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Universidade de Estado do Pará

Centro de Ciências Sociais e Educação


Curso de Licenciatura em Letras-Língua Portuguesa
Disciplina: Linguística I
Jaqueline do Nascimento Cruz
Luiza Rodrigues Moura
Márcia Santos da Conceição

Fenômeno Linguístico: Pronome Demonstrativo


Corpus: Telejornal
Variáveis
Contexto: uso formal da fala/escrita
Escolaridade: Ensino Superior
Idade: 40 a 70 anos
1.3. Apresentação do Fenômeno em quadro.

Sujeitos Idade Escolaridade APRESENTAÇÃO DO FENÔMENO NO


TEXTO ORAL

Amostra 70 Ensino “O Ministério da educação suspende a


número 1 Superior implantação do novo ensino médio por
sessenta dias, à medida que já havia sido
anunciada pelo ministro Camilo Santana foi
publicada hoje no diário oficial da união,
segundo o MEC, nesse período será
discutido em consulta pública, na prática a
suspensão dos prazos não afeta a
rotina das escolas"

Amostra 70 Ensino “O ataque mais recente foi que 9 pessoas


número 2 Superior morreram, com mais esse ataque de hoje
em Blumenau o número de mortos subiu
para 43”
Amostra 40 Ensino “É mais um feriado com muita chuva
número 3 Superior prevista, ainda mais depois da
tragédia que aconteceu durante o carnaval
no litoral norte de São Paulo, esses
temporais vão pegar hoje com chuva forte e
persistente”

Amostra 49 Ensino “[....] o consumo interno representa 9% do


número 4 Superior pib da Industria brasileira, pra se ter uma
ideia melhor sobre a força de tudo isso, em
um ano somente com combustíveis o país
arrecada”.

Amostra 63 Ensino “Pela primeira vez os nomes dos 34


número 5 Superior brasileiros apareceram na lista de quem
pode atravessar a fronteira, eles estavam
prontos no lado de Gaza [...} enquanto isso,
do lado do Egito, a missão da diplomacia
brasileira chegou a se posicionar para
recebê-los.” (

Sujeitos Idade Escolaridade APRESENTAÇÃO DO FENÔMENO NO


TEXTO ESCRITO

Amostra 60 Ensino “A questão de fundo parece mesmo ter sido


número 6 Superior a revolta da torcida [...]no fim do jogo,
comissão técnica, jogadores e diretoria
foram muito vaiados pelos torcedores, o
motivo para o cancelamento de um novo
amistoso está diretamente relacionado a
isso.”

Amostra 59 Ensino “Ao longo deste domingo, para vencer as


número 7 Superior barreiras territoriais que impedem a entrada
da ajuda humanitária, o governo da
Jordânia lançou por via aérea
medicamentos básicos e insumos
médicos”.

Amostra Ensino “[...]Para falar sobre isso, o Arquicast


número 8 Superior convidou duas especialistas no assunto
para ajudar a desvendar essas questões e
entender melhor como a tecnologia pode
ser usada em benefício das cidades e de
seus habitantes.”

Amostra Ensino “A coleta e análise de dados é um aspecto


número 9 Superior fundamental nesse novo paradigma. Esses
dados podem ser utilizados para orientar o
planejamento e a tomada de decisões, bem
como para monitorar a efetividade das
políticas implementadas”.

Amostra Ensino “A inspiração para a entrada na vida política


número 10 Superior veio do pai, Paulo da Silva Rocha, líder
político da cidade de Niquelândia, onde
Vilmar Rocha nasceu. Em 1970, se mudou
para a Capital para cursar Direito, na
Universidade Federal de Goiás (UFG).
Nesse período, começou a militar no
movimento estudantil e a partir daí não
deixou mais a política. Na entrevista, Vilmar
Rocha lembrou, ainda, que essa era uma
época em que a sociedade se mobilizava
em prol do fim da ditadura e da volta da
democracia, movimento que ele também
integrou.”

1.3.1 Descrição dos Fenômenos considerando as variáveis controladas.

Este trabalho tem por objetivo descrever o fenômeno do pronome


demonstrativo e seus usos na fala e na escrita. Para tanto, o corpus empregado
constitui-se da gravação de 5 reportagens de apresentadores de telejornal e de 5
reportagens de colunistas de jornais, nas modalidades escrita e oral, todos com
escolaridade de Ensino superior completo, e faixa etária acima de 40 anos, forme se
pode constar no quadro acima.

Em que pese, as entrevistas terem ocorrido em contexto formal, foi observada a


variação em relação ao demonstrativo “esse” nos textos orais.
2. Estudo e análise do fenômeno.

2.1.1 Estudo do fenômeno com base em gramáticas normativas prescritivas.

Cunha & Cintra (2016, p. 342) afirmam que “os demonstrativos situam a pessoa
ou coisa designada relativamente às pessoas gramaticais. Podendo situá-las no
espaço e no tempo.” Ainda para esses autores, os pronomes demonstrativos são
caracterizados fundamentalmente pela sua função dêitica, anafórica ou catafórica.

Quanto ao aspecto de tempo e espaço, na gramática Cunha & Cintra, é


apresentado na forma de um quadro, tais como.

DEMONSTRATIVO PESSOA ESPAÇO TEMPO

este 1ª situação próxima presente

esse 2ª situação intermediária passado ou


ou distante futuro pouco
distante

aquele 3ª situação longínqua passado vago


ou remoto

Esta tarde para mim tem uma doçura nova.

Bons tempos, Manuel, esses que já lá vão!

Naquele tempo era uma boa casa de banho.

De acordo com Lima, Rocha (2011, p. 159) “Pronomes demonstrativos são


palavras que assinalam a posição dos objetos designados, relativamente as pessoas
do discurso”.

Desta forma, ele exemplifica a frase “Esta cadeira”, o pronome “esta” denota
que a cadeira está próxima a ele ou é a que o mesmo está sentado. Além disso,
quando se usa o pronome demonstrativo “Essa cadeira”, se refere a algo que está
perto do interlocutor ou a cadeira a qual ele se senta. Por outro lado, quando o
demonstrativo é “Aquela”, não está perto nem de um e nem de outro. Assim, para a
gramática normativa esta é a norma geral.

Os pronomes demonstrativos nem sempre são usados de maneira rígida. Assim,


existe também os pronomes adverbiais demonstrativos, que são: Aqui, Aí, Lá e Ali
ou Acolá.

Desta maneira, organizaremos abaixo:


DEMONSTRATIVOS PESSOA ESPAÇO TEMPO

Este, isto, aqui 1 Perto de mim Presente


Esse, isso, aí 2 Perto do interlocutor Pretérito

Aquele, Aquilo, Ali, lá 3 Não está perto nem Pretérito


de um e nem de
outro
Dêiticos e Anafóricos

Segundo Lima, Rocha (2011, p 401) o emprego dêitico indica proximidade, ou


afastamento no espaço e ou no tempo em relação as pessoas do discurso. Em
contrapartida, o anafórico refere-se ao que vai ser enunciado, bem como ao que já
foi mencionado no texto.

Ex: “O coração que bate neste peito,

E que bate por ti unicamente...” (Dêitico)

Ex: “Só lhe saiu este pequeno verso:

Mudaria o Natal, ou mudei eu?..’’

Para Bechara (2019, p. 183), os pronomes demonstrativos “indicam a posição


dos seres em relação às pessoas do discurso. Essa localização pode ser no tempo,
no espaço ou no discurso.

Este livro é o livro que está perto da pessoa que fala

Nessas gramáticas, é apresentado um quadro, no qual são citados os pronomes


variáveis e invariáveis e suas variações de forma geral. No entanto, é mencionado
que o conceito não corresponde à realidade do uso da língua, somente como os
pronomes demonstrativos são utilizados na escrita.

Logo, as normas que regulam o emprego "correto" do demonstrativo, orientam


consequentemente, a edição de livros didáticos, provas de concurso e correção de
redações que permanecem atreladas a correlação acima. Contudo os próprios
gramáticos reconhecem a impossibilidade desse rigor tradicional, como se observa
em Bechara “Nem sempre se usam com este rigor gramatical os pronomes
demonstrativos; muitas vezes interferem situações especiais que escapam à
disciplina da gramática” (BECHARA, p. 167).

Portanto, uma gramática tradicional serve para aprender regras, e não para
saber como é o funcionamento da flexibilidade de uma língua.
Enquanto, nas gramáticas do Bechara, e do Rocha Lima o modo de
apresentação foi de forma sucinta. Apenas conceitua e logo a seguir faz a
demonstração dos pronomes demonstrativos por meio de exemplos.

Na gramática Cunha & Cintra, a apresentação dos pronomes demonstrativos


são arroladas em numerosas situações de uso. Assim sendo, essa gramática
procurou mostrar o máximo possível de ocorrências em vários contextos. Procurou
considerar os valores gerais; a diversidade de emprego; empregos particulares;
posição do pronome adjetivo demonstrativo; alusão a termos precedentes; reforço
dos demonstrativos; valores afetivos; o(s), a(s) como demonstrativos; substitutos dos
pronomes demonstrativos.

2.1.2 Analisar o fenômeno conforme apresentado no quadro 1.3.

De acordo com as informações obtidas referentes ao fenômeno linguístico


estudado por meio de gravações de áudios dos entrevistados e análise do texto
escrito por eles, a tabela demonstra que a maioria dos sujeitos apresentou o uso do
demonstrativo conforme a norma na variedade de prestígio da língua, o que pode
ser justificado pelo fato dos sujeitos estarem em ambiente com alta influência verbal.

No entanto, o sujeito número 02, apresentou variação em relação ao uso do


pronome esse/ este, em relação ao tempo na modalidade falada, conforme se
observa a seguir. Por outro lado, o número 01, foi projetado para o futuro em razão
de sua ligação temporal com o falante.

(1) “O Ministério da educação suspende a implantação do novo ensino médio por


sessenta dias [....] nesse período será discutido[...].”. o pronome nesse foi utilizado
para se referir aos sessenta dias de suspensão da implantação do ensino médio
utilizado para indicar tempo futuro próximo ao ato da fala.

(2) “[....] 9 pessoas morreram, com mais esse ataque de hoje em Blumenau o
número de mortos subiu para 43”., o demonstrativo ESSE, e variações
correspondem, normalmente, a fatos no Pretérito, entretanto foi utilizado pelo falante
para referir-se ao tempo presente.

Com efeito, abundam situações em que se dissipa a fronteira entre este/esse,


isto/isso, importa que seja numa dimensão exoforica ou endofórico.

Segundo NEVES (2011, p. 495 e 498), o pronome é conhecido como exofórico


(exo: fora, do texto) e o endofórico (endo: dentro, do texto).
Quando se fala em pronome exofórico, há o pronome dêitico em que se busca
referência do lado de fora do texto, ou seja, pode ser empregado como referenciador
situacional. Nesse caso as formas variáveis, este, esse e aquele, estão diretamente
relacionados aos advérbios, de lugar aqui, aí e lá.
Há também o pronome endofórico, conhecido como um pronome anafórico ou
catafórico. Anafórico faz referência ao que já foi mencionado, retoma uma palavra ou
ideia. O catafórico antecipa uma palavra ou uma ideia.

Nesse sentido, veja-se que em (3), (4), (5), e (6) os fenômenos se


apresentaram anafóricos, pois referem-se a termos já ditos no texto.

(3) “É mais um feriado com muita chuva prevista, [...], esses temporais vão pegar
hoje com chuva forte e persistente.”

(4) “[....] o consumo interno representa 9% do PIB da Industria brasileira, pra se ter
uma ideia melhor sobre a força de tudo isso.

(5) “Pela primeira vez os nomes dos 34 brasileiros apareceram na lista de quem
pode atravessar a fronteira, eles estavam prontos no lado de Gaza [...} enquanto
isso, [.......].

(6) “A questão de fundo parece mesmo ter sido a revolta da torcida [...]no fim do
jogo, comissão técnica, jogadores e diretoria foram muito vaiados pelos torcedores,
o motivo para o cancelamento de um novo amistoso está diretamente relacionado a
isso.”

No trecho a seguir identificamos um pronome dêitico, pois busca referência fora


do texto uma vez que, o domingo ao qual o fenômeno cita seria aquele em que a
ajuda humanitária seria lançada.

(7) “Ao longo deste domingo, para vencer as barreiras territoriais que impedem a
entrada da ajuda humanitária, o governo da Jordânia lançou por via aérea
medicamentos básicos e insumos médicos.”

Ainda de acordo com NEVES (2011, p.500), o demonstrativo Este, está


vinculado ao falante, no entanto, muitas vezes se afrouxa caso em que a relação se
estende para a segunda pessoa.

(8) “[...]Para falar sobre isso, o Arquicast convidou duas especialistas no


assunto para ajudar a desvendar essas questões.”

(9) “A coleta e análise de dados é um aspecto fundamental nesse novo


paradigma. Esses dados podem ser utilizados para orientar.” nos dois casos acima
o pronome em análise mostra-se como referenciador textual.

No que concerne ao sujeito nº 10 o demonstrativo foi empregado como


referenciador situacional, portanto, uso exofórico para ligação temporal do falante
com o passado como se vê abaixo.
(10) “ [...] Vilmar Rocha nasceu. Em 1970, se mudou para a Capital para cursar
Direito, na Universidade Federal de Goiás (UFG). Nesse período, começou a
militar.”

NEVES, aponta diversas particularidades do emprego dos demonstrativos,


esclarecendo que o falante geralmente não está atrelado aos usos e convenções
tradicionalistas, desta forma a autora leciona por exemplo que “o demonstrativo
feminino ESSA, aparece em contextos em que poderia ser usado ISSO.”( essa
situação, esse fato, esse dito). ( NEVES2011, p.507).

Embora o percurso do estudo dos fenômenos linguísticos perpasse por normas e


prescrições rígidas, entendemos que há diversas possibilidades de uso dos
demonstrativos, conforme o contexto de produção, desta feita, é necessário que se
reflita sobre essas regularidades de emprego dos demonstrativos e salientar as
implicações semânticas de cada escolha.

3. Discutir o fenômeno considerando as teorias estruturalista, gerativista e


funcionalista.

. O estudo da variação linguística, sob a perspectiva variacionista de William


Labov (1964), é uma abordagem fundamental na sociolinguística que busca
entender como as variações na língua ocorrem e quais fatores sociais e linguísticos
e como as influenciam. A teoria variacionista de Labov é conhecida por seu método
científico rigoroso e suas contribuições significativas para o campo da
sociolinguística. Neste caso, o conceito de variável social,segundo Labov, é de que
a língua está sujeita a variações sistemáticas que são influenciadas por fatores
sociais. Por exemplo, a pronúncia de um som específico pode variar dependendo da
classe social dos falantes.

Essas variações são chamadas de "variáveis sociais" e podem ser analisadas


quantitativamente, onde vale ressaltar que, o mesmo desenvolveu um método de
coleta de dados conhecido como "entrevistas sociolinguísticas". Isso envolve a
gravação de falantes em situações de fala natural e, em seguida, a análise
sistemática das variações linguísticas presentes nas gravações, a partir desses
métodos variacionista podemos analisar os fenômenos estudados nesse artigo.

3.1.1 A análise do fenômeno das variantes no uso dos pronomes


demonstrativos em uma perspectiva de avaliação social pode envolver a observação
e compreensão das diferentes formas e contextos em que esses pronomes são
utilizados, considerando as variações linguísticas que ocorrem em diferentes
comunidades linguísticas e grupos sociais. Os pronomes demonstrativos, como
"este", "esse" e "aquele", são utilizados para indicar a posição de um elemento em
relação às pessoas que falam ou ouvem. As variações no uso desses pronomes
podem ser influenciadas por diversos fatores, incluindo regionalismo, nível de
formalidade, contexto social, idade, entre outros. Outrossim, a análise
sociolinguística desse fenômeno requer uma abordagem mais ampla principalmente
nessas variações regionais, pois em diferentes regiões, as pessoas podem preferir
ou utilizar formas específicas de pronomes demostrativos, essas variações podem
estar associadas a características fonéticas, morfológicas ou sintáticas.

Por seguinte, também é importante destacar que o contexto social desses


grupos específicos que podem desenvolver padrões linguísticos distintos. Por
exemplo, diferentes gerações, classes sociais, ou comunidades étnicas podem ter
preferências particulares no uso dos pronomes demonstrativos, sabemos que a
língua é dinâmica, e o uso dos pronomes demonstrativos pode evoluir ao longo do
tempo, é importante destacar, que a avaliação social inclui a consideração das
atitudes que as pessoas têm em relação às diferentes formas de uso dos pronomes
demonstrativos. Algumas variantes podem ser percebidas como mais "prestigiosas"
ou "corretas" em determinados contextos sociais, enquanto outras podem ser
estigmatizadas.

Ademais, as pesquisas do uso desse fenômeno mostraram que a mídia


e o sistema educacional desempenham um papel significativo na padronização ou
disseminação de certas formas linguísticas. A análise deve considerar como essas
instituições contribuem para a aceitação ou rejeição de variantes no uso dos
pronomes demonstrativos.

Em resumo, a análise sociolinguística do fenômeno das variantes no


uso dos pronomes demonstrativos envolve a consideração de uma variedade de
fatores sociais, culturais e históricos que moldam as preferências linguísticas em
uma comunidade específica. Essa abordagem oferece uma compreensão mais
completa das práticas linguísticas e das atitudes sociais em relação a essas
variações.

3.1.2. A análise da variante do pronome demonstrativo na avaliação


social e na fala pode ser conduzida a partir de diferentes perspectivas linguísticas e
sociais, dado a isto, esta análise tem como objetivo identificar o fenômeno a partir
desta, é importante frisar, as normas linguísticas e a variação linguística, visto que a
identificação da norma linguística padrão em relação ao uso dos pronomes
demonstrativos na gramática normativa é de fato muito presente, porém observando
o comportamento desse fenômeno, pode se observar que as variantes regionais,
dialetais ou sociais no uso dos pronomes demonstrativos são presentes em
contextos formais e informais de uso.

Outrossim, as atitudes linguísticas sociais em relação às diferentes


variantes do pronome demonstrativo envolvem pesquisas de opinião, entrevistas ou
análise de redes sociais para compreender as percepções das pessoas em relação
ao uso desses pronomes, a importância de destacar também, o contexto dos usos
em que as diferentes variantes são mais frequentemente utilizadas. Por exemplo,
pode haver variações no uso dos pronomes demonstrativos em situações formais
versus informais, em contextos acadêmicos, profissionais ou familiares, a coleta de
dados escritos e falados, foi de extrema relevância, pois a coleta e análise de dados
linguísticos provenientes de fala espontânea em situações do cotidiano, mostraram a
amplitude das variações. Ao realizar uma análise abrangente desses fatores, é
possível obter uma compreensão mais profunda de como as variantes dos
pronomes demonstrativos são utilizadas na fala, bem como as implicações sociais e
linguísticas associadas a essas escolhas.

Essa abordagem integrada pode contribuir para uma visão mais


completa da dinâmica linguística em uma comunidade específica, e mostram como
as variações são de fato parte da nossa língua. Referências bibliográficas: A
sociolinguística Variacionista: Pressupostos, teórico-metodológicos, William Labov.
(2008)

4. O estudo e análise do fenômeno do pronome demonstrativo,


considerando o conceito de norma padrão da língua portuguesa, envolve a
investigação das formas aceitas e recomendadas pelos padrões linguísticos
estabelecidos, visto que a flexão entre o uso dos pronomes demonstrativos é de
caráter significativo em diferentes contextos,Isso pode incluir a distinção entre "este",
"esse" e "aquele" e suas formas flexionadas, além da necessidade de haver
complemento na oração, este fenômeno depende da concordância e regência ao
qual está inserido, o uso dos pronomes demonstrativos na norma padrão envolvem
observar como esses pronomes concordam em gênero e número com os
substantivos a que se referem, percebendo se este fato, podemos observar que, as
formas padrão dos pronomes demonstrativos são utilizadas em situações formais,
como escrita acadêmica, documentos oficiais, comunicações empresariais e outros
contextos, onde demandam uma linguagem mais cuidada e normatizada são usados
de forma estrategicamente controlados e pensados, sempre levando em
consideração o “uso correto” dos pronomes demonstrativos para evitar
ambiguidades na comunicação.

Consequentemente, a análise do fenômeno do pronome demonstrativo,


considerando o conceito de norma padrão da língua portuguesa, envolve a
compreensão de como a norma padrão estabelece as regras para o uso correto da
língua e como essas regras se relacionam com as escolhas desses pronomes. A
gramática normativa, abordada aqui, como uma variedade da língua, visto que é
uma norma padrão que é considerada a forma mais culta e prestigiosa.

Ela é geralmente usada em contextos formais, como literatura,


jornalismo, documentos legais e comunicação acadêmica, o que explicaria o cuidado
com o uso dos pronomes nessa pesquisa quantitativa, pois a norma padrão define
regras gramaticais, ortográficas e de estilo que são aceitas como "corretas" dentro
de uma comunidade linguística, deste modo, a norma padrão da língua portuguesa
estabelece regras específicas para o uso correto dos pronomes. Por exemplo, a
concordância de gênero e número entre o fenômeno e o substantivo ao qual se
refere é uma regra importante.

Outrossim, dentro do contexto da norma padrão, o uso desses


pronomes, deve obedecer às regras de concordância, considerando o gênero,
número e pessoa. Ao analisar o fenômeno do pronome demonstrativo sob a
perspectiva da norma padrão da língua portuguesa, é possível compreender não
apenas as regras estabelecidas, mas também como essas regras são aplicadas na
prática, considerando a dinâmica linguística e os usos variados em diferentes
contextos. Essa abordagem contribui para uma compreensão mais abrangente do
papel da norma padrão na comunicação linguística.

4.1.1 No entanto, é importante ressaltar que a língua é dinâmica, e as


variantes linguísticas podem ocorrer devido a fatores regionais, sociais e culturais.
Algumas variações na escolha de pronomes demonstrativos podem ser aceitáveis
em contextos informais ou específicos, mas podem não seguir estritamente as
regras da norma padrão. A partir desse fato, podemos observar os fenômenos
analisados aqui, percebe se as atitudes em relação ao uso desses pronomes podem
variar de pessoa para pessoa. Algumas pessoas podem ser mais rígidas na
aplicação das regras da norma padrão, considerando outras formas como incorretas,
enquanto outras podem ser mais tolerantes em relação às variações. Em resumo, o
estudo e análise do fenômeno do pronome demonstrativo à luz da norma padrão da
língua portuguesa envolvem a compreensão das regras gramaticais e de
concordância que orientam o uso correto desses pronomes. No entanto, é
importante reconhecer que a língua é rica em variações e que o uso de pronomes
possessivos pode variar em contextos informais e regionais. A norma padrão
estabelece um padrão de referência, mas é igualmente importante compreender as
complexidades e as dinâmicas das variações linguísticas que ocorrem na língua
portuguesa.

4.1.2 A análise do pronome demonstrativo, tanto na fala quanto na


escrita, envolve compreender seu significado e suas nuances, no caso dos
pronomes demonstrativos utilizados na fala, onde são utilizados para indicar objetos
ou seres já mencionados no contexto da conversa, dando sentido a frase e o
contexto, as escolhas específicas desses pronomes podem refletir a proximidade ou
distância física ou temporal em relação ao falante e ao ouvinte, de fato, este
fenômeno é involuntário, porém o uso da variante dos pronomes considerados mais
formas são mais usados em situações formais, na escrita, os pronomes
demonstrativos desempenham um papel crucial na clareza e coesão do texto. Eles
ajudam a referenciar previamente introduzidos na narrativa, evitando repetições
desnecessárias e contribuindo para uma leitura mais fluida. Em ambos os casos, a
escolha e o uso adequado dos pronomes demonstrativos são fundamentais para
uma comunicação eficaz, seja na comunicação oral cotidiana ou na produção escrita
mais formal. Essa análise considera não apenas as regras gramaticais, mas também
as nuances pragmáticas e contextuais que influenciam as escolhas linguísticas, as
influências sociolinguísticas se aplicam de forma importante nesse fenômeno, é
possível perceber uma complexidade na fala e na escrita, podendo ser apresentado
em diferentes contextos, pois são usados para ajudar na compreensão da fala. Em
resumo, a análise do fenômeno do pronome demonstrativos na língua portuguesa
requer a consideração de várias dimensões, incluindo regras gramaticais, variações
regionais, sociais e estilísticas, atitudes linguísticas e mudanças ao longo do tempo.
É importante compreender que a língua é dinâmica e que as variações linguísticas
são comuns, refletindo a diversidade e a complexidade da comunicação linguística.
5.1.2 A análise do fenômeno do pronome demonstrativo pode ser abordada
de diferentes maneiras, com base em diferentes perspectivas teóricas da linguística,
como o estruturalismo, o funcionalismo e o gerativismo. Cada uma dessas
perspectivas oferece uma abordagem única para entender o fenômeno, neste caso,
abordaremos três perspectivas importantes para esse estudo,

Primeiramente, o estruturalismo linguístico, especialmente a vertente


saussuriana, foca na análise da estrutura da língua e na identificação de unidades
linguísticas (fonemas, morfemas, sintagmas, etc.) e suas relações. Nesse contexto,
a análise dos pronomes demonstrativos se concentraria na sua estrutura e nas
regras de concordância, o estruturalismo pode ajudar a entender como os pronomes
demonstrativos se encaixam no sistema linguístico, como concordância de tempo,
gênero e como eles contribuem para a estrutura gramatical da língua.

Na visão funcionalista, o foco seria nas funções que as estruturas


linguísticas desempenham na comunicação ao analisar os pronomes demonstrativos
a partir dessa perspectiva e nas razões pelas quais os falantes escolhem certas
formas demonstrativas em diferentes contextos de uso e desse jeito, chegar a
conclusão que os pronomes demonstrativos desempenham um papel importante no
sentido das frases. Além de tudo, temos também a visão gerativista, representada
principalmente pela teoria da gramática generativa de Noam Chomsky, concentra-se
na descrição das estruturas sintáticas da língua e na geração de frases a partir de
regras gramaticais.

A análise dos pronomes demonstrativos nesse contexto estaria


relacionada à sua posição na árvore de derivação sintática, onde pode-se analisar
como os pronomes demonstrativos são gerados a partir de regras gramaticais, como
as regras de concordância e movimento sintático, dentro da teoria gerativa. É
importante notar que cada uma dessas perspectivas tem suas próprias abordagens
e métodos para a análise da linguagem, e o enfoque na análise dos pronomes
demonstrativos pode variar. Além disso, essas perspectivas podem ser
complementares, e muitos linguistas usam uma variedade de abordagens teóricas
para obter uma compreensão mais abrangente dos fenômenos linguísticos.

A análise de pronomes demonstrativos pode ser enriquecedora ao


considerar as contribuições de várias teorias linguísticas para uma compreensão
completa desse fenômeno na língua.

6. O fenômeno dos pronomes demonstrativos pode ser analisado


considerando os traços graduais e descontínuos que influenciam suas variações
linguísticas. Essa análise envolve a compreensão de como esses pronomes são
utilizados em situações diferentes, levando em conta características que podem
variar em intensidade (graduais) ou se manifestar de maneira mais distintiva
(descontínua). Adiante, os traços graduais analisados nesse fenômeno, nota-se que,
a proximidade vs a distância entre os pronomes demonstrativos, como "este", "esse"
e "aquele", podem expressar graus variados de proximidade ou distância em relação
ao falante, sendo mais próximo (este) e mais distante (aquele).

Essa graduação pode ser utilizada para indicar não apenas a


localização física, mas também a proximidade temporal ou relacional. Por outro lado,
os pronomes demonstrativos podem variar na intensidade de sua referência. Por
exemplo, "este livro" pode indicar uma referência mais imediata, enquanto "esse
livro" pode ser mais geral. Essa graduação influencia a precisão da indicação
referencial, além de que em português, os pronomes demonstrativos têm formas
flexionadas de acordo com o gênero e número dos substantivos a que se referem.
Essa variação descontínua é marcada, e as formas específicas (como "este,"
"esta," "estes," "estas") são utilizadas de maneira distinta, dependendo das
características dos referentes, para a análise se tornar completa, é fulcral detalhar
também a distinção diatópica, o que seria para os linguistas, a região de cada
falante, visto que em alguns dialetos ou variações regionais, podem ocorrer
distinções descontínuas nas formas dos pronomes demonstrativos. Por exemplo, em
algumas regiões, pode haver preferência por formas específicas que se diferenciam
das normas consideradas mais padrão.

A análise desses traços graduais e descontínuos dos pronomes


demonstrativos leva em conta não apenas as regras gramaticais, mas também a
pragmática da língua. As escolhas feitas pelos falantes refletem não apenas normas
linguísticas, mas também a influência de fatores contextuais, sociais e culturais.
Além disso, é relevante considerar que as mudanças na língua ao longo do tempo
podem impactar a percepção desses traços. O fenômeno dos pronomes
demonstrativos é dinâmico, refletindo a evolução da língua e as preferências
linguísticas em diferentes comunidades e períodos.

6.1.1 A graduação na escolha dos pronomes demonstrativos para


indicar proximidade ou distância pode ser interpretada de maneira subjetiva. Em
alguns contextos, variações graduais podem ser consideradas expressivas e
naturais, refletindo nuances no significado. No entanto, em outros contextos,
especialmente em situações formais, a preferência pode recair sobre formas mais
padronizadas, desse modo, aqui percebe-se a diversidade linguística, pois a
variação na intensidade de referência também pode ser percebida de maneira
diferente. Em situações mais formais, a precisão na referência pode ser mais
valorizada, enquanto em contextos informais, variações graduais podem ser mais
aceitáveis. As formas flexionadas dos pronomes demonstrativos, que variam de
acordo com gênero e número, podem ser sujeitas a padrões mais rígidos na norma
padrão.

No entanto, variações descontínuas podem ocorrer em diferentes


dialetos e comunidades, o que reflete essa diversidade linguística, variações
regionais podem envolver diferenças descontínuas nas formas dos pronomes
demonstrativos. É importante reconhecer e respeitar essa diversidade linguística,
evitando preconceitos baseados em estereótipos linguísticos.

6.1.2 O preconceito linguístico ocorre quando determinadas variantes


linguísticas são estigmatizadas. Em relação aos pronomes demonstrativos, formas
não padronizadas podem ser alvo de preconceito, sendo percebidas como "erradas"
ou associadas a estereótipos sociais, de fato a educação linguística desempenha
um papel crucial na mitigação do preconceito linguístico. Ao promover a
compreensão das variações linguísticas e destacar a diversidade como um aspecto
enriquecedor, é possível combater estigmas injustos associados às formas
linguísticas não padronizadas. A análise desses fenômenos requer uma abordagem
sensível, reconhecendo a complexidade das interações linguísticas e sociais.
Compreender as variações dos pronomes demonstrativos no contexto dos traços
graduais e descontínuos, enquanto também aborda o preconceito linguístico,
contribui para uma visão mais inclusiva e respeitosa da diversidade linguística e
cultural.

Referências Bibliográficas

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 39ª. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2019

CAVALCANTE, Mônica. O Demonstrativo e seus usos. Perspectiva, Florianópolis, v20, n.01, p.157-
181, jan./jun. 2002.

CUNHA, Celso Ferreira da1917-1989; CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português
contemporâneo. 7ª. ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2016.

LIMA, Carlos Henrique da Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Jose
Olympio, 1973
NEVES, Maria Helena Moura. Gramática de usos do português. 2ª Ed. São Paulo: Editora UNESP,
2011.

LABOV,William.Padrões Sociolinguísticos, 2008

SAUSSURE, Ferdinand de Curso de Linguística Geral 857-1913

SCHERRE, Maria Marta Pereira traços contínuos e graduais do português brasileiro,(UNB /


UFES)

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