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CAPANEMA - PA
2023
OZIEL CEREJA NEVES
CAPANEMA - PA
2023
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecas da Universidade Federal Rural da Amazônia
Gerada automaticamente mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
Banca examinadora:
________________________________________________
Prof. Dr. Daniel Pereira Pinheiro (UFRA-Capanema)
Orientador
_______________________________________________
Prof. Dr. José Nilton da Silva (UFRA- Parauapebas)
Membro 1
________________________________________________
Prof. M.Sc Igor de Souza Gomide (UFRA- Capanema)
Membro 2
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me dar saúde, paz, alegria, forças e capacidade para
seguir firme e confiante na caminhada da vida.
Aos meus pais Ozias Ferreira Neves e Roseli Modesto Cereja, pelo apoio
incondicional, por acreditarem em mim, por serem minha fonte de inspiração e
exemplo de seres humanos batalhadores, sempre me incentivando a ir mais
longe. Sem vocês esse sonho não seria possível, por isso, essa conquista
também é de vocês. Sou grato por tudo.
Ao meu avô materno Gregório Cereja, minha avó materna Renil Modesto e
minha avó paterna Livaldina Ferreira, agradeço pelo amor e carinho que sempre
me deram, pelo cuidado com a nossa família, por me incentivarem a estudar e
por serem exemplo de vida e de superação.
Aos meus amigos: Rodrigo Silva, Dhone Nascimento, Lourenço Valente, Antonio
Neto, Wellison Luz, Nadiele Alves e Enzo Albuquerque, que através do curso se
tornaram amigos com os quais pude contar para tornar essa jornada menos difícil
e mais divertida. Sou grato por tudo e desejo tudo de bom para vocês.
Aos meus colegas de turma e da UFRA que fizeram parte dessa jornada.
A erosão causada pela ação da água da chuva é considerada uma das principais
causas de degradação dos solos agrícolas no país, contudo seus efeitos
negativos podem ser reduzidos ou controlados mediante a adoção de manejos
e práticas conservacionistas nas áreas mais suscetíveis. Dessa forma, este
estudo objetivou estimar, através da Equação Universal de Perdas de Solo
Revisada (RUSLE), a perda de solos provocada pela erosão hídrica na
Microbacia Hidrográfica do Rio Ouricuri (MBHRO), localizada no Nordeste
Paraense. A perda de solo é estimada através da correlação de fatores da
erosão, o fator erosividade foi obtido através dos registros das estações
pluviométricas no período de 22 anos; o fator de erosividade foi obtido através
do mapa de solos do Brasil; o fator topográfico foi determinado através do
Modelo Digital de Elevação (MDE) e o fator de uso e cobertura do solo foi obtido
através do mapa de uso e cobertura do solo do Projeto Terraclass para o ano de
2014. Os resultados obtidos mostram que as maiores perdas de solo (>120 t.ha-
1.ano-1) ocorrem em 0,29% da área, e que existe predominância de perdas de
solo da classe pequena (<10 t.ha-1.ano-1) na MBHRO, ocorrendo em 80,05% da
área avaliada, devido a influência da topografia no processo erosivo, onde os
baixos valores de LS (LS <1) reduzem os valores estimados para as perdas de
solo. Dessa forma, é necessário que sejam adotadas práticas conservacionistas
na área de estudo visando controlar e reduzir as perdas de solo por erosão
hídrica, principalmente nas áreas onde foram identificadas perdas de solo forte
e muito forte.
Palavras-chave: RUSLE; Erosão hídrica; Geoprocessamento; Perdas de solo;
Rio Ouricuri.
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 10
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................. 12
2.1. Bacia hidrográfica ............................................................................... 12
2.2. Erosão hídrica dos solos e o modelo RUSLE ................................... 13
2.3. Componentes da RUSLE..................................................................... 16
2.3.1. Fator erosividade (R) ............................................................................. 16
2.3.2. Fator erodibilidade (K) ........................................................................... 16
2.3.3. Fator topográfico (LS) ............................................................................ 17
2.3.4. Fator uso do solo (C) ............................................................................. 17
2.3.5. Fator de práticas conservacionistas (P) ................................................. 17
2.4. SIGs e o modelo RUSLE...................................................................... 17
3. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................... 19
3.1. Localização da área de estudo ........................................................... 19
3.2. Caracterização da área de estudo ...................................................... 19
3.3. Base de dados ..................................................................................... 20
3.4. Obtenção dos fatores .......................................................................... 21
3.4.1. Fator A ................................................................................................... 21
3.4.2. Fator R ................................................................................................... 21
3.4.3. Fator K ................................................................................................... 23
3.4.4. Fator LS ................................................................................................. 23
3.4.5. Fator CP ................................................................................................ 24
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 26
4.1. Erosividade da chuva (R) .................................................................... 26
4.2. Erodibilidade do solo (K) .................................................................... 28
4.3. Fator topográfico (LS) ......................................................................... 30
4.4. Uso e manejo do solo (CP) ................................................................. 32
4.5. Perda de solo (A) ................................................................................. 34
5. CONCLUSÃO ........................................................................................ 36
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 37
10
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DE LITERATURA
3. MATERIAL E MÉTODOS
Fonte: O autor.
3.2. Caracterização da área de estudo
A MBHRO abrange áreas de três municípios da Mesorregião do Nordeste
Paraense, sendo eles: Capanema, Peixe-Boi e Bonito. Esses municípios apresentam
clima do tipo Am, segundo a classificação de Koppen (Furtado; Rodrigues; Santos,
1996; Pereira et al., 2016). O município de Capanema apresenta precipitação média
anual em torno de 2.200 mm e temperaturas médias anuais em torno de 26°C, são
encontrados no município solos da classe dos Latossolos Amarelos, Neossolos
Quartzarênicos, Neossolos Flúvicos e Gleissolos (FAPESPA, 2022a). O município de
Peixe-Boi apresenta precipitação média anual de 2.300 mm e temperaturas médias
20
0,841
𝑝2
𝐸𝐼 = 68,730 ∗ ( 𝑃 ) (2)
Fonte: O autor.
23
disponibilizado pelo USGS, de modo que, o primeiro passo foi obter um MDEHC, para
isso, foi utilizado a ferramenta “r.fill.dir” do complemento GRASS GIS.
Os dados de declividade foram obtidos através da ferramenta de análise Raster
“declive” do software QGIS, utilizando os dados de elevação do MDE com resolução
de 30 m. Dessa forma, possibilitando a geração do fator S e do mapa de classificação
do relevo.
Em seguida, utilizou-se a ferramenta LS factor do complemento SAGA GIS para
avaliação automatizada do MDEHC e obtenção do fator topográfico (LS). A ferramenta
requer como entrada as informações de declividade e de área de contribuição, e utiliza
o modelo matemático formulado por Desmet e Govers (1996) para extrair o fator L:
𝑚+1 𝑚+1
((𝐴(𝑖,𝑗) + 𝐷²) − (𝐴(𝑖,𝑗) ) )
𝐿(𝑖,𝑗) = 𝑚
𝐷𝑚+2 ∗ 𝑥(𝑖,𝑗) ∗ 22,13
Onde:
Li,j: fator de comprimento de vertente de uma célula com coordenadas (i, j); A i,j: área
de contribuição de uma célula com coordenadas (i, j) (m²); D: tamanho da grade de
células (m); xi,j: valor da direção do fluxo; e m: coeficiente que assume os valores em
função da declividade: m = 0,5, se s > 5%; m= 0,4, se 3% > s ≤ 5%; m= 0,3, se 1 > s
≤ 3%; e m= 0,2 se < 1%.
Dessa forma, os valores de L e S são processados dentro da ferramenta
gerando um produto no formato Raster.
3.4.5. Fator CP
O fator CP é constituído do fator de uso e manejo do solo (C) com o fator de
práticas conservacionistas (P) e exemplifica os efeitos dessas práticas e manejos no
controle da erosão hídrica laminar. Este fator foi baseado nos dados de uso e
ocupação do solo do projeto TerraClass Amazônia, do INPE, para o ano de 2014,
sendo os dados mais recentes até o momento da execução deste estudo. Dessa
forma, os valores para o fator C foram inseridos na tabela de atributos do arquivo
vetorial, com o auxílio do software QGIS 3.22, posteriormente transformando-o para o
formato Raster (matricial). A Tabela 2 expõe as classes de uso do solo e seus
respectivos valores para o fator C. Os valores de uso e manejo do solo foram obtidos
através do trabalho de Santos (2021), onde a autora utilizou a mesma base de dados
de uso do solo para atribuir os valores do fator C para a bacia do rio Caeté, próxima
da área de estudo deste trabalho.
25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
2700 2636
2600
Precipitação (mm)
2400
2300 2267
2236
2200
2100
2000
Capanema Nova Ourém Primavera Tracuateua
Timboteua
Estações Pluviométricas
14000 13189,49
Erosividade (MJ.mm/ha.h.ano)
12135,59
12000 11350,90
10278,41 10092,37
10000
8000
6000
4000
2000
0
Capanema Nova Ourém Primavera Tracuateua
Timboteua
Estações Pluviométricas
Fonte: O autor.
28
Fonte: O autor.
Os Latossolos e Neossolos da região compartilham a característica de
apresentarem baixa fertilidade natural, no entanto, os Latossolos são solos com boas
características físicas, por serem mais intemperizados, apresentam maior porosidade,
são mais profundos e bem drenados, favorecendo a infiltração da água da chuva,
contudo, quando apresentam textura média ou arenosa podem sofrer mais com o
processo erosivo por apresentar menor agregação das partículas do solo e maior
suscetibilidade ao danos causados pelo impacto da gota da chuva (Coelho et al., 2002;
Lepsch, 2010; Silva, 1995).
Por apresentarem baixa profundidade e fraca estruturação os Neossolos são
considerados como solos de elevada suscetibilidade à erosão, os Neossolos
Quatzarênicos apresentam a peculiaridade de serem mais profundos se comparados
com outras subordens de Neossolos, como os Litólicos por exemplo, no entanto, a
sua textura favorece a erosão, pois, são solos essencialmente arenosos e,
consequentemente, são mais fáceis de serem desagregados e escoados
superficialmente, mesmo em relevos mais planos (Coelho et al., 2002; Lepsch, 2010).
Dessa forma, os solos encontrados na área de estudo apresentam
suscetibilidade natural a processos erosivos, principalmente, em razão de sua textura,
30
podendo ter seus impactos acelerados com a utilização de culturas e manejos que
não favoreçam o incremento de matéria orgânica e a cobertura do solo nos períodos
de maior incidência de chuvas (Gorayeb; Pereira, 2014; Lopes; Rodrigues; Oliveira
Junior, 1999).
4.3. Fator topográfico (LS)
A declividade na área de estudo variou de 0% a 27,5%, sendo identificadas quatro
classes de relevo de acordo com a classificação preconizada pela Embrapa (1979)
(Figura 11), de modo que, a classe de relevos planos e suave-ondulados são as mais
predominantes na área, com ocorrência em 34% e 49% da área da MBHRO,
respectivamente.
Figura 11 – Mapa de Classificação do relevo na MBHRO.
Fonte: O autor.
Os valores do fator LS variaram de 0,04 a 5,70 (adimensional) (Figura 12). Silva
et al. (2005) destacam que, matematicamente, valores de LS abaixo de 1 configuram
áreas onde o relevo não exerce o papel de acelerador da erosão, pelo contrário, atua
como amenizador, quando o valor de LS é igual a 1 a atuação do relevo na perda de
solos é nula, em contrapartida, maior é a atuação do relevo na aceleração do processo
erosivo quando os valores de LS ultrapassam 1.
31
Fonte: O autor.
Dessa forma, a partir da classificação do mapa do fator topográfico (Tabela 5 e
Figura 13), foi possível observar que em 80,03% da área estudada encontra-se
valores de LS abaixo de 1, em condições de relevos planos a suave-ondulados, em
contrapartida, os maiores valores de LS na MBHRO e, consequentemente, os locais
onde o processo erosivo é mais acelerado, são observados nas áreas de declividade
mais acentuada, de relevos ondulados e forte-ondulados, apresentando menor
ocorrência na área.
Vale ressaltar que grande parte da área da MBHRO apresenta valores de LS
entre 0 e 1, configurando a baixa participação do relevo no processo erosivo, contudo,
a alta pluviosidade da região, a fragilidade dos solos presentes na área, o manejo
inadequado e ausência de práticas conservacionistas pode resultar em perdas de solo
elevadas, ainda que em condições de relevos mais planos (Coelho et al., 2002; Lopes;
Rodrigues; Oliveira Junior, 1999).
32
Fonte: O autor.
4.4. Uso e manejo do solo (CP)
Na MBHRO as classes de usos e manejos do solo encontradas através dos
dados de uso e ocupação do solo do Projeto Terraclass Amazônia para o ano de 2014
são áreas urbanas, florestas, vegetação secundária, mineração, pasto com solo
exposto, pasto limpo, pasto sujo, regeneração com pasto, hidrografia, mosaico de
ocupações e áreas não observadas (Figura 14), sendo mais predominante a
ocorrência das áreas de pasto limpo, vegetação secundária, áreas não observadas e
floresta (Tabela 6). Vale ressaltar que 8,35% da área da bacia avaliada é composta
de área urbana, correspondente a sede do município de Capanema.
33
Fonte: O autor.
4.5. Perda de solo (A)
A perda de solo estimada na área varia entre 0 e 1045 t. ha-1. ano-1, os valores
de perdas de solo foram classificados de acordo com os intervalos proposto por Duarte
(2018) (Figura 15). A partir da classificação das perdas de solo, observou-se que em
80,05% da área da MBHRO ocorrem perdas de solo pequenas, sendo a classe de
maior ocorrência, seguida da classe média, que ocorre em 11,30% da área (Tabela
7).
Tabela 7 - Classes de perdas de solo na MBHRO.
Fonte: O autor.
Os menores valores de perdas de solo na microbacia estudada ocorrem nas
regiões de relevos mais planos, com menor fator LS, de cobertura vegetal menos
favorável a erosão, como o pasto limpo em relação ao pasto sujo, e, são observadas
em maior ocorrência na classe do Latossolo Amarelo. Em contrapartida, os maiores
valores de perdas de solo, da classe de forte a muito forte, foram observados na área
de ocorrência dos Neossolos Quartzarênicos, por apresentarem valor de fator K maior
que o Latossolo. Os maiores valores de perdas de solos ocorreram nas áreas onde
houve a interação de elevados valores dos fatores R, K e LS com as áreas de
mineração e áreas não observadas, em razão de serem as áreas com os maiores
valores de fator C da área de estudo.
Apenas nas áreas de mineração foram encontrados valores de perdas de solo
de 1.045 t.ha-¹.ano-¹, sendo que, essas áreas correspondem a apenas 0,01% da área
estudada, aproximadamente 3,4 ha, esses valores são explicados através do
parâmetro adotado na equação, no qual o fator C para as áreas de mineração foi o
mais elevado possível (C = 1), pois essa atividade está relacionada com áreas de solo
exposto, remoção de camadas do solo, supressão de cobertura vegetal e aceleração
dos processos erosivos, resultando em maiores perdas de solo (Corrêa, 2009).
36
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, C. A. DE et al. High spatial resolution land use and land cover mapping of
the Brazilian Legal Amazon in 2008 using Landsat-5/TM and MODIS data. Acta
Amazonica, v. 46, n. 3, p. 291–302, set. 2016.
BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. 10. ed. Ícone, 2017.
PEREIRA, L. C.; TOSTO, S. G.; ROMEIRO, A. R. Uso das terras: perdas de solo por
erosão e valoração econômica. In: SEABRA, G. (Ed.). Terra: mudanças climáticas
e biodiversidade. Ituiutaba: Barlavento, 2019. p. 929–943.
SILVA, A. M. Rainfall erosivity map for Brazil. Catena, v. 57, n. 3, p. 251–259, 2004.
USGS. Earth Explorer. United State Geological Survey, 2023. Disponível em:
https://earthexplorer.usgs.gov. Acesso em: 25/02/2023.