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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE CAPANEMA
BACHARELADO EM AGRONOMIA

OZIEL CEREJA NEVES

PERDAS DE SOLO POR EROSÃO HÍDRICA NA MICROBACIA


HIDROGRÁFICA DO RIO OURICURI, NORDESTE PARAENSE

CAPANEMA - PA
2023
OZIEL CEREJA NEVES

PERDAS DE SOLO POR EROSÃO HÍDRICA NA MICROBACIA


HIDROGRÁFICA DO RIO OURICURI, NORDESTE PARAENSE

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à Universidade Federal Rural
da Amazônia, como parte das exigências do
curso de Agronomia para obtenção do título
de Bacharel em Agronomia.
Área do Conhecimento: Erosão do Solo.
Orientador: Dr. Daniel Pereira Pinheiro.

CAPANEMA - PA
2023
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecas da Universidade Federal Rural da Amazônia
Gerada automaticamente mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

N511p Neves, Oziel Cereja


Perdas de solo por erosão hídrica na Microbacia Hidrográfica do Rio Ouricuri, Nordeste
Paraense / Oziel Cereja Neves. - 2023.
41 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Curso de Agronomia, Campus


Universitário de Capanema, Universidade Federal Rural Da Amazônia, Capanema, 2023.
Orientador: Prof. Dr. Daniel Pereira Pinheiro

1. RUSLE. 2. Geoprocessamento. 3. Erosão hídrica. 4. Perdas de Solo. 5. Rio Ouricuri.


I. Pinheiro, Daniel Pereira, orient. II. Título
CDD 631.45
OZIEL CEREJA NEVES

PERDAS DE SOLO POR EROSÃO HÍDRICA NA MICROBACIA


HIDROGRÁFICA DO OURICURI, NORDESTE PARAENSE

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal Rural da


Amazônia, como parte das exigências do curso de Agronomia para obtenção do título
de Bacharel em Agronomia. Área de conhecimento: Erosão do solo.

Aprovado em: 16 / 08 / 2023

Banca examinadora:

________________________________________________
Prof. Dr. Daniel Pereira Pinheiro (UFRA-Capanema)
Orientador

_______________________________________________
Prof. Dr. José Nilton da Silva (UFRA- Parauapebas)
Membro 1

________________________________________________
Prof. M.Sc Igor de Souza Gomide (UFRA- Capanema)
Membro 2
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar saúde, paz, alegria, forças e capacidade para
seguir firme e confiante na caminhada da vida.

Aos meus pais Ozias Ferreira Neves e Roseli Modesto Cereja, pelo apoio
incondicional, por acreditarem em mim, por serem minha fonte de inspiração e
exemplo de seres humanos batalhadores, sempre me incentivando a ir mais
longe. Sem vocês esse sonho não seria possível, por isso, essa conquista
também é de vocês. Sou grato por tudo.

Ao meu avô materno Gregório Cereja, minha avó materna Renil Modesto e
minha avó paterna Livaldina Ferreira, agradeço pelo amor e carinho que sempre
me deram, pelo cuidado com a nossa família, por me incentivarem a estudar e
por serem exemplo de vida e de superação.

A todos os membros da família Cereja e da família Neves, que sempre torceram


por mim e, através da nossa convivência e comunhão, me inspiraram e
incentivaram a ser melhor, como pessoa e como profissional. Obrigado família.

Ao meu orientador, Prof. Daniel Pinheiro, pela paciência, dedicação,


profissionalismo e pelos conselhos profissionais e pessoais que levarei para a
vida. Grato por tudo.

Aos meus amigos: Rodrigo Silva, Dhone Nascimento, Lourenço Valente, Antonio
Neto, Wellison Luz, Nadiele Alves e Enzo Albuquerque, que através do curso se
tornaram amigos com os quais pude contar para tornar essa jornada menos difícil
e mais divertida. Sou grato por tudo e desejo tudo de bom para vocês.

Aos meus colegas de turma e da UFRA que fizeram parte dessa jornada.

A Universidade Federal Rural da Amazônia por ter me dado a oportunidade de


conhecer pessoas incríveis que levarei para a vida, e por ajudar na minha
formação acadêmica, profissional e pessoal. Sou muito grato.
RESUMO

A erosão causada pela ação da água da chuva é considerada uma das principais
causas de degradação dos solos agrícolas no país, contudo seus efeitos
negativos podem ser reduzidos ou controlados mediante a adoção de manejos
e práticas conservacionistas nas áreas mais suscetíveis. Dessa forma, este
estudo objetivou estimar, através da Equação Universal de Perdas de Solo
Revisada (RUSLE), a perda de solos provocada pela erosão hídrica na
Microbacia Hidrográfica do Rio Ouricuri (MBHRO), localizada no Nordeste
Paraense. A perda de solo é estimada através da correlação de fatores da
erosão, o fator erosividade foi obtido através dos registros das estações
pluviométricas no período de 22 anos; o fator de erosividade foi obtido através
do mapa de solos do Brasil; o fator topográfico foi determinado através do
Modelo Digital de Elevação (MDE) e o fator de uso e cobertura do solo foi obtido
através do mapa de uso e cobertura do solo do Projeto Terraclass para o ano de
2014. Os resultados obtidos mostram que as maiores perdas de solo (>120 t.ha-
1.ano-1) ocorrem em 0,29% da área, e que existe predominância de perdas de
solo da classe pequena (<10 t.ha-1.ano-1) na MBHRO, ocorrendo em 80,05% da
área avaliada, devido a influência da topografia no processo erosivo, onde os
baixos valores de LS (LS <1) reduzem os valores estimados para as perdas de
solo. Dessa forma, é necessário que sejam adotadas práticas conservacionistas
na área de estudo visando controlar e reduzir as perdas de solo por erosão
hídrica, principalmente nas áreas onde foram identificadas perdas de solo forte
e muito forte.
Palavras-chave: RUSLE; Erosão hídrica; Geoprocessamento; Perdas de solo;
Rio Ouricuri.
ABSTRACT

Rainwater-induced erosion is considered one of the primary causes of


agricultural soil degradation in the country. However, its adverse effects can be
mitigated or controlled through the adoption of management and conservation
practices in the most vulnerable areas. Thus, this study aimed to estimate soil
loss due to water erosion in the Ouricuri River Watershed, located in the
northeastern part of Pará, using the Revised Universal Soil Loss Equation
(RUSLE). Soil loss is estimated by correlating erosion factors. The erosivity factor
was derived from rainfall records spanning a 22-year period. The erodibility factor
was determined using the Brazilian soil map. The topographic factor was derived
from the Digital Elevation Model (DEM), and the land use and land cover factor
was obtained from the Project Terraclass land use and land cover map for the
year 2014. The results show that the greatest soil losses (>120 t.ha-1.year-1) occur
in 0.29% of the area. Predominantly, small-scale soil losses (<10 t.ha-1.year-1)
dominate in the Ouricuri River Watershed, encompassing 80.05% of the
evaluated area. This is due to the influence of topography on the erosion process,
where low LS values (LS <1) decrease the estimated soil loss values. Hence, the
adoption of conservation practices in the study area is imperative to control and
mitigate water-induced soil losses, particularly in areas with identified high and
very high soil loss levels.
Keywords: RUSLE; Water erosion; Geoprocessing; Soil losses; Ouricuri River.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Erosão hídrica em voçorocas. ......................................................... 13


Figura 2 - Efeitos da erosão hídrica em área de pastagem. ............................ 14
Figura 3 - Esquematização da erosão laminar, erosão em sulcos e erosão em
voçorocas. ........................................................................................................ 15
Figura 4 - Estrutura geral de SIGs. .................................................................. 18
Figura 5 - Mapa de localização da área de estudo. ......................................... 19
Figura 6 - Precipitação média (mm) das estações pluviométricas entre 2000 e
2021. ................................................................................................................ 26
Figura 7 - Erosividade média (MJ.mm/ha.h.ano) das estações pluviométricas
entre 2000 e 2021. ........................................................................................... 27
Figura 8 - Mapa de erosividade da chuva na MBHRO. ................................... 27
Figura 9 - Classes de solo na MBHRO. ........................................................... 29
Figura 10 - Mapa de Classificação do relevo na MBHRO. .............................. 30
Figura 11 - Mapa do Fator Topográfico (LS) na MBHRO. ............................... 31
Figura 12 - Mapa da classificação do fator topográfico na MBHRO. ............... 32
Figura 13 - Uso e cobertura do solo e Fator C na MBHRO. ............................ 34
Figura 14 - Classificação das perdas de solos na MBHRO. ............................ 35
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Ordens de solo e erodibilidade na MBHRO. ................................... 23


Tabela 2 – Uso e cobertura do solo da MBHRO. ............................................. 25
Tabela 3 – Classes de interpretação do índice de erosividade anual (R). ....... 28
Tabela 4 – Classificação do risco de degradação dos solos em função da
erodibilidade. .................................................................................................... 28
Tabela 6 – Classificação do fator topográfico na MBHRO. .............................. 32
Tabela 7 - Uso e cobertura do solo em função da área na MBHRO. ............... 33
Tabela 8 - Classes de perdas de solo na MBHRO. ......................................... 34
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 10
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................. 12
2.1. Bacia hidrográfica ............................................................................... 12
2.2. Erosão hídrica dos solos e o modelo RUSLE ................................... 13
2.3. Componentes da RUSLE..................................................................... 16
2.3.1. Fator erosividade (R) ............................................................................. 16
2.3.2. Fator erodibilidade (K) ........................................................................... 16
2.3.3. Fator topográfico (LS) ............................................................................ 17
2.3.4. Fator uso do solo (C) ............................................................................. 17
2.3.5. Fator de práticas conservacionistas (P) ................................................. 17
2.4. SIGs e o modelo RUSLE...................................................................... 17
3. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................... 19
3.1. Localização da área de estudo ........................................................... 19
3.2. Caracterização da área de estudo ...................................................... 19
3.3. Base de dados ..................................................................................... 20
3.4. Obtenção dos fatores .......................................................................... 21
3.4.1. Fator A ................................................................................................... 21
3.4.2. Fator R ................................................................................................... 21
3.4.3. Fator K ................................................................................................... 23
3.4.4. Fator LS ................................................................................................. 23
3.4.5. Fator CP ................................................................................................ 24
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 26
4.1. Erosividade da chuva (R) .................................................................... 26
4.2. Erodibilidade do solo (K) .................................................................... 28
4.3. Fator topográfico (LS) ......................................................................... 30
4.4. Uso e manejo do solo (CP) ................................................................. 32
4.5. Perda de solo (A) ................................................................................. 34
5. CONCLUSÃO ........................................................................................ 36
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 37
10

1. INTRODUÇÃO

A erosão de solos exerce impacto extremamente negativo na produção agrícola


mundial, haja vista que, com o arraste de partículas, o solo sofre danos estruturais e
impactos negativos em seus atributos químicos, físicos e biológicos, o que resulta em
uma produção menor e mais onerosa (Dantas; Monteiro, 2010; Francisco, 2011).
A degradação do solo e de rochas através do desgaste e transporte de
partículas caracteriza a erosão, processo que ocorre naturalmente no planeta. No
entanto, alterações climáticas e as formas de uso e ocupação do solo sem
planejamento são capazes de acelerar suas etapas e acentuar seus impactos
(Francisco, 2011).
Pereira, Tosto e Romeiro (2019) estimaram em seu trabalho no município de
Araras-SP, que as perdas de nutrientes do solo (total/ano) em decorrência da erosão,
em diferentes tipos de uso da terra, resultam em um custo de reposição de nutrientes
da ordem de R$2.37 milhões, evidenciando os prejuízos econômicos atribuídos pelo
processo erosivo, sendo que, este valor poderia ser utilizado para outros fins, como o
emprego de práticas conservacionistas ou em outro setor da economia do município,
por exemplo.
A Microbacia Hidrográfica do Rio Ouricuri (MBHRO), localizada no Nordeste
Paraense, apresenta suscetibilidade a erosão hídrica devido aos altos índices
pluviométricos da região, aos solos presentes na área serem de textura arenosa, e
ainda, devido aos processos de exploração de atividades de mineração e expansão
agropecuária, este último, sendo tradicionalmente baseado no corte e queima da
vegetação da área, dessa forma, fragilizando os solos e acentuando os impactos
causados pela erosão, resultando na perda da capacidade produtiva dos solos e no
assoreamento de corpos hídricos presentes na área, devido a deposição das
partículas arrastadas pela água da chuva.
Nesse sentido, estudos relacionados às estimativas de perdas de solo por
erosão hídrica fornecem subsídios para o entendimento de áreas com maior
necessidade de implantação de medidas capazes de controlar e reduzir os impactos
causados pelo processo erosivo, através da análise da quantidade de solo erodida
anualmente e da identificação das classes de perdas de solo.
Dessa forma, nota-se a relevância da realização de estudos e aplicações de
metodologias capazes de estimar a perda de solo em glebas, vertentes, bacias
11

hidrográficas, municípios, entre outros. Mediante esta necessidade, e na busca por


dinamismo e rapidez nas análises, diversos trabalhos são desenvolvidos utilizando a
Universal Soil Loss Equation (USLE), que possibilita a estimativa da taxa média de
erosão de solo com base em fatores da erosão, como os tipos de solos, práticas de
conservação de solo, tipos de cultivo, dados de precipitação, entre outros.
Contudo, o processo de desenvolvimento da USLE por Wischmeier e Smith
(1978) estimou os fatores da erosão R, K, L e S através da delimitação de uma parcela
padrão de 22,13 m, nesse sentido, sua utilização em áreas maiores não era
amplamente recomendada, limitando-se a estimar as perdas de solo em pequenas
glebas e vertentes. Entretanto, com o avanço dos estudos nessa temática e nas
técnicas de geoprocessamento, as equações utilizadas para produzir os fatores da
erosão foram alteradas significativamente e informatizadas devido a sua
complexidade, surgindo a Revised Universal Soil Loss Equation (RUSLE) de Renard
e Ferreira (1993), aprimorada para permitir sua utilização em áreas maiores, como as
bacias hidrográficas, por exemplo (Silva, 2008).
À vista disso, este trabalho utilizou a Revised Universal Soil Loss Equation
(RUSLE) em conjunto com Sistema de Informações Geográficas (SIG) e técnicas de
Geoprocessamento objetivando estimar a perda de solos por erosão hídrica na
Microbacia Hidrográfica do Rio Ouricuri, localizada na Microrregião Bragantina, na
Mesorregião do Nordeste Paraense.
12

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Bacia hidrográfica


Bacia hidrográfica é o termo aplicado a uma compartimentação geográfica
natural, drenada superficialmente por um rio principal e seus tributários, delimitada por
divisores de água (Santana, 2003). Barrella et al., (2001) corrobora com esta ideia,
definindo bacia hidrográfica como um conjunto de terras drenadas por um rio e seus
afluentes, no qual as partes mais altas do relevo, conhecidas como divisores de águas,
delimitam o seu contorno. Este mesmo autor acrescenta que nas bacias hidrográficas
as águas das chuvas ou escoam superficialmente, formando rios e riachos, ou infiltram
no solo para formação do lençol freático e nascentes.
Para Pires, Santos e Del Prette (2002) a definição de bacia hidrográfica, no
ponto de vista de um estudo hidrológico, está diretamente relacionado ao conjunto de
áreas drenadas por um corpo d’água principal e seus afluentes, sendo a unidade mais
apropriada para desenvolvimento de estudos qualitativos e quantitativos do recurso
água, dos fluxos de sedimentos e de nutrientes.
Santana (2003) destaca que uma bacia hidrográfica pode ser denominada
também como bacia de drenagem, caso a percepção de sua atuação seja como uma
área drenada por cursos d’água, e como bacia de captação, caso a percepção de sua
atuação seja como coletora de águas pluviais.
Em suma, uma bacia hidrográfica pode ser conceituada como uma área
geográfica natural, onde os pontos mais altos do relevo delimitam sua área, sendo
constituída de um curso d’água principal que drena superficialmente a água das
chuvas até sua foz, que corresponde à saída da bacia (Santana, 2003). Dessa forma,
a conceituação de bacia hidrográfica é um alicerce para entendermos essas áreas,
que podem servir como áreas de conservação de recursos naturais renováveis,
estudos ecológicos, estudos socioambientais etc.
Pires, Santos e Del Prette (2002) destacam que o termo bacia hidrográfica,
cada vez mais, está sendo expandido e utilizado como unidade de gestão da
paisagem no campo do planejamento ambiental. A exemplo disso, a Lei Federal 9.433
de 8 de janeiro de 1997, se baseou nas bacias hidrográficas como unidade territorial,
como fundamento para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Brasil, 1997)
e a resolução CONAMA N° 001 de 23 de Janeiro de 1986 utiliza as bacias
13

hidrográficas como referencial geográfico para a delimitação de áreas de influência na


avaliação de impactos ambientais de empreendimentos potencialmente poluidores
(Brasil, 1986).
2.2. Erosão hídrica dos solos e o modelo RUSLE
A erosão é um processo natural, que realiza a suavização da superfície
terrestre através de uma gama de processos, no qual, materiais terrosos ou rochosos
são desagregados, decompostos, removidos e transportados para locais diferentes
de onde foram formados (Silva, 1995).
A erosão natural, também denominada de erosão geológica, é menos
preocupante, pois sua intensidade é menor do que a intensidade de formação dos
solos. Todavia, interferências antrópicas na paisagem, como o desmatamento,
queimadas desordenadas, monocultura e cultivos no sentido “morro abaixo”,
acentuam o processo erosivo do solo, tornando-o mais nocivo e insustentável, este
processo é denominado de erosão acelerada (Lepsch, 2010; Silva, 1995).
A erosão dos solos agrícolas ocorre através da ação dos ventos (erosão eólica)
e da ação da chuva (erosão hídrica), podendo ser acentuada pelo manejo adotado
nas áreas. No Brasil, a erosão causada pela água da chuva (Figura 1 e Figura 2) é a
mais preocupante, sendo uma das principais formas de degradação dos solos no país,
causando prejuízos tanto em áreas agrícolas quanto em áreas urbanas (Dechen et
al., 2015; Pereira; Tosto; Romeiro, 2019).
Figura 1 - Erosão hídrica em voçorocas.

Fonte: Oliveira (2020).


14

Figura 2 - Efeitos da erosão hídrica em área de pastagem.

Fonte: Oliveira (2020).


A erosão hídrica ocorre através dos processos de desagregação, transporte e
deposição de partículas e agregados do solo, podendo ocorrer de três formas: de
forma superficial (erosão laminar ou entre sulcos), formando pequenos canais (erosão
em sulcos) ou formando voçorocas (Figura 3) (Pennock, 2019; Silva, 1995).
Em decorrência dos impactos causados pela ação das chuvas, grandes
quantidades de material dos solos agrícolas são erodidos todos os anos, resultando
em assoreamento de corpos d’água, poluição, declínio da produtividade agrícola,
êxodo rural, entre outros impactos socioambientais (Lepsch, 2010; Pereira; Tosto;
Romeiro, 2019).
15

Figura 3 - Esquematização da erosão laminar, erosão em sulcos e erosão em


voçorocas.

Fonte: Pennock, 2019.

Os autores Barretto, Lino e Sparovek (2009) concluíram em seu trabalho que,


entre as décadas de 1950 e 2000, dois terços das publicações acerca da erosão eram
voltadas aos temas de estimativa dos fatores da USLE e comparação experimental
de manejos na perda de solo. Nesse sentido, em diversos estudos e pesquisas,
modelos matemáticos são utilizados para estimar as perdas de solo por erosão, a
exemplo dos trabalhos de Amorim et al. (2010), Diodato e Ribeiro (2020) e Reginatto
et al. (2011).
Os modelos matemáticos são classificados como modelos de base física,
conceitual e empírico, onde, os modelos de base física, como o European Soil Erosion
Model – EUROSEM, utilizam equações físicas que descrevem os processos
hidrológicos e erosivos para obtenção de resultados, contudo, possuem limitações em
áreas com baixo nível de detalhamento de dados. Os modelos conceituais utilizam um
conjunto de fórmulas para representar o sistema de forma simplificada, no qual, os
parâmetros de ajuste do modelo são obtidos com dados medidos, por exemplo o Soil
and Water Assessment Tool - SWAT. Por fim, os modelos empíricos se baseiam na
relação estatística entre variáveis consideradas importantes, necessitando de um
menor número de variáveis, possibilitando sua utilização em áreas com limitação de
16

dados, sendo usuais para identificação de áreas críticas de erosão, a exemplo da


Universal Soil Loss Equation - USLE (Minella et al., 2010).
Dessa forma, este trabalho adotou o modelo empírico da Revised Universal Soil
Loss Equation (RUSLE) de Renard e Ferreira (1993), que advém da Equação
Universal de Perdas de Solo (USLE) de Wischmeier e Smith (1978). Ambos os
modelos utilizam a correlação de fatores da erosão, como o fator topográfico (LS),
fator erosividade (R) e fator erodibilidade (K), para estimativa de perdas de solo por
erosão hídrica. No entanto, o modelo de Wischmeier e Smith (1978) foi desenvolvido
para ser utilizado em pequenas glebas e vertentes adotando uma parcela padrão de
22,13 m para estimar os fatores a campo e a perda de solo promovida pela erosão
hídrica, enquanto, o modelo revisado (RUSLE) possibilita estimar as perdas de solo
em áreas maiores, como as bacias hidrográficas (Silva, 2008).
2.3. Componentes da RUSLE
2.3.1. Fator erosividade (R)
O fator erosividade da chuva (R) representa o poder ou potencial erosivo da
chuva em um solo desprotegido de vegetação. O índice de erosão médio anual (fator
R) de um local é dado através da soma dos valores dos índices de erosão mensais
(Lombardi Neto; Moldenhauer, 1992). O índice numérico do fator R, usado na equação
de perda de solo, expressa o efeito do impacto da gota de chuva mediante
informações relativas de quantidade e taxa de escoamento possivelmente
relacionados com a chuva, ou seja, indica a combinação do desprendimento de
partículas por ação da chuva com sua capacidade de transporte (Wischmeier; Smith,
1978).
2.3.2. Fator erodibilidade (K)
A erodibilidade está relacionada à características intrínsecas do solo, haja vista
que diferentes solos perdem quantidades distintas de material mesmo quando se
encontram em condições semelhantes de chuva, comprimento de rampa, declividade
e manejo, em razão de suas características pedológicas peculiares, dessa forma,
quanto mais alta a erodibilidade de um solo mais ele sofrerá com a erosão em
comparação com um solo de baixa erodibilidade nas mesmas condições (Bertoni;
Lombardi Neto, 2017; Freire; Pessotti, 1974; Wischmeier; Smith, 1978). Desse modo,
este fator se caracteriza como a susceptibilidade do solo em ser erodido pela chuva
em detrimento de suas características específicas, como seus atributos físicos,
químicos, mineralógicos, entre outros (Wischmeier; Smith, 1978).
17

2.3.3. Fator topográfico (LS)


O fator topográfico exemplifica a influência da topografia na taxa de perdas de
solo por erosão hídrica, é constituído da integração da declividade (S) e do
comprimento de rampa (L), onde, o comprimento de rampa está relacionado a
capacidade de transporte de material, pois, a velocidade de escoamento da água
aumenta em comprimentos de rampas maiores, já a declividade exerce influência no
volume e na velocidade de água da enxurrada, de modo que, quanto maior for a
declividade, maior será a velocidade e o volume de água da enxurrada, e
consequentemente, maior será as perdas de material causada por ela (Silva, 1995;
Wischmeier; Smith, 1978).
2.3.4. Fator uso do solo (C)
Este fator corresponde às formas de uso e manejo do solo, como pastagem e
agricultura, e seus reflexos no aumento ou na diminuição dos impactos da erosão
hídrica, a exemplo da proteção contra o impacto da gota de chuva, favorecimento da
interceptação e dispersão da água da chuva, melhorias na estrutura do solo e
diminuição do escoamento superficial da água da chuva (Silva, 1995; Wischmeier;
Smith, 1978).
2.3.5. Fator de práticas conservacionistas (P)
O fator de práticas conservacionistas está relacionado ao controle da erosão
hídrica através de práticas que, em associação com máximo rendimento produtivo,
busquem o uso do solo sem depauperá-lo significativamente, mantendo sua
capacidade produtiva e o equilíbrio ecológico entre agricultura e meio ambiente, na
medida em que se controla a erosão (Lepsch, 2010; Silva, 1995). São exemplos
dessas práticas o plantio em curvas de nível, dimensionamento de terraços, o sistema
de plantio direto, controle de queimadas, entre outros (Lepsch, 2010).
2.4. SIGs e o modelo RUSLE
Os Sistemas de Informação Geográfica (SIGs) são sistemas de computadores
com a funcionalidade de capturar, armazenar, gerenciar, analisar e exibir dados
geoespaciais, com aplicabilidade em diversas áreas, como o transporte, gestão de
recursos, planejamento urbano, planejamento do uso da terra, entre outros (Chang,
2008). De forma geral, um sistema de informação pode ser definido como a
combinação de recursos humanos (peopleware) e técnicos (hardware e software),
mediante uma série de procedimentos organizacionais, que proporcionam
informações com objetivo de apoiar gestões diretivas (Figura 4) (Brito; Rosa, 1994). A
18

denominação SIG é atribuída a sistemas que realizam o tratamento de dados


geográficos e recuperam informações com base em suas características
alfanuméricas e localização espacial, proporcionando ao administrador um ambiente
de trabalho onde diversas informações sobre um determinado assunto estão ao seu
alcance e interrelacionadas com a localização geográfica (Davis; Câmara, 2001).
Figura 4 - Estrutura geral de SIGs.

Fonte: Câmara; Davis; Monteiro, (2001).


Esses sistemas computacionais vêm sendo amplamente utilizados nos estudos
de erosão do solo devido sua facilidade e agilidade em processar e correlacionar
grandes quantidades de dados, facilitando a criação e análise de bancos de dados e
o processamento de imagens geoespaciais (Machado; Vettorazzi, 2003; Ribeiro;
Campos, 2007). A utilização dos SIGs, a exemplo dos softwares QGIS e ArcGIS, em
conjunto com a USLE/RUSLE em bacias hidrográficas, confere dinamismo e rapidez
nas análises da área de estudo, possibilitando a geração de resultados como a
caracterização física de bacias, estimativas de perdas de solo por erosão hídrica,
assim como, permite a geração de resultados sobre a vulnerabilidade das áreas à
erosão hídrica (Lopes et al., 2011; Reginatto et al., 2011; Silva; Paiva; Santos, 2009).
19

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Localização da área de estudo


A Microbacia Hidrográfica do Rio Ouricuri (MBHRO), com área de,
aproximadamente, 231 km², está localizada no Nordeste do estado do Pará, na
microrregião Bragantina abrangendo áreas dos municípios de Capanema, Bonito e
Peixe-Boi (Figura 5). O rio Ouricuri tem sua nascente localizada no município de
Capanema e sua foz no município de Peixe-Boi (FAPESPA, 2022).
Figura 5 - Mapa de localização da área de estudo.

Fonte: O autor.
3.2. Caracterização da área de estudo
A MBHRO abrange áreas de três municípios da Mesorregião do Nordeste
Paraense, sendo eles: Capanema, Peixe-Boi e Bonito. Esses municípios apresentam
clima do tipo Am, segundo a classificação de Koppen (Furtado; Rodrigues; Santos,
1996; Pereira et al., 2016). O município de Capanema apresenta precipitação média
anual em torno de 2.200 mm e temperaturas médias anuais em torno de 26°C, são
encontrados no município solos da classe dos Latossolos Amarelos, Neossolos
Quartzarênicos, Neossolos Flúvicos e Gleissolos (FAPESPA, 2022a). O município de
Peixe-Boi apresenta precipitação média anual de 2.300 mm e temperaturas médias
20

anuais em torno de 26°C a 27°C, são encontrados Latossolos Amarelos de textura


média, Neossolos Quartzarênicos, Neossolos Flúvicos e Plintossolos (FAPESPA,
2022b). Por fim, no município de Bonito encontra-se Latossolos Amarelos de textura
média e Neossolos Quartzarênicos, apresenta precipitação média anual em torno de
2.250 mm e temperatura média anual por volta de 25°C (FAPESPA, 2022c).
3.3. Base de dados
Como informação de elevação digital foi utilizado o Modelo Digital de Elevação
(MDE) adquirido pela Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), disponibilizado pelo
United States Geological Survey (USGS) com resolução espacial de 30m (USGS,
2023).
Utilizando o software QGIS 3.22 foram realizados os mosaicos das cenas
obtidas, e então, o MDE foi submetido a técnicas de geoprocessamento no
complemento GRASS GIS do software QGIS, utilizando o comando “r.fill.dir” para
remoção de depressões espúrias, dessa forma, sendo transformado em um Modelo
Digital de Elevação Hidrologicamente Consistente (MDEHC), possibilitando a
execução dos processos de delimitação da bacia de referência e obtenção dos fatores
relacionados à topografia.
A delimitação da MBHRO foi realizada através de técnicas de
geoprocessamento no complemento GRASS GIS no Software QGIS 3.22 com o
comando “r.watershed” sob os dados do MDEHC para se obter os arquivos contendo
os dados de hidrografia e direção de fluxo, ambos em formato Raster, em posse do
arquivo de direção de fluxo, foi utilizado o comando “r.water.outlet” para delimitar a
MBHRO a partir da indicação do seu exutório.
Para aplicação da Equação Universal de Perdas de Solo Revisada (RUSLE)
foram utilizadas informações espaciais disponíveis em bancos de dados fornecidos
por órgãos públicos em âmbito internacional, federal, estadual e municipal.
A aplicação do modelo RUSLE necessita da aquisição de dados para os seus
fatores, sendo eles: fator R, fator K, fator LS, fator C e fator P.
Fator R: os dados utilizados na obtenção do fator R foram obtidos no banco de
dados de precipitação da Agência Nacional de Águas (ANA), por meio do portal
Hidroweb (ANA, 2023), e do Banco de Dados Meteorológicos do Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET, 2023).
Fator K: para obtenção deste fator foram utilizados os arquivos vetoriais em
formato Shapefile de classificação do solo para o Brasil da Empresa Brasileira de
21

Pesquisa Agropecuária disponibilizados na plataforma GEOINFO (EMBRAPA, 2023).


Vale ressaltar, que os dados obtidos na plataforma são disponibilizados na escala
1:5.000.000, com sua classificação incluída até o terceiro nível categórico, de acordo
com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS).
Fator LS: para obtenção do fator de comprimento de rampa e declividade foram
utilizados dados da missão SRTM com resolução espacial de 30m disponibilizadas
pelo USGS, sendo adquiridas duas cenas para realização do mosaico das imagens
para abranger a área da bacia de referência.
Fator C: os dados de uso do solo foram obtidos do Projeto TerraClass
Amazônia para o ano de 2014, através de arquivos vetoriais em formato Shapefile,
disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE, 2018).
Fator P: por não ser possível a visualização das práticas conservacionistas pela
imagem de uso e manejo do solo, o fator P não foi calculado, sendo atribuído
usualmente o valor 1, que corresponde ao valor máximo para o fator P, indicando a
inexistência de práticas conservacionistas na área avaliada (Santos, 2021; Santos;
Blanco; Pessoa, 2015).
3.4. Obtenção dos fatores
3.4.1. Fator A
A perda de solo é dada pela multiplicação de fatores da erosão:
𝛢 = 𝑅 ∗ 𝐾 ∗ 𝐿𝑆 ∗ 𝐶𝑃 (1)
Onde:
A: quantidade de material erodido, expresso em toneladas por hectares por ano
(t/ha.ano-1).
R: erosividade da chuva (MJ.mm-1.ha-1.h-1.ano-1)
K: erodibilidade do solo (Mg.ha.h-1.MJ-1.mm-1)
LS: extensão e declividade das vertentes, adimensional.
CP: uso do solo e práticas conservacionistas, adimensional.
3.4.2. Fator R
O fator de erosividade expressa a capacidade da chuva de erodir o solo, para
obtenção deste fator, foi utilizado os dados de localização e de precipitação das
estações pluviométricas próximas da bacia estudada e no mesmo fuso UTM (Fuso
23S), semelhante a metodologia utilizada por Santos (2021). Para o cálculo da
erosividade da chuva foi utilizado o modelo proposto por Lombardi Neto e
Moldenhauer (1992) (Equação 2):
22

0,841
𝑝2
𝐸𝐼 = 68,730 ∗ ( 𝑃 ) (2)

Onde: EI é a média mensal do índice de erosão, expressa em MJ.mm/ha.h.ano, p


representa a precipitação média mensal em milímetros (mm) e P é a precipitação
média acumulada por ano em milímetros (mm).
Dessa forma, o fator R para um local será a soma dos valores mensais do índice
de erosão (EI), dado em MJ.mm/ha.h.ano.
Estes mesmos autores destacam que para um período de vinte anos ou mais,
essa equação, usando somente os totais de chuva, estima com certa precisão os
valores médios do Indice de Erosão (EI) para um local. Dessa forma, objetivando
melhorar a precisão dos resultados, o recorte temporal adotado foi de vinte e dois
anos, sendo utilizados os dados de precipitação de 2000 a 2021 da estação
pluviométrica de Capanema (código:147020), de Nova Timboteua (código: 147019),
de Ourém (código: 147016), de Primavera (código: 47004) e de Tracuateua (código:
82145) (Figura 6), possibilitando estimar a erosividade média mensal e anual para as
estações pluviométricas próximas da bacia.
Figura 6 - Mapa de localização das estações pluviométricas.

Fonte: O autor.
23

Vale ressaltar que, dentre as estações selecionadas no estudo, os dados da


estação pluviométrica convencional de Tracuateua foram obtidos do banco de dados
do INMET, enquanto os dados pluviométricos das outras estações foram obtidos do
banco de dados do portal Hidroweb.
Os dados de precipitação foram organizados e calculados no software de
edição de planilhas eletrônicas Excel da Microsoft, resultando nos valores de
erosividade anual (R) para as estações pluviométricas, posteriormente sendo salvos
no formato CSV (separado por vírgulas), possibilitando a leitura e análise correta dos
dados pelo software QGIS 3.22, onde foram inseridos, convertidos para o formatos
Raster e, por fim, interpolados para a extensão da área de estudo, através do método
de interpolação IDW.
3.4.3. Fator K
A erodibilidade é fator determinante na adoção de práticas conservacionistas,
está relacionada com a textura, estrutura, profundidade, pedregosidade e
permeabilidade dos solos. Exprime as características intrínsecas de cada tipo de solo
em relação às perdas de solo, haja vista que solos sob as mesmas condições de
declividade, comprimento de rampa, manejo e chuva, perdem quantidades distintas
de material (FREIRE; PESSOTTI, 1974).
A erodibilidade foi obtida através do arquivo vetorial de classificação dos solos
do Brasil, até o terceiro nível categórico de acordo com o SiBCS, disponibilizado na
plataforma GEOINFO na escala 1:5.000.000. Em posse desse arquivo, foi utilizado o
software QGIS 3.22 para atribuir os valores de K (Tabela 1), onde, cada classe de solo
que ocorre na área de estudo recebeu um valor de erodibilidade (em Mg.ha.h-1.MJ-
1.mm-1). Em seguida, o arquivo vetorial foi convertido para o formato Raster.
Tabela 1 - Ordens de solo e erodibilidade na MBHRO.

Solos Fator K Fonte


Latossolo Amarelo Distrófico 0,025 Araújo, Salviano e Neto (2011)
Neossolo Quartzarênico Órtico 0,108 Mannigel et al. (2002)
Fonte: O autor.
3.4.4. Fator LS
O fator topográfico é constituído da declividade (S) e do comprimento de rampa
(L) e está relacionado a capacidade de transporte de material, volume e velocidade
de escoamento da água da chuva em uma área, ou seja, exemplifica a influência da
declividade e da extensão das vertentes no poder erosivo do escoamento superficial
(Silva, 1995; Wischmeier; Smith, 1978). O fator LS foi obtido através do MDE da área
24

disponibilizado pelo USGS, de modo que, o primeiro passo foi obter um MDEHC, para
isso, foi utilizado a ferramenta “r.fill.dir” do complemento GRASS GIS.
Os dados de declividade foram obtidos através da ferramenta de análise Raster
“declive” do software QGIS, utilizando os dados de elevação do MDE com resolução
de 30 m. Dessa forma, possibilitando a geração do fator S e do mapa de classificação
do relevo.
Em seguida, utilizou-se a ferramenta LS factor do complemento SAGA GIS para
avaliação automatizada do MDEHC e obtenção do fator topográfico (LS). A ferramenta
requer como entrada as informações de declividade e de área de contribuição, e utiliza
o modelo matemático formulado por Desmet e Govers (1996) para extrair o fator L:
𝑚+1 𝑚+1
((𝐴(𝑖,𝑗) + 𝐷²) − (𝐴(𝑖,𝑗) ) )
𝐿(𝑖,𝑗) = 𝑚
𝐷𝑚+2 ∗ 𝑥(𝑖,𝑗) ∗ 22,13
Onde:
Li,j: fator de comprimento de vertente de uma célula com coordenadas (i, j); A i,j: área
de contribuição de uma célula com coordenadas (i, j) (m²); D: tamanho da grade de
células (m); xi,j: valor da direção do fluxo; e m: coeficiente que assume os valores em
função da declividade: m = 0,5, se s > 5%; m= 0,4, se 3% > s ≤ 5%; m= 0,3, se 1 > s
≤ 3%; e m= 0,2 se < 1%.
Dessa forma, os valores de L e S são processados dentro da ferramenta
gerando um produto no formato Raster.
3.4.5. Fator CP
O fator CP é constituído do fator de uso e manejo do solo (C) com o fator de
práticas conservacionistas (P) e exemplifica os efeitos dessas práticas e manejos no
controle da erosão hídrica laminar. Este fator foi baseado nos dados de uso e
ocupação do solo do projeto TerraClass Amazônia, do INPE, para o ano de 2014,
sendo os dados mais recentes até o momento da execução deste estudo. Dessa
forma, os valores para o fator C foram inseridos na tabela de atributos do arquivo
vetorial, com o auxílio do software QGIS 3.22, posteriormente transformando-o para o
formato Raster (matricial). A Tabela 2 expõe as classes de uso do solo e seus
respectivos valores para o fator C. Os valores de uso e manejo do solo foram obtidos
através do trabalho de Santos (2021), onde a autora utilizou a mesma base de dados
de uso do solo para atribuir os valores do fator C para a bacia do rio Caeté, próxima
da área de estudo deste trabalho.
25

Tabela 2 – Uso e cobertura do solo da MBHRO.

Uso e Cobertura do Solo Fator C Fonte


Agricultura Anual 0,082000
Área não observada 0,070000
Área Urbana 0,001000
Desflorestamento 0,000700
Floresta 0,010000
Hidrografia 0,000000
(Terranova et al., 2009;
Mineração 1,000000
Caten et al., 2012;
Mosaico de Ocupação 0,007000
Farinasso et al., 2006;
Não Floresta 0,000001
santos; Blanco; Pessoa,
Outros 0,000001
2015)
Pasto com solo exposto 0,061000
Pasto Limpo 0,007000
Pasto Sujo 0,014000
Reflorestamento 0,032400
Regeneração com pasto 0,061000
Vegetação Secundária 0,012000
Fonte: adaptado de Santos, 2021.
26

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Erosividade da chuva (R)


A precipitação média anual registrada pelas estações, para os anos de 2000 a
2021, variou entre 2.236 mm e 2.636 mm, em acordo com os resultados obtidos por
Albuquerque (2010) que apontou uma precipitação média anual para mesorregião
Nordeste Paraense de 2.344 mm, entre os anos de 1978 e 2008. A precipitação média,
nos anos estudados, para as estações de Capanema, Nova Timboteua, Ourém,
Primavera e Tracuateua foram de 2.449 mm, 2.236 mm, 2.267 mm, 2.636 mm e 2.438
mm, respectivamente (Figura 7).
Figura 7 – Precipitação média (mm) das estações pluviométricas entre 2000 e 2021.

2700 2636
2600
Precipitação (mm)

2500 2449 2438

2400

2300 2267
2236
2200

2100

2000
Capanema Nova Ourém Primavera Tracuateua
Timboteua
Estações Pluviométricas

A erosividade da chuva (EI30) registradas pelas estações pluviométricas foi


mais elevada nos municípios de Primavera, com 13.189,49 MJ.mm/ha.h.ano e
Tracuateua, com 12.135,59 MJ.mm/ha.h.ano, seguidos de Capanema, com 11.350,90
MJ.mm/ha.h.ano, e Nova Timboteua com 10.278,41 MJ.mm/ha.h.ano. Por fim, a
estação do município de Ourém foi a que obteve menor índice de erosividade, com
10.092,37 MJ.mm/ha.h.ano (Figura 8).
Os valores do índice de erosividade da chuva (R) nas estações utilizadas para
caracterizar a região da MBHRO variaram de 10.092,37 MJ.mm/ha.h.ano a 13.189,49
MJ.mm/ha.h.ano (Figura 9). Dessa forma, de acordo com a classificação de Carvalho
(1994) e Silva (2004) (Tabela 3), a região estudada está sob influência de chuvas com
intensidades muito fortes de erosividade.
27

A intensidade da chuva influencia diretamente a quantidade de material


erodido, dessa forma, a partir da avaliação da média de precipitação e da classificação
da erosividade média anual, constata-se que a bacia estudada está localizada sob
condições que favorecem e acentuam os impactos da erosão hídrica.
Figura 8 – Erosividade média (MJ.mm/ha.h.ano) das estações pluviométricas entre
2000 e 2021.

14000 13189,49
Erosividade (MJ.mm/ha.h.ano)

12135,59
12000 11350,90
10278,41 10092,37
10000

8000

6000

4000

2000

0
Capanema Nova Ourém Primavera Tracuateua
Timboteua
Estações Pluviométricas

Figura 9 – Mapa de erosividade da chuva na MBHRO.

Fonte: O autor.
28

Tabela 3 – Classes de interpretação do índice de erosividade anual (R).

Erosividade (MJ mm há-1 h-1 ano-1) Classes


R ≤ 2452 Baixa
2.452 < R ≤ 4.905 Média
4.905 ˂ R ≤ 7.357 Média a Forte
7.357 < R ≤ 9.810 Forte
R ≥ 9.810 Muito Forte
Fonte: Carvalho (1994) e Silva (2004).
4.2. Erodibilidade do solo (K)
As ordens de solo presentes na área de estudo, de acordo com os dados de
classificação de solo da Embrapa utilizados no trabalho, são os Latossolos Amarelos
e os Neossolo Quartzarênicos, que correspondem a 78,83% e 21,17% da área de
estudo, respectivamente.
Dessa forma, a erodibilidade para essas ordens de solo foram definidas
baseadas nas literaturas de Araújo, Salviano e Neto (2011) e Mannigel et al. (2002),
sendo adotados os valores de 0,025 Mg.ha.h-1.MJ-1.mm-1 para a ordem do Latossolo
Amarelo e 0,108 Mg.ha.h-1.MJ-1.mm-1 para o Neossolo Quartzarênico, e classificados
como valores de erodibilidade com risco de degradação médio para o Latossolo e
muito alto para o Neossolo, de acordo com as classes de risco de degradação dos
solos em função da erodibilidade proposta por Chaves et al. (2015) (Tabela 4).
Tabela 4 – Classificação do risco de degradação dos solos em função da
erodibilidade.

Erodibilidade (Mg há h-1 MJ-1 mm-1) Classes de Risco


< 0,01 Muito baixo
0,01-0,02 Baixo
0,02-0,03 Médio
0,03-0,04 Alto
> 0,04 Muito alto
Fonte: adaptado de Chaves et al. (2015).
Nesse sentido, é importante ressaltar que a bacia hidrográfica estudada possui
predominância de fator K com médio risco de degradação, haja vista que a ordem dos
latossolos abrange quase que 80% da área de estudo (Figura 10).
29

Figura 10 – Classes de solo na MBHRO.

Fonte: O autor.
Os Latossolos e Neossolos da região compartilham a característica de
apresentarem baixa fertilidade natural, no entanto, os Latossolos são solos com boas
características físicas, por serem mais intemperizados, apresentam maior porosidade,
são mais profundos e bem drenados, favorecendo a infiltração da água da chuva,
contudo, quando apresentam textura média ou arenosa podem sofrer mais com o
processo erosivo por apresentar menor agregação das partículas do solo e maior
suscetibilidade ao danos causados pelo impacto da gota da chuva (Coelho et al., 2002;
Lepsch, 2010; Silva, 1995).
Por apresentarem baixa profundidade e fraca estruturação os Neossolos são
considerados como solos de elevada suscetibilidade à erosão, os Neossolos
Quatzarênicos apresentam a peculiaridade de serem mais profundos se comparados
com outras subordens de Neossolos, como os Litólicos por exemplo, no entanto, a
sua textura favorece a erosão, pois, são solos essencialmente arenosos e,
consequentemente, são mais fáceis de serem desagregados e escoados
superficialmente, mesmo em relevos mais planos (Coelho et al., 2002; Lepsch, 2010).
Dessa forma, os solos encontrados na área de estudo apresentam
suscetibilidade natural a processos erosivos, principalmente, em razão de sua textura,
30

podendo ter seus impactos acelerados com a utilização de culturas e manejos que
não favoreçam o incremento de matéria orgânica e a cobertura do solo nos períodos
de maior incidência de chuvas (Gorayeb; Pereira, 2014; Lopes; Rodrigues; Oliveira
Junior, 1999).
4.3. Fator topográfico (LS)
A declividade na área de estudo variou de 0% a 27,5%, sendo identificadas quatro
classes de relevo de acordo com a classificação preconizada pela Embrapa (1979)
(Figura 11), de modo que, a classe de relevos planos e suave-ondulados são as mais
predominantes na área, com ocorrência em 34% e 49% da área da MBHRO,
respectivamente.
Figura 11 – Mapa de Classificação do relevo na MBHRO.

Fonte: O autor.
Os valores do fator LS variaram de 0,04 a 5,70 (adimensional) (Figura 12). Silva
et al. (2005) destacam que, matematicamente, valores de LS abaixo de 1 configuram
áreas onde o relevo não exerce o papel de acelerador da erosão, pelo contrário, atua
como amenizador, quando o valor de LS é igual a 1 a atuação do relevo na perda de
solos é nula, em contrapartida, maior é a atuação do relevo na aceleração do processo
erosivo quando os valores de LS ultrapassam 1.
31

Figura 12 – Mapa do Fator Topográfico (LS) na MBHRO.

Fonte: O autor.
Dessa forma, a partir da classificação do mapa do fator topográfico (Tabela 5 e
Figura 13), foi possível observar que em 80,03% da área estudada encontra-se
valores de LS abaixo de 1, em condições de relevos planos a suave-ondulados, em
contrapartida, os maiores valores de LS na MBHRO e, consequentemente, os locais
onde o processo erosivo é mais acelerado, são observados nas áreas de declividade
mais acentuada, de relevos ondulados e forte-ondulados, apresentando menor
ocorrência na área.
Vale ressaltar que grande parte da área da MBHRO apresenta valores de LS
entre 0 e 1, configurando a baixa participação do relevo no processo erosivo, contudo,
a alta pluviosidade da região, a fragilidade dos solos presentes na área, o manejo
inadequado e ausência de práticas conservacionistas pode resultar em perdas de solo
elevadas, ainda que em condições de relevos mais planos (Coelho et al., 2002; Lopes;
Rodrigues; Oliveira Junior, 1999).
32

Tabela 5 – Classificação do fator topográfico na MBHRO.

Classes Área (%)


<1 80,03
1–2 16,12
2–3 3,32
3–4 0,48
4–5 0,04
>5 0,003
Fonte: O autor.
Figura 13 - Mapa da classificação do fator topográfico na MBHRO.

Fonte: O autor.
4.4. Uso e manejo do solo (CP)
Na MBHRO as classes de usos e manejos do solo encontradas através dos
dados de uso e ocupação do solo do Projeto Terraclass Amazônia para o ano de 2014
são áreas urbanas, florestas, vegetação secundária, mineração, pasto com solo
exposto, pasto limpo, pasto sujo, regeneração com pasto, hidrografia, mosaico de
ocupações e áreas não observadas (Figura 14), sendo mais predominante a
ocorrência das áreas de pasto limpo, vegetação secundária, áreas não observadas e
floresta (Tabela 6). Vale ressaltar que 8,35% da área da bacia avaliada é composta
de área urbana, correspondente a sede do município de Capanema.
33

O mosaico de ocupações (3,2% da área) corresponde a áreas que, em razão


da resolução espacial não puderam ser decompostas em áreas mais específicas,
podendo estar incluídos nessa classe as áreas de agricultura familiar e pecuária
tradicional. A classe de áreas não observadas (18,37% da área) corresponde a áreas
onde não foi possível realizar a interpretação no momento da passagem do satélite,
seja por interferência de nuvens ou por serem recentemente queimadas (Almeida et
al., 2016).
A classe de vegetação secundária (18,71% da área) está relacionada a áreas
que, após supressão total da vegetação estão em processo avançado de regeneração
da vegetação arbórea ou que estão sendo utilizadas com silvicultura ou plantio de
culturas permanentes nativas ou exóticas, nessa classe estão incluídas as áreas de
capoeira, áreas compostas por palmeiras nativas como açaí (Euterpe oleracea) e
bacaba (Oemocarpus bacaba), entre outras (Almeida et al., 2016; Gorayeb; Pereira,
2014).
O somatório das áreas ocupadas por pasto limpo, pasto sujo, regeneração com
pasto e pasto com solo exposto, corresponde a mais de 35% da área da MBHRO,
evidenciando que a atividade ocupa a maior parcela dentre as classes de uso do solo
encontradas na área de estudo, sendo necessária maior atenção para os práticas
empregadas nessa atividade agrícola que, se mal manejada, pode entrar em processo
de degradação e proporcionar o aumento das perdas de solo na área, através da
compactação dos solos pelo pisoteio dos animais, baixo incremento de matéria
orgânica, exposição do solo à chuva, entre outros (Galdino, 2012).
Tabela 6 - Uso e cobertura do solo em função da área na MBHRO.
Uso e Cobertura do Solo Área (%)
Área não observada 18,37
Área Urbana 8,35
Floresta 13,85
Hidrografia 0,52
Mineração 0,01
Mosaico de Ocupação 3,20
Não Floresta 0,26
Pasto com solo exposto 0,1
Pasto Limpo 20,30
Pasto Sujo 7,46
Regeneração com pasto 8,87
Vegetação Secundária 18,71
Fonte: elaborado pelo autor.
34

Figura 14 - Uso e cobertura do solo e Fator C na MBHRO.

Fonte: O autor.
4.5. Perda de solo (A)
A perda de solo estimada na área varia entre 0 e 1045 t. ha-1. ano-1, os valores
de perdas de solo foram classificados de acordo com os intervalos proposto por Duarte
(2018) (Figura 15). A partir da classificação das perdas de solo, observou-se que em
80,05% da área da MBHRO ocorrem perdas de solo pequenas, sendo a classe de
maior ocorrência, seguida da classe média, que ocorre em 11,30% da área (Tabela
7).
Tabela 7 - Classes de perdas de solo na MBHRO.

Perda de Solo (t.ha-1.ano-1) Classe Área (%)


< 10 Pequena 80,05
10 - 15 Moderada 6,98
15 - 50 Média 11,30
50 - 120 Forte 1,37
> 120 Muito forte 0,29
Fonte: adaptado de Duarte (2018).
35

Figura 15 - Classificação das perdas de solos na MBHRO.

Fonte: O autor.
Os menores valores de perdas de solo na microbacia estudada ocorrem nas
regiões de relevos mais planos, com menor fator LS, de cobertura vegetal menos
favorável a erosão, como o pasto limpo em relação ao pasto sujo, e, são observadas
em maior ocorrência na classe do Latossolo Amarelo. Em contrapartida, os maiores
valores de perdas de solo, da classe de forte a muito forte, foram observados na área
de ocorrência dos Neossolos Quartzarênicos, por apresentarem valor de fator K maior
que o Latossolo. Os maiores valores de perdas de solos ocorreram nas áreas onde
houve a interação de elevados valores dos fatores R, K e LS com as áreas de
mineração e áreas não observadas, em razão de serem as áreas com os maiores
valores de fator C da área de estudo.
Apenas nas áreas de mineração foram encontrados valores de perdas de solo
de 1.045 t.ha-¹.ano-¹, sendo que, essas áreas correspondem a apenas 0,01% da área
estudada, aproximadamente 3,4 ha, esses valores são explicados através do
parâmetro adotado na equação, no qual o fator C para as áreas de mineração foi o
mais elevado possível (C = 1), pois essa atividade está relacionada com áreas de solo
exposto, remoção de camadas do solo, supressão de cobertura vegetal e aceleração
dos processos erosivos, resultando em maiores perdas de solo (Corrêa, 2009).
36

5. CONCLUSÃO

A perda de solo estimada na MBHRO através da RUSLE varia de pequena a


muito forte, as maiores perdas de solo (>120 t.ha-1.ano-1) ocorrem em 0,29% da área,
em contrapartida, a maior parte da área avaliada (80,05% da área) apresenta perdas
de solos abaixo de 10 t.ha-1.ano-1, constatando a predominância de perdas de solo da
classe pequena na MBHRO.
Vale ressaltar, ainda que as estimativas estejam indicando a predominância de
pequenas perdas de solo na MBHRO, é necessário que sejam adotadas práticas
conservacionistas, haja vista que essas dão subsídios para a redução e controle das
perdas de solo por erosão hídrica, como também, em razão da fragilidade natural dos
solos da área de estudo, é crucial que os manejos adotados nas áreas agrícolas
favoreçam a cobertura do solo e o aporte de matéria orgânica, aumentando as
camadas de proteção e melhorando a estrutura dos solos.
Apesar da carência de dados de classes de solo e de elevação em escalas
mais detalhadas e dados de precipitação mais consistentes, a metodologia
empregada neste trabalho se mostrou muito promissora, de modo que, as
informações geradas apresentam grande potencial em amparar as ações de
planejamento urbano, ambiental, de uso e ocupação do solo na área estudada, bem
como, em promover a adoção de práticas conservacionistas com maior eficiência,
tanto na aplicação das técnicas quanto na identificação das áreas mais suscetíveis.
Em decorrência dessas limitações, propõe-se o desenvolvimento de trabalhos
futuros voltados a determinação da erosividade da chuva (R) e do uso e cobertura do
solo (CP) ao longo dos anos na MBHRO, estudos voltados a estimativa do fator
topográfico (LS) através de dados em escalas mais detalhadas. Desenvolvimento de
pesquisas objetivando a identificação das classes de solo e estimativa da erodibilidade
dos solos na região, e ainda, ao emprego da RUSLE para a determinação de perdas
de solos nas demais bacias da Mesorregião do Nordeste Paraense, dessa forma,
aumentando o êxito na adoção de práticas voltadas ao controle e redução das perdas
de solo na região.
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