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Instalações Elétricas

Aula 5

Prof. Julio Cesar Nitsch

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
Conversa inicial
Olá! Seja bem-vindo(a) à quinta aula da disciplina Instalações Elétricas!
Nesse encontro, estudaremos a gestão administrativa de instalações elétricas,
que impacta diretamente no resultado final e orçamento de um projeto.
O desenvolvimento de um serviço de instalações elétricas em uma obra
deve ser acompanhado com base em planilhas e cronogramas. É fundamental
para o engenheiro ter todas as informações necessárias para saber as etapas
do seu serviço, logo, muitas vezes, a parte administrativa e de gestão se
sobrepõem temporariamente à parte técnica ou de engenharia.
É importante dominar ferramentas de gestão que nos auxiliam a verificar
em que ponto estamos no serviço contratado. Ao final do trabalho, devemos
saber se não estamos deixando de cumprir os objetivos que foram previamente
contratados.

Contextualizando
Estamos quase chegando ao final da disciplina. Agora, devemos fazer
uma abordagem das cargas elétricas de uma determinada instalação, o que nos
dará uma visão geral do trabalho a ser realizado e, principalmente, nos dará
condições de saber quanto de potência necessitaremos requisitar junto à
concessionária de energia.
A partir das cargas instaladas e demandadas, podemos solicitar a ligação
da entrada de energia da instalação elétrica. Esta é a fase em que o serviço
contratado está chegando ao fim. A gestão do projeto contabiliza os seus
indicadores e devemos verificar se tudo que foi contratado está realizado, bem
como os valores cobrados e pagos.

Tema 1: Carga instalada


Podemos definir a carga instalada como a somatória de todas as cargas
de uma instalação, o que nos daria uma projeção como a da figura a seguir.

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Porém, devemos ampliar um pouco nossa definição. Vamos verificar em
relação ao tempo: ao longo da existência de uma instalação elétrica, podemos
prever que a carga instalada sofra alguma alteração. Geralmente, tratamos de
um aumento de carga com a compra de mais uma máquina ou a ampliação da
área de produção.

Porém, algumas vezes, podemos ter uma diminuição devido à retirada de


uma máquina de grande porte ou mudança de tecnologia, como a troca da
iluminação tradicional por leds, por exemplo. Assim, nossa carga instalada pode
sofrer algumas alterações.

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Essa mudança de carga faz parte do gerenciamento de longo prazo da
instalação e, geralmente, está atrelada à gestão da finalidade da instalação
elétrica. A carga instalada é, geralmente, apresentada no quadro de cargas ao
final do projeto elétrico, como podemos ver no exemplo da tabela a seguir.

Tema 2: Carga demandada


Podemos conceituar a potência demandada de uma instalação como o
conjunto de cargas que são utilizadas simultaneamente em uma instalação.
Ou seja, nem todas as cargas instaladas são utilizadas simultaneamente. Essa

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simultaneidade se repete em valores aproximados ao longo do tempo, que pode
ser horas, dias ou meses.
A imagem a seguir mostra a demanda sobre a iluminação dos prédios. Ou
seja, somente uma parte da iluminação instalada está sendo utilizada. A mesma
situação acontece, por exemplo, com os chuveiros de um prédio de
apartamentos. A probabilidade de todos os chuveiros serem utilizados ao mesmo
tempo é bastante reduzida.

A taxa e periodicidade de utilização chamada de demanda apresenta


curvas que são características de uma determinada instalação e sua utilização.
A imagem a seguir representa uma típica curva de demanda de uma instalação
elétrica.

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Essa curva de carga demandada se repete em todas as instalações. Por
exemplo, a figura a seguir apresenta a curva de demanda diária para a cidade
de São Paulo em dois meses diferentes.

A curva de demanda nos auxilia em vários tópicos:


 Como nos mostra o consumo de uma instalação, pode auxiliar na
tomada de decisões para a redução e economia do consumo de energia;
 O ponto da demanda máxima auxilia na contratação de fornecimento de
energia no horário de pico, geralmente em torno das 17h às 19h,
conforme a localização no país;
 A curva pode ainda mostrar os horários em que uma manutenção pode
ser realizada, trazendo o mínimo de interferência na produção de uma
fábrica, por exemplo.

Tema 3: Cálculo da carga instalada


A princípio, o cálculo da carga instalada parece algo óbvio: apenas
somamos todas as cargas previstas no projeto. Porém, vamos a alguns
desdobramentos importantes.
Em instalações de pequeno porte, como residências, é comum a
equivalência entre watts (W) e volt-ampère (VA). Assim, uma instalação elétrica

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de uma casa ou pequena loja pode ser representada por 5,6 kW ou por 5,6 kVA,
por exemplo.

Nesse caso, assumimos que o fator de potência (cos ) é muito próximo

de 1 ou é um valor que pode ser desconsiderado. Por outro lado, em instalações


de maior porte, as potências ativa, reativa e aparente (ou total) devem ser
discriminadas. Vamos a alguns exemplos.
Um forno elétrico de 10 kW e fator de potência 1 será colocado como:
Carga cos  Potência Ativa Potência Potência
(kW) reativa (kvar) total (kVA)
Forno elétrico 1 10 0 10

Um motor elétrico de 10 CV elétrico será colocado como:


Carga cos  Potência Ativa Potência Potência
(kW) reativa (kvar) total (kVA)
Motor 1 0,76 7,4 6,3 9,7
E para um quadro de cargas hipotético, teremos o seguinte cálculo que
resume a instalação.
Carga cos Potência Ativa Potência reativa Potência total

 (kW) (kvar) (kVA)

Motor 1 0,76 7,4 6,3 9,7


Iluminação 0,9 31,5 15,25 35
Forno elétrico 1 10 0 10
Tomadas 0,7 5,5 5,62 7,86
Prensa 0,87 12,35 7,0 14,19
Tratamento 1 44 0 44
térmico
Total 0,955 110,75 34,17 115,90

Lembrando que não se pode somar diretamente as potências em kVA.

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Tema 4: Cálculo da potência demandada
Como vimos, não utilizamos necessariamente toda a carga instalada ao
mesmo tempo. Para dimensionar os alimentadores de quadros e de instalações
gerais, nos valemos do conceito de demanda. A norma NBR 5410:2004 o
apresenta, porém não determina qual o percentual que pode ser demandado:

Art. 4.2.1.1.2
Na determinação da potência de alimentação de uma instalação ou de
parte de uma instalação devem ser computados os equipamentos de utilização
a serem alimentados, com suas respectivas potências nominais e, em seguida,
consideradas as possibilidades de não-simultaneidade de funcionamento destes
equipamentos, bem como capacidade de reserva para futuras ampliações.

Verifique que a norma não estabelece índice de demanda, valor que fica
a cargo do projetista da instalação, mas a norma prescreve que o índice adotado
deve ser especificado no projeto. A instalação deve ser executada a partir de
projeto específico, que deve conter, no mínimo:

a. Plantas;

b. Esquemas unifilares e outros, quando aplicáveis;

c. Detalhes de montagem, quando necessários;

d. Memorial descritivo da instalação;

e. Especificação dos componentes: descrição, características nominais e


normas a serem atendidas;

f. Parâmetros de projeto (correntes de curto-circuito, queda de tensão,


fatores de demanda considerados, temperatura ambiente, etc.).

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Essa situação leva a uma consideração importante: o projetista deve estar
seguro dos fatores de demanda a serem aplicados nas mais diversas situações.
Um caso clássico de indicação de cálculo de demanda é apresentado para
as residências, conforme a fórmula a seguir:

D= (P1 x g1) + (P2 x g2)

Em que:
 D é a demanda de uma unidade consumidora residencial;
 P1 é a soma da iluminação e tomadas de uso geral;
 P2 é a soma das potências das tomadas de uso específico;
 G1 é o fator de demanda dado pela tabela 1;
 G2 é o fator de demanda dado pela tabela 2.

Consulte as tabelas de referência indicadas a seguir:

Algumas bibliografias trazem indicações para fatores de demanda que


podem ser utilizados para outras aplicações. Preferimos, no entanto, não indicar
fatores de demanda. O estudo criterioso deve ser o principal orientador.

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Tema 5: Classificação do consumidor
Estabelecida a potência demandada para um projeto ou instalação,
podemos classificar esse consumidor perante as concessionárias de energia de
todo o país. A tabela a seguir foi retirada da norma de fornecimento em baixa
tensão da COPEL, uma das concessionárias de energia para o Paraná.

Na segunda coluna, temos a máxima potência demandada de


fornecimento. Tomando por exemplo a categoria 30, vemos que a potência
máxima demandada é de 30 kVA com um disjuntor que tem a função de limitador
de fornecimento de 100 A em um sistema trifásico.
Tabelas semelhantes são encontradas em todas as concessionárias do
país. De uma maneira geral, a máxima corrente de alimentação em baixa tensão
é de 200 A. A partir daí a entrega de energia passa a ser em alta tensão, mesmo
para residências!

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Trocando Ideias
Chegou a hora de participar do fórum!
Discuta com seus colegas os cálculos de potência demandada para uma
instalação. Faça um quadro de cargas fictício e calculem juntos a carga instalada
em kW, kvar e kVA.

Na Prática
Entradas de energia são facilmente observáveis, por isso convidamos
você a fazer alguns exercícios quanto a isso, treinando seu olhar de engenheiro:
 Classifique a sua entrada de energia junto à concessionária da sua
região;
 Verifique também a entrada de serviços dos vizinhos e parentes. Você
conhece alguma residência que tenha uma entrada de energia em alta
tensão?

Síntese
Nessa aula, sintetizamos o tratamento e utilização das potências em um
projeto elétrico ou em uma instalação elétrica. Procure se habituar com os
termos, pois são largamente utilizados na engenharia elétrica, e exercite-os em
situações reais. Bons estudos e bom trabalho!

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Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410:2004:


Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Rio de Janeiro, 2010.

CAVALIN, G. & CERVELIN, S. Instalações elétricas prediais. 10ª ed. São


Paulo: Editora Érica, 2010.

COTRIM, A. Instalações elétricas. 5ª ed. Rio de Janeiro: Editora Prentice Hall,


2014.

CREDER, H. Instalações elétricas.15ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2013.

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