Você está na página 1de 12

Brazilian Journal of Development 16770

ISSN: 2525-8761

Obtenção do extrato hidroalcoólico da folha de nogueira (juglans regia


l.) E identificação de parâmetros físico-químicos e microbiológicos
para múltiplas aplicações

Obtaining hydro-alcoholic extract from walnut leaf (juglans regia l.)


And parameter identification physical-chemical and microbiological
for several applications
DOI:10.34117/bjdv7n2-345

Recebimento dos originais: 17/01/2021


Aceitação para publicação: 17/02/2021

Bruna Calixto de Jesus


Graduanda em Nutrição pela Universidade Nove de Julho (Uninove)
Programa de Iniciação Científica - Departamento de Ciências da Saúde
Endereço: Rua Vergueiro, 235/249 – Liberdade 01525-000 São Paulo/SP
E-mail: brunacalixto.j@hotmail.com

Camila Shiokawa Kakazu


Graduanda em Nutrição pela Universidade Nove de Julho (Uninove)
Programa de Iniciação Científica - Departamento de Ciências da Saúde
Endereço: Rua Vergueiro, 235/249 – Liberdade 01525-000 São Paulo/SP
E-mail: camilashiokawa@hotmail.com

Letícia Alves Luciano


Bacharela em Farmácia pela Universidade Nove de Julho (Uninove)
Programa de Iniciação Científica - Departamento de Ciências da Saúde
Endereço: Rua Vergueiro, 235/249 – Liberdade 01525-000 São Paulo/SP
E-mail: leticialuciano51@gmail.com

Ester Regina Gomes Tito


Bacharela em Nutrição pela Universidade Nove de Julho (Uninove)
Programa de Iniciação Científica - Departamento de Ciências da Saúde
Endereço: Rua Vergueiro, 235/249 – Liberdade 01525-000 São Paulo/SP
E-mail: estertitogomes@gmail.com

Elineides Santos Silva


Mestra em Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde pela Universidade Nove de Julho
(Uninove)
Orientadora do Programa de Iniciação Científica – Departamento de Ciências da Saúde
Endereço: Rua Vergueiro, 235/249 – Liberdade 01525-000 São Paulo/SP
E-mail: elineides@gmail.com

RESUMO
Conhecida como Noz-da-Pérsia ou Noz comum, a Nogueira apresenta diversas
propriedades farmacologicamente ativas com uso medicinal, inclusive. Extratos são
obtidos de matérias-primas vegetais com uso de um solvente caracterizado pela baixa
toxicidade e/ou baixo potencial de poluição ambiental. As plantas podem produzir
metabólitos secundários como óleos essenciais, compostos fenólicos, terpenos, alcaloides

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 16770-16781 feb. 2021


Brazilian Journal of Development 16771
ISSN: 2525-8761

etc., que poderão produzir efeitos terapêuticos. As características físico-químicas desses


produtos podem ser influenciadas pela localização geográfica, idade da planta, condições
climáticas, características do solo, tipo de extração. Despertou-se o interesse na Nogueira
devido à escassez de informações sobre suas características e utilização. Foi utilizado o
álcool 70° como solvente hidroalcoólico na obtenção do extrato da folha de Nogueira e
posterior identificação das propriedades físico-químicas e microbiológicas para
aplicações diversas. Utilizou-se álcool etílico hidratado 70° (v/v), folha de Nogueira seca
(Farmaervas), filtro de papel descartável (n° 102), balança de precisão (0,0001 g) no
laboratório cedido pela Uninove. Executou-se 3 vezes no mesmo dia, sob as mesmas
condições. Após pesagem de 5 g da folha seca de Nogueira sem os talos, foi feita a
maceração manual com o acréscimo gradativo do solvente, até volume máximo de 150
ml. O conteúdo foi transferido para um béquer, e colocado coberto no agitador em
velocidade máxima por 2 horas ininterruptas. Depois, o extrato ficou em repouso por 72
horas à temperatura ambiente (25 ± 3 °C). Após o repouso, fez-se a filtragem, o volume
foi completado para 150 ml com o solvente. Em seguida, submetido às análises. Foram
obtidos e tabelados os parâmetros microbiológicos e físico-químicos da amostra.
Diversos são os fatores que podem influenciar a eficiência da extração e as características
obtidas: densidade, pressão, temperatura, vazão do solvente. As aplicações dos extratos
vegetais são diversas podendo ser através dos alimentos, cosméticos e medicamentos.
Destaca-se ainda a aplicação para o controle de pragas agrícolas, como repelentes,
bactericida e fungicida, inibidores de micotoxinas e relevante capacidade antioxidante.
Evidencia-se a importância de maior exploração das características do referido composto
com o objetivo de melhor subsidiar suas aplicações e oferecer maior segurança ao uso.

Palavras–chave: Extrato natural, Extrato hidro alcoólico, Nogueira, Juglans regia L,


Folha de Nogueira.

ABSTRACT
Known as Persian Walnut or Common Walnut, Walnut has several pharmacologically
active properties with medical use, inclusive. Extracts are obtained from vegetable raw
materials using a solvent characterized by low toxicity and / or low potential for
environmental pollution. Plants can produce secondary metabolites such as essential oils,
phenolic compounds, terpenes, alkaloids and etc., which can produce therapeutic effects.
The physical and chemical characteristics of these products can be influenced by
geographic location, plant age, climatic conditions, soil characteristics, type of extraction.
Interest in Walnut was aroused due to the lack of information about its characteristics and
use. Was used 70° alcohol as a hydro-alcoholic solvent to obtain the Walnut leaf extract
and later identification physico-chemical and microbiological properties for different
applications. 70° (v / v) hydrated ethyl alcohol, dry Walnut leaf (Farmaervas), disposable
paper filter (No. 102), precision scale (0.0000035oz) were used in the laboratory provided
by UNINOVE. It was performed 3 times on the same day, under the same conditions.
After weighing 0,17637oz of the dry walnut leaf without the stems, manual maceration
was performed with the gradual addition of the solvent, up to a maximum volume of
5,0721fl oz. The contents were transferred to a beaker, and placed covered on the agitator
at maximum speed for 2 hours uninterrupted. Then, the extract was left to stand for 72
hours at room temperature (77 ± 37,4 °F). After resting, filtration was performed, the
volume was made up to 5,0721fl oz with the solvent. Then submitted to analysis. The
microbiological and physical-chemical parameters of the sample were obtained and
tabulated. There are several factors that can influence the extraction efficiency and the
characteristics obtained: density, pressure, temperature, solvent flow. Are several the

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 16770-16781 feb. 2021


Brazilian Journal of Development 16772
ISSN: 2525-8761

applications of plant extracts like in through food, cosmetics and medicines. It is possible
the application for the control of agricultural pests, such as repellents, bactericide and
fungicide, mycotoxin inhibitors and relevant antioxidant capacity. The importance of
further exploration of the characteristics of this compound is evidenced, in order to better
subsidize its applications and offer greater safety to use.

Keywords: Natural extract, Hydro alcoholic extract, Walnut, Juglans regia L, Walnut
Leaf.

1 INTRODUÇÃO
O estudo de revisão de Andreo e Jorge (2006)1 mostrou que a extração com
solventes orgânicos é frequentemente utilizada para obtenção de compostos bioativos,
isto é, apresenta efeito em um organismo vivo, tecido ou célula. Segundo Delaviz,
Mohammadi, Ghalamfarsa et al. (2017)2, Juglans regia L., é o nome científico da
Nogueira, também chamada de Noz Persa, mas popularmente intitulada apenas por Noz.
Pertencente à família Juglandaceae, é uma espécie que consegue se adaptar na maioria
dos continentes. As Nogueiras são árvores com altura entre 10 a 25 m, geralmente. Eles
têm flores masculinas e femininas sendo chamadas de plantas monoicas ou hermafroditas.
Durante o período de inverno, as Nogueiras podem suportar até 11°C negativos (-11 ºC)².
Após apurado levantamento bibliográfico pôde-se concluir que há diversos
estudos referentes ao fruto (Noz Persa) da Juglans regia L., porém é fatídico que não há
embasamento da literatura referente as folhas, mesmo que muitos artigos relatam haver
uma concentração maior de propriedades benéficas na folha do que no fruto. No Brasil,
apesar da diversidade botânica, ainda existem muitos alimentos e plantas cujas
características físico-químicas, microbiológicas, nutricionais e terapêuticas não são
catalogadas, em razão da carência de pesquisas. Diante do contexto, Juglans regia L., foi
escolhida para estudo, podendo assim contribuir com a literatura científica, sendo um
importante instrumento e fonte de informações para futuras aplicações.
Sabe-se que a Nogueira (Juglans regia L.) apresenta propriedades com ação
antioxidante, anti-hipertensiva, anti-inflamatória, hipolipemiante, antimicrobiana e
antifúngica além de auxiliar o controle do índice glicêmico e atuar na prevenção e
tratamento do câncer 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7. Apresenta elementos nutricionais básicos de extrema
importância, além de ser protetor dos rins que, de acordo com os ensaios feitos por Ahn,
Song, Kim et al. (2002)7 observaram que a administração do extrato de Nogueira teve um
impacto significativo no tratamento da insuficiência renal aguda induzida e pode ser
eficaz na regeneração dos néfrons, in vitro, ou in vivo. O resultado da dissertação feito

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 16770-16781 feb. 2021


Brazilian Journal of Development 16773
ISSN: 2525-8761

por Andreo e Jorge (2006)1 ratifica que a folha de Nogueira é fonte de flavonoides. Os
flavonoides têm propriedades antioxidantes que, através da regulação imune e atividades
anticancerígenas, inibem o efeito oxidativo das células 3. Nota-se que, diante das
evidências sobre os benefícios e propriedades observadas do fruto da Nogueira, ainda são
escassos os estudos que tratam as propriedades das folhas. Este trabalho intenciona
contribuir com a literatura através da obtenção do extrato de folha de nogueira de forma
a prospectar o interesse em suas propriedades e possibilidades de aplicação.

2 OBJETIVO
Utilizar o álcool 70° como solvente hidroalcoólico na obtenção do extrato da folha
de Nogueira e identificar propriedades físico-químicas e microbiológicas para aplicações
diversas.

3 METODOLOGIA
3.1 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
O trabalho teve como início um apurado levantamento bibliográfico na literatura
científica de artigos nacionais e internacionais. Foram pesquisados artigos científicos em
banco de dados da SciELO, BIREME e PUBMED, com as seguintes palavras-chaves:
Extrato natural. Extrato hidro alcoólico. Nogueira. Juglans. regia L., Folha de Nogueira.
O preceito de escolha foi de artigos a partir do ano de 2002 a 2019. Inicialmente foram
escolhidos em torno de 32 artigos que, após criteriosa leitura, 23 foram selecionados para
compor o trabalho.
A conferência foi desenvolvida com base na literatura disponível e não foram
encontrados estudos sobre a obtenção do extrato da folha Juglans regia L. Após a análise
dos artigos e vista a necessidade da exploração da folha de Nogueira, foi feito o
experimento para obtenção do extrato hidroalcoólico com identificação de seus
respectivos parâmetros físico-químicos e microbiológicos.

3.2 MATERIAIS
Para a etapa experimental utilizamos:
Àlcool 70º (70:30 v/v);
Pinça;
Balança de precisão (0,0001 g);
Almofariz;

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 16770-16781 feb. 2021


Brazilian Journal of Development 16774
ISSN: 2525-8761

Béqueres;
Espátula;
Pistilo;
Funil;
Falcons de 50 ml;
Agitador;
Filtro de papel descartável (nº 102);
Frasco âmbar com tampa (500 ml);
Papel Alumínio;
Folha de nogueira seca (Farmaervas).

3.3 OBTENÇÃO DAS FOLHAS DA NOGUEIRA (JUGLANS REGIA L.)


As folhas secas da Nogueira foram obtidas da loja comercial Farmaervas,
especializada em fitoterápicos e ervas medicinais, a qual apresenta minimamente
informações sobre data de fabricação e/ou lote, nome popular, nome científico e
informações do fabricante. Foi feito o uso de um único lote e fornecedor para reduzir viés
experimental.

3.4 OBTENÇÃO DO EXTRATO


O trabalho foi desenvolvido no laboratório de pesquisa da Universidade Nove de
Julho (UNINOVE) no campus Vergueiro. Foi feita a maceração dinâmica com uso de
álcool etílico 70º para obtenção de solução sólido-líquido (m/v). Para esse procedimento,
o produto deverá estar em temperatura ambiente, caracterizando uma extração
convencional a frio. Devido à alterações oriundas do emprego da temperatura, o método
de maceração a frio foi escolhido a fim de minimizar viés experimental. Ainda, é
importante salientar que a maceração a frio não é capaz de esgotar a extração dos
compostos presentes na folha.
Com base em protocolos de extração usualmente praticados, foram preparados 3
extratos com uso de álcool 70º. Em cada experimento, submetemos 5g de folhas secas da
nogueira à maceração com acréscimo de 150 ml do álcool etílico hidratado (70º INPM)
durante 15 minutos num recipiente de porcelana. Ao final do processo, o produto obtido
foi transferido para um béquer envolto e coberto com papel alumínio para evitar a
exposição à luz e colocado em um agitador em velocidade máxima (1500 a 1700 rpm)
por 2 horas em temperatura ambiente. Após esse período, foi submetido ao repouso por

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 16770-16781 feb. 2021


Brazilian Journal of Development 16775
ISSN: 2525-8761

72 horas em temperatura ambiente ao abrigo da luz com uso de papel alumínio cobrindo
todo o recipiente. Dada as 72 horas, com o auxílio de um filtro de papel (nº102) e um
funil, filtrou-se o conteúdo do béquer, transferindo para um frasco de vidro devidamente
limpo e autoclavado, previamente envolto em papel alumínio. Após filtrado, foi
completado com o reagente para volume final de 150 ml. Ao final, retirou-se uma alíquota
de 50 mL que foi depositada em um Falcon de 50 ml, e transferiu-se o restante para um
frasco âmbar devidamente identificado e armazenado sob refrigeração até 4ºC.

4 RESULTADOS
4.1 PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS:
As amostras foram conduzidas para o laboratório Food Intelligence®,
especializado em análises microbiológicas e físico-químicas. Foram obtidos os
parâmetros microbiológicos, conforme apresentados a seguir:

Tabela 1: Método analítico: contagem total de microrganismos aeróbios mesófilos pelo método Plate Count
Ágar a 30°C; Detecção de coliformes totais, termotolerantes e Escherichia Coli por meio de VRB agar.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Contagem Padrão em Placas (CPP) foi feita através do indicador Plate Count
Ágar que identifica as populações gerais bacterianas em alimentos, águas, entre outros,
sendo utilizada para se obter informações gerais sobre a qualidade de produtos8. Em
concordância com o artigo explorado, pode-se confirmar que as bactérias do grupo
Coliforme são consideradas como um dos principais grupos de microrganismos prenúncio
de qualidade do produto alimentício, sendo um dos indicadores de segurança do produto
a ser consumido9, pois assim é possível identificar se o alimento está seguindo as
condições higiênico-sanitárias. Segundo Morelli (2017)10 esse grupo é dividido em
Coliformes Totais e Coliformes Termotolerantes ou Fecais, sendo assim o resultado das
amostras foram expressos em Unidade Formadora De Colônia(UFC/g) para todos os
indicadores, os valores da amostra do extrato estudado, denotou uma contagem menor
que 10 UFC/g, porém não existem parâmetros pertinentes a seguridade de extratos
vegetais, mas tomando como base as drogas vegetais, pode-se considerar uma amostra

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 16770-16781 feb. 2021


Brazilian Journal of Development 16776
ISSN: 2525-8761

segura, pois os resultados referentes a Contagem Padrão em Placas(CPP), Coliforme


Totais e Coliformes Fecais estão satisfazendo as exigências contidas na instrução
normativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária11.

4.2 PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS

Tabela 2: Método analítico: Determinação eletrométrica do pH; Determinação da Densidade a 20°C; Teor
de Umidade e Voláteis e Sólidos totais por gravimetria; Sólidos Solúveis (°Brix) e Índice de Refração.
Certificado de ensaio nº FI 1892.

Fonte: Elaborado pelo autor

Para a medição do pH utilizou se o Peagâmetro, onde pode-se ver a escala do


composto, mostrando se é ácida, neutra ou básica. O produto estudado apresentou
característica ligeiramente ácida, visto que o valor de pH encontrado é 5,65 g / ml, abaixo
da neutralidade. Adiante tem-se a tabela que foi utilizada para identificação do pH do
extrato hidro-alcoólico da folha de Nogueira.

Tabela 3: Escala de pH (Potencial Hidrogeniônico).

Fonte: Adaptado de www.todamateria.com.br

A densidade (D= Massa/Volume) é uma propriedade física importante e apresenta


a relação entre a massa (dada em gramas ou quilos) e o volume (dado em mililitros ou
litros). Esse parâmetro é de extrema importância na aplicação industrial para fabricação
de alimentos e cosméticos pois interfere diretamente na textura, espalhabilidade,
homogeneidade e qualidade final do produto. A densidade é também utilizada na
identificação e no controle de qualidade de um determinado produto industrial, bem como
ser relacionada com a concentração de soluções12. A relação existente entre a massa e o
volume do material, resultou em 0,88. Relativo à umidade do extrato o resultado foi de

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 16770-16781 feb. 2021


Brazilian Journal of Development 16777
ISSN: 2525-8761

99,48 g / 100 ml. Brix (°Bx) é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos
solúveis em uma solução de sacarose. A escala Brix é utilizada na indústria de alimentos
para medir a quantidade aproximada de açúcares em matérias-primas e produtos
alimentícios13. O valor de sólidos solúveis encontrado no extrato hidro-alcoólico foi de
20,63 % (g/100ml - m/v). Na escala de cores o produto final ficou identificado no número
4, de acordo com a tabela utilizada a qual se tem caráter informativo, com objetivo de
identificar variações no produto com relação a sua cor para alguma aplicação específica,
como exemplo em alimentos, do qual seria capaz de trazer modificações no produto final,
ou em cosméticos, podendo alterar as características inicias ou finais do produto. Essa
transformação de cor pode ter influências de diversos fatores, como a composição da
planta, tipo de solvente utilizado, produtos obtidos pela extração, quantidade utilizada,
tempo de exposição e variáveis físico-químicas ou até mesmo microbiológicas.

Tabela 4: Escala visual de cores

Fonte: Elaborado pelo autor

5 DISCUSSÃO
Extratos são definidos como preparações concentradas podendo ser apresentadas
sob diversas consistências, obtidas a partir de matérias-primas vegetais, que passaram ou
não por tratamento prévio (inativação enzimática, moagem, secagem, etc.) e preparadas
por processos envolvendo um solvente14, ou seja, o modo de extração depende do objetivo
final para utilização do produto ou dos resultados a serem investigados. A extração
consiste numa operação de transferência de massa, onde os sólidos solúveis e voláteis
podem migrar para o solvente devido ao contato contínuo e técnicas auxiliares, como a
maceração15. O extrato líquido da folha de Nogueira foi obtido através do solvente álcool
70º. Segundo Filho (1997)16, o solvente que apresenta melhor custo-benefício e vantagens
na obtenção é o álcool 70º pois também tem ação antimicrobiana, contribuindo para o

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 16770-16781 feb. 2021


Brazilian Journal of Development 16778
ISSN: 2525-8761

shelf life do produto e manutenção das características inicias. A utilização do álcool 70º
é muito popular, por se tratar de um recurso de desinfeção imediato, acessível e
econômico, que sucede com a eliminação de microrganismos, além disso, ele é um
solvente muito utilizado por conta do preço somado aos seus diversos benefícios17.
Determinado estudo evidenciou que a utilização de solvente etanol combinado
com ácido acético (70%: 2%, v / v), ultrassom e temperatura a 57ºC por 20 minutos,
mostrou que a extração de composto fenólico da flor aromática Dendranthema Indicum
Var, foi mais eficiente10. Observa-se uso crescente de compostos antimicrobianos naturais
para a produção de aditivos alimentares. Isso se dá devido ao desejo dos consumidores de
evitar conservantes químicos2, ratificando que os conservantes químicos podem ser
prejudiciais à saúde dos consumidores e provocam danos ao meio ambiente18. Segundo
Amaral, Seabra, Andrade et al. (2004)19, as folhas de Nogueira podem ser primordiais
para aplicação como agente antimicrobiano no tratamento de infecções gastrointestinais
humanas e no tratamento de infecções causadas pela bactéria do gênero
Propionibacterium acnes pois os elementos metabólicos provenientes das folhas de
Nogueira demonstraram uma forte atividade tópica para tratamento cutâneo 20, 21.
O uso de plantas para fins terapêuticos é tão antigo quanto a espécie humana e, muitas
vezes, o conhecimento sobre plantas medicinais é o único e mais acessível recurso
terapêutico de comunidades e grupos étnicos22, ou seja, já é de senso comum o
conhecimento sobre as propriedades curativas de diversas plantas, mas estudos
aprofundados e com rigor científico são necessários para que fortaleçam essas
informações. Com base no exposto, as folhas de Nogueira apresentam diversas
propriedades interessantes, especialmente no que se refere a prevenção e controle das
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) como diabetes tipo 2, hipertensão e
1, 2, 3, 4, 5
câncer além da riqueza de antioxidantes . Akram, Olamafar, Zaringhalam et al.
(2011)23 denotaram que o extrato hidro-alcoólico das folhas de Nogueira pode exercer
importante ação protetora ao fígado através da mitigação de radicais livres e dos danos
oxidativos imbuídos pelo tetracloreto de carbono. É interessante também destacar o uso
da noz comum para o controle de pragas agrícolas, na formulação de repelentes,
bactericidas, fungicidas e inibidores de micotoxinas e na fabricação de produtos com
relevante capacidade antioxidante.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 16770-16781 feb. 2021


Brazilian Journal of Development 16779
ISSN: 2525-8761

6 CONCLUSÃO
O presente trabalho possibilitou verificar que o método de extração é relevante,
pois sem isso não seria capaz utilizar os benefícios que as plantas medicinais
proporcionam, tendo em vista o cenário epidemiológico mundial e confirmando que os
estudos destas plantas possuem impactos positivos na prevenção de doenças e tratamento
delas. O resultado do uso do álcool 70º como solvente para extração da folha de Nogueira
configura que é possível obter proventos para a população, com um solvente de baixo
custo. A utilização de produtos naturais tem impacto positivo para a sociedade e natureza,
permitindo enfatizar que além de incentivar a utilização de recursos naturais, também há
valorização de propriedades de macronutrientes e micronutrientes necessários ao
organismo, para uma vida saudável e com qualidade. O número de doenças crônicas não
transmissíveis têm aumentado e esse fato é, também, proporcionado pela alimentação,
além de outros fatores. A Nogueira (Juglans regia L.) apresenta elementos nutricionais
e propriedades físico-químicas de extrema importância. Fundamentado pelo processo de
obtenção do extrato vegetal apresentado nesse estudo, podemos visar o uso dessas
propriedades na indústria alimentícia, agropecuária, cosmética e farmacêutica, com baixo
impacto ambiental e resultados promissores.
Este projeto possibilitou reconhecer que diversos são os fatores que podem
influenciar a eficiência da extração e as características obtidas: densidade, pressão,
temperatura e vazão do solvente. Evidencia-se a importância de maior exploração das
características do referido composto, com o objetivo de melhor subsidiar suas aplicações
e oferecer maior segurança ao uso.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 16770-16781 feb. 2021


Brazilian Journal of Development 16780
ISSN: 2525-8761

REFERÊNCIAS

1. Andreo D, Jorge N. Antioxidantes Naturais: Técnicas de extração. Boletim Centro de


Pesquisa de Processamento de Alimentos. 2006; 24 (2): 319-336.

2. Delaviz H, Mohammadi J, Ghalamfarsa G, Mohammadi B, Farhadi N. A Review Study


on Phytochemistry and Pharmacology Applications of Juglans regia Plant. Rev.
Pharmacogn. 2017; 11(22):145‐152.

3. Pollegioni P, Woeste K, Chiocchini F, Del Lungo S, Ciolfi M, Olimpieri I, et al.


Rethinking the history of common walnu (Juglans regia L.) in Europe: Its origins
andhuman interactions; 2017; 12(3):1-24 [internet]. [Acesso em 25 mai 2019]. Disponível
em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0172541

4. Liu MC, Yang SJ, Hong D, Yang JP, Liu M, Lin Y et al. A simple and convenient
method for the preparation of antioxidant peptides from walnut (Juglans regia L.) protein
hydrolysates. Chem Cent J. 2016; 10-39.

5. Raafat K. Phytochemical analysis of Juglans regia oil and kernel exploring their
antinociceptive and anti-inflammatory potentials utilizing combined bio-guided GC–FID,
GC–MS and HPLC analyses. Revista Brasileira de Farmacognosia 2018; 28(3): 358-368
[internet]. [Acesso em 26 mai 2019]. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0102695X17306865?via%3Dihub

6. Panth N, Paudel KR, Karki R. Phytochemical profile and biological activity of Juglans
regia. J Integr Med 2016; 14, (5):359-373.

7. Ahn CB, Song CH, Kim WH, Kim YK. Effects of Juglans sinensis dode extract and
antioxidant on mercury chloride-induced acute renal failure in rabbits. J Ethnopharmacol;
2002. Vol: 82, p.45-49.

8. Plate Count Ágar. [Bula]. Rua Cassemiro de Abrel, 521- Vargem Grande 83.321-210
Pinhais/PR. Laboratorio de Análises Clínicas Laborclin LTDA; 2018.

9. Sousa CP. Segurança alimentar e doenças veiculadas por alimentos: Utilização do


grupo coliforme como um dos indicadores de qualidade de alimentos. Rev APS, 2006:
9(1):83-88 [internet]. [Acesso em 20 de Jul de 2019]. Disponível em:
http://www.ufjf.br/nates/files/2009/12/Seguranca.pdf

10. Morelli AMF. Escherichia coli O157:H7: Ocorrência em ambiente de produção de


leite na microrregião de Viçosa, adesão em diferentes superfícies e resistência a
sanitizantes [tese]. Minas Gerais: Universidade Federal de Viçosa; 2008.

11. Brasil. Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).


Resolução da Diretoria da Colegiada (RDC) Nº 10, de 9 de março de 2010. Dispõe sobre
a notificação de drogas vegetais junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) e
dá outras providências. [Online]. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/res0010_09_03_2010.html

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 16770-16781 feb. 2021


Brazilian Journal of Development 16781
ISSN: 2525-8761

12. Marco JC, Paoli A, Andrade JC. A Determinação da Densidade de Sólidos e Líquidos.
Chemkeys-liberdade para a prender 2004; 1-8.

13. Pilling S. Prática 11 – Refratometria. Determinação do índice de refração de líquidos.


Universidade do Vale do Paraíba-SP 2017; 1-8 [internet]. [Acesso em mai de 2019].
Disponível em: https://www1.univap.br/spilling/FQE2/FQE2_EXP11_Refratometria.pdf

14. Extratos vegetais. Revista Food Ingredientes Brasil 2010; 11: 16-20.

15. Dutra LS. Desenvolvimento e Validação de Metodologia Analíticas para


Quantificação ß ensina em extratos de Aesculus hippocastanum L. (Castanha da Índia)
[dissertação]. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora; 2012.

16. Filho VC. Estratégias para a obtenção de compostos farmacologicamente ativos a


partir de plantas medicinais. Conceitos sobre modificação estrutural para otimização da
atividade Departamento de Química - Universidade Federal de Santa Catarina, 1997; 99-
105 [internet]. [Acesso em 07 de jun 2019]. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/qn/v21n1/3475.pdf

17. Longhini R, Raksa SM, Oliveira ACP, Svidzinski TIE, Franco SL. Obtenção de
extratos de própolis sob diferentes condições e avaliação de sua atividade antifúngica.
Rev. Bras. Farmacogn 2007; 17 (3): 388-395.

18. Ganesh N, Akthar S, Shah TI. Preliminary Phytochemical Evaluation and


Antibacterial Potential of Different Leaf Extracts of Juglana regia: A Ubiquitous Dry
Fruit from Kashmir-India Int. J. Pharm. Sci. Rev. Res 2013; 19 (2): 93-96.

19. Amaral JS, Seabra RM, Andrade PB, Valentão P, Pereira JA, Ferreres F. Phenolic
profile in the quality control of walnut (Juglans regia L.) leaves. Food Chemistry;
2004.p.373–379

20. Chaleshtori AS, Chaleshtori RS, Chaleshtori FS, Rafieian M. Antibacterial effects of
ethanolic extract of walnut leaves (Juglans regia) on propionibacterium acnes. J Adv Med
Biomed Res 2010; 18 (71) :42-49.

21. Neves JR, Francesconi F, Costa A, Ribeiro BM, Follador I, Almeida LMC.
Propionibacterium acnes e a resistência Bacteriana. Surg Cosmet Dermatol 2015;7 (3):
27-38.

22. Maciel MAM, Pinto AC, Veiga VF. Plantas medicinais: A necessidade de estudos
multidisciplinares. Quím. Nova 2002; 25(3): 429-438.

23. Akram E, Olamafar S, Zaringhalam J, Rezazadeh S, Eidi M. Protective effect of


Walnut (Juglans regia L.) extract against CCl4 – induced hepatotoxicity in rats. Induced
hepatotoxicity in rats. Research in Medicine. 2011; 35 (2) :87-92 [internet]. Disponível
em: [Acesso em 7 de jul 2019]. Disponível em: http://pejouhesh.sbmu.ac.ir/article-1-886-
en.html.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.2, p. 16770-16781 feb. 2021

Você também pode gostar