete anos: usar a dupla adulto (dT)

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C Observar o prazo de validade e conser-


Conservação vação do produto; após a abertura do
Regional +2°C a +8°C frasco utilizar o conteúdo imediatamente
(frasco unidose) ou conforme orientação
Local +2°C a +8°C do laboratório produtor.

Via de administração Intramuscular profunda

Dose 0,5ml (de acordo com o laboratório produtor)

51
• Difteria: 80 a 90% (após 3ª dose)
• Coqueluche: em torno de 75 a 80% (após 3ª dose)
Eficácia esperada • Tétano: aproximadamente 100% (após 3ª dose)
• Haemophilus: em torno de 95% (após 3ª dose)
• Hepatite B: em torno de 95% (após 3ª dose)

• Coqueluche e difteria: alguns anos


• Tétano: acima de 10 anos
Duração de imunidade
• Haemophilus: vários anos
• Hepatite B: vários anos

Crianças com doença neurológica em atividade


Crianças que tenham apresentado após a(s) aplicação(ões) de dose(s)
anterior(es):
a) convulsão nas primeiras 72 horas;
b) encefalopatia nos primeiros sete dias;
Contraindicações c) episódio hipotônico-hiporresponsivo;
d) anafilaxia.
Notas:
Nas situações acima (itens a, b, c), em face da contraindicação para o uso da
vacina tríplice (DTP), utilizar a vacina dupla tipo infantil (DT) ou DTP acelular
e dar continuidade aos esquemas com a vacina Hib e HB unidose.

• Leves: dor, vermelhidão e enduração locais, febre, mal-estar geral e


irritabilidade nas primeiras 24 ou 48 horas;
Eventos adversos
• Graves: convulsão e episódio hipotônico-hiporresponsivo, anafilaxia e
encefalopatias.

Quadro 5.4. Vacina contra o Haemophilus influenzae conjugado tipo b

Polissacarídeo conjugado a uma proteína (toxoide diftérico, toxoide diftérico


Tipo de vacina* mutante não tóxico – CRM-27, membrana externa da Neisseria meningitidis B
e toxoide tetânico).

Número de doses No primeiro ano de vida: 3 doses, com intervalo de 60 dias.

De 2 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias


Idade recomendada • Para os menores de 1 ano = 3 doses;
• Para os maiores de 1 ano = 1 dose.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Conservação
Observar o prazo de validade: utilizar por
Regional +2°C a +8°C
até 5 dias após a abertura do frasco.
Local +2°C a +8°C

52
Via de administração Subcutânea ou intramuscular – conforme laboratório produtor

Dose (volume) 0,5ml (ou conforme laboratório produtor)

Eficácia esperada Próxima de 100% (após 3ª dose)

Duração da imunidade Prolongada

Na rotina: crianças de 2 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias;


Indicações
Nos CRIEs: ver manual CRIE, p.99.

As contraindicações gerais
Contraindicações
Hipersensibilidade a qualquer componente da vacina

• Reações locais: dor, eritema, edema, calor e enduração


Eventos adversos
• Reações sistêmicas: febre, erupção cutânea, irritabilidade e sonolência

* A vacina Hib NÃO protege contra as infecções causadas por outros tipos de Haemophilus influenzae, nem contra
as meningites de outras origens.

Quadro 6. Características gerais da poliomielite

Enterovírus da família Picornarviridae, denominado poliovírus de três


Agente etiológico
sorotipos I, II, III.

Reservatório O homem

De pessoa a pessoa, pelas secreções nasofaríngeas (de uma a duas


Modo de transmissão semanas após a infecção), pela água e pelos alimentos contaminados com
fezes de doentes ou portadores.

Período de incubação 2 a 30 dias (em geral de 7 a 12 dias).

7 a 10 dias antes do início dos sintomas, até cerca de seis semanas depois
Transmissibilidade
(em geral, uma semana após).

Pela infecção natural por vírus selvagem (imunidade duradoura ao tipo


antigênico específico de polivírus causador da infecção).
Suscetibilidade
Universal, mas somente de 0,1% a 2% dos infectados desenvolvem a
forma paralítica.

Pelos anticorpos maternos, nas primeiras semanas de vida:


Imunidade • Pela vacina
• Pela doença

53
Quadro 6.1. Vacina oral contra a poliomielite (SABIN)

Tipo de vacina Vírus atenuado bivalente (I e III)

Número de doses e Dois reforços: um reforço aos 15 meses e outro aos 4 anos (nos casos
intervalo entre as de esquema atrasado, o intervalo mínimo entre a terceira dose (VIP) e o
doses primeiro reforço, e entre os dois reforços é de 6 meses).

Idade recomendada 15 meses para o 1º reforço e 4 anos para o segundo reforço.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central -20°C
Observar o prazo de validade do produto.
Conservação
Regional +2°C a +8°C Utilizar por cinco dias após aberto o frasco
e por três meses após o descongelamento
Local +2°C a +8°C (dependendo do laboratório produtor).

Via de administração Oral

Dose (volume) Duas gotas (ou conforme laboratório produtor)

Após a terceira dose, com VOP a eficácia é de 90 a 95%, para os três


Eficácia esperada
sorotipos.

• Indicado primeiro e segundo reforço;


• Em campanhas: a partir de 6 meses até 4 anos, 11 meses e
29 dias e apenas para aqueles que já tenham 3 doses de VIP,
independente da data da última dose ou de outras doses já
Indicações recebidas;
• Não há necessidade de intervalo antes e após a mamada;
• Não repetir a dose se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após
a administração da vacina;
• Em caso de diarreias severas e vômitos intensos deve-se adiar.

• É contraindicada para os contatos de imunodeprimidos;


• Ver as contraindicações de caráter geral e para as vacinas vivas;
Contraindicações • É contraindicada a vacinação com VOP em hospitais pela
possibilidade de transmissão do vírus vacinal a pacientes
imunodeprimidos.

Poliomielite pós-vacinal em cerca de um caso para 5.000.000 de doses


Eventos adversos
aplicadas, sendo 10.000 vezes mais frequentes em imunodeprimidos.

54
Quadro 6.2. Vacina inativada contra a poliomielite (VIP ou SAlK)

Tipo de vacina Vírus inativado trivalente (I, II e III).

Número de doses e
Três doses, aos 2, 4 e 6 meses. Com intervalo de 60 dias (intervalo mínimo
intervalo entre as
de 30 dias).
doses

Idade recomendada 2, 4 e 6 meses.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2ºC a +8ºC


Conservação Depois de aberto utilizar em 28 dias
Regional +2ºC a +8ºC ou conforme orientação do laboratório
produtor.
Local +2ºC a +8ºC

Via de administração Intramuscular

Dose (volume) 0,5 ml (ou conforme laboratório produtor)

Eficácia esperada Após a terceira dose, com VIP a eficácia é de 90 a 95%, para os três sorotipos.

Indicações Na rotina para toda criança aos 2, 4 e 6 meses.

Contraindicações Nenhuma contraindicação prática, apenas as de caráter geral.

Eventos adversos Locais: eritema, enduração, hiperestesia.

Quadro 7. Características gerais do rotavírus

Agente etiológico Vírus RNA (ácido ribonucleico), família Reoviridae, gênero rotavírus

Reservatório O homem e os animais.

Modo de transmissão Fecal – oral, de pessoa a pessoa ou por meio de fômites.

Período de incubação Em média, de um a dois dias.

Principalmente no 3º e 4º dias dos sintomas, persistindo por tempo


Transmissibilidade
indeterminado.

Suscetibilidade Universal, principalmente em crianças de 6 meses a 2 anos.

• Pela doença;
Imunidade • Pela vacina, imunidade contra os vírus utilizados na vacina e imunidade
cruzada para gastrenterites causadas por outras cepas não G1.

55
Quadro 7.1. Vacina rotavírus

Tipo de vacina Vírus vivo atenuado, monovalente, cepa RIX 4414, sorotipo G1(P8)

Duas doses: o paciente que não receber a primeira dose também não deve
Número de doses
receber a segunda. Nunca se repete a dose.

2 meses e 4 meses
Idade mínima de 1 mês e 15 dias e máxima de 3 meses e 15 dias para a
Idade recomendada
primeira dose; idade mínima de 3 meses e 15 dias e máxima de 7 meses e
29 dias para a segunda dose. Intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.

Nível da Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Conservação Até a validade do produto. Depois de aberto,
Regional +2°C a +8°C utilizar imediatamente ou conforme
orientação do laboratório produtor.
Local +2°C a +8°C

Via de administração Oral

Dose (volume) 1,5ml dependendo do laboratório produtor

70% para todas as formas de diarreia, 86% para as formas graves de


Eficácia esperada
diarreia e 80% para hospitalização por rotavírus.

Duração de imunidade Não há estudos sobre a persistência da imunidade.

• Imunodeficiência congênita ou adquirida;


• Uso de corticoide em dose imunossupressora;
• Uso de imunossupressor;
Contraindicações • Presença de doença gastrointestinal crônica;
• Má formação congênita do trato digestivo;
• História prévia de intussuscepção;
• Presença de diarreia ou vômito intenso (que levem a desidratação).

• Muito comum: irritabilidade;


• Comum: perda do apetite, diarreia, vômito, flatulência, dor abdominal,
Eventos adversos febre, fadiga;
• Incomum: constipação, sonolência, distúrbio do sono;
• Raros: cãibras, dermatite, exantema, rouquidão, rinorreia.

• A vacina Rotavírus Humano Vivo Atenuado Oral pode ser administrada


concomitantemente ou com qualquer intervalo de tempo entre as demais
Administração com
vacinas monovalentes ou combinadas.
outras vacinas
• Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após a vacinação, não repetir
a dose.

56
Quadro 8. Características gerais das pneumonias por pneumococo

Agente etiológico Bactéria capsulada Streptococcus pneumoniae

Reservatório O homem

Direta, pelas vias respiratórias, ou indireta, por objetos contaminados


Modo de transmissão
pelas secreções respiratórias.

Período de incubação Não estimado com precisão, podendo ser de 1 a 3 dias

Suscetibilidade Universal

• Pela doença;
• As vacinas não conjugadas contra o pneumococo conferem
Imunidade
imunidade relativa e de curta duração. As vacinas conjugadas
conseguem promover imunidade duradoura.

Quadro 8.1. Vacina pneumocócica 10 valente conjugada

• 1ª dose aos 2 meses;


Idade recomendada • 2ª dose aos 4 meses;
• Reforço aos 12 meses.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Depende do laboratório produtor: observar
Conservação
o prazo de validade do produto; utilizar
Regional +2°C a +8°C
imediatamente após a reconstituição ou
de acordo com a bula do fabricante.
Local +2°C a +8°C

Via de administração Intramuscular

Dose 0,5ml (ou conforme laboratório produtor)

Duração da imunidade Prolongada sempre que a vacina for conjugada.

57
• Crianças que iniciaram o esquema primário após 4 (quatro) meses de
idade, devem completá-lo até 12 meses, com intervalo mínimo de 30
dias entre as doses; administrar o reforço com intervalo mínimo de 60
dias após a última dose;
• O reforço deve ser administrado entre 12 meses e 4 (quatro) anos, 11 meses
e 29 dias;
• Criança entre 1 (um) e 4 (quatro) anos de idade com esquema completo
Indicações
de 2 (duas) ou 3 (três) doses, mas sem a dose de reforço, administrar o
reforço;
• Crianças sem comprovação vacinal, entre 12 meses e 4 (quatro) anos 11
meses e 29 dias, administrar dose única;
• Para as crianças de 2 (dois) meses a menores de 5 (cinco) anos de idade,
com indicação clínica especial manter esquema de 3 (três) doses e reforço,
conforme as indicações do CRIE.

Reação alérgica a qualquer um dos componentes da vacina e nas situações


Contraindicações
de adiamento da vacinação.

• Locais: dor, rubor, edema, enduração no local da aplicação;


• Sistêmicos: febre ≥ 38°C, choro, irritabilidade, sonolência, perda do
Eventos adversos apetite;
• Raros: convulsão febril, rash, reações alérgicas do tipo dermatite
atópica, eczema.

Quadro 9. Características gerais das meningites meningocócicas

Bactéria Neisseria meningitidis com sorogrupos do tipo A, B, C e D, Y,


Agente etiológico
W-135, 29-E e sorotipos.

Reservatório O homem

Modo de transmissão Direta – pelas secreções nasofaríngeas.

Período de incubação Em média, três a quatro dias, podendo variar de dois a dez dias.

Perdura até o desaparecimento do meningococo das secreções nasofaríngeas,


Transmissibilidade
geralmente 24 horas após o início do tratamento.

Suscetibilidade Universal, porém baixa

• Pela doença;
Imunidade • As vacinas não conjugadas contra a meningite conferem imunidade
relativa e de curta duração.

58
Quadro 9.1. Vacina contra a meningite meningocócica C

Tipo de vacina em uso Oligossacarídeo Meningocócico C conjugado com a proteína CRM-197 de


no Brasil Corynebactérium diphteriae.

• Para o menor de 1 ano, duas doses com um reforço aos 12 meses;


• Criança entre 10 e 11 meses não vacinadas deverão receber apenas
uma dose da vacina e uma dose de reforço aos 12 ou 15 meses;
Número de doses • Criança entre 1 ano a menor de 5 anos de idade não vacinada deverá
receber apenas uma dose desta vacina;
• O intervalo mínimo entre as doses é 30 dias e entre a segunda dose e
o reforço é de 60 dias.

• A partir dos 2 meses. No Brasil, na vacina de rotina, no terceiro e quinto


mês, podendo ser aplicada até 4 anos 11 meses e 29 dias. Crianças que
Idade recomendada
recebem uma dose a partir de 1 ano não necessitam de mais doses ou
reforços.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Depende do laboratório produtor: observar
Conservação
Regional +2°C a +8°C o prazo de validade do produto;
utilizar imediatamente após a reconstituição
Local +2°C a +8°C ou de acordo com a bula do fabricante.

Via de administração Intramuscular

Volume da dose 0,5ml (ou conforme laboratório produtor)

Duração da imunidade Prolongada sempre que a vacina for conjugada.

Indicações Para crianças de 2 meses até 4 anos 11 meses e 29 dias.

Reação alérgica a qualquer um dos componentes da vacina e nas


Contraindicações
situações de adiamento da vacinação.

59
• Locais: rubor, edema, endurecimento e hipersensibilidade/dor.
• Sistêmicos
• Crianças pequenas: febre, choro, irritabilidade, sonolência ou
comprometimento do sono, anorexia, diarreia e vômitos;
• Adultos: vertigem, febre, cefaleia, náuseas e vômitos, desmaios,
mialgia e artralgia.
• Raros
• Distúrbios gastrointestinais (vômitos, náusea e diarreia);
• Distúrbios da pele e do tecido subcutâneo (erupções cutâneas,
urticária, prurido, púrpura, eritema multiforme e síndrome de
Steven-Johnson);
Eventos adversos • Distúrbios musculoesqueléticos, do tecido conjuntivo e ossos
(mialgia e artralgia);
• Reações de hipersensibilidade grave incluindo anafilaxia,
broncoespasmo, edema facial e angioedema, podendo ocorrer, em
proporção inferior, uma pessoa em cada dez mil que recebem esta
vacina.
• Muito Raros
• Distúrbios do sistema nervoso: vertigens, convulsões incluindo
convulsões febris, desmaios, hipoestesias e parestesias, hipotonia;
• Distúrbios visuais e fotofobias, geralmente associados com outros
sinais e sintomas neurológicos como cefaleia e vertigem;
• Convulsões.

Quadro 9.2. Vacina contra a meningite meningocócica ACWY

Oligossacarídeo meningocócico A...10 mcg Conj. com proteína CRM197


de Corynebacterium diphtheriae...6,7 a 33,3 mcg; Oligossacarídeo
meningocócico C...5 mcg Conj. com proteína CRM197 de Corynebacterium
Tipo de vacina em uso
diphtheriae...7,1 a 12,5 mcg; Oligossacarídeo meningocócico W-135...5 mcg
no Brasil
Conj. com proteína CRM197 de Corynebacterium diphtheriae...3,3 a 8,3mcg;
Oligossacarídeo meningocócico Y...5 mcg Conj. com proteína CRM197 de
Corynebacterium diphtheriae...5,6 a 10 mcg;

Número de doses Uma dose

Adolescentes de 11 e 12 anos, independentemente de ter recebido


Idade recomendada
anteriormente a vacina MenC (conjugada) ou dose de reforço.

60
Nível da temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Conservação Até a validade do produto. Utilizar
Regional +2°C a +8°C imediatamente ou conforme orientação
do laboratório.
Local +2°C a +8°C

Via de administração Intramuscular

Volume da dose 0,5ml (ou conforme laboratório produtor)

Duração da imunidade Prolongada sempre que a vacina for conjugada.

Indicações Na rotina para adolescentes de 11 e 12 anos.

Contraindicada para pacientes com hipersensibilidade a qualquer um dos


Contraindicações
componentes da vacina, incluindo o toxóide diftérico.

Quadro 10. Características gerais da febre amarela

Agente etiológico Vírus da febre amarela

Reservatório O homem, os primatas e o mosquito transmissor.

Modo de transmissão Picada do mosquito transmissor infectado.

Período de incubação Três a seis dias, em média.

De um a dois dias antes do início dos sintomas e durante os três a cinco


Transmissibilidade
primeiros dias da doença.

Suscetibilidade Geral

• Pela doença;
Imunidade • Pela vacina;
• Por anticorpos maternos, até o 6º mês de idade.

61
Quadro 10.1. Vacina contra febre amarela

Tipo de vacina Vírus vivo atenuado

Número de doses Uma dose única dose a partir do ano de 2017.

• Crianças entre nove meses de vida a menores de cinco anos de idade:


administrar duas doses aos nove meses de vida, e uma dose de reforço
Idade recomendada aos quatro anos de idade.
• Pessoas com mais de cinco anos que fizeram a primeira dose antes de
completar cinco anos: aplicar mais uma dose.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Conservação Utilizar o frasco por até 6 horas após
Regional +2°C a +8°C a diluição (varia conforme laboratório
produtor e apresentação do frasco).
Local +2°C a +8°C

Via de administração Subcutânea

Dose (volume) 0,5ml

Eficácia esperada Acima de 95%

Duração da imunidade Prolongada

• Para todos os indivíduos de 09 a 59 anos de idade.


• A partir de 60 anos de idade a pessoa deve receber a vacina desde que:
- apresentem risco elevado de adquirir febre amarela;
Indicações - residam em área de mata, nas proximidades ou se desloquem para a
área;
- sejam avaliadas pelo serviço de saúde;
- não tenham nenhuma contraindicação.

62
• De modo geral, as vacinas de vírus vivos atenuados como é a vacina da febre
amarela são contraindicadas durante tratamentos imunossupressores. São
consideradas condições de imunossupressão:
- Uso de corticosteroides: em doses superiores a 2 mg/kg/dia de prednisona
ou equivalente para crianças e acima de 20 mg/kg/dia para adultos, por 14
dias ou mais;
- Doença reumatológica: em tratamento com medicações antimetabólicas
(por exemplo, a ciclofosfamida) ou com medicamentos modicadores do
curso da doença (MMCDs) sintéticos, como metotrexato e ciclosporina;
- Doença oncológica: idealmente vacinar antes do uso de drogas imunossu-
pressores ou após três meses do término da quimioterapia;
- Transplante de Células Tronco Hematopoiética: pelo menos 24 meses
após o procedimento, caso não esteja com doença em atividade ou com
necessidade de drogas imunossupressoras;
- Transplante de órgãos sólidos: contraindicada no pós-transplante de ór-
gãos sólidos em uso de drogas imunossupressoras.
Contraindicações/ • Aplicação simultânea com a vacina VTV para os casos de primovacinação em
menores de dois anos:
precauções
- Nestes casos, dar intervalo de 30 dias entre as doses das vacinas VTV e FA;
- Em situações onde exista o risco epidemiológico concomitante para febre
amarela e os vírus contidos na vacina tríplice viral, o risco da não vacinação
é maior que a possibilidade da diminuição da resposta imune. Dessa forma
a vacinação simultânea deverá ser realizada sem levar em conta o intervalo
entre as doses;
- Para a criança que recebeu anteriormente as vacinas tríplice viral e febre
amarela, não há evidências de interferência na imunogenicidade entre elas,
as duas poderão ser administradas simultaneamente ou sem intervalo mí-
nimo entre as doses;
- Se a criança recebeu apenas uma das vacinas (tríplice viral ou febre ama-
rela), estabelecer preferivelmente o intervalo de 30 dias entre as doses (mí-
nimo 15 dias);
- Ressalta-se que a dose administrada deverá ser considerada válida e a
dose de reforço deverá ser agendada conforme o Calendário Nacional de
Vacinação vigente, de modo a respeitar o intervalo mínimo de 30 dias entre
as doses.

• Reações locais como: dor e abscesso;


• Reações sistêmicas como: mialgia, mal-estar, dor de cabeça e febre entre
2 e 7 dias após a vacinação, com duração de um a três dias;
• Reações de hipersensibilidade: foram relatados raros casos de erupção
cutânea, urticária, bronco espasmo e reações anafiláticas, inclusive com
choque, surgindo após a aplicação da vacina contra a febre amarela.
Embora ocorrendo geralmente em pessoas com história de alergia a
Eventos adversos
proteínas do ovo, outros componentes também podem deflagrar reações
de hipersensibilidade;
• Manifestações neurológicas: o mais grave dos eventos adversos
neurotrópicos associados à vacina contra febre amarela é a encefalite,
caracterizada por febre e manifestações neurológicas variadas
(meningismo, convulsão, paresia) associadas a alterações liquóricas e
iniciadas 7 a 21 dias após a vacinação.

63
Quadro 11. Características gerais do sarampo, da rubéola e da caxumba

SARAMPO

Agente etiológico Vírus do sarampo (Paramixovírus)

Reservatório O homem

Modo de transmissão De pessoa a pessoa, pelas secreções nasofaríngeas.

Período de incubação De 7 a 18 dias

Desde o período prodrômico, em geral quatro dias antes, até quatro dias
Transmissibilidade
após o início da erupção.

Suscetibilidade Universal

• Pela doença;
• Pela vacina;
Imunidade
• Por anticorpos maternos. Após os nove meses de idade, cerca de 80%
das crianças já perderam esses anticorpos.

RUBÉOLA

Agente etiológico Vírus da rubéola

Reservatório O homem

Modo de transmissão Contato direto pelas secreções nasofaríngeas.

Período de incubação De 14 a 21 dias, em média 17 dias.

Transmissibilidade De 5 a 7 dias antes e durante toda a fase do exantema.

Suscetibilidade Universal

• Através da doença;
• Pela vacina;
Imunidade
• Por anticorpos maternos, após o nono mês de vida cerca de 80% das
crianças já perderam estes anticorpos.

64
CAXUMBA

Agente etiológico Vírus da parotidite infecciosa – gênero Paramyxoviridae

Reservatório O homem

Disseminação de gotículas e pelo contato direto com a saliva de uma


Modo de transmissão
pessoa infectada.

Período de incubação De 12 a 25 dias; em média, 18 dias.

• De seis a sete dias antes da parotidite, principalmente nas 48 horas


antes, até nove dias depois do início da doença;
Transmissibilidade
• Na urina, o vírus pode estar presente até o 14° dia após o início da
doença.

Suscetibilidade Universal

• Pela infecção natural;


Imunidade • Pela doença;
• Pela vacina.

Quadro 11.1. Vacina contra o sarampo, a caxumba e a rubéola, tríplice viral (VTV).

Tipo de vacina VTV Vírus atenuado

• Duas para os indivíduos até 29 anos, 11 meses e 29 dias. Na rotina a


primeira aos 12 meses e a segunda aos 15 meses (com a tetraviral);
Número de doses
• Uma para os indivíduos de 30 a 59 anos ou mais se nunca vacinados;
• Para profissionais de saúde: duas (independente da faixa etária).

• A partir dos 12 meses;


• Até 29 anos: duas doses da vacina VTV e/ou Tetraviral;
Idade recomendada • De 29 a 59 anos: uma dose;
• Trabalhadores de saúde independentemente da idade devem receber
duas doses de tríplice viral.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Conservação
Observar o prazo de validade do produto.
Regional +2°C a +8°C
Utilizar por até 8 horas após a diluição.
Local +2°C a +8°C

Via de administração Subcutânea na região posterior do deltoide.

Dose (volume) 0,5ml

65
Eficácia esperada Superior a 95%

Duração da imunidade Prolongada

• A partir de 12 meses;
• Em casos de bloqueio quando a criança recebe a dose com VTV antes
Indicações
dos 12 meses (dos 6 a 11 meses) deverá ser agendada para receber a
dose de rotina aos 12 meses.

• As contraindicações de caráter geral;


• Gestantes (as mulheres vacinadas deverão evitar a gravidez por um mês);
• Evento adverso grave na dose anterior;
• Pessoas com imunodeficiências congênitas ou adquiridas. Infecção
assintomática pelo HIV não constitui contraindicação;
• Pessoas em usos de corticosteroides em doses imunossupressoras
– devem ser vacinadas com intervalo de pelo menos um mês após a
suspensão da droga;
Contraindicações
• Pessoas em uso de quimioterapia: só devem ser vacinadas 3 meses
após a suspensão do tratamento;
• Transplantados da medula óssea: recomenda-se vacinar com intervalo
de 2 anos após o transplante.

* Crianças de seis a oito meses de idade e também as crianças comprovadamente


portadoras de alergia à proteína do leite de vaca (APLV) não devem receber a
vacina tríplice viral do fabricante Serum Institute of India. Estas crianças deverão
ser vacinadas com a vacina tríplice viral do laboratório Fiocruz/Bio-Manguinhos.

• Leves: febre, cefaleia, linfadenopatias regionais, ardência, eritema,


hiperestesia, enduração, irritabilidade, conjuntivite e/ou manifestações
Eventos adversos catarrais, exantema, orquite, parotidite, artrites, urticária local;
• Graves: choque anafilático, púrpura trombocitopênica, meningite e
panencefalite.

Quadro 12. Características gerais da hepatite A

Agente etiológico Vírus da hepatite A (VHA), vírus RNA, família Picornaviridae

Reservatório O homem

Modo de transmissão Transmissão fecal oral

Período de incubação De 15 a 45 dias (média de 30 dias)

66
Transmite desde duas semanas antes do início dos sintomas até o final da
Transmissibilidade
segunda semana da doença.

Universal. São suscetíveis todos os indivíduos sorologicamente negativos


Suscetibilidade
ao anti-HAV IgG.

A imunidade é duradoura e específica, podendo ser adquirida pela


Imunidade infecção com o vírus (doença) ou pela vacina, sendo indistinguíveis ao
perfil sorológico.

Quadro 12.1. Vacina contra hepatite A (inativada e adsorvida)

Vacina de vírus inativado, adsorvida, purificada, injetável, apresentação em


Tipo de vacina
frasco unidose de 25U/0,5ml para uso em crianças.

Número de doses Dose única para crianças de 15 meses.

A partir dos 15 meses, podendo ser aplicada na rede pública até a idade de
Idade recomendada
4 anos, 11 meses e 29 dias.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C Observar o prazo de


Conservação
validade do produto: utilizar
Regional +2°C a +8°C
imediatamente após a
Local +2°C a +8°C abertura do frasco.

Via de administração Intramuscular profunda no músculo vasto lateral esquerdo.

Dose (volume) 0,5ml

Eficácia esperada Superior a 99%

Duração da imunidade Prolongada

• Para todas as crianças a partir de 12 meses. A vacina pode ser indicada


Indicação
para outras faixas etárias segundo critérios do CRIE.

• As contraindicações de caráter gerais;


Contraindicações
• Hipersensibilidade conhecida a qualquer componente da vacina.

• Locais: dor, vermelhidão e edema no local da aplicação;


Eventos adversos • Sistêmicos: fraqueza, cansaço, febre, diarreia, dor abdominal, náusea,
vômito, dor de garganta, resfriado, cefaleia, dor muscular.

67
Quadro 13. Características gerais da varicela

Agente etiológico Vírus Varicela-Zóster

Reservatório O homem

• Pessoa a pessoa através do contato direto e de secreções respiratórias;


Modo de transmissão
• Indiretamente através de objetos contaminados.

Período de Incubação De 14 a 16 dias; podendo variar de 10 a 20 dias.

• Um a dois dias antes da erupção, até cinco dias após o surgimento do


Transmissibilidade primeiro grupo de vesículas;
• Enquanto houver vesículas a infecção é possível.

Suscetibilidade Universal

• Pela infecção natural ou doença;


Imunidade
• Pela vacina.

Quadro 13.1. Vacina contra o sarampo, a caxumba, a rubéola e a varicela, tetra viral

Tipo de vacina Vírus atenuado

Dose única para crianças de 15 meses previamente vacinadas com uma


Número de doses
dose da vacina tríplice viral (VTV).

A partir dos 15 meses, podendo ser aplicada na rede pública até 4 anos, 11
Idade recomendada
meses e 29 dias.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Conservação Observar o prazo de validade do
Regional +2°C a +8°C produto: utilizar imediatamente após
a diluição.
Local +2°C a +8°C

Via de administração Subcutânea na região posterior do deltoide esquerdo.

Dose (volume) 0,5ml

Eficácia esperada Superior a 95%

Duração da imunidade Prolongada

Indicações A partir de 15 meses

68
As contraindicações de caráter geral:
• Hipersensibilidade conhecida à neomicina ou qualquer outro componente
da vacina;
Contraindicações
• Hipersensibilidade após administração das vacinas: sarampo, caxumba,
rubéola e/ou varicela;
• Imunodeficiências primárias ou secundárias.

• Locais: dor, vermelhidão, vesículas no local da aplicação;


• Sistêmicos: febre, exantema, convulsão febril, anafilaxia, meningite,
Eventos adversos herpes zoster grave, encefalite, ataxia, eritema multiforme, síndrome
de Stevens-Johnson, pneumonia, trombocitopenia e síndrome de
Guillain-Barré.

Quadro 13.2. Vacina contra a varicela

Tipo de vacina Vírus atenuado

Segunda dose: para crianças de 4 anos previamente vacinadas com uma


Número de doses
dose de tetraviral ou VTV+varicela.

Aos 4 anos, podendo ser aplicada na rede pública até 6 anos, 11 meses e
Idade recomendada
29 dias.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Conservação Observar o prazo de validade do
Regional +2°C a +8°C produto. Utilizar imediatamente
após a diluição.
Local +2°C a +8°C

Via de administração Subcutânea na região posterior do deltoide esquerdo.

Dose (volume) 0,5ml

Eficácia esperada Superior a 90%

Duração da imunidade Prolongada

Indicações A partir de 15 meses, profissional de saúde e indígenas.

69
Quadro 14. Características gerais da influenza

Agente etiológico Vírus da Influenza Tipo A, B e C – família Orthomyxovirus

O homem: suspeita-se que os animais sejam fonte de novos subtipos do


Reservatório
vírus.

Modo de transmissão Transmissão direta – aérea.

Período de incubação Em média, de um a cinco dias.

Transmissibilidade Em média, de três a sete dias, iniciando-se com os sintomas clínicos.

Suscetibilidade Universal

• Pela doença;
Imunidade • Pela vacina: imunidade contra os vírus utilizados na vacina e reforço
contra as cepas afins que tenham produzido infecção anterior.

Quadro 14.1. Vacina contra a influenza

Tipo de vacina Vírus Influenza (três cepas do Mixovírus) inativados, fracionados e purificados.

• Crianças de 6 meses a 2 anos, 11 meses e 29 dias: duas* doses de 0,25ml


com intervalo de quatro a seis semanas;
Número de doses** • Crianças de 3 anos a 8 anos, 11 meses e 29 dias: duas* doses de 0,5ml
com intervalo de quatro a seis semanas;
• ≥ 9 anos e adultos: 1 dose de 0,5ml.

Idade recomendada** A partir de seis meses, dependendo do laboratório produtor.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Conservação Até a validade do frasco. Depois de aberto,
Regional +2°C a +8°C utilizar por 7 dias ou conforme orientação
do laboratório produtor.
Local +2°C a +8°C

Via de administração Intramuscular ou subcutânea, conforme laboratório produtor.

Dose (volume) 0,5 e 0,25ml, dependendo da idade do cliente e laboratório produtor.

Eficácia 70% a 90% de proteção contra a doença e 90% de proteção contra a morte.

A partir de 20 dias após a vacinação; começa a declinar a partir de quatro


Duração da imunidade
meses.

70
• Em campanha consultar o informe técnico;
• Nos CRIEs – cardiopatas, pneumopatas, hepatopatas, imunodeprimidos,
imunodeficiências congênitas, doadores de órgãos sólidos e medula
óssea, transplantados de órgãos sólidos e medula, diabetes mellitus,
fibrose cística, trissomias, implante de cóclea, doença neurológica
Indicações
crônica incapacitante, usuário crônico de ácido acetilsalicílico, nefropatia
crônica/síndrome nefrótica, asma, asplenia anatômica ou funcional,
profissionais da saúde, comunicantes domiciliares de imunodeprimidos,
profissionais que trabalham diretamente com estes pacientes e com
idosos de 60 anos ou mais.

• Reação anafilática à ingestão de ovo;


Contraindicações • Reação grave na dose anterior;
• Síndrome de Guillain-Barré.

• Locais: dor, hiperemia, edema


Eventos adversos • Sistêmicos: cefaleia, mal-estar, febre, mialgia e raramente anafilaxia e
síndrome de Guillain-Barré.

*Para os primovacinados: apenas uma dose anual é suficiente nas vacinações subsequentes.
**Atentar para as indicações do laboratório produtor.

Quadro 15. Características gerais da COVID-19

Agente etiológico Sars-cov-2

Reservatório O homem

Transmissão por gotículas respiratórias ou contato com objetos e


Modo de transmissão
superfíceis contaminadas.

Período de encubação Geralmente um a três dias antes do início dos sintomas.

Em média, de um a sete dias após o início dos sintomas. A transmissão


Trasmissibilidade
pode ocorrer mesmo sem o aparecimento de sinais e sintomas.

Suscetibilidade Universal

Imunidade Pela vacina

Quadro 15.1. Vacina SINOVAC/BUTANTAN (uso adulto e pediátrico)

Tipo de vacina Vírus inativado

Nº de doses Duas doses

Idade recomendada Maior ou igual a três anos.

71
Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C e +8°C A apresentação multidose depois de


Conservação aberta pode ser utilizada em até 8 ho-
Regional +2°C e +8°C ras, desde que mantida em condições
assépticas e sob temperatura entre
Local +2°C e +8°C +2°C e +8°C.

Via de administração Intramuscular

Dose (volume) 0,5ml

77,96% prevenção de casos sintomáticos de Covid-19 que precisaram de


Eficácia esperada
assistência ambulatorial ou hospitalar.

Esquema
Duas doses de 0,5 ml, intervalo entre doses de duas a quatro semanas.
vacinal/intervalos

Indicações Em campanhas – consultar informe técnico.

Contraindicações Alergia a qualquer um dos componentes desta vacina.

Locais: dor local;


Sistêmicos: fadiga, febre, mialgia, diarreia, náusea, dor de cabeça, vômi-
Eventos adversos
tos, dor abdominal inferior, distensão abdominal, tonturas, tosse, perda
de apetite.

Quadro 15.2. Vacina ASTRAZENECA/FIOCRUZ

Tipo de vacina Vetor Viral não replicante

Nº de doses Duas doses

Idade recomendada Maior ou igual a 18 anos

Forma farmacêutica Suspensão injetável

72
Nível Temperatura Tempo de duração:
A apresentação multidose depois de
Central 2°C a 8°C aberta pode ser utilizada:
• Astrazeneca – covax e Fiocruz/
Regional 2°C a 8°C
Serum: em até 6 horas, mas desde
Local 2°C a 8°C que mantida em condições assép-
Conservação
ticas e sob temperatura entre +2°C
e +8°C.
• Fiocruz: em até 48 horas, nas
desde que mantida em condições
assépticas e sob temperatura en-
tre +2°C e +8°C.

Via de administração Intramuscular

Dose (volume) 0,5ml

Eficácia esperada Acima de 77%

Esquema vacinal/ Duas doses de 0,5 ml, intervalo de 10 semanas entre as doses.
intervalos

Indicações Em campanhas – consultar informe técnico.

Contraindicações Alergia a qualquer um dos componentes desta vacina.

• Locais: dor no local da injeção;


Eventos adversos • Sistêmicos: cefaleia, fadiga, mialgia, mal estar, pirexia, calafrios,
artralgia, náusea.

Quadro 15.3. Vacina Pfizer-BioNTech, Comirnaty (maiores de 12 anos)*

Tipo de vacina Plataforma de RNA mensageiro

Nº de doses Duas doses

Idade recomendada Maior ou igual a 12 anos*

Forma farmacêutica Suspensão injetável

73
Nível Temperatura Tempo de duração

Observar as informações de
data de fabricação e validade,
se conservado na temperatura.

Armazenamento:
Conservação • No máximo 31 dias a A apresentação multidose depois
temperatura de +2°C e +8°C; de aberta em até 6 horas sob
• Até 14 dias (2 semanas) a refrigeração +2°C e +8°C.
temperatura de -25°C a -15°C
• Durante toda a validade (12
meses) em freezer de ultra
baixa temperatura (-80°C a
-60°C).

Intramuscular.
Via de administração Nesta plataforma deve ser utilizado para administração o conjunto de
seringa de 1ml (volume morto).

Dose (volume) 0,3ml

Eficácia esperada Eficácia de 95% com o esquema de duas doses.

Esquema
Duas doses de 0,3 ml, intervalo de 8 semanas entre as doses.
vacinal/intervalos

Indicações Em campanhas – consultar informe técnico.

Hipersensibilidade ao princípio ativo ou a qualquer um dos excipientes da


Contraindicações
vacina.

Eventos • Locais: dor no local da injeção;


adversos • Sistêmicos: cefaleia, fadiga, mialgia, calafrios, artralgia, náusea, pirexia.

Quadro 15.4. Vacina Pfizer-BioNTech, Comirnaty (5 anos a 11 anos, 11 meses e 29 dias)

Tipo de vacina Plataforma RNA Mensageiro

Nº de doses Duas doses

Menores de 12 anos – entre 5 anos e 11 anos, 11 meses e 29 dias.

ATENÇÃO: Crianças que receberam a primeira dose (D1) infantil (0,2mL


Idade recomendada
formulação Pfizer pediátrica) e completaram 12 anos, no intervalo entre
doses do esquema, deverão receber a segunda dose (D2) infantil (0,2mL
formulação Pfizer pediátrica).

74
Forma farmacêutica Suspensão injetável

• Durante toda a validade (12 meses) em freezer de ultrabaixa


temperatura (-90°C a -60°C);
• 10 semanas a temperatura de +2°C a +8°C;
• Após a diluição, o imunobiológico poderá ser utilizado por até 12 horas,
desde que mantido em temperatura entre +2°C a +8°C.

ATENÇÃO:
Conservação
a. A formulação pediátrica mantém cadeia de frio EXCLUSI­VAMENTE à
ULT (-90°C a -60°C) e refrigeração (2°C a 8°C). MEDIANTE INÍCIO DE
DESCONGELAMENTO, REGISTRAR NA EMBALAGEM DATA PARA O CON-
TROLE DE PRAZO DE VALIDADE (10 SEMANAS);
b. O transporte na temperatura de refrigeração (2°C a 8°C), pode ocorrer
SEM RESTRIÇÃO DE PRAZO durante as 10 semanas de validade;
c. NÃO ARMAZENAR ENTRE -25°C e -15°C.

Via de administração Intramuscular

Dose (volume) 0,2 ml

Eficácia esperada Eficácia de 90,7% após 2º dose.

Esquema
Duas doses de 0,2 ml, intervalo de 12 semanas entre as doses.
vacinal/intervalos

Indicações Em campanhas – consultar informe técnico.

Contraindicações Alergia a qualquer um dos componentes desta vacina.

• Locais: dor no local da injeção;


Eventos adversos
• Sistêmicos: cefaleia, fadiga, mialgia, calafrios, artralgia, náusea, pirexia.

Quadro 15.5. Vacina Pfizer-BioNTech, Comirnaty (6 meses e 4 anos, 11 meses e 29 dias)*

Tipo de vacina Plataforma RNA Mensageiro

Nº de doses Três doses

Maiores de 6 meses – entre 6 meses e 4 anos, 11 meses e 29 dias.


ATENÇÃO: Crianças que iniciaram esquema com essa vacina e completa-
ram 3 anos, no intervalo entre as doses do esquema, deverão completar
Idade recomendada esquema (D2 ou D3) com essa vacina.

*Devido à indisponibilidade de doses no país, no momento, o uso está


recomendado para crianças de 6 meses a 2 anos, 11 meses e 29 dias.

Forma farmacêutica Suspensão injetável

75
• Durante toda a validade (12 meses) em freezer de ultrabaixa
temperatura (-90°C a -60°C);
• 10 semanas a temperatura de +2°C a +8°C;
• Após a diluição, o imunobiológico poderá ser utilizado por até 12 horas
desde que mantido em temperatura entre +2°C a +8°C.

ATENÇÃO:
Conservação
a. A formulação pediátrica mantém a cadeia de frio EXCLUSIVAMENTE
à ULT (-90°C a -60°C) e refrigeração (2°C a 8°C). MEDIANTE INÍCIO
DE DESCONGELAMENTO, REGISTRAR NA EMBALAGEM DATA PARA O
CONTROLE DE PRAZO DE VALIDADE (10 SEMANAS);
b. O transporte na temperatura de refrigeração (2°C a 8°C) pode ocorrer
SEM RESTRIÇÃO DE PRAZO durante as 10 semanas de validade;
c. NÃO ARMAZENAR ENTRE -25°C e -15°C.

Via de administração Intramuscular

Dose (volume) 0,2 ml

Eficácia esperada Eficácia de 80,3% após 3ª dose.

Esquema 3 doses de 0,2 ml, intervalo entre a primeira e a segunda dose de 4 sema-
vacinal/intervalos nas e entre a segunda e terceira dose de 8 semanas.

Indicações Em campanhas – consultar informe técnico.

Contraindicações Alergia a qualquer um dos componentes desta vacina.

• Locais: dor no local da injeção;


Eventos adversos
• Sistêmicos: cefaleia, fadiga, mialgia, calafrios, artralgia, náusea, pirexia.

Quadro 15.6. Vacina JANSSEN

Tipo de vacina Plataforma Vetor viral (não replicante)

Nº de doses Dose única

Idade recomendada Maior ou igual a 18 anos

Forma
Suspensão injetável
farmacêutica

Nível Temperatura Tempo de duração

Conservação • Central 2°C a 8°C Apresentação multidose, após aberta


• Regional 2°C a 8°C manter sob refrigeração +2°C a +8°C e
• Local 2°C a 8°C utilizar por até 6 horas.

76
Via de
Intramuscular
administração

Dose (volume) 0,5 ml

Eficácia esperada Eficácia de 66,3% após ≥14 dias da vacinação com dose única.

Esquema
Dose única
vacinal/intervalos

Indicações Em campanhas – consultar informe técnico.

Hipersensibilidade ao princípio ativo ou a qualquer um dos excipientes da


Contraindicações
vacina.

• Locais: dor no local da injeção;


Eventos adversos
• Sistêmicos: Hipersensibilidade e reatogenicidade sistêmica.

Quadro 16. Características gerais do HPV

Agente etiológico Papilomavírus humano (DNA vírus)

Reservatório O homem

Doença altamente contagiosa de transmissão direta, através do contato


Modo de transmissão
sexual, ou indireta, através de fômites.

Período de incubação É muito variável, de meses a anos.

• Não ocorre através do sangue, pois o vírus não faz viremia ou do


ejaculado, exceto na presença de um condiloma uretral;
• Ocorre na presença de microtraumatismos na superfície da pele
Transmissibilidade ou mucosas (preferencialmente na JEC, junção escamo colunar da
mucosa genital), geralmente não perceptíveis, e penetrando até as
células germinativas basais;
• Ocorre transmissão enquanto houver vírus na mucosa (camada basal).

Suscetibilidade Universal

A imunidade pode ser adquirida pela doença ou vacinação (pré e pós-


exposição). A produção de anticorpos neutralizantes na infecção natural é
Imunidade
inferior à produção de anticorpos pela vacinação e apenas cerca de 52% a
68% das pacientes irão formar anticorpos pela infecção natural.

77
Quadro 16.1. Vacina recombinante contra o HPV (6,11,16,18)

Tipo de vacina Vírus inativado de cultivo celular

Na rotina:
Meninos e meninas: 09 a 14 anos. Duas doses, com intervalo de seis
meses entre a 1ª dose e a 2ª dose.

Número de doses e No CRIE:


intervalo entre as Meninas e mulheres, meninos e homens, de 9 a 45 anos de idade, vivendo
doses com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos e de medula óssea e
pacientes oncológicos, administrar três doses da vacina com intervalo
de dois meses entre a primeira e segunda dose e seis meses entre a
primeira e terceira dose (0, 2 e 6 meses). Para a vacinação deste grupo,
mantém-se a necessidade de prescrição médica.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Conservação
Observar o prazo de validade do produto:
Regional +2°C a +8°C
usar imediatamente após a reconstituição.
Local +2°C a +8°C

Intramuscular, preferencialmente na região ventroglútea (Hochstetter) ou


Via de administração
deltoide em segunda opção.

Dose (volume) 0,5 ml (ou conforme laboratório produtor)

Eficácia esperada 86% para as lesões de alto grau.

• Meninas e meninos de 9 a 14 anos na rotina e para indivíduos de 9 a 45


anos em alguma das seguintes situações: imunodeprimido por HIV/
Indicações Aids, imunodeprimido oncológico ou por tratamento quimioterápico,
imunodeprimido que irá se submeter ou tenha se submetido a
transplante de órgão sólido ou medula.

• Hipersensibilidade a qualquer um dos componentes da fórmula;


• Gestantes: no caso de vacinar inadvertidamente uma gestante,
Contraindicações
interromper a vacinação e voltar a vacinar com a dose faltante após
o parto.

• Locais: dor, eritema e edema no local da aplicação;


Eventos adversos • Sistêmicos: cefaleia, fadiga, mal estar, náusea ou vômito, febre de 38
graus ou mais, síncope (desmaio) e reações de hipersensibilidade.

78
Quadro 17. Características gerais da raiva

Agente etiológico Vírus da raiva - família Rabdoviridae

Os mamíferos: animais domésticos (cães, gatos); animais selvagens (morcegos,


Reservatório
macacos, raposas, saguis).

Transmissão direta: a saliva do animal penetra com mordedura, arranhadura


Modo de transmissão
ou lambedura de ferimentos ou mucosas.

• No homem é muito variável, de dias até anos.


Está intimamente relacionado com:
- localização e gravidade da mordedura, arranhadura ou lambedura
Período de incubação por animais infectados;
- proximidade de troncos nervosos;
- quantidade de partículas virais inoculada;
• No cão, esse período varia entre dez dias a dois meses ou mais.

• Em cães e gatos, a eliminação do vírus pela saliva se dá de dois a


cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos, permanecendo
Transmissibilidade
durante toda a evolução da doença;
• Em outros animais pode variar de espécie para espécie.

Suscetibilidade Universal

• Não se conhece a existência de imunidade natural no homem;


Imunidade
• A imunidade pode ser adquirida pela vacinação pré e pós-exposição.

Quadro 17.1. Vacina contra a raiva

Tipo de vacina Vírus Inativado de cultivo celular

Número de doses e • Esquema pré-exposição: duas doses (0 e 7);


intervalo entre as • Esquemas pós-exposição: quatro doses* (0, 3, 7, 14);
doses • Esquema de reexposição: ver quadro abaixo.

Nível Temperatura Tempo de duração

Central +2°C a +8°C


Conservação
Observar o prazo de validade do produto:
Regional +2°C a +8°C
usar imediatamente após a reconstituição.
Local +2°C a +8°C

79
• Intramuscular: 0,5mL ou 1,0 mL (dependendo do laboratório produtor).
Administrar todo o volume do frasco;
• Intradérmica: 0,2 mL - o volume deve ser dividido em duas aplicações
Via de administração
de 0,1mL cada e administrada em dois sítios.
A administração intradérmica recomenda-se para ações de agendamento
de grandes grupos.

Dose (volume) 0,5 ml ou conforme laboratório produtor

Eficácia esperada Perto de 100%

• Pré-exposição: indivíduos expostos ao risco, permanentemente


(veterinários, laboratoristas, biólogos);

• Pós-exposição: indivíduos que foram mordidos ou lambidos em mucosa


Indicações ou ferimento por animais mamíferos com risco de estar transmitindo
a raiva;

• Reexposição: indivíduos já vacinados que foram expostos ao vírus


novamente.

Via Intradérmica (ID)


Esquema vacinal: duas doses, nos dias 0 e 7.
• Volume da dose: 0,2mL. O volume da dose deve ser dividido em duas
aplicações de 0,1mL cada e administradas em dois sítios distintos,
independente da apresentação da vacina, seja 0,5 mL ou 1,0 mL
(dependendo do laboratório produtor);
• Local de aplicação: antebraço ou na região de delimitação do músculo
Pré-exposição deltoide.

Via Intramuscular (IM)


Esquema vacinal: duas doses, nos dias 0 e 7.
• Dose total: 0,5mL ou 1,0 mL (dependendo do laboratório produtor).
Administrar todo o volume do frasco;
• Local de aplicação: no músculo deltoide ou vasto lateral da coxa em
crianças menores de dois anos. Não aplicar no glúteo.

80
Via Intradérmica (ID)
Esquema vacinal: quatro doses, nos dias 0, 3, 7 e 14.
• Volume da dose: 0,2mL. O volume da dose deve ser dividido em duas
aplicações de 0,1mL cada e administradas em dois sítios distintos,
independente da apresentação da vacina, seja 0,5 mL ou 1,0 mL
(dependendo do laboratório produtor);
• Local de aplicação: antebraço ou na região de delimitação do músculo
Pós-exposição deltoide.

Via Intramuscular (IM)


Esquema vacinal: quatro doses, nos dias 0, 3, 7 e 14.
• Dose total: 0,5mL ou 1,0 mL (dependendo do laboratório produtor).
Administrar todo o volume do frasco;
• Local de aplicação: no músculo deltoide ou vasto lateral da coxa em
crianças menores de dois anos. Não aplicar no glúteo.

Reexposição: Independentemente do intervalo de tempo, se o paciente


recebeu esquema de PrEP completo, indica-se a profilaxia nos dias 0 e 3.
Se foi aplicada apenas uma dose de PrEP, essa deve ser desconsiderada e
o esquema de profilaxia indicado para o caso deve ser iniciado.

OBS.: Profissionais que receberam esquema de profilaxia pré-exposição


e que fazem controle sorológico, ou receberam outras doses de vacina
antirrábica, devem ser avaliados individualmente.

O Soro Antirrábico (SAR) e a Imunoglobulina Humana antirrábica homóloga


(IGHAR) não estão indicados em caso de reexposição.
Reexposição

• Até 90 dias, se o esquema anterior de PEP foi completo, não indicar


profilaxia. Se for incompleto, administrar as doses faltantes.

Atenção: Quando na PEP anterior foi aplicada apenas uma dose, essa deve
ser desconsiderada e o esquema de profilaxia, indicado para o caso, deve
ser iniciado.

• Após 90 dias, independentemente do intervalo de tempo, se o paciente


recebeu pelo menos duas doses do esquema de PEP, indicar a vacina
nos dias 0 e 3.

81
Não é necessário reiniciar a profilaxia de pacientes faltosos. Nestes casos,
aplicar o(s) imunobiológico(s) prescrito(s) no dia em que o paciente comparecer
à unidade e continuar o esquema mantendo os intervalos das doses seguintes
Profilaxia de de acordo com o intervalo do esquema originalmente proposto.
pacientes faltosos Recomenda-se que além do serviço de vacinação, o serviço de saúde que atende
o paciente oriente o indivíduo da importância da completitude do esquema
vacinal e realize busca ativa imediata daqueles que não comparecerem nas
datas agendadas para administração das doses do esquema prescrito.

*SAR ou IGHAR em acidentes graves exclusivamente com cães (que não podem
ser observados):
• A infiltração do SAR ou da IGHAR deve ser feita apenas no local do ferimento,
o tanto quanto possível (não há dose mínima), eliminando a indicação da
aplicação do restante em local distante (IM). A aplicação do SAR ou da IGHAR
Soro Antirrábico (SAR)
deve ser realizada apenas nos acidentes graves envolvendo cães que não
e Imunoglobulina
podem ser observados ou suspeitos para raiva no momento da agressão;
Humana antirrábica
• A dose da IGHAR é de 20 UI/Kg de peso e a dose máxima de 1.500 UI. Já a
homóloga (IGHAR)
dose do SAR é de 40 UI/Kg de peso, sendo que a dose máxima é de 3.000 UI.

Atenção! O SAR NÃO deve ser administrado por via endovenosa. Ele é
infiltrado dentro e ao redor das lesões e o restante da dose, se houver, é
administrado por via intramuscular

Contraindicações Não existe

• Local: dor, enduração, prurido, edema, vermelhidão e abscesso,


linfadenopatia;
• Sistêmicos: febre, mal-estar, cefaleia, náuseas, dor abdominal, dor
Eventos adversos muscular e tontura;
• Neurológicos: síndrome de Guillain-Barré;
• Hipersensibilidade: exantema pruriginoso, urticária, artralgia, artrites,
angioedema e anafilaxia.

*O controle sorológico (titulação de anticorpos) é exigência indispensável para correta avaliação do esquema vacinal.
**Não considerar o esquema anterior se o paciente recebeu número menor de doses do que aquelas referidas nas
notas acima.

82
Quadro 18. Esquema para profilaxia pós-exposição da raiva humana com vacina de cultivo celular.

PROFILAXIA DA RAIVA HUMANA PÓS-EXPOSIÇÃO


ANIMAL AGRESSOR
CÃO OU GATO MAMÍFERO DOMÉSTICO
MORCEGOS E
TIPO DE EXPOSIÇÃO DE INTERESSE
OUTROS MAMÍFEROS
Animal passível de observação Animal não passível de ECONÔMICO: bovídeos,
por 10 dias e sem sinais observação por 10 dias ou com SILVESTRES (inclusive
equídeos, caprinos, suínos
sugestivos de raiva. sinais sugestivos de raiva. domiciliados)
e ovinos.

CONTATO INDIRETO • Lavar com água e sabão; • Lavar com água e • Lavar com água
• tocar ou dar de comer • NÃO INDICAR PROFILAXIA. sabão; e sabão;
para animais; • NÃO INDICAR • NÃO INDICAR
• lambedura em pele PROFILAXIA. PROFILAXIA.
íntegra; • Todo contato
• contato em pele íntegra com morcego
com secreções ou iniciar profilaxia
excreções de animal, SAR ou IGHAR +
ainda que raivoso ou de vacina (dias 0, 3,
caso humano. 7 e 14).

• Lavar com água e sabão; • Lavar com água e sabão; • Lavar com água e • Lavar com água
• NÃO INICIAR PROFILAXIA. • INICIAR PROFILAXIA: sabão; e sabão;
Manter o animal em VACINA* dias 0, 3, 7 e 14. • INICIAR PROFILAXIA: • INICIAR
LEVE
observação por 10 dias. VACINA* dias 0, 3, PROFILAXIA:
• ferimento superficial no Se permanecer vivo e 7 e 14. VACINA* (dias 0,
tronco ou nos membros, saudável, suspender a 3, 7 e 14) e SORO
exceto mãos e pés; observação no 10º dia (SAR ou IGHAR)*.
• lambedura de lesões e encerrar o caso. Se
superficiais. morrer, desaparecer
ou apresentar sinais de
raiva, indicar VACINA*
dias 0, 3, 7 e 14.

GRAVE • Lavar com água e sabão; • Lavar com água e sabão; • Lavar com água e
• ferimento nas mucosas, • NÃO INICIAR PROFILAXIA. • INICIAR PROFILAXIA: sabão;
no segmento cefálico, Manter o animal em VACINA* (dias 0, 3, 7 e 14) • INICIAR PROFILAXIA:
nas mãos ou nos pés; observação por 10 dias. e SORO (SAR ou IGHAR)*. VACINA* (dias 0, 3, 7
• ferimentos múltiplos ou Se permanecer vivo e e 14) e SORO (SAR ou
extensos, em qualquer saudável, suspender a IGHAR)*
região do corpo; observação no 10º dia
e encerrar o caso. Se
• ferimento profundo, morrer, desaparecer
mesmo que puntiforme; ou apresentar sinais de
• lambedura de lesões raiva, indicar VACINA*
profundas ou de (dias 0, 3, 7 e 14) e SORO
mucosas, mesmo que (SAR ou IGHAR)*.
intactas;
• ferimento causado por
mamífero silvestre.

OBSERVAÇÕES:

A vacina deverá ser administrada por Via Intradérmica ou Via Intramuscular.

Via Intradérmica: volume da dose – 0,2mL. O volume da dose deve ser dividido em duas aplicações de 0,1mL cada
*VACINA e administrada em dois sítios distintos, independentemente da apresentação da vacina, seja 0,5mL ou 1,0mL
4 (quatro) doses, (dependendo do laboratório produtor). Local de aplicação: inserção do músculo deltoide ou no antebraço.
nos dias 0, 3, 7e 14
Via Intramuscular: dose total - 0,5mL ou 1,0mL (dependendo do laboratório produtor). Administrar todo o volume do
frasco. Local de aplicação: no músculo deltoide ou vasto lateral da coxa em crianças menores de 2 (dois) anos. Não
aplicar no glúteo.

O SAR ou a IGHAR deve ser administrado no dia 0. Caso não esteja disponível, aplicar o mais rápido possível até o 7º
dia após a aplicação da 1ª dose de vacina. Após esse prazo é contraindicado. Existindo clara identificação da localização
da(s) lesão(ões), recentes ou cicatrizadas, deve-se infiltrar o volume total indicado, ou o máximo possível dentro ou ao
redor da(s) lesão(ões). Se não for possível, aplicar o restante por via IM, respeitando o volume máximo de cada grupo
*SORO (SAR ou IGHAR)
muscular mais próximo da lesão.

Soro antirrábico (SAR): 40 UI/l de peso.


Imunoglobina humana antirrábica (IGHAR): IGHAR 20 UI/k de peso.

Fonte: Adaptado da Nota Técnica Nº8/2022-CGZV/DEIDT/SVS/MS:


Informa sobre atualizações no Protocolo de Profilaxia pré, pós e reexposição da raiva humana no Brasil.

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Atenção às seguintes medidas:
1) É necessário orientar o paciente para que ele notifique imediatamente a Unidade de Saúde se o animal
morrer, desaparecer ou se tornar raivoso. Uma vez que podem ser necessárias novas intervenções de
forma rápida, como a aplicação do soro ou o prosseguimento do esquema de vacinação.

2) É preciso avaliar, sempre, os hábitos do cão e gato e os cuidados recebidos. Podem ser dispensados do
esquema profilático as pessoas agredidas pelo cão ou gato que, com certeza, não tem risco de contrair
a infecção rábica. Por exemplo, animais que vivem dentro do domicílio (exclusivamente); não tenham
contato com outros animais desconhecidos; que somente saem à rua acompanhados dos seus donos
e que não circulem em área com a presença de morcegos. Se o animal for procedente de área de raiva
controlada, não é necessário iniciar o esquema profilático. Manter o animal sob observação e só iniciar
o esquema profilático indicado (soro + vacina) se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso.
Em caso de dúvida sobre procedência ou o estado de saúde do animal, iniciar o esquema de profilaxia
indicado.

*SAR ou IGHAR em acidentes graves exclusivamente com cães (que não podem ser observados):
A infiltração do SAR ou da IGHAR deve ser feita apenas no local do ferimento, o tanto quanto possível (não
há dose mínima), eliminando a indicação da aplicação do restante em local distante (IM). A aplicação do
SAR ou da IGHAR deve ser realizada apenas nos acidentes graves envolvendo cães que não podem ser
observados ou suspeitos para raiva no momento da agressão.

*Quanto à definição de profilaxia antirrábica humana em casos de agressões por animais silvestres:
Nos casos de agressões por outros mamíferos silvestres (inclusive os domiciliados), o acidente é classificado
como grave. A conduta adequada é lavar o local abundantemente com água e sabão, iniciar o esquema
profilático com SAR ou IGHAR e a administração de 4 (quatro) doses devacina antirrábica nos dias 0, 3, 7 e 14,
pela via intramuscular (IM) ou 4 (quatro) doses nos dias 0, 3, 7 e 14 pela via intradérmica (ID).

*Quanto à definição de profilaxia antirrábica humana em casos de acidentes por morcego:


Nos casos de agressões por morcegos, independentemente da espécie, o acidente é sempre classificado como
grave. A conduta adequada é lavar o local com água e sabão, abundantemente, e iniciar imediatamente o
esquema profilático com SAR ou IGHAR e a administração de 4 (quatro) doses de vacina antirrábica nos dias 0,
3, 7 e 14, pela via intramuscular (IM) ou 4 (quatro) doses nos dias 0, 3, 7 e 14 pela via intradérmica (ID).

*Quanto à definição de profilaxia antirrábica humana em acidentes por animais de produção:


Animais domésticos de interesse econômico ou de produção como bovinos, bubalinos, equídeos,
caprinos, ovinos, suínos, também são considerados animais de risco para transmissão da raiva. Para
avaliar a indicação da profilaxia de pré ou pós-exposição, é importante conhecer o tipo, frequência e grau
do contato ou exposição que os tratadores e outros profissionais têm com esses animais e devese levar
em consideração o risco epidemiológico da doença na localidade.

*Quanto à profilaxia antirrábica humana em casos de agressões por cães ou gatos:


Caso o cão ou gato agressor tenha sinais sugestivos de raiva no momento da agressão, indicar a profila-
xia, conforme o tipo de exposição. Se o cão ou gato agressor não apresentar sinais sugestivos de raiva,
indicar a observação do animal por 10 dias e não iniciar a profilaxia pós- exposição. Não sendo possível
a observação do animal, ou se no período de observação o animal morrer, desaparecer ou apresentar
sinais sugestivos de raiva, iniciar o esquema profilático, conforme o tipo de acidente.

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Unidade 2: Contraindicações e falsas contraindicações
O Programa Nacional de Imunizações tem como objetivo, em primeira instância, a ampla extensão da
cobertura vacinal de forma homogênea, para que a população possa ser provida de adequada proteção
imunológica contra as doenças transmissíveis abrangidas pelo programa. Entretanto, continua sendo
comum em nossas unidades de saúde a adoção de “falsas contraindicações” à vacinação, apoiadas em
conceitos desatualizados, perdendo a oportunidade de vacinar a população-alvo e trazendo o consequente
prejuízo da cobertura vacinal.

Entende-se por “contraindicação” uma proibição à utilização de uma determinada vacina. Geralmente, a razão
é um risco elevado de evento adverso grave ou uma situação em que o risco de complicações supera em
muito o risco da doença contra a qual a vacina protegeria. Entende-se por “situação de adiamento/precaução”
uma situação em que não há contraindicação absoluta para a aplicação da vacina, contudo devendo-se avaliar
criteriosamente os riscos e benefícios da vacinação naquele determinado momento e/ou local.

CONTRAINDICAÇÃO GERAL A QUALQUER IMUNOBIOLÓGICO


• Reação anafilática à dose prévia.

CONTRAINDICAÇÕES/PRECAUÇÕES PARA APLICAÇÃO DE VACINAS VIVAS ATENUADAS


As vacinas de bactérias ou vírus vivos atenuados não devem ser administradas, a princípio, em pessoas:

• Com imunodeficiência congênita ou adquirida;

• Acometidas por neoplasia maligna;

• Em tratamento com corticosteroides em esquemas imunodepressores (por exemplo, 2mg/kg/dia de


prednisona em crianças de até 10 kg e 20mg/dia ou mais para crianças acima de 10 Kg e adultos, por
mais de duas semanas). Nestes casos, recomenda-se aguardar um mês para vacinação;

• Submetidas a outras terapêuticas imunodepressoras (quimioterapia antineoplásica, radioterapia).


Nestes casos recomenda-se aguardar três meses (recomendamos consultar o manual do CRIE);

• Grávidas: devido ao risco teórico de danos ao feto, salvo situações de alto risco de exposição a
algumas doenças virais imunopreveníveis, como a febre amarela. A vacinação inadvertida com vírus
ou bactérias vivas atenuadas não constituem indicação da interrupção da gravidez.

SITUAÇÕES GERAIS DE ADIAMENTO DA VACINAÇÃO


• Deve ser adiada a aplicação de qualquer tipo de vacina, tanto as atenuadas como as inativadas em
pessoas com doenças agudas febris graves, sobretudo para que seus sintomas não sejam atribuídos
à vacina;

• Deve ser adiada a aplicação de vacinas de bactérias ou vírus inativados (ou as constituídas por seus
produtos ou componentes) em pessoas submetidas a tratamento com imunodepressores, por
causa da possibilidade de resposta imune inadequada. Em situações epidemiológicas de risco, para
algumas vacinas especiais, esta recomendação deve ser reavaliada;

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• Devem ser observados os intervalos sugeridos entre a administração de produtos contendo
imunoglobulinas e vacinas virais vivas que apresentem o componente de sarampo, pois interfere na
resposta imune conforme quadro a seguir:

Quadro 19. Doses e intervalos sugeridos entre a administração de produtos contendo


imunoglobulinas e vacinas virais vivas injetáveis

Imunoglobulinas humanas específicas administradas por via IM

Intervalo
Imunobiológicos Dose habitual
(meses)

(Profilática 250 UI e terapêutica 500 UI)


Imunoglobulina humana antitetânica 3
(10mg de IgG/KG)

Hepatite B – Imunoglobulina humana 0,06 mL/kg


3
anti-hepatite B (10mg de IgG/kg)

Raiva – Imunoglobulina humana 20 UI/kg


4
antirrábica (22mg de IgG/kg)

Varicela – Imunoglobulina humana 125 U/10 kg


5
antivaricela-zoster (máximo 625 U)

Sangue e hemoderivados

Intervalo
Produtos Dose habitual
(meses)

10 mL/kg
Hemácias lavadas 0
(quase sem IgG)

10 mL/kg
Concentrado de hemácias 5
(20-60mg de IgG/kg)

10 mL/kg
Sangue total 6
(80-100mg de IgG/kg)

10 mL/kg
Plasma ou plaquetas 7
(160mg de IgG/kg)

*Imunoglobulina intravenosa (reposição) 300 a 400 de IgG/kg 8

*Imunoglobulina intravenosa (terapêutica*) 1.000 mg de IgG/kg 10

*Imunoglobulina intravenosa (terapêutica*) 1.600 a 2.000 mgde IgG/kg 11

Fonte: Adaptado do Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais, 2019.

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FALSAS CONTRAINDICAÇÕES
Não constituem contraindicação à vacinação

• Doenças benignas comuns, tais como: afecções recorrentes infecciosas ou alérgicas das vias
respiratórias superiores, com tosse e/ou coriza, diarreia leve ou moderada e doenças de pele
(impetigo, escabiose etc.);

• Desnutrição;

• Aplicação de vacina contra a raiva em andamento;

• Doença neurológica estável (síndrome convulsiva controlada, por exemplo) ou pregressa com
sequela presente;

• Antecedente familiar de convulsão;

• Tratamento sistêmico com corticosteroides em doses diárias não elevadas durante curto período
(inferior a uma semana) ou tratamento prolongado com doses baixas ou moderadas em dias
alternados;

• Alergias (exceto anafilaxia relacionada com componentes de determinadas vacinas);

• Prematuridade ou baixo peso no nascimento (as vacinas devem ser administradas na idade
cronológica recomendada, não se justificando adiar o início da vacinação);

• Uso de qualquer tipo de antimicrobiano.

Nota: Deve-se ressaltar que história e/ou diagnóstico clínico pregresso de coqueluche, difteria,
sarampo, tétano, tuberculose e qualquer doença imunoprevenível não constituem contraindicação
ao uso das respectivas vacinas.

Unidade 3: Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação


ou Imunização (ESAVI)
As vacinas pertencem a um grupo de produtos biológicos com excelente perfil de segurança. A ocorrência
de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI) deve ser imediatamente
notificada, investigada e esclarecida para que não coloque em risco não apenas a segurança geral da
população, mas todo o programa de imunizações. Por essa razão, os sistemas de vigilância de ESAVI
realizam a busca e a investigação de todas as possíveis reações notificadas à autoridade sanitária
local. Essa atividade é de fundamental importância para a manutenção da confiança nos programas de
imunizações, além de orientar a tomada de medidas que assegurem a melhor relação benefício/risco
para a população vacinada.
O Sistema Nacional de Vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacinação (SNVEAPV) teve sua estruturação
iniciada pelo PNI em 1992, normatizando e sistematizando a notificação, investigação e encerramento
dos ESAVI registrados no sistema de informação. Atualmente, o monitoramento de ESAVI relacionados
às vacinas distribuídas pelo Ministério da Saúde é realizado sob a coordenação do Programa Nacional de
Imunizações (PNI), com a colaboração da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A avaliação
de causalidade dos ESAVI deve ser realizada pelas Coordenações de Imunização estaduais e municipais,
conforme o fluxo já estabelecido pelo PNI, com o apoio por parte da esfera federal.

87
Figura 7. Fluxograma de notificação e investigação de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação

Fonte: Adaptado do Manual de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-Vacinação, 2020.

Por se tratar de um Evento Supostamente Atribuível, destaca-se a incerteza quanto à relação causal
entre o evento adverso e a vacina. É impossível estabelecer tal relação causal no momento da notifi-
cação; isso requer uma revisão sistemática das evidências individuais e populacionais sobre o evento,
com base em uma metodologia estruturada. Ao diferenciar vacinação de imunização, fica claro que o
primeiro termo corresponde ao processo de aplicação ou administração da vacina, enquanto o segundo
é o processo de geração de resposta pelo sistema imunitário da pessoa vacinada, por interação com o
antígeno ou com outros componentes da vacina. Diante de um evento adverso, é necessário diferenciar
o efeito causal de cada componente.

ONDE NOTIFICAR?
• e-SUS Notifica e/ou sistema que vier a substituí-lo, para os estabelecimentos de saúde públicos;

• VigiMed e/ou sistema que vier a substituí-lo, para os estabelecimentos de saúde privados.

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QUEM PODE NOTIFICAR?
Todas as Unidades Básicas de Saúde/salas de vacinação, Unidades de Pronto Atendimento (UPA), pron-
tos-socorros e hospitais. No entanto, qualquer unidade de saúde pública ou privada deve notificar a
ocorrência de um ESAVI.

O QUE NOTIFICAR?
Casos suspeitos de ESAVI graves, raros e inusitados e erros de imunização, que ocorram num período
de até 30 dias após a aplicação da vacina.

Importante: todos os campos da notificação devem ser preenchidos.

Unidade 4: Erros de imunização


Qualquer evento evitável, que pode causar ou levar ao uso inadequado de imunobiológicos e/ou danos
ao paciente.
Tais eventos podem ser relacionados com a prática profissional, os produtos para a saúde, procedimentos
e sistemas, incluindo prescrição, orientação verbal, rotulagem, embalagem e nomenclatura de produtos
industrializados e manipulados, dispensação, distribuição, administração, educação, monitorização e uso.

IMPACTOS DE ERROS DE IMUNIZAÇÃO


As práticas inadequadas de imunização podem resultar em danos para o produtor dos imunobiológicos,
para a instituição que os adquire e distribui, para o profissional que os manipula e administra e para as
pessoas que os recebem.

ALGUNS FATORES QUE CARACTERIZAM PROCEDIMENTOS INADEQUADOS:


a) Reconstituição e diluição: não homogeneizar corretamente, utilizar o diluente trocado, não seguir
o procedimento de reconstituição descrito nas bulas;

b) Dosagem incorreta: administração de doses superiores ou inferiores às recomendadas pelo PNI;

c) Troca de vacinas: a apresentação de alguns frascos de vacinas são muito semelhantes, portanto
deve-se observar sempre o nome da vacina, rotular e organizar a câmara refrigerada de forma a não
misturar os frascos e a fim de evitar erros;

d) Sítio e via de administração: vacinas de uso oral administradas por via parenteral ou vice-versa,
intramuscular administrada subcutânea ou vice-versa, má técnica de administração;

e) Esquema vacinal: administração de vacinas não respeitando a idade mínima/máxima indicada,


intervalo mínimo recomendado entre as doses;

f) Vacinas fora do prazo de validade: administração de vacinas não respeitando o prazo de validade
determinado pelo fabricante;

g) Conservação: utilização de vacinas submetidas a temperatura inadequada;

h) Desatenção do vacinador: sobrecarga de trabalho, cansaço, desconhecimento das normas e rotinas


em vacinação.
89
MÓDULO V
REDE DE FRIO

Unidade 1: A conservação de vacinas na sala de vacinação


Os imunobiológicos são sensíveis a agentes físicos, como a luz e o calor, ou seja, termolábeis, especialmente
por terem sua formulação, antígenos e adjuvantes. O calor acelera a inativação das substâncias que
entram na composição dos produtos, daí a necessidade de mantê-los sob refrigeração.

O manuseio inadequado, algum equipamento com defeito ou a falta de energia elétrica interrompem o
processo de refrigeração, comprometendo a potência dos imunobiológicos, ou seja, a sua capacidade de
desenvolver a proteção específica (formação de anticorpos).

A Cadeia de Frio é o processo logístico da Rede de Frio para conservação dos imunobiológicos, desde o
laboratório produtor até o usuário. Inclui as etapas de recebimento, de armazenamento, de distribuição
e de transporte, de forma oportuna e eficiente, assegurando a preservação de suas características
originais e envolvendo a aplicação de equipamentos, de procedimentos padronizados e de equipe técnica
qualificada.

Na Central Nacional de Armazenamento e Distribuição de Insumos (Cenadi) e na Central Estadual,


instâncias nacional e estadual, respectivamente, são instaladas câmaras frigoríficas com compartimentos
separados para conservar os imunobiológicos a -20°C e entre +2°C e +8°C. Nas câmaras frigoríficas de
-20°C ficam as vacinas que podem ser congeladas. Nas de temperatura entre +2°C e +8°C ficam os
imunobiológicos que não podem ser congelados.

Na Central Estadual, instância estadual, além das câmaras frigoríficas, também são usados freezers para
as vacinas que podem ser congeladas (-20°C) e câmaras refrigeradas específicas para os imunobiológicos
que são conservados entre +2°C e +8°C.

Nas instâncias regional e municipal, os imunobiológicos são conservados em câmaras frigoríficas ou


em freezers (-20°C) e em câmaras refrigeradas (+2°C e +8°C), conforme a temperatura indicada para
cada produto. Nessas instâncias, a instalação da câmara fria e a quantidade dos outros equipamentos
dependem do volume a ser estocado e do tempo de armazenamento.

Na instância local (nos centros e unidades básicas de saúde, nos hospitais e nos ambulatórios), todos os
produtos são conservados entre +2°C e +8°C em câmaras refrigeradas.

A estrutura da Rede de Frio permeia as três esferas administrativas, organizando-se em instâncias com
fluxos de distribuição e armazenamento normalmente verticalizados, conforme ilustra a Figura 8.

90
Figura 8. Fluxograma da Rede de Frio

Fonte: Manual do Treinando - Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação, 2001.

EQUIPAMENTOS APLICÁVEIS À CADEIA DE FRIO


São equipamentos indicados para a conservação dos imunobiológicos na sala de vacinação. Ela deve ter
compartimento único e capacidade mínima compatível com o volume dos produtos que serão armazenados.

A câmara refrigerada deve ser de uso exclusivo para conservar as vacinas. Não se deve guardar medicamentos
ou outros produtos (como material para o teste do pezinho, de laboratório ou odontológico, alimentos ou
bebidas). É recomendável colocar adesivo na porta: “Atenção! Aqui há vacinas” ou “Atenção! Câmara refrigerada
exclusiva para conservação de vacinas”.

O armazenamento de outros produtos aumenta a possibilidade de contaminação, em razão do maior número


de vezes em que a porta será aberta, podendo causar a perda de potência dos imunobiológicos. São cuidados
que devem ser adotados com a câmara refrigerada na sala de vacinação:

a) Deve ser instalada distante de fontes de calor (estufa e autoclave) e fora do alcance dos raios solares;

b) Deve ficar nivelada, se possível sobre um suporte com rodas, e afastada da parede, pelo menos 15 cm,
para a livre circulação do ar no condensador (motor), ou conforme orientações disponíveis no manual do
usuário do equipamento;

c) A tomada ou conexão com a fonte de energia deve ser exclusiva para a câmara refrigerada (não usar T
ou benjamim);

d) Proceder o ajuste da temperatura de set point +4°C da câmara refrigerada sem carga até a estabilização
da mesma. Ajustar o alarme visual e sonoro da câmara refrigerada para imunobiológico, mínimo de +3°C
e máximo de +7°C, para possibilitar a adoção de condutas apropriadas;
91
e) A leitura da temperatura é feita diariamente, por duas vezes: no início da jornada de trabalho e no final
do dia. A temperatura lida é registrada em formulário próprio, fixado na porta ou na face lateral;

f) Identificar e colocar, na parte da frente das bandejas/compartimentos, as vacinas com data de


validade mais próxima do vencimento, utilizando-as antes das demais. Organizar os imunobiológicos
nos compartimentos internos, sem necessidade de diferenciar a distribuição dos produtos por tipo ou
compartimento, uma vez que as câmaras refrigeradas possuem distribuição uniforme de temperatura no
seu interior;

g) O estoque de diluentes deve ficar fora da câmara refrigerada, em temperatura ambiente, com exceção da
vacina tetravalente (pois o diluente é a própria vacina DTP) e o liófilo (vacina Hib), que devem permanecer
refrigerados;

h) O diluente de outras vacinas deve estar entre +2°C e +8°C (ideal: set point +4ºC) no momento da
administração. Para isto, colocá-lo na câmara refrigerada no dia anterior ou pelo menos seis horas antes
do uso.

ATENÇÃO: O PNI indica a utilização de CÂMARAS REFRIGERADAS para substituir o REFRIGERADOR


DE USO DOMÉSTICO, o qual não é mais recomendado por não atender aos critérios de segurança e
qualidade dos imunobiológicos. No menor prazo possível, os refrigeradores domésticos deverão ser
substituídos por CÂMARAS REFRIGERADAS, que são apropriadas e específicas para essa finalidade,
conforme registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Recomendações quanto à especificação e instalação das câmaras refrigeradas:

1. Câmara de conservação de vacinas; tipo vertical; capacidade interna sugerida de 280 a 500 litros úteis;
temperatura regulável na faixa de +2°C a +8° C; temperatura de trabalho pré-programada de 4°C;
2. Construção do gabinete externo em chapa de aço tratada que evite a corrosão, esmaltada a alta
temperatura, pintado com tinta epóxi ou com tinta porcelanizada na cor branca;
3. Isolamento térmico em poliuretano injetado de alta densidade, com, no mínimo, 5cm de espessura em
todas as paredes;
4. Porta de vidro triplo “no fog”, com sistema antiembaçante, com fecho magnético e guarnição de PVC
em todo o perímetro;
5. Gabinete interno em aço inoxidável e que permita acomodação de, no mínimo, sete prateleiras em aço
inox, ajustáveis e removíveis;
6. Sistema de refrigeração isento de CFC, ecologicamente correto;
7. Sistema de refrigeração com unidade selada, com compressor silencioso para funcionamento contínuo,
montado de forma que evite a transmissão de vibrações para o sistema;
8. Controle automático, com sistema de degelo automático;
9. Sistema vertical de circulação contínuo de ar forçado e temperatura uniformemente distribuída em
todos os compartimentos;
10. Equipada com quatro sensores internos, tipo PT100, sendo um para leitura digital de temperatura,
imerso em solução simulando a real temperatura da vacina armazenada, um no sistema de segurança
e dois em pontos diferentes da câmara;
11. Menu para multissensores com tela de LCD que permita visualizar simultaneamente a temperatura
em todos os sensores instalados;

92
12. Termômetro digital para leitura das temperaturas do momento, máxima e mínima, direta e
simultaneamente no mesmo display, que são memorizadas mesmo com o desligamento da câmara e
seu reinício manual;
13. Termômetro digital com subdivisão de leitura de, no mínimo, 0,1°C;
14. Teclas do tipo “toque suave” e memória dos valores pré-programados;
15. Controlador eletrônico microprocessado;
16. Sistema eletrônico de travamento, que evita alterações inadvertidas na programação;
17. Filtro contra ruídos eletromagnéticos, provenientes da rede de alimentação elétrica, protegendo o
sistema microprocessado;
18. Sistema de monitorização de rede, restabelecendo os parâmetros de programação, caso ocorra uma
variação brusca de energia elétrica;
19. Alarmes audiovisuais para porta aberta e para alteração de temperatura, calibrados automaticamente
2,0°C acima ou 2,0°C abaixo da temperatura de trabalho (4°C);
20. Indicações visuais para: ligado geral, refrigeração e alarme inibido;
21. Tecla para inibir o som dos alarmes, reativados automaticamente, com tempo programável;
22. Sistema de autoteste de todas as funções;
23. Chave geral, para alimentação elétrica. Fusíveis de segurança;
24. Voltagem: 220V monofásico 60Hz;
25. Iluminação interna com acionamento automático durante a abertura da porta e mesmo com a porta
fechada;
26. Sistema de manutenção de temperatura crítica em caso de falta de energia elétrica garantido por
blocos de material criogênico distribuídos de maneira uniforme, fixados em suporte de aço inox, de
forma a não diminuir o aproveitamento interno da câmara;
27. Discadora telefônica automática que utilize ramais, de no mínimo, três números diferentes, acionada
quando houver alteração de temperatura em 2,0°C acima ou 2,0°C abaixo da temperatura de trabalho;
28. Possuir sistema de rodízio com freio;
29. Garantia de um ano;
30. Apresentar manual de instruções em português;
31. A empresa deve apresentar certificado de calibração da câmara de conservação juntamente com as
incertezas da medição apresentadas e a rastreabilidade pelo INMETRO/RBC.
Recomenda-se que o nível local não proceda a compra de equipamentos para conservação de vacinas sem
fazer consulta prévia à Gerência Estadual de Imunização.

Cuidados básicos
a) Usar tomada exclusiva, instalada a 130 cm do piso (NBR 5410), para cada equipamento;

b) Instalar em ambiente climatizado, distante de fontes de calor, sem incidência de luz solar direta,
bem nivelada e afastada 15 cm da parede;

c) Não armazenar produtos (kits) e amostras laboratoriais (teste do pezinho), materiais odontológicos,
medicamentos, alimentos, bebidas etc;

d) Certificar-se de que a porta está vedada adequadamente (teste da tira de papel, que deve ser
realizado mensalmente).
93
LIMPEZA DOS EQUIPAMENTOS
a) Limpar a câmara de conservação a cada 30 dias, ou conforme orientações disponíveis no manual
do equipamento. Evite a limpeza no final da tarde, às sextas-feiras ou antes de feriados prolongados,
pois é preciso monitorar a temperatura após religar até que esta chegue no valor indicado;

b) Para a limpeza, transferir os produtos para caixas térmicas, com bobinas reutilizáveis e o
termômetro de cabo extensor. Antes, esperar o tempo necessário (mais ou menos 30 minutos) até
que o ambiente interno da caixa esteja entre +2°C e +8°C (ideal = +4°C a +5°C). Após, colocar as
vacinas e vedar a caixa;

c) Se dispõe de duas geladeiras/câmaras refrigeradas. Em vez de usar a caixa térmica, pode-se


transferir os produtos para um dos equipamentos, enquanto é feita a limpeza no outro. Alternar a
limpeza dos dois equipamentos, dando prazo mínimo de dois dias entre a limpeza de um e de outro;

d) Antes de começar a limpar, registrar no formulário de controle de temperatura o horário de


desligamento. Desconectar a tomada e abrir as portas do equipamento. Não usar objeto pontiagudo,
prevenindo danos aos tubos de refrigeração;

e) Limpar as áreas interna e externa do equipamento, conforme orientações do manual do usuário.


Não jogar água no interior do equipamento. Enxugar tudo com pano limpo e seco;

f) Religar a câmara refrigerada e fazer os ajustes e organização apropriados. Recolocar os produtos


nos lugares indicados.

CAIXAS TÉRMICAS
Produzida com material isotérmico do tipo poliuretano ou poliestireno expandido (isopor) (Figura 9),
sendo este último mais utilizado no transporte de imunobiológicos entre as diversas instâncias. Para
transporte entre as instâncias regionais e municipais e também para o uso diário, as caixas de poliuretano
são amplamente indicadas pela durabilidade e maior resistência do material.

Figura 9. Caixas térmicas para transporte de imunobiológicos

Fonte: Manual de Rede de Frio do Programa Nacional de Imunizações, 2017.

94
A caixa térmica é utilizada nas seguintes situações:

a) Na sala de vacina, para conservar os imunobiológicos previstos para o dia de trabalho;

b Nas atividades de vacinação extramuros em campanhas, intensificações e bloqueios;

c) No momento da limpeza das câmaras refrigeradas, quando não está disponível um segundo
equipamento;

d) Situações de emergência (ex.: corte de energia elétrica);

e) No transporte de uma instância de Rede de Frio para outra.

Para essas atividades, de acordo com o volume de imunobiológicos a serem armazenados/transportados,


sugere-se:

a) Uma ou mais caixas de poliuretano de, no mínimo, 12 litros, densidade mínima de 35 kg/m³, com
espessura de parede (isolamento térmico) de 2 a 3 cm, para acondicionamento de vacinas de uso
diário;

b) Duas ou mais caixas de poliuretano de 28 a 35 litros, com espessura de parede (isolamento térmico)
com densidade mínima de 35kg/m³, de, no mínimo, 3 cm, para acondicionamento das vacinas durante
o transporte, vacinação extramuro e limpeza das câmeras refrigeradas;

c) Um termômetro de cabo extensor para cada caixa de poliuretano.

Cuidados básicos

a) Verificar as condições da caixa quanto a existência de rachaduras e/ou furos;

b) Lavar e secar cuidadosamente após cada uso;

c) Guardar as caixas abertas em local adequado.

ORGANIZAÇÃO DA CAIXA TÉRMICA DE USO DIÁRIO NA ROTINA DA SALA DE VACINAÇÃO


a) Usar, na sala de vacinação, caixa térmica do tipo retangular, com volume mínimo de 12 litros e com
tampa ajustada;

b) Ambientar as bobinas de gelo reutilizáveis e colocá-las no fundo e nas laterais da caixa;

c) Arrumar os imunobiológicos no centro da caixa (Figura 10);

d) Manter a temperatura interna da caixa entre +2°C e +8°C, monitorando-a com termômetro de cabo
extensor, trocando as bobinas de gelo reutilizáveis sempre que necessário;

e) Manter a caixa térmica fora do alcance da luz solar direta e distante de fontes de calor;

f) Ao final da jornada de trabalho, retornar as bobinas ao congelador/freezer. Lavar a caixa térmica,


enxugá-la e guardá-la sem tampa.

95
Figura 10. Organização dos imunobiológicos na caixa térmica

Fonte: Adaptado do Manual do Treinando em Sala de Vacina, 2021.


Ilustração: Any Kauyri Oksawara/ Equipe de comunicação DIVE/SC.

ORGANIZAÇÃO DA CAIXA TÉRMICA DE USO DIÁRIO


As bobinas a serem utilizadas para o preparo da caixa térmica de uso diário e que estão armazenadas
em congelador ou freezer atingem -20°C; e, no evaporador do refrigerador, -7°C, aproximadamente.
Quando as salas utilizarem câmaras refrigeradas, utilizar freezer ou congeladores de outras geladeiras
da unidade (ex.: farmácia) para o acondicionamento do gelo reciclável.

Para o acondicionamento de imunobiológicos entre +2°C e +8°C é necessária a ambientação das bobinas
da seguinte maneira: colocá-las sobre uma mesa, pia ou bancada, até que desapareça a “névoa” que
normalmente cobre a superfície externa da bobina congelada (Figura 11). Ao mesmo tempo, dispor uma
das bobinas sobre um material isolante (tampa da caixa de isopor) e, sob esta, o bulbo de um termômetro
de cabo extensor, a fim de monitorar a temperatura.

Após o desaparecimento da “névoa” e a confirmação da temperatura positiva (a partir de 0°C), secá-las e


colocá-las nas caixas. Recomenda-se aferir a temperatura interna da caixa, com o termômetro de cabo
extensor, antes de colocar os imunobiológicos em seu interior. Posicionar o sensor do termômetro no
centro da caixa térmica, monitorando a temperatura até atingir um mínimo de +0°C para se certificar da
adequada climatização no interior da caixa.

96
Figura 11. Acondicionamento dos imunobiológicos e ambientação das bobinas

Fonte: Adaptado do Manual do Treinando em Sala de Vacina, 2021.


Ilustração: Any Kauyri Oksawara/ Equipe de comunicação DIVE/SC.

ATENÇÃO:

a) Nas caixas térmicas destinadas ao transporte da instância regional para municipal e desta para as
salas de vacina, devem ser utilizadas bobinas de gelo recicláveis, previamente mantidas em freezer
e ambientadas. Manter o monitoramento com termômetro de cabo extensor permanentemente;
colocar os imunobiológicos no centro da caixa térmica. Anexar toda a documentação referente aos
produtos (nota de fornecimento, documento de controle de temperatura etc.) junto a caixa térmica.
A seguir, lacrar a caixa, colocar a etiqueta identificando-a com endereço de destino, nome e telefone
do responsável pelo recebimento (para contato em caso de emergência), data e hora da embalagem;

b) Como o transporte entre as diferentes instâncias é feito predominantemente por via terrestre,
recomenda-se o máximo de cuidado na colocação das caixas térmicas dentro dos veículos. Caso
não possua condicionador de ar, não fechar as janelas; quando estacionar os veículos fazê-lo a
sombra, evitando a incidência de luz solar direta e deixando as caixas afastadas das paredes e do
motor. Quando do transporte por equipes móveis de vacinação (extramuro), observar as mesmas
recomendações concernentes ao transporte terrestre de vacinas – de acordo com a normatização de
vacinação extramuro – (ver dados da nota);

c) Não se recomenda preparar de véspera as caixas térmicas, evitando deixá-las prontas dentro da
câmara fria, uma vez que compromete a qualidade dos imunobiológicos;

d) Verificar a data de validade das bobinas de gelo recicláveis e atentar para que as mesmas estejam
em bom estado de limpeza;

e) Todo motorista que realiza o transporte das vacinas deverá receber as orientações contidas nas
normas técnicas.

97
CONTROLE DE TEMPERATURA
É importante a verificação da temperatura dos equipamentos da Rede de Frio, pelo menos duas vezes
ao dia. No início de cada jornada de trabalho (pela manhã) e outra no fim da jornada (à tarde). Na caixa
térmica, a temperatura deve ser verificada com mais frequência e as bobinas reutilizáveis substituídas
antes da temperatura aproximar-se de +8°C.

O recomendado para ser usado nos equipamentos da Rede de Frio é o de máxima e mínima, para
verificar a temperatura máxima e a temperatura mínima ocorrida em um espaço de tempo, assim como
a temperatura no momento da verificação.

Tipos de termômetros

1) Termômetros digitais:

• Termômetro de momento, máxima e mínima com cabo extensor;

• São equipamentos eletrônicos, de precisão com visor de cristal líquido;

• O termômetro de cabo extensor é de fácil leitura. O bulbo é instalado no interior do equipamento e


o visor permanece do lado de fora, indicando as temperaturas do momento, a máxima e a mínima
ou apenas a temperatura do momento, em um período de tempo. Outros modelos, com dois visores,
permitem também a leitura da temperatura do ambiente externo. Podem ter alarme, que é acionado
quando a variação de temperatura ultrapassa os limites configurados, ou seja, entre +2°C e + 8°C
(set point);

• O termômetro digital, de momento, máxima e mínima, com cabo extensor e dois visores é o mais
utilizado no interior de câmaras frias ou de caixas térmicas (Figura 12).

Figura 12. Termômetro digital

Fonte: Manual de Rede de Frio do Programa Nacional de Imunizações, 2017.

98
Procedimentos para instalação

a) Abrir o compartimento da bateria na parte traseira do termômetro. Colocar o tipo recomendado.


Alguns produtos são fornecidos já com a bateria, porém com fita isolante que necessita ser retirada
para acionar o termômetro. Ainda na parte traseira, colocar etiqueta com a data de instalação da
bateria;

b) Muitos modelos possuem escalas de medição em graus °F (Fahrenheit) ou °C (Celsius). Selecione em °C;

c) Verificar se existe algum protetor plástico sobre o visor e retire-o;

d) Termômetro de cabo extensor para uso em congeladores deve ser fixado na parte externa do
equipamento, introduzir o cabo pelo lado das dobradiças e localizar o bulbo na parte central interna
(Figura 13).

Figura 13. Organização interna

Fonte: Manual do Treinando em Sala de Vacina, 2021.

Procedimentos para a leitura das temperaturas

• Alguns modelos de termômetro digital são utilizados para o registro de temperatura ambiente
dentro e fora de domicílio;

• O visor identificado com IN (dentro) corresponderá à temperatura do ambiente externo e o visor


identificado com OUT (fora) à temperatura do interior do equipamento.

No visor OUT:
MOMENTO: observar o visor e registrar; NÃO aparecerá os indicativos MAX ou MIN; registrar;
MÁXIMA: pressionando o botão uma vez aparecerá o indicativo MAX; registrar;
MÍNIMA: pressionando mais uma vez aparecerá o indicativo MIN; registrar;
Utilizar o formulário de mapa de controle diário de temperatura.

99
2) Termômetro infravermelho com mira a laser

É um equipamento de alta tecnologia, com mira a laser, que determina precisamente o ponto de medição
da temperatura dos imunobiológicos e bobinas de gelo reutilizáveis, sem contato, através de um foco
luminoso. Possui um mostrador de cristal líquido com iluminação, sendo possível a leitura em locais de
pouca luz (Figura 14).

Figura 14. Modelo de termômetro a laser

Fonte: Manual de Rede de Frio do Programa Nacional de Imunizações, 2017.

3) Data Logger

São pequenos registradores de dados, eletrônico e microprocessado, adequado para monitoramento e


registro de temperatura durante o transporte. Podem ser simplificados para leitura manual, dispondo
de sinalizadores visuais que alertarão o usuário quanto às temperaturas fora da faixa definida, ou
acompanhados de softwares que ajustam a frequência de leitura e calculam a média entre a mínima e
máxima, bem como o tempo em que a temperatura foi mantida (Figura 15).

Figura 15. Data Logger

Fonte: Manual do Treinando em Sala de Vacina, 2022.

100
4) Termômetros analógicos

O modelo mais utilizado é o tipo Capela com botão central com função zeradora de memória. Apresenta
duas colunas verticais de mercúrio com escalas inversas. É utilizado para verificar as variações
de temperatura ocorridas em determinado ambiente, num período de tempo. Fornece três tipos de
informação: a do momento, a máxima e a mínima (Figura 16).

Figura 16. Termômetro analógico

Fonte: Manual do Treinando - Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação, 2001.

Procedimentos para a instalação e leitura das temperaturas

• Fixar o termômetro em posição vertical na área central do equipamento;


• MOMENTO: indicada pela extremidade superior da coluna de mercúrio (colunas prateadas) em
ambos os lados; registrar;
• MÁXIMA: indicada na extremidade inferior do filete azul na coluna da direita;
• MÍNIMA: indicada na extremidade inferior do filete azul na coluna da esquerda.

Observação:

No estado de Santa Catarina está proibida a comercialização de termômetros de mercúrio com


base na LEI Nº 15.292, de 23 de agosto de 2010. Porém, os termômetros existentes poderão ser
utilizados até o final de sua vida útil.

101
Unidade 2: Sistema de Refrigeração
Refrigeração é o processo de reduzir a temperatura de uma substância ou de um espaço determinado.
Pode ser o interior de um refrigerador, de uma câmara frigorífica ou de qualquer outro espaço fechado
em que haja a necessidade de se manter uma temperatura mais baixa que a do ambiente que o cerca.
Para os imunobiológicos, a refrigeração é importante e destina-se exclusivamente à conservação de
sua capacidade de imunização, haja vista que são produtos termolábeis. Isto é, que se deterioram em
temperatura ambiente após determinado tempo de exposição.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE REFRIGERAÇÃO


O frio é definido como a falta ou ausência do calor. O calor é uma forma de energia que pode ser
transmitida de um corpo para outro, pela diferença de temperatura existente entre eles. Transmite-se
da substância ou objeto de temperatura mais alta para a de temperatura mais baixa, com uma tendência
para que as temperaturas sejam igualadas.

MODOS DE TRANSFERÊNCIA DO CALOR


• Condução: ocorre quando o calor é transferido pelo contato direto entre as moléculas de um corpo
ou de dois ou mais corpos. Exemplo: quando aquecemos a extremidade de uma barra metálica, o
calor é transmitido por condução até a outra extremidade. Em cada tipo de material, a transmissão
do calor é diferente: uns aquecem mais que outros, de acordo com sua condutividade;

• Convecção: ocorre quando o calor é transferido de um local para outro pelas correntes existentes
nos meios fluídos. Exemplo: ao colocarmos água para ferver, o que observamos é um fluxo de água
aquecida que sobe para a superfície (bolhas nas paredes do recipiente), permitindo que outra porção
seja aquecida e, assim, sucessivamente até começar a fervura total da água (ebulição);

• Radiação: o calor é transferido de um corpo para outro pela energia radiante. Exemplo: a energia
solar é transmitida por radiação para os corpos ao seu redor. Ela pode ser absorvida ou refletida por
um corpo, dependendo da natureza, textura e cor. Cores escuras absorvem calor, claras expandem,
superfícies espelhadas refletem, superfícies mais frias absorvem;

• Calor latente: é a quantidade de calor que se agrega ou se subtrai de uma substância para que ocorra
mudança de estado físico, sem que exista alteração de temperatura nas mudanças de estado de gelo
para água e de água para o vapor. Verifica-se que a temperatura permanece constante enquanto
agregado ou retirado calor, respectivamente 0ºC e 100ºC.

Com base nesses princípios, apresentamos algumas experiências em que o calor é convenientemente
aplicado para a conservação de imunobiológicos:

a) Ao colocar sobre uma mesa determinada quantidade de vacinas que estejam em temperaturas
mais baixas do que o ar existente na sala, ou seja, frias, ocorrerá uma transferência de calor do ar
ambiental para as vacinas, até que decorrido algum tempo todo o conjunto (ar e vacinas) irá se
encontrar na mesma temperatura (Figura 17);

b) Colocando-se a mesma quantidade de vacinas dentro de uma caixa isolante (isopor, poliuretano,
etc.), elas ficarão parcial e temporariamente protegidas do calor existente na sala, apesar de virem a
perder frio com o recebimento do calor existente no ar dentro da caixa (Figura 18);

102
Figura 17

Fonte: Manual do Treinando - Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação, 2001.

Figura 18

Fonte: Manual do Treinando - Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação, 2001.

c) Ao colocar pacotes de gelo no interior da caixa junto com as vacinas, o gelo, como elemento mais
frio do conjunto, funcionará como receptor de calor do ar e das vacinas. Em consequência, as vacinas
permanecerão frias por mais tempo, até que todo o calor transferido para o gelo o faça derreter.
Somente a partir desse momento, as vacinas passarão a receber calor, já que serão os elementos
mais frios do conjunto (Figura 19).

Figura 19

Fonte: Manual do Treinando - Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação, 2001.

103
Nos exemplos apresentados pode-se verificar que três fatores interferem na manutenção ou não do frio
das vacinas:

a) Temperatura ambiente em torno da caixa térmica. Caso a temperatura ambiente seja mais elevada
do que a temperatura da caixa, isso fará com que toda a superfície da mesma seja afetada, em
virtude da penetração do calor através das paredes da caixa;

b) A qualidade e a espessura do material utilizado no isolamento da caixa térmica. Com paredes mais
grossas, o calor terá mais dificuldade para penetrar no interior da caixa, com paredes mais finas, o
calor passará mais facilmente (Figuras 20 e 21);

Figura 20

Fonte: Manual do Treinando - Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação, 2001.

Figura 21

Fonte: Manual do Treinando - Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação, 2001.

c) Com material mau condutor (por exemplo: poliuretano em vez de isopor), o calor terá maior
dificuldade para penetrar através das paredes da caixa;

d) A quantidade e a temperatura do gelo reciclável a ser colocado no interior da caixa são de vital
importância para a correta conservação das vacinas. Caso se coloque pouco gelo, a transferência do
calor recebido das vacinas e do ar dentro da caixa, através das paredes, rapidamente fará com que o
gelo reciclável comece a aquecer e ficar com temperaturas acima de 2ºC.

104
Ao colocar gelo reciclável em quantidade suficiente para ilhar as vacinas e ocupar os vazios dentro da caixa,
obtém-se um tempo maior até que o calor proveniente da sala penetre através das paredes da caixa, derreta
o gelo e alcance as vacinas. As vacinas, por sua vez, perderão calor para o gelo fazendo com que haja, durante
um determinado tempo, a mesma temperatura nas vacinas e nos pacotes de gelo (Figura 22).

Figura 22

Fonte: Manual do Treinando - Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação, 2001.

A temperatura do gelo reciclável empregado na conservação das vacinas é de grande importância. Caso
se utilize o gelo reciclável em temperaturas muito baixas (inferiores a 0ºC, por exemplo) e em grande
quantidade (“ilhando” as vacinas), corre-se o risco de que, em determinado momento, a temperatura das
vacinas seja a mesma do gelo reciclável (negativas). Em consequência, as vacinas ficarão congeladas e,
desse modo, inativadas e inutilizadas.

Além desses fatores, os exemplos citados permitem lembrar alguns pontos importantes:

• O calor, decorrido algum tempo, passará através das paredes da caixa com maior ou menor facilidade
em função das características do material utilizado e da espessura das mesmas;

• A temperatura no interior da caixa nem sempre é uniforme. Num determinado momento, pode-se
encontrar temperaturas diferentes em diferentes pontos (a, b e c, na Figura 23). O procedimento
de ilhar as vacinas é entendido como uma proteção ao avanço do calor, que parte sempre do mais
quente para o mais frio;

Figura 23

Fonte: Manual do Treinando - Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação, 2001.

105
• No acondicionamento de vacinas em caixas térmicas é possível manter ou reduzir a temperatura
das mesmas durante um determinado tempo, utilizando-se, para tal, diferentes temperaturas e
quantidades do gelo empregado.

CONVECÇÃO NATURAL – DENSIDADE


Uma mesma substância em diferentes temperaturas pode ficar mais ou menos densa, mais leve ou
mais pesada. O ar quente é menos denso que o ar frio. Assim, se num determinado e limitado espaço
ocorre a elevação do ar quente e uma queda do ar frio, este fenômeno chama-se convecção natural.

Exemplo: Os aparelhos de ar condicionado devem ser instalados na parte superior do local para o ar frio
descer e refrigerar todo o ambiente mais rapidamente. Aquecedores devem ser instalados na parte inferior
do local, pois assim o ar quente sobe e aquece rapidamente. Agindo desta forma, garantimos o desempenho
correto do aparelho e economizamos energia, pois a convecção ocorrerá naturalmente.

Ao abrir a porta de um refrigerador vertical, ocorrerá a saída de parte do volume de ar frio contido dentro dele,
com a consequente substituição pelo ar quente situado ao redor do equipamento (meio ambiente). O ar frio,
por ser mais pesado, sai por baixo, permitindo a penetração do ar ambiental (com calor e umidade).

Com base nesses princípios, relataremos alguns cuidados importantes na conservação dos imunobiológicos:

a) Não deixar frascos de vacinas fora da caixa térmica, em cima do balcão. O frasco, como elemento
mais frio, atrairá todo o calor do ar ambiental para ele e em pouco tempo estará na mesma temperatura
do ambiente. Por isso, antes de aspirar a dose da vacina na seringa, o local da administração deverá
estar preparado. Caso contrário, ocorrerá a transferência de calor citada, prejudicando a qualidade
da vacina;

b Procurar adquirir caixas térmicas em que o material seja mau condutor do calor (poliuretano,
isopor), com paredes mais grossas e compostas. Dessa forma, dificultará a penetração do calor;

c) Colocar gelo reciclável nas laterais e no fundo da caixa. Dessa forma, as vacinas serão protegidas
do avanço do calor que parte sempre do mais quente para o mais frio;

d) Deixar espaço para o ar frio circular entre as vacinas. Este mesmo cuidado deve-se ter ao armazenar
os imunobiológicos nos refrigeradores, freezers e câmaras frias;

e) No acondicionamento de vacinas nas caixas térmicas, deve-se levar em conta a quantidade, a


temperatura do gelo reciclável e o tamanho da caixa. A quantidade de gelo a ser colocada no interior
da caixa é de vital importância para a correta conservação das vacinas, pois elas perderão calor para
o gelo, fazendo com que haja, durante um determinado tempo, a mesma temperatura nas vacinas e
no gelo, correndo o risco de congelar as vacinas que não devem ser congeladas.

106
Quadro 20. Exemplo de como ocorre a convecção natural

Gelo a -15°C Vacina a +5°C

-15°C +05°C

-14°C +04°C

-13°C +03°C

-12°C +02°C

-11°C +01°C

-10°C 0°C

-09°C -01°C

-08°C -02°C

-07°C -03°C

-06°C -04°C

-05°C -05°C

Fonte: Manual do Treinando - Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação, 2001.

Portanto, após conhecermos os princípios básicos de refrigeração e assimilarmos a sua importância,


devemos seguir rigorosamente todos os passos de conservação dos imunobiológicos padronizados e
normatizados pelo PNI, para assegurar-lhes qualidade e eficácia.

107
MÓDULO VI
ORGANIZAÇÃO, LIMPEZA E RESÍDUO DA SALA7

Unidade 1: Preparando o ambiente


A sala de vacinação é classificada como área semicrítica. Deve ser destinada exclusivamente à
administração dos imunobiológicos, devendo-se considerar os diversos calendários de vacinação
existentes.

Na sala de vacinação, é importante que todos os procedimentos desenvolvidos promovam a máxima


segurança, reduzindo o risco de contaminação para os indivíduos vacinados e também para a equipe de
vacinação.

As atividades da sala de vacinação são desenvolvidas pela equipe de enfermagem treinada e capacitada
para os procedimentos de manuseio, preparo e administração, registro e descarte dos resíduos.

FUNCIONAMENTO DA SALA DE VACINA


Início do trabalho diário

Função do vacinador responsável pela sala de vacina:

• Verificar se a sala está limpa e em ordem;

• Verificar a temperatura dos equipamentos;

• Verificar ou ligar o sistema de ar condicionado;

• Organizar a caixa térmica de uso diário;

• Retirar do equipamento de refrigeração e as vacinas/diluentes;

• Organizar vacinas e diluentes na caixa térmica (após ambientalização). Atentar para o prazo de
utilização das multidoses.

Acolhimento

O acolhimento é uma atitude de inclusão, que se caracterizada por ações que favorecem a construção de
uma relação de confiança e compromisso entre os usuários, as equipes e os serviços.

O envolvimento é de responsabilidade de toda a equipe. A verificação do comprovante e o encaminhamento


para a vacinação contribuem para fortalecer a importância de manter os esquemas vacinais atualizados.

De modo específico, no acolhimento na sala de vacinação, a equipe deve garantir um ambiente tranquilo e
confortável, assegurar a privacidade e estabelecer uma relação de confiança com o usuário, conversando
com ele e/ou com o responsável sobre os benefícios da vacina.

7. Extraído: Manual de procedimentos para Vacinação, 2011, Estado da Bahia, página 127 a 133. Manual de Normas e procedimentos para
Vacinação, 2014, Ministério da Saúde. Curso de atualização para o trabalhador de sala de vacina. Manual do aluno. Ministério da Saúde, 2014.

108
Triagem

A triagem em sala de vacina consiste em decidir, conforme a idade, o estado de saúde, o estado vacinal,
quais vacinas devem ser aplicadas em determinada pessoa num dado momento. É importante que as
orientações repassadas na triagem sejam realizadas através de uma linguagem simples e acessível à
população que procura pelo serviço.

A triagem em sala de vacina deve englobar as seguintes condutas:

• Verificar se o paciente está comparecendo à sala de vacinação pela primeira vez ou se é retorno;

• Certificar-se da idade do paciente, verificando sua data de nascimento em documento oficial;

• Certificar-se que o cartão de vacinação apresentado pertence ao paciente a ser vacinado, conferindo
o nome do paciente com o nome constante na carteira de vacina;

• Incluir ou localizar o registro do vacinado no sistema de informação vigente, preenchendo as


informações corretas sobre a pessoa a ser vacinada e sobre os dados de vacinação;

• Anotar os dados de identificação na parte externa do cartão/caderneta. Esses dados devem ser
registrados a caneta. O endereço deve ser colocado a lápis, a fim de que possa ser atualizado;

• Conversar com o paciente ou acompanhante sobre o estado de saúde da pessoa a ser vacinada,
observando as indicações e possíveis contraindicações à administração dos imunobiológicos. Avaliar
se há motivos para adiar a vacinação ou para não aplicar determinada vacina, evitando as falsas
contraindicações;

• Informar o paciente ou acompanhante sobre quais vacinas irá receber e sobre a proteção que ela
confere;

• Informar sobre a importância de dar continuidade ao esquema vacinal iniciado;

• Caso a pessoa já tenha comparecido ao serviço anteriormente e recebido algum imunobiológico,


perguntar se houve alguma reação à dose anterior;

• Informar sobre os eventos adversos mais comuns ou esperados das vacinas a serem aplicadas;

• Orientar o paciente ou responsável para retornar à unidade de saúde caso observe que os eventos
adversos mais comuns ou esperados se apresentem com maior intensidade, demorem muito a
passar e se, além destes, surgirem outros sinais e sintomas;

• Registrar no sistema de informação vigente e também na caderneta/cartão do paciente as


informações indispensáveis: data de aplicação da dose, lote da vacina, laboratório do produtor, nome
do vacinador e identificação da unidade de saúde que realizou o procedimento;

• Aprazar com lápis na caderneta/cartão do paciente a data do próximo retorno;

• Verificar a situação vacinal dos demais que acompanham o paciente a fim de iniciar ou regularizar
o esquema vacinal;

• Perguntar ao paciente se há alguma dúvida que o mesmo queira esclarecer.

109
Procedimentos anteriores à administração do imunobiológico

• Identificar os imunobiológicos que devem ser administrados;

• Registrar o paciente;

• Avaliar as indicações e possíveis falsas contraindicações;

• Reforçar a importância de manter o esquema vacinal atualizado;

• Registrar no comprovante vacinal TODOS os dados LEGÍVEIS (dose, lote, unidade de saúde, nome do
vacinador);

• Registrar o aprazamento das próximas doses (lápis);

• Informar a ocorrência de possíveis eventos adversos.

Administração do imunobiológico

• Verifique qual o imunobiológico deve ser administrado – examinar produto, número do lote e prazo
de validade;

• Observar via de administração e a dosagem;

• Preparo/administração do imunobiológico;

• Observar a ocorrência de eventos adversos pós-vacinação;

• Desprezar o material utilizado na caixa coletora de material perfurocortante.

Encerramento do trabalho diário

• Retirar as vacinas da caixa térmica de uso diário – observando o prazo de validade após abertura do
frasco de multidoses;

• Retirar as bobinas reutilizáveis da caixa térmica, proceda a limpeza e acondicione-as no evaporador


do equipamento de refrigeração ou freezer;

• Verificar e anotar a temperatura no mapa de controle diário de temperatura;

• Limpeza da caixa térmica;

• Certifique-se de que os equipamentos de refrigeração estão funcionando corretamente;

• Deixar a sala limpa e em ordem.

110
Unidade 2: Procedimento de limpeza da sala de vacinação
A limpeza da sala de vacinação e a sua manutenção tem como objetivos: prevenir infecções cruzadas;
proporcionar conforto e segurança ao usuário e à equipe de trabalho; e manter um ambiente limpo e agradável.

Os processos de limpeza de superfícies em serviços de saúde envolvem a limpeza concorrente (diária)


e a limpeza terminal (quinzenal). A limpeza da sala de vacinação deve ser realizada por profissionais
devidamente treinados e, embora o trabalhador da sala de vacinação não execute propriamente tal
procedimento, é importante que ele saiba como a limpeza deve e está sendo realizada.

LIMPEZA CONCORRENTE
A limpeza concorrente da sala de vacinação deve ser realizada pelo menos duas vezes ao dia em horários
preestabelecidos ou sempre que ela for necessária. Uma vez por semana, o piso deve ser lavado com
água e sabão, passando-se, após, solução desinfetante.

Para a limpeza concorrente da sala de vacinação, o funcionário deve usar roupa apropriada, calçado
fechado e equipamento de proteção individual (EPI), além de material e produtos apropriados.

Técnica de limpeza concorrente

• Umedecer um pano na solução desinfetante, envolvê-lo em um rodo (pode-se também utilizar o


esfregão) e limpar a sala do fundo para a saída tantas vezes quanto forem necessárias;

• O lixo do chão deve ser recolhido, com o esfregão ou rodo envolvido em pano úmido e colocado no
cesto com a pá;

• Recolher o lixo do cesto, fechando o saco corretamente;

• O lixo comum deve ser colocado em saco descartável preto ou de outra cor. O lixo infectante é
acondicionado em saco branco leitoso e, por conta de sua composição, deve receber cuidados
especiais na separação, no acondicionamento, na coleta, no tratamento e no destino final.

Notas:

• O produto usado para a desinfecção da sala de vacinação é, de preferência, o hipoclorito a 1%;

• Preparando a solução desinfetante para a limpeza: colocar 10 ml de desinfetante (hipoclorito)


para cada litro de água. Caso utilizar outro desinfetante, verificar orientação do fabricante
quanto a diluição;

• Usar esfregão redondo e rodo.

LIMPEZA TERMINAL
A limpeza terminal é a mais completa e inclui todas as superfícies horizontais e verticais, internas e
externas da sala e dos equipamentos. Deve ser realizada a cada 15 dias, contemplando a limpeza de piso,
teto, paredes, portas, janelas, mobiliário, luminárias, lâmpadas e filtros de condicionadores de ar.

Para a limpeza terminal, o funcionário deve usar roupa apropriada, calçado fechado e equipamento de
proteção individual (EPI), além de material e produtos apropriados.

111
Técnica de limpeza terminal

• Preparar a solução desinfetante para a limpeza, colocando 10 ml de desinfetante para cada litro de
água;

• Lavar os cestos de lixo com solução desinfetante;

• Iniciar a limpeza pelo teto, usando pano úmido em solução desinfetante e finalizar com pano seco
envolvido no rodo;

• Retirar e limpar os bojos das luminárias, lavando-os com água e sabão e secando-os em seguida;

• Limpar janelas, vidros e esquadrias com pano úmido em solução desinfetante, finalizando a limpeza
com pano seco;

• Lavar externamente janelas, vidros e esquadrias com escova e solução desinfetante, enxaguando-os
em seguida;

• Limpar as paredes com pano umedecido em solução desinfetante e completar a limpeza com pano
seco;

• Limpar os interruptores de luz com pano úmido;

• Lavar a(s) pia(s) e a(s) torneira(s) com esponja, água e sabão;

• Enxaguar a(s) pia(s) e passar um pano umedecido em solução desinfetante;

• Limpar o chão com esfregão ou rodo envolvidos em pano umedecido em solução desinfetante e, em
seguida, passar pano seco.

Nota:

Nunca varrer o chão. É preciso evitar a dispersão do pó e a contaminação do ambiente.

Unidade 3: Cuidados com o lixo da sala de vacinação


Os resíduos gerados na sala de vacinação podem ser classificados em infectantes e comuns:

• Infectantes (resíduos grupo A1): sobras diárias de imunobiológicos ou produtos que sofreram
alteração de temperatura ou com prazo de validade vencido; materiais perfurocortantes, como:
agulhas, ampolas de vacinas ou vidros que se quebram facilmente e outros resíduos infectantes; a
exemplo das seringas e agulhas descartáveis usadas, contendo resíduos de imunobiológicos;

• Comuns (resíduos grupo D): não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao
meio ambiente, como: papel, embalagens de seringas e agulhas etc.

Atenção:
O responsável pela limpeza da sala de vacinação deve realizar a segregação (separação), o
acondicionamento e a identificação dos resíduos conforme definições estabelecidas na RDC Anvisa
n° 306 de 07/12/2004 e na Resolução Conama nº 358 de 29/04/2005.

112
SEGREGAÇÃO E ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS
A organização da sala de vacinação deve ser feita de modo a possibilitar as condições para separação
dos resíduos decorrentes da atividade de vacinação. A segregação entre resíduo infectante e resíduo
comum na própria sala de vacinação apresenta as seguintes vantagens:

• Permite o tratamento específico e de acordo com as necessidades de cada categoria;

• Impede a contaminação do lixo como um todo;

• Permite que as medidas de segurança sejam adotadas ainda na sala de vacinação;

• Facilita a ação em caso de acidentes ou de emergência.

CAIXA COLETORA
Acondicionar em caixas coletoras de material perfurocortante os frascos vazios de imunobiológicos,
assim como aqueles que devem ser descartados por perda física e/ou técnica, além dos outros resíduos
perfurantes e infectantes (seringas e agulhas usadas) (Figura 24);

Figura 24 - Caixa coletora de material perfurocortante

Fonte: Adaptado do Manual do Treinando em Sala de Vacina, 2021.


Ilustração: Any Kauyri Oksawara/ Equipe de comunicação DIVE/SC.

CUIDADOS COM A CAIXA COLETORA DE MATERIAL PERFUROCORTANTE


• Usar a caixa coletora de material perfurocortante até que o seu conteúdo corresponda a dois terços
(2/3) da capacidade da caixa, independentemente do número de dias de trabalho, para prevenir
acidentes no momento do lacre da caixa;

• Acondicionar em saco plástico, cor branco leitoso, a caixa coletora de material perfurocortante onde
foram colocadas as seringas e agulhas, os vidros das sobras diárias de imunobiológicos ou dos
produtos que sofreram alteração de temperatura, ou que estão com prazo de validade vencido, bem
como as ampolas quebradas.

113
Observações:

• Frascos de vacinas e microorganismos vivos ou atenuados, vencidos, restos, sobras ou as inutilizadas


e as agulhas e seringas utilizadas na vacinação, encaminhar para autoclavagem. Se dispõe de contrato
com empresas que fazem a coleta de lixo hospitalar, acondicionar em saco específico, identificando
com o símbolo de risco biológico;

• Acondicionar em saco plástico de cor preta ou de outras cores, os resíduos sólidos ou semissólidos
e os resíduos comuns;

• Fechar e vedar completamente o saco plástico e identificar antes de encaminhá-lo para o transporte.

Importante:
Em nenhuma hipótese, as caixas coletoras de materiais perfurocortantes devem ser esvaziadas ou
reaproveitadas.

Nota:

A identificação permite o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos ou recipientes, fornecendo
informações para o seu correto manejo. Os sacos para acondicionamento, os recipientes de coleta
interna e externa e transporte e os locais de armazenamento devem ser identificados em áreas
de fácil visualização, de forma indelével, utilizando-se símbolos, cores e frases, atendendo aos
parâmetros referenciados na norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), além de
outras exigências relacionadas à identificação de conteúdos e ao risco específico de cada grupo de
resíduos.

A caixa coletora de material perfurocortante, na sala de vacina, deverá ser colocada em suporte
próprio, não permitindo o contato desta com superfícies tais como: mesa, balcão ou piso (Figura 25).
Preferencialmente, utilizar a caixa com capacidade para sete litros.

Figura 25 - Modelo de suporte para caixa de perfurocortantes

Fonte: Manual do Treinando em Sala de Vacina, 2022.

114
Os resíduos provenientes de campanhas e de vacinação extramuro ou intensificações, enquadrados na
classificação do Grupo A1, quando não puderem ser submetidos ao tratamento nos locais de geração,
devem ser acondicionados em caixas coletoras de materiais perfurocortantes e devem ser fechadas
para o transporte seguro até a unidade de tratamento.

TRATAMENTO DE IMUNOBIOLÓGICOS CONSIDERADOS INFECTANTES


O tratamento adequado dos resíduos dos serviços de saúde é qualquer processo capaz de modificar
as características físicas, químicas e biológicas dos resíduos. Esses processos, executados dentro de
condições de segurança e com eficiência comprovada, deixam os resíduos de acordo com os padrões
indicados para uma determinada forma de disposição final.

Os produtos compostos por microrganismos vivos atenuados (sobras diárias de imunobiológicos ou


produtos que sofreram alteração de temperatura, ou que estão com prazo de validade vencido) constituem
material biológico infectante e, por isso, recebem tratamento prévio antes de serem desprezados.

Devem passar por tratamento antes do descarte, os frascos que sofreram alteração de temperatura
(com autorização para o descarte) e os frascos de produtos com prazo de validade vencido, vacinas que
contém microrganismos vivos, exemplo: BCG; poliomielite 1, 2, 3 (atenuada); rotavírus G1P1[8] (atenuada);
febre amarela (atenuada); tríplice viral; e varicela (atenuada). O ideal é encaminhá-los a um centro
de material e esterilização (CME) na própria unidade ou em outro serviço, para serem autoclavados
e desprezados com o lixo hospitalar. Para proceder ao tratamento, colocar os frascos fechados para
autoclavar.

Os imunobiológicos que têm na sua composição produtos de bactérias mortas, vírus inativados ou
os produzidos por engenharia genética, não precisam receber tratamento especial antes de serem
inutilizados. ex.: vacina DTP, dT, poliomielite inativada (VIP), pentavalente, pneumococos, Haemophilus
influenzae, hepatite A e B, HPV, dTpa.

ARMAZENAMENTO DO LIXO
Após o tratamento e o acondicionamento, os resíduos são armazenados em área do próprio serviço
de saúde, em local específico para essa finalidade. No dia e horário programados para a coleta, o lixo é
transportado para ser armazenado externamente, na “casa do lixo”, por exemplo, ou em um contêiner.

COLETA E DESTINO FINAL


Coleta é o transporte do lixo, desde a sua origem até o local do tratamento ou disposição final. Para que
a coleta atenda aos requisitos de segurança é necessário que, a partir do momento em que o resíduo do
serviço de saúde é removido da casa do lixo ou do contêiner, a responsabilidade pelo destino do mesmo
é exclusiva do órgão municipal de limpeza urbana; a preferência em termos de disposição final é o aterro
sanitário de compactação, não sendo recomendada a reciclagem para evitar a contaminação ambiental.

Na falta do aterro sanitário, o produtor dos resíduos (o próprio serviço de saúde) é responsável pelo
destino final, bem como pelo eventual tratamento prévio, como no caso do lixo composto por resíduos
infectantes e o lixo especial.

115
MÓDULO VII
ADMINISTRAÇÃO DE IMUNOBIOLÓGICO

Unidade 1: Administração de imunobiológicos - técnicas de preparo, vias e


locais de administração
Ao utilizar vacinas, soros e imunoglobulinas, o vacinador deve levar em conta aspectos específicos
relacionados: (a) composição; (b) apresentação; (c) via e as regiões anatômicas para a sua administração;
(d) número de doses; (e) intervalo entre as doses; (f) idade recomendada; (g) conservação; e (h) validade.
Os cuidados e procedimentos que envolvem cada um desses aspectos são fundamentais para que não
haja comprometimento do processo de imunização induzido pela vacinação.

Figura 26 - Vacina protege toda a família

Fonte: Adaptado do Ministério da Saúde. Peças da Campanha de Vacinação contra Gripe e Sarampo de 2022.

HIGIENE DAS MÃOS


A higiene das mãos é um dos mais importantes procedimentos que antecedem a administração de
vacinas, soros e imunoglobulinas.

O ato de lavar as mãos, quando praticado por todo pessoal de saúde, é essencial para a prevenção e
controle de infecções. Na sala de vacinação, quando este procedimento é rigorosamente obedecido,
previne-se a contaminação no manuseio, no preparo e na administração dos imunobiológicos.

A higiene das mãos é realizada antes e depois de:

• Manusear os materiais, as vacinas, os soros e as imunoglobulinas;

• Administrar cada vacina, soro e imunoglobulina;

• Executar qualquer atividade na sala de vacinação.

116
Notas:

• Antes de iniciar a higiene das mãos é necessário retirar joias, como anéis, pulseiras e outros
adornos, pois sob tais objetos podem acumular microrganismos.

• Importante, também, manter as unhas curtas e com os cantos aparados para evitar acidentes
e acúmulo de sujidades.

Para fazer a higiene das mãos, seguir orientações técnicas de higienização das mãos em serviços de
saúde, conforme orientações da ANVISA.

Nota:

O uso coletivo de toalhas de tecido é contraindicado, pois elas permanecem úmidas, favorecendo
a proliferação bacteriana.

PROCEDIMENTOS NA UTILIZAÇÃO DE SERINGAS E AGULHAS


No manuseio de seringas e agulhas descartáveis é necessário manter os seguintes cuidados:

• Guardar seringas e agulhas descartáveis, ainda na embalagem original, em local limpo e seco, de
preferência em armário fechado;

• Lavar as mãos com água e sabão antes de manusear o material;

• Manusear o material em campo limpo;

• Verificar, antes de abrir: (a) se a embalagem está íntegra; (b) se o material se encontra dentro do
prazo de validade; e (c) se o material é apropriado ao procedimento, evitando desperdício;

• Abrir cuidadosamente a embalagem, na direção do êmbolo para a ponta da agulha, evitando a


contaminação;

• Descartar adequadamente as seringas e agulhas após o uso.

Notas:

• Após o uso, as agulhas não devem ser recapadas ou entortadas, nem retiradas manualmente;

• As seringas e agulhas devem ser descartadas em caixas coletoras de materiais pperfurocortante.


Quando a caixa coletora de material perfurocortante atingir a capacidade máxima de
armazenamento (2/3), ela deve ser fechada e enviada para a coleta do lixo hospitalar, conforme
orientação na Parte III do Manual de procedimentos em sala de vacina (no tópico 4);

• Seringas e agulhas com dispositivo de segurança também devem ser descartadas na caixa
coletora de material perfurocortante.

117
Unidade 2: Vacinas
RECONSTITUIÇÃO E REMOÇÃO DE SOLUÇÕES
Reconstituição e remoção de imunobiológicos apresentados sob a forma liofilizada em frasco com
tampa de borracha:

1. Higienize as mãos;

2. Escolha a seringa e a agulha apropriadas e, quando for o caso, acople a seringa a agulha, mantendo-a
protegida;

3. Retire a tampa metálica do frasco-ampola contendo o liófilo, utilizando uma pinça ou outro
instrumento evitando contaminação da borracha;

4. Envolva a ampola do diluente em gaze ou algodão seco e abra-a. Se o diluente errado for usado,
notificar o procedimento inadequado para avaliação da conduta;

5. Coloque a ampola aberta entre os dedos indicador e médio;

6. Aspire o diluente da ampola e injete-o na parede interna do frasco-ampola contendo o liófilo;

7. É necessário homogeneizar o conteúdo realizando um movimento rotativo do frasco em sentido


único, sem produzir espuma;

8. Coloque a seringa em posição vertical (no nível dos olhos), com a agulha conectada ao frasco-ampola
aspire a quantidade da solução correspondente a dose a ser administrada e expulse o ar;

9. Mantenha a agulha protegida até o momento da administração;

10. A dose de vacina deve ser aspirada somente no momento da administração.

Notas:

• Nunca deixe seringas preenchidas (previamente preparadas) armazenadas na caixa térmica de


uso diário da sala de vacinação, especialmente em campanhas;

• Ajustar a dose ainda com a agulha conectada ao frasco-ampola;

• Em qualquer situação, assegurar o ajuste do êmbolo com o bico da seringa para garantir
segurança no momento da administração;

• Antes de fazer a aspiração de cada dose, deve-se submeter o frasco em movimento de rotação.
Particularmente, com as vacinas que contém hidróxido de alumínio como adjuvante.

CIRCUITO FECHADO
É um modo de utilização dos frascos de vacina multidose. Após perfurar a borracha com agulha, esta
mantém-se inserida no frasco até o término do prazo de validade. Recomenda-se, para esse procedimento,
a utilização de agulha de menor comprimento (13x4,5 ou 20x5,5), a fim de evitar a contaminação da
vacina. A troca da seringa acontece sempre que aspirar uma nova dose. Utilizar a seringa acoplada na
agulha para aspirar a dose de vacina a ser aplicada e colocar uma nova seringa que deverá permanecer
até a próxima dose.

118
Essa prática vem sendo adotada em Santa Catarina desde 2001, após confirmar que a borracha do
frasco não veda o orifício aberto pela agulha permitindo a passagem do líquido pelo orifício da borracha.
Desta maneira, havia a possibilidade de ocorrer o risco de contaminação do imunobiológico após as
perfurações. Desde então, o estado utiliza circuito fechado e demonstrou não haver aumento de reações
locais.

Para remover soluções acondicionadas em ampola de vidro, envolver a ampola com gaze ou algodão
seco, serrar o gargalo (sem quebrar) e depois quebrar a ampola. Colocá-la entre o dedo indicador e o
médio, introduzir a agulha no líquido e aspirar a dose correspondente.

Unidade 3: Vias e locais de aplicação das vacinas injetáveis


Os imunobiológicos são produtos seguros, eficazes e possuem bom custo-efetivo em saúde pública. Sua
eficácia e segurança, entretanto, estão fortemente relacionadas ao seu manuseio e a sua administração.
Confira a seguir os procedimentos gerais para a administração de vacinas:

1. Higienize as mãos;

2. Cheque o imunobiológico a ser administrado, bem como o paciente que irá recebê-lo (se possível,
solicitar algum documento de identificação);

3. Prepare a vacina conforme a sua apresentação;

4. Escolha o local para a administração da vacina, evitando locais com cicatrizes, manchas, tatuagens
e lesões;

5. Coloque o paciente em posição confortável e segura, evitando acidentes durante o procedimento;

6. Na vacinação de crianças, solicite ajuda do acompanhante na contenção para evitar movimentos


bruscos;

7. Pince o local da administração com o dedo indicador e o polegar, mantendo a região firme;

8. Introduza a agulha com bisel lateralizado, com rapidez e firmeza, formando um ângulo de 90 graus;

9. Injete a solução lentamente;

10. Retire a seringa com a agulha em movimento único e firme;

11. Faça uma leve compressão no local com algodão seco;

12. Despreze a seringa e a agulha utilizadas na caixa coletora de material perfurocortante;

13. Higienize novamente as mãos.

Observação:

Dentro dos procedimentos para vacinação, NÃO há indicação de aspiração no momento da


administração do imunobiológico em tecido muscular para verificar se foi atingido vaso sanguíneo.

Além de seguir os procedimentos listados acima, é importante estar atento às formas de administração.
Cada vacina demanda uma via específica para a sua administração, a fim de se manter a eficácia plena.

As vacinas utilizadas no PNI podem ser administradas por via oral, intramuscular, subcutânea e intradérmica.

119
VIA INTRAMUSCULAR
Os locais selecionados para a injeção intramuscular (IM) devem estar distantes dos grandes nervos e de
vasos sanguíneos.

O tamanho da seringa para a injeção intramuscular varia conforme o volume a ser injetado, podendo
ser de 1 ml, 3 ml e 5 ml. O comprimento e o calibre da agulha também variam de acordo com a massa
muscular e a solubilidade do líquido a ser injetado, podendo ser entre 20 mm e 30 mm de comprimento
e entre 5,5 dec/mm e 8 dec/mm de calibre. O bisel da agulha deve ser longo para facilitar a introdução
e alcançar o músculo.

Para aplicação de injeção intramuscular, firmar o músculo, utilizando o dedo indicador e o polegar, e
introduzir a agulha formando um ângulo reto (90 graus). Em crianças com pouca massa muscular,
utilizar angulação de 60 graus, em sentido podálico.

Ainda na administração de vacinas intramusculares é importante levar em consideração alguns fatores


para a seleção do local apropriado, tais como: massa muscular, idade, estado da pele, inervação e
vascularização da área dentre outros. Trata-se de uma via adequada para a injeção de substâncias que
necessitam de uma absorção rápida. São regiões mais utilizadas: (i) o músculo vasto lateral da coxa
(no terço médio da coxa, medido entre o joelho e o trocanter maior); (ii) o músculo ventroglúteo; (iii) o
músculo deltoide; e (iv) o músculo dorso glúteo (músculo grande glúteo, no quadrante superior externo).

A região ventroglútea, introduzida na prática em 1954 pelo anatomista suíço Von E. Hoschstetter, é
pouco usada, apesar de estudos afirmarem que esta área é indicada para qualquer faixa etária e é a mais
segura e adequada para a aplicação de injetáveis por possuir uma vasta musculatura, com espessura
aproximada de 4 cm na zona central do músculo mínimo e médio, ser livre de estruturas importantes e
possuir pequenos nervos, além da concavidade do osso ilíaco impedir deslocamento da substância para
o nervo ciático. Para Cook e Murtagh (2006), a região ventroglútea é a mais indicada para administração
de medicamentos intramusculares devido a segurança que essa via fornece. Quando comparada com a
administração de vacinas nas regiões recomendadas para a vacinação pediátrica (deltoide e anterolateral),
a região ventroglútea tem menor reatogenicidade e semelhante imunogenicidade.

Nas administrações intramusculares, a agulha utilizada deve ser longa o bastante para atingir o músculo.
Cada caso deve ser avaliado individualmente, levando-se em conta a idade do paciente, sua massa
muscular e a espessura do tecido subcutâneo (Quadro 21).

Quadro 21. Agulhas recomendadas para aplicações intramusculares

Ventroglúteo 20x5,5, 25x6 ou 30x7

Vasto lateral da coxa 20x5,5 ou 25x6

Deltoide 20x5,5 em crianças e 25x6 ou 30x7 em adultos

Dorso glúteo 25x7, 30x7

Observações:
• No caso de crianças, a agulha com o comprimento entre 5,5 dec/mm ou 6 dec/mm é suficiente
para a maioria das injeções intramusculares;
• O julgamento crítico deve considerar a idade do paciente, seu estado geral e o desenvolvimento
muscular para escolha segura do músculo e tamanho da agulha;
• Homens obesos e mulheres com peso superior a 90 Kg (grande espessura de tecido adiposo)
necessitam de uma agulha de, pelo menos, 30 mm de comprimento.

Fonte: Manual do Treinando em Sala de Vacina, 2021.

120
Locais de aplicação

Vasto lateral da coxa

Este músculo está localizado na região anterolateral da coxa, não se evidencia nessa região/área
grandes nervos e vasos sanguíneos. É o local de escolha para aplicar injeções IM nos lactentes, já que
representa a maior massa muscular dessa faixa etária. É também um ótimo local para injeções nos
adultos saudáveis. Entretanto, a injeção IM nesse músculo tem o inconveniente de ser muito dolorosa,
tanto em crianças como em adultos, devido a presença do nervo cutâneo lateral (Fonte: CENTRO DE
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, 2008; OLIVEIRA; TAKAHASHI; ARAÚJO, 2008).

Delimitação: palpe o trocanter maior do fêmur e as articulações do joelho, divida a distância vertical das
duas estruturas em três partes, no terço médio, insira a agulha na linha imaginária entre o vinco da calça
e a costura lateral (Figura 27).

Figura 27. Delimitação do vasto lateral da coxa

Fonte: Adaptado do Manual do Treinando em Sala de Vacina, 2021.


Ilustração: Any Kauyri Oksawara/Equipe de comunicação DIVE/SC.

Quadro 22. Vantagens e desvantagens da aplicação no músculo vasto lateral da coxa.

Vantagens Desvantagens

• Músculos grandes e bem desenvolvidos;


• Trombose da artéria femoral se injeção
• Inexistência de nervos e vasos sanguíneos na
na área mediana da coxa;
região;
• Lesão de nervo isquiático por agulha
• Indicado para todas as idades;
longa em criança.
• Fácil acesso.

Fonte: Adaptado do Manual do Treinando em Sala de Vacina, 2021.

121
Ventroglúteo (Hochstetter)

Localizar o trocanter maior do fêmur, o tubérculo ilíaco ântero-superior e a crista ilíaca posterior; coloque
a palma da mão sobre o trocanter maior, o dedo indicador sobre o tubérculo ilíaco ântero-superior e o
dedo médio na crista ilíaca posterior o mais longe possível. Aplique dentro do centro do V formado pelos
dedos (Figura 28), direcionando a agulha discretamente para cima, na direção da crista ilíaca. Ressalta-
se que esta área tem sido considerada a opção mais segura para injeção IM, uma vez que evita a punção
acidental de vasos sanguíneos e nervos, havendo poucos relatos de complicações associadas. (COREN
SP, fevereiro 2010). Região indicada para qualquer faixa etária, especialmente crianças, idosos, indivíduos
magros ou emaciados.

Delimitação: este local é de fácil acesso com o paciente em decúbito ventral, dorso ou lateral.

Figura 28. Delimitação ventroglúteo (Hochstetter)

Fonte: Adaptado do Manual do Treinando em Sala de Vacina, 2021.


Ilustração: Any Kauyri Oksawara/Equipe de comunicação DIVE/SC.

Quadro 23. Vantagens e desvantagens da aplicação no ventroglúteo.

Vantagens Desvantagens

• Livre de vasos ou nervos importantes;

• Seu tecido subcutâneo de menor espessura, se • A visualização do local de aplicação pelo


comparado a outros músculos utilizados para paciente e a apreensão deste;
IM;
• Pouco uso desta técnica pelos
• Facilmente identificado pelos marcos ósseos profissionais;
proeminentes;
• Algumas bibliografias contraindicam sua
• Acomoda volume maior de líquido; utilização em crianças menores de sete
meses.
• Menos doloroso se comparado ao dorso
glúteo.

Fonte: Manual do Treinando em Sala de Vacina. Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, 2021.

122
Músculo deltoide

Para administração de medicamentos neste músculo, deve-se atentar para não atingir a clavícula, o
úmero, o acrômio a artéria e veia braquial e o nervo radial.

Quando for utilizar o dorso glúteo ou músculo grande glúteo, colocar a pessoa em decúbito ventral.
Para utilizar o músculo deltoide, colocar a pessoa na posição sentada ou em decúbito lateral, localizar o
músculo deltoide e traçar um triângulo imaginário com a base voltada para cima. Introduzir a agulha no
centro do triângulo imaginário, formando um ângulo reto (90 graus) (Figura 29).

Em virtude da variação anatômica do nervo axilar, e, levando-se em consideração o potencial de sequela


causada pela lesão neural, o músculo deltoide não deve ser o sítio de primeira escolha para injeção
intramuscular (COREN SP, 2010).

Figura 29. Delimitação do músculo deltoide

Fonte: Adaptado do Manual do Treinando em Sala de Vacina, 2021.


Ilustração: Any Kauyri Oksawara/Equipe de comunicação DIVE/SC.

Quadro 24. Vantagens e desvantagens da aplicação no músculo deltoide

Vantagens Desvantagens

• Massa muscular pequena, limita o volume a ser


• Absorção mais rápida do que na região infundido;
glútea;
• Margem de segurança pequena para lesão de
• Fácil acesso, com a retirada mínima de nervo radial e axilar;
roupa;
• Lesão nervosa pode ocorrer por: irritação
• Menos dor e efeitos colaterais se química, ação tóxica do medicamento, neurite
comparado ao vasto lateral da coxa na progressiva e inflamatória relacionada à
aplicação de vacinas. administração de vacinas ou por lesão mecânica
direta do nervo pela agulha.

Fonte: Adaptado do Manual do Treinando em Sala de Vacina, 2021.

123
Técnica em Z

Esta é uma técnica alternativa, sugerida e recomendada por inúmeros autores para administração de
injeções IM, visando impedir o refluxo da medicação para o tecido subcutâneo, reduzindo a dor e possíveis
reações locais. Consiste em esticar a pele para baixo ou para o lado do local onde se pretende aplicar a
injeção até o final da administração da solução. Esta ação move os tecidos cutâneos e subcutâneos para
aproximadamente 1 a 2 cm. Após a retirada da agulha, a pele é liberada de modo que volte a posição
inicial, cobrindo o orifício de entrada da agulha e impedindo a saída do líquido injetado.

VIA SUBCUTÂNEA
Nas injeções subcutâneas (SC), a droga é depositada no tecido conectivo frouxo, localizado logo abaixo
da derme. Como se trata de um tecido menos irrigado, a absorção é lenta e também dolorosa, pela
presença de inúmeros receptores para dor presentes no subcutâneo.

Para injeções subcutâneas, os locais adequados devem ser pobres em terminações nervosas e pouco
vascularizados. Dentre os locais que podem ser usados, estão: (a) a face superior externa do braço;
(b) a face anterior e externa da coxa; (c) face anterior do antebraço; e, (d) a região do deltoide no terço
proximal.

São exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina sarampo, caxumba e rubéola e vacina febre
amarela (atenuada).

Utilizar apenas dois dedos para formar a “prega” do subcutâneo e não toda a mão, para evitar levantar
a fáscia muscular nessa manobra; fazer a aplicação em ângulo de 90 graus em adultos e entre 45 e 60
graus em crianças; injetar o líquido lentamente, pois a infusão abrupta provoca dor; retirar a seringa e a
agulha em movimento único; a agulha adequada é a 13x4,5.

Figura 30: Locais adequados para aplicação de injeções subcutâneas.

Foto: Freepik Fonte: Adaptado do Manual do Treinando em


Sala de Vacina, 2021. Ilustração: Any Kauyri
Oksawara/Equipe de comunicação DIVE/SC.

124
VIA INTRADÉRMICA
Injeções aplicadas logo abaixo da epiderme (ID) permitem a introdução de pequenas quantidades de
substâncias, devido a reduzida elasticidade da derme.

A única vacina atualmente administrada por via intradérmica é a BCG. O volume estabelecido é de 0,1 ml
ou conforme laboratório produtor. Não se recomenda a assepsia com álcool para evitar a interação entre
os líquidos. Se a região estiver muito exposta ou apresentar sujidade, lavar somente com água e sabão,
secando após este procedimento.

Para facilitar a identificação da cicatriz vacinal, recomenda-se no Brasil que a vacina BCG seja administrada
na inserção inferior do músculo deltoide direito.

Na impossibilidade de se utilizar o deltoide direito para tal procedimento, a referida vacina pode ser
administrada no deltoide esquerdo, registrando a mudança de local na caderneta de vacinação.

A agulha deve ser pequena (entre 10 mm e 13 mm de comprimento) e fina (3,8 dec/mm; 4,0 dec/mm e
4,5 dec/mm de calibre); a seringa utilizada deve ser de 1,0 ml que possui escala de frações em milímetros
(0,1 ml) ou seringa especifica do laboratório produtor. Sugerimos a utilização de óculos de proteção para
realização dessa vacina.

Figura 31: Aplicação de vacina via intradérmica.

Fonte: Manual do Treinando em Sala de Vacina, 2021.

VIA ORAL
A via oral é utilizada para a administração de soluções que são melhores absorvidas no trato gastrintestinal.
O volume e a dose dessas soluções são introduzidas pela boca com apresentações diversas, como, por
exemplo, em gotas (frascos multidoses) e seringas (unidose).

Referência: Manual de Imunização Albert Einstein-Hospital Israelita – 4ª edição, páginas 18 a 20, 2009.

125
MÓDULO VIII
SUPERVISÃO, COBERTURA VACINAL E SISTEMA DE INFORMAÇÃO

Unidade 1: Supervisão
A supervisão deve ser entendida como um processo educativo que se efetiva na base da cooperação,
da colaboração, da construção conjunta e de uma relação de parceria; articulando o exame, a avaliação,
a assessoria e a troca de informação, conhecimentos e experiências. Nessa relação, supervisor e
supervisionado enfrentam juntos as solicitações do serviço, os problemas existentes, os entraves
causados pelas dificuldades interpessoais e de estrutura, bem como as limitações individuais de cada
integrante do processo, identificando práticas e instrumentos de atuação conjunta sobre o objeto de
trabalho.

A supervisão é uma prática realizada com diferentes propósitos, a saber:

• para atender solicitação da equipe local quando é realizada pela equipe municipal ou regional e ou
estadual;

• para complementação de processo de capacitação ou para avaliação de egressos de processo de


educação continuada.

SUPERVISÃO NA VACINAÇÃO
Na supervisão da vacinação ocorre o monitoramento como avaliação do processo, sendo o trabalho
sistemático voltado para análise da cobertura e do desenvolvimento das atividades, verificando até que
ponto a população-alvo está sendo atendida naquilo que é objeto da ação.

O monitoramento é uma importante ferramenta para o gestor, para o gerente e para o supervisor. Com
o monitoramento, uma grande quantidade de informações registradas pelos profissionais de saúde e
que, muitas vezes, não são adequadamente utilizadas, podem constituir matéria-prima para a avaliação
continuada dos serviços.

O monitoramento da atividade de vacinação, na prática, pode responder a quatro questões básicas:

1. Até que ponto o trabalho de vacinação está alcançando a população-alvo que precisa ser vacinada?

2. A atividade de vacinação está de acordo com o que foi preconizado no planejamento?

3. A atividade de vacinação está de acordo com normas e procedimentos preconizados?

4. A equipe está usando todos os recursos disponíveis para solucionar os problemas e superar as
dificuldades?

A realização do monitoramento e da avaliação requer a definição de indicadores e instrumentos. Um


indicador é uma medida resumo associada a uma atividade ou processo que, quando comparado a um
padrão, permite analisar a programação, os resultados e os impactos. As coberturas de vacinação são
indicadores consagrados de avaliação de resultados da vacinação.

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Unidade 2: Cobertura vacinal
Cobertura de vacinação é um indicador representado pelo percentual de pessoas vacinadas (com
uma vacina específica), em determinado espaço geográfico, em um período considerado. Essas duas
informações devem se referir, sempre, a um mesmo local e a um mesmo período (tempo).

Por meio da cobertura vacinal, estima-se o nível de proteção da população contra doenças evitáveis pela
imunização, mediante o cumprimento de esquemas de vacinação.

A seguir, vamos elencar a cobertura vacinal preconizada pelo Programa Nacional de Imunizações para
cada uma das vacinas do calendário da criança:

Quadro 25: Coberturas vacinais do Calendário de Vacinação da criança preconizadas


pelo Programa Nacional de Imunizações.

Vacinas Cobertura Vacinal (%)


BCG 90%
Rotavírus 90%
Influenza 90%
VIP/VOP 95%
Pentavalente 95%
Pneumocócica 10 valente 95%
Meningocócica C 95%
Febre amarela 95%
Tríplice Viral 95%
Tetraviral 95%
Hepatite A 95%

Fonte: Adaptado do Guia de Vigilância em Saúde, 2022.

CÁLCULO DA COBERTURA VACINAL


Como é feito o cálculo da cobertura vacinal?

Segue cálculo da cobertura vacinal:

Número de doses da vacina (específica) administrada na


população-alvo, em determinado período e lugar para vacina (específica).
Cobertura de vacinação = x 100
Total da população-alvo em determinado período ou lugar

O que é população-alvo?

População-alvo é a população que precisa ser vacinada ou o grupo específico para determinada campanha.
Para o cálculo da cobertura no grupo da população menor de um ano, usa-se como denominador os
dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc) de dois anos anteriores ao ano vigente.
O denominador para os demais grupos de idade são as estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).

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Vamos ver na prática como deve ser realizado o monitoramento da cobertura vacinal?

Neste exemplo, iremos calcular a cobertura da vacina pentavalente. Conforme preconizado pelo
Programa Nacional de Imunizações, a cobertura desta vacina é de 95%.

Abaixo, utilizamos informações de doses aplicadas no município de Saudações (município fictício), da


vacina pentavalente, durante o ano de 2021, bem como a população-alvo.

• Total de 3ª doses aplicadas da vacina pentavalente no ano de 2021: 124 doses

• População SINASC 2019: 116

Segue cáculo:

Cobertura vacinal pentavalente: nº de doses aplicadas 116/nº população 124*100= 93.54%

116
Cobertura de vacinação = x 100 CV=93,54%
124

O que podemos avaliar com esse resultado?

Como a cobertura vacinal do município Saudações está abaixo do valor preconizado pelo PNI para a
vacina pentavalente (95%), sabemos que neste município existem crianças suscetíveis para as seguintes
doenças: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae.

Neste caso, você sabe o que a equipe de saúde deve fazer para proteger a população do município de
Saudações?

Os profissionais de saúde precisam implementar a busca ativa na vacinação, ou seja, é necessário


verificar pelo sistema de informação quais crianças não retornaram à Unidade Básica de Saúde (UBS)
para dar continuidade e/ou completar o esquema da vacina pentavalente.

Após encontrar no sistema quais crianças estão com a vacina pentavalente atrasada. O que fazer?

O município precisar entrar em contato com essa família:

• via telefone;

• através de plataforma de conversas (mensagens e/ou whatsApp);

• visita do Agente de Saúde Comunitário.

Importante:
• Monitorar se a criança recebeu a dose de vacina em atraso;

• Fazer o monitoramento de todas as vacinas preconizados no calendário pelo PNI.

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HOMOGENEIDADE DAS COBERTURAS
A homogenidade das coberturas vacinais é representada pela proporção de unidades territoriais que
atingiram a cobertura preconizada e pode ser avaliada comparando unidades federadas, municípios,
distritos, subdistritos, bairros ou outra unidade territorial.

O desejável é que todas as áreas alcancem a cobertura preconizada, mas foi considerado oportuno
definir um indicador baseado na identificação de áreas de risco. Assim, convencionou-se que haveria
homogeneidade quando, pelo menos, 70% das unidades territoriais avaliadas tivessem alcançado a
cobertura estabelecida. Outro percentual de homogeneidade pode ser adotado, especialmente, nas
campanhas de vacinação.

Segue cálculo da taxa de homogenidade para municípios:

Número de municípios com cobertura vacinal adequada


Taxa de homogeneidade = x 100
Número total de municípios

Podemos também calcular a homogeneidade entre as vacinas utilizadas na rede, o que nos dá a
informação sobre perda ou não de oportunidade vacinal. Para este cálculo, devemos estar atentos para
a cobertura vacinal preconizada por cada vacina:

Segue cálculo da taxa de homogenidade para vacinas:

Número de vacinas com coberturas adequadas


Taxa de homogeneidade = x 100
Número total de vacinas utilizadas na rede

O que tem sido feito para aumentar a cobertura vacinal?

Ações em conjunto com a Atenção Primaria em Saúde (APS) são essenciais para a melhoria das coberturas
vacinais. Desta forma, após a avaliação das taxas de coberturas vacinais, da taxa de homogenidade e dos
bolsões de suscetíveis são realizadas algumas recomendações aos municípios:

• Ampliação do horário de atendimento das salas de vacinação nas Unidades Básicas de Saúde na
Atenção Primária;

• Evitar barreiras de acesso como a não obrigatoriedade de apresentação de comprovante de residência


para vacinação, bastando apenas um documento de identificação ou cartão Sistema Único de Saúde (SUS);

• Aproveitar todas as oportunidades de vacinação, em especial quando o cidadão comparecer às unidades


de saúde para a realização de consultas ou outros procedimentos, para verificar sua situação vacinal;

• Planejar e executar ações de vacinação extramuros em populações residentes em localidades de


difícil acesso ou em situação de vulnerabilidade;

• Garantir salas de vacinação com equipamentos, insumos e materiais necessários para as rotinas de
imunização;

• Orientar a população sobre a atualização do calendário vacinal, promovendo ações coletivas de


educação em saúde com a comunidade enfatizando a importância da prevenção de doenças por
meio da vacinação;

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• Utilizar o ambiente escolar para realizar conversas com pais/responsáveis sobre a importância da
vacinação, palestras e ações de conscientização de crianças e adolescentes, além da verificação das
cadernetas de vacinação;

• Identificar e combater notícias falsas sobre vacinação, identificando e dialogando com as famílias
que apresentem hesitação sobre a vacinação, explicando a segurança e benefícios das vacinas;

• Realizar vacinação de rotina em maternidades e/ou hospitais que realizam partos;

• Utilizar todas as formas diretas de comunicação para promoção da vacinação, como carros de som,
divulgação de mensagens na mídia tradicional (rádio e tv), nas mídias sociais, realização de palestras
em escolas, centros comunitários, templos religiosos, entre outros.

Unidade 3: Sistema de informação


O sistema de informação abrange um conjunto de processos que tem como objetivo registrar, processar,
transformar, armazenar, manter e produzir informações. Um sistema de informação em saúde indica um
meio para obter informações primordiais para que os serviços de saúde sejam capazes de desenvolver
e utilizar estratégias que viabilizem melhores situações de planejamento e avaliação de ações para o
avanço na área da saúde.

Desta maneira, o Programa Nacional de Imunizações, em parceria com o DATASUS, desenvolveu o SIPNI
(Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações) e o SIES (Sistema de Informação de
Insumos Estratégicos) e, mais recentemente, o Departamento de Saúde da Família (DESF) disponibilizou
o aplicativo móvel para o registro das doses de vacinas aplicadas nas unidades de saúde que utilzam o
sistema e-SUS APS com Prontuário Eletrônico do Cidadão.

O Estado de Santa Catarina desenvolveu o SIALIE (Sistema de Indicação, Avaliação e Liberação de


Imunobiológicos Especiais). Por intermédio deste programa é possível realizar a avaliação regular e
sistemática dos dados sobre vacinação, bem como dispor de ferramentas capazes de monitorar as taxas
de cobertura vacinal em cada esfera gestora por faixa etária e imunobiológico específico.

SIPNI
O SIPNI versão web neste momento é o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações,
utilizado para registro individual em salas de vacina de serviço privado, UPAS, maternidades, policlínicas
e CRIES.

SIES
O Sistema de Informação de Insumos Estratégicos está disponível para o controle logístico da Rede de
Frio, nas instâncias nacional, estadual, regional e municipal. A ferramenta tem acesso através de uma

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plataforma on-line, com o objetivo de aprimorar o processo logístico dos imunobiológicos, permitindo o
gerenciamento do estoque, controlando os pedidos e a movimentação, entradas e saídas, e viabilizando
consultas e emissão de relatórios. A instância estadual realiza o pedido de imunobiológicos mensalmente,
por meio do SIES, considerando a estratégia adotada, estoque disponível e movimento mensal das
Gerências de Saúde e municípios. O PNI analisa os pedidos com base no histórico de distribuição, nas
metas e disponibilidade de estoque, para atendimentos de rotina e campanhas. A execução da distribuição
é realizada pela Central Estadual de Rede de Frio e Gerências de Saúde, utilizando os mesmos critérios.

E-SUS
O aplicativo e-SUS Vacinação é integrado ao Sistema e-SUS APS com Prontuário Eletrônico do Cidadão
(PEC) ampliando a capacidade da captação das informações nos serviços de saúde. Nesse contexto,
o quarto aplicativo desenvolvido para a Estratégia e-SUS APS priorizou as ações realizadas pelos
profissionais que atuam nas campanhas de imunização do país.

SIALIE
O acesso ao Sistema de Indicação, Avaliação e Liberação de Imunobiológicos Especiais ocorre por uma
plataforma on-line, o sistema foi desenvolvido em âmbito estadual tendo como objetivo agilizar as
solicitações (avaliação e liberação) dos imunobiologicos especiais. Os imunobiológicos especiais são
ofertados para subgrupos populacionais, sendo que os mesmos representam benefícios indiscutíveis.
Considerando a solicitação médica, o município é responsável pelo cadastro dos pedidos no sistema. As
GERSAS (Gerências de Saúde) são as responsáveis pela liberação e aprazamento dos imunobiológicos
especiais.

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ANEXO - PORTARIA Nº1.332, DE 08 DE DEZEMBRO DE 2022
A Portaria nº1.332, de 08 de dezembro de 2022, estabelece os critérios mínimos para o cumprimento das
normas técnicas para o credenciamento, licenciamento e funcionamento de estabelecimentos públicos
e privados que possuem Salas de Vacinas no estado de Santa Catarina.

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BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Vacinação 2022. Disponível em: https://www.gov.br/
saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional-de-vacinacao. Acesso em: 10 nov. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Campanha de Vacinação contra Gripe e Sarampo. Disponível em: https://
www.gov.br/saude/pt-br/campanhas-da-saude/2022/vacinacao-contra-gripe-e-sarampo/pecas-da-
campanha?b_start:int=0. Acesso em: 06 jul. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Capacitação de pessoal em sala de vacinação -
manual do treinando. 2ª ed. Brasília, DF: 2001. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
funasa/salavac_treinando_completo.pdf. Acesso em: 20 abr. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Investigação Epidemiológica de Casos, Surtos e Epidemias. In: BRASIL.
Ministério da Saúde. Guia de vigilância em saúde: volume único. 3. ed. Brasília, DF: MS, 2019. Cap. 13, p.
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em: 20 abr. 2022

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização e Doenças


Transmissíveis. Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. 5ª ed. Brasília, DF:
2019. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_centros_imunobiologicos_
especiais_5ed.pdf. Acesso em: 20 abr. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunizações e Doenças


Transmissíveis. Manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação. 4ª ed. Brasília,
DF: 2020. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_epidemiologica_
eventos_vacinacao_4ed.pdf. Acesso em: 20 abr. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. Curso de atualização para o trabalhador da sala de vacinação: manual do aluno. 3ª
ed. Brasília, DF: Editora MS, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/curso_
atualizacao_sala_vacinacao_aluno_3edicao.pdf. Acesso em: 20 abr. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das


Doenças Transmissíveis. Manual de Rede de Frio do Programa Nacional de Imunizações. 5ª ed. Brasília,
DF: 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_rede_frio_programa_
imunizacoes_5ed.pdf. Acesso em: 20 abr. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica.


Guia de Vigilância em Saúde. 5ª edição revisada. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica.


Nota técnica nº 255/2022-CGPNI/DEIDT/SVS/MS. Da atualização da terminologia de "Eventos Adversos
Pós-Vacinação (EAPV)" para "Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI)".
Brasília: Ministério da Saúde, 2022.

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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Informa sobre atualizações no Protocolo de Profilaxia pré, pós e reexposição da
raiva humana no Brasil: Nota Técnica Nº8/2022-CGZV/DEIDT/SVS/MS. Brasília, DF, 2022. 7 p.

OLIVEIRA, Lucia Helena de Oliveira. Sistema imunológico: Os defensores. Super interessante, 30 jun.
1988. Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/sistema-imunologico-os-defensores. Acesso em:
20 abr. 2022.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de


Enfermidades (MOPECE). Módulo 2: Saúde e doença na população. Brasília, DF: 2010. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/modulo_principios_epidemiologia_2.pdf. Acesso em: 20
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SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Saúde. Manual do Treinando em Sala de Vacina. Florianópolis,
SC: 2021.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Saúde. Manual do Treinando em Sala de Vacina. Florianópolis,
SC: 2022.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Saúde. Portaria nº1.332, de 08 de dezembro de 2022. Diário
Oficial Eletrônico nº21.913, Santa Catarina, p. 10-14, 08 dez. 2022.

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Governo do Estado de Santa Catarina
Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina
Superintendência de Vigilância em Saúde
Diretoria de Vigilância Epidemiológica
Gerência de Doenças Infecciosas Agudas e Imunização

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