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Universidade Federal do ABC

CECS – Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais


Aplicadas

Fenômenos de Transporte

Prof. João Lameu da Silva Jr.


joao.lameu@ufabc.edu.br
Universidade Federal do ABC
CECS – Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais
Aplicadas

Mecânica dos Fluidos – Aula 08:


Escoamento em redes
Conteúdo da Aula

• Objetivos

• Redes de escoamento

• Escoamento em série

• Escoamento em paralelo

• Seleção de bombas

• Referências

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Objetivos
✓ Ao final desta aula, o aluno deverá ser capaz de:
▪ Entender o escoamento em redes.
▪ Aplicar as leis físicas vistas até então em redes de
tubulações com arranjo em série e/ou paralelo.
▪ Entender os conceitos básicos na seleção de bombas.

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Universidade Federal do ABC
CECS – Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais
Aplicadas

Redes de Escoamento
Redes de Escoamento
• Os sistemas que envolvem escoamento de fluidos, são muitas vezes
formados por redes, as quais podem apresentar dutos em série e em
paralelo.

Exemplo de rede de
escoamento.

• Podemos analisar cada arranjo (série ou paralelo) de modo separado,


onde as leis e conceitos básicos (continuidade, queda de pressão e
perda de carga), já vistas para dutos simples são válidas e fornecem
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algumas restrições e relações úteis.
Redes de Escoamento
• Note que se a vazão for desconhecida, a velocidade, e portanto o
fator de atrito serão desconhecidos, e portanto, uma abordagem
iterativa será necessária.
• Independente da complexidade da rede de escoamento, dois
princípios básicos devem ser sempre respeitados:
1. Conservação de massa em todo o sistema deve ser satisfeita, isto é,
o escoamento que entra em uma junção (nó) deve ser igual ao que
sai;
2. Queda de pressão (e portanto, a perda de carga) entre duas junções
(nós) deve ser igual em todas as trajetórias entre as duas junções.
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Redes de Escoamento: Arranjo em Série
• Exemplo de arranjo em série de tubos:

V2 , D2 , f 2 , L2 V3 , D3 , f 3 , L3
V1 , D1 , f1 , L1

▪ A conservação de massa nos diz que: m A = m B


▪ Para um escoamento incompressível temos então: VA = VB
▪ Pela restrição da queda de pressão entre A e B: PL = PA − PB
ntubos
hL ,A− B = h
i =1
L ,i hL ,A− B = hL ,1 + hL ,2 + hL ,3 (para o exemplo) 8
Redes de Escoamento: Arranjo em Paralelo
• Exemplo de arranjo paralelo de tubos:
V1 , D1 , f1 , L1
V2 , D2 , f 2 , L2

V3 , D3 , f 3 , L3
• A conservação de massa para um escoamento incompressível, nos diz
ntubos

V
que:
Vtotal = i = V1 + V2 + V3 (para o exemplo)
i =1

• Pela restrição da queda de pressão entre A e B, a queda de pressão


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entre A e B é a mesma, independente do caminho:
Redes de Escoamento: Arranjo em Paralelo
• Exemplo de arranjo paralelo de tubos: Conservação de massa:
ntubos
V1 , D1 , f1 , L1 Vtotal = V
i =1
i
V2 , D2 , f 2 , L2

V3 , D3 , f 3 , L3
• Pela restrição da queda de pressão, considerando tubos horizontais, e
PA > PB: PL = PA − PB
PL = PA − PB =  g hL (tubos horizontais)

Portanto, a perda de carga por qualquer hL ,1 = hL , 2 = hL ,3 10

caminho que ligue A à B deve ser a mesma: (Para este exemplo)


Exercício
2.7. Um trecho de um sistema de distribuição de água feito de ferro
fundido envolve uma seção em paralelo com dois ramais (figura abaixo).
Ambos os tubos tem diâmetro de 30 cm, e o escoamento é plenamente
turbulento. O ramal A tem 1000 m de comprimento, enquanto o ramal B
tem comprimento de 3000 m. Se a vazão no ramal A é 0,4 m³/s,
determine a vazão em B. Desconsidere as perdas locais e assuma que a
água está a 20 ºC.

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Exercício 2.7 - Solução
DETERMINAR: VB ?
HIPÓTESES: Escoamento permanente e incompressível, perdas de carga locais
desprezíveis, tubos horizontais.

DADOS:
Ramal Diâmetro Comprimento Vazão Volumétrica
A DA = 0,3 m LA = 1000 m 0,4 m³/s
B DB = 0,3 m LB = 3000 m ?

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Exercício 2.7 - Solução
ANÁLISE: Para determinar a vazão volumétrica do ramal B, precisamos
determinar a velocidade deste. No ramal A, temos todas as informações
necessárias para determinar a perda de carga do ramal A. Portanto,
utilizando a restrição da perda de carga entre os pontos 1 e 2, podemos
relacionar os ramais A e B:

hL ,A = hL ,B

(1) (2)

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Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: hL ,A = hL ,B

 l V 2
A definição da perda de carga total: hL =   K + f 
 D  2g

Ramal A
L V2 LA V A 2 fA ?
hL = f hL , A = fA VA ?
D 2g DA 2 g

(1) (2)

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Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: hL ,A = hL ,B
Determinando então a velocidade média e o fator de atrito:
3
0, 4 m
VA s m
V = VA VA = = = 5, 659
AA  ( 0,3) 2
2
s
m
4

(1) (2)

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Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: hL ,A = hL ,B
Determinando então a velocidade média e o fator de atrito:
3
0, 4 m
VA s m
V = VA VA = = = 5, 659
AA  ( 0,3) 2
2
s
m
4

(1) (2)

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Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: hL ,A = hL ,B
Calculando o número de Reynolds do ramal A para água a 20 ºC (ρ = 998
kg/m³; μ = 1 x 10-3 Pa.s)

 V D 998  5, 659  0,3


Re = = = 1, 694  10 6

 110−3
Re > 2300, portanto REGIME TURBULENTO!

(1) (2)

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Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: hL ,A = hL ,B
Determinando a rugosidade relativa do ramal A:

Tubo de ferro fundido, ε = ?

(1) (2)

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Rugosidade, ε
Tabela de valores recomendados para dutos comerciais (White, 2011)

Estimativa da Rugosidade: Tabelas


Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: hL ,A = hL ,B
Note que como ramal B é do mesmo material e tem o mesmo diâmetro
que o ramal A, as rugosidades relativas são iguais em ambos ramais.


= 0, 000867 Ramal A e Ramal B
D

(1) (2)

20
Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: hL ,A = hL ,B Re = 1, 694 106
Calculando f por Haaland:

= 0, 000867
1  6 ,9   D 1,11
 D
= −1,8 log  +  
f  ReD  3,7  

1  6,9  0, 000867  
1,11

= −1,8log  +  
1, 694 10  3, 7  
6
f

f = 0, 0192
21
Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: hL ,A = hL ,B f = 0, 0192
Calculando hL,A:
m
VA = 5, 659
LA VA2 s
hL, A = fA
DA 2 g DA = 0,3 m, LA = 1000 m

1000 5, 6592
hL , A = 0, 0192   = 104, 46 m
0,3 2  9,81

hL , A = 104, 46 m = hL ,B
22
Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: hL ,A = hL ,B
Abrindo o termo hL,B:

LB VB 2
hL ,B = hL , A = 104, 46 = f B
DB 2 g
Substituindo os dados do Ramal B (DB = 0,3 m, LB = 3000 m):

3000 VB2
104, 46 = f B  
0,3 2  9,81 Esta equação é iterativa,
desde que fB depende de VB
Isolando VB:

0, 2049 0, 2049
V =
B
2
VB = 23
fB fB
Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: Determinando VB pelo método iterativo:

0, 2049 1. Estime fB na região completamente


VB = rugosa por Moody
fB
2. Calcule VB

3. Calcule ReB com VB Refaça


o loop a
partir do
2
4. Calcule fB (por Haaland por exemplo)

SIM f calculado = f estimado NÃO


?
24
Convergiu!
∴ fB correto * Utilize 4 casas após a vírgula para f
Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: Determinando VB pelo método iterativo:

0, 2049
VB =
fB

1. Estime fB na região completamente rugosa por Moody:


= 0, 000867
D

25
Exercício 2.7 - Solução


 0, 000867
f  0, 0190
D

26
Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: Determinando VB pelo método iterativo:

0, 2049 f  0, 0190
VB =
fB

0, 2049 0, 2049 m
2. Calculando VB: VB = = = 3, 2839
fB 0, 0190 s
 V D 998  3, 2839  0,3
3. Calculando ReB: Re = = = 9,832  10 5

 110−3 (turbulento!)

4. Calculando fB por Haaland:


27
Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: 
= 0, 000867
4. Calculando fB por Haaland: D
Re = 9,832 105
1  6 ,9   D  
1,11

= −1,8 log  +  
f  ReD  3,7  

1  6,9  0, 000867  
1,11

= −1,8log  +  
 9,832 10  3, 7  
5
f

f = 0, 0193  0, 0190 Portanto, nova iteração é necessária!


28
Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: 2ª iteração: f = 0, 0193
2. Calculando VB: 0, 2049 0, 2049 m
VB = = = 3, 2583
fB 0, 0193 s
 V D 998  3, 2583  0,3
3. Calculando ReB: Re = = = 9, 755  10 5

 110−3
(turbulento!)

4. Calculando fB por Haaland:

1  6,9  0, 000867  
1,11

= −1,8log  +    f = 0, 0193
 9, 755 10  3, 7  
5
f

m
f = 0, 0193 = 0, 0193 Portanto convergiu! Então: VB = 3, 2583
29
s
Exercício 2.7 - Solução
SOLUÇÃO: Determinando a vazão no ramal B: m
VB = 3, 2583
s
VB = VB AB

m  ( 0,3) m
2 2
m3
VB = 3, 2583  = 0, 2303
s 4 s
m3 Note que a vazão no ramal B é menor que a
VB = 0, 2303 do Ramal A (0,4 m³/s), isto deve-se ao fato do
s ramal B apresentar maior comprimento,
juntamente a restrição da igualdade de perda
de carga por ambos os ramais.

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Seleção de Bombas

Curva de carga da bomba (fabricante fornece os dados)


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Seleção de Bombas

Carga máxima: bomba com a saída fechada, portanto, vazão nula


32
Seleção de Bombas

Carga nula: bomba com descarga livre


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Seleção de Bombas

Curva de eficiência da bomba: aumenta com a vazão até certo ponto


34
Seleção de Bombas

Curva de perda de carga do sistema: aumenta com a vazão operacional


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Seleção de Bombas

Ponto de operação é definido como a vazão onde


ocorre a intersecção das curvas da bomba com a do 36
sistema. Para o exemplo em pouco mais de 4 m³/s
Seleção de Bombas: Arranjos
• Bombas em série: atingir maiores valores de pressão
(carga)

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Seleção de Bombas: Arranjos
• Bombas em paralelo: maiores vazões/flexibilização
operacional

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Referências
• ÇENGEL, Y.A., CIMBALA, J.M., Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações,
São Paulo: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, Ltda, 2007.

• MUNSON, B.R. Fundamentos da mecânica dos fluidos. São Paulo, SP: Blücher,
2004.

• WHITE, F.M. Mecânica dos Fluidos. 6. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2011.

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