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PSICANÁLISE

DESCOLADA

e-bo
- ok
-bo

PAPO

PSICANALÍTICO

Carlos Mario Alvarez

1
PAPO
PSICANALÍTICO

Carlos Mario Alvarez

2
PAPO PSICANALÍTICO

Copyright 2020 - Carlos Mario Alvarez

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo par-


cial, por qualquer processo mecânico, eletrônico, reprográfico etc,
sem a autorização por escrito.
Todos os direitos reservados desta edição 2020 para o autor.

Produção e Arte
Sunny-D

Revisão
Marcelo Ivson

ALVAREZ, Carlos Mario


Papo Psicanalítico / Carlos Mario Alvarez - Rio de Janeiro - RJ

1. Psicanálise 2. Freud 3. Pulsão

carlosmario@terra.com.br

3
Dr. Carlos Mario Alvarez - Psicanalista e
supervisor clínico.
Mestre em Teoria Psicanalítica (UFRJ)
e Doutor em Letras (PUC-Rio).
Professor, Pesquisador visitante na
universidade Rutgers (2010/2011),
NJ - EUA.
Membro fundador da Formação Freu-
diana (RJ).
Criador e curador do projeto em
Mídias Sociais, Psicanálise Descolada,
onde desde 2010 realiza intervenções
nas plataformas digitais, articulando
artes visuais, música, psicanálise e
estilo de vida.

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DESEJA-SE O INATINGÍVEL E
GOZA-SE COMO É POSSÍVEL

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SUMÁRIO
8 - 4 Dimensões e tratamentos distintos
sobre a luxúria
12 - 11 pontos sobre o tema da compulsão a dizer
o que se pensa
16 - Achados psicanalíticos
19 - Meus pensamentos sobre os ditos
“outros corpos”
22 - Supermercado
24 - Sobre o tal do divã psicanalítico
27 - Édipo Rei XXI
30 - Dos sonhos como potência de pensamento
e solução úlitma para o pior dos pesadelos
33 - O banquete da raposa
35 - A dor humana e a dor da compulsão à copre-
ensão
37 - Bissexualidade
39 - Goza-se como é possível
43 - Sublimação
45 - Sobre o aniquilamento psíquico
47 - Porreira pra ser espanada
50 - Neurose
53 - Conclusões sobre o atrapalho no trabalho
56 - Sobre as histéricas
61 - Sexo, sexo, sexo, dos anjos
63 - Domir para sonhar
67 - Musicalidades
69 - Máscaras
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A PULSÃO NÃO PERTENCE A
NINGUÉM. ELA VARRE

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4 dimensões e
tratamentos
distintos
sobre a LUXÚRIA.

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Então trago a seguinte ilustração.

Uma pessoa traz a seguinte e peculiar fala so-


bre si:

"Estranho e difícil de admitir. Mas...bem... a


verdade é que nos últimos tempos tenho tido
muito mais prazer em me satisfazer através
da masturbação do que com meu marido. O
que se passa?"

Resposta do Padre:

_ Isto é Luxúria! Pura sem-vergonhice, minha


senhora. A senhora deveria se envergonhar
disto. É pecado duplamente: por pensar de for-
ma lasciva e por praticar o sexo com outros
fins que não os de reprodução. Proíba-se ime-
diatamente esta prática! Compostura, por fa-
vor. Envergonhe-se de si e de seu corpo. Ago-
ra, como penitência, reze um Rosário. Só então
será perdoada!"

Resposta de um Personagem dos contos de


Sade:

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_ Mas ora, ora...que maravilha! O que temos
aqui? Uma devassa! É bem o que queremos
entre nós. Pois agora mesmo se torne sócia
de nosso clube e passe a frequentar o Hall dos
prazeres! Aqui serás obrigada a gozar de to-
dos os jeitos e formas possíveis. Sua tara será
nossa perdição! Nossas taras serão sua obri-
gação. Às favas com seu marido, afinal ele não
passa de um engôdo. E nada de religião. Aqui,
nosso culto é pela extrema Luxúria. Venha a
nós sua vadia! Goze do sexo até a morte!

Resposta de um Psiquiatra do Século XIX

_ Seu relato nos faz entender que a senhora é


uma neuropata. Sofre dos nervos, é vítima de
uma degenerescência. Agora podemos dizer
que a senhora está doente no sentido da nova
medicina. A senhora sofre da prática do feti-
chismo masturbatório. A forma que temos de
curar sua patologia é oferecendo-lhe um pro-
grama de banhos em estações de água assim
como uma dieta especial. Com sorte terá seus
desvios de conduta minimizados pela reedu-
cação de seus maus hábitos.

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Resposta de um Psicanalista

_ Não é de se espantar. Sobretudo depois que


seu marido se tornou uma presença fria e dis-
tante e que você voltou a sonhar. Onde há cor-
po há prazer. Sigamos o curso de sua fanta-
sia... Continue associando.

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11 Pontos sobre
o tema da
COMPULSÃO à
DIZER
o que se
PENSA

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1 - Alguns tomam isso como liberdade: "digo o
que penso". Mas pensar se, em certos casos,
"dizer o que se pensa", de forma dita "espontâ-
nea" não seria senão uma diarréia da qual não
se cura com facilidade. Uma prisão de ventre
às avessas, portanto, ainda, uma prisão. Antí-
doto para o alvo do que é dito: não ouvir. Mas,
para tal, é preciso afastamento. Problema: o
grude gregário impede que livrem-se um dos
outros. Forma de maturidade: calar a boca. Su-
cesso de uma psicoanálise: menos palavras.

2- No caso de opinar e dizer sempre algo sobre


o outro: Não se consegue ficar calado, tem-se
que emitir opinião. Clássico julgamento. Popu-
larmente, "meter o bedelho", "palpitar". Doen-
ça dos falantes em sua maioria. "Cala a boca!"
muito grosseiro mas, às vezes, providencial.
"Por quê não te calas?", disse um rei para um
ditador, certa vez.

3 - Ações disciplinadoras, assédio. Nada que


se possa perceber tão facilmente se o objeto
da opinião não tiver aguçada sua capacidade
de detectar a invasão da opinião alheia.

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4- Mestres na arte de opinar: primeiramente,
os que amam. Vocação de pai e mãe: dizer o
que pensa "para o seu bem". Ou, depois, do
maridão ou da "patroa": faça assim, senão, vou
te punir! Para se livrar do crivo do outro, às ve-
zes, só com a morte. Ou de um ou de outro.
Mas, em situações menos drásticas, uma bri-
ga resolve. Um afastamento soa mais político.
Melhor, ainda: uma conversa telepática (ape-
nas os iniciados conseguem).

5 - Amigos são campeões nesse ofício de cus-


pir palavras na cara. Acrescenta-se aí a fofoca.
Isto é, quando se fala na ausência de... o que
aliás é altamente prazeroso. (Defecação gru-
pal socialmente autorizada, gossip com efei-
tos de sonrisal).

6 - Dizer o que se pensa sem que o outro te-


nha pedido: vomitar na boca do outro. Justifi-
ca-se "há vomitadas intrabucais que vem para
o bem. Ok. Antídoto: "quem falar, a partir de
agora, vai comer toda a bosta do mundo". Ah...
como somos sábios na infância!

7 - Não se esquecer de que muitos DEMAN-


DAM compulsivamente a opinião alheia. Até

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mesmo do vendedor. Quanto mais isto, mais o
ser está Fu.... (Furadinho).

8 - Maria vai com as outras. Afinal de contas,


o ideólogo já disse: é impossível ser feliz sozi-
nho. É mesmo? Vai com Deus, Maria!

9 - Existem amores onde há falas e silêncios.


Silenciar não é consentimento ou descaso. Às
vezes, pode ser respeito. Profundo respeito.

10 - Tudo pode se dizer da seguinte forma: há


gosto musical para tudo.

11 - Última: fala-se tanta merda...

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Achados
Psicanalíticos

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1) Individualidade é sintoma.

2) Desejo (dito Inconsciente) não é original


nem se equipara à uma vontade específica.
Isso sora, Isso soa, Isso Cá-Soa.

3) Não há universais, mas se tenta universali-


zar dado que a angústia demanda unificação.
Quando isto acontece, está fundada alguma
Horda e a produção é predominantemente
neurótica.

4) A pulsão não é originária do humano mas


o humano nela pega carona e faz sua festa. O
leão, por exemplo, é pulsionado uma vez que
todo e qualquer corpo (ou corpos ou corpús-
culos) são pulsionados.

5) A Pulsão não pertence a ninguém, Ela varre.

6) A Psicanálise é uma invenção limitada e po-


rém circunscrita. Ela propõe algumas formas
de compreensão do Inconsciente e seus (de)
efeitos.

7) Não entendo o porquê de uma Psicanálise

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se ela não estiver à serviço, em última instân-
cia, da diminuição da angústia/sofrimento
nos homens.

8) O Psicanalista, para exercer a Psicanálise,


tem de ser um tipo desmontado/desmontan-
te/desmontável e desmontador das forma-
ções.

9) Não existe uma Psicanálise. Existem várias


uma vez que são inúmeras as constelações
de formações do Inconsciente.

10) Qualquer afirmação de uma Psicanálise


única, portanto universal, será melhor entendi-
da como uma Weltanschauung (visão de mun-
do) e, portanto, terá características religiosas
e oceânicas. O próprio Fróid disse isso.

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MEUS PENSAMENTOS
SOBRE OS DITOS
“OUTROS CORPOS”
(QUESTÃO PROPOSTA PELO EVENTO
DA FORMAÇÃO FREUDIANA).

19
1 - Em Psicanálise, o pensamento se consti-
tui e se mantém a partir das clivagens, cisões.
Tudo que existe se fractaliza ou se fractaliza-
rá compulsoriamente como efeito da compul-
são à disjunção (entropia) que acompanha os
objetos existentes. Ou seja, em Psicanálise,
o Princípio é a ordem fora do equilíbrio. Des-
ta feita, não há corpo íntegro mas corpos em
composição/decomposição. Corpos, corpús-
culos, corpanzis, corporações, corpichos, etc.

2 - Seguindo a ideia anterior, é preciso admitir


que os corpos são artificializações. Elemen-
tos híbridos afeitos a integrações e desinte-
grações, reparações, alterações, desmateriali-
zações e recomposições, etc. Não há corpo
natural que não se possa artificializar de al-
gum ou alguns modos. O homem é, talvez, o
maior artificializador mas está longe de ser o
único.

3 - É melhor abandonar essa radical e platô-


nica distinção entre corpo e mente. Fale-se,
por exemplo, em corpomente. Todos corpos
são afetados e afetáveis, efeitos de afecções
(como ensinou o velho ex-excomungado Spi-
noza). Sendo assim, cada corpo é reagente à

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presença/ausência de outros corpos. Sabe-se
disso de longa data. Não há mente que não
seja corporal, de alguma maneira.

4 - O problema de um paciente: "o que fazer


com minha corporeidade?". Ou, ainda: "Os cor-
pos em que habito me deslocam satisfatoria-
mente ou se fixam sintomaticamente? Como
perceber isto?". E por fim: "Que corpos me fa-
zem bem e que outros corpos me fazem mal
em cada situação?".

5 - Cura Psicanalítica, dita poeticamente: "Ali-


nhamento dos corpos em que habita cada um
com a corporeidade cósmica".

6 - O dito "corpo humano" padece do mal que


funda o humano, evidentemente: Ele tende a
se julgar superior, ímpar, completo, hermético
e compreendido.É viciado narcisicamente. A
patologia chamada cultura pode facilmente
operar com corpos fechados. A Psicanálise é
uma das forças que podem refigurar corpos.
Não à toa, Freud se valia da metáfora do cirur-
gião para bem descrever o ofício do psicana-
lista.

21
SUPERMERCADO

22
Quando Freud inventou o malfadado SUPEREGO
disse que se tratava de uma espécie de tirano in-
terno que julga, penaliza e faz sofrer quando al-
guém se olha e se mede por relação ao(s) outro(s).
Acontece que, indo um pouco além dessa vulga-
ta, deve-se saber que o SUPEREGO é quem decide
se a pessoa pode ou não pode, deve ou não deve,
quer ou não quer, vai ou não vai.
Portanto, o tal SUPEREGO não deve ser entendido
apenas como uma polícia implacável interna (sim,
ele também o é) mas, sobretudo como a fonte das
validações dos desejos e atos de alguém. Seja lá
como for, tentem entender o seguinte: quem sem-
pre colhe os louros do que quer que seja, é o tal
SUPEREGO.
Independente se a carne sofre ou pula de alegria, o
SUPEREGO é sempre quem usufrui. Por quê? Por-
quê para o SUPEREGO, chova ou faça sol, ele tá
sempre lacrimejando de tesão. (Os sadomasocas
de todos os quilates sabem - talvez mais facilmen-
te - do que se trata!).

23
Sobre o tal do
Divã Psicanalítico

24
O divã, figura-símbolo da Psicanálise freudiana, é
um dispositivo que nasceu intrínseco à regra fun-
damental da Psicanálise: "Associa livremente, diz
sobre aquilo que te acomete, tenta não censurar,
desanda a falar como lhe vêm à cabeça sem que
isso lhe obrigue a uma coerência ou lógica racio-
nal...". Freud alegava que era melhor que seus pa-
cientes perdessem a dimensão do olhar enquanto
faziam suas sessões porquê assim poderiam se
despir do olhar do outro, de um olhar que, em úl-
tima instância, seria sempre de uma autorização,
entendimento ou reconhecimento. O divã não é
condição necessária de uma análise mas pode
ser um elemento divisor de águas em um proces-
so analítico. Hoje, sabemos que uma análise pode
ocorrer sem as delimitações clássicas de um "set-
ting" e que o divã pode ou não ser usado. Tudo de-
pende da transa transferencial. Ou melhor, o divã
está ali como possibilidade, como convite, desde
que autorizado pelo analista. É comum ouvir dos
pacientes que "temem o divã" ou que jamais se
entregariam a um processo "às cegas". Fato: não
é fácil se despir das representações do mundo
como ele é (ou como ele aparenta ser). Por fim,
cabe dizer que o divã é lugar de estada provisória,
de permanência fluida, que sua função não está

25
prescrita necessariamente mas, sim, que é uma
idiossincrasia da prática analítica. Particularidade
da Psicanálise que prevê uma certa dissimetria
entre aquele que se deita e aquele que se oculta,
à espreita, à espera dos indícios, aparições e side-
rações do assim chamado inconsciente.
À propósito, você se deitaria no divã de Matisse?

26
ÉdipoRei

27
O que é isso que não podes ver,
que nunca tiveste oportunidade de entender,
que te acometeu desde a origem,
que te arrebatou e te jogou ao inexorável des-
tino?

Homem do Tesão, Mulher faz-se em ti,


És Rei e Besta,
Anfitrião e bastardo,
Filho e pai,
Espírito e Santo.

Toma teu destino agora,


Mas enterra tua Glória na próxima encruzilha-
da,
Por entre ti e teu destino
Repousa insensata estupidez.

Por três vezes negará teu desejo,


mas na insistência será ele soberano sobre ti.
Filho da morte anunciada,
fecundada na vida, Jocosa...
Que Deus te dê o que te falta:
Um pouco de fé,
E Sorte.

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Mas de antemão, aceita,
Tua sina é vagar por aí,
Sem leito nem resposta,
Não haverá oráculo que te baste,
Mas, talvez,
O mais inesperado te assalte,
Mais uma vez,
E terás tua dor convertida em Gozo,
Sempre que gritarem por ti,
Famigerado,
Édipo Rei!

29
Dos SONHOS como
POTÊNCIA
de PENSAMENTO e
SOLUÇÃO ÚLTIMA
para o PIOR dos
PESADELOS

30
Os sonhos são trabalhos, fábricas e fabricações.
São artefatos, movimentos, tentativas de solu-
cionar impasses. Não são enigmas mas a con-
tínua formulação de respostas para os enigmas
em si. Um sonho, por mais frívolo ou frugal, im-
pertinente ou insuportável, não é outra coisa se-
não a tentativa de formulação de respostas para
o que não pode ser formulado pelas vias da dita
"inteligência de plantão". Nesta perspectiva, so-
nhar é pensar através de um pacto com o aves-
so do próprio pensamento. Alí, onde supunha-se
haver uma certeza, havia tão somente a poten-
cial certeza da inversão da verdade. Assim fun-
ciona a lógica do sonho. Por isso, não se sonha
em vão apesar de que, em geral, o homenzinho
não se permite lembrar ou mesmo se apropriar
de formulações pós-sonho. Qualquer sonho não
é outra coisa senão a invenção de mapas. Estes
mapas não demandam interpretações pois são
eles mesmos os próprios intérpretes das movi-
mentações psíquicas de um ser. A mediocridade
de uma vida atravessada pela urgência da com-
preensão e produção de um sentido sanador im-
pede os vassalos de sonhar pelo sonhar. Neste
sentido, costuma-se ignorar os sonhos como se

31
fossem bobagens. Não são. Seriam puro ca-
pital, recurso, ouro fino... Isso se não fosse o
homenzinho tão medíocre e insolente.

32
O banquete da
RAPOSA

33
Dorme-se com alguém na suposição de estar
entre anjos mas, qual não é a surpresa quan-
do se desperta e constata-se que o inimigo de
hoje era o anjo de ontem! O susto ajuda a pe-
gar em armas – seja lá quais forem! – e tentar
espantar a raposa antes que ela banqueteie o
galinheiro. Transmutações imperceptíveis ao
longo de algumas décadas podem fazer do
amigo, confidente ou amante um temeroso
inimigo.
A falta de um termômetro ou de qualquer ou-
tro instrumento capaz de “mensurar” as modi-
ficações de todos os signos que representem
as condições de um determinado cenário faz
com que muitos sejam abatidos pela incapa-
cidade de reparar nas ameaças até então im-
prováveis. Algo ou alguém não é uma ameaça
- de fato é um aparente inofensivo ser – até
que se torne, efetivamente um elemento pe-
rigoso. Aqui, o que não era uma ameaça as-
sim se fez simplesmente porquê estas coisas
acontecem no curso da vida. Princípio da re-
versão. Voltaremos a ele. E ele, certamente,
voltará a nós, indefinidamente.

34
a DOR humana é a
DOR da COMPULSÃO
à COMPREENSÃO

35
Porquê se é uma máquina de fazer sentido é que somos o
tempo todo levados a atribuir valores ao nosso "sentir". A
experiência do humano se constitui através de sua submissão
ao que ordena de "fora": basta lembrar que não se é livre
para escutar música, ler um livro, emitir uma opinião ou
fazer sexo sem que se esteja, de alguma maneira, autoriza-
do por alguma exterioridade (escolas, guetos, clubes, papai-
-mamãe, religião e corporações). Assim, age-se no limite da
coerência e do bom senso vindo das convenções. Em muitos
casos, este mecanismo leva ao distanciamento inequívoco do
sujeito para com seu corpo. O corpo deixa de ser uma po-
tência expressiva e passa a ser um multiplicador do mesmo.
A neurose é assim, de certa forma, a cristalização de práticas
morais e normatizantes no registro individual de cada um.
É sobre este tipo de estratificação que se pode pretender
uma intervenção clínica psicanalítica.

36
BISSEXUALIDADE
BISSEXUALIDADE

37
A provocação freudiana, a partir da publicação dos "Três
Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade" era insistir na idéia
de que a libido - energia sexual - é capaz de fazer os mais
diversos e até mesmo "bizarros" caminhos no tocante às
preferências e modalidades de gozo sexual. Para Freud
haveria uma Bissexualidade Universal que abrigaria, sob
a mesma égide, potências masculinas e femininas.

O Inconsciente seria, então, um produtor de múltiplas


fantasias sexuais que fariam, sob as mais diversas formas,
exigências de realização de desejos.

Muitos ficam na dúvida, ela perdura, atos são adiados,


em cima do muro, você se ausenta, angústia redobrada,
medo de arriscar, pânico, no olhar do Outro!
Decida, senão, alguém ou algo te dominará...
Deslocamos progressivamente quando atitudes são to-
madas.

38
GOZA-SE
como é possível

39
6 idéias psicanalíticas sobre sexualidade

• A crença de que homem e mulher se comple-


tam, que foram feitos um para o outro e que
constituem a verdadeira forma natural de amor
mostra-se uma frágil e insustentável compreen-
são sobre a sexualidade humana.
• O Inconsciente não descrimina os gêneros se-
xuais. Não é porque alguém é do gênero masculi-
no, portator de um pênis, que deverá desejar uma
mulher ou sentir-se identificado ao lugar do ma-
cho. Em princípio, a certeza que advém da genitá-
lia é que ela é potencial fonte de prazer. Ou seja, o
corpo é prazeroso!
• As denominações de heterossexualidade, ho-
mossexualidade ou bissexualidade são forma-
ções aprisionantes do que seja a sexualidade.
Uma pessoa, a rigor, é capaz de desejar de dife-
rentes formas, diferentes objetos em diferentes
momentos com diferentes intensidades. O que
decide sobre isso, para a Psicanálise, é a forma
como o recalque marca cada singularidade. Por-
tanto, homens e mulheres são sexuais.
• O fetichismo é a prova de que homem e mulher
são capazes de atrelar seus desejos aos mais
variáveis objetos. Por exemplo, um homem pode

40
amar na mulher o contorno de seus pés mais do
que sua feminilidade ou “personalidade”. Ou, uma
mulher pode amar em um homem sua forma ma-
ternal de agir de maneira tal que se casou com o
duplo de uma “mãe”.
• O desejo, no sentido psicanalítico, é impossível
de se ver realizado em sua totalidade. Por mais
que se atinjam objetivos, realize-sem fantasias ou
concretizem-se atos, haverá sempre uma sobra
que retornará como desejo insatisfeito. Deseja-se
sempre mais. O desejo é desejo de desejo (Lacan).
• Gozar, no sentido psicanalítico, significa estabe-
lecer uma forma muito particular de se fixar a um
tipo de obtenção de satisfação de maneira tal que
ela se repita à revelia da compreensão, vontade ou
escolha consciente da pessoa. Uma posição de
gozo pode implicar prazer e/ou desprazer. O fato é
que o ser humano é prisioneiro de seu gozo e isto
acaba por determinar sua forma de agir e estar no
mundo. Dela ele pode acabar refém. Um cônjuge,
por exemplo, que vive a reclamar de seu parceiro e
assumidamente leva uma vida de privações e frus-
trações goza exatamente em viver reclamando, em
fantasiar com a “liberdade” ou mesmo vinganças.
Goza, desfruta, usufrui, de uma dimensão que soa
estranha por sinalizar infelicidade. Mas... esse é
um dos paradoxos da sexualidade humana.

41
Deseja-se o inatingível e goza-se como é possível.

42
SUBLIMAÇÃO

43
Uma sublimação implica a transformação de algo
em outra coisa. Mas isso no sentido de uma evolu-
ção que marca o salto e divide um antes e um de-
pois. De quando algo se torna mais convincente e de-
licioso para quem navega. Coisas que tramóia-se in
ou out-conscientemente de forma tal que resulta-se
sempre em uma ou várias ações de melhor estirpe
(esta medida por um ou vários que se preze ou que
se reconheça). Estas tais sublimes-ações podem ser
olhadas com certo sabor de triunfo por aquele que
resolveu ou conseguiu - mesmo que com o peso da
neurose que lhe assalta(va) - dar um passo adiante e
cravar um ato bem no meio do alvo. Predileta ação,
esta que sublima o que era porcaria em algo que se
pode - mesmo que temporariamente e sem possuir
caráter de unanimidade - ungir o agente de forma tal
que a próxima rodada já lhe marque como vitorioso.
Uma Sublime Ação é de causar espanto e orgulho.

44
Sobre o
Aniquilamento
Psíquico

45
O adulto é sempre mais forte, mais imponente, tem
sempre muito mais elementos de força e de legisla-
ção sobre a criança. Então quando ele abusa, quan-
do ele passa da função de acolhedor para a função
de agressor é como colocar um animalzinho indefe-
so diante de um predador.
O que acontece nesse caso é um aniquilamento,
sobretudo psíquico da criança. Ela perde as refe-
rências, a confiança nela própria e, também, como
ensina Sándor Ferenczi (psicanalista húngaro do sé-
culo XX) para sobreviver ela se identifica ao agres-
sor. Deste modo a criança pode se tornar violenta,
ou pode morrer psiquicamente, o que significa que
ela desliga uma série de ligações que seriam impor-
tantes com o mundo e passa a viver numa espécie
de mundo reduzido, certamente depressivo ou até
psicótico.

46
Porreira para
ser Esplanada

47
Por vezes, a metáfora pode ser a poeira. Essa que
pousa no teu colo, nas tuas dobrinhas, nos teus re-
cantos. Sobretudo nas placas neurônicas da mente
que te habita. Poeiras invisíveis a olho nú podem
estar se acumulando no teu respirar e sonhar de
maneira tal que um catamarã pleno de pó e asneira
pode estar a longo tempo atracado nos teus cami-
nhos de movimentação rumo a algo melhor. Você
não vê direito, não é mesmo?

Você não se dá conta, não se dá.

Neste ponto, me cabe arguir: você quer algo melhor


do que está em ti e em teu entorno doravante? Se
sim, há que adernar. Em tornar.

Só sacode a poeira e dá a volta por todos os lados,


de cimabaixo, aquele que quer isto para si.

E tem que querer muito.

Porquê senão, o aglomerado pueril incessante,


cumulativo vai aumentar em progressão extrageo-
métrica até te causar paralisia libidinal de forma tal
que as traças bailarão em ritmo de festa. Jogado à

48
sorte, o pequenino ser é dragado pelas palavras que
jamais ousou dizerescutar.

49
NEUROSE

50
Muitos ainda tem dificuldades em entender o
que seja a NEUROSE. Pois hoje em dia, é preciso
definí-la não mais como na época de Freud, que
ainda estava preso às nomenclaturas da Psi-
quiatria do século XIX. Precisamos ir além e en-
tender a neurose como design psíquico. Depois
de Freud, podemos dizer que a Neurose é uma
formação psíquica, sobredeterminada por dife-
rentes motivações, sejam elas fisiológicas, he-
reditárias, educacionais e experimentais na vida
particular de uma pessoa. A neurose é um estilo
de vida imposto,totalmente à revelia, cuja estéti-
ca resultante é de baixa extração, empobrecida.
A NEUROSE se instala como uma forma de lin-
guagem onde o neurótico estabelece, ainda que
patologicamente, seus limites para desejar. Esta
malha psíquica, impregnante, atua como uma
espécie de garantia para o (não) enfrentamento
da questão da finitude, questão esta para a qual
todos humanos precisam achar respostas. A
NEUROSE é pois uma clausura cujas fronteiras
são invisíveis mas cujos efeitos são limitadores
de vida, impositores de normas, regras e práti-

51
cas que, invariavelmente, tornam a pessoa
ignorante quanto às suas fantasias causando
enormes sofrimentos. Para se livrar da NEU-
ROSE é preciso muito trabalho, trabalho psí-
quico.

52
Conclusões sobre
o atrapalho no
TRABALHO

53
1. - que se perde muito da capacidade de es-
tudar concentrada, profunda e longamente
quando se liga a tv, o rádio, o alcool, ou o na-
morado(a).

2. - que se whatsappa como se arrota e sen-


do assim se gazeificam demais os dedos, a
lingua e a mente. Vira-se um balão virtual de
bujingangas e fica-se pesado. Pesado você se
torna um fardo para si próprio.

3 - que não ler, escutar e procurar por novas


tendências produz a azia do dia a dia. Sendo o
diletante quase um tratante e o pedinte quase
um interlectual. Glória aos viajantes e andari-
lhos.

4.-que dar ouvidos a toda sorte de chatos ou


oportunistas é um equívoco crasso. Melhor
cortar pela raiz ou pelo talo.

5. - que esperar pelo ideal momento de ação é


tarefa pra jumento ancião.

54
6. - amor tortuoso, superfaturado, imantado
de material radioativo e juras cegas e más pre-
gas é coisa do pior tipo de business que um
ser pode fazer. Há que desfazer o trabalho e
há quem faça. Procure por um especialartista.

7- que a preguiça é um obstáculo traiçoeiro e


os familiares de plantão também o podem ser
é fato. Mas pagar mais caro ainda por deslei-
xo é dar papo pro demon-strado

8. - quem ignora o pulha seus males espanta

9-. que sempre há coisa melhor a fazer do que


se supõe...

10.- levanta-te bunda! Pé na estrada e fé na


braçada!!!

55
Sobre as
HISTÉRICAS

56
A lenda da Psicanálise conta que a histérica
ensinou o caminho do Inconsciente a Freud.
Mas como tudo pode ser revertido, também
não será menos lendário que Freud ensinou
às histéricas – e depois a todo o resto – que o
desejo se depura entre um espasmo e outro.
O gozar é espasmódico.

Freud viu as histéricas como elas queriam


mas não sabiam que o queriam: como mulhe-
res ardentes. Já haviam ardido nas fogueiras
como bruxas mas, como toda paixão é passí-
vel de ser reacendida, então a histeria é, neste
sentido, a paixão que teima em queimar. Por
isso mesmo – Freud o viu – o que queima his-
tericamente já se materializa como paixão.
Paixão na carne. Pois a histérica é uma apai-
xonada por alguma coisa que a bole e que não
lhe é possível dominar, entender e mesmo dia-
logar com. A histérica, por isso, se contorce,
se torce… lhe é difícil e estranho o acesso ao

57
mistério da fantasia.

Freud viu, nas histéricas, mulheres cuja potên-


cia orgástica e passional encontrava seu ob-
jeto de desejo desviado e investido represen-
tacionalmente em partes (“complacentes”) do
corpo. O corpo da histérica é, para Freud, um
corpo metonimizado, capaz de forjar repre-
sentações sobre o desejo. A histérica ama o
sexo e o ama tão intensamente que o repu-
dia. Ela o trata como estranho, como imprová-
vel. Mas este corpo, quanto mais improvável,
mais insistente. Se não é dito do que se trata,
então, não se trata.

Se trata de histeria? Sim. Porquê é possível,


uma vez que o desejo é puro desejo rebatido
em si próprio, enganá-lo tal qual uma histérica
o engana. O corpo é um grande reservatório
de libido. Aliás, o que não o é? Fetiche – dirá
Freud posteriormente – é outro nome para o
histericizar. O fetiche, contudo, marca de for-
ma mais evidente uma fantasia e um objeto.
O fetichista goza, por exemplo, com os pés.

58
Os pés como objeto de desejo, a ser incorpo-
rado, alcançado, sobretudo, olhado, apreciado
e utilizado.

Mas as histéricas não costumam fetichizar


tão explicitamente. O desejo histérico não vai
direto ao ponto. Ele dissimula-se, maquia-se,
adorna-se. As histéricas são atrizes, são nu-
ançadas.

São possuídas mesmo por uma via tortuosa,


encaracolada, sinuosa, sem muitos elemen-
tos precisamente demarcados. A cartografia
da histérica é denegatória: ela não viu, não ou-
viu, não quer saber mas… algo a faz tremer.
Treme de febre ou de tesão a histérica? Sofre
de dor ou de ardor? Precisa gritar ou grita por
prazer?

A Freud, e depois ao resto dos analistas, esta-


va claro: a histeria é a pátria da ambivalência
mas com a égide do recalque imperativo. Ela
obedece à risca o mandamento judaico-cris-
tão “ Não tomarás o santo nome de Deus em

59
vão!”. O recalque manda esconder. Mas ao
mesmo tempo, como frisou Lacan, ordena go-
zar. Deus é o pai da histérica. O pai da histéri-
ca é Deus.

Que é gozar? Gozar é usufruir. Quem goza?


Tudo goza! Mas gozos são modalidades di-
ferenciadas de fazer fluxo, fazer sexo giro de
capital. Cada um goza como pode, como a
fantasia inconsciente permite.

A histérica, se é mesmo que ela existe en-


quanto categoria, é só uma partidária de um
gozo corpóreo “bem safado”, “imundo”, esqui-
sito do qual ela não quer muito saber. Aliás,
ela o quer saber só por arestas. Pelo buraco
da fechadura. O Psicanalista, quando ele ocu-
pa este lugar, sabe que lhe cabe a difícil tarefa
de, a cada sessão, fazer com que a histérica
possa gozar sem sentir dor. A transferência,
se ela funciona, ela repara a dor e prepara o
gozo para o amor. O amor, ele não tem objeto
também, mas o define um pouco melhor que
a histérica em surto porque esta, quando em

60
SEXO, SEXO...
dos ANJOS

61
A Psicanálise tem algo distinto a pensar sobre
o Sexo e suas práticas uma vez que o Incons-
ciente não tem UM sexo definido e nem se
define estritamente por anatomia ou qualquer
outra marca. O Inconsciente é um fabricante
compulsivo de experiencias sexuais, de híbri-
dos dos híbridos. Velho Freud já havia chama-
do a atenção para o fato de que somos "Bisse-
xuais". Mas a coisa vai além.

De uma certeza, podemos partir: somos todos


seres e coisas SEXUAIS. O resto, o que é dito,
já é secundário.

62
Dormir para
SONHAR

63
Reparem que há uma discrepância no dormir
e no sonhar. Ambos acontecem, supostamen-
te, concomitantemente. Isto é, para a vida oní-
rica (stricto sensu) é preciso que a coisinha
durma para que o sono se inicie. Profunda-
mente. Operação casada. Pois então, a clas-
se trabalhadeira descansa músculos e ossos,
supostamente, toda vez que vai se deitar. E é
bom demais, não é? Quem se deita já deve ter
percebido isto.

No entanto meu ponto sobre a discrepância


entre dormir e sonhar reside no fato de que é
exatamente porquê a coisinha dorme e des-
cansa seus músculos que algo muito além
do Jardim toma a cena e começa um Outro
trabalho. O trabalho do Sonho (Freud). O Tra-
balho do sonho não tem finalidade, não tem
lineriaridade e nem tem autonomia. Ninguém
sonha com o que quer. É coisa muito impor-
tante, sem assinatura do egozinho e de extre-
ma pontualidade.

Trata-se de papa fina: o relógio onírico jamais


cessa. Sabem bem que o que cessa é a capa-

64
cidade do fulaninho de se dar conta do que
sonhou-se nele. Pois uma rede de interesses
Outros se aboleta do corpo e empreende uma
viagem astral daquelas mesmo de sair de si,
de sair do corpo. Ele - o cabra - vira um polo
envaginante de recepção. O resultado é que
esta modalidade de gozo conecta o Um com o
resto de forma tal que as respostas pipocam
como fonte inesgotável, jogando a coisa em
termos de um trabalho místico cuja origem se
desconhece.

Não há propriedade privada no sonho. A ten-


tativa de apropriação do mesmo - ou do que
restou dele - é coisa de gente que tem que dar
conta do representar para melhor (ou pior)
compreender a vida. Ou seja, de todos os
D-espertos.

Particularmente, quero propor que o que im-


porta dos sonhos sonhados é que eles te-
nham sequência. Sonhar é seguir sonhando.

65
Desesperar - na oniricidade - melhor não mais.
Isso se pode esperar de uma análise avança-
da. Isso Pode.

isso PHoDe.

66
MUSICALIDADE

67
A música - quando ela de fato o é, ou seja,
uma experiência que faz vibrar tons, semitons,
ritmos, melodias, silêncios, pausas, temporali-
dades e idéias - faz com que se operem pro-
duções complexas que evocam as dimensões
mais constitutivas e impactantes na experiên-
cia de vida.

Música é uma forma de atualização do Incons-


ciente. Algo que dialoga com o erótico-pulsio-
nal e remonta a tempos imemoriais onde o
homem é embrionário, apenas uma formação
na cadeia das coisas que existem no cosmos.

Música, intangível porém sensível, elemento


de desagregação e, ao mesmo tempo, fator
de reunião de parcialidades e potencialidades
capaz de mudar o rumo de uma vida ou de vá-
rias.

Psicanalisar é encontrar, ouvir, fazer e dançar


com música.

68
MÁSCARAS

69
Projeções e retroprojeções, intermináveis pro-
cessos identificatórios onde se pode escutar
pérolas como “eu sou mais eu”, “eu não se-
ria nada sem você”, “sem você eu não existo”,
“só pode ser você”, “sou Cleópatra retornada
e repaginada já há várias encarnações, uma
regressão me mostrou isto...”. Carnaval geral,
desfile de fantasias.

Entendida assim, a vida se assemelha a um


baile de máscaras. Mas um baile muito refi-
nado no uso das máscaras. Você próprio des-
conhece que máscara veste, e seu vizinho de
mesa – que pode ser seu chefe, seu sócio, seu
confidente - vê uma máscara em você que lhe
pareceria totalmente estranha se você fosse
capaz de vê-la. Mas, como você não vê o que
ele vê em você, você acha que o que você pen-
sa que vê é o mesmo que ele vê! Máscaras
que se sucedem, umas às outras, que se esca-
mam e dão lugar a novas máscaras. Um baile
de confusões existenciais, talvez próximo de
uma psicodelia onde as pessoas vivem agu-
damente a sensação de que não se conhe-
cem, não se compreendem e não são dignas
de confiança.

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