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NÔMADES
FELICIDADE?
PERDA E SOFRIMENTO
O desgosto de viver
De ideais impossíveis
Sonhando com caridade,
Benevolência e renúncia
Traz à pessoa de bem
Desesperança e temor.
Ser bom, como ser dadivoso,
Puro de ser ou estoico,
Tira do ser perspectivas,
Expectativas, surpresas,
De uma vida venturosa
Sem crenças inúteis e incertas.
Basta ser indiferente
A respostas fáceis
A perguntas abstrusas.
É melhor ser incompleto
Não sabedor de verdades,
Ou afirmações dogmáticas.
É melhor ser, apenas ser
E apreciar a meia luz
Das sombras que árvores dão.
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NOBRE E VÃ ANTROPOLOGIA
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A RESPEITO DA PAZ
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Espetáculos estrondosos
Que chegam do céu ou da terra
Que assustam e exigem
Respeito e submissão,
Não são exatamente
O que querem aparentar.
São apenas meios tortos
De afirmar o poder
Da natureza das coisas
Que nos cercam dia e noite
E exigem igualmente
Docilidade e admiração.
Não é difícil, porém,
Conceder-lhes quase sempre
Uma aura de beleza
Pura e imediata,
Que jamais se exibe ou demanda
Por mera inclinação
De vaidade ou veleidade,
Exclusiva atenção ou reverência
De seres tão inconclusos
Como nós, vermes da terra.
MINHA SIBIPIRUNA
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É-se o que se é
Queira ou não queira o ser.
Por mais persistente que seja
É praticamente impossível
Ausentar-se de si mesmo
E se aventurar a ser outrem.
Tenta-se com afinco
Ignorar as doces vozes
Que diariamente nos forçam
A sermos o que não queremos.
Não importa, porém, nossa vontade
Pois não somos mestres
De nossos preciosos desejos
As coisas e o mundo são
Prepostos do eu zombador
Que ignoram desejos e metas.
Somos assim joguetes
Dos obscuros desígnios
De nossas maquinações.
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Água e sal
Do nascer do sol
Até o exato poente,
Espera-se que ocorram
Milagres e/ou catástrofes.
É assim tão limitada
Nossa sina de existir?
Melhor fora apenas rir
De nossa ridícula condição
De espectadores de um fim
Que se aproxima, ou se afasta,
De acordo com desígnios
Invisíveis e imprecisos.
Melhor será ignorar
Este mundo imaginário
E se ater ao momento
Em que sementes procuram
O lugar da transformação.
IR-SE
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Se te fores um dia
Levando contigo
Teus olhos de águas fundas
Então desfarei em mim o nó
Com que um dia ataste
A tua à minha alma.
Se um dia te fores
Levando contigo
O que de mim tirastes
Despirei do rosto
O meio sorriso
Que tu nele plantastes.
Se te vais agora
Levando contigo
Teu sorriso de luar de abril
As cores azuis me deixarão
E farei de mim urna vazia
Jardim abandonado
Fim.
Legado
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VELHICE?
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PORVIR, OU O INESCRUTÁVEL
O meu
É um povo triste.
Caminha como quem
Procura fósforos nas ruas.
O meu
É um povo antigo
Que esqueceu ascendências
Sem saber quem são
Seus pais e avós.
O meu
Não é meu povo
Pois eu
Não sei a quem pertenço,
Mas, sim, eu sei
Que pertenço um pouco
Que meu amor a alguém pertence.
O meu
Talvez seja meu povo
Pois a mulher que vejo
Com olhos verdes de promessas
A si se pertence
Por vezes a mim pertence
A ninguém pertence
Mas anda comigo
Em meio ao povo
Ao qual talvez
Eu pertença.
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PROIBIDO
Sabe-se há tempos
Que há decretos e leis
Que proíbem o belo,
O bem e a tolerância.
Há, porém, muitos
Que subvertem ordens e ditames,
Criando rimas e falas de bem dizer.
Eventualmente são açoitados ou reprimidos,
E para espanto geral
Zombam, gargalham e desprezam
A sábia letra da lei.
Serão estes escolhidos
Para nossa redenção,
Ou nosso armagedon?
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A QUEM CABERÁ?
A quem caberá
Diluir ou fazer esvanecer
O ódio no mundo?
A mim, ao sapateiro, ao fazedor de bonecas?
A mim não será
Pois sou estúpido e não confiável,
Tampouco ao sapateiro por ser
Artesão dedicado.
Nem ao das bonecas
Pois constrói faces neutras.
Assim, não há voluntários,
E heróis há muito poucos.
Deuses talvez houve,
Mas sempre foram desinteressados
Em sanar problemas retóricos.
Estamos sós e cansados
De ser o que não contenta
E, por isso
Calamos.
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ORDENAR OU INSINUAR