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Apostila - Curso de Açoes Basicas em Imunizacao-15-12-2022
Apostila - Curso de Açoes Basicas em Imunizacao-15-12-2022
APOSTILA DO
CURSO DE AÇÕES
BÁSICAS EM
IMUNIZAÇÃO
Santa Catarina
1ª edição - 2022
IMPORTANTE
Este material deve ser utilizado exclusivamente para fins educacionais, como base do Curso de Ações Básicas em
Imunização. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, bem como a
impressão para outros fins, sem a permissão prévia da Gerência de Doenças Infecciosas Agudas e Imunização (GEDIM), da
Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE), vinculada à Superintendência de Vigilância em Saúde (SUV), da Secretaria
de Estado da Saúde de Santa Catarina.
Governo do Estado de Santa Catarina
Secretaria de Estado da Saúde
Superintendência de Vigilância em Saúde
Diretoria de Vigilância Epidemiológica
Gerência de Doenças Infecciosas Agudas e Imunização
APOSTILA DO CURSO
DE AÇÕES BÁSICAS EM
IMUNIZAÇÃO
Florianópolis - SC
1ª edição - 2022
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EXPEDIENTE
Produção:
Núcleo de Comunicação DIVE/SC
Supervisão: Patrícia Pozzo
Revisão: Amanda Mariano
Diagramação: Alex Martins
Ilustração: Any Kayuri Okasawara
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................................................................6
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................................................137
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APRESENTAÇÃO
Desde a implantação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) houve a introdução de diversas vacinas
no calendário de vacinação de rotina e, atualmente, o programa disponibiliza mais de 20 vacinas nas
Unidades Básicas de Saúde (UBS). As novas introduções de vacinas, bem como as ampliações das faixas
etárias para alguns imunobiológicos, resultam em desafios para os profissionais de saúde. Um destes
desafios é manter-se atualizado perante o calendário vacinal para que tenha o conhecimento necessário
para manter as coberturas vacinais elevadas, conforme preconizado, a fim de evitar o aparecimento e/
ou ressurgimento de doenças imunopreveníveis.
Manter os níveis adequados das coberturas vacinais não é responsabilidade somente do vacinador. É um
trabalho em conjunto que envolve todos os profissionais de saúde e a população. Desta maneira, é dever
de todos os profissionais de saúde indicar, estimular e encaminhar o indivíduo até a sala de vacina para
verificar o esquema vacinal preconizado pelo PNI.
Reforçamos que, o ato de vacinar a população, protegendo-a de diversas doenças e agravos, vai além da
prática de aplicação de um imunobiológico, sendo este intramuscular, intradérmico, subcutâneo ou oral
e envolve diversos fatores, como: conhecimento do calendário vacinal, idade ideal para as aplicações
de vacinas, intervalo entre as doses, compreensão sobre quais vacinas podem ser utilizadas no mesmo
período, registro e aprazamento das próximas doses e monitoramento da cadeia de frio.
• identificar mecanismos que poderão favorecer o trabalho de vacinação, obtendo assim coberturas
vacinais elevadas e homogêneas e a redução ou a erradicação de doenças imunopreveníveis;
Bons estudos!
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MÓDULO I
BOAS-VINDAS À CAPACITAÇÃO
Para viabilizar esse processo, contamos com profissionais como você, que fazem a diferença no
atendimento à população catarinense.
Você sabia que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi criado em 1973 e o primeiro calendário
básico de vacinação contava apenas com quatro vacinas? Pois é, hoje temos disponíveis mais de 20 tipos
de vacinas que protegem contra mais de 25 doenças. No decorrer desta capacitação, vamos conhecer
cada uma dessas vacinas.
Outro fato importante para o PNI foi ter-se mantido na agenda de prioridades do Ministério da Saúde
(MS). O orçamento do Ministério para a aquisição de vacinas vem crescendo continuadamente e isso
possibilitou a ampliação do calendário nacional de vacinação. Relacionamos abaixo as introduções/
ampliações mais recentes:
• 1977: instituição do primeiro calendário básico de imunização - BCG, VOP, DTP e sarampo;
• 1994: implantação da vacina contra hepatite B na região Oeste e Meio Oeste para crianças até 14 anos,
sendo posteriormente ampliada para todo o Estado, alcançando outros grupos etários de forma
gradativa. A vacina encontra-se disponível atualmente para indivíduos de até 49 anos e para grupos
de risco para a doença, independentemente da faixa etária;
• 1998: introdução da vacina dupla adulto (toxóide tetânico e diftérico) em substituição à vacina contra
o tétano;
• 1999: introdução da vacina contra o Haemophilus influenzae b (Hib) para menores de dois anos de
idade; realização das campanhas nacionais de vacinação contra a gripe, inicialmente para pessoas a
partir de 65 anos, ampliadas progressivamente para outros grupos a partir de 2010;
• 2002: introdução da vacina tetravalente (DTP + Hib) no calendário básico para menores de um ano;
• 2003: substituição da vacina contra o sarampo (nove meses) pela vacina tríplice viral (sarampo,
caxumba e rubéola) aos 12 meses;
• 2008: Campanha Nacional de Vacinação para a eliminação da rubéola para homens e mulheres na
faixa etária de 20 a 39 anos;
• 2010: introdução das vacinas pneumocócica 10-valente e meningocócica C (conjugada) para menores
de dois anos;
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• 2012: introdução da vacina pentavalente (DTP+Hib+HB) para crianças com menos de sete anos e da
vacina contra a poliomielite inativada (VIP), em substituição às duas primeiras doses da vacina oral
(VOP);
• 2014: introdução das vacinas contra hepatite A (um ano), HPV (para adolescentes de 11 a 13 anos) e
dTpa (tríplice acelular bacteriana) para gestantes e profissionais de saúde;
• 2015: ampliação da faixa etária para a vacina contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos e até 26 anos
para mulheres convivendo com HIV/Aids;
• 2017: introdução da vacina HPV para meninos de 11 a 14 anos e para pessoas até 26 anos vivendo
com HIV/Aids, imunodeprimidos por câncer e transplantados de órgãos sólidos e medula óssea;
ampliação da vacina contra a meningite C para adolescentes de 12 a 13 anos; e da segunda dose da
vacina tríplice viral para pessoas até 29 anos; febre amarela para crianças com nove meses de idade
em todo país; e meningocócica C (conjugada) para adolescentes de 11 a 14 anos;
• 2020: ampliação da faixa etária para a vacina tríplice viral (uma dose para adultos de 30 a 59 anos
de idade); introdução do reforço da vacina febre amarela aos quatro anos de idade e introdução da
vacina ACWY para adolescentes de 11 e 12 anos de idade;
As dificuldades encontradas e a superação de problemas que ainda existem não devem servir de
obstáculos. Os desafios são contínuos e permanentes, mas nosso objetivo é continuar trabalhando com
compromisso, disponibilidade e abertura para aprender.
“Aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende."
Leonado da Vinci
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MÓDULO II
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Agravo: qualquer dano à integridade física ou mental do indivíduo, provocado por circunstâncias
nocivas, tais como acidentes, intoxicações por substâncias químicas, abuso de drogas ou lesões
decorrentes de violências interpessoais, como agressões e maus tratos, e lesão autoprovocada.
Doença: enfermidade ou estado clínico, independente de origem ou fonte, que represente ou possa
representar um dano significativo para os seres humanos.
As doenças, agravos e eventos de saúde pública no território nacional são notificados às autoridades em
saúde, esse processo é chamado de notificação compulsória. A notificação compulsória é normatizada
pela Portaria nº 204, 17 de fevereiro de 2016.
A tomada de decisão em tempo oportuno é primordial para a saúde da população e, por isso, a realização
da notificação compulsória dentro dos prazos estipulados é de extrema importância para que as ações
de controle sejam tomadas o mais rápido possível, visando o restabelecimento da saúde da população.
Com base nas notificações compulsórias os órgãos competentes geram os dados da situação
epidemiológica local e com esses dados traçam ações de saúde pública visando a promoção, a prevenção
e o controle de ações para a comunidade, município, estado e país.
A vacinação configura-se como ação passiva, com as demandas espontâneas das salas de vacinas, e
como ação ativa, que consiste na busca de pessoas não vacinadas.
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TEXTO 1 - RELAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS1
As plantas e os animais se distinguem entre si. As plantas são capazes de sobreviver usando material do
solo e a energia do sol para produzirem todas as substâncias que necessitam, ou seja, não precisam se
alimentar de outros seres vivos. Por isso, são chamadas de produtores e constituem a base das cadeias
alimentares.
A reprodução e a dispersão das espécies dependem igualmente de relações mútuas com o meio
ambiente. As plantas precisam de insetos para a sua fecundação; os pássaros, que se alimentam de
frutas, espalham suas sementes; as fezes de herbívoros (animais que comem capim) servem de adubo
ao pasto. Nenhum ser vivo é capaz de sobreviver e se reproduzir independentemente dos outros ou
ignorando as condições do ambiente.
Nesse coexistir, os seres estabelecem vários tipos de relação. O tipo de relação que nos interessa
sobremaneira é o parasitismo. A relação entre o hospedeiro e o parasita é o resultado de uma longa
adaptação. O hospedeiro deve viver um tempo suficiente para que o parasita complete o seu ciclo reprodutivo.
O parasita que mata rapidamente seu hospedeiro corre o risco de morrer antes de se reproduzir.
Causar doenças graves também cria alguns problemas ao parasita (agente infeccioso), porque as lesões
graves, em geral, provocam uma forte reação de defesa do hospedeiro, que pode levar à eliminação do
organismo infectante. O parasita melhor sucedido é, então, aquele que consegue tudo o que necessita
para sobreviver, causando um mínimo de injúria ao hospedeiro.
Outras formas de relacionamento entre seres vivos são o comensalismo, a simbiose e a predação. Na
simbiose, o benefício é mútuo e há vantagens para os dois seres que se relacionam. As bactérias do
tubo digestivo do homem são um exemplo deste tipo de associação, pois se alimentam de substâncias
ingeridas pelo homem, facilitando o processo de digestão. O comensalismo é uma relação em que as
vantagens são para um dos seres sem que o outro seja prejudicado. A predação caracteriza-se quando
um animal de maior porte se alimenta de outro. Exemplo: gatos e ratos ou onças e pacas.
Como as doenças transmissíveis são causadas por seres vivos, elas são exemplos de relação entre
estes seres. Assim como os homens se relacionam entre si de diversas maneiras, pacificamente ou não,
harmonicamente ou não (em uma relação de cooperação ou de exploração), os animais também se
adaptam ao meio ambiente e convivem com outras espécies, para atender às suas necessidades básicas
de alimentação e de reprodução.
As bactérias, os vírus, os fungos e outros microrganismos estão em todas as partes: sobre a roupa,
sobre a pele humana, no intestino, nas plantas, na água, no solo; não há um só lugar onde eles não
estejam presentes. Felizmente, a grande maioria desses microrganismos é inofensiva, e, às vezes, útil. O
homem faz uso dessas espécies não só para se manter vivo como para se proteger. São exemplos: (i) a
produção de cerveja, de coalhada, de pão, de sabão, que utiliza a capacidade de fermentação de alguns
microrganismos; (ii) alguns antibióticos, que combatem as bactérias de algumas doenças infecciosas,
são produzidos a partir de substâncias extraídas de fungos.
1. Adaptado do Manual do Treinando. Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação. Ministério da Saúde, p. 36 a 38, 2001.
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Somente algumas (entre as milhares de espécies de bactérias, fungos e protozoários) são patogênicas,
ou seja, poucas provocam sérias infecções. Portanto, somente algumas espécies são parasitas e podem
prejudicar o ser humano por meio de diferentes mecanismos de ação. Veja o exemplo:
• Ação tóxica: quando a espécie produz substâncias que prejudicam os tecidos do hospedeiro (bactérias
do tétano e da difteria);
• Ação espoliativa: quando a espécie absorve elementos nutritivos e até mesmo o sangue do hospedeiro
(o ancilóstomo, por ex., que produz anemia ao sugar o sangue da parede do intestino);
• Ação inflamatória local: quando a espécie produz irritação no local parasitado ou lesiona diretamente
tecidos em que se alojam (amebas e lombrigas no intestino).
Não há uma separação total entre os microrganismos maléficos ao homem e os que lhe são inofensivos.
Muitas das bactérias que vivem normalmente no intestino humano, em uma situação de comensalismo,
podem provocar uma infecção bastante prejudicial se chegarem a atingir as vias urinárias. Em outras
circunstâncias, as amebas tipo coli, que são geralmente inofensivas vivendo no intestino, podem causar
doença em pessoas debilitadas e sem resistência.
Existem inúmeros microrganismos patogênicos que habitam normalmente a boca, a faringe e o tubo
digestivo. Porém, muitos desses microrganismos não chegam a prejudicar o organismo humano porque
a quantidade é pequena e também porque existem formas de defesa e de barreiras que protegem o
corpo contra uma possível agressão.
VIAS DE ELIMINAÇÃO
Os agentes infecciosos, após penetrarem no hospedeiro, instalam-se nos tecidos, cavidades ou órgãos
que possam melhor beneficiá-los. Eles se multiplicam e depois saem ou eliminam formas infectantes
(larvas, ovos e cistos). Para isso, utilizam-se das seguintes portas de saída ou vias de eliminação:
a) Boca – via digestiva: os agentes infecciosos saem com as fezes, pela via digestiva, através do ânus.
Estes são normalmente aqueles agentes que penetram por via oral (boca), localizando-se, geralmente,
na faringe e órgãos do aparelho digestivo (principalmente nos intestinos). Como, por exemplo: o vírus
da hepatite A e as bactérias causadoras de diarreias (Entamoeba coli, Salmonella, Shigella), febre
amarela, febre tifoide, cólera, toxoplasmose, cisticerco de Taenia sp., ovos de S. mansoni, A. lumbricoides,
Enterobius (oxiúros) e Trichuris, cistos de amebas e giárdias e larvas de Strongyloides. São eliminados
pela saliva, entre outros, os vírus (herpes, raiva, poliomielite) e bactérias (difteria).
b) Nariz e boca – via respiratória: os agentes infecciosos são expelidos por intermédio de gotículas
produzidas pelo mecanismo da tosse, do espirro, de escarros, secreções nasais e expectoração.
Geralmente, os agentes infectam os pulmões e a parte superior das vias respiratórias. Temos como
exemplos as seguintes doenças transmissíveis: sarampo, caxumba, rubéola, catapora, meningite,
pneumonia e tuberculose. Muitas vezes, os agentes que se utilizam das vias respiratórias vão para
outros locais, causando diferentes manifestações clínicas. É o caso do Streptococcus pneumoniae,
causador da pneumonia, que também pode provocar sinusite e otite.
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c) Pele e mucosa – via transcutânea: normalmente a pele descama-se como resultado da ação do
meio ambiente em função das atividades físicas, como nos exercícios, e no ato de vestir-se e despir-
se. Os agentes infecciosos eliminados pela pele são os que se encontravam alojados nela e que
geralmente são transmitidos por contato direto e não pela liberação no meio ambiente. Através da
pele, ocorre a saída de vírus (herpes, varicela, verrugas) e bactérias, como as que causam furúnculos,
carbúnculos, sífilis e impetigo. Também utilizam a pele como porta de saída: leishmanias responsáveis
por úlceras e o Sarcoptes scabiei, responsável pela sarna.
d) Vagina e uretra – via urogenital: os agentes infecciosos são geralmente eliminados por via vaginal
e uretral – durante a relação sexual ou contato com líquidos corpóreos contaminados: pelo sêmen
(HIV, herpes, sífilis, gonorreia e Trichomonas vaginalis), pelas mucosas (fungos) ou urina (febre tifoide
e febres hemorrágicas; a leptospirose, transmitida pela urina de ratos e cães infectados).
e) Eliminação pelo leite: como o leite é produzido por uma glândula da pele, podemos aqui considerar os
microrganismos eliminados por meio dele. O leite humano raramente elimina agentes infecciosos, mas
isto pode vir a acontecer com os seguintes (entre outros) agentes: vírus da caxumba, da hepatite B, HIV
e o HTLV-1. Com o leite de cabra e de vaca a eliminação é mais frequente, principalmente nos casos de
brucelose, tuberculose, mononucleose, Staphylococcus-sp., e outros agentes capazes de causar diarreia
no homem.
f) Eliminação pelo sangue: existem muitos agentes infecciosos que têm preferência por viver no
sangue e, desta maneira, acabam sendo expelidos quando ocorre um sangramento (acidentes e/ou
ferimentos) ou até mesmo na realização de punção com agulhas de injeção, transfusões ou ainda
picadas de vetores (insetos). Ressalta-se que, ao picarem o homem para se alimentar, os mosquitos
adquirem adicionalmente muitos agentes infecciosos que serão posteriormente levados para outros
indivíduos quando voltarem a se nutrir.
VIAS DE PENETRAÇÃO
As portas de entrada de um hospedeiro são os locais do corpo por onde os agentes infecciosos penetram.
As principais vias são:
a) Boca – via digestiva: os agentes infecciosos penetram na boca através de alimentos, da água ou
pelo contato das mãos e objetos contaminados levados diretamente à boca. Isso acontece com os
ovos de alguns vermes (lombriga), cistos de protozoários (amebas, giárdias), bactérias (cólera), vírus
(hepatite A, poliomielite) e fungos.
b) Nariz e boca – via respiratória: os agentes são inalados com o ar, penetrando no corpo através do
nariz e/ou boca, pelo processo respiratório. Como exemplo: vírus da gripe, do sarampo e da catapora;
bactérias responsáveis pela meningite, tuberculose e difteria (crupe).
d) Vagina e uretra – via urogenital: os agentes infecciosos penetram nos hospedeiros pelos órgãos
genitais, por meio de secreções e do sêmen, nos contatos e relações sexuais.
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TRANSMISSÃO
Os elementos básicos da cadeia de transmissão das infecções parasitárias são: o hospedeiro, o agente
infeccioso e o meio ambiente. No entanto, em muitos casos temos a presença de vetores. Isto é, insetos
que transportam os agentes infecciosos de um hospedeiro parasitado a outro até então sadio (não
infectado). É o caso da febre amarela, da leishmaniose e outras doenças. Para cada infecção parasitária
existe uma cadeia de transmissão própria. Por exemplo, o Ascaris lumbricoides tem como hospedeiro
somente o homem, mas precisa passar pelo meio ambiente, em condições ideais de temperatura,
umidade e oxigênio, para evoluir até encontrar um novo hospedeiro.
a) Transmissão direta de pessoa a pessoa: é a transmissão causada por agentes infecciosos que
saem do corpo de um hospedeiro parasitado (homem ou animal) e passam rapidamente para outro
hospedeiro são ou para si mesmo (caso em que recebe o nome de autoinfecção). Nesse modo de
transmissão, os agentes infecciosos são eliminados dos seus hospedeiros já prontos, desenvolvidos
ou com capacidade de infectar outros hospedeiros. As vias de transmissão direta de pessoa para
pessoa podem ser entre outras, fecal-oral, gotículas, respiratória e sexual. Na transmissão fecal-oral,
o agente infeccioso é transmitido por meio da ingestão de alimento ou água contaminados com fezes
de uma pessoa doente.
c) Transmissão indireta com presença do meio ambiente: Nesse tipo de transmissão, o agente
infeccioso já possui uma forma resistente que o habilita a manter-se vivo por um tempo no ambiente
quando deixa o hospedeiro. Contamina, assim: o ar, a água, o solo, os alimentos e os objetos, a espera
de um novo vetor. Os cistos são formas resistentes não visíveis a olho nu. Como não percebemos,
podem estar em qualquer lugar – daí a importância de sempre mantermos a correta higiene das
mãos e de realizarmos a adequada limpeza de nossas casas. Os vetores mecânicos como as moscas,
baratas e outros insetos podem transportar os agentes (cistos, ovos, bactérias) de um lugar para o
outro, contaminando os alimentos e o ambiente. Por isso, devemos proteger os alimentos, mantendo-
os sempre cobertos e bem embalados e lavar muito bem as frutas e alimentos ingeridos crus, antes
de consumi-los.
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CONTAMINAÇÃO
Fala-se que um meio (água, ar, solo) está contaminado ou poluído quando suas características estão
alteradas e os fatores que podem ser mensurados apresentam valores superiores ou inferiores
aos habituais. Por esta razão, considera-se que um lago está contaminado quando nele tenha sido
derramado um tóxico, mas também se o oxigênio escassear em suas águas ou se a sua temperatura
estiver anormalmente alta, por causas não naturais. São considerados contaminadores todos os fatores
do meio que representem algum perigo para os seres vivos. Os contaminadores podem ser de origem
natural (gases expelidos por um vulcão), mas a maioria deles é produzida pela atividade humana, motivo
pelo qual são chamados antropogênicos.
Alguns produtos da atividade humana podem ser decompostos por serem biodegradáveis, como
restos de alimentos ou papel. Se a quantidade de matéria despejada ou abandonada for superior a
que os decompositores podem transformar, ela irá acumular-se e produzirá contaminação. A matéria
nos ecossistemas passa dos organismos produtores (plantas verdes) para os consumidores (animais e
fungos). Os restos de todos eles são transformados pelos organismos decompositores em moléculas
simples, que são novamente utilizadas pelas plantas, na fotossíntese, para elaborar a matéria orgânica.
Determinados materiais fabricados pelo homem não podem ser alterados pela ação dos organismos
decompositores, razão pela qual se diz que eles não são biodegradáveis. Esses materiais se acumulam
no meio ambiente e oferecem um grave perigo para a sobrevivência dos seres vivos.
O enfoque epidemiológico
No passado, as doenças transmissíveis constituíam a principal causa de morte no mundo. Alguns efeitos
da industrialização, tais como as melhorias da nutrição, moradia, saneamento, água potável e drenagem,
bem como o desenvolvimento dos antibióticos, vacinas e o estabelecimento de sistemas de vigilância
epidemiológica, permitiram o controle relativo dessas doenças. Isso, com a menor mortalidade infantil e
a promoção da saúde, nos levou a um aumento da expectativa de vida.
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Essas mudanças de perfil tiveram efeitos sobre a forma de resposta dos serviços de saúde. O termo
“epidemia” aplica-se agora a uma frequência pouco comum de qualquer doença à saúde ou dano,
transmissível ou não.
A caracterização epidemiológica das doenças permite conhecer sua natureza e comportamento e decidir
o tipo de resposta necessária para o seu controle. [...] as doenças transmissíveis costumam ser agudas e
as não transmissíveis costumam ser crônicas.
Observou-se que ainda naquelas doenças “crônicas” onde o papel de um agente infeccioso está mais
claramente definido, como no câncer de colo uterino e no de fígado, a infecção não leva invariavelmente
à doença. Nessas doenças, assim como nas clássicas doenças agudas infecciosas, as características do
hospedeiro humano e de seu entorno social e ambiental são determinantes da produção ou não de dano
à saúde.
No entanto, o espectro das doenças transmissíveis também está evoluindo rapidamente em relação ao
conjunto de fortes mudanças sociais e ambientais contemporâneas. O crescimento populacional, com
expansão da pobreza e migração urbana, juntamente com a globalização da tecnologia, são mudanças
que afetam a suscetibilidade ao risco de exposição a agentes infecciosos.
Doença transmissível: é qualquer doença causada por um agente infeccioso específico ou seus
produtos tóxicos. A doença se manifesta pela transmissão deste agente ou de seus produtos, de
um reservatório a um hospedeiro suscetível, seja diretamente, no caso de uma pessoa ou animal
infectado ou indiretamente, por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou
animal, de um vetor ou do meio ambiente inanimado.
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Um fato relevante em tempos recentes é o aparecimento de novas doenças transmissíveis e desconhecidas
e o ressurgimento de outras que já estavam - ou que se acreditava – estarem controladas. Essas doenças
transmissíveis são chamadas emergentes e reemergentes. Muitos fatores ou interações de fatores
podem contribuir para a emergência de uma doença transmissível. As novas doenças transmissíveis
emergentes podem ocorrer por mudanças ou evolução dos organismos existentes. As doenças conhecidas
podem propagar-se para novas áreas que estejam experimentando mudanças ecológicas (por exemplo,
desmatamento ou reflorestamento), que aumentam a exposição humana a insetos, animais ou fontes
ambientais que albergam agentes infecciosos novos ou não usuais.
Doença emergente: é uma doença transmissível cuja incidência em humanos vem aumentando
nos últimos 25 anos do século XX ou que ameaça aumentar em um futuro próximo.
É importante diferenciar as doenças emergentes aparentes, cuja incidência aumenta como consequência
de nossa habilidade para detectar o agente que as causa, das doenças emergentes reais, cuja incidência
aumenta pela mudança na interação entre as populações e o ambiente.
Doença reemergente: é uma doença transmissível, previamente conhecida e que reaparece como
problema de saúde pública após uma etapa de significativo declínio de sua incidência e aparente
controle. As doenças transmissíveis podem reemergir devido à resistência dos agentes infecciosos
aos antibióticos convencionais e aos de nova geração, como no caso da gonorreia, da malária e do
pneumococo.
Também podem reemergir por aumento da suscetibilidade do hospedeiro imunodeprimido e por fatores
tais como a desnutrição ou a presença de outras doenças, como o câncer e a Aids, que reduzem sua
resistência a infecciosos (bacilo tuberculoso e leishmania). Outra causa que explica as doenças emergentes
é a debilidade das medidas de saúde pública, adotadas para infecções previamente controladas. Por
exemplo: a malária, a coqueluche e a tuberculose.
Vejamos os principais tipos de agentes infecciosos e algumas das doenças que provocam:
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e) Vírus (micróbios menores que as bactérias que não são vistos pelos microscópios comuns): causam
o sarampo, a catapora, a gripe, a rubéola, a poliomielite, a hepatite, a herpes, a raiva, a meningite, a
febre amarela etc.
Um homem que porta um desses agentes de doença chama-se hospedeiro. Quando o agente chega ao
hospedeiro, desenvolve-se e multiplica-se em seus tecidos, ocorre uma infecção. Por isso, essas doenças
são, também, denominadas de infecciosas. Grande parte dessas doenças infecciosas são transmissíveis
e chamadas doenças contagiosas (doença que se transmite de um ser para outro). Podemos deduzir que
todas as doenças contagiosas são infecciosas, porém nem todas as doenças infecciosas são contagiosas,
como, por exemplo, o tétano.
Assim, o hospedeiro é uma pessoa ou animal (inclusive aves e insetos) em que se aloja e subsiste um
agente infeccioso. Quando este agente sai do hospedeiro e infecta outra pessoa ou animal, o hospedeiro
passa a ser uma fonte de infecção.
a) Via digestiva (os agentes penetram através da boca, com os alimentos e a água): vírus da
poliomielite, ovos de lombrigas, ovos de tênia (solitária), bactérias da diarreia infecciosa, vírus da
hepatite A, poliomielite, cistos de amebas e outros;
b) Via respiratória (os agentes infecciosos são inalados pelo nariz, penetrando no corpo, portanto,
por meio do processo de respiração): bactéria da tuberculose pulmonar, vírus da gripe, do sarampo,
da catapora e da poliomielite, bactéria da coqueluche e da difteria (crupe) e outros;
c) Pele (os agentes infecciosos penetram também devido ao contato da pele com o solo ou água
que os contenham; pela picada de insetos; de injeções e transfusão de sangue ou do contato direto
com a pele de outra pessoa doente): larvas de ancilóstomos e de esquistossomose, o carrapato da
escabiose (sarna), os protozoários da malária e da doença de Chagas, os vírus da hepatite B, da Aids,
da febre amarela, da dengue, da raiva e outros;
d) Vias genital e urinária (os agentes infecciosos penetram pelos órgãos sexuais): bactérias da sífilis
e da gonorreia, vírus da hepatite B, Aids e outras infecções urinárias.
Em geral, os agentes infecciosos que penetram pela boca acabam por se localizar na faringe e nos
diversos órgãos do aparelho digestivo, especialmente nos intestinos. Os que penetram pela respiração
vão se localizar na laringe, brônquios e pulmões.
Os agentes que infectam os pulmões e a parte superior das vias respiratórias são expelidos pelas
pequenas gotas produzidas pelos mecanismos de tosse e espirros, como também são expulsos na
expectoração. A porta de saída é, portanto, a própria via respiratória.
Os que se alojam no tubo digestivo saem, em geral, nas fezes. Os que circulam pelo sangue saem quando
se realiza uma punção (por uma agulha de injeção ou picada de inseto).
Os que se localizam na pele são expelidos devido a lesões (feridas abertas) ou contato direto com objetos
e a pele de outra pessoa. Finalmente, os que se encontram nas vias genitais e urinárias são eliminados
mediante o contato sexual ou pela urina.
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Figura 1 – Cadeia epidemiológica
6
2 SUSCETIBILIDADE
RESERVATÓRIO
5
PORTA DE
3 ENTRADA NO
PORTA DE NOVO
SAÍDA HOSPEDEIRO
4
MODO DE
TRANSMISSÃO
DO AGENTE
MEIO AMBIENTE
Fonte: Adaptado do Manual do Treinando – Capacitação de Pessoal em Sala de Vacinação, 2001.
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MÓDULO III
SISTEMA IMUNOLÓGICO
Um leve corte no dedo, tão superficial que mal assustaria uma criança. Indigno de merecer mais do que
um “ai”. Afinal, ninguém morre por causa de um corte no dedo, pelo menos em 99,9% dos casos. Não que
um corte não possa matar, se mais não mata é graças a uma tropa de elite, em permanente prontidão
para ir à luta pela vida. É uma guerra secreta: enquanto uma dorzinha no lugar é praticamente tudo o
que a pessoa retém do acidente, dentro do organismo reina grande agitação e todas as atenções se
voltam para a vizinhança do pequeno corte; ali a batalha poderá começar a qualquer momento. A tropa
de elite—o sistema imunológico—está preparada para o que der e vier.
A mesma dor que avisa uma pessoa que ela se machucou faz soar um outro alarme, destinado às células
de defesa. Aí começa o corre-corre. A circulação sanguínea transporta rapidamente batalhões inteiros
dessas células ao local atingido, onde passam a ocupar posições estratégicas, entrincheiradas entre os
tecidos. Toda essa movimentação é apenas uma medida de segurança. Pode ser que o pequeno corte
seja apenas um machucado sem consequências e que as células de defesa logo possam se dispersar
sem ter disparado um tiro. Aliás, essa tropa é tão precavida que pega em armas diante de qualquer
ameaça: por menor que seja uma lesão física, desencadeia o alerta. Até mesmo quando se leva um tapa,
o sistema imunológico fica a postos.
As células de defesa já estão se dispersando quando soa de novo o alarme. Na verdade, trata-se da
liberação das substâncias químicas produzidas pela pele ferida e também pelos invasores. Isso porque,
até um pequeno arranhão abre uma grande brecha para a ação de micróbios solertes, toxinas perversas,
partículas exóticas. Ao segundo alarme, os soldados da infantaria, que os cientistas chamam granulócitos,
se lançam à batalha, sem perda de tempo, valendo-se do alto grau de preparo que os tornam ágeis e
dinâmicos. Muitos deles vão tombar em combate e, junto com os restos mortais do inimigo derrotado,
formarão o pus que aparece nas feridas.
Então se aproxima a artilharia dos macrófagos, células mais fortes, cujos canhonaços pulverizam não
só os invasores—vivos ou mortos—como os próprios granulócitos eliminados no começo da batalha.
Tamanha é a quantidade de macrófagos, comprimidos nos espaços entre as células, que são uma das
causas do inchaço no local machucado. Granulócitos e macrófagos usam armas fabricadas há muito
tempo, tanto que foram encontradas nos arsenais de espécies primitivas, como as esponjas. Graças a
esse material bélico, de comprovada eficiência, as enzimas existentes em seu interior, engolem, trituram
e digerem os inimigos. Outras enzimas, produzidas por diversos órgãos, como o estômago, podem ajudar,
perfurando a membrana de micróbios e parasitas feito balas de canhão.
19
Chamadas de fagocitárias, essas células reconhecem os invasores (conhecidos antígenos) por meio das
substâncias químicas que Ihes são comuns. Não é difícil a identificação, pois tais substâncias inexistem
no organismo, ou seja, o uniforme do inimigo é inconfundível. Certas bactérias, como as pneumoniae da
pneumonia, ao longo da evolução, aprenderam a se camuflar e a passar despercebidas. Contra isso, os
vertebrados inventaram há 400 milhões de anos uma resposta formidável, as células linfócitos B. Assim
que uma bactéria da pneumonia tenta invadir o corpo pelo pequeno corte, os linfócitos B disparam seus
mísseis teleguiados que se encaixam na molécula da bactéria ou de qualquer outro invasor infeccioso,
bloqueando-a para que não contamine outras células do organismo.
Essas proteínas são os tão falados anticorpos. Sua função principal é típica dos serviços de
contraespionagem: desmarcar os inimigos camuflados. A técnica funciona às mil maravilhas ao
combinar-se com o odiado antígeno. O anticorpo chama a atenção do macrófago para a presença do
estranho. O inimigo, então, fica encurralado. “Além de tornar o antígeno reconhecível, os anticorpos
ajudam os macrófagos a ingeri-los”, explica o professor de Imunologia Momtchillo Russo, da USP.
Os linfócitos B, em geral, são os soldados mais especializados do exército de defesa. Nas aves, são
treinados para o ataque na Bursa de Fabricius (daí a letra B), que fica na cloaca, a ponta do canal intestinal.
Já no homem, que não tem bursa, essas células nascidas na medula óssea são treinadas em tecidos
como os do baço, intestino, amídalas, fígado. Dali, vão navegar na corrente sanguínea, prontas para a
luta, onde quer que se localize o teatro de operações. Se todas as células da pele humana são idênticas, o
mesmo não acontece com os linfócitos B. Faz sentido, afinal, eles precisam especializar-se na produção
de anticorpos de tamanhos e formatos diversos, para se encaixar como peças de quebra-cabeça numa
infinidade de inimigos. Calcula-se que entre o trilhão de linfócitos B do organismo, haja cerca de 1 milhão
de tipos diferentes.
No curso de uma infecção, algumas células B adquirem o que os cientistas chamam memória: a
propriedade que Ihes permite estudar detalhadamente as táticas do invasor, de maneira que, se ele
infectar o corpo uma segunda vez, haverá células B especializadas no seu combate e capazes de agir
mais rapidamente do que no ataque anterior. Quando um linfócito B se encontra, porém, face a face com
o seu antígeno, não se põe a disparar anticorpos imediatamente, como um amador. Espera a ordem de
atacar dada por uma substância, a interleucina enviada pela célula T auxiliar. A T auxiliar é um dos três
tipos de células que rumam da medula óssea para o timo (daí a letra T), uma glândula atrás das costelas,
na altura do coração. Sua função é controlar todo o sistema imunológico.
Como não produz anticorpos, embora seja especializada num único invasor, não se sabe até hoje quais
são seus receptores. Isto é, como ela se encaixa e percebe o inimigo, ativando, a partir daí, tanto as células
B como os macrófagos. Além das interleucinas, a T auxiliar tem uma segunda arma: a interferona, que
funciona como um gás paralisante nas células infectadas e dificulta a propagação do antígeno.
Quem nasce sem timo não sobrevive, por falta de células T para organizar suas defesas. Quando tais
células são destruídas pelo vírus da Aids por exemplo, o mesmo acontece. Não seria então o caso
de simplesmente injetar interleucina no organismo dos pacientes para suprir a produção natural
prejudicada? A resposta infelizmente é negativa. “Lançada na circulação, a interleucina ativaria todo o
sistema imunológico em vez de estimular apenas o lifócito B necessário”, esclarece o professor Russo,
da USP. “O sistema muito ativado é tão nefasto quanto o deficiente, causando febres, dores, coagulação
do sangue. Enfim, pode levar à morte”.
Quem corrige os lamentáveis, mas nem sempre evitáveis excessos da repressão e ao mesmo tempo dá
a ordem para o recuo é um segundo tipo de célula T, a supressora. Ela envia uma substância que inibe
a ação da célula T auxiliar e, por tabela, de todas as outras células. Na verdade, cientistas desconhecem
como essas duas células, a auxiliar e a supressora, mantêm o equilíbrio do sistema imunológico. Como
será que sabem quando é hora de parar? Essa é a grande questão que a Imunologia busca responder. O
20
terceiro e último tipo de célula T, ao contrário de suas irmãs, não dá ordens, mas nem por isso é menos
importante. Trata-se da célula citotóxica, uma espécie de assassino profissional. Daí a sua alcunha em
inglês: killer (assassina). Enquanto as demais células do sistema reconhecem apenas os antígenos
(substâncias estranhas), a killer perscruta os tecidos do próprio organismo, os quais vive espionando.
Se estiver faltando algo, como nas células cancerosas que degeneram, ou se houver algo a mais, como
nas células infectadas que retiveram em suas membranas partículas de um vírus invasor, ela se ativará.
Então, aproxima-se da célula doente e, como se Ihe desse o beijo da morte, transmite-lhe uma substância
tóxica destruidora. Se a killer destrói as células defeituosas, por que então se morre de câncer? Quando
se tem trilhões de células, como no organismo humano, é normal que no decorrer da vida, um certo
número delas comece a apresentar defeitos. Portanto, a pergunta correta deveria ser: por que se pode
viver sem câncer? E a resposta é: graças ao controle exercido pela killer. O problema aparece quando
ela se ausenta, como na Aids, em que o doente logo padece de tipos raros da enfermidade ou quando já
não existem killers em número suficiente, como em pessoas idosas. “Com o passar dos anos, o sistema
imunológico se enfraquece”, esclarece o imunologista Antonio Lauro Coscina, do Hospital Albert Einstein.
Apesar das vastas zonas de sombra que ainda desafiam os imunologistas, avanços importantes têm
ocorrido. Nos Estados Unidos, pesquisadores conseguiram isolar em laboratório as interleucinas
específicas para ativar as células T que combatem determinado tipo de câncer. Também se descobriu
que, em alguns casos, quando a célula cancerosa é contaminada por bactérias, as células killer vão
ao ataque mais rapidamente. Por isso, os cientistas estão inoculando essas bactérias em tumores de
pele, com resultados positivos. Sem dúvida, porém, uma das descobertas mais significativas foi a dos
anticorpos monoclonais, no início dos anos de 1980: são anticorpos específicos, desenvolvidos em
laboratório, marcados com substâncias radioativas.
Eles não só identificam células cancerosas, mas também o tipo de câncer, permitindo o diagnóstico
precoce da doença. Às vezes, no lugar de estimular o sistema de defesa, a ciência deve colocar-lhe freios.
É o que ocorre nas doenças autoimunes, quando algo faz com que as células de defesa passem a tratar
as células do próprio corpo como inimigas. Suspeita-se que algumas doenças, como úlceras estomacais
e intestinais, artrite reumatóide, problemas de tireoide e esclerose múltipla, sejam autoimunes. O
conceito existe desde a década de 50, mas até hoje pouco se sabe sobre os seus mecanismos. Há
três hipóteses que não se excluem necessariamente: 1) as doenças autoimunes são provocadas em
tecidos de cuja existência o sistema de defesa não teve conhecimento prévio e, por isso, não estaria
capacitado a reconhecer. Há casos de esterilidade masculina produzida por anticorpos que aniquilam os
espermatozoides; 2) determinada infecção poderia alterar a aparência das membranas celulares de um
órgão qualquer, tornando suas células estranhas para o sistema de defesa; 3) desequilíbrio nas funções
das células T supressoras e auxiliares que controlam o sistema inteiro. Cientistas americanos, que
testaram o sangue de portadores de doenças autoimunes, constataram que nele havia menos células T
supressoras do que normalmente.
Atualmente, essas doenças têm sido tratadas com drogas chamadas imunossupressoras que inibem
o sistema imunológico. São os mesmos medicamentos usados em casos de transplante, para evitar a
rejeição do órgão. Mas, evidentemente, essas drogas tem a grande desvantagem de diminuir a eficiência
do sistema como um todo. As pesquisas mais recentes voltam-se para a produção de anticorpos que
anulem os anticorpos fabricados pelo organismo contra si próprio. O professor Coscina acredita que
no futuro a solução será ainda melhor: “A Imunologia daqui a alguns anos será a Imunogenética”, diz.
“Manipulando os genes se poderá ter sistemas de defesa mais eficientes e sanar os problemas das
doenças autoimunes.”
21
TEXTO 4 - HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA4
A história natural da doença é o curso da doença desde o início até sua resolução, na ausência de intervenção.
Em outras palavras, é o modo próprio de evoluir de toda doença ou processo, quando se deixa seguir seu
próprio curso. O processo se inicia com a exposição de um hospedeiro suscetível a um agente causal e termina
com a recuperação, deficiência ou óbito. Na Figura 2 é apresentado o modelo tradicional da história natural da
doença e sua relação com os níveis de prevenção propostos por Level e Clark.
Na figura está claramente delimitado o período pré-patogênico. O primeiro deles, antes da doença,
representa o momento da interação do agente com o ambiente e o hospedeiro. O período patogênico
mostra as mudanças que se apresentam no hospedeiro uma vez realizado um estímulo efetivo. O
horizonte clínico marca o momento em que a doença é aparentemente clínica. Nesse modelo, é remarcada
a importância das diferentes medidas de prevenção que podem ser realizadas dependendo do momento
em que se encontre a doença e, deste modo, as atividades de prevenção primárias são efetuadas no
período pré-patogênico e são encaminhadas para promover a saúde e a proteção específica (por meio
de vacina, por exemplo). Na prevenção secundária, as ações são o diagnóstico precoce, o tratamento
imediato, a limitação do dano e a prevenção terciária focada na reabilitação.
Sinais e
HORIZONTE sintomas
CLÍNICO
Mudança tissular
Ambiente
Período de latência
PREVENÇÃO
PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
TERCIÁRIA
NÍVEIS DE PREVENÇÃO
4. Adaptado do Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades (MOPECE), Organização Pan-Americana de Saúde
(OPAS), p. 22 a 44, 2010.
22
Na Figura 3, mostra-se outro modelo da história natural da doença. Esse modelo assume que os casos
clínicos da doença passam por uma fase pré-clínica detectável e que, na ausência de intervenção, a maioria
dos casos pré-clínicos evoluem para a fase clínica. Como foi mencionado anteriormente, os períodos de
tempo de cada etapa são importantes para a detecção, triagem (ou rastreamento) e intervenção com
medidas preventivas e terapêuticas sobre os fatores do agente, hospedeiro e ambiente (Gordis, 1996).
Nas doenças transmissíveis, o período de latência é o tempo que transcorre desde a infecção até que
a pessoa se torne infectada. O período de incubação é o tempo que transcorre desde a infecção até a
apresentação dos sintomas. No caso das doenças não transmissíveis, a terminologia difere um pouco e
se considera que o período de latência corresponde ao período que transcorre entre o desenvolvimento
da doença subclínica até a apresentação de sintomas (Rothman, 1986).
Diagnóstico
usual
Recuperação, deficiência,
Suscetível Doença subclínica Doença clínica imunidade, estado do
portador ou óbito
A CADEIA EPIDEMIOLÓGICA
Para entender as relações entre os diferentes elementos que levam ao aparecimento de uma doença
transmissível, o esquema tradicional é a denominada cadeia epidemiológica, também conhecida como
cadeia de infecção. O esquema procura organizar os chamados elos que identificam os pontos principais
da sequência contínua da interação entre o agente, o hospedeiro e o meio (Figura 4).
23
Figura 4 - A cadeia epidemiológica
1
AGENTE CAUSAL
ESPECÍFICO
6
SUSCETIBILIDADE 2
DO HOSPEDEIRO RESERVATÓRIO
5
PORTA DE 3
ENTRADA NO PORTA DE
NOVO SAÍDA
HOSPEDEIRO DO AGENTE
4
MODO DE
TRANSMISSÃO
DO AGENTE
AGENTE CAUSAL
Um agente é um fator que está presente para a ocorrência de uma doença. De modo geral, um agente é
considerado uma causa necessária, porém, não suficiente para a produção de uma doença.
Agente: É um fator que pode ser um microrganismo, substância química ou forma de radiação,
cuja presença, presença excessiva ou relativa ausência é essencial para a ocorrência da doença.
Os agentes podem ser divididos em biológicos e não biológicos. Os agentes biológicos são organismos
vivos capazes de causar uma infecção ou doença no ser humano e nos animais. As espécies que
ocasionam doença humana são denominadas patogênicas. Entre os agentes não biológicos, encontram-
se os químicos e físicos, como se pode ver na Figura 5.
24
Figura 5 - Agentes causais
Pesticidas
Aditivos de alimentos
Químicos
Fármacos
Insdustriais
NÃO BIOLÓGICO
Força mecânica
Calor
Físicos Luz
Radiações
Ruído
Uma característica dos agentes microbianos relacionada ao hospedeiro é a habilidade de induzir imunidade
específica, que também é denominada antigenicidade ou imunogenicidade. Os agentes podem diferir
no que diz respeito a quantidade de antígeno produzido durante a infecção. O lugar de multiplicação
do agente e o grau de disseminação no hospedeiro são também fatores importantes. Assim como
ocorre com o vírus da influenza, que se multiplica somente nas células epiteliais que recobrem a árvore
traqueobronquial ou com o vírus do sarampo e da febre amarela que são disseminados através da
corrente sanguínea, multiplicando-se em numerosas partes do corpo. A imunidade é muito mais efetiva
e mais duradoura no caso destes últimos.
25
Hospedeiro: é uma pessoa ou animal vivo, incluindo as aves e os artrópodes. Em circunstâncias
naturais, permite a subsistência e o alojamento de um agente infeccioso.
A entrada do agente biológico ou não biológico no hospedeiro inicia o processo de infecção ou o período
de latência nas doenças não transmissíveis.
Somente a presença de agentes infecciosos vivos (nas superfícies do corpo, em peças de roupas, em
brinquedos e outros objetos, em substâncias como água, leite ou os alimentos) não constituem infecção,
senão a contaminação dessas superfícies. O desenvolvimento sobre o corpo de agentes patogênicos
(por exemplo, piolhos) chama-se infestação.
A medida básica de infectividade é o número mínimo de partículas infecciosas que são necessárias para
produzir uma infecção (dose infectante mínima). Para um agente microbiano determinado, esse número
pode variar muito de um hospedeiro para outro e dentro de uma mesma espécie, de acordo com a
porta de entrada, a idade e outras características do hospedeiro. As comparações exatas e diretas de
infectividade podem ser feitas somente em animais, sob condições laboratoriais.
A capacidade de produzir doenças depende de uma variedade de fatores, tais como a rapidez e o grau do
dano tissular causado pela multiplicação do agente, além do fato de que este possa produzir uma toxina
específica, como fazem os bacilos da febre tifoide e do tétano.
No entanto, qualquer que seja o mecanismo para a produção da doença, a medida da patogenicidade
é simplesmente a proporção de sujeitos infectados que desenvolvem a doença. De forma análoga à
infectividade, também se pode estabelecer graus de patogenicidade.
Os agentes da raiva, Aids e varicela são altamente patogênicos, no sentido de que praticamente cada
infecção em um indivíduo suscetível resulta em doença. Os rinovírus (resfriado comum) ocupam também
um lugar de destaque na escala, já que cerca de 80% das infecções produzem doença. A caxumba e a
rubéola caem para um lugar intermediário, com 40 a 60% das infecções com manifestações clínicas
características. Em nível inferior de patogenicidade, encontra-se o polivírus com uma baixa proporção de
doentes a partir dos infectados; mais de 90% dos infectados com o polivírus são assintomáticos.
26
A capacidade dos agentes para infectar e produzir doenças nos seres humanos depende também da
suscetibilidade do hospedeiro. Nem todas as pessoas igualmente expostas a um agente infeccioso são
infectadas. Das infectadas, algumas não apresentam sintomas, nem sinais clínicos no curso da infecção
(infecção inaparente ou subclínica). Enquanto que outras apresentam sintomas (infecção aparente ou
clínica), podendo ser também de duração e grau variáveis. A importância e a intensidade de uma infecção
aparente são medidas em termos de sua morbidade e letalidade.
No espectro de uma doença infecciosa segundo sua história natural, a gravidade pode ser representada
de forma esquemática como segue:
INFECÇÃO
APARENTE
INAPARENTE
MODERADA GRAVE FATAL
a b c d
TUBERCULOSE
TÉTANO
RAIVA HUMANA5
A medida da virulência é o número de casos graves e fatais em proporção ao número total de casos
aparentes.
A letalidade é uma característica frequentemente usada para descrever a gravidade de uma epidemia.
A medida da letalidade é o número de casos fatais em proporção ao número total de casos aparentes
(usualmente os diagnosticados no mesmo período).
5. A primeira cura comprovada da doença no Brasil ocorreu em 2009, em um adolescente do sexo masculino que após ter sido mordido por um
morcego obteve o diagnóstico de raiva. Seu tratamento foi feito através do Protocolo de Milwaukee.
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A diferença entre patogenicidade, virulência e letalidade pode ser entendida através do esquema de
espectro de gravidade da doença infecciosa:
INFECÇÃO
APARENTE
INAPARENTE
MODERADA GRAVE FATAL
a b c d
d Casos Fatais
Letalidade = =
b+c+d Total de casos aparentes
RESERVATÓRIO
Os germes, patogênicos ou não, habitam, multiplicam-se e mantêm-se em nichos naturais específicos. O
habitat normal em que vive, se multiplica e/ou cresce um agente infeccioso é denominado reservatório.
Reservatório de agentes infecciosos: é qualquer ser humano, animal, artrópode, planta, solo ou
matéria inanimada onde normalmente vive e se multiplica um agente infeccioso, e do qual depende
para sua sobrevivência, reproduzindo-se para que possa ser transmitido a um hospedeiro suscetível.
• Reservatórios humanos: O fato de uma doença ou grupo de doenças ter o ser humano como
reservatório de grande importância prática, já que as medidas de controle que se adotam podem
circunscrever-se ao mesmo ser humano. Por exemplo, se uma doença pode ser tratada com um
antibiótico adequado, a ação direta é exercida sobre o sujeito como paciente e como reservatório.
O reservatório principal de doenças como as de transmissão sexual, lepra, coqueluche, sarampo e
febre tifoide é o ser humano.
Também é importante identificar os reservatórios animais e, sempre que possível, adotar medidas
de proteção das espécies, particularmente, para os animais domésticos suscetíveis. Medidas como a
vacinação antirrábica canina e a antiencefalítica equina, também protegem indiretamente o ser humano.
Zoonose: é uma infecção ou doença infecciosa transmissível que, em condições naturais, ocorre
entre animais vertebrados e o homem.
28
Existem alguns microrganismos capazes de adotar formas esporuladas ou, simplesmente, de resistir às
condições adversas do ambiente. O bacilo de Koch (tuberculose humana) é capaz de resistir meses no
pó de um cômodo. O esporo do bacilo carbuncoso ou do bacilo tetânico pode resistir por anos no solo.
Nesses casos, ainda que o reservatório original seja um ser vivo, constituiu-se um reservatório adicional
no solo e em outros lugares de muito difícil acesso ou de controle impossível. A situação está presente
também em várias doenças parasitárias, em que formas larvárias encontram-se no solo, na água e
em outros lugares (por exemplo, ancilostomose e esquistossomose). Muitos dos agentes de infecção
micótica, como histoplasmose e coccidioidomicose, vivem e se multiplicam no solo.
Fonte de infecção: pessoa, animal, objeto ou substância de onde o agente infeccioso transmite a
um hospedeiro.
A fonte de infecção deve distinguir-se claramente da fonte de contaminação, por exemplo, aquela
causada por um cozinheiro infectado ao preparar uma salada ou a que produz o derrame de uma fossa
séptica no abastecimento de água.
O ser humano age como fonte de infecção a partir de casos clínicos agudos e a partir de portadores. Na
tuberculose, quando alguém é diagnosticado doente pela tuberculose, provavelmente já infectou em
média 5 pessoas. Por isso, a importância da pesquisa nos pacientes sintomáticos respiratórios.
As pessoas infectadas e que não apresentam sintomas constituem um grande risco de transmitir e manter
a doença na população, pois abrigam o agente infeccioso e mantêm seus contatos normais na comunidade.
Esses indivíduos são denominados portadores e essa condição é chamada de “estado de portador”.
Portador: é um indivíduo (ou animal) infectado, que abriga um agente infeccioso específico de uma
doença, sem apresentar sintomas ou sinais clínicos e constitui uma fonte potencial de infecção
para o ser humano.
Quanto mais forem conhecidas as características das doenças, mais fácil será conhecer a condição de
produzir portadores e de que tipo serão. É fácil intuir a importância da relação entre a presença de
portadores, a permanência e a propagação da doença na população.
O portador, ao não perceber a presença da infecção, não tomará medidas de precaução para prevenir a
transmissão da doença a outras pessoas. Uma situação similar pode acontecer depois da identificação
pelo laboratório, pois, geralmente, o portador assintomático pode experimentar dificuldades para aceitar
sua condição. Com isso, este portador pode deixar de seguir as recomendações e conselhos que lhe
forem dados pelo pessoal da saúde, principalmente se os mesmos criarem tensões e restrições no seu
âmbito de trabalho, se for motivo de discriminação ou segregação social ou acarretar dificuldades em
diferentes aspectos de sua vida familiar e comunitária.
Na meningite meningocócica, por exemplo, pode-se demonstrar a presença do germe nas secreções
nasais e faríngeas desde o início da infecção bacteriana. No líquido cefalorraquidiano, pode-se isolar o
meningococo a partir de 72 horas após a infecção. O índice de portadores pode atingir 25% ou mais em
períodos epidêmicos.
29
Os estudos sobre a transmissão humana na hepatite viral do tipo A, assim como a informação
epidemiológica, indicam uma infectividade máxima durante a segunda parte do período de incubação
(por volta de 30 dias), continuando alguns dias depois do início da icterícia. No entanto, são muitos os
casos sem icterícia: em crianças, por exemplo, para cada caso de hepatite com icterícia, podem existir
dez ou mais casos subclínicos.
Na maioria das doenças infecciosas existe a possibilidade de transmissão durante o período de incubação,
principalmente antes de apresentar os sintomas e sinais que permitem fazer o diagnóstico. Há casos
extremos em que o estado de portador em período de incubação pode ter uma longa duração. Por
exemplo, na hepatite do tipo B, o sangue da pessoa infectada pode ser infectante até três meses antes
do início da icterícia e, no caso da Aids, a pessoa infectada pode ser infectante por anos. No caso da raiva,
o vírus pode estar presente na saliva do cão até quase cinco dias antes de apresentar sinais da doença.
Isso permitiu determinar o período de 7 a 10 dias para manter em observação o animal agressor. Se o
animal não desenvolver sinais de raiva nesse intervalo, é possível concluir que não estava doente.
A transmissão de uma doença, portanto, pode começar antes que seja evidenciada na pessoa ou animal,
mas também pode seguir por algum tempo depois da recuperação clínica do doente.
Como regra geral, a maioria das doenças não é transmissível durante a fase inicial do período de incubação
nem depois do completo restabelecimento do doente.
Período de latência: é o intervalo de tempo que transcorre desde o momento em que se produz a
infecção até que a pessoa se torne infecciosa.
Nas doenças transmitidas por vetores, como malária, dengue e na febre amarela, o período de
transmissibilidade é aquele no qual o agente permanece de forma infectante no sangue ou em outros
tecidos da pessoa afetada em quantidade suficiente para infectar o vetor. Os artrópodes também
apresentam um período de transmissibilidade. Isto é, tempo em que o agente infeccioso permanece em
seus tecidos a ponto de ser transmissível.
30
MODO DE TRANSMISSÃO DO AGENTE
O modo de transmissão é a forma em que o agente infeccioso se transporta do reservatório ao hospedeiro.
Os principais mecanismos são os seguintes:
Transmissão direta: é a transferência direta do agente infeccioso por uma porta de entrada para que
se possa efetuar a infecção. É denominada também de transmissão de pessoa a pessoa. Isso pode
acontecer através da dispersão de gotículas (gotas de flügge ou perdigotos) nas conjuntivas ou nas
membranas mucosas do nariz ou da boca ao espirrar, tossir, cuspir, falar ou cantar; e pelo contato direto,
como tocar, beijar, ou ter relações sexuais. No caso das micoses sistemáticas, a transmissão ocorre por
exposição direta de tecido suscetível a um agente que vive normalmente sob a forma saprófita no solo.
Transmissão indireta:
a. Mediante veículos de transmissão ou fômioes: através de objetos ou materiais contaminados, tais como
brinquedos, lenços, instrumentos cirúrgicos, água, alimentos, leite, produtos biológicos, incluindo soro e
plasma. O agente pode ou não ter se multiplicado ou se desenvolvido no veículo antes de ser transmitido.
Vetor: um inseto ou qualquer portador vivo que transporta um agente infeccioso, desde um
indivíduo ou seus excrementos até um indivíduo suscetível, sua comida ou seu ambiente imediato.
O agente pode ou não se desenvolver, propagar ou se multiplicar dentro do vetor.
Mecânico: é o simples traslado mecânico do agente infeccioso por meio de um inseto terrestre ou
voador, seja por contaminação de suas patas ou tromba ou pela passagem em seu trato intestinal,
sem multiplicação ou desenvolvimento cíclico do microrganismo.
c. Através do ar: é a disseminação de aerossóis microbianos transportados por uma porta de entrada
apropriada, geralmente o trato respiratório. Os aerossóis microbianos são suspensões aéreas de
partículas constituídas total ou parcialmente por microrganismos. As partículas com diâmetro de 1 a 5
micros chegam facilmente aos alvéolos do pulmão e lá permanecem. Também podem permanecer em
suspensão no ar durante longos períodos de tempo; algumas mantêm sua infectividade e/ou virulência
e outras a perdem. As partículas de tamanho maior se precipitam, o que pode dar origem a uma
transmissão direta.
31
AS PRINCIPAIS PARTÍCULAS SÃO:
Núcleos goticulares: são os pequenos resíduos da evaporação de gotículas de flügge ou perdigotos
emitidos por um hospedeiro infectado. Esses núcleos goticulares também podem formar-se por aparelhos
borrifadores diversos, por exemplo: em laboratórios microbiológicos, em abatedouros industriais, salas
de autópsias etc. e geralmente se mantêm em suspensão no ar durante um tempo prolongado.
Pó: pequenas partículas de dimensões variáveis que podem proceder do solo (geralmente inorgânicas
ou esporos de fungos separados do solo seco pelo vento ou agitação mecânica), vestidos, roupas de
cama e pisos contaminados.
Respiratórias: as doenças que utilizam esta porta são as de maior difusão e as mais difíceis de controlar
(tuberculose, influenza, sarampo etc).
Pele: através de contato direto com lesões superficiais, como na varicela, herpes zoster e sífilis. Através de
picadas, mordidas, perfuração por agulha ou outro mecanismo que tenha contato com sangue infectado,
como na sífilis, doença de Chagas, malária, leishmaniose, febre amarela, hepatite B etc.
Placentária: em geral, a placenta é uma barreira efetiva de proteção do feto contra infecções da mãe;
no entanto, não é totalmente efetiva para alguns agentes infecciosos como os da sífilis, rubéola,
toxoplasmose, Aids e doença de Chagas.
Os reflexos como a tosse e o espirro, por exemplo, representam um esforço para limpar as vias
respiratórias de substâncias nocivas. As secreções mucosas, como as lágrimas e a saliva têm uma ação
limpante simples e podem também conter anticorpos específicos contra micróbios patógenos.
32
Outros mecanismos de defesa são as secreções gástricas (acidez gástrica), o peristaltismo e os
anticorpos inespecíficos. Um germe que penetra na capa protetora do corpo enfrenta uma variedade
de mecanismos de defesa imunológica, tanto do tipo celular (linfócitos T, macrófagos e outras células
que apresentam antígenos) como do tipo humoral (linfócitos B, anticorpos e outras substâncias). Os
micróbios extracelulares estimulam geralmente o desenvolvimento de inflamação no lugar da invasão.
A presença inicial de anticorpos, gerados previamente por infecção natural ou vacinação, poderia prevenir
ou limitar a invasão do hospedeiro (memória imunológica).
A idade é um fator de grande importância, visto que a ocorrência e a gravidade das doenças
variam conforme a idade do hospedeiro. As doenças eruptivas da infância são exemplos de como a
idade influencia na ocorrência das doenças contagiosas. A infecção e subsequente doença atacam
predominantemente as crianças pequenas, as que têm maior risco devido a sua alta suscetibilidade
(pela ausência de memória imunológica) e alto grau de exposição. A tuberculose, a esquistossomose na
sua forma crônica e alguns tipos de acidentes, são exemplos de problemas que atingem mais os adultos.
Na velhice, predominam afecções como as doenças degenerativas, a hipertensão e o câncer, bem como
uma maior suscetibilidade às infecções. As diferenças de suscetibilidade devido intrinsecamente ao
sexo são mais difíceis de demonstrar. No entanto, sabe-se, por exemplo, que a suscetibilidade a certas
infecções de transmissão sexual, como a gonorreia ou a clamídia é maior nas mulheres do que nos
homens, em parte devido a considerações anatômicas, fisiológicas e a presença de coinfecções (duas ou
mais infecções simultaneamente). As variações na ocorrência da doença, de acordo com o sexo, refletem
com frequência em graus diferentes de exposição à riscos distintos entre homem e mulher devido as
ocupações e/ou estilos de vida diferentes.
Nas mulheres, a gravidez predispõe claramente à infecção das vias urinárias e pode agravar várias
condições patológicas preexistentes. Por outro lado, algumas doenças crônicas e outros eventos são
mais comuns entre mulheres, por exemplo, a tirotoxicose, o diabetes mellitus, a colecistite, a colelitíase,
a obesidade, a artrite e a psiconeurose. No entanto, a úlcera péptica, a hérnia inguinal, os acidentes, o
câncer de pulmão, o suicídio e a cardiopatia arterioesclerótica são mais frequentes nos homens.
O grupo étnico e o grupo familiar são também características relevantes do hospedeiro. Os membros
de um grupo étnico compartilham muitos traços geneticamente determinados que podem incluir, além
das características físicas óbvias (o fenótipo), um aumento na suscetibilidade ou resistência aos agentes
específicos da doença. Esse conceito é fácil de compreender, porém, demonstrar que as diferenças na
incidência da doença são geneticamente determinadas é mais difícil, já que se deve levar em consideração
o efeito de todos os fatores ambientais e socioeconômicos associados. Um exemplo é a resistência à
tuberculose, que positivamente é maior nas populações europeias do que nas indígenas.
Tão importante como o componente genético associado a uma etnia é o seu componente cultural. Os
padrões culturais de grupos étnicos moldam e determinam estilos de vida e percepções específicas
da realidade influenciando diretamente suas condutas frente ao risco e, portanto, no seu potencial de
exposição a fatores causais de doença.
Assim como ocorre com os grupos étnicos, os indivíduos que integram um grupo familiar podem diferir
entre si em relação à suscetibilidade a doenças geneticamente determinadas.
33
Na realidade, aceitou-se desde há muito tempo que fatores hereditários podiam contribuir para a
incidência da doença e o desenvolvimento atingido pela genética nas últimas décadas corroborou com
aquela suposição. No entanto, deve-se reconhecer as múltiplas influências sociais e ambientais que
atingem a família como grupo, incluindo seu nível socioeconômico, dieta, nível educacional, grau de
coesão social e a exposição comum a agentes infecciosos.
Os efeitos do estado nutricional e as infecções estão intimamente relacionados, e, com frequência, são
potencializadas entre si. A desnutrição grave provoca uma deterioração na resposta imune e isto leva ao
aumento da suscetibilidade às doenças bacterianas.
Quando uma criança sofre de desnutrição proteico-calórica, aumenta a probabilidade de que algumas
doenças surjam na sua forma mais grave, acentuando, assim, o risco de complicações sequelas e
deficiência permanente.
A epidemia de neuropatia em Cuba, no início dos anos noventa, ilustra as consequências da supressão
brusca de nutrientes e o papel dos macrodeterminantes socioeconômicos na produção de doenças na
população, bem como a utilidade da epidemiologia para controlar oportunamente os problemas de
saúde. Além disso, problemas nutricionais como a obesidade são considerados fatores do hospedeiro
que o tornam mais suscetível às doenças crônicas como a hipertensão arterial, doenças cardiovasculares,
diabetes e a redução da esperança de vida.
SUSCETIBILIDADE E RESISTÊNCIA
No âmbito das doenças transmissíveis, as consequências da interação entre o hospedeiro e o agente são
extremamente variáveis e é importante considerar, além do que foi ressaltado, outras características do
hospedeiro que contribuem para essa grande variabilidade. Entre elas, a suscetibilidade e a resistência
consideradas de especial relevância.
Suscetível: é qualquer pessoa ou animal que não possui suficiente resistência contra um determinado
agente patógeno que possa protegê-lo de uma doença, caso tenha contato com esse agente.
Os fatores genéticos, que são denominados imunidade genética, constituem uma “memória celular”
herdada através de gerações. Isso facilitaria a produção de anticorpos, enquanto que naqueles grupos
humanos carentes desta experiência, não se produziria reação específica diante de determinada doença.
São bem conhecidos os exemplos acerca do impacto que tiveram a varíola, o sarampo, a tuberculose e
a influenza naqueles grupos indígenas que se mantiveram isolados das populações e civilizações onde
essas doenças ocorreram através de gerações.
IMUNIDADE
A pessoa imune possui anticorpos protetores específicos e/ou imunidade celular, como consequência de
uma infecção ou imunização anterior. Desse modo, ela pode estar preparada para responder eficazmente
à doença, produzindo anticorpos suficientes.
34
Uma classificação muito usada da imunidade indica dois tipos: imunidade ativa e imunidade passiva
(Figura 6).
Natural (Doença)
Ativa
Artificial (Vacina)
IMUNIDADE
Natural (Transplancentária)
Passiva
Artificial (Soros)
A imunidade passiva, de curta duração (de alguns dias a vários meses) obtida naturalmente por
transmissão materna (através da placenta) ou artificialmente por inoculação de anticorpos protetores
específicos (soro de convalescente ou de pessoa imune ou soroglobulina imune humana, soro antitetânico,
soro antidiftérico, gamaglobulina etc).
A imunidade ativa, que costuma durar anos, é adquirida naturalmente como consequência de uma infecção,
clínica ou subclínica, ou artificialmente por inoculação de frações ou produtos de um agente infeccioso, ou
até mesmo agente morto, atenuado ou recombinado a partir de técnicas da engenharia genética.
O indivíduo não pode se desligar do coletivo humano, motivo pelo qual é importante considerar o
fenômeno de resistência e suscetibilidade da comunidade em seu conjunto. Ainda assim, sem levar em
conta o tipo de agente patógeno ou a fonte de infecção, a proporção de suscetíveis em uma população
é um fator determinante da incidência da infecção e doença, principalmente nas situações onde ocorre
transmissão de pessoa a pessoa. Quando a proporção da população imune é alta, o agente tem menor
probabilidade de disseminação.
Essa propriedade se aplica às populações tanto humanas como de animais vertebrados e se denomina
imunidade de massa ou no caso de animais, “imunidade de rebanho”. Desde o ponto de vista do controle
de doenças específicas, como o sarampo no ser humano ou a raiva no cão, seria desejável saber
exatamente que proporção da população deve ser imune para que a disseminação de uma infecção
seja altamente improvável. Ainda que não seja fácil contar com informação precisa a esse respeito, se
dispõe de estimativas razoáveis para algumas doenças. Por exemplo, estima-se que, para interromper
a transmissão da difteria na população, se requer 75 a 85% de população imune. Essa informação é
de grande valor para os programas de eliminação e erradicação de doenças, como a poliomielite, o
sarampo, o tétano neonatal, entre outros.
Por outro lado, essa característica populacional ilustra o conceito dinâmico e interativo que tem a presença
ou ausência da doença na população. Os modelos matemáticos e a análise de epidemias demonstram
que a proporção da população imune não precisa ser de 100% para que a disseminação da doença na
população se detenha ou seja evitada.
35
MÓDULO IV
CALENDÁRIO BÁSICO DE VACINA
A vacina quando é composta pelo próprio agente agressor pode ser atenuadas ou inativada.
Exemplos: vacinas caxumba, febre amarela, poliomielite oral, rotavírus, rubéola, sarampo e varicela.
VACINAS INATIVADAS
As vacinas inativadas são obtidas de diversos modos: microrganismos inteiros inativados por meios físicos
ou químicos, produtos tóxicos dos microrganismos, subunidades ou fragmentos de microrganismos,
engenharia genética, polissacarídeos extraídos da cápsula de microrganismos invasivos, vacinologia
reversa. Algumas das vacinas inativadas são imunógenos potentes e conferem proteção de longa
duração.
As vacinas podem ser: vacinas únicas, vacinas combinadas, vacinas conjugadas e vacinas recombinantes.
VACINAS ÚNICAS
Feitas com antígeno de apenas um agente infeccioso.
VACINAS COMBINADAS
São aquelas que oferecem proteção para mais de uma doença com a aplicação de uma única injeção.
São exemplos: a tetraviral, que protege do sarampo, caxumba, rubéola e varicela; a penta bacteriana,
que oferece proteção para a Hepatite B, difteria, tétano, coqueluche e Haemophilus; a tríplice viral, que
protege do sarampo, da caxumba e da rubéola; a tríplice bacteriana, contra difteria, tétano e coqueluche,
entre outras.
36
VACINAS CONJUGADAS
Vacina que combina antígeno polissacarídeo (cadeia de açúcares) a uma proteína para aumentar sua
capacidade de induzir resposta imunológica no vacinado. Por exemplo: vacina pneumocócica 10 valente
(conjugada), vacina meningocócica C (conjugada), vacina Haemophilus influenzae b (conjugada) e vacina
pneumocócica 23 valente (conjugada).
VACINAS RECOMBINANTES
São vacinas obtidas por engenharia genética como por exemplo as vacinas de Covid DNA e RNA.
O Programa Nacional de Imunizações disponibiliza nas Unidades Básicas de Saúde mais de 20 vacinas.
Segue abaixo o calendário básico de vacinação:
Rota 1ª dose
VIP 2ª dose
4 meses
Pneumo 10 2ª dose
Rota 2ª dose
VIP 3ª dose
37
IDADE/GRUPO VACINA ESQUEMA DE DOSES
Meningo C Reforço
Varicela 2º dose
HPV
Duas doses: 0, 180 dias após a primeira
9 anos Meninos e meninas:
dose.
09 a 14 anos.
Meningo ACWY
11 anos Meninos e meninas: Uma dose (ou reforço)
11 e 12 anos
38
IDADE/GRUPO VACINA ESQUEMA DE DOSES
Masculino: 09 a 45 anos
(imunodeprimidos
oncológicos,
transplantados de
medula óssea ou
órgãos sólidos e
pessoas com HIV/Aids).
HPV Três doses: 0, 60, 180 dias
Feminino: 09 a 45 anos
(imunodeprimidos
oncológicos,
transplantados de
medula óssea ou
órgãos sólidos e
pessoas com HIV/Aids)
dT Três doses
GESTANTE
E PUÉRPERA Uma dose a cada gestação/puerpério
Influenza
até 45 dias
39
IDADE/GRUPO VACINA ESQUEMA DE DOSES
dT Três doses
Varicela (profissionais
de saúde não vacinados
e que trabalham na área
assistencial, especialmente Duas doses
em contato com pessoas
imunodeprimidas e os da
área de pediatria).
40
TEXTO 5: INFORMAÇÕES SOBRE AGENTES IMUNIZANTES E CARACTERÍSTICAS
GERAIS DAS DOENÇAS IMUNOPREVENÍVEIS6
A prática de vacinação envolve diversos aspectos científicos e técnico-operacionais que dizem respeito
aos agentes imunizantes e a pessoa a ser imunizada:
Agentes imunizantes
• Natureza: A vacina é produto farmacêutico que contém um ou mais agentes imunizantes (vacina
monovalente ou combinada) em diversas formas biológicas, quais sejam: bactérias ou vírus vivos
atenuados; vírus inativados e bactérias mortas; componentes purificados e/ou modificados dos agentes
causadores das doenças contra as quais a vacina é dirigida.
• Composição: O produto final elaborado pode conter, além do agente imunizante, proteínas ou outros
componentes originados dos meios de cultura ou da cultura de células utilizados no processo de
produção da vacina, bem como outros componentes, como líquido de suspensão, conservantes,
antibióticos e outras substâncias especificadas a seguir:
o Líquido de suspensão: É constituído geralmente por água destilada ou solução salina fisiológica;
o Conservantes e antibióticos: Representados por pequenas quantidades de substâncias necessárias
para evitar o crescimento de contaminantes (bactérias e fungos), tais como mercuriais (timerosal)
e antibióticos (neomicina). São utilizados em frascos de multidoses;
o Estabilizantes: São substâncias que auxiliam na proteção das vacinas em condições adversas,
como: congelamento, calor, alterações do pH (tampões) e para obtenção de isotonicidade (NaCl).
Também são utilizados para formar volume, quando a vacina contém quantidades mínimas de
imunógenos, como, por exemplo, a vacina contra o Haemophilus influenzae tipo B, que contém
apenas 10 mcg do antígeno PRP. Os estabilizantes mais usados são: açúcar (sacarose e lactose),
proteínas derivadas de animais (gelatinas porcina ou bovina) ou de humanos (soroalbumina
humana), tampões (fosfato) e sais (NaCl). As proteínas de alto peso molecular, como gelatina
parcialmente hidrolisada, apresentam maior risco de desencadear reações de hipersensibilidade.
o Adjuvantes: São substâncias que aumentam a resposta imune de vacinas que contêm microrganismos
inativados ou seus componentes (por exemplo, os toxoides tetânicos e diftéricos). Não são utilizados
em vacinas que contêm microrganismos vivos. Os sais de alumínio são os adjuvantes mais utilizados
de forma isolada (hidróxido de alumínio, fosfato de alumínio, sulfato potássico de alumínio) ou mista.
Os adjuvantes podem causar eventos adversos locais, como formação de granuloma. Manifestações
alérgicas podem ocorrer se a pessoa vacinada for sensível a um ou mais dos componentes das vacinas.
• Origem dos produtos: Laboratórios nacionais e internacionais fornecem as vacinas para o país. Embora
a maioria dos produtos seja obtida a partir de cepas iniciais padronizadas, provenientes de instituições
de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS), e os meios ou células de cultura também estejam
padronizados, existem particularidades no processo de produção de cada laboratório. Mesmo substâncias
químicas acessórias (adjuvantes; conservantes; estabilizantes ou outras), podem ser diferentes. Estes
fatores eventualmente contribuem para que as vacinas variem discretamente no seu aspecto (presença
de floculação) ou coloração (exemplo: vacina tríplice viral – contra o sarampo, a caxumba e a rubéola –
que, após a reconstituição, por vezes, se apresenta com tonalidades que vão do róseo ao amarelo).
• Controle de qualidade: Realizado pelo laboratório produtor, deve obedecer aos critérios padronizados
estabelecidos pela OMS. Os lotes vacinais, após aprovação nos testes de controle do laboratório
produtor, são submetidos à análise pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS),
do Ministério da Saúde. Depois, a vacina é liberada para uso, garantindo a segurança, a potência
adequada e a estabilidade do produto final.
6. Adaptado do Curso de atualização para o trabalhador da sala de vacinação: manual do aluno, Ministério da Saúde, 3ªed., p. 51-52, 2014.
41
• Conservação: Todos os agentes imunizantes devem ser mantidos em temperatura adequada.
* Um paciente bacilífero (sem tratamento) infecta, nestas condições, aproximadamente entre cinco e dez pessoas
por ano e se mantém bacilífero geralmente por dois anos – até a recuperação espontânea, morte ou cronificação,
situação em que continuará eliminando bacilos por alguns anos. Iniciado o tratamento, o doente deixa de ser
bacilífero em aproximadamente 15 dias.
42
Intradérmica, na altura da inserção inferior do músculo deltoide do
Via de administração braço direito. Para o comunicante de hanseníase, a dose extra deverá ser
administrada 1 cm abaixo da cicatriz vacinal.
Lesão local, de evolução lenta e benigna, que se inicia por mácula, evolui
Evolução normal para pápula, crosta e úlcera, durando em geral dois meses e deixando
da lesão cicatriz plana. O enfartamento ganglionar axilar não supurado faz parte
da evolução normal e desaparece espontaneamente sem tratamento.
(*) Tratamento: isoniazida (hidrazida) – 10mg/kg de peso por dia até a regressão da lesão. O paciente com evento
adverso deve ser avaliado pelo médico do Programa de Pneumologia Sanitária ao qual caberá instituir o tratamento.
43
Quadro 4. Características gerais da hepatite B
Reservatório O homem
Suscetibilidade Geral
44
Intramuscular no músculo anterior da coxa, região ventroglútea
Via de administração
(Hochstetter), lateral da coxa ou deltoide, dependendo da idade do receptor.
Eventos adversos Febre, cefaleia, reações locais leves, mal-estar e, raramente, anafilaxia.
Doses e volume das vacinas hepatite B Laboratório Butantan, SERUM, e LG Life Science
Nas indicações para imunodeprimido, hemodialisado, pré-diálise, HIV, transplantado de órgão sólido,
paciente com neoplasia ou que necessite quimioterapia, radioterapia ou corticoterapia:
• Em menores de 20 anos de idade para vacina Butantan e SERUM (até 19 anos, 11 meses e 29 dias) e
em menores de 16 anos para vacina LG Life Science (até 15 anos, 11 meses e 29 dias): administrar via
intramuscular, 1,0 ml de suspensão injetável; esquema de 04 doses (momento 0, 1, 2 e 6);
• Com 20 anos ou mais de idade para vacina Butantan e SERUM e em maiores de 15 anos (16 anos e
mais) para vacina LG Life Science: administrar via intramuscular 2,0 ml de solução injetável; esquema
de 4 doses (momento 0, 1, 2 e 6);
• Recém-nascido filho de mãe HIV positivo: administrar via intramuscular, 0,5 ml de suspensão
injetável; esquema de 4 doses (momento 0, 2, 4 e 6 meses de idade), conforme o calendário vacinal
de rotina (doses de 2, 4 e 6 meses feitas com penta). Aos 15 meses, aplicar mais uma dose de
vacina penta (1º ref. com penta e não com DTP). Aos 18 meses, se a criança tiver resultado para HIV
reagente, realizar sorologia para anti-HBS. Caso o resultado do anti-HBS seja < 10UL, aplicar um novo
esquema de 4 doses de hepatite B monovalente, dose dobrada para a faixa etária (1ml) nos tempos
0,30,60,180.
45
• Com 20 anos ou mais de idade para vacina Butantan e SERUM e para maiores de 15 anos, 11 meses
e 29 dias (com 16 anos e mais) para vacina LG Life Sciences: administrar via intramuscular, 1,0 ml de
solução injetável; esquema de 3 doses (momento 0, 1 e 6);
• Recém-nascido filho de mãe HBsAg reagente: administrar as doses segundo o calendário (ao nascer
com HB mono e com volume normal e aos 2, 4 e 6 meses com penta) e aplicar simultaneamente à
primeira dose, em local diferente da vacina, a imunoglobulina humana hiperimune contra hepatite B
até o 7º dia de vida. Sorotestar no nono mês e caso seja não reagente, aplicar mais um esquema de
3 doses normais (0,30,180);
• RN de baixo peso: aplicar 04 doses com volume normal (0,5ml) seguindo a rotina: ao nascer com HB
monovalente e aos 2, 4 e 6 meses com a vacina penta. Se menor de 31 semanas e/ou 1000gr a primeira
dose pode ser feita com a vacina DTPa + Hib monovalente, desde que solicitadas ao CRIE;
• Transplantado de TMO: aplicar esquema de 03 doses (0,30,180) com volume normal para a faixa
etária.
TÉTANO
46
COQUELUCHE
Reservatório O homem
• Pela doença
Imunidade
• Pela vacina
DIFTERIA
• Pela vacina;
• A infecção natural, em geral, não confere imunidade permanente;
Imunidade • Por anticorpos maternos. Filhos de mães imunes apresentam
imunidade nos primeiros meses de vida;
• Pelo soro antidiftérico – temporário e de curta duração.
47
Haemophilus influenzae B
Reservatório O homem
Suscetibilidade Universal
* As principais infecções causadas pelo Haemophilus influenzae b são: meningite, septicemia, pneumonia, celulite,
artrite séptica, osteomielite e pericardite.
Quadro 5.1. Vacina contra o tétano, a difteria, a coqueluche – DTP (tríplice bacteriana).
Vacina contra tétano e difteria dT (dupla adulto).
• DTP: duas doses de reforço, uma aos 15 meses e outra aos 4 anos. O
intervalo entre a terceira dose (com penta) e o reforço com DTP e entre
as duas doses de reforço com DTP é no mínimo de 06 meses. Manter
reforços de 10 em 10 anos com a vacina (dT) dupla adulto;
• dT: A partir dos 7 anos de idade, para aqueles indivíduos ainda não
vacinados ou com esquema incompleto. São adotados dois esquemas
no Brasil:
Número de doses e o três doses com intervalo de 60 dias (mínimo de 30 dias).
intervalos entre as • Gestantes: devem ser vacinadas contra o tétano como estratégia de
doses eliminação do tétano neonatal; nestes casos o esquema deve ser iniciado,
terminado ou complementado com uma dose da vacina dTpa;
• No caso de ferimentos graves, o reforço deverá ser antecipado para 05
anos;
• Criança com 6 anos sem nenhuma dose de reforço, administrar o 1º
reforço. Na impossibilidade de manter o intervalo de 6 meses entre as
doses de reforço, agendar dT para 10 anos após esse primeiro reforço.
Neste caso, essas crianças ficam liberadas do segundo reforço da DTP.
48
• DTP: reforço aos 15 meses e 4 anos. Pode ser utilizada até 6 anos, 11
Idade recomendada meses e 29 dias;
• A partir de sete anos: usar a dupla adulto (dT).
Notas:
Nas situações acima (itens a, b, c), em face da contraindicação para o uso da
vacina tríplice (DTP), utilizar a vacina dupla tipo infantil (DT) ou DTP acelular.
49
Quadro 5.2. Vacina contra o tétano, a difteria e a coqueluche acelular tipo adulto - dTp acelular
(uso adulto e infantil a partir de 4 anos)
50
A efetividade da vacina na prevenção da doença em lactentes até os três
meses de idade foi estimada em 91%, quando a vacina é aplicada até 28
dias antes do parto. Posteriormente, a proteção conferida pela mãe é
Eficácia esperada progressivamente menor, sendo de 38% se a vacina é aplicada na última
semana de gravidez. Após a administração de dTpa, é necessário um mínimo
de duas semanas para gerar uma resposta imune máxima para os antígenos
da vacina.
Quadro 5.3. Vacina contra o tétano, a difteria, a coqueluche, o haemophilus influenzae tipo b,
hepatite B, vacina pentavalente
Número de doses e
Três doses: aos 2, 4 e 6 meses, com o intervalo de 60 dias entre as doses
intervalos entre as
(intervalo mínimo de 30 dias)
doses
51
• Difteria: 80 a 90% (após 3ª dose)
• Coqueluche: em torno de 75 a 80% (após 3ª dose)
Eficácia esperada • Tétano: aproximadamente 100% (após 3ª dose)
• Haemophilus: em torno de 95% (após 3ª dose)
• Hepatite B: em torno de 95% (após 3ª dose)
52
Via de administração Subcutânea ou intramuscular – conforme laboratório produtor
As contraindicações gerais
Contraindicações
Hipersensibilidade a qualquer componente da vacina
* A vacina Hib NÃO protege contra as infecções causadas por outros tipos de Haemophilus influenzae, nem contra
as meningites de outras origens.
Reservatório O homem
7 a 10 dias antes do início dos sintomas, até cerca de seis semanas depois
Transmissibilidade
(em geral, uma semana após).
53
Quadro 6.1. Vacina oral contra a poliomielite (SABIN)
Número de doses e Dois reforços: um reforço aos 15 meses e outro aos 4 anos (nos casos
intervalo entre as de esquema atrasado, o intervalo mínimo entre a terceira dose (VIP) e o
doses primeiro reforço, e entre os dois reforços é de 6 meses).
Central -20°C
Observar o prazo de validade do produto.
Conservação
Regional +2°C a +8°C Utilizar por cinco dias após aberto o frasco
e por três meses após o descongelamento
Local +2°C a +8°C (dependendo do laboratório produtor).
54
Quadro 6.2. Vacina inativada contra a poliomielite (VIP ou SAlK)
Número de doses e
Três doses, aos 2, 4 e 6 meses. Com intervalo de 60 dias (intervalo mínimo
intervalo entre as
de 30 dias).
doses
Eficácia esperada Após a terceira dose, com VIP a eficácia é de 90 a 95%, para os três sorotipos.
Agente etiológico Vírus RNA (ácido ribonucleico), família Reoviridae, gênero rotavírus
• Pela doença;
Imunidade • Pela vacina, imunidade contra os vírus utilizados na vacina e imunidade
cruzada para gastrenterites causadas por outras cepas não G1.
55
Quadro 7.1. Vacina rotavírus
Tipo de vacina Vírus vivo atenuado, monovalente, cepa RIX 4414, sorotipo G1(P8)
Duas doses: o paciente que não receber a primeira dose também não deve
Número de doses
receber a segunda. Nunca se repete a dose.
2 meses e 4 meses
Idade mínima de 1 mês e 15 dias e máxima de 3 meses e 15 dias para a
Idade recomendada
primeira dose; idade mínima de 3 meses e 15 dias e máxima de 7 meses e
29 dias para a segunda dose. Intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.
56
Quadro 8. Características gerais das pneumonias por pneumococo
Reservatório O homem
Suscetibilidade Universal
• Pela doença;
• As vacinas não conjugadas contra o pneumococo conferem
Imunidade
imunidade relativa e de curta duração. As vacinas conjugadas
conseguem promover imunidade duradoura.
57
• Crianças que iniciaram o esquema primário após 4 (quatro) meses de
idade, devem completá-lo até 12 meses, com intervalo mínimo de 30
dias entre as doses; administrar o reforço com intervalo mínimo de 60
dias após a última dose;
• O reforço deve ser administrado entre 12 meses e 4 (quatro) anos, 11 meses
e 29 dias;
• Criança entre 1 (um) e 4 (quatro) anos de idade com esquema completo
Indicações
de 2 (duas) ou 3 (três) doses, mas sem a dose de reforço, administrar o
reforço;
• Crianças sem comprovação vacinal, entre 12 meses e 4 (quatro) anos 11
meses e 29 dias, administrar dose única;
• Para as crianças de 2 (dois) meses a menores de 5 (cinco) anos de idade,
com indicação clínica especial manter esquema de 3 (três) doses e reforço,
conforme as indicações do CRIE.
Reservatório O homem
Período de incubação Em média, três a quatro dias, podendo variar de dois a dez dias.
• Pela doença;
Imunidade • As vacinas não conjugadas contra a meningite conferem imunidade
relativa e de curta duração.
58
Quadro 9.1. Vacina contra a meningite meningocócica C
59
• Locais: rubor, edema, endurecimento e hipersensibilidade/dor.
• Sistêmicos
• Crianças pequenas: febre, choro, irritabilidade, sonolência ou
comprometimento do sono, anorexia, diarreia e vômitos;
• Adultos: vertigem, febre, cefaleia, náuseas e vômitos, desmaios,
mialgia e artralgia.
• Raros
• Distúrbios gastrointestinais (vômitos, náusea e diarreia);
• Distúrbios da pele e do tecido subcutâneo (erupções cutâneas,
urticária, prurido, púrpura, eritema multiforme e síndrome de
Steven-Johnson);
Eventos adversos • Distúrbios musculoesqueléticos, do tecido conjuntivo e ossos
(mialgia e artralgia);
• Reações de hipersensibilidade grave incluindo anafilaxia,
broncoespasmo, edema facial e angioedema, podendo ocorrer, em
proporção inferior, uma pessoa em cada dez mil que recebem esta
vacina.
• Muito Raros
• Distúrbios do sistema nervoso: vertigens, convulsões incluindo
convulsões febris, desmaios, hipoestesias e parestesias, hipotonia;
• Distúrbios visuais e fotofobias, geralmente associados com outros
sinais e sintomas neurológicos como cefaleia e vertigem;
• Convulsões.
60
Nível da temperatura Tempo de duração
Suscetibilidade Geral
• Pela doença;
Imunidade • Pela vacina;
• Por anticorpos maternos, até o 6º mês de idade.
61
Quadro 10.1. Vacina contra febre amarela
62
• De modo geral, as vacinas de vírus vivos atenuados como é a vacina da febre
amarela são contraindicadas durante tratamentos imunossupressores. São
consideradas condições de imunossupressão:
- Uso de corticosteroides: em doses superiores a 2 mg/kg/dia de prednisona
ou equivalente para crianças e acima de 20 mg/kg/dia para adultos, por 14
dias ou mais;
- Doença reumatológica: em tratamento com medicações antimetabólicas
(por exemplo, a ciclofosfamida) ou com medicamentos modicadores do
curso da doença (MMCDs) sintéticos, como metotrexato e ciclosporina;
- Doença oncológica: idealmente vacinar antes do uso de drogas imunossu-
pressores ou após três meses do término da quimioterapia;
- Transplante de Células Tronco Hematopoiética: pelo menos 24 meses
após o procedimento, caso não esteja com doença em atividade ou com
necessidade de drogas imunossupressoras;
- Transplante de órgãos sólidos: contraindicada no pós-transplante de ór-
gãos sólidos em uso de drogas imunossupressoras.
Contraindicações/ • Aplicação simultânea com a vacina VTV para os casos de primovacinação em
menores de dois anos:
precauções
- Nestes casos, dar intervalo de 30 dias entre as doses das vacinas VTV e FA;
- Em situações onde exista o risco epidemiológico concomitante para febre
amarela e os vírus contidos na vacina tríplice viral, o risco da não vacinação
é maior que a possibilidade da diminuição da resposta imune. Dessa forma
a vacinação simultânea deverá ser realizada sem levar em conta o intervalo
entre as doses;
- Para a criança que recebeu anteriormente as vacinas tríplice viral e febre
amarela, não há evidências de interferência na imunogenicidade entre elas,
as duas poderão ser administradas simultaneamente ou sem intervalo mí-
nimo entre as doses;
- Se a criança recebeu apenas uma das vacinas (tríplice viral ou febre ama-
rela), estabelecer preferivelmente o intervalo de 30 dias entre as doses (mí-
nimo 15 dias);
- Ressalta-se que a dose administrada deverá ser considerada válida e a
dose de reforço deverá ser agendada conforme o Calendário Nacional de
Vacinação vigente, de modo a respeitar o intervalo mínimo de 30 dias entre
as doses.
63
Quadro 11. Características gerais do sarampo, da rubéola e da caxumba
SARAMPO
Reservatório O homem
Desde o período prodrômico, em geral quatro dias antes, até quatro dias
Transmissibilidade
após o início da erupção.
Suscetibilidade Universal
• Pela doença;
• Pela vacina;
Imunidade
• Por anticorpos maternos. Após os nove meses de idade, cerca de 80%
das crianças já perderam esses anticorpos.
RUBÉOLA
Reservatório O homem
Suscetibilidade Universal
• Através da doença;
• Pela vacina;
Imunidade
• Por anticorpos maternos, após o nono mês de vida cerca de 80% das
crianças já perderam estes anticorpos.
64
CAXUMBA
Reservatório O homem
Suscetibilidade Universal
Quadro 11.1. Vacina contra o sarampo, a caxumba e a rubéola, tríplice viral (VTV).
65
Eficácia esperada Superior a 95%
• A partir de 12 meses;
• Em casos de bloqueio quando a criança recebe a dose com VTV antes
Indicações
dos 12 meses (dos 6 a 11 meses) deverá ser agendada para receber a
dose de rotina aos 12 meses.
Reservatório O homem
66
Transmite desde duas semanas antes do início dos sintomas até o final da
Transmissibilidade
segunda semana da doença.
A partir dos 15 meses, podendo ser aplicada na rede pública até a idade de
Idade recomendada
4 anos, 11 meses e 29 dias.
67
Quadro 13. Características gerais da varicela
Reservatório O homem
Suscetibilidade Universal
Quadro 13.1. Vacina contra o sarampo, a caxumba, a rubéola e a varicela, tetra viral
A partir dos 15 meses, podendo ser aplicada na rede pública até 4 anos, 11
Idade recomendada
meses e 29 dias.
68
As contraindicações de caráter geral:
• Hipersensibilidade conhecida à neomicina ou qualquer outro componente
da vacina;
Contraindicações
• Hipersensibilidade após administração das vacinas: sarampo, caxumba,
rubéola e/ou varicela;
• Imunodeficiências primárias ou secundárias.
Aos 4 anos, podendo ser aplicada na rede pública até 6 anos, 11 meses e
Idade recomendada
29 dias.
69
Quadro 14. Características gerais da influenza
Suscetibilidade Universal
• Pela doença;
Imunidade • Pela vacina: imunidade contra os vírus utilizados na vacina e reforço
contra as cepas afins que tenham produzido infecção anterior.
Tipo de vacina Vírus Influenza (três cepas do Mixovírus) inativados, fracionados e purificados.
Eficácia 70% a 90% de proteção contra a doença e 90% de proteção contra a morte.
70
• Em campanha consultar o informe técnico;
• Nos CRIEs – cardiopatas, pneumopatas, hepatopatas, imunodeprimidos,
imunodeficiências congênitas, doadores de órgãos sólidos e medula
óssea, transplantados de órgãos sólidos e medula, diabetes mellitus,
fibrose cística, trissomias, implante de cóclea, doença neurológica
Indicações
crônica incapacitante, usuário crônico de ácido acetilsalicílico, nefropatia
crônica/síndrome nefrótica, asma, asplenia anatômica ou funcional,
profissionais da saúde, comunicantes domiciliares de imunodeprimidos,
profissionais que trabalham diretamente com estes pacientes e com
idosos de 60 anos ou mais.
*Para os primovacinados: apenas uma dose anual é suficiente nas vacinações subsequentes.
**Atentar para as indicações do laboratório produtor.
Reservatório O homem
Suscetibilidade Universal
71
Nível Temperatura Tempo de duração
Esquema
Duas doses de 0,5 ml, intervalo entre doses de duas a quatro semanas.
vacinal/intervalos
72
Nível Temperatura Tempo de duração:
A apresentação multidose depois de
Central 2°C a 8°C aberta pode ser utilizada:
• Astrazeneca – covax e Fiocruz/
Regional 2°C a 8°C
Serum: em até 6 horas, mas desde
Local 2°C a 8°C que mantida em condições assép-
Conservação
ticas e sob temperatura entre +2°C
e +8°C.
• Fiocruz: em até 48 horas, nas
desde que mantida em condições
assépticas e sob temperatura en-
tre +2°C e +8°C.
Esquema vacinal/ Duas doses de 0,5 ml, intervalo de 10 semanas entre as doses.
intervalos
73
Nível Temperatura Tempo de duração
Observar as informações de
data de fabricação e validade,
se conservado na temperatura.
Armazenamento:
Conservação • No máximo 31 dias a A apresentação multidose depois
temperatura de +2°C e +8°C; de aberta em até 6 horas sob
• Até 14 dias (2 semanas) a refrigeração +2°C e +8°C.
temperatura de -25°C a -15°C
• Durante toda a validade (12
meses) em freezer de ultra
baixa temperatura (-80°C a
-60°C).
Intramuscular.
Via de administração Nesta plataforma deve ser utilizado para administração o conjunto de
seringa de 1ml (volume morto).
Esquema
Duas doses de 0,3 ml, intervalo de 8 semanas entre as doses.
vacinal/intervalos
74
Forma farmacêutica Suspensão injetável
ATENÇÃO:
Conservação
a. A formulação pediátrica mantém cadeia de frio EXCLUSIVAMENTE à
ULT (-90°C a -60°C) e refrigeração (2°C a 8°C). MEDIANTE INÍCIO DE
DESCONGELAMENTO, REGISTRAR NA EMBALAGEM DATA PARA O CON-
TROLE DE PRAZO DE VALIDADE (10 SEMANAS);
b. O transporte na temperatura de refrigeração (2°C a 8°C), pode ocorrer
SEM RESTRIÇÃO DE PRAZO durante as 10 semanas de validade;
c. NÃO ARMAZENAR ENTRE -25°C e -15°C.
Esquema
Duas doses de 0,2 ml, intervalo de 12 semanas entre as doses.
vacinal/intervalos
75
• Durante toda a validade (12 meses) em freezer de ultrabaixa
temperatura (-90°C a -60°C);
• 10 semanas a temperatura de +2°C a +8°C;
• Após a diluição, o imunobiológico poderá ser utilizado por até 12 horas
desde que mantido em temperatura entre +2°C a +8°C.
ATENÇÃO:
Conservação
a. A formulação pediátrica mantém a cadeia de frio EXCLUSIVAMENTE
à ULT (-90°C a -60°C) e refrigeração (2°C a 8°C). MEDIANTE INÍCIO
DE DESCONGELAMENTO, REGISTRAR NA EMBALAGEM DATA PARA O
CONTROLE DE PRAZO DE VALIDADE (10 SEMANAS);
b. O transporte na temperatura de refrigeração (2°C a 8°C) pode ocorrer
SEM RESTRIÇÃO DE PRAZO durante as 10 semanas de validade;
c. NÃO ARMAZENAR ENTRE -25°C e -15°C.
Esquema 3 doses de 0,2 ml, intervalo entre a primeira e a segunda dose de 4 sema-
vacinal/intervalos nas e entre a segunda e terceira dose de 8 semanas.
Forma
Suspensão injetável
farmacêutica
76
Via de
Intramuscular
administração
Eficácia esperada Eficácia de 66,3% após ≥14 dias da vacinação com dose única.
Esquema
Dose única
vacinal/intervalos
Reservatório O homem
Suscetibilidade Universal
77
Quadro 16.1. Vacina recombinante contra o HPV (6,11,16,18)
Na rotina:
Meninos e meninas: 09 a 14 anos. Duas doses, com intervalo de seis
meses entre a 1ª dose e a 2ª dose.
78
Quadro 17. Características gerais da raiva
Suscetibilidade Universal
79
• Intramuscular: 0,5mL ou 1,0 mL (dependendo do laboratório produtor).
Administrar todo o volume do frasco;
• Intradérmica: 0,2 mL - o volume deve ser dividido em duas aplicações
Via de administração
de 0,1mL cada e administrada em dois sítios.
A administração intradérmica recomenda-se para ações de agendamento
de grandes grupos.
80
Via Intradérmica (ID)
Esquema vacinal: quatro doses, nos dias 0, 3, 7 e 14.
• Volume da dose: 0,2mL. O volume da dose deve ser dividido em duas
aplicações de 0,1mL cada e administradas em dois sítios distintos,
independente da apresentação da vacina, seja 0,5 mL ou 1,0 mL
(dependendo do laboratório produtor);
• Local de aplicação: antebraço ou na região de delimitação do músculo
Pós-exposição deltoide.
Atenção: Quando na PEP anterior foi aplicada apenas uma dose, essa deve
ser desconsiderada e o esquema de profilaxia, indicado para o caso, deve
ser iniciado.
81
Não é necessário reiniciar a profilaxia de pacientes faltosos. Nestes casos,
aplicar o(s) imunobiológico(s) prescrito(s) no dia em que o paciente comparecer
à unidade e continuar o esquema mantendo os intervalos das doses seguintes
Profilaxia de de acordo com o intervalo do esquema originalmente proposto.
pacientes faltosos Recomenda-se que além do serviço de vacinação, o serviço de saúde que atende
o paciente oriente o indivíduo da importância da completitude do esquema
vacinal e realize busca ativa imediata daqueles que não comparecerem nas
datas agendadas para administração das doses do esquema prescrito.
*SAR ou IGHAR em acidentes graves exclusivamente com cães (que não podem
ser observados):
• A infiltração do SAR ou da IGHAR deve ser feita apenas no local do ferimento,
o tanto quanto possível (não há dose mínima), eliminando a indicação da
aplicação do restante em local distante (IM). A aplicação do SAR ou da IGHAR
Soro Antirrábico (SAR)
deve ser realizada apenas nos acidentes graves envolvendo cães que não
e Imunoglobulina
podem ser observados ou suspeitos para raiva no momento da agressão;
Humana antirrábica
• A dose da IGHAR é de 20 UI/Kg de peso e a dose máxima de 1.500 UI. Já a
homóloga (IGHAR)
dose do SAR é de 40 UI/Kg de peso, sendo que a dose máxima é de 3.000 UI.
Atenção! O SAR NÃO deve ser administrado por via endovenosa. Ele é
infiltrado dentro e ao redor das lesões e o restante da dose, se houver, é
administrado por via intramuscular
*O controle sorológico (titulação de anticorpos) é exigência indispensável para correta avaliação do esquema vacinal.
**Não considerar o esquema anterior se o paciente recebeu número menor de doses do que aquelas referidas nas
notas acima.
82
Quadro 18. Esquema para profilaxia pós-exposição da raiva humana com vacina de cultivo celular.
CONTATO INDIRETO • Lavar com água e sabão; • Lavar com água e • Lavar com água
• tocar ou dar de comer • NÃO INDICAR PROFILAXIA. sabão; e sabão;
para animais; • NÃO INDICAR • NÃO INDICAR
• lambedura em pele PROFILAXIA. PROFILAXIA.
íntegra; • Todo contato
• contato em pele íntegra com morcego
com secreções ou iniciar profilaxia
excreções de animal, SAR ou IGHAR +
ainda que raivoso ou de vacina (dias 0, 3,
caso humano. 7 e 14).
• Lavar com água e sabão; • Lavar com água e sabão; • Lavar com água e • Lavar com água
• NÃO INICIAR PROFILAXIA. • INICIAR PROFILAXIA: sabão; e sabão;
Manter o animal em VACINA* dias 0, 3, 7 e 14. • INICIAR PROFILAXIA: • INICIAR
LEVE
observação por 10 dias. VACINA* dias 0, 3, PROFILAXIA:
• ferimento superficial no Se permanecer vivo e 7 e 14. VACINA* (dias 0,
tronco ou nos membros, saudável, suspender a 3, 7 e 14) e SORO
exceto mãos e pés; observação no 10º dia (SAR ou IGHAR)*.
• lambedura de lesões e encerrar o caso. Se
superficiais. morrer, desaparecer
ou apresentar sinais de
raiva, indicar VACINA*
dias 0, 3, 7 e 14.
GRAVE • Lavar com água e sabão; • Lavar com água e sabão; • Lavar com água e
• ferimento nas mucosas, • NÃO INICIAR PROFILAXIA. • INICIAR PROFILAXIA: sabão;
no segmento cefálico, Manter o animal em VACINA* (dias 0, 3, 7 e 14) • INICIAR PROFILAXIA:
nas mãos ou nos pés; observação por 10 dias. e SORO (SAR ou IGHAR)*. VACINA* (dias 0, 3, 7
• ferimentos múltiplos ou Se permanecer vivo e e 14) e SORO (SAR ou
extensos, em qualquer saudável, suspender a IGHAR)*
região do corpo; observação no 10º dia
e encerrar o caso. Se
• ferimento profundo, morrer, desaparecer
mesmo que puntiforme; ou apresentar sinais de
• lambedura de lesões raiva, indicar VACINA*
profundas ou de (dias 0, 3, 7 e 14) e SORO
mucosas, mesmo que (SAR ou IGHAR)*.
intactas;
• ferimento causado por
mamífero silvestre.
OBSERVAÇÕES:
Via Intradérmica: volume da dose – 0,2mL. O volume da dose deve ser dividido em duas aplicações de 0,1mL cada
*VACINA e administrada em dois sítios distintos, independentemente da apresentação da vacina, seja 0,5mL ou 1,0mL
4 (quatro) doses, (dependendo do laboratório produtor). Local de aplicação: inserção do músculo deltoide ou no antebraço.
nos dias 0, 3, 7e 14
Via Intramuscular: dose total - 0,5mL ou 1,0mL (dependendo do laboratório produtor). Administrar todo o volume do
frasco. Local de aplicação: no músculo deltoide ou vasto lateral da coxa em crianças menores de 2 (dois) anos. Não
aplicar no glúteo.
O SAR ou a IGHAR deve ser administrado no dia 0. Caso não esteja disponível, aplicar o mais rápido possível até o 7º
dia após a aplicação da 1ª dose de vacina. Após esse prazo é contraindicado. Existindo clara identificação da localização
da(s) lesão(ões), recentes ou cicatrizadas, deve-se infiltrar o volume total indicado, ou o máximo possível dentro ou ao
redor da(s) lesão(ões). Se não for possível, aplicar o restante por via IM, respeitando o volume máximo de cada grupo
*SORO (SAR ou IGHAR)
muscular mais próximo da lesão.
83
Atenção às seguintes medidas:
1) É necessário orientar o paciente para que ele notifique imediatamente a Unidade de Saúde se o animal
morrer, desaparecer ou se tornar raivoso. Uma vez que podem ser necessárias novas intervenções de
forma rápida, como a aplicação do soro ou o prosseguimento do esquema de vacinação.
2) É preciso avaliar, sempre, os hábitos do cão e gato e os cuidados recebidos. Podem ser dispensados do
esquema profilático as pessoas agredidas pelo cão ou gato que, com certeza, não tem risco de contrair
a infecção rábica. Por exemplo, animais que vivem dentro do domicílio (exclusivamente); não tenham
contato com outros animais desconhecidos; que somente saem à rua acompanhados dos seus donos
e que não circulem em área com a presença de morcegos. Se o animal for procedente de área de raiva
controlada, não é necessário iniciar o esquema profilático. Manter o animal sob observação e só iniciar
o esquema profilático indicado (soro + vacina) se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso.
Em caso de dúvida sobre procedência ou o estado de saúde do animal, iniciar o esquema de profilaxia
indicado.
*SAR ou IGHAR em acidentes graves exclusivamente com cães (que não podem ser observados):
A infiltração do SAR ou da IGHAR deve ser feita apenas no local do ferimento, o tanto quanto possível (não
há dose mínima), eliminando a indicação da aplicação do restante em local distante (IM). A aplicação do
SAR ou da IGHAR deve ser realizada apenas nos acidentes graves envolvendo cães que não podem ser
observados ou suspeitos para raiva no momento da agressão.
*Quanto à definição de profilaxia antirrábica humana em casos de agressões por animais silvestres:
Nos casos de agressões por outros mamíferos silvestres (inclusive os domiciliados), o acidente é classificado
como grave. A conduta adequada é lavar o local abundantemente com água e sabão, iniciar o esquema
profilático com SAR ou IGHAR e a administração de 4 (quatro) doses devacina antirrábica nos dias 0, 3, 7 e 14,
pela via intramuscular (IM) ou 4 (quatro) doses nos dias 0, 3, 7 e 14 pela via intradérmica (ID).
84
Unidade 2: Contraindicações e falsas contraindicações
O Programa Nacional de Imunizações tem como objetivo, em primeira instância, a ampla extensão da
cobertura vacinal de forma homogênea, para que a população possa ser provida de adequada proteção
imunológica contra as doenças transmissíveis abrangidas pelo programa. Entretanto, continua sendo
comum em nossas unidades de saúde a adoção de “falsas contraindicações” à vacinação, apoiadas em
conceitos desatualizados, perdendo a oportunidade de vacinar a população-alvo e trazendo o consequente
prejuízo da cobertura vacinal.
Entende-se por “contraindicação” uma proibição à utilização de uma determinada vacina. Geralmente, a razão
é um risco elevado de evento adverso grave ou uma situação em que o risco de complicações supera em
muito o risco da doença contra a qual a vacina protegeria. Entende-se por “situação de adiamento/precaução”
uma situação em que não há contraindicação absoluta para a aplicação da vacina, contudo devendo-se avaliar
criteriosamente os riscos e benefícios da vacinação naquele determinado momento e/ou local.
• Grávidas: devido ao risco teórico de danos ao feto, salvo situações de alto risco de exposição a
algumas doenças virais imunopreveníveis, como a febre amarela. A vacinação inadvertida com vírus
ou bactérias vivas atenuadas não constituem indicação da interrupção da gravidez.
• Deve ser adiada a aplicação de vacinas de bactérias ou vírus inativados (ou as constituídas por seus
produtos ou componentes) em pessoas submetidas a tratamento com imunodepressores, por
causa da possibilidade de resposta imune inadequada. Em situações epidemiológicas de risco, para
algumas vacinas especiais, esta recomendação deve ser reavaliada;
85
• Devem ser observados os intervalos sugeridos entre a administração de produtos contendo
imunoglobulinas e vacinas virais vivas que apresentem o componente de sarampo, pois interfere na
resposta imune conforme quadro a seguir:
Intervalo
Imunobiológicos Dose habitual
(meses)
Sangue e hemoderivados
Intervalo
Produtos Dose habitual
(meses)
10 mL/kg
Hemácias lavadas 0
(quase sem IgG)
10 mL/kg
Concentrado de hemácias 5
(20-60mg de IgG/kg)
10 mL/kg
Sangue total 6
(80-100mg de IgG/kg)
10 mL/kg
Plasma ou plaquetas 7
(160mg de IgG/kg)
Fonte: Adaptado do Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais, 2019.
86
FALSAS CONTRAINDICAÇÕES
Não constituem contraindicação à vacinação
• Doenças benignas comuns, tais como: afecções recorrentes infecciosas ou alérgicas das vias
respiratórias superiores, com tosse e/ou coriza, diarreia leve ou moderada e doenças de pele
(impetigo, escabiose etc.);
• Desnutrição;
• Doença neurológica estável (síndrome convulsiva controlada, por exemplo) ou pregressa com
sequela presente;
• Tratamento sistêmico com corticosteroides em doses diárias não elevadas durante curto período
(inferior a uma semana) ou tratamento prolongado com doses baixas ou moderadas em dias
alternados;
• Prematuridade ou baixo peso no nascimento (as vacinas devem ser administradas na idade
cronológica recomendada, não se justificando adiar o início da vacinação);
Nota: Deve-se ressaltar que história e/ou diagnóstico clínico pregresso de coqueluche, difteria,
sarampo, tétano, tuberculose e qualquer doença imunoprevenível não constituem contraindicação
ao uso das respectivas vacinas.
87
Figura 7. Fluxograma de notificação e investigação de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação
Por se tratar de um Evento Supostamente Atribuível, destaca-se a incerteza quanto à relação causal
entre o evento adverso e a vacina. É impossível estabelecer tal relação causal no momento da notifi-
cação; isso requer uma revisão sistemática das evidências individuais e populacionais sobre o evento,
com base em uma metodologia estruturada. Ao diferenciar vacinação de imunização, fica claro que o
primeiro termo corresponde ao processo de aplicação ou administração da vacina, enquanto o segundo
é o processo de geração de resposta pelo sistema imunitário da pessoa vacinada, por interação com o
antígeno ou com outros componentes da vacina. Diante de um evento adverso, é necessário diferenciar
o efeito causal de cada componente.
ONDE NOTIFICAR?
• e-SUS Notifica e/ou sistema que vier a substituí-lo, para os estabelecimentos de saúde públicos;
• VigiMed e/ou sistema que vier a substituí-lo, para os estabelecimentos de saúde privados.
88
QUEM PODE NOTIFICAR?
Todas as Unidades Básicas de Saúde/salas de vacinação, Unidades de Pronto Atendimento (UPA), pron-
tos-socorros e hospitais. No entanto, qualquer unidade de saúde pública ou privada deve notificar a
ocorrência de um ESAVI.
O QUE NOTIFICAR?
Casos suspeitos de ESAVI graves, raros e inusitados e erros de imunização, que ocorram num período
de até 30 dias após a aplicação da vacina.
c) Troca de vacinas: a apresentação de alguns frascos de vacinas são muito semelhantes, portanto
deve-se observar sempre o nome da vacina, rotular e organizar a câmara refrigerada de forma a não
misturar os frascos e a fim de evitar erros;
d) Sítio e via de administração: vacinas de uso oral administradas por via parenteral ou vice-versa,
intramuscular administrada subcutânea ou vice-versa, má técnica de administração;
f) Vacinas fora do prazo de validade: administração de vacinas não respeitando o prazo de validade
determinado pelo fabricante;
O manuseio inadequado, algum equipamento com defeito ou a falta de energia elétrica interrompem o
processo de refrigeração, comprometendo a potência dos imunobiológicos, ou seja, a sua capacidade de
desenvolver a proteção específica (formação de anticorpos).
A Cadeia de Frio é o processo logístico da Rede de Frio para conservação dos imunobiológicos, desde o
laboratório produtor até o usuário. Inclui as etapas de recebimento, de armazenamento, de distribuição
e de transporte, de forma oportuna e eficiente, assegurando a preservação de suas características
originais e envolvendo a aplicação de equipamentos, de procedimentos padronizados e de equipe técnica
qualificada.
Na Central Estadual, instância estadual, além das câmaras frigoríficas, também são usados freezers para
as vacinas que podem ser congeladas (-20°C) e câmaras refrigeradas específicas para os imunobiológicos
que são conservados entre +2°C e +8°C.
Na instância local (nos centros e unidades básicas de saúde, nos hospitais e nos ambulatórios), todos os
produtos são conservados entre +2°C e +8°C em câmaras refrigeradas.
A estrutura da Rede de Frio permeia as três esferas administrativas, organizando-se em instâncias com
fluxos de distribuição e armazenamento normalmente verticalizados, conforme ilustra a Figura 8.
90
Figura 8. Fluxograma da Rede de Frio
A câmara refrigerada deve ser de uso exclusivo para conservar as vacinas. Não se deve guardar medicamentos
ou outros produtos (como material para o teste do pezinho, de laboratório ou odontológico, alimentos ou
bebidas). É recomendável colocar adesivo na porta: “Atenção! Aqui há vacinas” ou “Atenção! Câmara refrigerada
exclusiva para conservação de vacinas”.
a) Deve ser instalada distante de fontes de calor (estufa e autoclave) e fora do alcance dos raios solares;
b) Deve ficar nivelada, se possível sobre um suporte com rodas, e afastada da parede, pelo menos 15 cm,
para a livre circulação do ar no condensador (motor), ou conforme orientações disponíveis no manual do
usuário do equipamento;
c) A tomada ou conexão com a fonte de energia deve ser exclusiva para a câmara refrigerada (não usar T
ou benjamim);
d) Proceder o ajuste da temperatura de set point +4°C da câmara refrigerada sem carga até a estabilização
da mesma. Ajustar o alarme visual e sonoro da câmara refrigerada para imunobiológico, mínimo de +3°C
e máximo de +7°C, para possibilitar a adoção de condutas apropriadas;
91
e) A leitura da temperatura é feita diariamente, por duas vezes: no início da jornada de trabalho e no final
do dia. A temperatura lida é registrada em formulário próprio, fixado na porta ou na face lateral;
g) O estoque de diluentes deve ficar fora da câmara refrigerada, em temperatura ambiente, com exceção da
vacina tetravalente (pois o diluente é a própria vacina DTP) e o liófilo (vacina Hib), que devem permanecer
refrigerados;
h) O diluente de outras vacinas deve estar entre +2°C e +8°C (ideal: set point +4ºC) no momento da
administração. Para isto, colocá-lo na câmara refrigerada no dia anterior ou pelo menos seis horas antes
do uso.
1. Câmara de conservação de vacinas; tipo vertical; capacidade interna sugerida de 280 a 500 litros úteis;
temperatura regulável na faixa de +2°C a +8° C; temperatura de trabalho pré-programada de 4°C;
2. Construção do gabinete externo em chapa de aço tratada que evite a corrosão, esmaltada a alta
temperatura, pintado com tinta epóxi ou com tinta porcelanizada na cor branca;
3. Isolamento térmico em poliuretano injetado de alta densidade, com, no mínimo, 5cm de espessura em
todas as paredes;
4. Porta de vidro triplo “no fog”, com sistema antiembaçante, com fecho magnético e guarnição de PVC
em todo o perímetro;
5. Gabinete interno em aço inoxidável e que permita acomodação de, no mínimo, sete prateleiras em aço
inox, ajustáveis e removíveis;
6. Sistema de refrigeração isento de CFC, ecologicamente correto;
7. Sistema de refrigeração com unidade selada, com compressor silencioso para funcionamento contínuo,
montado de forma que evite a transmissão de vibrações para o sistema;
8. Controle automático, com sistema de degelo automático;
9. Sistema vertical de circulação contínuo de ar forçado e temperatura uniformemente distribuída em
todos os compartimentos;
10. Equipada com quatro sensores internos, tipo PT100, sendo um para leitura digital de temperatura,
imerso em solução simulando a real temperatura da vacina armazenada, um no sistema de segurança
e dois em pontos diferentes da câmara;
11. Menu para multissensores com tela de LCD que permita visualizar simultaneamente a temperatura
em todos os sensores instalados;
92
12. Termômetro digital para leitura das temperaturas do momento, máxima e mínima, direta e
simultaneamente no mesmo display, que são memorizadas mesmo com o desligamento da câmara e
seu reinício manual;
13. Termômetro digital com subdivisão de leitura de, no mínimo, 0,1°C;
14. Teclas do tipo “toque suave” e memória dos valores pré-programados;
15. Controlador eletrônico microprocessado;
16. Sistema eletrônico de travamento, que evita alterações inadvertidas na programação;
17. Filtro contra ruídos eletromagnéticos, provenientes da rede de alimentação elétrica, protegendo o
sistema microprocessado;
18. Sistema de monitorização de rede, restabelecendo os parâmetros de programação, caso ocorra uma
variação brusca de energia elétrica;
19. Alarmes audiovisuais para porta aberta e para alteração de temperatura, calibrados automaticamente
2,0°C acima ou 2,0°C abaixo da temperatura de trabalho (4°C);
20. Indicações visuais para: ligado geral, refrigeração e alarme inibido;
21. Tecla para inibir o som dos alarmes, reativados automaticamente, com tempo programável;
22. Sistema de autoteste de todas as funções;
23. Chave geral, para alimentação elétrica. Fusíveis de segurança;
24. Voltagem: 220V monofásico 60Hz;
25. Iluminação interna com acionamento automático durante a abertura da porta e mesmo com a porta
fechada;
26. Sistema de manutenção de temperatura crítica em caso de falta de energia elétrica garantido por
blocos de material criogênico distribuídos de maneira uniforme, fixados em suporte de aço inox, de
forma a não diminuir o aproveitamento interno da câmara;
27. Discadora telefônica automática que utilize ramais, de no mínimo, três números diferentes, acionada
quando houver alteração de temperatura em 2,0°C acima ou 2,0°C abaixo da temperatura de trabalho;
28. Possuir sistema de rodízio com freio;
29. Garantia de um ano;
30. Apresentar manual de instruções em português;
31. A empresa deve apresentar certificado de calibração da câmara de conservação juntamente com as
incertezas da medição apresentadas e a rastreabilidade pelo INMETRO/RBC.
Recomenda-se que o nível local não proceda a compra de equipamentos para conservação de vacinas sem
fazer consulta prévia à Gerência Estadual de Imunização.
Cuidados básicos
a) Usar tomada exclusiva, instalada a 130 cm do piso (NBR 5410), para cada equipamento;
b) Instalar em ambiente climatizado, distante de fontes de calor, sem incidência de luz solar direta,
bem nivelada e afastada 15 cm da parede;
c) Não armazenar produtos (kits) e amostras laboratoriais (teste do pezinho), materiais odontológicos,
medicamentos, alimentos, bebidas etc;
d) Certificar-se de que a porta está vedada adequadamente (teste da tira de papel, que deve ser
realizado mensalmente).
93
LIMPEZA DOS EQUIPAMENTOS
a) Limpar a câmara de conservação a cada 30 dias, ou conforme orientações disponíveis no manual
do equipamento. Evite a limpeza no final da tarde, às sextas-feiras ou antes de feriados prolongados,
pois é preciso monitorar a temperatura após religar até que esta chegue no valor indicado;
b) Para a limpeza, transferir os produtos para caixas térmicas, com bobinas reutilizáveis e o
termômetro de cabo extensor. Antes, esperar o tempo necessário (mais ou menos 30 minutos) até
que o ambiente interno da caixa esteja entre +2°C e +8°C (ideal = +4°C a +5°C). Após, colocar as
vacinas e vedar a caixa;
CAIXAS TÉRMICAS
Produzida com material isotérmico do tipo poliuretano ou poliestireno expandido (isopor) (Figura 9),
sendo este último mais utilizado no transporte de imunobiológicos entre as diversas instâncias. Para
transporte entre as instâncias regionais e municipais e também para o uso diário, as caixas de poliuretano
são amplamente indicadas pela durabilidade e maior resistência do material.
94
A caixa térmica é utilizada nas seguintes situações:
c) No momento da limpeza das câmaras refrigeradas, quando não está disponível um segundo
equipamento;
a) Uma ou mais caixas de poliuretano de, no mínimo, 12 litros, densidade mínima de 35 kg/m³, com
espessura de parede (isolamento térmico) de 2 a 3 cm, para acondicionamento de vacinas de uso
diário;
b) Duas ou mais caixas de poliuretano de 28 a 35 litros, com espessura de parede (isolamento térmico)
com densidade mínima de 35kg/m³, de, no mínimo, 3 cm, para acondicionamento das vacinas durante
o transporte, vacinação extramuro e limpeza das câmeras refrigeradas;
Cuidados básicos
d) Manter a temperatura interna da caixa entre +2°C e +8°C, monitorando-a com termômetro de cabo
extensor, trocando as bobinas de gelo reutilizáveis sempre que necessário;
e) Manter a caixa térmica fora do alcance da luz solar direta e distante de fontes de calor;
95
Figura 10. Organização dos imunobiológicos na caixa térmica
Para o acondicionamento de imunobiológicos entre +2°C e +8°C é necessária a ambientação das bobinas
da seguinte maneira: colocá-las sobre uma mesa, pia ou bancada, até que desapareça a “névoa” que
normalmente cobre a superfície externa da bobina congelada (Figura 11). Ao mesmo tempo, dispor uma
das bobinas sobre um material isolante (tampa da caixa de isopor) e, sob esta, o bulbo de um termômetro
de cabo extensor, a fim de monitorar a temperatura.
96
Figura 11. Acondicionamento dos imunobiológicos e ambientação das bobinas
ATENÇÃO:
a) Nas caixas térmicas destinadas ao transporte da instância regional para municipal e desta para as
salas de vacina, devem ser utilizadas bobinas de gelo recicláveis, previamente mantidas em freezer
e ambientadas. Manter o monitoramento com termômetro de cabo extensor permanentemente;
colocar os imunobiológicos no centro da caixa térmica. Anexar toda a documentação referente aos
produtos (nota de fornecimento, documento de controle de temperatura etc.) junto a caixa térmica.
A seguir, lacrar a caixa, colocar a etiqueta identificando-a com endereço de destino, nome e telefone
do responsável pelo recebimento (para contato em caso de emergência), data e hora da embalagem;
b) Como o transporte entre as diferentes instâncias é feito predominantemente por via terrestre,
recomenda-se o máximo de cuidado na colocação das caixas térmicas dentro dos veículos. Caso
não possua condicionador de ar, não fechar as janelas; quando estacionar os veículos fazê-lo a
sombra, evitando a incidência de luz solar direta e deixando as caixas afastadas das paredes e do
motor. Quando do transporte por equipes móveis de vacinação (extramuro), observar as mesmas
recomendações concernentes ao transporte terrestre de vacinas – de acordo com a normatização de
vacinação extramuro – (ver dados da nota);
c) Não se recomenda preparar de véspera as caixas térmicas, evitando deixá-las prontas dentro da
câmara fria, uma vez que compromete a qualidade dos imunobiológicos;
d) Verificar a data de validade das bobinas de gelo recicláveis e atentar para que as mesmas estejam
em bom estado de limpeza;
e) Todo motorista que realiza o transporte das vacinas deverá receber as orientações contidas nas
normas técnicas.
97
CONTROLE DE TEMPERATURA
É importante a verificação da temperatura dos equipamentos da Rede de Frio, pelo menos duas vezes
ao dia. No início de cada jornada de trabalho (pela manhã) e outra no fim da jornada (à tarde). Na caixa
térmica, a temperatura deve ser verificada com mais frequência e as bobinas reutilizáveis substituídas
antes da temperatura aproximar-se de +8°C.
O recomendado para ser usado nos equipamentos da Rede de Frio é o de máxima e mínima, para
verificar a temperatura máxima e a temperatura mínima ocorrida em um espaço de tempo, assim como
a temperatura no momento da verificação.
Tipos de termômetros
1) Termômetros digitais:
• O termômetro digital, de momento, máxima e mínima, com cabo extensor e dois visores é o mais
utilizado no interior de câmaras frias ou de caixas térmicas (Figura 12).
98
Procedimentos para instalação
b) Muitos modelos possuem escalas de medição em graus °F (Fahrenheit) ou °C (Celsius). Selecione em °C;
d) Termômetro de cabo extensor para uso em congeladores deve ser fixado na parte externa do
equipamento, introduzir o cabo pelo lado das dobradiças e localizar o bulbo na parte central interna
(Figura 13).
• Alguns modelos de termômetro digital são utilizados para o registro de temperatura ambiente
dentro e fora de domicílio;
No visor OUT:
MOMENTO: observar o visor e registrar; NÃO aparecerá os indicativos MAX ou MIN; registrar;
MÁXIMA: pressionando o botão uma vez aparecerá o indicativo MAX; registrar;
MÍNIMA: pressionando mais uma vez aparecerá o indicativo MIN; registrar;
Utilizar o formulário de mapa de controle diário de temperatura.
99
2) Termômetro infravermelho com mira a laser
É um equipamento de alta tecnologia, com mira a laser, que determina precisamente o ponto de medição
da temperatura dos imunobiológicos e bobinas de gelo reutilizáveis, sem contato, através de um foco
luminoso. Possui um mostrador de cristal líquido com iluminação, sendo possível a leitura em locais de
pouca luz (Figura 14).
3) Data Logger
100
4) Termômetros analógicos
O modelo mais utilizado é o tipo Capela com botão central com função zeradora de memória. Apresenta
duas colunas verticais de mercúrio com escalas inversas. É utilizado para verificar as variações
de temperatura ocorridas em determinado ambiente, num período de tempo. Fornece três tipos de
informação: a do momento, a máxima e a mínima (Figura 16).
Observação:
101
Unidade 2: Sistema de Refrigeração
Refrigeração é o processo de reduzir a temperatura de uma substância ou de um espaço determinado.
Pode ser o interior de um refrigerador, de uma câmara frigorífica ou de qualquer outro espaço fechado
em que haja a necessidade de se manter uma temperatura mais baixa que a do ambiente que o cerca.
Para os imunobiológicos, a refrigeração é importante e destina-se exclusivamente à conservação de
sua capacidade de imunização, haja vista que são produtos termolábeis. Isto é, que se deterioram em
temperatura ambiente após determinado tempo de exposição.
• Convecção: ocorre quando o calor é transferido de um local para outro pelas correntes existentes
nos meios fluídos. Exemplo: ao colocarmos água para ferver, o que observamos é um fluxo de água
aquecida que sobe para a superfície (bolhas nas paredes do recipiente), permitindo que outra porção
seja aquecida e, assim, sucessivamente até começar a fervura total da água (ebulição);
• Radiação: o calor é transferido de um corpo para outro pela energia radiante. Exemplo: a energia
solar é transmitida por radiação para os corpos ao seu redor. Ela pode ser absorvida ou refletida por
um corpo, dependendo da natureza, textura e cor. Cores escuras absorvem calor, claras expandem,
superfícies espelhadas refletem, superfícies mais frias absorvem;
• Calor latente: é a quantidade de calor que se agrega ou se subtrai de uma substância para que ocorra
mudança de estado físico, sem que exista alteração de temperatura nas mudanças de estado de gelo
para água e de água para o vapor. Verifica-se que a temperatura permanece constante enquanto
agregado ou retirado calor, respectivamente 0ºC e 100ºC.
Com base nesses princípios, apresentamos algumas experiências em que o calor é convenientemente
aplicado para a conservação de imunobiológicos:
a) Ao colocar sobre uma mesa determinada quantidade de vacinas que estejam em temperaturas
mais baixas do que o ar existente na sala, ou seja, frias, ocorrerá uma transferência de calor do ar
ambiental para as vacinas, até que decorrido algum tempo todo o conjunto (ar e vacinas) irá se
encontrar na mesma temperatura (Figura 17);
b) Colocando-se a mesma quantidade de vacinas dentro de uma caixa isolante (isopor, poliuretano,
etc.), elas ficarão parcial e temporariamente protegidas do calor existente na sala, apesar de virem a
perder frio com o recebimento do calor existente no ar dentro da caixa (Figura 18);
102
Figura 17
Figura 18
c) Ao colocar pacotes de gelo no interior da caixa junto com as vacinas, o gelo, como elemento mais
frio do conjunto, funcionará como receptor de calor do ar e das vacinas. Em consequência, as vacinas
permanecerão frias por mais tempo, até que todo o calor transferido para o gelo o faça derreter.
Somente a partir desse momento, as vacinas passarão a receber calor, já que serão os elementos
mais frios do conjunto (Figura 19).
Figura 19
103
Nos exemplos apresentados pode-se verificar que três fatores interferem na manutenção ou não do frio
das vacinas:
a) Temperatura ambiente em torno da caixa térmica. Caso a temperatura ambiente seja mais elevada
do que a temperatura da caixa, isso fará com que toda a superfície da mesma seja afetada, em
virtude da penetração do calor através das paredes da caixa;
b) A qualidade e a espessura do material utilizado no isolamento da caixa térmica. Com paredes mais
grossas, o calor terá mais dificuldade para penetrar no interior da caixa, com paredes mais finas, o
calor passará mais facilmente (Figuras 20 e 21);
Figura 20
Figura 21
c) Com material mau condutor (por exemplo: poliuretano em vez de isopor), o calor terá maior
dificuldade para penetrar através das paredes da caixa;
d) A quantidade e a temperatura do gelo reciclável a ser colocado no interior da caixa são de vital
importância para a correta conservação das vacinas. Caso se coloque pouco gelo, a transferência do
calor recebido das vacinas e do ar dentro da caixa, através das paredes, rapidamente fará com que o
gelo reciclável comece a aquecer e ficar com temperaturas acima de 2ºC.
104
Ao colocar gelo reciclável em quantidade suficiente para ilhar as vacinas e ocupar os vazios dentro da caixa,
obtém-se um tempo maior até que o calor proveniente da sala penetre através das paredes da caixa, derreta
o gelo e alcance as vacinas. As vacinas, por sua vez, perderão calor para o gelo fazendo com que haja, durante
um determinado tempo, a mesma temperatura nas vacinas e nos pacotes de gelo (Figura 22).
Figura 22
A temperatura do gelo reciclável empregado na conservação das vacinas é de grande importância. Caso
se utilize o gelo reciclável em temperaturas muito baixas (inferiores a 0ºC, por exemplo) e em grande
quantidade (“ilhando” as vacinas), corre-se o risco de que, em determinado momento, a temperatura das
vacinas seja a mesma do gelo reciclável (negativas). Em consequência, as vacinas ficarão congeladas e,
desse modo, inativadas e inutilizadas.
Além desses fatores, os exemplos citados permitem lembrar alguns pontos importantes:
• O calor, decorrido algum tempo, passará através das paredes da caixa com maior ou menor facilidade
em função das características do material utilizado e da espessura das mesmas;
• A temperatura no interior da caixa nem sempre é uniforme. Num determinado momento, pode-se
encontrar temperaturas diferentes em diferentes pontos (a, b e c, na Figura 23). O procedimento
de ilhar as vacinas é entendido como uma proteção ao avanço do calor, que parte sempre do mais
quente para o mais frio;
Figura 23
105
• No acondicionamento de vacinas em caixas térmicas é possível manter ou reduzir a temperatura
das mesmas durante um determinado tempo, utilizando-se, para tal, diferentes temperaturas e
quantidades do gelo empregado.
Exemplo: Os aparelhos de ar condicionado devem ser instalados na parte superior do local para o ar frio
descer e refrigerar todo o ambiente mais rapidamente. Aquecedores devem ser instalados na parte inferior
do local, pois assim o ar quente sobe e aquece rapidamente. Agindo desta forma, garantimos o desempenho
correto do aparelho e economizamos energia, pois a convecção ocorrerá naturalmente.
Ao abrir a porta de um refrigerador vertical, ocorrerá a saída de parte do volume de ar frio contido dentro dele,
com a consequente substituição pelo ar quente situado ao redor do equipamento (meio ambiente). O ar frio,
por ser mais pesado, sai por baixo, permitindo a penetração do ar ambiental (com calor e umidade).
Com base nesses princípios, relataremos alguns cuidados importantes na conservação dos imunobiológicos:
a) Não deixar frascos de vacinas fora da caixa térmica, em cima do balcão. O frasco, como elemento
mais frio, atrairá todo o calor do ar ambiental para ele e em pouco tempo estará na mesma temperatura
do ambiente. Por isso, antes de aspirar a dose da vacina na seringa, o local da administração deverá
estar preparado. Caso contrário, ocorrerá a transferência de calor citada, prejudicando a qualidade
da vacina;
b Procurar adquirir caixas térmicas em que o material seja mau condutor do calor (poliuretano,
isopor), com paredes mais grossas e compostas. Dessa forma, dificultará a penetração do calor;
c) Colocar gelo reciclável nas laterais e no fundo da caixa. Dessa forma, as vacinas serão protegidas
do avanço do calor que parte sempre do mais quente para o mais frio;
d) Deixar espaço para o ar frio circular entre as vacinas. Este mesmo cuidado deve-se ter ao armazenar
os imunobiológicos nos refrigeradores, freezers e câmaras frias;
106
Quadro 20. Exemplo de como ocorre a convecção natural
-15°C +05°C
-14°C +04°C
-13°C +03°C
-12°C +02°C
-11°C +01°C
-10°C 0°C
-09°C -01°C
-08°C -02°C
-07°C -03°C
-06°C -04°C
-05°C -05°C
107
MÓDULO VI
ORGANIZAÇÃO, LIMPEZA E RESÍDUO DA SALA7
As atividades da sala de vacinação são desenvolvidas pela equipe de enfermagem treinada e capacitada
para os procedimentos de manuseio, preparo e administração, registro e descarte dos resíduos.
• Organizar vacinas e diluentes na caixa térmica (após ambientalização). Atentar para o prazo de
utilização das multidoses.
Acolhimento
O acolhimento é uma atitude de inclusão, que se caracterizada por ações que favorecem a construção de
uma relação de confiança e compromisso entre os usuários, as equipes e os serviços.
De modo específico, no acolhimento na sala de vacinação, a equipe deve garantir um ambiente tranquilo e
confortável, assegurar a privacidade e estabelecer uma relação de confiança com o usuário, conversando
com ele e/ou com o responsável sobre os benefícios da vacina.
7. Extraído: Manual de procedimentos para Vacinação, 2011, Estado da Bahia, página 127 a 133. Manual de Normas e procedimentos para
Vacinação, 2014, Ministério da Saúde. Curso de atualização para o trabalhador de sala de vacina. Manual do aluno. Ministério da Saúde, 2014.
108
Triagem
A triagem em sala de vacina consiste em decidir, conforme a idade, o estado de saúde, o estado vacinal,
quais vacinas devem ser aplicadas em determinada pessoa num dado momento. É importante que as
orientações repassadas na triagem sejam realizadas através de uma linguagem simples e acessível à
população que procura pelo serviço.
• Verificar se o paciente está comparecendo à sala de vacinação pela primeira vez ou se é retorno;
• Certificar-se que o cartão de vacinação apresentado pertence ao paciente a ser vacinado, conferindo
o nome do paciente com o nome constante na carteira de vacina;
• Anotar os dados de identificação na parte externa do cartão/caderneta. Esses dados devem ser
registrados a caneta. O endereço deve ser colocado a lápis, a fim de que possa ser atualizado;
• Conversar com o paciente ou acompanhante sobre o estado de saúde da pessoa a ser vacinada,
observando as indicações e possíveis contraindicações à administração dos imunobiológicos. Avaliar
se há motivos para adiar a vacinação ou para não aplicar determinada vacina, evitando as falsas
contraindicações;
• Informar o paciente ou acompanhante sobre quais vacinas irá receber e sobre a proteção que ela
confere;
• Informar sobre os eventos adversos mais comuns ou esperados das vacinas a serem aplicadas;
• Orientar o paciente ou responsável para retornar à unidade de saúde caso observe que os eventos
adversos mais comuns ou esperados se apresentem com maior intensidade, demorem muito a
passar e se, além destes, surgirem outros sinais e sintomas;
• Verificar a situação vacinal dos demais que acompanham o paciente a fim de iniciar ou regularizar
o esquema vacinal;
109
Procedimentos anteriores à administração do imunobiológico
• Registrar o paciente;
• Registrar no comprovante vacinal TODOS os dados LEGÍVEIS (dose, lote, unidade de saúde, nome do
vacinador);
Administração do imunobiológico
• Verifique qual o imunobiológico deve ser administrado – examinar produto, número do lote e prazo
de validade;
• Preparo/administração do imunobiológico;
• Retirar as vacinas da caixa térmica de uso diário – observando o prazo de validade após abertura do
frasco de multidoses;
110
Unidade 2: Procedimento de limpeza da sala de vacinação
A limpeza da sala de vacinação e a sua manutenção tem como objetivos: prevenir infecções cruzadas;
proporcionar conforto e segurança ao usuário e à equipe de trabalho; e manter um ambiente limpo e agradável.
LIMPEZA CONCORRENTE
A limpeza concorrente da sala de vacinação deve ser realizada pelo menos duas vezes ao dia em horários
preestabelecidos ou sempre que ela for necessária. Uma vez por semana, o piso deve ser lavado com
água e sabão, passando-se, após, solução desinfetante.
Para a limpeza concorrente da sala de vacinação, o funcionário deve usar roupa apropriada, calçado
fechado e equipamento de proteção individual (EPI), além de material e produtos apropriados.
• O lixo do chão deve ser recolhido, com o esfregão ou rodo envolvido em pano úmido e colocado no
cesto com a pá;
• O lixo comum deve ser colocado em saco descartável preto ou de outra cor. O lixo infectante é
acondicionado em saco branco leitoso e, por conta de sua composição, deve receber cuidados
especiais na separação, no acondicionamento, na coleta, no tratamento e no destino final.
Notas:
LIMPEZA TERMINAL
A limpeza terminal é a mais completa e inclui todas as superfícies horizontais e verticais, internas e
externas da sala e dos equipamentos. Deve ser realizada a cada 15 dias, contemplando a limpeza de piso,
teto, paredes, portas, janelas, mobiliário, luminárias, lâmpadas e filtros de condicionadores de ar.
Para a limpeza terminal, o funcionário deve usar roupa apropriada, calçado fechado e equipamento de
proteção individual (EPI), além de material e produtos apropriados.
111
Técnica de limpeza terminal
• Preparar a solução desinfetante para a limpeza, colocando 10 ml de desinfetante para cada litro de
água;
• Iniciar a limpeza pelo teto, usando pano úmido em solução desinfetante e finalizar com pano seco
envolvido no rodo;
• Retirar e limpar os bojos das luminárias, lavando-os com água e sabão e secando-os em seguida;
• Limpar janelas, vidros e esquadrias com pano úmido em solução desinfetante, finalizando a limpeza
com pano seco;
• Lavar externamente janelas, vidros e esquadrias com escova e solução desinfetante, enxaguando-os
em seguida;
• Limpar as paredes com pano umedecido em solução desinfetante e completar a limpeza com pano
seco;
• Limpar o chão com esfregão ou rodo envolvidos em pano umedecido em solução desinfetante e, em
seguida, passar pano seco.
Nota:
• Infectantes (resíduos grupo A1): sobras diárias de imunobiológicos ou produtos que sofreram
alteração de temperatura ou com prazo de validade vencido; materiais perfurocortantes, como:
agulhas, ampolas de vacinas ou vidros que se quebram facilmente e outros resíduos infectantes; a
exemplo das seringas e agulhas descartáveis usadas, contendo resíduos de imunobiológicos;
• Comuns (resíduos grupo D): não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao
meio ambiente, como: papel, embalagens de seringas e agulhas etc.
Atenção:
O responsável pela limpeza da sala de vacinação deve realizar a segregação (separação), o
acondicionamento e a identificação dos resíduos conforme definições estabelecidas na RDC Anvisa
n° 306 de 07/12/2004 e na Resolução Conama nº 358 de 29/04/2005.
112
SEGREGAÇÃO E ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS
A organização da sala de vacinação deve ser feita de modo a possibilitar as condições para separação
dos resíduos decorrentes da atividade de vacinação. A segregação entre resíduo infectante e resíduo
comum na própria sala de vacinação apresenta as seguintes vantagens:
CAIXA COLETORA
Acondicionar em caixas coletoras de material perfurocortante os frascos vazios de imunobiológicos,
assim como aqueles que devem ser descartados por perda física e/ou técnica, além dos outros resíduos
perfurantes e infectantes (seringas e agulhas usadas) (Figura 24);
• Acondicionar em saco plástico, cor branco leitoso, a caixa coletora de material perfurocortante onde
foram colocadas as seringas e agulhas, os vidros das sobras diárias de imunobiológicos ou dos
produtos que sofreram alteração de temperatura, ou que estão com prazo de validade vencido, bem
como as ampolas quebradas.
113
Observações:
• Acondicionar em saco plástico de cor preta ou de outras cores, os resíduos sólidos ou semissólidos
e os resíduos comuns;
• Fechar e vedar completamente o saco plástico e identificar antes de encaminhá-lo para o transporte.
Importante:
Em nenhuma hipótese, as caixas coletoras de materiais perfurocortantes devem ser esvaziadas ou
reaproveitadas.
Nota:
A identificação permite o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos ou recipientes, fornecendo
informações para o seu correto manejo. Os sacos para acondicionamento, os recipientes de coleta
interna e externa e transporte e os locais de armazenamento devem ser identificados em áreas
de fácil visualização, de forma indelével, utilizando-se símbolos, cores e frases, atendendo aos
parâmetros referenciados na norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), além de
outras exigências relacionadas à identificação de conteúdos e ao risco específico de cada grupo de
resíduos.
A caixa coletora de material perfurocortante, na sala de vacina, deverá ser colocada em suporte
próprio, não permitindo o contato desta com superfícies tais como: mesa, balcão ou piso (Figura 25).
Preferencialmente, utilizar a caixa com capacidade para sete litros.
114
Os resíduos provenientes de campanhas e de vacinação extramuro ou intensificações, enquadrados na
classificação do Grupo A1, quando não puderem ser submetidos ao tratamento nos locais de geração,
devem ser acondicionados em caixas coletoras de materiais perfurocortantes e devem ser fechadas
para o transporte seguro até a unidade de tratamento.
Devem passar por tratamento antes do descarte, os frascos que sofreram alteração de temperatura
(com autorização para o descarte) e os frascos de produtos com prazo de validade vencido, vacinas que
contém microrganismos vivos, exemplo: BCG; poliomielite 1, 2, 3 (atenuada); rotavírus G1P1[8] (atenuada);
febre amarela (atenuada); tríplice viral; e varicela (atenuada). O ideal é encaminhá-los a um centro
de material e esterilização (CME) na própria unidade ou em outro serviço, para serem autoclavados
e desprezados com o lixo hospitalar. Para proceder ao tratamento, colocar os frascos fechados para
autoclavar.
Os imunobiológicos que têm na sua composição produtos de bactérias mortas, vírus inativados ou
os produzidos por engenharia genética, não precisam receber tratamento especial antes de serem
inutilizados. ex.: vacina DTP, dT, poliomielite inativada (VIP), pentavalente, pneumococos, Haemophilus
influenzae, hepatite A e B, HPV, dTpa.
ARMAZENAMENTO DO LIXO
Após o tratamento e o acondicionamento, os resíduos são armazenados em área do próprio serviço
de saúde, em local específico para essa finalidade. No dia e horário programados para a coleta, o lixo é
transportado para ser armazenado externamente, na “casa do lixo”, por exemplo, ou em um contêiner.
Na falta do aterro sanitário, o produtor dos resíduos (o próprio serviço de saúde) é responsável pelo
destino final, bem como pelo eventual tratamento prévio, como no caso do lixo composto por resíduos
infectantes e o lixo especial.
115
MÓDULO VII
ADMINISTRAÇÃO DE IMUNOBIOLÓGICO
Fonte: Adaptado do Ministério da Saúde. Peças da Campanha de Vacinação contra Gripe e Sarampo de 2022.
O ato de lavar as mãos, quando praticado por todo pessoal de saúde, é essencial para a prevenção e
controle de infecções. Na sala de vacinação, quando este procedimento é rigorosamente obedecido,
previne-se a contaminação no manuseio, no preparo e na administração dos imunobiológicos.
116
Notas:
• Antes de iniciar a higiene das mãos é necessário retirar joias, como anéis, pulseiras e outros
adornos, pois sob tais objetos podem acumular microrganismos.
• Importante, também, manter as unhas curtas e com os cantos aparados para evitar acidentes
e acúmulo de sujidades.
Para fazer a higiene das mãos, seguir orientações técnicas de higienização das mãos em serviços de
saúde, conforme orientações da ANVISA.
Nota:
O uso coletivo de toalhas de tecido é contraindicado, pois elas permanecem úmidas, favorecendo
a proliferação bacteriana.
• Guardar seringas e agulhas descartáveis, ainda na embalagem original, em local limpo e seco, de
preferência em armário fechado;
• Verificar, antes de abrir: (a) se a embalagem está íntegra; (b) se o material se encontra dentro do
prazo de validade; e (c) se o material é apropriado ao procedimento, evitando desperdício;
Notas:
• Após o uso, as agulhas não devem ser recapadas ou entortadas, nem retiradas manualmente;
• Seringas e agulhas com dispositivo de segurança também devem ser descartadas na caixa
coletora de material perfurocortante.
117
Unidade 2: Vacinas
RECONSTITUIÇÃO E REMOÇÃO DE SOLUÇÕES
Reconstituição e remoção de imunobiológicos apresentados sob a forma liofilizada em frasco com
tampa de borracha:
1. Higienize as mãos;
2. Escolha a seringa e a agulha apropriadas e, quando for o caso, acople a seringa a agulha, mantendo-a
protegida;
3. Retire a tampa metálica do frasco-ampola contendo o liófilo, utilizando uma pinça ou outro
instrumento evitando contaminação da borracha;
4. Envolva a ampola do diluente em gaze ou algodão seco e abra-a. Se o diluente errado for usado,
notificar o procedimento inadequado para avaliação da conduta;
8. Coloque a seringa em posição vertical (no nível dos olhos), com a agulha conectada ao frasco-ampola
aspire a quantidade da solução correspondente a dose a ser administrada e expulse o ar;
Notas:
• Em qualquer situação, assegurar o ajuste do êmbolo com o bico da seringa para garantir
segurança no momento da administração;
• Antes de fazer a aspiração de cada dose, deve-se submeter o frasco em movimento de rotação.
Particularmente, com as vacinas que contém hidróxido de alumínio como adjuvante.
CIRCUITO FECHADO
É um modo de utilização dos frascos de vacina multidose. Após perfurar a borracha com agulha, esta
mantém-se inserida no frasco até o término do prazo de validade. Recomenda-se, para esse procedimento,
a utilização de agulha de menor comprimento (13x4,5 ou 20x5,5), a fim de evitar a contaminação da
vacina. A troca da seringa acontece sempre que aspirar uma nova dose. Utilizar a seringa acoplada na
agulha para aspirar a dose de vacina a ser aplicada e colocar uma nova seringa que deverá permanecer
até a próxima dose.
118
Essa prática vem sendo adotada em Santa Catarina desde 2001, após confirmar que a borracha do
frasco não veda o orifício aberto pela agulha permitindo a passagem do líquido pelo orifício da borracha.
Desta maneira, havia a possibilidade de ocorrer o risco de contaminação do imunobiológico após as
perfurações. Desde então, o estado utiliza circuito fechado e demonstrou não haver aumento de reações
locais.
Para remover soluções acondicionadas em ampola de vidro, envolver a ampola com gaze ou algodão
seco, serrar o gargalo (sem quebrar) e depois quebrar a ampola. Colocá-la entre o dedo indicador e o
médio, introduzir a agulha no líquido e aspirar a dose correspondente.
1. Higienize as mãos;
2. Cheque o imunobiológico a ser administrado, bem como o paciente que irá recebê-lo (se possível,
solicitar algum documento de identificação);
4. Escolha o local para a administração da vacina, evitando locais com cicatrizes, manchas, tatuagens
e lesões;
7. Pince o local da administração com o dedo indicador e o polegar, mantendo a região firme;
8. Introduza a agulha com bisel lateralizado, com rapidez e firmeza, formando um ângulo de 90 graus;
Observação:
Além de seguir os procedimentos listados acima, é importante estar atento às formas de administração.
Cada vacina demanda uma via específica para a sua administração, a fim de se manter a eficácia plena.
As vacinas utilizadas no PNI podem ser administradas por via oral, intramuscular, subcutânea e intradérmica.
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VIA INTRAMUSCULAR
Os locais selecionados para a injeção intramuscular (IM) devem estar distantes dos grandes nervos e de
vasos sanguíneos.
O tamanho da seringa para a injeção intramuscular varia conforme o volume a ser injetado, podendo
ser de 1 ml, 3 ml e 5 ml. O comprimento e o calibre da agulha também variam de acordo com a massa
muscular e a solubilidade do líquido a ser injetado, podendo ser entre 20 mm e 30 mm de comprimento
e entre 5,5 dec/mm e 8 dec/mm de calibre. O bisel da agulha deve ser longo para facilitar a introdução
e alcançar o músculo.
Para aplicação de injeção intramuscular, firmar o músculo, utilizando o dedo indicador e o polegar, e
introduzir a agulha formando um ângulo reto (90 graus). Em crianças com pouca massa muscular,
utilizar angulação de 60 graus, em sentido podálico.
A região ventroglútea, introduzida na prática em 1954 pelo anatomista suíço Von E. Hoschstetter, é
pouco usada, apesar de estudos afirmarem que esta área é indicada para qualquer faixa etária e é a mais
segura e adequada para a aplicação de injetáveis por possuir uma vasta musculatura, com espessura
aproximada de 4 cm na zona central do músculo mínimo e médio, ser livre de estruturas importantes e
possuir pequenos nervos, além da concavidade do osso ilíaco impedir deslocamento da substância para
o nervo ciático. Para Cook e Murtagh (2006), a região ventroglútea é a mais indicada para administração
de medicamentos intramusculares devido a segurança que essa via fornece. Quando comparada com a
administração de vacinas nas regiões recomendadas para a vacinação pediátrica (deltoide e anterolateral),
a região ventroglútea tem menor reatogenicidade e semelhante imunogenicidade.
Nas administrações intramusculares, a agulha utilizada deve ser longa o bastante para atingir o músculo.
Cada caso deve ser avaliado individualmente, levando-se em conta a idade do paciente, sua massa
muscular e a espessura do tecido subcutâneo (Quadro 21).
Observações:
• No caso de crianças, a agulha com o comprimento entre 5,5 dec/mm ou 6 dec/mm é suficiente
para a maioria das injeções intramusculares;
• O julgamento crítico deve considerar a idade do paciente, seu estado geral e o desenvolvimento
muscular para escolha segura do músculo e tamanho da agulha;
• Homens obesos e mulheres com peso superior a 90 Kg (grande espessura de tecido adiposo)
necessitam de uma agulha de, pelo menos, 30 mm de comprimento.
120
Locais de aplicação
Este músculo está localizado na região anterolateral da coxa, não se evidencia nessa região/área
grandes nervos e vasos sanguíneos. É o local de escolha para aplicar injeções IM nos lactentes, já que
representa a maior massa muscular dessa faixa etária. É também um ótimo local para injeções nos
adultos saudáveis. Entretanto, a injeção IM nesse músculo tem o inconveniente de ser muito dolorosa,
tanto em crianças como em adultos, devido a presença do nervo cutâneo lateral (Fonte: CENTRO DE
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, 2008; OLIVEIRA; TAKAHASHI; ARAÚJO, 2008).
Delimitação: palpe o trocanter maior do fêmur e as articulações do joelho, divida a distância vertical das
duas estruturas em três partes, no terço médio, insira a agulha na linha imaginária entre o vinco da calça
e a costura lateral (Figura 27).
Vantagens Desvantagens
121
Ventroglúteo (Hochstetter)
Localizar o trocanter maior do fêmur, o tubérculo ilíaco ântero-superior e a crista ilíaca posterior; coloque
a palma da mão sobre o trocanter maior, o dedo indicador sobre o tubérculo ilíaco ântero-superior e o
dedo médio na crista ilíaca posterior o mais longe possível. Aplique dentro do centro do V formado pelos
dedos (Figura 28), direcionando a agulha discretamente para cima, na direção da crista ilíaca. Ressalta-
se que esta área tem sido considerada a opção mais segura para injeção IM, uma vez que evita a punção
acidental de vasos sanguíneos e nervos, havendo poucos relatos de complicações associadas. (COREN
SP, fevereiro 2010). Região indicada para qualquer faixa etária, especialmente crianças, idosos, indivíduos
magros ou emaciados.
Delimitação: este local é de fácil acesso com o paciente em decúbito ventral, dorso ou lateral.
Vantagens Desvantagens
Fonte: Manual do Treinando em Sala de Vacina. Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, 2021.
122
Músculo deltoide
Para administração de medicamentos neste músculo, deve-se atentar para não atingir a clavícula, o
úmero, o acrômio a artéria e veia braquial e o nervo radial.
Quando for utilizar o dorso glúteo ou músculo grande glúteo, colocar a pessoa em decúbito ventral.
Para utilizar o músculo deltoide, colocar a pessoa na posição sentada ou em decúbito lateral, localizar o
músculo deltoide e traçar um triângulo imaginário com a base voltada para cima. Introduzir a agulha no
centro do triângulo imaginário, formando um ângulo reto (90 graus) (Figura 29).
Vantagens Desvantagens
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Técnica em Z
Esta é uma técnica alternativa, sugerida e recomendada por inúmeros autores para administração de
injeções IM, visando impedir o refluxo da medicação para o tecido subcutâneo, reduzindo a dor e possíveis
reações locais. Consiste em esticar a pele para baixo ou para o lado do local onde se pretende aplicar a
injeção até o final da administração da solução. Esta ação move os tecidos cutâneos e subcutâneos para
aproximadamente 1 a 2 cm. Após a retirada da agulha, a pele é liberada de modo que volte a posição
inicial, cobrindo o orifício de entrada da agulha e impedindo a saída do líquido injetado.
VIA SUBCUTÂNEA
Nas injeções subcutâneas (SC), a droga é depositada no tecido conectivo frouxo, localizado logo abaixo
da derme. Como se trata de um tecido menos irrigado, a absorção é lenta e também dolorosa, pela
presença de inúmeros receptores para dor presentes no subcutâneo.
Para injeções subcutâneas, os locais adequados devem ser pobres em terminações nervosas e pouco
vascularizados. Dentre os locais que podem ser usados, estão: (a) a face superior externa do braço;
(b) a face anterior e externa da coxa; (c) face anterior do antebraço; e, (d) a região do deltoide no terço
proximal.
São exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina sarampo, caxumba e rubéola e vacina febre
amarela (atenuada).
Utilizar apenas dois dedos para formar a “prega” do subcutâneo e não toda a mão, para evitar levantar
a fáscia muscular nessa manobra; fazer a aplicação em ângulo de 90 graus em adultos e entre 45 e 60
graus em crianças; injetar o líquido lentamente, pois a infusão abrupta provoca dor; retirar a seringa e a
agulha em movimento único; a agulha adequada é a 13x4,5.
124
VIA INTRADÉRMICA
Injeções aplicadas logo abaixo da epiderme (ID) permitem a introdução de pequenas quantidades de
substâncias, devido a reduzida elasticidade da derme.
A única vacina atualmente administrada por via intradérmica é a BCG. O volume estabelecido é de 0,1 ml
ou conforme laboratório produtor. Não se recomenda a assepsia com álcool para evitar a interação entre
os líquidos. Se a região estiver muito exposta ou apresentar sujidade, lavar somente com água e sabão,
secando após este procedimento.
Para facilitar a identificação da cicatriz vacinal, recomenda-se no Brasil que a vacina BCG seja administrada
na inserção inferior do músculo deltoide direito.
Na impossibilidade de se utilizar o deltoide direito para tal procedimento, a referida vacina pode ser
administrada no deltoide esquerdo, registrando a mudança de local na caderneta de vacinação.
A agulha deve ser pequena (entre 10 mm e 13 mm de comprimento) e fina (3,8 dec/mm; 4,0 dec/mm e
4,5 dec/mm de calibre); a seringa utilizada deve ser de 1,0 ml que possui escala de frações em milímetros
(0,1 ml) ou seringa especifica do laboratório produtor. Sugerimos a utilização de óculos de proteção para
realização dessa vacina.
VIA ORAL
A via oral é utilizada para a administração de soluções que são melhores absorvidas no trato gastrintestinal.
O volume e a dose dessas soluções são introduzidas pela boca com apresentações diversas, como, por
exemplo, em gotas (frascos multidoses) e seringas (unidose).
Referência: Manual de Imunização Albert Einstein-Hospital Israelita – 4ª edição, páginas 18 a 20, 2009.
125
MÓDULO VIII
SUPERVISÃO, COBERTURA VACINAL E SISTEMA DE INFORMAÇÃO
Unidade 1: Supervisão
A supervisão deve ser entendida como um processo educativo que se efetiva na base da cooperação,
da colaboração, da construção conjunta e de uma relação de parceria; articulando o exame, a avaliação,
a assessoria e a troca de informação, conhecimentos e experiências. Nessa relação, supervisor e
supervisionado enfrentam juntos as solicitações do serviço, os problemas existentes, os entraves
causados pelas dificuldades interpessoais e de estrutura, bem como as limitações individuais de cada
integrante do processo, identificando práticas e instrumentos de atuação conjunta sobre o objeto de
trabalho.
• para atender solicitação da equipe local quando é realizada pela equipe municipal ou regional e ou
estadual;
SUPERVISÃO NA VACINAÇÃO
Na supervisão da vacinação ocorre o monitoramento como avaliação do processo, sendo o trabalho
sistemático voltado para análise da cobertura e do desenvolvimento das atividades, verificando até que
ponto a população-alvo está sendo atendida naquilo que é objeto da ação.
O monitoramento é uma importante ferramenta para o gestor, para o gerente e para o supervisor. Com
o monitoramento, uma grande quantidade de informações registradas pelos profissionais de saúde e
que, muitas vezes, não são adequadamente utilizadas, podem constituir matéria-prima para a avaliação
continuada dos serviços.
1. Até que ponto o trabalho de vacinação está alcançando a população-alvo que precisa ser vacinada?
4. A equipe está usando todos os recursos disponíveis para solucionar os problemas e superar as
dificuldades?
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Unidade 2: Cobertura vacinal
Cobertura de vacinação é um indicador representado pelo percentual de pessoas vacinadas (com
uma vacina específica), em determinado espaço geográfico, em um período considerado. Essas duas
informações devem se referir, sempre, a um mesmo local e a um mesmo período (tempo).
Por meio da cobertura vacinal, estima-se o nível de proteção da população contra doenças evitáveis pela
imunização, mediante o cumprimento de esquemas de vacinação.
A seguir, vamos elencar a cobertura vacinal preconizada pelo Programa Nacional de Imunizações para
cada uma das vacinas do calendário da criança:
O que é população-alvo?
População-alvo é a população que precisa ser vacinada ou o grupo específico para determinada campanha.
Para o cálculo da cobertura no grupo da população menor de um ano, usa-se como denominador os
dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc) de dois anos anteriores ao ano vigente.
O denominador para os demais grupos de idade são as estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).
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Vamos ver na prática como deve ser realizado o monitoramento da cobertura vacinal?
Neste exemplo, iremos calcular a cobertura da vacina pentavalente. Conforme preconizado pelo
Programa Nacional de Imunizações, a cobertura desta vacina é de 95%.
Segue cáculo:
116
Cobertura de vacinação = x 100 CV=93,54%
124
Como a cobertura vacinal do município Saudações está abaixo do valor preconizado pelo PNI para a
vacina pentavalente (95%), sabemos que neste município existem crianças suscetíveis para as seguintes
doenças: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae.
Neste caso, você sabe o que a equipe de saúde deve fazer para proteger a população do município de
Saudações?
Após encontrar no sistema quais crianças estão com a vacina pentavalente atrasada. O que fazer?
• via telefone;
Importante:
• Monitorar se a criança recebeu a dose de vacina em atraso;
128
HOMOGENEIDADE DAS COBERTURAS
A homogenidade das coberturas vacinais é representada pela proporção de unidades territoriais que
atingiram a cobertura preconizada e pode ser avaliada comparando unidades federadas, municípios,
distritos, subdistritos, bairros ou outra unidade territorial.
O desejável é que todas as áreas alcancem a cobertura preconizada, mas foi considerado oportuno
definir um indicador baseado na identificação de áreas de risco. Assim, convencionou-se que haveria
homogeneidade quando, pelo menos, 70% das unidades territoriais avaliadas tivessem alcançado a
cobertura estabelecida. Outro percentual de homogeneidade pode ser adotado, especialmente, nas
campanhas de vacinação.
Podemos também calcular a homogeneidade entre as vacinas utilizadas na rede, o que nos dá a
informação sobre perda ou não de oportunidade vacinal. Para este cálculo, devemos estar atentos para
a cobertura vacinal preconizada por cada vacina:
Ações em conjunto com a Atenção Primaria em Saúde (APS) são essenciais para a melhoria das coberturas
vacinais. Desta forma, após a avaliação das taxas de coberturas vacinais, da taxa de homogenidade e dos
bolsões de suscetíveis são realizadas algumas recomendações aos municípios:
• Ampliação do horário de atendimento das salas de vacinação nas Unidades Básicas de Saúde na
Atenção Primária;
• Garantir salas de vacinação com equipamentos, insumos e materiais necessários para as rotinas de
imunização;
129
• Utilizar o ambiente escolar para realizar conversas com pais/responsáveis sobre a importância da
vacinação, palestras e ações de conscientização de crianças e adolescentes, além da verificação das
cadernetas de vacinação;
• Identificar e combater notícias falsas sobre vacinação, identificando e dialogando com as famílias
que apresentem hesitação sobre a vacinação, explicando a segurança e benefícios das vacinas;
• Utilizar todas as formas diretas de comunicação para promoção da vacinação, como carros de som,
divulgação de mensagens na mídia tradicional (rádio e tv), nas mídias sociais, realização de palestras
em escolas, centros comunitários, templos religiosos, entre outros.
Desta maneira, o Programa Nacional de Imunizações, em parceria com o DATASUS, desenvolveu o SIPNI
(Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações) e o SIES (Sistema de Informação de
Insumos Estratégicos) e, mais recentemente, o Departamento de Saúde da Família (DESF) disponibilizou
o aplicativo móvel para o registro das doses de vacinas aplicadas nas unidades de saúde que utilzam o
sistema e-SUS APS com Prontuário Eletrônico do Cidadão.
SIPNI
O SIPNI versão web neste momento é o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações,
utilizado para registro individual em salas de vacina de serviço privado, UPAS, maternidades, policlínicas
e CRIES.
SIES
O Sistema de Informação de Insumos Estratégicos está disponível para o controle logístico da Rede de
Frio, nas instâncias nacional, estadual, regional e municipal. A ferramenta tem acesso através de uma
130
plataforma on-line, com o objetivo de aprimorar o processo logístico dos imunobiológicos, permitindo o
gerenciamento do estoque, controlando os pedidos e a movimentação, entradas e saídas, e viabilizando
consultas e emissão de relatórios. A instância estadual realiza o pedido de imunobiológicos mensalmente,
por meio do SIES, considerando a estratégia adotada, estoque disponível e movimento mensal das
Gerências de Saúde e municípios. O PNI analisa os pedidos com base no histórico de distribuição, nas
metas e disponibilidade de estoque, para atendimentos de rotina e campanhas. A execução da distribuição
é realizada pela Central Estadual de Rede de Frio e Gerências de Saúde, utilizando os mesmos critérios.
E-SUS
O aplicativo e-SUS Vacinação é integrado ao Sistema e-SUS APS com Prontuário Eletrônico do Cidadão
(PEC) ampliando a capacidade da captação das informações nos serviços de saúde. Nesse contexto,
o quarto aplicativo desenvolvido para a Estratégia e-SUS APS priorizou as ações realizadas pelos
profissionais que atuam nas campanhas de imunização do país.
SIALIE
O acesso ao Sistema de Indicação, Avaliação e Liberação de Imunobiológicos Especiais ocorre por uma
plataforma on-line, o sistema foi desenvolvido em âmbito estadual tendo como objetivo agilizar as
solicitações (avaliação e liberação) dos imunobiologicos especiais. Os imunobiológicos especiais são
ofertados para subgrupos populacionais, sendo que os mesmos representam benefícios indiscutíveis.
Considerando a solicitação médica, o município é responsável pelo cadastro dos pedidos no sistema. As
GERSAS (Gerências de Saúde) são as responsáveis pela liberação e aprazamento dos imunobiológicos
especiais.
131
ANEXO - PORTARIA Nº1.332, DE 08 DE DEZEMBRO DE 2022
A Portaria nº1.332, de 08 de dezembro de 2022, estabelece os critérios mínimos para o cumprimento das
normas técnicas para o credenciamento, licenciamento e funcionamento de estabelecimentos públicos
e privados que possuem Salas de Vacinas no estado de Santa Catarina.
132
133
134
135
136
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Vacinação 2022. Disponível em: https://www.gov.br/
saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional-de-vacinacao. Acesso em: 10 nov. 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Campanha de Vacinação contra Gripe e Sarampo. Disponível em: https://
www.gov.br/saude/pt-br/campanhas-da-saude/2022/vacinacao-contra-gripe-e-sarampo/pecas-da-
campanha?b_start:int=0. Acesso em: 06 jul. 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Capacitação de pessoal em sala de vacinação -
manual do treinando. 2ª ed. Brasília, DF: 2001. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
funasa/salavac_treinando_completo.pdf. Acesso em: 20 abr. 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Investigação Epidemiológica de Casos, Surtos e Epidemias. In: BRASIL.
Ministério da Saúde. Guia de vigilância em saúde: volume único. 3. ed. Brasília, DF: MS, 2019. Cap. 13, p.
708. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ guia_vigilancia_saude_3ed.pdf. Acesso
em: 20 abr. 2022
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. Curso de atualização para o trabalhador da sala de vacinação: manual do aluno. 3ª
ed. Brasília, DF: Editora MS, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/curso_
atualizacao_sala_vacinacao_aluno_3edicao.pdf. Acesso em: 20 abr. 2022.
137
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Informa sobre atualizações no Protocolo de Profilaxia pré, pós e reexposição da
raiva humana no Brasil: Nota Técnica Nº8/2022-CGZV/DEIDT/SVS/MS. Brasília, DF, 2022. 7 p.
OLIVEIRA, Lucia Helena de Oliveira. Sistema imunológico: Os defensores. Super interessante, 30 jun.
1988. Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/sistema-imunologico-os-defensores. Acesso em:
20 abr. 2022.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Saúde. Manual do Treinando em Sala de Vacina. Florianópolis,
SC: 2021.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Saúde. Manual do Treinando em Sala de Vacina. Florianópolis,
SC: 2022.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Saúde. Portaria nº1.332, de 08 de dezembro de 2022. Diário
Oficial Eletrônico nº21.913, Santa Catarina, p. 10-14, 08 dez. 2022.
138
Governo do Estado de Santa Catarina
Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina
Superintendência de Vigilância em Saúde
Diretoria de Vigilância Epidemiológica
Gerência de Doenças Infecciosas Agudas e Imunização