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Mecânica e resistência dos

Materiais (1º semestre de 2020)

Professor: Eduardo A Rodrigues


Mecânica e resistência dos
Materiais
4-Cabos

Professor: Eduardo A Rodrigues


Introdução
Cabos são elementos lineares (comprimento >> área da seção transversal)
bem flexíveis com larga aplicação em engenharia. Como exemplo das
aplicações possíveis tem-se: pontes suspensas, linhas de transmissão de
energia, teleféricos, cabos de fixação de torres altas, etc.

Linha de transmissão de energia Pontes suspensas


Introdução
Nos nossos estudos sobre cabos iremos adotar as seguintes hipóteses
simplificadoras:
- Os cabos são perfeitamente flexíveis, ou seja não oferecem qualquer
resistência à flexão;
- Os cabos são inextensíveis, ou seja, seu comprimento permanece
constante.

Nesse contexto, os cabos são capazes de resistir exclusivamente à forças


normais de tração, não desenvolvendo forças cortantes e nem momentos
fletores. São capazes de equilibrar cargas transversais ajustando a sua
geometria.
Configuração ou forma funicular
Os cabos ajustam sua geometria de acordo com o tipo de carregamento:

No caso de forças concentradas, os cabos assumem formas geométricas poligonais:


Configuração ou forma funicular
- Cargas uniformemente distribuídas na horizontal provocam variações contínuas de
direção do eixo, ou seja, o cabo equilibra forças transversais ajustando a sua curvatura.
Nesse caso, temos uma configuração parabólica.

- Considerando apenas o peso próprio, a configuração é de uma catenária.


Cabos sujeitos a cargas concentradas
Como parte de um projeto envolvendo o emprego de cabos é importante conhecermos a
máxima tração normal, a forma funicular o comprimento do cabo, os quais estão
diretamente ligados a forma de carregamento em que esses cabos estão submetidos
Seja um cabo vinculado nos pontos A e B, sujeito às cargas P1, P2 e P3, como ilustrado na
figura abaixo.
Cabos sujeitos a cargas concentradas
i) Cálculo das reações

+
  Fx  0  H A  H B  H I

+  Fy  0  VA  VB  P1  P2  P3 II

+ M A  0  VB .L  H B .h  P1 .x1  P2 .x2  P3 .x3 III

+ M D  0  VA .xD  H A .yD  P1  xD  x1   0 VI

4 equações 4 reações (VA, HA, VB, HB)


Cabos sujeitos a cargas concentradas
ii) Configuração do cabo
Para encontrar y2 basta fazer o somatório de momento em C2 igual a zero.

+ M 2  0  VA .x2  H A .y2  P1  x2  x1   0 


 P1  x2  x1   VA .x2
 y2 
HA

Para encontrar y1 e y3 basta fazer somatório de momento em C1 e C3, respectivamente.


Cabos sujeitos a cargas concentradas
ii) Tração no cabo
Fazendo o equilíbrio apenas da parte direita do cabo, a partir do ponto D, temos:

HA
+
  Fx  0   H  TD cos 2  0 
H
 TD 
cos  2

Como θ2 é constante no trecho x1≤θ2≤ x2, temos


que a tração no cabo é constante nesse trecho.

Obs1: A tração é constante por trecho.

OBS2: A componente horizontal de tração, H,


é constante em todo o cabo.

As máximas trações no cabo ocorrem nos trechos extremos pois,

Tmax   cos  min  max .


Cabos sujeitos a cargas concentradas
iii) Comprimento do cabo
O comprimento total do cabo será a soma algébrica do comprimento de cada trecho:

S  S1  S 2  S 3  S 4

ou
l1 l2 l3 l4
S   
cos 1 cos  2 cos  3 cos  4

com

l1  x1 ; l2  x2  x1 ; l3  x3  x2 ; l4  L  x3
Cabos sujeitos a cargas concentradas
Exemplo 1
Para o cabo abaixo, determinar:

a) A configuração (yC, yD); Dados:


b) Máxima tração; P = 50 kgf
c) Diâmetro mínimo necessário;   1, 6T f / cm 2
d) Comprimento do cabo.
Cabos sujeitos a cargas concentradas
i) Cálculo das reações +  M A  0  VB .48  8P  16 P  24P  32P  40P 
 VB  125kgf

+  Fy  0  VA  VB  5P  VA  125kgf

+  Fx  0  H A  H B  H

+ M E  0  125.24  H .1,20  P  8  16   0
3000  1200
H  H  1500kgf
1,2
Cabos sujeitos a cargas concentradas
ii) Configuração do cabo
a) Determinação de yc a) Determinação de yD

+  M D  0  125  16  1500 yD  50  8  0
+  M C  0  125  8  1500 yC  0
yD  1,07m
yC  0,67m
Cabos sujeitos a cargas concentradas
ii) Configuração do cabo

 yF  yD  1, 07m
Por simetria 
 yG  yC  0, 67m

iii) Máxima tração no cabo (TAC)

H 0,67  0,67 
TC  tg1   1  arctg    4,79º
cos 1 8  8 

1500
TC   1505kgf
cos 4,79
Cabos sujeitos a cargas concentradas
iii) Diâmetro mínimo do cabo

1505
max     1600    1, 09cm
 2

vi) Comprimento do cabo

1  4,79º
 2  2,86º  8 8 8 
S     2  48,08m
 cos 4,79º cos 2,86º cos 0,93º 
 3  0,93º
Cabos sujeitos a carga distribuída horizontalmente
Seja um cabo vinculado nos pontos A e B, sujeito à carga uniformemente distribuída na
horizontal, como ilustrado a seguir.

i) Configuração do cabo
Tomando um elemento diferencial (infinitesimal) do cabo, ds, e fazendo o equilíbrio,

+
  Fx  0   H   H  d H   0  d H  0 1
Ou seja, a componente horizontal da tração no cabo é
constante ao longo do cabo
Cabos sujeitos a carga distribuída horizontalmente

+  Fy  0  V  V  dV   qd x  0
i) Configuração do cabo

dV
dV  qd x   q 2
dx
C
D
dx
+  M D  0  Hd y  Vd x  qd x  2
0

dy
V H 3
dx

Derivando a equação 3
Substituindo Eq. 4 na Eq. 2
dV d 2
d y2 q
H y
4  5
dx d x2 d x2 H
Cabos sujeitos a carga distribuída horizontalmente
Integrando duas vezes a equação 5, temos:

d y2 q
Integrando
dy q
Integrando
q 2
  x  C1 y x  C1 x  C2 6
d x2 H dx H 2H

Portanto, temos a equação da parábola que descreve a configuração do cabo submetido


à carga distribuída horizontal.

As constantes, C1, C2 e H são obtidas de três condições de contorno:

1) x 0 y 0
2) xL yh
3) Variável (poderia, por exemplo, ser a altura do cabo na sua região central)
Cabos sujeitos a carga distribuída horizontalmente
ii) Tração ao longo do cabo
Lembrando que: H
H
T ou cos   7
cos  T
Para o elemento infinitesimal, ds, temos:

dS 2  d x 2  d y2  dS  d x2  d y 2
dx dx dx
cos     
dS dx  d y
2 2
d 
2

dx 1   y 
 dx 
1
 cos  
2
 dy  8
1  
 dx 
Cabos sujeitos a carga distribuída horizontalmente
Como:
1
dy q H cos   8
 x  C1 6 cos   7 2
dx H T  dy 
1  
 dx 
Então, temos que:
H 1

T  q 
2

1  x  C1 
H 
Portanto:
Lembrando que:

 q
2
 



T  H 1  x  C1  9 T
c
m
a
xo
s
m
i
n
.
m
a
x
H 
Temos que a máxima tração ocorre no apoio.
Cabos sujeitos a carga distribuída horizontalmente
iii) Comprimento do cabo
Temos que:
L
dS  d x  d y   dS  
2 2
dx2  d y2
0

 q 
1   dy / dx  dx  S  
L L
S 1  x  C1 d x
2
0 0
H 
Portanto:

q 2 L3 h
S  L 2
 10
24H 2L
Cabos com carregamento uniformemente distribuído ao longo do seu
comprimento
Seja um cabo vinculado nos pontos A e B, sujeito a um carregamento uniformemente
distribuída ao longo do seu comprimento, como ilustrado a seguir.

Peso próprio por


unidade de
comprimento
i) Configuração do cabo (kN/m): 0 
Tomando um elemento diferencial (infinitesimal) do cabo, ds, e fazendo o equilíbrio,
2
H  dy 
T dS 2  d x2  d y2  dx 1   
cos   dx 
1
cos  
2
d 
1  y 
 dx 
Cabos com carregamento uniformemente distribuído ao longo do seu
comprimento
Aplicando as equações de equilíbrio

+
  Fx  0   H   H  d H   0  d H  0
H é constante ao longo do cabo

+  Fy  0  V  V  dV    d S  0
dV
  1
dS

2 2
d  d d 
dV    d S    dx 1   y   V    1   y  2
 dx  dx  dx 

dx dy
+  M D  0  Hd y  Vd x   d x  0 V H 3
2 dx
Cabos com carregamento uniformemente distribuído ao longo do seu
comprimento

2
Derivando a equação 3  dy  d y2
 1     H 
Substituindo Eq. 4 na Eq. 2  dx  d x2
dV d y2
H 4 2
dx d x2 d y2   dy 
  1   5
d x2 H  dx 

Resolvendo essa equação diferencial 5, tem-se:

H   x 
y cosh   C1   C2 6 Lembrar que:
  H 
e x  e x
senhx 
2
dy   x  e x  e x
 sen h   C1  7 cos hx 
dx  H  2
Cabos com carregamento uniformemente distribuído ao longo do seu
comprimento

ii) Tração no cabo


2
H  dy  2   x 
T  H 1     H 1  sen h   C1 
cos   dx   H 
 x 
cosh 2   C1 
 H 

Como: cosh
2
 x   senh2 ( x )  1

  x 
T  H cosh   C1  8 dy    xv 
 H   sen h   C1   0 
dx  H 
  xv C1 H
  C1  0  xv 
Tmax  ymin H 

- A tração máxima ocorre no apoio mais elevado


Cabos com carregamento uniformemente distribuído ao longo do seu
comprimento

iii) Comprimento do cabo

+   Fy  0  Tsen  TA sen A   s
+
 F  0  T cos   T cos 
x A A

s
tg   tg  A 
TA cos  A
H

dy d  s  dy  dy s
 y   Como:  d   senh  C1  Tem-se que:  senh  C1  
d x  d x  x 0 H  x  x 0 dx H

   x  H    L  H
s   senh  C1   senh   C1   p/ x=L, tem-se: S   senh  C1   senh   C1   9
  H     H  
Comparação entre a catenária e a parábola
Comparação entre a catenária e a parábola para diferentes razões entre flecha e o
comprimento

f
 0.2
L
Ou seja, para pequenas flechas a catenária e a parábola se confundem!
Comparação entre a catenária e a parábola
Comparação entre a catenária e a parábola para diferentes razões entre flecha e o
comprimento
1
0.5
0.8
0.4

hL
0.6
L
h
0.3
0.4

0.2
0.2
2
0.1

-0.4 -0.2 0 0.2 0.4


x
-0.4 -0.2 0 0.2 0.4
x

0.2
0.2

0.15
L
h 0.15
L
h
0.1
3 0.1

0.05 5
0.05

-0.4 -0.2 0 0.2 0.4


x
-0.4 -0.2 0 0.2 0.4
x

Para pequenas flechas a catenária e a parábola se confundem!


Comparação entre a catenária e a parábola
Comparação entre a catenária e a parábola para diferentes razões entre flecha e o
comprimento

f
 0.125  0.2
L

Ou seja, para pequenas flechas a catenária e a parábola se confundem!

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