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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS


FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS

AIYRA MALU RITSUKO YOSHIDA ITO / RA00311655

PRÉ-PROJETO DE PESQUISA
A DESIGUALDADE SOCIAL

SÃO PAULO
2023
Pré-Projeto de Pesquisa Acadêmica

A Desigualdade Social: uma análise a partir das teses de Anete Ivo e Pedro F. de Souza

Aiyra Malu Ritsuko Yoshida Ito

Resumo

Desigualdade Social é um tema recorrentemente tratado, já que isto está instaurado na


sociedade desde sua criação. Assim, o seguinte projeto tem como objetivo analisar a
Desigualdade Social a partir de 2 (duas) teses, sendo estes: “Sociologia, Modernidade e
Questão Social” de Anete Ivo e “Desigualdade vista do topo: a concentração de renda entre os
ricos no Brasil, 1926-2013” de Pedro F. de Souza. Cada autor trata da desigualdade social de
sua maneira, utilizando de estratégias diversas, que serão tratadas no projeto, mas com um
único propósito, encontrar uma saída para estudar a desigualdade social. Ademais, o presente
projeto apresentará uma revisão bibliográfica, trazendo as teses apresentadas anteriormente de
forma a explicar cada estratégia utilizada, além de apresentar divergências para com as teses e
então, uma construção de uma nova tese. Deste modo, a análise comparativa/complementar é
uma ótima estratégia para redigir uma nova tese, realizando uma análise histórico comparativa
como fez Pedro, porém, analisando tanto o lado do ricos quanto o lado dos pobres, trazendo
como base a distribuição de renda e, atrelado a isso, analisar o surgimento da questão social
na modernidade traçando uma linha histórica.

Palavras-chave: Desigualdade Social, ricos, pobres;

Introdução

Desigualdade Social, um conceito instaurado nas sociedades do mundo todo, mas que
ninguém consegue encontrar uma estratégia que possa “resolver” a questão de como analisar
tal conceito. Afinal, o que é a “Desigualdade Social”? É a desigualdade das relações humanas,
sendo elas econômica, de gênero, de cor, de crença, de círculo ou grupo social. Para explanar
melhor tal assunto, Anete e Pedro construíram suas ideias sobre este conceito e demonstraram
os seus resultados. Portanto, este estudo apresenta as teses construídas por por ambos os
autores e a que resultados cada um encontrou, apresentando também suas divergências de
estratégias ou até mesmo de conclusão e, então, reconstruindo a tese final para uma visão
mais realista.
Neste projeto, o objetivo é apresentar uma reconstrução das teses, a fim de chegar a
um resultado mais fiel à realidade e seus problemas. Então, é de suma importante a seguinte
pesquisa, pois assim, analisando a origem da Desigualdade Social, seus caminhos e como esta
se instaurou na sociedade atual, pode-se ter uma clareza maior sobre o real conceito e, então,
como ter um maior “equilíbrio” social.

Revisão Bibliográfica

Levando então em consideração as teses “Sociologia, Modernidade e Questão Social”


de Anete Ivo e “Desigualdade vista do topo: a concentração de renda entre os ricos no Brasil,
1926-2013” de Pedro F. de Souza, realiza-se um levantamento de ideias, resultados e
divergências sobre o assunto Desigualdade Social. Portanto, para uma melhor demonstração,
iniciaremos por Anete e, então, seguiremos com Pedro.
Em primeiro lugar, na tese de Anete Ivo, “Sociologia, Modernidade e Questão
Social”, a autora analisa a desigualdade social como uma invenção da modernidade, tendo em
vista o pensamento do surgimento da questão social no contexto da modernidade e as
mudanças que este surgimento gerou. Ademais, a autora traz o debate sobre as forças sociais,
que seriam liberalismo x socialismo, trazendo autores como Tocqueville e Marx, além de
trazer uma construção histórica para explicar a questão social. Por fim, pode-se dizer que
Anete utiliza de uma visão mais moderna, porém, com enfoque para os pobres.
Assim, anete realiza uma reconstrução histórica sobre a questão social, apresentando
gráficos a fim de ilustrar tal situação, iniciando a análise a partir do ano de 1875, na época dos
trabalhadores de lavouras. A partir disso, Anete realiza recortes temporais, analisa os modelos
instaurados e seus resultados para a época. Em uma das passagens, a autora realiza uma
análise dos anos de 1995 a 2005, no qual rege o modelo liberal clássico. Neste caso, um
gráfico de rendimento médio mensal dos trabalhadores em real, ou seja, no Brasil, de acordo
com os anos. Neste caso, segundo a pesquisadora, houve a
… redução do custo do trabalho e aplicação da política social no limite dos
mínimos sociais. De toda forma, as melhorias do poder aquisitivo do salário mínimo
resultante da redução dos custos da cesta básica constituíram-se mecanismos
redistributivos de caráter universal. (ANETE, 2008).

Ademais, Anete chega às seguintes conclusões: entre os anos de 70 e 80, os


movimentos sociais que ocorreram nesta época juntamente com as lutas sociais para o
restabelecimento da democracia brasileira, foram o motor da disseminação dos valores
republicanos. Contudo, nos anos 90, com a “reestruturação produtiva e as políticas
econômicas de ajustamento fiscal” (ANETE, 2008), criaram um obstáculo para a
implementação de políticas redistributivas, o que desencadeou uma maior igualdade.
Além disso, Anete identificou sua tese em duas partes, sendo a primeira uma
construção histórico-social, apresentando a formulação da questão social na modernidade,
instaurada por conta do trabalho. Portanto, desta parte, a identificação do trabalho como
centro da organização da sociedade, apresenta um lado em que o movimento operário seria
capaz de integrar interesses mais amplos, porém, por outro lado, o Estado seria o regular de
conflitos dos diferentes interesses.
Portanto, para esta análise, a autora tomou como partida a consideração da sociologia
como a disciplina com maior envolvimento na sociedade moderna. Tendo essa ideia de
sociologia como ciência interventora na sociedade, demonstra concomitantemente a ideia de
uma realidade social totalmente ligada a forma como o Estado atua, deixando com que as
sociedades criem desigualdades marcadas por interesses.
Na segunda parte analisa a questão social como um problema público, tendo como
base o recorte temporal de 1980 e 2000. Nesta análise, a autora considera a historicidade,
trazendo à tona o processo de desocupação no Brasil que, então, apresentou implicações na
modernidade, determinando um ambiente precário. Assim, pode-se analisar que, por meio da
tese de Anete, a sociedade com suas formas de proteção depreciada, passa a inclui uns na
sociedade, porém, exclui outros, interagindo em um conflito de redistribuição de renda de
pobres e quase pobres.
Já Pedro F. de Souza, autor de “Desigualdade vista do topo: a concentração de renda
entre os ricos no Brasil, 1926-2013”, analisa a questão social a partir de uma comparação
histórica, trazendo dados da desigualdade social em cada época ou regime. Portanto, nesta
análise, faz-se uso de comparações dos índices de distribuição de renda em relação a
determinados períodos, como durante o Estado Novo, a 2ª Guerra e o pós-guerra, por
exemplo. Ademais, faz-se uma análise empírica sobre a repartição da renda entre ricos, uma
comparação da desigualdade do Brasil em relação aos outros países e uma análise dos dados
tributários em relação às PNADs e os Censos. Pode-se então observar que, diante da tese de
Pedro, a questão principal seria discutir e estudar sobre a distribuição de renda com enfoque
para os mais ricos.
Portanto, o objetivo de Pedro em sua tese é de analisar a distribuição de renda das
últimas 9 (nove) décadas e apresentar uma estimativa da desigualdade de renda durante esta
época. Com isso, o autor pôde estimar a concentração de renda no topo, ou seja, nos ricos.
Para isto, o autor também realiza uma perspectiva histórica, apresentando que o discurso de
desigualdade social surgiu a partir do “dualismo ‘colônia de exploração’ vs. ‘colônia de
povoamento” (MONASTÉRIO; EHRL, 2015). Então, para a construção de sua tese, Pedro,
assim como Anete, a divide em duas partes.
A primeira parte serve como uma introdução histórica sobre os contínuos estudos da
questão social em análise dos ricos, com o objetivo de demonstrar os altos e baixos deste tipo
de análise. Para isso, o autor utiliza como base a tipologia de David Cannadine, que define
que:

… os inúmeros discursos podem ser resumidos em trê modelos básicos: o


modelo hierárquico, que concebe a sociedade com uma sequência graduada de
relações de superioridade e inferioridade; o triádico, que postula a existência de trê
grandes grupos … classes baixas, médias e altas; e o dicotômico ou binário, que vê a
sociedade polarizada em doi grupos em conflito latente ou explícito. (PEDRO,
2016).

Na segunda parte de sua tese, o autor dialoga sobre as recentes tendências, conhecido
como “crescimento pró pobre”, que analisa a relevância dos ricos na discussão da questão
social e o uso do imposto de renda como fonte de análise. Portanto, o autor utiliza dos
gráficos de tabulações tributárias para analisar tal assunto, apresentando a forma de apuração
de tais dados e os procedimentos tomados. Ademais, o autor trata de episódios como a
alternância entre ditadura e democracia que se instaurou na história do Brasil e como este fato
afetou a desigualdade no país, além de comparar a desigualdade do Brasil com o mundo,
trazendo à tona o momento em que o país se tornou muito desigual.
Contudo, para este autor, como resultado de suas análises, a tendência do Brasil é
continuar com a concentração de renda no topo, ou seja, com os mais riscos, dando
continuidade aos estudos de desigualdade com enfoque nos mais riscos.
Assim, pode-se observar que, diante das teses apresentadas acima, nenhuma contempla
uma análise completa sobre a questão social, já que a primeira traz um enfoque para os mais
pobres e a segunda uma análise concentrada sobre os mais ricos. Portanto, pode-se realizar
uma reconstrução sobre as ditas teses e analisá-los como conjuntos, complementando um ao
outro.

Objetivos

Tendo em vista a revisão bibliográfica realizada acima, o objetivo deste trabalho se


reduz em tratar sobre a desigualdade social a partir das duas teses supracitadas. Ademais,
realizar uma reconstrução teórica e uma nova tese contempla os objetivos secundários.
Portanto, pode-se observar que, por meio do que foi apresentado nas teses de Anete e
Pedro, ambos realizam análises com diferentes estratégias. Enquanto Anete trata a
desigualdade a partir de uma construção histórica, trazendo a sociologia como forma de
análise, a constante desigualdade que destoa entre pobres e quase pobres e o trabalho como
centro de pesquisa, enquanto Pedro trata o assunto de forma histórica, porém, advindo da
colonização, além de tratar o assunto a partir da tipologia de David, tratada anteriormente,
dando o enfoque de seus estudos ao topo, ou seja, os ricos.
A partir disso, observa-se que, nenhuma das teses analisa a desigualdade como um
todo, tratando dos pobres e dos ricos, sempre um dos autores escolhe um lado de pesquisa, o
que a torna fraca. Então, para a reconstrução de tese, utiliza-se a ideia de ambos os autores em
conjunto, para então, obter uma análise completa.
Assim, a desigualdade social no país se dá a partir da ideia de Ehrl, no qual o conceito
se formou a partir da época das colônias, onde já apresentou um tipo de desigualdade. A partir
disso, esta questão social apenas se deu continuidade, se instaurando na sociedade moderna
com o passar dos tempos, no qual o trabalho e o modelo de distribuição de renda a partir da
atuação do Estado apenas afirmou cada vez mais o estabelecimento da desigualdade.
Ademais, a distribuição de renda não deve ser analisada apenas sobre os mais ricos,
mas sim em uma comparação geral, analisando a distribuição para ricos, pobres e, como
Anete utiliza, os quase pobres. Com isso, pode-se analisar quais as porcentagem de
distribuição de renda e, então, classificar a sociedade em ricos e pobres e sua concentração.
Deve-se também analisar a desigualdade não apenas como questão econômica, mas também
como questão de raça e cor, pois assim, a análise contemplaria a todos.
No Brasil, a desigualdade de cor e raça está abruptamente associada à desigualdade
econômica, já que a maior parte do grupo considerado pobre apresenta pessoas de cor preta
e/ou refugiados. O mesmo se dá para o oposto, já que quando se tratam de pessoas ricas,
pode-se ver uma grande hegemonia de pessoas brancas. Portanto, a desigualdade social não
deve ser analisada de forma restringida a questão econômica, mas também traduzida as
questões de raça.

Metodologia

Esta pesquisa utilizou como base as teses construídas por Pedro Souza e Anete Ivo,
analisando-as e reconstruindo uma nova tese a partir dos resultados obtidos pelos autores. As
respostas desta foram alcançadas a partir da análise e identificação de pontos fracos de ambas
as teses, trazendo uma solução não para a Desigualdade Social, mas para com a forma de
analisá-la. A pesquisa realiza uma construção histórico temporal, apresentando análises da era
colonial do Brasil até os dias atuais, realizando uma análise em períodos. Os dados analisados
partiram das teses citadas, podendo estas ser gráficos de rendimentos em determinadas épocas
ou até mesmo um tabela de distribuição de renda ou Imposto retirados do banco de dados do
governo.

Referências Bibliográficas

IVO, Anete. Sociologia, Modernidade e Questão Social. Tese (Doutorado em Sociologia) -


Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal de Pernambuco. Recife,
2008;

SOUZA, Pedro F. de. Desigualdade vista do topo: a concentração de renda entre os ricos
no Brasil, 1926-2013. Tese (Doutorado em Sociologia) - Departamento de Sociologia,
Universidade de Brasília/UnB. Brasília, 2016;

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