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Termometria / Calorimetria

Escalas termométricas

Vamos abordar três escalas. A escala Celsius desenvolvida pelo físico


sueco Anders Celsius (1701 - 1744), a escala Fahrenheit desenvolvida por
Daniel G. Fahrenheit (1685 - 1736). A terceira é a escala absoluta Kelvin
desenvolvida por William Thomson (1824 - 1907). É importante salientar
que a escala Kelvin não utiliza em seu símbolo o grau o.

Para relacionar as escalas e determinar


uma relação de conversão entre elas,
basta elaborar uma expressão de
proporção entre elas, da seguinte forma:

𝜃𝐶 𝜃𝐹 − 32 𝜃𝐾 − 273
= =
5 9 5
Ou ainda utilizar os dados da seguinte tabela:

Conversão de: Para: Fórmula:


Celsius Fahrenheit oF=oC . 1,8 + 32
o
Fahrenheit Celsius C=(oF-32) / 1,8
Celsius Kelvin K=oC + 273
o
Kelvin Celsius C=K - 273
o
Fahrenheit Kelvin K=( F + 460) / 1,8
Kelvin Fahrenheit oF=K . 1,8 - 460

De salientar que o zero absoluto ou 0 K corresponde a -273,15 oC e a


-459,67 oF.

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Variação de temperatura

Na imagem das escalas podemos observar que a escala Celsius e a escala


Kelvin possuem a mesma variação de temperatura.

Variação da escala Celsius: Δθ𝐶 = 100 − 0 = 100 O𝐶


Variação da escala Kelvin: Δ𝜃𝐾 = 373 − 273 = 100 𝐾
Já a escala Fahrenheit é dividida em 180 partes e não corresponde à
mesma variação nas outras duas escalas.

Δ𝜃𝐹 = 232 − 32 = 180 o𝐹


Relação de conversão de variações

Δ𝜃𝐶 Δ𝜃𝐹 Δ𝜃𝐾


= =
5 9 5
Dilatação térmica dos sólidos

A dilatação térmica dos sólidos aparece em três tipos: dilatação linear


(aquela que ocorre em apenas uma dimensão), dilatação superficial
(ocorre em duas dimensões) e dilatação volumétrica (ocorre em três
dimensões).

Dilatação linear

A dilatação linear é dada pelas seguintes fórmulas:

Δ𝐿 = 𝐿 − 𝐿0
Δ𝐿 = 𝐿0 . 𝛼 . Δ𝜃

Onde 𝛼 é coeficiente de dilatação linear do material, diferente para cada


tipo de material. Sua unidade de medida é oC-1 e Δ𝜃 em oC

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O comprimento final 𝐿 é dado pelas seguintes fórmulas:

𝐿 = Δ𝐿 + 𝐿0
𝐿 = 𝐿0 (1 + 𝛼 . Δ𝜃)

Dilatação superficial

A dilatação superficial é dada pelas seguintes fórmulas:

Δ𝐴 = 𝐴 − 𝐴0
Δ𝐴 = 𝐴0 . 𝛽 . Δ𝜃

Onde 𝛽 é o coeficiente de dilatação superficial.

A área final 𝐴 é dado pelas seguintes fórmulas:

𝐴 = Δ𝐴 + 𝐴0
𝐴 = 𝐴0 (1 + 𝛽 . Δ𝜃)
A relação do coeficiente de dilatação superficial com o linear é dada por:

𝛽 = 2 .𝛼

Dilatação volumétrica

A dilatação volumétrica é dada pelas seguintes fórmulas:

Δ𝑉 = 𝑉 − 𝑉0
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Δ𝑉 = 𝑉0 . 𝛾 . Δ𝜃
Onde 𝛾 é o coeficiente de dilatação volumétrica.

O volume final 𝑉 é dado pelas seguintes fórmulas:

𝑉 = Δ𝑉 + 𝑉0
𝑉 = 𝑉0 (1 + 𝛾 . Δ𝜃)
A relação do coeficiente de dilatação volumétrica com os outros
coeficientes é dada por

𝛾 = 3 .𝛼
𝛾 =𝛼+𝛽
𝛾 = 2 .𝛽

Tabela de dilatação linear de algumas substâncias

Substância 𝜶 (oC-1) Substância 𝜶 (oC-1)


Chumbo 27.10-6 Platina 9.10-6
Zinco 26.10-6 Vidro (comum) 8.10-6
Alumínio 22.10-6 Tungsténio 4,3.10-6
Prata 19.10-6 Vidro (pyrex) 3.10-6
Cobre 17.10-6 Ferro 12.10-6
Ouro 15.10-6 Cromo 4,9.10-6

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Dilatação térmica dos líquidos

A dilatação de um líquido deve levar em consideração a dilatação


aparente (extravasada) e a do recipiente, considerando o recipiente cheio.

A dilatação volumétrica real do líquido é dada pelas seguintes fórmulas:

Δ𝑉𝑟𝑒𝑎𝑙 = Δ𝑉𝑟𝑒𝑐 + Δ𝑉𝑎𝑝

Δ𝑉𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑉0 . 𝛾𝑟𝑒𝑎𝑙 . Δ𝜃
A dilatação do recipiente:

Δ𝑉𝑟𝑒𝑐 = 𝑉0 . 𝛾𝑟𝑒𝑐 . Δ𝜃
A dilatação aparente:

Δ𝑉𝑎𝑝 = 𝑉0 . 𝛾𝑎𝑝 . Δ𝜃

Δ𝑉𝑎𝑝 = Δ𝑉𝑟𝑒𝑎𝑙 − Δ𝑉𝑟𝑒𝑐


O coeficiente aparente:

𝛾𝑎𝑝 = 𝛾𝑟𝑒𝑎𝑙 − 𝛾𝑟𝑒𝑐


Quando se fala em Δ𝑉𝑟𝑒𝑎𝑙 , Δ𝑉𝑎𝑝 , 𝛾𝑟𝑒𝑎𝑙 ou 𝛾𝑎𝑝 , estamos sempre a
referirmo-nos ao líquido.

Capacidade térmica e calor específico

Definimos capacidade térmica 𝐶 (unid: g/oC) de um corpo como sendo a


quantidade de calor necessária por unidade de variação da temperatura
do corpo.
𝑄
𝐶 = Δ𝜃 𝐶 = 𝑐 .𝑚
A capacidade térmica é uma característica do corpo e não da substância.
Portanto diferentes blocos de um certo material têm capacidades
térmicas diferentes, apesar de serem constituídos da mesma substância.

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Quando consideramos a capacidade térmica da unidade de massa, temos
o calor específico 𝑐 da substância considerada.
𝐶 𝑄
𝑐= 𝑐 = 𝑚.
𝑚 𝛥𝜃

Calor específico é uma característica da substância e não do corpo.


Portanto, cada substância possui o seu calor específico.

Eis uma tabela do calor específico de algumas substâncias

Calor específico
Substância
(cal/goC)
Água 1,000
Álcool 0,580
Alumínio 0,219
Chumbo 0,031
Cobre 0,093
Ferro 0,550
Mercúrio 0,033
Prata 0,056
Gelo 0,500
Vidro 0,200
Vapor de água 0,480

A unidade de medida do calor específico 𝑐 e da capacidade térmica 𝐶 é


cal/g.oC

Equação fundamental da calorimetria

Combinando os conceitos de calor específico e capacidade térmica, temos


a equação fundamental da calorimetria.

𝑄 = 𝑚 . 𝑐 . Δ𝜃
Que também pode tomar as seguintes formas:
𝐶 𝑄
𝑄 = 𝑚 . 𝑚 . Δ𝜃 𝑄 = 𝑚 .𝑚. Δ𝑡
. Δ𝜃

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Trocas de calor

Se vários corpos, no interior de um recipiente isolado termicamente,


trocam calor, os de maior temperatura cedem calor aos de menor
temperatura, até que se estabeleça o equilíbrio térmico. E de acordo com
a conservação, temos:

𝑄1 + 𝑄2 + 𝑄3 + 𝑄𝑛 = 0
Se o calor recebido é 𝑄𝑅 e o calor cedido é 𝑄𝐶 temos que 𝑄𝑅 > 0 e 𝑄𝐶 <
0

Mudança de estado físico

Toda a matéria, dependendo da temperatura, pode se apresentar em


quatro estados. Sólido, líquido, gasoso e plasma. Vamos abordar os três
primeiros.

Fusão: Passagem do estado sólido para líquido.

Solidificação: Passagem do estado líquido para sólido.

Vaporização: Passagem do estalo líquido para vapor. Esta pode ser de três
tipos. Evaporação (processo lento). Calefação (líquido em contacto com
superfície a uma temperatura elevada). Ebulição (formação de bolhas).

Liquefação (ou condensação): Passagem do estado de vapor para o estado


líquido.

Sublimação: Passagem do estado sólido directamente para o estado de


vapor e vice-versa.

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Calor latente

Calor latente (unid: cal/g) de mudança de estado é a quantidade de calor,


por unidade de massa, que é necessário fornecer ou retirar de um corpo ,
a dada pressão, para que ocorra a mudança de estado, sem variação de
temperatura. Matematicamente:

𝑄
𝐿=
𝑚
Eis a tabela de calor latente da água em todos os seus estados.

Designação Temperatura Símbolo Valor

Fusão do gelo 0 oC 𝐿𝐹 80 cal/g


Solidificação da
0 oC 𝐿𝑆 - 80 cal/g
água
Vaporização da
100 oC 𝐿𝑉 540 cal/g
água
Condensação do
100 oC 𝐿𝐶 - 540 cal/g
vapor

Falou-se aqui que a unidade de calor é representada em calorias (cal), mas


também pode ser representada em Joule (J) 1 J = 0,24 cal e 1 cal = 4,18 J.

Nesse caso o calor específico (c) é representado por J/g0C ou J/KgoC,


dependendo da unidade de massa (m). A capacidade térmica (C) será
representada por J/oC e o calor latente (L) por J/g ou J/Kg.

Fluxo de calor

Consideremos uma barra


condutora de comprimento 𝐿 e
cuja secção transversal tem área A,
cujas extremidades são mantidas
em temperaturas diferentes, como
ilustra a figura. Nesse caso, o calor
fluirá através da barra, indo da

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extremidade que tem maior temperatura para a extremidade que tem
menor temperatura. A quantidade de calor 𝑄 que atravessa uma secção
recta da barra, num intervalo de tempo ∆𝑡 é chamado fluxo de calor e
representa-se por:

𝑄
Φ=
𝛥𝑡
O fluxo de calor (ou fluxo térmico) Φ através de uma superfície de área
𝐴 é definido como a quantidade de calor por unidade de tempo (𝑄/𝑡) por
unidade de área:

𝑄
Φ= 𝑡
𝐴
A unidade do fluxo de calor no SI é W/m2

Lei da condução térmica ou lei de Fourier

A lei de condução do calor (ou lei de Fourier) estabelece que o negativo do


fluxo de calor entre essas faces é diretamente proporcional à diferença de
temperatura e inversamente proporcional à espessura:

Δ𝜃
Φ = −𝜆

O sinal negativo dá coerência com a
segunda lei da Termodinâmica (calor só
passa da temperatura mais alta para a mais
baixa).
ℓ O factor de proporcionalidade 𝜆 é
denominado condutividade térmica. É uma
grandeza que depende do material e da sua temperatura.
A unidade SI da condutividade térmica é W/(m.K) ou W/(m.°C) porque
diferenças de temperatura em K e °C são numericamente iguais.

Em alguns casos é utilizada a letra 𝑘 para a condutividade térmica.

O calor por unidade de tempo 𝜑 pode ser calculado através de:

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𝛥𝑄 𝛥𝜃
𝜑= = −𝜆. 𝐴
𝛥𝑡 𝛥ℓ
A unidade de medida do calor por unidade de tempo é o 𝑊.

Φ = Fluxo de calor 𝑄 = Quantidade de calor Δ𝑡 = Intervalo de tempo


𝜆 = Coeficiente de condutibilidade térmica 𝐴 = Área da superfície
Δθ = Diferença de temperatura ℓ= Comprimento ou espessura
𝛥𝜃/ℓ = Gradiente de temperatura (oC/m) φ = Calor por unidade de tempo
= 𝜑/𝑡

Quanto maior for o valor do coeficiente de condutibilidade térmica (𝜆) do


material, melhor será a condução térmica, ou seja, o material é um bom
condutor térmico. Já, no caso dos materiais isolantes térmicos, o coeficiente
de condutibilidade térmica (𝜆) apresenta um valor comparativamente menor.

Exemplo: Um circuito integrado (chip) quadrado de silício (𝜆=150W/m.K)


possui w=5mm de lado e uma espessura t=1mm. O chip está alojado no
interior de um substrato de tal modo que as superfícies laterais e inferior
estão isoladas termicamente, enquanto sua superfície superior encontra-
se exposta a uma substância refrigerante. Se 4W estão sendo dissipados
pelos circuitos que se encontram montados na superfície inferior do chip,
qual a diferença de temperatura que existe entre as suas superfícies
inferior e superior, em condições de regime estacionário?

Δ𝜃 Δ𝜃
𝜑 = 𝜆. 𝐴.  4 = 150.0,0052 0,001 

Δ𝜃 0,001.4
4 = 0,00375. 0,001  Δ𝜃 = 0,00375  Δ𝜃 = 1,067 oC

A condutância térmica é a grandeza extensiva à condutividade térmica e é


definida por:
𝜆. 𝐴
𝐾=
Δℓ
A unidade SI da condutância térmica 𝐾 é 𝑊/(𝑚2 . 𝐾) ou 𝑊/(𝑚2 .oC)

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Resistência térmica é o inverso da condutância térmica.

Δℓ𝑏
𝑅=
𝜆. 𝐴
A unidade SI de resistência térmica 𝑅 é 𝑚2 . 𝐾/𝑊 ou 𝑚2 .o𝐶/𝑊

Em algumas fontes, a condutividade térmica é expressa em quilocaloria


por metro, por hora e por grau Celsius. A equivalência das unidades é:

1 𝐾𝑐𝑎𝑙/(𝑚. ℎ.o𝐶) = 1,163 𝑊/(𝑚.o𝐶)

Condução em tubo

Para o cálculo da condução de calor através de paredes não planas, usa-se


a forma diferencial da igualdade.

Δ𝑄 Δ𝜃
Φ= = −𝜆. 𝐴
Δ𝑡 𝑒
Seja, conforme a figura, um tubo de comprimento ℓ, raio interno 𝑟1 e raio
externo 𝑟2 . As temperaturas nas superfícies interna e externa são
supostamente 𝜃1 e θ2 , para uma camada cilíndrica fina de raio 𝑟 e
espessura 𝑒.

Substituindo na equação acima:

𝑒 2𝜋. 𝜆. ℓ
=− Δ𝜃
𝑟 Φ
Integrando 𝑒 de 𝑟1 a 𝑟2 e ΔT de T1 a T2

2𝜋. 𝜆. ℓ
Φ= 𝑟2 (θ1 − θ2 )
𝐼𝑛( ⁄𝑟1 )
Exemplo: Numa refinaria de petróleo, o vapor de água em temperatura de
120 0C é conduzido por uma canalização de raio igual a 30 cm. A
canalização é envolvida por uma capa cilíndrica de cortiça com raios
internos e externos, respectivamente iguais a 30 cm e 50 cm. A superfície

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externa está em contacto com o ar à temperatura de 10 0C. 𝜆(cortiça) =
0,04 J/ s.m .oC

a) Qual a temperatura num raio de 40 cm?


b) Qual a taxa de transmissão de calor para o exterior, supondo que
a canalização tem 10 m de comprimento?
𝐼𝑛(𝑟⁄𝑎) 𝐼𝑛(0,4⁄0,3)
𝜃 = 𝜃2 − ∆𝜃  𝜃 = 120 − (120 − 10)
𝐼𝑛(𝑏⁄𝑎) 𝐼𝑛(0,5⁄0,3)

0,288
 𝜃 = 120 − . 110  𝜃 = 58,05 o𝐶
0,511

2𝜋.𝜆.ℓ(𝑇2 −𝑇1 ) 2𝜋.0,04.10(120−10) 276,46


Φ= Φ= Φ=
𝐼𝑛(𝑏⁄𝑎) 𝐼𝑛(0,5⁄0,3) 0,511

 Φ = 541,018 𝑊

Condução em esfera oca

Seja, conforme a figura, uma esfera oca de raio interno 𝑟1 e raio externo
𝑟2 . As temperaturas das superfícies interna e externa são respectivamente
θ1 e θ2 , para uma casca fina de raio 𝑟 e espessura 𝑒

𝑒 4𝜋. 𝜆
=− ΔT
𝑟2 Φ
De forma similar à anterior, integrando 𝑒 de
𝑟1 a 𝑟2 e ΔT a T1 a T2 , chega-se a:

4𝜋. 𝜆
Φ= (θ1 − θ2 )
1⁄ − 1⁄
𝑟1 𝑟2
Exemplo: Um reservatório metálico de processo tem forma esférica com
diâmetro 2 metros e uma camada de isolamento térmico de 10 cm de
espessura e condutividade térmica 0,1 𝑊/(𝑚. 𝐾). Determinar a perda de

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calor, sabendo que as temperaturas das superfícies externas do metal e
do isolamento são respectivamente 200°C e 50°C.
4𝜋.𝜆 4𝜋.0,1
Φ=1 (θ1 − θ2 )  Φ = 1 (200 − 50)
⁄𝑟1 −1⁄𝑟2 ⁄1−1⁄(1+0,1)

1,257
Φ= . 150  Φ = 2072 𝑊
0,091

Ou ainda:

4𝜋.𝛾(𝑟+𝑒 ).𝑟.Δ𝜃 4𝜋.0,1(1+0,1).1.(200−50)


Φ= Φ= Φ=
𝑒 0,1
2073 𝑊
Condução em camadas

A condução de calor através de camadas de materiais de diferentes


condutividades térmicas é uma situação comum na prática. Exemplo:
paredes de construções, tubos com isolamento térmico, etc.

No exemplo da figura, uma parede plana de área 𝐴 é formada por três


camadas com espessuras e condutividades distintas. Usando o conceito da
resistência térmica, temos:

∆𝜃 = 𝜃3 − 𝜃0 = 𝑅𝑡 . Φ
Onde 𝑅𝑡 é a resistência térmica do
conjunto das três camadas. Desde que a
quantidade de calor por unidade de
tempo Φ passe por cada camada, as
relações individuais são:

𝜃3 − 𝜃2 = −𝑅3 . Φ
𝜃2 − 𝜃1 = −𝑅2 . Φ
𝜃1 − 𝜃0 = −𝑅1 . Φ
Considera-se agora a igualdade:

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𝜃3 − 𝜃0 = (𝜃3 − 𝜃2 ) + (𝜃2 − 𝜃1 ) + (𝜃1 − 𝜃0 )
Substituindo e simplificando:

𝑅𝑡 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3
Ou seja, a resistência térmica total de camadas sobrepostas é igual à soma
das resistências individuais, de forma análoga às resistências eléctricas em
série.

A resistência térmica de cada camada é calculada da seguinte maneira:


∆𝑒 ∆𝑒 ∆𝑒
𝑅1 = 𝜆.𝐴1 𝑅2 = 𝜆.𝐴2 𝑅3 = 𝜆.𝐴3
1 2 3

O procedimento acima pode ser estendido a camadas cilíndricas ou


esféricas, chegando-se ao mesmo resultado. As resistências térmicas
dessas camadas podem ser deduzidas a partir das fórmulas abaixo.

𝑟
𝐼𝑛( 2⁄𝑟1 )
Camada cilíndrica: 𝑅𝑐𝑖𝑙 = 2π.λ.ℓ

1⁄ −1⁄
𝑟1 𝑟2
Camada esférica: 𝑅𝑒𝑠𝑓 = 4𝜋.𝜆

Transmissão de calor por convecção

Seja, conforme a figura, uma parede sólida de


temperatura superficial 𝜃𝑠 em contacto com um fluido de
temperatura 𝜃𝑓 , em local próximo à superfície. A lei de
Newton para o resfriamento estabelece:

Φ = −ℎ(𝜃𝑓 − 𝜃𝑠 )
Onde Φ é o fluxo de calor trocado por convecção e ℎ é o coeficiente de
convecção, que depende do fluido, da temperatura e geometria do

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contacto entre sólido e fluido. O coeficiente de convecção também pode
ser representado pela letra grega alfa (𝛼).

Considerando a definição de fluxo de calor:

𝑄. 𝑡
Φ=
𝐴
E adoptando para calor por unidade de tempo:

𝛥𝑄
𝜑=
𝛥𝑡
A relação anterior pode ser escrita na forma mais usual:

Φ = −ℎ. 𝐴. (𝜃𝑓 − 𝜃𝑠 )
Onde 𝐴 é a área da superfície em contacto com o fluido. A unidade SI do
coeficiente de convecção ℎ é 𝑊/𝑚2 . 𝐾 ou 𝑊/𝑚2 .oC

Usando o conceito de resistência térmica já visto anteriormente:

∆𝜃 = −𝑅. Φ
Onde R é a resistência térmica da troca por convecção.
1
R=ℎ.𝐴
Exemplo: Um aquecedor eléctrico que apresenta fluxo de calor Φ de
6000 𝑊/𝑚2 está a 120 oC e é resfriado pela passagem de um fluido a 70
o
C. Calcule o coeficiente de convecção. Se a potencia do aquecedor for
diminuída de maneira que Φ = 2000 𝑊/𝑚2 , qual será a temperatura do
aquecedor?
6000
Φ = −ℎ(𝜃𝑓 − 𝜃𝑠 )  6000 = −ℎ(70 − 120)  ℎ = 
50
ℎ = 120 𝑊/𝑚2.oC

2000 = −120(70 − 𝜃𝑠 )  2000 = −8400 + 120 𝜃𝑠 

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10400
120 𝜃𝑠 = 2000 + 8400  𝜃𝑠 =  𝜃𝑠 = 86,7 oC
120

Convecção e condução em camadas

No exemplo da figura, o calor é


transmitido por convecção de
um fluido na temperatura 𝜃𝑓𝑎
para uma superfície de três
camadas (onde ocorre a
condução) e, finalmente, por
convecção, dessa superfície
para um outro fluido na
temperatura 𝜃𝑓𝑏 . Nessa
hipótese 𝜃𝑓𝑎 > 𝜃𝑓𝑏

O procedimento adoptado no tópico condução em camadas, pode ser


estendido para este caso, com resultado similar, isto é, a resistência
térmica do conjunto é igual à soma das resistências individuais.

𝑅 = 𝑅𝑎 + 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 + 𝑅𝑏
E a variação total de temperatura é:

𝜃𝑓𝑎 − 𝜃𝑓𝑏 = 𝑅. Φ
As resistências individuais são:
Δ𝑒1 Δ𝑒2 Δ𝑒3
𝑅1 = 𝜆 𝑅2 = 𝜆 𝑅3 = 𝜆
1 .𝐴 2 .𝐴 3 .𝐴

Onde 𝐴 é a área do sólido e 𝜆 são as condutividades térmicas dos


mesmos.
1 1
𝑅𝑎 = ℎ 𝑅𝑏 = ℎ
𝑎 .𝐴 𝑏 .𝐴

Onde ℎ𝑎 e ℎ𝑏 são os coeficientes de convecção para cada lado.

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As equações anteriores podem ser combinadas da seguinte forma:

1
Φ= 𝐴 . (𝜃𝑓𝑎 − 𝜃𝑓𝑏)
1 Δ𝑒1 Δ𝑒2 Δ𝑒3 1
+ + + +
ℎ𝑎 𝜆1 𝜆2 𝜆3 ℎ𝑏
Portanto:

Φ = 𝑈. 𝑆 (𝜃𝑓𝑎 − 𝜃𝑓𝑏 ) = −𝑈. 𝐴. ∆𝜃


Onde:

1 1 ∆𝑒1 Δ𝑒2 Δ𝑒3 1


= + + + +
𝑈 ℎ𝑎 𝜆1 𝜆2 𝜆3 ℎ𝑏
A grandeza 𝑈 é denominada de coeficiente global de transmissão de calor
para o conjunto. A unidade SI é W/m2.K ou W/m2.oC. Naturalmente, a
formulação para três camadas sólidas, pode ser adaptada para qualquer
número.

Para o caso de camada de ar, existem dados obtidos experimentalmente


conforme tabela abaixo.

𝚫𝒆 (cm) Hermética Espelhamento 𝑹 (m2.0C/W)


1 Não Não 0,066
2 Não Não 0,075
1 Não Sim 0,192
2 Não Sim 0,227
1 Sim Não 0,125
2 Sim Não 0,143
5 Sim Não 0,143
1 Sim Sim 0,238
2 Sim Sim 0,357
5 Sim Sim 0,500

Os valores englobam todos os meios de transmissão e devem ser válidos


na faixa de ar condicionado.

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Exemplo de uso: Se na figura acima, a camada 2 for de ar, usa-se 𝑅 da
Δ𝑒2
tabela no lugar de .
𝜆2

No caso de um tubo de 𝑛 camadas, comprimento ℓ, temperatura interna


do fluido 𝜃𝑓𝑎 e temperatura externa do fluido 𝜃𝑓𝑏 , vale a fórmula:

Φ = U ′ . ℓ (θfa − θfb )
Consideram-se : 𝑟0 = Raio interno. 𝑟𝑖 = Raio maior da camada 𝑖. 𝜆𝑖 =
Condutividade térmica da camada 𝑖. ℎ𝑎 e ℎ𝑏 = Coeficientes de convecção
interno e externo.

O coeficiente 𝑈′ é dado por:


𝜋 1 1 𝑟 1 𝑟
= 2.ℎ + 2.𝜆 . 𝐼𝑛 𝑟1 + 2.𝜆 . 𝐼𝑛 𝑟2 +……………..
𝑈′ 𝑎 .𝑟0 1 0 2 1

Radiação térmica

Na radiação térmica, o calor é transmitido entre dois corpos em diferentes


temperaturas, mesmo sem meio físico entre elas. Essa parcela de
transmissão é denominada radiação térmica, que são ondas
electromagnéticas.

A quantidade de calor por unidade de tempo (𝜑) emitida por um radiador


perfeito (corpo negro), é dada por :

𝜑 = 𝜎. 𝐴. 𝜃 4
Onde 𝜎 é a constante de Stefan-Boltzmann (5,67.10−8 𝑊/(𝑚2 . 𝐾 4 )) e 𝜃 é
a temperatura absoluta do corpo (em Kelvin elevado à quarta potência).

Para corpos reais, a igualdade anterior tem o acréscimo de um parâmetro:

𝜑 = 𝜀. 𝜎. 𝐴. 𝜃 4
Onde 𝜀 é emissividade do corpo. É uma grandeza adimensional que
depende do material, do tipo de superfície e da temperatura. Para o corpo
negro ideal, 𝜀 = 1.

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O calor trocado por radiação entre dois corpos de mesma área e
diferentes emissividades e temperaturas pode, em principio, ser calculado
por:

𝜎. 𝐴 (𝜃14 − 𝜃24 )
φ=
1 1
+
𝜀1 𝜀2
Entretanto, esta fórmula é apenas uma referência. Não deve indicar a
realidade porque não considera a forma das superfícies nem a orientação
entre elas. Uma fórmula prática para cálculo da potência térmica trocada
por radiação entre dois corpos é dada por:
4 4
𝜃1 𝜃2
𝜑 = 𝜎 ′ . 𝐴 [( ) −( ) ] 𝐹𝑠 . 𝐹𝑒
100 100
Onde 𝜎′ = 5,67, 𝐹𝑠 é o factor de superfície (adimensional) e 𝐹𝑒 é o factor de
emissividade (adimensional)

Exemplo 1: Uma garrafa térmica (vaso de Dewar) tem as superfícies


espelhadas com prata. Verificar a potência térmica transmitida por
radiação por unidade de área, considerando as faces com temperaturas de
298 K e 358 K. Dados: Coeficiente de emissividade da prata 𝜀 = 0,02 ,
1 1 −1
factor de superfície 𝐹𝑠 = 1 e factor de emissividade 𝐹𝑒 = ( + − 1)
𝜀1 𝜀2

1 1 −1 1 1 −1
𝐹𝑒 = ( + − 1)  𝐹𝑒 = ( + − 1)  𝐹𝑒 = 0,0101
𝜀1 𝜀2 0,02 0,02

𝜑 𝜃1 4 𝜃 4
= 𝜎 ′ [( ) − ( 2 ) ] 𝐹𝑠 . 𝐹𝑒 
𝐴 100 100

𝜑 358 4 298 4
= 5,67 [( ) −( ) ] 1.0,0101
𝐴 100 100
𝜑 𝜑
= 5,67(164,27 − 78,86)0,0101  = 4,89 𝑊/𝑚2
𝐴 𝐴

Neste caso pode-se supor que a transmissão ocorre apenas por radiação
porque, no vaso de Dewar, é feito vácuo entre as paredes para evitar a
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convecção. Em outros casos, essas duas parcelas precisam ser calculadas
como no exemplo a seguir.

Exemplo 2: Um trecho de 30 𝑚 de tubulação de vapor não isolada tem


diâmetro externo de 115 𝑚𝑚 e temperatura superficial constante de 150
o
C. A temperatura do ambiente, também constante, é de 21 oC.
Considerando que a emissividade (𝜀) da superfície do tubo é 0,7 e o
coeficiente de convecção (ℎ) 7,95 W(m2.oC), determine a perda de calor
na tubulação.

Para a convecção:

Φ𝑐𝑜𝑛𝑣 = −ℎ. 𝐴. (𝜃𝑓 − 𝜃𝑠 ) 


Φ𝑐𝑜𝑛𝑣 = −7,95. (𝜋. 30.0,115). [(21 + 273) − (150 + 273)]

 Φ𝑐𝑜𝑛𝑣 = 11115,4 𝑊
Para a radiação:

𝜃1 4 𝜃2 4
Φrad = 𝜎′ . 𝐴 [( )
100
− (100) ] 𝑒 

150+273 4 21+273 4
Φrad = 5,67(𝜋. 30.0,115) [( ) −( ) ] 0,7
100 100

Φrad = 10558,5 W
Perda total de calor:

Φ = Φ𝑐𝑜𝑛𝑣 + Φrad  Φ = 11115,4 + 10558,5 = 21673,9 𝑊

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