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https://www.publico.pt/2022/12/11/azul/opiniao/resolver-crise-agua-fundamental-acao-
climatica-2030797
Opinião
Gilbert F. Houngbo
Não temos alternativa a não ser agir de forma mais rápida e inteligente, em todos os setores,
para resolver a crise da água em prol de todos os aspetos do desenvolvimento sustentável.
Gilbert F. Houngbo
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Na COP 27, o facto de a água e as alterações climáticas estarem intrinsecamente ligadas foi
refletido no formato do evento, mas, mesmo assim, a água ainda não é um tópico autónomo
na revisão e nos reportes regulares do processo COP.
No caso das alterações climáticas, a água deve estar no centro dos nossos planos de mitigação
e de adaptação aos impactos de climas mais extremos e erráticos. Por exemplo, a proteção,
restauração e expansão dos ecossistemas relacionados com a água são essenciais para
salvaguardar a biodiversidade e capturar carbono da atmosfera. Ao mesmo tempo, os sistemas
de água e de saneamento – existentes e novos – devem ser projetados para resistir a um
contexto cada vez mais hostil.
Os factos falam por si. Em apenas 20 anos, as catástrofes relacionadas com inundações
aumentaram 134% e o número e a duração das secas em 29%. Neste contexto, cerca de dois
mil milhões de pessoas não têm acesso a água potável e 3,6 mil milhões vivem sem uma casa
de banho digna. Claramente, o progresso para alcançar o ODS 6 – Água e Saneamento para
todos até 2030 – está seriamente em risco.
Não temos alternativa a não ser agir de forma mais rápida e inteligente, em todos os setores,
para resolver a crise da água em prol de todos os aspetos do desenvolvimento sustentável.
A mitigação e a adaptação climáticas relacionadas com a água devem ser vistas como um novo
“contrato social” entre nós e as gerações futuras. Nas nossas próprias vidas, todos podemos
estar mais conscientes da nossa pegada hídrica e desperdiçar menos água. Ao nível individual,
este será um pequeno preço a pagar para proteger os nossos bisnetos. No entanto, o custo
para o sistema mundial será considerável, mas essencial.
Os recursos financeiros devem ser melhor direcionados e novos fundos devem ser mobilizados
para as infraestruturas e sistemas necessários para construir e manter serviços relacionados
com a água em toda a sociedade e na economia.
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Há sinais encorajadores. A nível nacional, já está a ser dada mais atenção à água à medida que
os países fazem planos nacionais para se adaptarem aos impactos das alterações climáticas e
reduzirem as emissões. Congratulo-me com isso e encorajo todos os países a seguirem este
exemplo.
Mas esta é uma questão demasiado ampla para os Estados-nação resolverem individualmente.
O sistema multilateral existe justamente com o propósito de orquestrar uma resposta a
desafios globais complexos como este.
O Governo do Egito, que organizou a COP27, lançou a “Ação para Adaptação e Resiliência da
Água”, projetada para tornar a ação integrada para a água e o clima numa prática padrão em
ações relacionadas com os ODS. Este é um sinal positivo de que os decisores começam a
reconhecer a água pelo que ela é: um meio de resiliência, um solucionador de problemas e um
conector primário, entre todos os principais desafios que enfrentamos.
O impulso da COP27 leva-nos agora à Conferência da Água das Nações Unidas de 2023, a
primeira desse tipo desde 1977. Os coanfitriões, o Tajiquistão e os Países Baixos, apelam ao
mundo para que se una em torno da água para seguir uma abordagem "orientada para a
ação", “inclusiva” e “transversal”.
Precisamos aproveitar o impulso criado na COP27 e convertê-lo numa nova Agenda de Ação
pela Água.
Cabe a todos resolver a crise da água e tal só será possível quando a água estiver na agenda de
todos.