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COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS ARQUITETÔNICO E ESTRUTURAL

ATRAVÉS DA PLATAFORMA BUILDING INFORMATION MODELING (BIM)


Rodolfo Ramos Pinho(1), Elvira Luiza Arantes Ribeiro Mancini (2)
(1) Estudante; Universidade Federal do Pampa; Alegrete, Rio Grande do Sul; rodolfo.ramos.pinho@gmail.com;
(2) Professora Elvira Luiza Arantes Ribeiro Mancini; Universidade Federal do Pampa;

Palavras-Chave: BIM, interferências, compatibilização.

INTRODUÇÃO

Projetos mais complexos, prazos e custos mais reduzidos, além de maiores exigências por parte dos
clientes trouxeram à construção civil diversos problemas que diminuem a qualidade das obras. Estes
problemas são relacionados com as incompatibilidades nos projetos das edificações, fazendo assim, surgir
a necessidade de compatibilizá-los. Neste contexto, a aplicação da plataforma Building Information Modeling
(BIM), mostra-se uma ferramenta valiosa, pois ela possui características que facilitam este processo.
Projeto pode ser definido como a concepção de algo imaginário, onde a tecnologia pode ter o papel
de tornar interativas as etapas de idealização e realização, considerando a enorme gama de variáveis
existente. Sendo assim, é necessário que a linguagem do projeto seja um efetivo meio de comunicação
(SALGADO; DUARTE, 2002).
O BIM, que em tradução livre significa “Modelagem de Informação da Construção”, é uma inovação
que abre novas capacidades no processo de projeto. Podendo ser definido como uma tecnologia de
modelagem e uma associação de processos para produzir, comunicar e analisar modelos de construção
(EASTMAN et al., 2014).
O objetivo do presente trabalho é determinar quais as principais interferências encontradas na
compatibilização entre projeto arquitetônico e estrutural da casa do estudante João de Barro, da
Universidade Federal do Pampa - Campus Alegrete. Tais interferências são resultados parciais de uma
pesquisa mais abrangente realizada no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Engenharia Civil.

METODOLOGIA

A análise de incompatibilidades foi feita a partir da transcrição do projeto da edificação, composto por
plantas 2D e memoriais, para um modelo 3D parametrizado no software Autodesk Revit. O modelo gerado
possui a geometria e as características da edificação real, unindo assim os projetos arquitetônico e
estrutural, possibilitando a verificação de conflitos entre eles e a visualização dos mesmos em um plano
tridimensional. Isso realizado através de uma ferramenta própria do software que efetua a verificação destes
conflitos, mostrando onde os mesmos ocorrem. O processo de modelagem e análise das incompatibilidades
consistiu em, inicialmente, modelar o projeto arquitetônico, tendo como base o arquivo 2D do mesmo.
Posteriormente, modelar o projeto estrutural, tendo como base as plantas de locação da estrutura.
Na sequência, foi feita a união entre os dois projetos. Esta união foi executada vinculando o projeto
estrutural ao projeto arquitetônico. Com os projetos vinculados, fez-se a verificação de conflitos e análise
dos mesmos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As principais interferências detectadas foram divididas em dois grupos:


i. Interferências estéticas: a) pilares e vigas salientes nas paredes e fachadas; b) pilares em
posição divergente do projeto arquitetônico;
ii. Interferências técnicas: a) pilares e vigas conflitantes com esquadrias; b) pilares e vigas
conflitantes com telhado; c) pilares salientes nas platibandas, d) viga conflitante na platibanda;
e) níveis de laje no projeto estrutural conflitante com nível de laje no projeto arquitetônico.
As interferências estéticas comprometem a aparência do projeto, não o inviabiliza, e por isso não
exige nenhuma alteração nos sistemas ou elementos projetados. Qualquer alteração, ficará a critério dos
técnicos, para manter o mais fiel possível, a aparência do projeto com a aparência da edificação construída.
Já as interferências técnicas exigem mudanças nos elementos projetados. Pois podem comprometer
o desempenho dos elementos conflitantes.

Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa


A Figura 1 a seguir mostra duas interferências técnicas, (a) e (c) são imagens geradas pelo software,
com as informações do projeto, e (b) e (d) são fotos in loco, com as soluções dadas durante a obra.
No caso da Figura 1 (a) haviam duas portas de 2,90m que se executadas conforme projeto teriam a
interferência de um pilar em cada uma delas. A solução foi dada em obra, e fiscais da mesma relataram que
a portas, foram substituídas cada uma, por uma porta de abrir e uma janela, ficando o pilar entre ambas –
Figura 1 (b).
Ouve também um conflito onde uma estrutura composta de viga de amarração e pilares, mostrada na
figura (c) que está posicionada no meio de um telhado, exatamente na cumeeira do mesmo, provavelmente
o projetista estrutural previu uma mureta neste local, fazendo com que o telhado de duas águas no projeto
arquitetônico se tornasse dois telhados de uma água cada no projeto estrutural e na execução, conforme
Figura 1 (d).

Figura 1 – Exemplo de interferências técnicas

Fonte: Elaborado pelo autor.

CONCLUSÕES

A utilização da plataforma BIM, demonstrou ser eficiente no processo de compatibilizar projetos, visto
que a detecção dos conflitos é automatizada, além de proporcionar a visualização dos mesmos em diversos
planos 2D e em 3D.
Os conflitos estéticos que foram detectados, resultaram em pequenas alterações na aparência da
obra, e não foram de grande relevância. Os conflitos técnicos, resultaram em mudanças mais substanciais,
que provocaram alterações mais significativas na aparência da obra, incluindo a substituição de alguns
elementos, durante a execução da mesma. Soluções a serem dadas na execução geram retrabalho, perda
de tempo na execução e às vezes desperdício de materiais. Dependendo do número e complexidade das
mudanças realizadas in loco, pode-se ter até mesmo aumento do custo final da obra. Assim, a
compatibilização deve ser realizada entre todos os projetos complementares, incluindo o hidrossanitário e
elétrico.

REFERÊNCIAS

b. Livro:
EASTMAN, C.; TEICHOLZ, P.; SACKS, R.; LISTON, K.. Manual de BIM: Um guia de modelagem da informação da
construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Porto Alegre: Bookman, 2014.
d. Trabalho em Anais:
DUARTE, T. M. P.; SALGADO, M. S. O projeto executivo de arquitetura como ferramenta para o controle da qualidade
na obra. In: IX ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA NO AMBIENTE CONSTRUÍDO. Foz do Iguaçu, 2002.
Anais. Foz do Iguaçu, 2002, p. 65-74.
Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa

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