1.

Quanto às rimas:
A Amor é fogo que arde sem se ver,
B é ferida que dói, e não se sente;
B é um contentamento descontente,
A é dor que desatina sem doer.

A É um não querer mais que bem querer;

B é um andar solitário entre a gente;
B é nunca contentar-se de contente;
A é um cuidar que ganha em se perder.

C É querer estar preso por vontade;

D é servir a quem vence, o vencedor;
C é ter com quem nos mata, lealdade.

D Mas como causar pode seu favor

C nos corações humanos amizade,
D se tão contrário a si é o mesmo Amor

2. Quanto às sílabas poéticas:

A / mor / é / fo / go / que / ar / de / sem / se / ver, (10)
é / fe / ri / da / que / dói, / e / não / se / sen / te; (10)
é / um / com / ten / ta / men / to / des / con / ten / te, (10)
é / dor / que / de / sa / ti / na / sem / do / er. (9)

É / um / não / que / rer / ma / is / que / bem / que / rer; (10)

é / um / an / dar / so / li / tá / rio en / tre a / gen / te; (10)
é / nun / ca / con / ten / tar / -se / de / com / tem / te; (10)
é / um / cui / dar / que / ga / nha em / se / per / der. (9)

É / que / rer / es / tar / pre / so / por / von / ta / de; (10)

é / ser / vi / ra / quem / vem / ce, / o / vem / ce / dor; (10)
é / ter / com / quem / nos / ma / ta, / le / al / da/ de. (10)

Mas / co / mo / cau / sar / po/ de / seu / fa / vor (10)

nos / co / ra / ções / hu / ma / nos / a / mi / za / de, (10)
se / tão / con / trá / rio a / si / é / o / mes / mo A / mor (10)

(Trata-se fundamentalmente de um decassílabo)

3. Quanto à anáfora (repetição de termos):

Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói, e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

é um andar solitário entre a gente;

é nunca contentar-se de contente;

é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence, o vencedor;

é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor

4. Quanto às antíteses:

Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói, e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

é um andar solitário entre a gente;

é nunca contentar-se de contente;

é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence, o vencedor;

é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor