Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
888-0, DE MARINGÁ, 4ª
VARA CRIMINAL.
RECORRENTES – 1) MARCOS JESUS DA SILVA
2) LUIZ CAVICCHIOLI FORINI
RECORRIDOS – 1) MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ
2) MILTON CANEVARE COALIO (ASSISTENTE
DE ACUSAÇÃO) E OUTRO
RELATOR – DES. TELMO CHEREM
"No dia 13 de agosto de 2003, por volta das 19:10 horas, na Av. Colombo,
nesta cidade e Comarca de Maringá, o primeiro denunciado MARCOS
JESUS DA SILVA, conduzindo seu veículo Omega CD, placas LIT-9608, e
o segundo denunciado LUIZ CAVICCHIOLI FIORINI, conduzindo seu
veículo automotor GM/Omega, placas HUI-6421, cônscios da ilicitude e
reprovabilidade de suas condutas, participaram de disputa não autorizada
pela autoridade competente, iniciando-se a disputa no cruzamento da
referida avenida com a Rua Paranaguá, no sentido Maringá - Paranavaí.
Consta que passados cerca de 400m do referido cruzamento, os veículos
atingiram velocidade superior ao dobro da permitida no local e, deste
modo, colocaram em risco a incolumidade pública e a segurança alheia.
No curso do precitado 'racha', defronte ao nº 6.808, o denunciado
MARCOS JESUS DA SILVA ao realizar manobra perigosa e proibida de
ultrapassagem do outro veículo pelo lado direito da via pública atropelou a
pedestre e vítima Fabíula Regina Coalio, de apenas 12 anos de idade (cf.
certidão de nascimento de fl. 69), que buscava cruzar a via pública da
direita para o canteiro central, produzindo-lhe as lesões corporais
descritas pelo laudo de exame cadavérico de fl. 64, que foram a causa de
sua morte por politraumatismo em decorrência de ação contundente, sendo
que o primeiro denunciado deixou de prestar socorro à vítima, evadindo-
se do local, o mesmo sucedendo com o segundo denunciado.
Embora não querendo propriamente o evento final, o primeiro denunciado,
ao imprimir ao seu conduzido excessiva velocidade, absolutamente
incompatível à segurança do trânsito urbano, demonstrando gosto pelo
perigo, previu o resultado como possível e o admitiu como conseqüência
de sua conduta, sendo para ele completamente indiferente viesse, ou não,
atropelar alguém. Ao invés de desistir de sua conduta arriscada e perigosa,
o primeiro denunciado preferiu ver a ocorrência do resultado, aceitando-
o de antemão e assumindo o risco de produzi-lo.
O segundo denunciado, ciente e voluntariamente, concorreu para a
prática do crime de homicídio, pois estava ligado ao primeiro denunciado
pelo mesmo interesse, isto é, a participação em disputa não autorizada pela
autoridade competente, incentivando-o e encorajando-o a prosseguir na
perigosa conduta, sendo para ele indiferente se viesse, ou não, a matar
alguém.”
tornam razoável a tese acusatória de que o primeiro Recorrente teria agido com
dolo eventual ao atropelar a Vítima, enquanto que o segundo Recorrente, também
com dolo eventual, teria contribuído à produção do resultado morte emulando o
primeiro a tentar superá-lo na corrida automobilística que empreenderam.
ANTE O EXPOSTO: