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Apostila Analise e Gerenciamento de Risco
Apostila Analise e Gerenciamento de Risco
Análise
oportunizará que você tenha uma mentalidade pre-
vencionista, beneficiando a cultura de segurança pes-
soal e institucional.
e Gerenciamento
Rodrigo Almeida Freitas
de Risco
Fundação Biblioteca Nacional Código Logístico
ISBN 978-85-387-6624-7
IESDE BRASIL
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: Kapreski/ davooda/ Motorama/nanmulti/ Melamorry /Artco /Cube29 /nexusby/Shutterstock
3 CIPA 68
3.1 O que é uma CIPA? 68
3.2 Aspectos legais da CIPA 70
3.3 Organização e funcionamento da CIPA 76
3.4 Atribuições da CIPA 78
3.5 Mapa de risco 81
4 Análise de risco 89
4.1 Análise de risco 89
4.2 Análise preliminar de risco 93
4.3 Análise What if 96
4.4 HAZOP 101
4.5 Análise de modos de falha e efeitos 107
6 Gabarito 147
APRESENTAÇÃO
Todos os dias fazemos análises de risco. O simples ato de pegar ou não
um casaco ou um guarda-chuva para sair de casa já é uma análise de risco.
Na vida, mesmo sabendo ou conhecendo um risco, por vezes, decidimos
aceitá-lo, por uma ação deliberada ou desconhecimento. Nesse sentido, este
livro volta-se ao estudo do risco: como identificá-lo e evitá-lo, como ele afeta
nossa vida, e como reduzir seu desgaste.
Inicialmente, é necessário estabelecer um contexto para a análise de
risco. Por isso, no primeiro capítulo, explicamos o que é o risco e optamos
por estudá-lo no ambiente de trabalho. Apesar de esse ser o foco, sabemos
que um acidente de trabalho não afeta somente o ambiente de trabalho
em si, mas pode ter efeitos danosos em localidades diferentes ao longo do
tempo. Inclusive, este é um paradigma a ser quebrado: entender que o risco
afeta diversas pessoas e comunidades além do que se imagina inicialmente.
Além disso, esse capítulo apresenta as falácias relacionadas ao ambiente de
trabalho e as soluções para combatê-las, provendo uma cultura de segurança
e pensando no conforto e na higiene desse ambiente.
Cabe ressaltar que não são ações aleatórias que garantem a mitigação
de risco. Então, é necessário conhecer e aplicar as legislações que abordam
o risco no ambiente de trabalho, desde a Constituição Federal até as normas
internas. Portanto, esse é o tema do segundo capítulo. Apresentamos, ainda
nesse capítulo, os aspectos relacionados aos programas e documentos
que influenciam diretamente a Segurança do Trabalho, bem como os
equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC).
No terceiro capítulo, damos uma atenção especial à Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes (CIPA), pois, geralmente, suas funções e atribuições
são confundidas com as dos Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Dessa forma, discutimos
o conceito da CIPA, seus aspectos legais, organização, funcionamento e
atribuições, para evitar dúvidas. Por fim, demonstramos como elaborar e colocar
em funcionamento o mapa de risco, um dos produtos da CIPA.
O quarto capítulo dedica-se ao estudo do risco propriamente dito.
Analisamos como identificá-lo e tratá-lo, especialmente por meio das análises
e avaliações de risco. Por haver diversas possibilidades de análise, focamos
no estudo de quatro delas, com mais detalhes: análise preliminar de risco
(APR), What-if, HAZOP e FMEA (análise de modos de falhas e efeitos). Exemplos
práticos de cada análise são providos para que você compreenda corretamente
a extensão e as oportunidades de cada técnica.
Por fim, o último capítulo aborda a prevenção do acidente. O termo chave
desse capítulo é medidas de controle. Portanto, analisamos como prover essas
medidas, dimensioná-las, fazer sua manutenção e estudar suas potenciais e
reais vulnerabilidades. Não há como tratar de todas as medidas de controle
possíveis, mas uma é especialmente descrita e abordada: a sinalização de
risco. Além disso, esse capítulo final visa apresentar um ciclo para a eficácia
das medidas de controle de riscos, composto pelas seguintes etapas: projeto,
execução, inspeção, manutenção e revisão.
Colaborar com a mitigação e o tratamento de riscos é responsabilidade
de todos no ambiente de trabalho, mas identificar riscos e dimensionar
proteções é atribuição de profissionais habilitados e especializados. Desse
modo, vale destacar que esta obra não se traduz em um certificado de
habilitação profissional para análise e tratamento de risco, pois não se trata
de uma formação específica. Contudo, certamente, este livro oportunizará
que você tenha uma mentalidade prevencionista, beneficiando a cultura de
segurança pessoal e institucional.
Bons estudos!
1
Risco das atividades laborais
Todos nós fazemos análise de risco diariamente sem perceber.
É nos pequenos atos do dia a dia que tomamos decisões, avaliando
cenários de acordo com nossa experiência de vida e conhecimento
das coisas. Por vezes, acredita-se que a análise de risco deve ser
tida como um processo extraordinário e não tão simples de ser de-
senvolvido. Porém, na verdade, ela é uma rotina na vida de todos
os animais.
Um exemplo prático disso é o simples uso de um casaco. Uma
pessoa, ao sair para trabalhar, levanta a necessidade de levar consi-
go um casaco. Usualmente, ela vai observar as condições climáticas
do dia para avaliar a necessidade do uso. Se estiver em um local em
que há grande variação climática ao longo do dia, certamente estará
inclinada a levá-lo. Se for um local quente, a necessidade do casaco
é quase zero. Se ela retornar para casa tarde da noite, o uso de um
casaco já é levado em consideração. Isso é uma análise de risco.
1 9
Saiba mais A OHSAS 18001 (apud CAMARGO, 2016, p. 38) cita como definição de
A sigla OHSAS significa risco a “combinação de fatos que possibilitam a ocorrência de um even-
Occupational Health and Safety
to perigoso ou a exposição(s) e severidade de danos ou doenças que
Assessments Series (ou, em por-
tuguês, Série de Avaliação de Se- podem ter sido causados por um evento ou exposição(s)”. Observe que
gurança e Saúde Ocupacional). esse conceito apresenta dois aspectos: evento perigoso e exposição e
Trata-se de uma série de normas
desenvolvidas pela Instituição severidade de danos.
de Normas do Reino Unido. A definição de risco na Norma Regulamentadora (NR) 01 também
A OHSAS 18001 apresenta as
orientações e requisitos mínimos traz uma definição semelhante, mas, dessa vez, o risco é relacionado ao
para um sistema de gestão e ambiente de trabalho, sendo também chamado de risco ocupacional:
certificação da Segurança e
“combinação da probabilidade de ocorrência de eventos ou exposições
Saúde do Trabalho.
perigosas a agentes nocivos relacionados aos trabalhos e da gravidade
das lesões e problemas de saúde que podem ser causados pelo evento
ou exposição” (BRASIL, 2019a, p. 8).
O itinerário do ônibus
Sem registros de ocorrências
meteorológicas adversas 0% possui maior parte do 90% 0%
trajeto nessa rodovia
O itinerário do ônibus
Algum registro de ocorrên-
25% possui maior parte do 90% 22,5%
cia meteorológica adversa
trajeto nessa rodovia
A análise do risco é
Evento adverso, externo, Exposição, interna, passiva função da ameaça e
ativo e danoso diante da ameaça do risco, diretamente
proporcional a ambas
Foram estudadas, então, duas análises que trabalham com binô- Glossário
mios (probabilidade x consequência e ameaça x vulnerabilidade). Per- mitigar: suavizar; tornar menos
intenso.
cebe-se que, até aqui, apenas se pensou nos aspectos envolvidos no
risco, mas não no processo de mitigação deste. Avançando para uma
análise mais abrangente e moderna, pode-se incluir algo relacionado
a esse aspecto. Figura 1
Modelo do queijo suíço
O modelo de Reason, ou modelo do queijo suíço, tem ori- ou modelo das múltiplas
causas
gem no Departamento de Psicologia da Univer-
Iesde Brasil
sidade de Manchester e foi elaborado
Alguns furos devido a
pelo professor James Reason (2000).
falhas ativas
É um modelo muito favorável para
Perigos
a análise de risco e funciona de
acordo com barreiras de prote-
ção (já existentes ou a serem
implementadas). Elas seriam
proteções naturais ou pro-
jetadas de modo a impedir
que uma ameaça continue Outros furos devido a
Perdas
condições latentes
caminhando pelo sistema, o
que resultaria em um aciden- Camadas sucessivas de defesa, barreiras e salvaguardas.
te e em possíveis perdas. Fonte: Adaptada de Reason, Hollnagel e Paries, 2006, p. 10.
MATTOS, U. A. O.; MÁSCULO, F. S. O artigo 19 da Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, que trata dos
(orgs.). 2. ed. revista e ampliada. Rio Planos de Benefícios da Previdência Social e outras providências, apre-
de Janeiro: Elsevier, 2019.
senta uma definição de acidente de trabalho que vai ao encontro dessa
ideia: “é o que ocorre pelo exercício do trabalho [...], provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda
ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o tra-
balho” (BRASIL, 1991, grifos nossos).
Tal definição merece críticas, pois foca no impacto/consequência.
Além disso, a análise aparenta ser direcionada apenas ao trabalhador.
Conforme visto na primeira seção, riscos de acidente são uma compo-
sição de fatores especialmente relacionados a uma ameaça ou perigo,
e não somente a uma consequência; além disso, não são somente pes-
soas que estão sujeitas a risco, mas também comunidades, bens, fauna e
flora, que não estão diretamente ligados ao ambiente de trabalho.
Vidal apresenta uma definição “científica”, que se julga mais conve-
Glossário niente e mais adequada, indo ao encontro do modelo de James Reason.
modus operandi: expressão Ela coloca o acidente como “o resultado de todo um processo de deses-
do latim que significa modo de truturação na lógica do sistema de trabalho que, nessa ocasião, mostra
operação.
suas insuficiências ao nível de projeto, de organização e de modus ope-
randi” (VIDAL, 1989 apud MATTOS; MÁSCULO, 2019, p. 4).
Assim, crê-se que o risco do ambiente de trabalho não está apenas
relacionado ao ambiente de trabalho, mas a qualquer sistema que ele
fazer, então, é mitigar os seus impactos negativos (danos) e dimi- O crime de fraude para
recebimento de indenização
nuir a vulnerabilidade de um sistema. Por exemplo, pode-se impe-
ou de valor do seguro pode
dir a descarga de alcançar elementos internos de uma edificação ser enquadrado no artigo 171,
e/ou conduzir a descarga para a terra de modo a haver o mínimo parágrafo 2º, capítulo V, do
Código Penal, podendo também,
dano a instalações prediais. por exemplo, configurar crime de
Sempre há alguma ação possível a ser tomada. Realmente, em uma incêndio. Como este livro não é
direcionado ao estudo do Direito,
análise superficial, o empregador pouco pode fazer diretamente para os elementos do crime não serão
impedir a criminalidade ou a existência de um vetor (por exemplo, mos- aqui analisados. Entretanto, em
uma análise simples, nesse tipo
quito) de uma doença parasitária/infectológica. Mas, conforme visto na
de crime, produz-se uma ação
primeira seção, pode-se tratar a vulnerabilidade e posicionar barreiras (ou omissão) no sentido de pro-
de proteção. No caso da criminalidade, cercamento e circuito fechado duzir (ou deixar ocorrer) inten-
cionalmente e deliberadamente
de TV diminuem a exposição; na presença de mosquito no ambiente
o evento danoso e materializar o
de trabalho, a colocação de telas em janelas e medidas de combate risco estimado na apólice.
são formas de mitigar riscos. Assim, julga-se que sempre é possível ao No caso do veículo que entra na
empregador fazer algo para diminuir riscos. enchente, o dono do carro não
deseja o evento danoso ou pro-
duzir o impacto negativo, mas,
Caso aconteça algo, temos seguro. estando ciente do risco, aceita-o
e abraça-o, esperando que não
faça mal algum, em uma espécie
Outra falácia é que riscos podem ser favorecidos ou cobertos de aposta macabra. Apesar de
de modo financeiro. Assim, busca-se legitimar correr riscos sobre a não se configurar crime, tal
aceitação de risco certamente
eventual, por exemplo, proteção de um seguro. É sabido que o seguro não está coberta pelo seguro.
existe para cobrir eventos não desejados. Quando há uma expectati-
va de desejo da ocorrência do evento para uma casual indenização,
configura-se a aceitação do risco, ignorando as atitudes preventivas e
barreiras de proteção. Glossário
O seguro lida com a noção de um certa previsibilidade ou imprevisi- caso fortuito: evento inevitável
e imprevisível causado por
bilidade do evento danoso. Por exemplo, em caso de alagamento de via
ato humano que interfere na
pública, o seguro certamente analisará se um veículo foi tomado pela conduta e nas obrigações de
inundação ou se avançou em área inundada de modo deliberado. O pri- indivíduos; por exemplo: guerra.
meiro caso exemplificaria um caso fortuito; já o segundo, a aceitação
dos riscos, o que não justifica indenizações. Observa-se ainda que a aná-
Uma falácia grosseira é o famoso “não faz mal”. Além de haver nela
uma noção extremamente subjetiva de dano, que despreza o dano
oculto (que não se pode ver ou sentir), analisa-se, nessa construção,
apenas o momento atual. Não há avaliação de danos ao longo do tem-
po e do espaço. Talvez um vazamento de combustível em lençol freá-
tico não faça mal em noção de dias, mas certamente o fará em termos
de semanas. Além disso, em alguns dias, não será possível visualizar os
danos desse mesmo vazamento em relação ao espaço, mas, em ques-
2
tão de semanas, pode haver danos em sistemas e comunidades distan-
Lembre-se do caso de Brumadinho, tes da origem do vazamento .
2
citado anteriormente.
Por exemplo, é possível que nunca se tenha ouvido dizer sobre incên-
dios em boates com uso de artefatos de pirotecnia no Brasil. Mas não
é porque não se conhece os registros que eles não existem. O incêndio
da boate Kiss pode parecer inédito no Brasil, mas, em 2005 e em 2003,
ocorreram incêndios extremamente semelhantes em, respectivamente,
Buenos Aires (Argentina) e West Warwick (Estados Unidos). A dinâmica é
idêntica nos três casos: ambiente com concentração de público, uso
irregular de artefato de pirotecnia em ambiente interno, problemas de
lotação, inadequação da edificação e número elevado de óbitos e feridos.
Ato inseguro.
Por fim, dentro dessa perspectiva de que tudo que ocorre no am-
Glossário biente de trabalho é de responsabilidade do empregador, refuta-se o
ato inseguro: ações e atitudes ato inseguro do empregado. Por vezes, há a justificação de um aciden-
que conduzem a riscos atribuídas te com base na argumentação de que um empregado cometeu um ato
aos empregados, de modo a
dessa natureza, levando à exposição do risco ou ao acidente. Nesse
responsabilizá-los.
caso, direciona-se, de maneira tendenciosa, a responsabilização ao em-
pregado, mas será que ele age por vontade própria, direcionando ele
mesmo ou outros ao acidente?
Nesse mesmo caso, citou-se que o risco não foi tratado porque a
fonte da descarga não era conhecida. Caso houvesse uma cultura or-
ganizacional de segurança bem estabelecida, os responsáveis teriam
a consciência de que, não se podendo eliminar a ameaça, a vulnerabi-
lidade de um grupo pode ser sempre mitigada. Um exemplo simples
de atitude mínima de segurança poderia ser isolar a área e impedir a
aproximação de pessoas à instalação que oferecia a ameaça. Assim,
mesmo que houvesse uma ameaça, a eliminação do contato do grupo
vulnerável impediria a concretização do risco.
Figura 2
Pirâmide de acidentes da Insurance Company of North America (ICNA)
600
Acidentes sem lesão ou danos
visíveis (quase acidente)
Verificações internas
A fiscalização não deve ser somente externa (de caráter estatal). Ve-
rificações internas de conformidade devem ser incentivadas e promo-
vidas. Além disso, não se deve ter aversão ou receios de fiscalizações e
auditorias; elas devem ser vistas como oportunidades de tratamento e
aperfeiçoamento de mitigação de risco.
Ruídos
Operadores de máquinas e Fadiga nervosa, hipertensão, da-
ferramentas, trabalhadores de nos temporários ou permanentes
aeroporto, construção civil. no aparelho auditivo.
Saiba mais
O fenômeno de Raynaud é uma condição decorrente, entre outros fatores, da excessiva exposição ao frio. As
manifestações visíveis desse agravo são a palidez nas extremidades do corpo (nariz, orelhas, dedos, mãos e pés),
acompanhada de dor, úlceras, lesões maiores e outras consequências.
Névoa
Partícula líquida dispersa no ar,
Pintura com pistola de tinta, spray
proveniente de ruptura mecânica
(tinta, desodorante), aplicação de
de líquidos. Gotículas líquidas com
lubrificação e agrotóxicos.
diâmetro entre 0,1 e 100μm.
Gases
Substância naturalmente em esta-
Oxigênio, metano, hidrogênio,
do gasoso nas condições normais
butano, monóxido de carbono.
(de temperatura e pressão).
Fumaça
Produtos da combustão (queima) Fumaça de incêndios, sejam em
incompleta de materiais orgânicos. edificações ou em vegetações;
Diâmetros inferiores a 1μm. contém diversos contaminantes.
Agentes corrosivos
Irritação da pele, queimaduras,
Locais em que há armazenamento
problemas de diversas ordens na
e manuseio de ácidos e álcalis.
pele, olhos e sistema digestório.
Agentes asfixiantes
Tanques, porões de navios, silos,
minas e locais que podem ter re- De mal estar a óbito.
dução da concentração do oxigênio.
Agentes tóxicos
Locais em que há armazenamento
e manuseio de solventes, chumbo, De irritações a doenças em siste-
mercúrio, manganês, pó de carvão, mas completos.
amianto, sílica, entre outros.
Vírus
Trabalhadores de hospitais e
Síndrome da imunodeficiência
laboratórios em acidentes com
adquirida (SIDA).
agulhas.
Bactéria
Trabalhadores de silos (bagaço de
Doenças respiratórias diversas.
cana e cereais).
(Continua)
Fungo
Trabalhadores de arquivos, mu-
Doenças respiratórias diversas.
seus e bibliotecas.
Aranhas
Trabalhadores da silvicultura e Picadas e contato podem causar
agricultura. envenenamento.
Escorpião
Trabalhadores da construção civil. Picadas causam envenenamento.
Rato
Mordidas e contato com urina
Trabalhadores de limpeza predial. podem causar diversas enfermi-
dades.
Cobras
Trabalhadores de jardins botâni- Picadas causam envenenamento e
cos ou zoológicos mordidas podem causar infecções.
Figura 3
Ilustração de alguns riscos ergonômicos e eventuais consequências
Jehsomwang/Shutterstock
POSTURA
INCORRETA
SÍNDROME DO ESCRITÓRIO
MÁ POSTURA AO
SENTAR-SE DOR DE CABEÇA DOR NO DOR NAS DOR NO
OMBRO COSTAS PESCOÇO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A identificação é fundamental para o tratamento, mas é apenas uma
etapa da mitigação do risco. Tendo em vista a complexidade da identifi-
cação e do tratamento do risco, estabeleceram-se diferentes formas de
conceituá-lo e classificá-lo. Por vezes, o contato com o risco pode levar a
interpretações e atitudes erradas, algumas manifestadas neste capítulo.
O ideal é o estabelecimento de uma cultura da segurança no ambiente de
trabalho, não apenas com atitudes responsivas, mas com muito planeja-
mento e revisão contínua do ambiente de trabalho. Assim, destaca-se que
se preocupar apenas com aspectos, prescrições e exigências legais não é
suficientemente adequado, pois legislações por vezes são antigas, desa-
tualizadas e incompletas, não sendo totalmente abrangentes.
Entende-se que a origem de todo acidente é um incidente. Dessa for-
ma, tratando-se devidamente os incidentes, há como se prevenir os aci-
dentes e as perdas. O estudo de caso de acidentes de outros ambientes
de trabalho também é fundamental, uma vez que, além de ser possível
aprender com seus eventuais erros, há como aprender com os erros dos
outros. Assim, todo incidente não avaliado e não tratado é um anúncio do
acidente que há por vir.
Por fim, é importante que você, leitor, tenha de modo consolidado,
ao terminar de estudar este capítulo, que um acidente é decorrente da
exposição a perigos e, por isso, é muito importante estudar os aspectos
envolvidos no risco. Além disso, o risco e o acidente sempre existem pela
ocorrência de diversos fatores, e nunca devido a uma única causa.
REFERÊNCIAS
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informação – Técnicas de segurança – Sistemas de gestão da segurança da informação –
Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
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Fazenda, 2017. Disponível em: http://sa.previdencia.gov.br/site/2018/09/AEAT-2017.pdf.
Acesso em: 19 mar. 2020.
BRASIL. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília,
DF, 25 jul. 1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm.
Acesso em: 19 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-01: Disposições
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BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-09: Programa
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trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-09-atualizada-2019.pdf. Acesso
em: 12 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-15: Atividades
e Operações Insalubres. Brasília: MTE, 2019c. Disponível em: https://enit.trabalho.
gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-15-atualizada-2019.pdf. Acesso em:
12 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-17: Ergonomia.
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CAMARGO, W. Gestão da segurança do trabalho. Instituto Federal do Paraná.
Curitiba: 2016. Disponível em: http://ead.ifap.edu.br/netsys/public/livros/LIVROS%20
SEGURAN%C3%87A%20DO%20TRABALHO/M%C3%B3dulo%20I/Livro%20Gestao%20
da%20Seguranca%20do%20Trabalho.pdf. Acesso em: 19 mar. 2020.
MATTOS, U. A. O.; MÁSCULO, F. S. (orgs.). Higiene segurança do trabalho. 2. ed. revista e
ampliada. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.
OLIVEIRA, P. R. A. Gerência de risco: caderno de estudos e pesquisa. Rio de Janeiro:
Universidade Cândido Mendes, 20--.
REASON, J. Human error: models and management. BMJ: British Medical Journal, v. 320,
n. 7237, p. 768-770, 2000. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/
Figura 1
Estrutura da legislação brasileira para prevenção de acidentes e doenças do trabalho
Art. 2º.
[...]
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins
desta lei, um conjunto de atividades que se destina,
através das ações de vigilância epidemiológica e vigi-
lância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos
trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabi-
litação da saúde dos trabalhadores submetidos aos
riscos e agravos advindos das condições de trabalho,
abrangendo:
NR 03 – Embargo ou Interdição
NR 08 – Edificações
NR 12 – Máquinas e Equipamentos
NR 14 – Fornos
NR 17 – Ergonomia
NR 19 – Explosivos
NR 25 – Resíduos Industriais
NR 26 – Sinalização de Segurança
NR 28 – Fiscalização e Penalidades
NR 35 – Trabalho em Altura
Fonte: Elaborado pelo autor com base nas Normas Regulamentadoras da Escola Nacional da Inspeção do Trabalho (Enit), 2020.
(Continua)
(Continua)
2.3.1 PPRA
Com início no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA),
esse documento foca basicamente a identificação, a mitigação e o tra-
tamento dos riscos ambientais, incluindo aqueles ergonômicos e ou-
tros não citados na NR 09. Por meio desse programa, um engenheiro
de Segurança do Trabalho estuda a atividade da instituição e aponta
riscos e formas de avaliá-los. Consequentemente, é necessário tornar
esses riscos conhecidos a todos os trabalhadores e divulgar interna-
mente como eles serão tratados. Por fim, deve haver uma avaliação
contínua e o programa deve ser revisado e aperfeiçoado anualmente.
garagestock/ RedlineVector/ davooda/ Macrovector/ valeriya kozoriz/ SurfsUp/ Max Grig/ Rashad Ashur/ Art work/ NikWB/Shutterstock
Norma de referência
Objetivo
Ter um ótimo padrão de higiene ocupacional ou antecipar, reconhecer,
avaliar e controlar riscos ambientais (físico, químico, biológico etc.) para
preservação da saúde e integridade do trabalhador.
Objeto
Riscos ambientais.
Custo
Empregador.
Abrangência
Se houver mais de um estabelecimento (sede ou filial), cada um deve ter
um PPRA próprio e específico. Não se pode elaborar um geral para toda a
empresa e seus estabelecimentos.
Validade
Não tem validade, pois é de execução permanente (apesar de ter a obriga-
ção da análise global anual).
(Continua)
Estrutura
• Planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e
cronograma.
• Estratégia e metodologia de ação.
• Forma do registro, da manutenção e da divulgação dos dados.
• Periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA.
Documentos relacionados
Periodicidade
Revisão anual.
Quadro 2
Programa de Controle Médico de Saúde Operacional (PCMSO)
Telman Bagirov /garagestock/ RedlineVector/ davooda/ Macrovector/ valeriya kozoriz/ SurfsUp/ Max Grig/ Rashad Ashur/ Art work/ NikWB/Shutterstock
Norma de referência
Objetivo
Objeto
Custo
Empregador.
Abrangência
Pode ser elaborado para toda a empresa, e não apenas para um único
estabelecimento, desde que envolva todos os fatores de riscos e todas as
funções existentes.
Validade
Não tem validade, pois é de execução permanente (apesar de ter a obriga-
ção da elaboração de um relatório anual).
(Continua)
Obrigatoriedade
Todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como
! empregados.
Estrutura
Não há uma estrutura formal prevista na norma, mas, basicamente, deve
haver no PCMSO um planejamento em que estejam previstas as ações
de saúde a serem executadas durante o ano, devendo ser produzido um
relatório anual com base no modelo de relatório da NR 07.
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Periodicidade Para exame médico periódico: anual, bienal ou de acordo com a periodici-
dade especificada no Anexo n. 6 da NR 15 para os trabalhadores expostos
a condições hiperbáricas.
Para monitorização da exposição ocupacional aos riscos: variada, pode ser
de semestral a trienal.
Quadro 3
Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), ou antigo Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indús-
2
tria da Construção (PCMAT).
musmellow /garagestock/ RedlineVector/ davooda/ Macrovector/ valeriya kozoriz/ SurfsUp/ Max Grig/ Rashad
Ashur/ Art work/ NikWB/Shutterstock
Norma de referência
NR 18 – Condições de Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da
Construção.
Objetivo
Planejar e organizar a implementação de medidas de controle e sistemas
preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio am-
biente de trabalho na indústria da construção.
Objeto
Custo
Abrangência
(Continua)
58 Análise e gerenciamento de risco
Validade
Não tem validade, pois é de execução permanente, podendo sofrer modifi-
cações conforme o desenvolvimento da obra.
Obrigatoriedade
Indústria da construção constantes da seção F da CNAE e atividades e
serviços de demolição, reparo, pintura, limpeza e manutenção de edifícios
! em geral e de manutenção de obras de urbanização.
Documentos relacionados
Todos os documentos citados na seção 2.2, além daqueles de capacitação
dos trabalhadores que exercem determinada função.
Periodicidade
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Brasil, 2020; Gomes; Domingues Jr.; Dias, 20--.
2.4 EPI
Vídeo Ao se falar de riscos, naturalmente, aborda-se o assunto equipa-
3
mento de proteção individual (EPI) . A norma de referência do EPI é a
NR 06 (Equipamento de Proteção Individual – EPI), inicialmente publicada
em 1978 e, após várias revisões, com sua última atualização em 26 de
outubro de 2018. Essa NR diz que o EPI é “todo dispositivo ou produ-
3 to, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção
Muitos são os tópicos relaciona- de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”
dos ao EPI, sendo um tema por
(BRASIL, 2018a, p. 1).
vezes polêmico e com algumas
incongruências de aplicação. Si- É muito importante estabelecer que o EPI é uma medida de caráter
milarmente aos demais assuntos
ativo e individual. Em outras palavras, o uso desse equipamento de-
deste livro, não se planeja aqui
esgotar as possibilidades desse pende do trabalhador, de sua ação e da sua voluntariedade em cum-
assunto, mas sim fazer uma prir a determinação de usá-lo. Além disso, o EPI possui a abrangência
abordagem geral e especialmen-
te desenvolver uma mentalidade e cobertura de um único indivíduo e, por vezes, um único espectro do
prevencionista aplicada ao EPI. corpo humano (por exemplo, proteção apenas das mãos).
A NR 06 prevê que o EPI deve ser empregado “a) sempre que as me-
didas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos
de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; b)
enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implanta-
das; e, c) para atender a situações de emergência” (BRASIL, 2018a, p. 1).
Eliminação da ameaça
•• Caso não seja possível evitar o risco, deve-se projetar o ambiente de tra-
balho para mitigar o risco, afastando o perigo para outro local que não
afete comunidades.
•• Exemplo: prover aberturas para a exaustão natural da fumaça tóxica do
ambiente de trabalho.
Isolamento da vulnerabilidade
•• Caso não seja possível mitigar o risco, deve-se adotar proteção passiva
para todos.
•• Exemplo: instalar sistema de exaustão e/ou ventilação artificial.
Melamorry/Shutterstock
Equipamentos de proteção da
Equipamentos de proteção dos
cabeça; por exemplo, capacete Equipamentos de proteção
olhos e da face; por exemplo, óculos,
e capuz. auditiva; por exemplo, concha
protetor facial e máscara de solda.
ou plug.
Equipamentos de proteção
respiratória; por exemplo, Equipamentos de proteção de Equipamentos de proteção de
respirador purificador de ar não tronco; por exemplo, vestimentas de membros superiores; por exemplo,
motorizado, respirador purificador proteção, colete à prova de balas, de luva, creme contra agentes químicos,
de ar motorizado etc. uso permitido para vigilantes. manga, braçadeira e dedeira.
(Continua)
Como foi citado no início desta seção, não se esgota o assunto aqui e
ainda há muitos pontos de estudo sobre o EPI. Uma das ideias primor-
diais que deve ser entendida é a de que o EPI é uma medida precária de
proteção que não previne acidentes, mas sim lesões. Além disso, ele é
uma medida de proteção ativa, dependendo da ação e voluntariedade do
usuário para que tenha os efeitos esperados. A sua não utilização ou má
utilização compromete seriamente a proteção esperada; por isso, sempre
será uma opção menos prioritária à implementação de proteção coletiva.
2.5 EPC
Vídeo Os equipamentos de proteção coletiva (EPC) são formados por sis-
temas, equipamentos, partes de equipamentos, dispositivos ou com-
ponentes que visam mitigar riscos ou prevenir lesões em um conjunto
de trabalhadores. Assim como o EPI, o EPC precisa ser projetado e di-
mensionado de maneira formal, necessitando por vezes de um projeto.
Além disso, ele precisa estar previsto no PPRA e/ou no PCMAT.
Conforme visto na seção anterior, o EPC tem prioridade de instala-
Figura 3
Bandeja, ou bandejão, con- ção em detrimento do EPI. Os EPC possuem a característica de serem
jugada à proteção de rede, passivos, ou seja, não dependem da ação ou da vontade do trabalha-
para prevenção de queda
de objetos. dor. Esse é um dos grandes benefícios dos EPC; por exemplo, as ban-
dejas, ou bandejões, de proteção contra a
queda de objetos protegem o trabalhador de
Aisyaqilumaranas/Shutterstock
Ainda, a implementação de EPC deve ser precedida de treinamento BELTRAMI, M.; STUMM, S. Curitiba:
Instituto Federal Do Paraná –
aos empregados, de modo que o EPC sirva eficientemente ao propósito
Educação a Distância, 2018.
para o qual foi projetado. Por fim, esses equipamentos devem ser pro- Disponível em: http://proedu.
jetados por um profissional legalmente habilitado, e os desenhos e pro- rnp.br/handle/123456789/1428.
Acesso em: 19 mar. 2020.
jetos devem estar sempre à disposição para a consulta (BRASIL, 2019b;
BRASIL, 2020). Ilustram-se a seguir alguns exemplos de EPC.
FishCoolish/Motorama/Milta/ nanmulti/Shutterstock
Umidificação artificial em Sistema de detecção de incêndio ou
ambientes com presença de detecção de gases perigosos, como Sinalização de perigos ou de
exacerbada de poeira. vazamento de gás cloro. saídas de emergência.
(Continua)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No caminho do estudo dos riscos inerentes ao ambiente de trabalho,
foram verificados a legislação brasileira, os principais documentos e os
programas de Segurança do Trabalho. Ainda, pontuaram-se os principais
programas para saúde do trabalhador e mitigação de riscos. Por fim, os
EPI e EPC foram apresentados, lembrando sempre de que EPI não é a so-
lução para tratamento de riscos, mas apenas uma forma de evitar lesões.
Dessa forma, acredita-se que você será capaz, após estudar este capítulo,
de pontuar os aspectos básicos da Segurança do Trabalho, especialmente
formas de identificar, mitigar e tratar riscos.
ATIVIDADES
1. Em determinado ambiente de trabalho, atestou-se um barulho
exacerbado devido à proximidade a uma oficina de veículos. De
modo a reduzir o estresse causado por esse ruído nos trabalhadores,
optou-se por implementar protetor auditivo de inserção para proteção
do sistema auditivo (plugs). A decisão foi correta?
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF.
5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm. Acesso em 13 mar. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 9 ago. 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del5452.htm. Acesso em: 13 mar. 2020.
BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 20 set. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.
htm. Acesso em: 13 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma regulamentadora NR-01: disposições
Gerais. Brasília: MTE, 2019a. Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/
Arquivos_SST/SST_NR/NR-01.pdf. Acesso em: 13 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma regulamentadora NR-04: serviços
especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho. Brasília: MTE,
2016. Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/
NR-04.pdf. Acesso em: 13 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma regulamentadora NR-06: equipamento
de proteção individual – EPI. Brasília: MTE, 2018a. Disponível em: https://enit.trabalho.gov.
br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-06.pdf. Acesso em: 13 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma regulamentadora NR-07: programa de
controle médico de saúde ocupacional. Brasília: MTE, 2018b. Disponível em: https://enit.
trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-07.pdf. Acesso em: 13 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma regulamentadora NR-09: programa de
prevenção de riscos ambientais. Brasília: MTE, 2019b. Disponível em: https://enit.trabalho.
gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-09-atualizada-2019.pdf. Acesso em: 13
mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma regulamentadora NR-18: condições
de segurança e saúde no trabalho na indústria da construção. Brasília: MTE, 2020.
Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-18-
atualizada-2020.pdf. Acesso em: 13 mar. 2020.
GOMES, P. C. dos R.; DOMINGUES JR., L. R. P.; DIAS, G. R. Documentação para a engenharia
de segurança do trabalho. Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, 20--.
MATTOS, U. A. de O.; MÁSCULO, F. S. (org.). Higiene segurança do trabalho. 2. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2019.
NORMAS regulamentadoras – português. Escola Nacional da Inspeção do Trabalho. Disponível
em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-menu/
sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default. Acesso em: 13 mar. 2020.
CIPA 69
Estudo de caso
Em um certo local de trabalho com gases, os empregados trocavam de roupa no trabalho e as deixavam
sempre no armário do vestiário, evitando lavar em casa, para não ocorrer eventual contaminação e risco no
ambiente doméstico. Assim, o vestiário poderia ficar insalubre e os funcionários poderiam estar sujeitos a
riscos relacionados à falta de lavagem das roupas. Percebendo a situação, um dos cipeiros sugeriu que os
armários fossem transferidos para um local arejado e fora do ambiente de repouso. Vendo ainda a importância
do tema, o empregador também instalou uma máquina industrial (profissional) de lavar roupas no trabalho,
promovendo tanto a segura doméstica quanto o uso permanente de roupas limpas no ambiente de trabalho.
Tal situação foi promovida porque a percepção de quem executa o serviço foi ouvida.
CIPA 71
órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes,
associações recreativas, cooperativas e outras instituições que admi-
tam trabalhadores como empregados CLT.
Destaca-se ainda o que Camisassa (2015, p. 147) afirma sobre esse caso:
a participação dos empregados na indicação do designado pode-
rá ser definida por negociação coletiva. Ressalto que o designado
da CIPA deve ser empregado do estabelecimento, não podendo
ser estagiário, nem o próprio empregador, uma vez que estes
não possuem vínculo celetista com a empresa. Entendo que, por
analogia, as determinações referentes à CIPA também se esten-
dem ao designado, sempre que aplicáveis.
CIPA 73
Atenção A NR 05 também disciplina, em diversos pontos, o processo de esco-
lha dos membros da CIPA. O objetivo é que ela tenha uma composição
A garantia de emprego prevista
na CLT vale somente para os can-
paritária, isto é, um equilíbrio entre empregados e membros indica-
didatos e membros da CIPA dos dos pelo empregador. Por vezes, considerando os membros titulares
representantes dos empregados, e reservas e o dimensionamento previsto no Quadro I da NR 05, tal
e não para membros indicados composição não será exatamente igual em número, mas manterá um
pelo empregador.
equilíbrio. O processo de escolha é por votação pelo lado dos emprega-
dos, e por indicação pelo lado do empregador, conforme regras espe-
cíficas da CLT e da NR 05. Há uma garantia de emprego prevista na CLT
para os representantes dos empregados que participam do processo
de eleição e são eleitos como membros da CIPA (BRASIL, 2019a). Contu-
do, isso não ocorre de maneira absoluta, vide artigo 165 da CLT.
A NR 05 também prevê a obrigatoriedade de um treinamento para
os membros da CIPA. Nesse ponto, é importante fazer uma diferen-
ciação entre a CIPA e o SESMT, pois eles não são serviços similares ou
substitutos entre si. O SESMT é um serviço de promoção de saúde com
especialistas, tais como médicos, engenheiros ou técnicos de Segu-
rança do Trabalho, enfermeiros e auxiliares de enfermagem etc. Já os
membros da CIPA não são profissionais com especialização ou habilita-
ção em Segurança ou Medicina do Trabalho. A CIPA não se subordina
ao SESMT, mas possui com este uma relação de colaboração na pro-
moção de segurança, conforto e bem-estar no ambiente de trabalho,
podendo propor medidas de proteção para ele. Além disso, a CIPA deve
procurar assessoramento do SESMT sempre que possível e este deve
assessorar a CIPA sempre que demandado.
A NR 05 fixa as seguintes prescrições para o treinamento dos mem-
bros da CIPA, aqui expostas de maneira resumida.
Quadro 1
Treinamento dos membros da CIPA
NikWB/ MAKSIM ANKUDA/ SurfsUp /Shutterstock
Tempo do treinamento
• Realização do treinamento antes da data da posse.
• Em caso de CIPA de primeiro mandato, prazo máximo de 30 dias a con-
tar da data da posse.
Quem participa?
• Titulares e suplentes devem participar do treinamento.
• Caso seja inexistente uma CIPA, mas haja um designado, este deve pas-
sar por treinamento anual.
(Continua)
Execução do treinamento
• Deve possuir carga horária mínima de 20 horas.
• Não pode exceder 8 horas diárias.
• Deve ser durante o horário de expediente
Quem executa?
• Cabe ao empregador escolher a entidade ou profissional que ministrará
o treinamento, mas a CIPA deve ser ouvida formalmente.
• O treinamento pode ser realizado pelo SESMT da empresa.
CIPA 75
do, mas o empregador também pode adotar parâmetros mais desen-
volvidos e aperfeiçoados. Desde a sua concepção até a nova eleição
dos membros da CIPA, esta deve se basear na CLT e na NR 05, ou na NR
específica da atividade produtiva desenvolvida.
Figura 1
Cargos, funções e tarefas da CIPA
CoolVectorStock/Shutterstock
PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE SECRETÁRIO MEMBROS
• Indicado pelo empregador; • Eleito pelos empregados; • Indicado pelos membros • Comparecem às reuniões;
• Componente da CIPA; • Componente da CIPA; da CIPA; • Executam tarefas delegadas.
• Convoca membros para • Executa tarefas delegadas; • Não precisa ser componente
reunião; • Substitui o presidente. da CIPA, nesse caso, sua
• Coordena as reuniões da indicação precisa ser
CIPA; aprovada pelo empregador;
• Encaminha ao empregador • Acompanha reuniões;
e ao SESMT as decisões da • Redige atas;
CIPA; • Prepara correspondências
• Informa ao empregador os etc.
trabalhos da CIPA;
• Coordena e supervisiona as
atividades de secretaria;
• Delega funções ao vice-
presidente.
Figura 2
Estagiário transportando documentos em um carrinho
Viktoriia Adamchuk/Shutterstock
Apesar de o estagiário não ser um empregado, a situação ilustrada demonstra risco de queda e acidente em
potencial. Logo, deve ser alvo de análise e intervenção direta não somente por parte da CIPA, mas de qualquer
trabalhador que identificar o risco. O próprio estagiário deve ter acesso amplo e facilitado à CIPA e passar a
demanda para tratamento do risco.
Qualquer trabalhador, empregado ou não, pode demandar à CIPA a análise do caso e a adoção de atitudes,
e qualquer membro dessa comissão pode introduzir o assunto em uma reunião ordinária. O presidente da
CIPA pode demandar a seus membros a inspeção e vistoria dos postos e frentes de trabalho que lidam com
transportes de cargas ou de situações em que os cadarços ofereçam riscos potenciais.
Além disso, a CIPA pode indicar dicas de vestuário aos trabalhadores e sugerir a disponibilização de equi-
pamento de proteção individual (EPI) do tipo calçados de proteção, com chapa de proteção e sem cadarços,
a todos os trabalhadores para evitar que as rodas eventualmente machuquem o pé/dedos do estagiário ou
prendam parte de vestuários e para que riscos de queda sejam prevenidos.
CIPA 77
Por fim, destaca-se que a CIPA deve ter reuniões ordinárias mensal-
mente, realizadas durante o expediente, de acordo com o calendário
e plano de trabalho deliberado entre os membros. A NR 05 prevê três
casos de reuniões extraordinárias: eventual denúncia de situação de
risco grave e iminente que demande medidas corretivas emergenciais;
quando ocorrer acidente de trabalho grave ou fatal; e quando houver
solicitação expressa de uma das representações.
CIPA 79
Como visto na Figura 3, outra função da CIPA é participar da ela-
boração e revisão de outros programas de promoção de segurança
do trabalho, como o PPRA e o PCMSO, sempre em colaboração com o
SESMT. A CIPA deve participar da discussão dos resultados do relató-
rio analítico do desenvolvimento do PCMSO e do documento-base do
PPRA, o qual deve ser apresentado formalmente à CIPA. Além disso, ela
deve ser ouvida na recomendação de EPI, elaborada pelo SESMT.
Há ainda várias referências à CIPA nas demais NR. Veja alguns exem-
plos a seguir.
CIPA 81
9.6.2 O conhecimento e a percepção que os trabalhado-
res têm do processo de trabalho e dos riscos ambientais
presentes, incluindo os dados consignados no Mapa de
Riscos, previsto na NR-5, deverão ser considerados para
fins de planejamento e execução do PPRA em todas as
suas fases. (BRASIL, 2019b)
Quadro 2
Representações do risco com uma lista exemplificativa, mas não exaustiva
CIPA 83
Figura 4
Exemplo de mapa de risco
Karolinemesquita/Wikimedia Commons
SALÃO DO RESTAURANTE COZINHA
6
1
8 8
4
ÁREA EXTERNA
LEGENDA
Risco físico
Risco Pequeno
8
Risco químico
Risco Médio
Risco biológico
Risco ergonômico
Risco Grande
Acidentes
Figura 5
Exemplo de ciclo de elaboração e aperfeiçoamento do mapa de risco
Reunião de
demandas
Avaliação após Levantamento
um ano dos
ambientes de
trabalho
Levantamento
Acompanhamento do histórico de
afastamentos e
acidentes no
ano
Avaliação inicial
Entrevista com
os trabalhadores
Implementação
e fixação do
mapa Identificação
de riscos
Análise de
Apresentação
risco, com
do trabalho
participação do
Elaboração SESMT e demais
do mapa programas
CIPA 85
pre, especialmente quando há alteração no ambiente de trabalho ou na
atividade executada no local. Além disso, o próprio processo de feedback
dos trabalhadores motiva o aperfeiçoamento do mapa de risco.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo demonstrou a importância da CIPA como uma oportuni-
dade para que a voz e a percepção do trabalhador sejam valorizadas na
Segurança do Trabalho. O empregador já conta com uma equipe formada
por profissionais e especialistas para implementar medidas de segurança
e saúde do trabalho: o SESMT. Cabe lembrar que a CIPA não é uma subor-
dinada ao SESMT, nem possui a mesma função.
Os membros da CIPA não necessitam ter qualificação em Segurança
do Trabalho e são escolhidos por meio de indicação (representantes do
empregador) e de votação (representantes dos empregados). Além disso,
após formalização da escolha, eles precisam passar pelo treinamento pre-
visto em norma. Uma das oportunidades favorecidas pela CIPA é trazer a
percepção, participação e colaboração dos empregados na construção da
segurança, conforto e bem-estar no ambiente de trabalho.
O SESMT é um serviço profissional; já a CIPA é uma medida que visa
fomentar medidas de proteção e conforto àquilo que é relatado como
incômodo ao desenvolvimento das tarefas executadas pelo trabalhador.
Seu efeito direto ocorre na segurança, mas, certamente, quando bem
executada, a CIPA favorece também a produtividade e o rendimento tão
almejados pelo empregador.
ATIVIDADES
1. Considere um determinado estabelecimento, sem fins lucrativos, que
funciona como clube de lazer, representa servidores públicos dos três
órgãos do poder executivo federal e possui mais de 100 empregados
celetistas. Alegou-se que, nesse local, não há obrigatoriedade de
estabelecer uma CIPA, pelo clube ter sido feito como uma extensão
do órgão público e por não se exercer uma atividade visando lucro. Tal
alegação é válida? Por quê?
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 9 ago. 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del5452.htm. Acesso em: 31 mar. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei n. 7.036, de 10 de novembro de 1944. Coleção das Leis do Império
do Brasil, Poder Executivo, Rio de Janeiro, RJ, 31 dez. 1944. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1937-1946/Del7036.htm. Acesso em: 31 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-04: Serviços
especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho. Brasília: MTE,
2016. Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/
NR-04.pdf. Acesso em: 19 maio 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-05: Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes. Brasília: MTE, 2019a. Disponível em: https://enit.
trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-05.pdf. Acesso em: 19 maio
2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-06: Equipamento
de Proteção Individual – EPI. Brasília: MTE, 2018a. Disponível em: https://enit.trabalho.gov.
br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-06.pdf. Acesso em: 19 maio 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-07: Programa de
controle médico de saúde ocupacional. Brasília: MTE, 2018b. Disponível em: https://enit.
trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-07.pdf. Acesso em: 31 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-09: Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais. Brasília: MTE, 2019b. Disponível em: https://enit.
trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-09-atualizada-2019.pdf. Acesso
em: 19 maio 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-12: Segurança no
Trabalho em Máquinas e Equipamentos. Brasília: MTE, 2019c. Disponível em: https://enit.
CIPA 87
trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-09-atualizada-2019.pdf. Acesso
em: 19 maio 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-20: Segurança e
Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis. Brasília: MTE, 2019d. Disponível em:
https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-09-atualizada-2019.
pdf. Acesso em: 19 maio 2020.
CAMISASSA, M. Q. Segurança e saúde no trabalho: NRs 1 a 36 comentadas e descomplicadas.
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015.
Análise de risco 89
As análises de risco são um Análise de risco é um método
conjunto de métodos e técni- sistemático de exame e avalia-
cas que, aplicados a operações ção de todas as etapas e ele-
que envolvam processo ou mentos de um determinado
processamento, identificam os trabalho para desenvolver e
cenários hipotéticos de ocorrên- racionalizar toda a sequência
cias indesejadas (acidentes), as de operações que o trabalhador
possibilidades de danos, efei- executa; identificar os riscos
tos e consequências. potenciais de acidentes físicos
(CAMISASSA, 2015, p. 610) e materiais; identificar e corri-
gir problemas operacionais e
implementar a maneira correta
Análise de Risco: combinação para execução de cada etapa
da especificação dos limites da do trabalho com segurança. É,
máquina, identificação de peri- portanto, uma ferramenta de
gos e estimativa de riscos. (NBR exame crítico da atividade ou
12.100). situação, com grande utilidade
[...] para a identificação e antecipa-
Avaliação de Risco: julgamen- ção dos eventos indesejáveis e
to com base na análise de risco, acidentes possíveis de ocorrên-
do quanto os objetivos de re- cia, possibilitando a adoção de
dução de risco foram atingidos. medidas preventivas de segu-
(NBR 12.100). rança e de saúde do trabalha-
(BRASIL, 2019b, p. 41-42, grifos dor, do usuário e de terceiros,
do original) do meio ambiente e até mesmo
evitar danos aos equipamentos
e interrupção dos processos
produtivos.
Para outros autores dos textos
(PEREIRA; SOUSA, 2010, p. 14)
que vimos considerando, análi-
ses seriam procedimentos que
subsidiam avaliações. De ma- Chama-se a atenção para o fato:
neira oposta, há autores para os grande parte dos estudos que
quais as avaliações ofereceriam se propõe desenvolver a Análi-
contribuições para a realização se de Riscos, na verdade, traba-
de análises. Finalmente, haveria lha com a Avaliação de Riscos,
aqueles para os quais avaliação o que geralmente é verificado
e análise são nomes diferentes na discussão. Confirma-se que
para coisas equivalentes. Avaliação de Riscos é etapa da
(FURTADO; GASPARINI, 2019, Análise de Riscos.
p. 2934) (OLIVEIRA, 20--, p. 161)
Figura 1
Exemplo de processo de análise de risco
08
08
07 Encerramento
Revisão
Concepção 01
Esp
06
ecifi
caçã
o
Execução
02
Implementação Projeto ou
05 Plano de
design
implementação
03
04
Fonte: Adaptada de Oliveira, 20--, p. 111.
Análise de risco 91
Pontua-se que as avaliações de risco devem ser promovidas por
equipes e a execução dessa tarefa por um único profissional não é
adequada. O processo deve contar com a participação de uma equipe
multidisciplinar de profissionais, de pessoas familiarizadas com o pro-
cesso, incluindo executores e supervisores. Vale lembrar que a CIPA
(Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) pode contribuir nesse
momento, mas é o SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho) que conduz avaliações de risco
de maneira técnica e profissional. Ainda, destaca-se que a execução
formal e oficial de avaliações de risco é competência de um profissional
especializado e habilitado em Segurança do Trabalho.
Quadro 1
Exemplos de prescrições sobre a análise de risco
NR 10
tadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos
adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a
segurança e a saúde no trabalho. (BRASIL, 2019a, p. 1, grifo nosso)
NR 18
18.7.6.2 Deve ser elaborada análise de risco específica para trabalhos a
quente. (BRASIL, 2020, p. 12, grifo nosso)
(Continua)
NR 20
análise definidas pelo profissional habilitado, devendo a escolha levar em
consideração os riscos, as características e complexidade da instalação.
(BRASIL, 2019c, p. 5, grifo nosso)
NR 20
20.7.3 Nas instalações classe I, deve ser elaborada Análise Preliminar de
Perigos/Riscos (APP/APR). (BRASIL, 2019c, p. 5, grifo nosso)
NR 35
35.4.5 Todo trabalho em altura deve ser precedido de Análise de Risco.
(BRASIL, 2019d, p. 3, grifo nosso)
Fonte: Elaborado com base em Brasil, 2019a; Brasil, 2019b; Brasil, 2019c; Brasil, 2019d; Brasil, 2020; Pereira e Sousa, 2010.
Análise de risco 93
da para ser executada como primeira abordagem na prevenção de ris-
cos, ainda na fase de concepção ou projeto da atividade ou processo.
Quadro 2
Campos de um modelo básico de APR
Quadro 3
Exemplo de APR para sistema de corte de vergalhões de aço
(Continua)
Análise de risco 95
I – Risco desprezível: não haverá degradação maior, sem danos funcionais ou lesões.
II – Risco marginal ou limítrofe: degradação do sistema, sem danos maiores ou lesões, podendo
ser compensada ou controlada adequadamente.
III – Risco crítico: degradação do sistema, com lesões e danos substanciais, sendo um risco
inaceitável e necessitando de ações corretivas imediatas.
IV – Risco catastrófico: severa degradação do sistema, com perdas totais, lesões e morte.
Fonte: Adaptado de Oliveira, 20--, p. 111.
Também pode ser usada as Essa técnica levanta riscos, especialmente omissões de projeto e
expressões Whatif ou simples- desenvolvimento de atividades, processos, normas, instalações, pro-
mente e se para denominá-la.
cedimentos e sistemas produtivos. Como o próprio nome demonstra,
Figura 2
Khvost/Shutterstock
Etapa II
Detalhamento Etapa IV
das atividades dos Análise dos riscos
macroprocessos identificados
identificados
Etapa III
Aplicação do
questionamento da
ferramenta What If
Análise de risco 97
Um quadro com informações básicas da técnica What if pode conter
os dados apresentados a seguir.
Quadro 4
Campos de um modelo básico de What if
https://periodicos.ifpb.edu.br/index.php/rebrast/article/viewFile/2356/1051
Quadro 5
Exemplo de produto da técnica What if aplicada a uma lavanderia
?
Ativação das máquinas
Treinamento sobre
de lavar e de secar Choques elétricos e
Não as ativasse de Descuido ou falta de práticas de segurança
modo correto conhecimento lesões e primeiros socorros e
ON uso dos EPI fornecidos
Adição de solventes
ou fluidos aquosos
(lavagem a seco) Treinamento sobre
Falta de treinamento e Acidentes químicos práticas de segurança
Não utilizasse os EPI
conhecimento e alergias e primeiros socorros e
uso dos EPI fornecidos
(Continua)
Análise de risco 99
Atividade O que aconteceria Causas Consequências Observações e reco-
se mendações
?
Adição de sabão
Treinamento sobre
Falta de treinamento e Acidentes químicos, práticas de segurança
Não utilizasse os EPI
conhecimento alergias e cortes e primeiros socorros e
uso dos EPI
Adição de água
Fosse lavada pouca
Esquecimento ou Checagem dos registros
roupa em nível alto de Desperdício de água
distração por onde circulam água
água
Utilização das
Não houvesse uma
máquinas Buscar otimizar o
preocupação com a
Falta de informação Desperdício de água sistema e economizar
otimização do abasteci-
mais água
mento de água
Geração de efluentes
líquidos
Não ocorresse o des- Poluição nos recur- Estação de tratamento
Falta de informação
carte correto sos hídricos de efluentes
4.4 HAZOP
Vídeo Entre as várias técnicas de avaliação de risco, existe a chamada
HAZOP, que deriva de hazard and operability study, em língua inglesa.
Essa técnica, como o nome já diz, trabalha com as ideias de hazard (em
português, perigo) e operability (em português, operabilidade). Ou seja,
avaliam-se os perigos potenciais em operações desenvolvidas, esti-
mando os riscos.
Quadro 6
Campos de um modelo básico de HAZOP
Pressurização da água de
Especificação/localização do nó
incêndio
Quadro 7
Exemplo não exaustivo de palavras guias e respectivos significados
Inexistência da intervenção,
NÃO/NENHUM Sem água
ação ou conteúdo
Substituição ou alteração de
OUTRO/AO INVÉS Componente errado adicionado
conteúdo
Figura 3
Exemplos não exaustivos de parâmetros
EXEMPLO 1 VARIÁVEL / PARÂMETRO EXEMPLO 2
ankudi/Janoj/vectorlight/Flat.Icon/NikWB/Blan-k/Dolvalol/Artco/Milta/Shutterstock
FLUXO
FLUXO
PRESSÃO
TEMPERATURA
Alta temperatura Baixa temperatura
NÍVEL
Alto nível Nível insuficiente
TEMPO
Cedo Tarde
AGITAÇÃO
REAÇÃO
(Continua)
FLUXO
ACIONAMENTO /
DESLIGAMENTO
Acionamento errado Desligamento errado
ON
DRENAGEM
VENTILAÇÃO
Muita ventilação Ventilação
insuficiente
MANUTENÇÃO
Manutenção em Manutenção
momento impróprio insuficiente
POTENCIAL
HIDROGENIÔNICO
Alto PH (PH) Baixo PH
Quadro 8
Exemplo de aplicação da técnica HAZOP em um nó de operação em caminhão tanque
Saiba mais
Imagine quais são os riscos que pode haver em um hemocentro, na coleta e distribuição
de bolsas de sangue. Mônica Caldeira Quintella defendeu sua tese de doutorado, intitulada
Adaptação e Aplicação da Técnica HAZOP na Identificação de Risco na Área de Serviço de Saúde:
Estudo de Caso HEMOCENTRO/UNICAMP, aplicando a técnica HAZOP em um hemocentro
na cidade de Campinas (São Paulo). Esse estudo demonstra quão complexa pode ser a
aplicação da técnica HAZOP. Na tese, há o fluxo utilizado, roteiros, mapeamento de diversos
processos relativos ao hemocentro e especificação dos nós e módulos, além dos resultados
e discussões obtidos. Por fim, no apêndice, há um bem elaborado modelo de produto da
técnica HAZOP.
Quadro 9
Campos de um modelo básico de análise FMEA
Campo Exemplo
Manutenção da bomba de
pressurização, prover botão de
Medidas protetivas, corretivas e
acionamento/partida manual
preventivas
da bomba principal em locais
estratégicos, entre outros
Sim
Sim Sim
Conclusão do FMEA
Definir data da próxima revisão
Artigo
https://www.fep.up.pt/disciplinas/pgi914/ref_topico3/fmea_ss_mf_jb_qic2006.pdf
Animais em caminhões
Esterco, Urina
Água, Desinfetante Recepção Currais Caminhões lavados
Efluentes líquidos
Condução e lavagem dos Esterco, Urina
Água, Desinfetante
animais Efluentes líquidos
Vômito, Urina,
Água, Produto de limpeza, Atordoamento Efluentes líquidos
Eletricidade
Sangue
Água, Produto de limpeza Sangria Efluentes líquidos
Couro, Cabeça, Chifres,
Água, Eletricidade, Esfola Cascos
Produto de limpeza
Efluentes líquidos
Água, Eletricidade, Evisceração Vísceras comestíveis
Produtos de limpeza Vísceras não comestíveis
Efluentes líquidos
Água, Eletricidade Corte de carcaça
Gorduras, Aparos
Efluentes líquidos
Saiba mais
A produção de carne para alimentação pode oferecer diversos riscos, não apenas para
quem está envolvido nas operações, mas também para a comunidade ao redor de aba-
tedouros. Você já parou para pensar nisso? De maneira simplificada, tente estimar alguns
riscos envolvidos nessa atividade produtiva. Pense também nas ameaças/perigos envolvi-
dos, nas pessoas e comunidades vulneráveis a esse perigo, na forma de detectar falhas que
levam a esse risco e no impacto gerado por ele. Há uma forma de quantificar cada variável?
Um estudo dos engenheiros Mariane Helena Rabelo, Eric Silva e Alexandre Peres, da
Universidade Federal de Lavras (UFLA), aplica o FMEA exatamente nessa atividade. Os au-
tores mostram os mapeamentos utilizados e apresentam resultados pertinentes dos riscos
levantados.
Contaminação Proveniente da
Cinzas R – 2 3 2 2 24 Aplicação em local adequado
da água queima na caldeira
Parte da sujeira é
encaminhada para
Contaminação Triagem com maior critério das
Sujeira do chão da a graxaria e a outra
R do solo e da – 3 2 2 2 24 sujeiras e filtros de retenção na
(Continua)
fábrica é carregada pela
água saída de efluentes
água de lavagens
do frigorífico
Análise de risco
Embalagens de ma- As embalagens são
térias-primas, insu- Contaminação encaminhadas à Separação das embalagens e en-
R – 2 3 1 3 18
mos, embalagens de do solo empresa coletora caminhamento para reciclagem
113
papel e plástico de lixo
Tipo R: impacto que ocorre ordinariamente – Real;
Leitura Tipo P: impacto que pode ocorrer – Potencial;
A engenheira química
S: grau de Severidade, variando de 1 a 3;
Laís Aguiar elaborou um O: taxa de Ocorrência, variando de 1 a 3;
estudo que expõe a técni- D: taxa de Detecção, variando de 1 a 3;
ca HAZOP, aplicando-a A: grau de Abrangência do impacto, variando de 1 a 3;
em um caso de descar- R: gradação do Risco, variando de 1 a 81.
regamento de ácido
Fonte: Rabelo, Silva e Peres, 2014, p. 6
sulfúrico. Ela também faz
o mesmo processo com Assim, temos o impacto real “contaminação da água” como o risco
a técnica APR (ou APP).
O documento demons- crítico evidenciado na análise exemplificada, especialmente pela se-
tra o processo de cada veridade apresentada. Já o impacto real “contaminação do solo”, por
análise de risco, com es-
quemas, roteiros e fluxos. ter uma detecção visual (fator 1) e uma severidade moderada (fator 2),
Tabelas bem elaboradas apresenta-se como um risco de menor grau, quando comparado com
ilustram os resultados e
um quadro comparativo os outros. No exemplo citado, pode-se procurar reduzir todos os fato-
entre as duas técnicas é res 3 para 2 como tentativa de mitigação de riscos, aperfeiçoando for-
exposto. A leitura vale a
pena porque demonstra mas mais fáceis de detecção e modos de redução da severidade e/ou
que a combinação de diminuindo a taxa de ocorrência. Logicamente, nem sempre é adequa-
técnicas é bem favorável
para uma análise de risco do ou possível atuar em um único fator.
mais segura, completa
e efetiva. Observa-se que o FMEA permite uma ampla discussão dos resul-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É muito importante que se entenda que este capítulo não esgota as
possibilidades de análise de risco. Aqui, foram tratadas apenas quatro das
técnicas existentes, mas existem muitas outras, como: análise de árvo-
re de falhas; árvore de causas e efeito; análise de incidentes; técnica do
incidente crítico; análise de árvore de eventos; análise de causa e efeito;
análise de consequências.
É necessário possuir habilitação, usualmente uma especialização em
Segurança do Trabalho, para executar análises de risco de maneira formal
e oficial, para atender às prescrições das NR. Entretanto, é recomenda-
do que avaliações de riscos sejam conduzidas diariamente pelas diversas
pessoas em suas rotinas ordinárias. Apesar de o conteúdo aqui disposto
não ser uma capacitação plena para a execução de técnicas de análise de
risco demandadas pelas NR, toda análise de risco é bem-vinda, ainda mais
se realizada com o embasamento técnico existente neste capítulo.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, L. A. Metodologias de análise de riscos APP & HAZOP. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em:
http://files.visaosegura.webnode.com/200000056-584dc5947a/APP_e_HAZOP.pdf. Acesso
em: 23 abr. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-10: Segurança em
Instalações e Serviços em Eletricidade. Brasília, DF: MTE, 2019a. Disponível em: https://enit.
trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-10.pdf. Acesso em: 23 abr. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-12: Segurança no
Trabalho em Máquinas e Equipamentos. Brasília, DF: MTE, 2019b. Disponível em: https://enit.
trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-12.pdf. Acesso em: 23 abr. 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-18: Condições
de segurança e saúde no trabalho na indústria da construção. Brasília: MTE, 2020.
Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-18-
atualizada-2020.pdf. Acesso em: 23 abr. 2020.
Quadro 1
Exemplo de inspeção rotineira para operador de empilhadeiras
Item Discriminação Sim Não
9 Há vazamento no radiador?
11 Há vazamento de gás?
As NR preveem que alguns tipos de tarefa ou trabalho somente po- Disponível em: http://licitacoes.
compagas.com.br/edital.php?i-
dem ser executados após autorização manifestada por meio da PT. Al- d=7376&idev=945&show=lc.
guns exemplos são citados a seguir. Acesso em: 18 maio 2020.
Gazlast/Art work/Shutterstock
Laudo é a peça na qual o perito,
Perícia é a atividade que envolve a
profissional habilitado, relata o que
apuração das causas que motivaram
observou e dá as suas conclusões ou
determinado evento ou da asserção
avalia o valor de coisas ou direitos,
de direitos.
fundamentadamente.
Cabe ressaltar, ainda, que adotar EPI como medida primária de pro- Saiba mais
teção significa atestar que o perigo não foi eliminado, nem a exposição A NR 29 apresenta, ainda,
a prescrição de uma
de uma determinada população foi mitigada. Portanto, decide-se expor avaliação anual visando
o trabalhador a um ambiente inseguro e obrigá-lo a se proteger indi- à análise, para fins de
segurança, de um equipa-
vidualmente. Além disso, o EPI protege o trabalhador apenas se este mento ou instalação.
tomar a conduta de usá-lo corretamente. 29.3.8.6 A moega ou funil utilizado
no descarregamento de granéis
Assim, pode-se perceber que os procedimentos inspeção, vistoria ou sólidos deve ser vistoriado
perícia são formas diferentes de identificar riscos e proporcionar medi- anualmente, devendo o
responsável técnico emitir um
das de controle, pois podem prevenir e barrar a sua manifestação. Por laudo, acompanhado da respectiva
exemplo, se a inspeção detectar uma anomalia de menor dimensão Anotação de Responsabilidade Téc-
nica no CREA, que comprove que
em um equipamento, ele pode ser substituído para que o risco não a estrutura está em condições
ocorra; ou, caso uma vistoria aponte alguma irregularidade grave, uma operacionais para suportar as
tensões de sua capacidade máxima
instalação pode ser interditada pelo próprio empregador, impedindo a de carga de trabalho seguro,
materialização do risco; ainda, as perícias podem isolar ambientes para de acordo com seu projeto
construtivo. (BRASIL, 2014, p. 20,
que ali seja proibido o trânsito ou a permanência de pessoas. Cabe grifos nossos)
ressaltar que o objetivo da execução de cada procedimento deve ser
observado de maneira correta.
S62 - Frat ao nível do punho e da mão 34.526 27.589 22.428 5.093 68 6.937
S93 - Luxac entors distens artic lig niv tornoz pé 25.327 23.595 16.110 7.437 48 1.732
S60 - Traum superf do punho e da mão 24.143 23.567 20.594 2.933 40 576
(Continua)
Não Proteger
Não Prevenir
Eliminar Sim
Sim
Queda
Figura 2a
Instalação de barreiras para prevenir
choques contra escadas instaladas
Figura 2b
Ihar Krents/Shutterstock
Figura 3a Figura 3b
Exemplo correto de fixação da base da Exemplo incorreto de fixação da base e
escada da parte superior da escada
Jacqui Martin/Shutterstock
Dirk Ott/Shutterstock
A altura é um perigo e, às vezes, ela não pode ser eliminada. Con-
tudo, o trabalhador pode estar sujeito à altura, mas não deve estar
exposto à queda. Essa não é uma escolha do trabalhador. Por falta de
atenção ou problema de saúde (até mesmo a má alimentação), o em-
pregado pode se colocar em situação de queda sem querer. Por isso,
é sempre necessário protegê-lo contra essa situação, tendo em mente
que, às vezes, nem ele mesmo pode impedir sua desatenção. Nesse
sentido, há diversas soluções. Um exemplo de medida que previne 1
quedas involuntárias é o guarda-corpo , uma barreira de proteção
1
Usualmente, em obras, o guar-
formada por um painel ou placas e que impede quedas. Ele deve ser da-corpo é citado como sistema
guarda-corpo-rodapé (GCR).
corretamente dimensionado e executado em um canteiro de obra, con-
forme prescrições das NR, em especial a NR 18.
Figura 4a Figura 4b
Exemplo de guarda-corpo metálico Prescrições normativas do sistema guarda-corpo-rodapé (GCR)
Travessão superior
mujijoa79/Shutterstock
IESDE
Travessão intermediário
Montante
1,20 m
0,70 m
0,20 m
1,50 m
Rodapé 0,20 m
Distância Máxima
Figura 5a Figura 5b
Exemplo correto de guarda-corpo- Ausência de guarda-corpo-rodapé de escada
-rodapé de escada em obras em obras (exemplo incorreto).
Rainer Bokelmann/Shutterstock
Marusoi/Shutterstock
Pode-se discorrer sobre a proteção contra quedas por diversas pá-
ginas. É importante sempre considerar os perigos envolvidos das ativi-
dades produtivas. Além disso, deve-se pensar em quem está exposto
a esse risco. Observa-se que o objetivo é eliminar o perigo. Não sendo
possível fazê-lo, considera-se um modo de prevenir a exposição. A ideia
aqui é expor essa forma de pensar na mitigação de risco: planeja-se al-
guma medida de proteção cuja aplicação não dependa da escolha do
trabalhador ou que não seja possível usar inadequadamente. A seguir,
será apresentado outro risco muito comum: as descargas elétricas.
Descarga elétrica
SPDA: sistemas de proteção a qual o trabalhador não tem opção de escolha de uso. Nesse caso, o
contra descargas atmosféricas. perigo é uma descarga elétrica indesejada que não pode ser evitada,
pois trata-se de um fenômeno da natureza. O foco, então, é impedir
a exposição de pessoas e animais a esse perigo. A forma de fazer isso
Adaptada de DarkWeapon/Shutterstock
Adaptada de rumruay/Shutterstock
Wichien Tepsuttinun/Shutterstock
Conexão do Fiação de
eletrodo de aterramento
aterramento
Eletrodo de
aterramento
Flegere/Shutterstock
CaseyFotos/Shutterstock
Medidas de proteção bem pensadas e projetadas impedem a con-
cretização do perigo, mesmo quando ele é concretizado de modo pro-
posital e inadequado. O trabalhador, às vezes, deseja o resultado de
uma ação, mas não conhece os riscos envolvidos na sua conduta. Por
isso, a medida de proteção deve também pensar em protegê-lo de
ações deliberadas e intencionais de operação que gerem riscos. Exem-
plo disso são os dispositivos de bloqueio de disjuntores elétricos,
que impedem o acionamento indesejado de circuitos elétricos em uma
operação de manutenção.
Figura 8a Figura 8b
Travamento contra acionamento inadequado de Religação inadequada de circuito
circuito elétrico durante manutenção
theDirector Alan James Ager/Shutterstock
Francescomoufotografo/Sutiwat Jutiamornloes/Shutterstock
Artigo 7
ROTULAÇÃO E MARCAÇÃO
1. Todos os produtos químicos deverão portar uma
marca que permita a sua identificação.
[...]
Artigo 8
FICHAS COM DADOS DE SEGURANÇA
1. Os empregadores que utilizem produtos químicos pe-
rigosos deverão receber fichas com dados de seguran-
ça que contenham informações essenciais detalhadas
sobre a sua identificação, seu fornecedor, a sua classifi-
cação, a sua periculosidade, as medidas de precaução e
os procedimentos de emergência.
[...]
Quadro 2
Cores de segurança a serem aplicadas a equipamentos, mensagens, produtos, avisos e instalações.
(Continua)
Fonte: Elaborado pelo autor com base em ABNT, 2018b; ABNT, 2019.
Identificação e
composição do produto Pictograma(s) de perigo Palavra de advertência
químico Saiba mais
Conforme explicado,
às vezes é necessário
consultar outras leis e
Informações
Frase(s) de perigo Frase(s) de precaução normas para adotar cor-
suplementares
retamente um sistema de
sinalização de segurança.
Seguem alguns exemplos:
A NR 26 não especifica a forma da rotulagem, mas indica como pa- •• Resolução n. 5.232, de 14 de
drão o Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotula- dezembro de 2016: Aprova as
instruções complementares ao
gem de Produtos Químicos (GHS), da Organização das Nações Unidas. regulamento terrestre do trans-
O GHS é um critério mundial de classificação, rotulagem harmonizada porte de produtos perigosos.
•• ABNT NBR ISO 3864-1 –
e ficha de segurança de produtos químicos. De acordo com Camisassa Símbolos gráficos: Cores e
(2015, p. 670), o GHS apresenta as seguintes informações: classificação, sinais de segurança; Parte 1:
Princípios de design para sinais
rotulagem e ficha com dados de segurança. e marcações de segurança.
•• ABNT NBR 13434: Sinalização
A Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) de segurança contra incêndio
é um documento que deve ser elaborado para todos os produtos quí- e pânico.
•• ABNT NBR 14725 – Produtos
micos (perigosos ou não) cujo manuseio ou armazenamento possa ge- químicos: Informações
rar riscos. A responsabilidade pela elaboração da FISPQ é do fabricante sobre segurança, saúde e meio
ambiente.
ou do fornecedor nacional do produto químico.
Cor do
Cor de Cor de
Forma geométrica Significado símbolo Exemplo de uso
segurança contraste
gráfico
• Proibido fumar;
• Proibido veículos não
Proibição Vermelho Branco Preto
autorizados;
Círculo com barra • Proibido beber.
diagonal
• Use proteção nos
olhos;
Ação
Azul Branco Branco • Use EPI;
obrigatória
• Desligue antes do
Círculo início do trabalho.
• Perigo: superfície
quente;
Aviso Amarelo Preto Preto
• Perigo: ácido;
• Perigo: alta voltagem.
Triângulo equilátero
• Condição
segura; • Sala de primeiros
Quadrado Meios de socorros;
Verde Branco Branco
fuga; Equi- • Saída de emergência;
pamento de • Ponto de encontro.
Retângulo
segurança
• Alarme manual de
Segurança incêndio;
Quadrado
contra Vermelho Branco Branco • Equipamento contra
incêndio incêndio;
Retângulo
• Extintor de incêndio.
Quadro 4
Exemplo de etapa de planejamento da manutenção preventiva predial
Dmitry Kalinovsky/Shutterstock
A manutenção preditiva compõe-se de verificações pontuais que vi-
sam prognosticar potenciais distúrbios. Esses distúrbios representam
despesas adicionais e incidentais de manutenções corretivas. Assim, a
manutenção preditiva se propõe a detectar falhas ocultas e não per-
ceptíveis antes que gerem reparos dispendiosos. Sua execução deman-
da melhor planejamento e instrumental, mas também oferece maior
confiabilidade e, usualmente, é a mais econômica (quando comparada
às manutenções corretiva ou preventiva).
Estudo de caso
Imagine determinada instalação que contém equipamentos que não podem sofrer uma variação relevante de
valores de pressão e temperatura. Qual seria uma técnica de análise de risco apropriada para tal instalação? Prova-
velmente a HAZOP, por trabalhar com desvios em parâmetros planejados. Sendo assim, qual tipo de manutenção
poderia ser favorecida nessa instalação? Cabe observar que isso não significa dizer que as outras possibilidades de
manutenção não devam ser executadas.
Uma manutenção preditiva pode ser melhor associada a uma análise HAZOP, por exemplo. A análise HAZOP, como
estudado, dedica-se à identificação de desvios de parâmetros, como temperaturas maiores, pressões menores
e misturas insuficientes. A manutenção preditiva tem foco no acompanhamento constante de desempenho de
equipamentos e instalações. Assim, harmoniza-se a manutenção com a técnica de análise de risco executada,
favorecendo a segurança.
Estudo de caso
Apesar de não estar diretamente relacionado ao ambiente de trabalho, ilustra-se um exemplo de incidente
ignorado que levou a uma tragédia. Em determinado condomínio residencial, havia uma quadra poliesportiva.
Diversos moradores relatavam receber descargas elétricas de menor dimensão (choques elétricos leves) ao prati-
car esportes nessa quadra, especialmente ao se encostar na cerca e nas partes metálicas. Apesar ser um incidente
característico, não houve intervenção.
Em determinado dia, após ocorrência de chuva, um jovem saudável e descalço, com o corpo suado após jogar
futebol, recebeu uma forte descarga elétrica ao se encostar em uma parte metálica da quadra. Tragicamente, a
descarga foi fatal e o jovem veio a falecer. Os relatos dos moradores eram similares: “sempre teve choque, mas
nunca ninguém se machucou”.
Perceba como a ausência de investigação e a falta de intervenção imediata, mesmo em incidentes, favorece a
ocorrência de acidentes. Pare e pense: seria esse caso realmente um acidente ou uma tragédia anunciada?
Apontar oportunidades
de campanhas educativas Propostas para melhorar Elaboração e revisão de
internas ou oficiais para protocolos, normas e leis. recomendações.
redução de acidentes.
Aperfeiçoamento geral
Aprimoramento geral do
de conforto, bem-estar,
Aumento da confiabilidade. processo de gestão da
segurança e produtividade
atividade produtiva.
do ambiente de trabalho.
Saiba mais
É importante entender que
A cada investigação realizada, quem a conduz ou a proporciona des-
investigar significa prevenir aci-
cobre mais oportunidades. Seguem dois exemplos de investigação
de acidentes disponibilizados pela página da Fundacentro. dentes. A investigação de aciden-
O primeiro – denominado Relatório de análise de acidente fatal em tan- tes oportuniza diversas formas
ques de armazenagem de álcool etílico, por Fernando Vieira Sobrinho e
de medida de controle de risco,
José Possebon – é mais direto e trata-se de um incêndio em tanque
de armazenamento de líquido inflamável. O documento ilustra a me- desde aplicações internas até re-
dição de parâmetros e o levantamento de hipóteses. Além disso, ao
visões de leis e NR. Cabe ressaltar
final, expõe-se uma série de recomendações de medidas de controle.
que a investigação não deve ser
O segundo – Relatório de análise de acidente fatal em tanques de ar-
mazenagem de álcool etílico, por Albertinho de Carvalho, Mina Kato, conduzida, inicialmente, para apu-
Anaide Bomfim, Mariângela Santos e Marco Rego – é mais comple-
rar responsabilidades e indicar
xo e ilustra um “acidente contínuo”. Trata-se de uma avaliação de
agentes carcinogênicos/mutagênicos em ambientes de trabalho, culpados, mas sim para permitir
com foco na exposição de trabalhadores a agentes cancerígenos e transparência no ambiente de tra-
irritantes em carvoarias não mecanizadas na Bahia. O documento
apresenta relevante fundamentação técnica, metodologia aplicada, balho e favorecer a confiabilidade
medição de parâmetros, relatório fotográfico, aspectos envolvidos do sistema de trabalho.
no risco e impactos sociais derivados da falta de segurança. Também
revela que alguns acidentes estão acontecendo sem a devida per-
cepção dos impactos pelos próprios trabalhadores. É uma situação
mais grave, que gera diversas outras decorrências.
ATIVIDADES
1. Em uma reforma de hospital, decidiu-se ampliar um espaço destinado
às atividades de diagnóstico por imagens (raio X). Sugeriu-se
desenvolver a ampliação do espaço por meio da equipe própria de
manutenção predial sem contar com um profissional ou uma empresa
especializado no assunto. Estime eventuais ações para implementar
medidas de controle adequadas nessa situação.
REFERÊNCIAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. CB-002 002:140.002-001 referente à NBR
16.747: Inspeção predial – diretrizes, conceitos terminologia, requisitos e procedimentos.
Rio de Janeiro: ABNT, 2018a.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6.493: Emprego de cores para
identificação de tubulações industriais. Rio de Janeiro: ABNT, 2019.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7.195: Cores de segurança. Rio de
Janeiro: ABNT, 2018b.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 3864-1:2013. Símbolos gráficos:
cores e sinais de segurança. Parte 1: Princípios de design para sinais e marcações de
segurança. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.
AMARAL, A. E. P. do. et al. Recomendação Técnica de Procedimentos: escadas, rampas e
passarelas. São Paulo: Fundacentro, 2005. Disponível em: http://www.fundacentro.gov.
br/biblioteca/recomendacao-tecnica-de-procedimento/publicacao/detalhe/2012/9/rtp-04-
escadas-rampas-e-passarelas. Acesso em: 19 maio 2020.
ANDRADE, A. L. Falta de manutenção é a principal causa de incêndio nos veículos. ES
HOJE, Vitória, 24 ago. 2019. Disponível em: http://eshoje.com.br/falta-de-manutencao-e-a-
principal-causa-de-incendio-nos-veiculos/. Acesso em: 19 maio 2020.
3. Não, ela é inadequada. O risco sempre pode ser tratado e mitigado. Por exemplo, em
descargas atmosféricas, os efeitos podem ser suavizados por meio da instalação de
sistemas de proteção contra descargas atmosféricas, o chamado para-raios. Em locais
com probabilidade de terremoto, pode-se dimensionar as estruturas (pilares, vigas e
fundações) para minimizar os efeitos dos deslocamentos indesejados ou estabelecer
áreas de segurança dentro da edificação. Assim, mesmo que seja um evento da
natureza, é possível projetar barreiras de proteção.
Gabarito 147
2. Os óculos podem ser considerados um equipamento de proteção individual, com
previsão na NR 04. Entretanto, tal medida é precária, pois atende apenas a um
empregado. O certo seria, às custas do empregador, a instalação de um equipamento
de proteção coletiva (EPC), como películas protetoras, persianas ou até mesmo toldos ou
outras coberturas. Assim, seria garantida a proteção não apenas de um, mas de vários
empregados, além de não depender da ação voluntária do empregado em usar o EPI.
3 CIPA
1. Cabe responder a tal questionamento considerando a norma, e não um pensamento
livre com base no que uma pessoa julga ser adequado ou não, visto que a norma é
a base de qualquer análise de risco. A NR 05 relata que as seguintes organizações
devem constituir a CIPA e mantê-la em funcionamento regular: empresas privadas
ou públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e
indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas e outras
instituições que admitam trabalhadores como empregados. Sendo assim, a CIPA
deve ser constituída para todo os estabelecimentos, com ou sem fins lucrativos, que
possuem empregados sob o regime da CLT. Portanto, tal argumentação apresentada
na atividade, da forma que foi feita, não é válida.
2. Para consultar o quadro da NR 05, que informa o número de membros, é necessário saber a
atividade produtiva/econômica desenvolvida no local e o número de empregados. É importante
lembrar dos postos que não estão na tabela: presidente, vice-presidente e secretário.
Efetivos 1 1 2 2 2 3 3 4 5 6 1
C - 19
Suplentes 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 1
Efetivos 1 1 3 3 3 3 4 5 5 6 8 2
C - 20
Suplentes 1 1 3 3 3 3 3 4 4 5 6 1
Efetivos 1 1 2 2 2 3 3 4 5 6 1
C - 21
Suplentes 1 1 2 2 2 3 3 3 4 5 1
Efetivos 1 1 2 2 3 3 4 4 6 8 10 12 2
C - 22
Suplentes 1 1 2 2 3 3 3 3 5 6 8 9 2
Acima
N° de de
Empre- 10.000
gados no 0 20 30 51 121 para
81 101 141 301 501 1001 2501 5001
estabele- cada
a a a a a a a a a a a a a
cimento grupo
19 29 50 80 100 120 140 300 500 1000 2500 5000 10.000
N° de de
membros 2.500
da CIPA acres-
centar
Gabarito 149
3. A questão é igualmente resolvida por consulta aos quadros da NR 05, com uso dos
dados sobre a atividade produtiva/econômica desenvolvida no local e o número de
empregados. Como o estabelecimento se enquadra na categoria C-20, cruza-se essa
informação com o número de funcionários (25), como mostra a figura a seguir.
Tabela 2
Enquadramento do exemplo de 25 trabalhadores no Quadro I da NR 05 - Dimensionamento de CIPA
Efetivos 1 1 2 2 2 3 3 4 5 6 1
C - 19
Suplentes 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 1
Efetivos 1 1 3 3 3 3 4 5 5 6 8 2
C - 20
Suplentes 1 1 3 3 3 3 3 4 4 5 6 1
Efetivos 1 1 2 2 2 3 3 4 5 6 1
C - 21
Suplentes 1 1 2 2 2 3 3 3 4 5 1
Efetivos 1 1 2 2 3 3 4 4 6 8 10 12 2
C - 22
Suplentes 1 1 2 2 3 3 3 3 5 6 8 9 2
Acima
N° de de
Empre- 10.000
gados no 0 20 30 51 121 para
81 101 141 301 501 1001 2501 5001
estabele- cada
a a a a a a a a a a a a a
cimento grupo
19 29 50 80 100 120 140 300 500 1000 2500 5000 10.000
N° de de
membros 2.500
da CIPA acres-
centar
Para essas duas novas filiais, o cruzamento de dados cai em um campo em branco,
indicando que não há previsão normativa do número de efetivos e suplentes para os
estabelecimentos em questão. Tal situação está prevista no item 5.6.4 da NR 05, como
visto neste capítulo.
Assim, a CIPA será desenvolvida por um responsável designado em cada
estabelecimento. É importante frisar que cada estabelecimento deve ter um
designado da CIPA, não podendo o responsável ser compartilhado por diferentes
Figura 1
Dimensionamento da CIPA em um estabelecimento com uma empresa contratada prestadora
de serviços
EMPREGADOR: EMPREGADOR:
Supermercado atacadista Contratada da limpeza
CIPA 1 CIPA 2
12 MEMBROS DESIGNADO
Gabarito 151
Por fim, é muito importante frisar que é obrigação, dever e responsabilidade do
empregador identificar, mitigar e planejar tratamento dos riscos de um ambiente
de trabalho. A CIPA é um programa que fomenta a participação do empregado para
colaborar com a construção de um sistema seguro e saudável de trabalho, mas de
maneira nenhuma deixa de ser responsabilidade do empregador a Segurança do
Trabalho na ação ou omissão da CIPA.
4 Análise de risco
1. É muito importante lembrar que a CIPA é formada por trabalhadores ordinários da
empresa empregadora. Ela é uma comissão não profissional de Segurança do Trabalho
e, por isso, deve participar e colaborar em análises de risco, mas não as conduzir ou
ser a responsável. O empregador pode optar que o SESMT conduza análises de riscos
de maneira formal e oficial ou contratar um profissional ou empresa especializada na
execução de análises de risco.
3. A técnica indicada para categorizar riscos nesse caso é o FMEA. Essa técnica trabalha a
severidade, a detecção e a taxa de ocorrência de riscos, com atribuição de valores para
cada fator do risco. Assim, pode-se, por uma simples multiplicação, apontar quais são
os riscos mais críticos para a atividade desenvolvida, permitindo uma hierarquização
do tratamento dos riscos.
5 Medidas de controle
1. Atividades com raio X apresentam riscos para trabalhadores e ocupantes quando há
exposição constante e sem proteção. Qualquer modificação em um espaço como esse
necessita ser bem estudada, pois a exposição frequente à radiação pode trazer riscos
para pessoas sem proteção.
O ambiente em que se faz as imagens deve oferecer proteção a quem não usa ou não
está ciente dos riscos da atividade. Para oferecer uma proteção radiológica adequada,
deve-se buscar a legislação e normalização técnica específica sobre o assunto, bem
como verificar se as condições previstas nas licenças de funcionamento (alvará) e
sanitária permanecerão atendidas.
A obra deve contar com um responsável técnico de engenharia ou arquitetura,
com emissão de um documento de responsabilidade técnica, além de haver um
projeto formal. Algumas diligências devem ser obrigatoriamente realizadas: atender
às distâncias mínimas entre espaços previstas em normas; fazer levantamento
radiométrico dos aparelhos; revisar a sinalização de segurança existente e a instalar;
usar chumbo e argamassa baritada nas paredes para blindagem adequada (em
espessura prevista no projeto formal); dimensionar e elaborar laudo de radioproteção
assinado por físico especialista, entre outros.
3. Adotar EPI como medida primária de proteção significa atestar que nem o perigo
foi eliminado e nem a exposição de uma determinada população foi mitigada. É um
atestado de que não foi possível tornar o ambiente de trabalho seguro e saudável.
Dessa forma, decide-se expor o trabalhador a um ambiente inseguro e obrigá-lo a se
proteger individualmente.
Além disso, o EPI protege o trabalhador se, e somente se, ele assumir a conduta de
usá-lo da maneira correta. Caso o trabalhador adote algum procedimento inadequado
de uso de EPI ou o EPI seja ou esteja inadequado, ele estará em pleno risco por estar
inserido em um ambiente inseguro. A adoção preferencial de segurança sempre
será deixar o ambiente seguro ou impedir o trabalhador de estar em um ambiente
inseguro.
Gabarito 153
Análise e Gerenciamento de Risco
Análise
e Gerenciamento
Rodrigo Almeida Freitas
de Risco
Fundação Biblioteca Nacional Código Logístico
ISBN 978-85-387-6624-7