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Gênero, Recolocação Da Dimensão Ontológica Ao Conceito
Gênero, Recolocação Da Dimensão Ontológica Ao Conceito
Não se pode discutir plenamente o gênero apenas como construção cultural, ignorando-
se sua dimensão de natureza. A questão em pauta é que o gênero tem sido abordado tão
somente a partir da tese da construção sociohistórica, ignorando-se completamente a
dimensão ontológica do ser. O ser se sustenta sobre duas pernas. A ideia de que o
gênero é uma potência de natureza ontológica, moldada pelo contexto sócio-histórico
parece ser mais adequada à abordagem da questão sobre sua dupla base sólida, pois é
ser de natureza e cultura. De fato, a identidade de gênero de uma pessoa não se define
apenas pela natureza biológica, seccionada entre sexos diferentes, mas pelas nuances
das pulsões e opções conscientes destas no próprio processo de individuação. Todavia,
não se pode ignorar sua dimensão de natureza ontológica, nem diluir o tema num fluído
entre desejo e performance corporal, quase ao ponto de dissolver as fronteiras entre sexo
e gênero e de deixar o sujeito numa indefinida crise de deslocamento e indeterminação
de si, sob múltiplos sintomas. Desta forma, o objetivo deste estudo é apontar esta falha
discursiva, através de breve revisão histórica do conceito, e apontar a necessidade de
recolocação da dimensão ontológica à discussão, para poder se entender a plenitude do
ser humano a partir deste fundamento. O método a ser utilizado é a análise reflexiva a
partir de uma revisão bibliográfica conceitual ao tema. Esta revisão partirá do conceito
de gênero na ontologia, especialmente sob a leitura da pensadora Edith Stein, e apontará
para a consciência da singularidade no processo de individuação. Como resultado,
espera-se colocar a questão de que não é suficiente discutir o gênero apenas do ponto de
vista da cultura sem a natureza e, em conclusão, poder recolocar o valor último do
sujeito humano como transcendente à própria existência no mundo.
1
Doutor e Pós-doutor em Teologia, sob o tema da Individuação da Pessoa (PUCPR); mestre em Filosofia,
sob o tema da Ética do Prazer (UGF); Pós-graduado em Sexualidade Humana (UTP); Psicólogo Analista;
Coordenador da Pós-Graduação em Sexualidade Humana na Universidade Positivo Cruzeiro do Sul.
ocirandreata@gmail,com
REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. De Anima. Trad Maria Cecília G. dos Reis. SP: Editora 34, 2006.
BEAUVOIR, S. O Segundo Sexo. Trad Sérgio Milliet. RJ: Nova Fronteira, 1980.
SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil para a análise histórica. Ver. SOS
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STEIN, E. Ser Finito y Ser Eterno. OC III, Escritos Filosóficos (1933-1934). Vitoria:
El Carmem & Madrid: Ed. de Espiritualidad & Burgos: Monte Carmelo, Espanha, 2007.